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500
19
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4602/EmpreendedorismoeBiblioteconomia.pdf
85ed2b8e080d65334560857e39b08fa9
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EMPREENDEDORISMO
BIBLIOTECÁRIO NA SOCIEDADE
DA INFORMAÇÃO: OUTROS
CAMINHOS E POSSIBILIDADES
�2
JORGE SANTA ANNA
EDCLEYTON BRUNO FERNANDES DA SILVA
MARIA ELIZABETH DE OLIVEIRA COSTA
(Organizadores)
EMPREENDEDORISMO
BIBLIOTECÁRIO NA SOCIEDADE
DA INFORMAÇÃO: OUTROS
CAMINHOS E POSSIBILIDADES
Belo Horizonte
ABMG
2018
�3
© 2018 Jorge Santa Anna
2018 Editora ABMG
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores.
COMISSÃO AVALIADORA:
- Professor Mestre Jorge Santa Anna – Universidade Federal do Espírito Santo
- Professor Mestre Edcleyton Bruno Fernandes da Silva – Universidade Federal da Paraíba
- Bibliotecária Mestra Maria Elizabeth de Oliveira Costa – Universidade Federal de M.
Gerais
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO E FORMATAÇÃO DA CAPA: Norma Padrão - Apresentação e divulgação
do trabalho científico
MONTAGEM DA CAPA: Norma Padrão
PRODUÇÃO GRÁFICA: Norma Padrão
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary,
Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea
Brandão, Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos os envolvidos nas atividades de desenvolvimento
desta obra, sobretudo os que acreditaram em registrar os conteúdos
textuais manifestados ao longo das seções deste livro, tais como
organizadores, autores, revisores, normalizadores e prefaciadores.
A todos os membros da Associação de Bibliotecários de Minas Gerais,
gestão 2018-2021.
À Norma Padrão – Apresentação e Divulgação do Trabalho Científico pelo
serviço gráfico realizado na capa e contracapa da obra.
À Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerias, especificamente às
bibliotecárias Alessandra Gino e Fátima Falci, pela criação dos registros
catalográficos.
À Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas
Gerais, especificamente ao Centro de Extensão pela contribuição em
oportunizar o evento de lançamento do livro e, também, aos alunos
Andreza Gonçalves, Jéssica de Sá e Vinicius Alves de Souza, pela
organização e monitoria nesse momento.
A todos os bibliotecários e bibliotecárias do Brasil pelo incentivo e pelas
energias positivas manifestadas nas redes sociais e/ou em outros canais
de
comunicação/divulgação, no
decorrer
do
desenvolvimento
deste
trabalho.
Nosso muito obrigado!
Os organizadores
Belo Horizonte, 20 de dezembro de 2018.
�5
“A sociedade moderna, principalmente com o uso da
eletrônica, tem propiciado a ampliação no uso da
informação, o que permite repensar os fazeres
profissionais, identificando oportunidades que vão além
das práticas tidas como tradicionais” (LANCASTER,
1983).
�6
PREFÁCIO
Antes de tudo, uma pergunta para você, caro(a) leitor(a): Acredita que
todas
as
pessoas
do
mundo
têm
a
capacidade
de
desenvolver
competências empreendedoras?
Enquanto refletes sobre a pergunta, adianto que para muita gente a
resposta será não, mas muitos acreditarão piamente que sim. Ao me
deparar com a abordagem efetiva do empreendedorismo (no livro:
Effectuation - Elementos da Expertise Empreendedora), desenvolvida e
difundida pela pesquisadora Saras Sarasvathy (da Universidade de
Virgínia),
percebi
que
práticas
inovadoras
e
comportamentos
empreendedores podem ser desenvolvidos, desde que sejam trabalhados
constantemente.
Assim
como
Sarasvachy
observou
práticas
empreendedoras
sendo
realizadas por pessoas comuns, você poderá ver na presente obra Empreendedorismo Bibliotecário na Sociedade da Informação:
outros caminhos e possibilidades –, textos (de abordagem efetiva)
que comprovam que algo significativo e transformador pode ser feito com
poucos recursos e que a transpiração tende a gerar a ação.
A
primeira
parte
deste
livro
aborda
como
o
fenômeno
do
empreendedorismo pode ser uma luz à realidade brasileira, uma vez
que a identificação de boas práticas podem levar atores sociais a obter
novas
perspectivas
para
a
transformação
de
ambientes
e
de
profissões. Por tal motivo, esta seção destaca a transversalidade do
empreendedorismo, a inovação e o espírito empreendedor, e introduz o
empreendedorismo e a cultura empreendedora como diferenciais do
bibliotecário no fomento da Biblioteconomia. Dessa maneira, terás a
possibilidade de visualizar como o empreendedorismo se enquadra como
um elemento fundamental na Biblioteconomia e Ciência da Informação,
�7
bem como para a construção da cidadania nessa era de Transformação
Digital.
Acerca da última assertiva, posso ressaltar que o contexto da Sociedade
da Informação leva ao surgimento de espaços ressignificados, criação de
novos produtos que alteram a vida de usuários, desenvolvimento de uma
economia baseada em serviços que suprem dores (necessidades) de
públicos segmentados. Por isso, adaptar-se ao meio é uma tarefa que
todo ser humano deve fazer, sobretudo, o empreendedor bibliotecário.
Com base nessa discussão, lhe faço uma nova pergunta: O que é um
empreendedor?
Normalmente,
algumas
palavras
associadas
a
este
indivíduo são: criativo; inovador; empresário; diferente, e; visionário. E
muitas podem ser as definições, mas destaco uma que li no livro ‘Vai lá e
faz’, de Tiago Matos [(2017, p. 20), um dos fundadores da Perestroika],
em que o empreendedor é apontado como “aquele que tem consciência
de seu empoderamento”. É aqui onde a Parte II deste livro se centra,
por um motivo ímpar: as bibliotecas foram e continuam sendo espaços de
informação que podem transformar vidas quando rompem suas fronteiras.
Por isso, os estudos desta segunda parte do livro te apresentarão um
debate sobre o processo de desinstitucionalização da biblioteca e do
bibliotecário.
Um empreendedor é “aquele que não aceita a realidade de maneira
resignada” (MATOS, 2017, p. 20). Acredito que essa citação de impacto
define bem o empreendedor bibliotecário, pois esse agente de mudanças
não fica inerte aos acontecimentos em seu cotidiano. Neste ínterim, a
Parte III desta obra insere o tema da reconstrução das funções da
Biblioteconomia em face às novas práticas dos bibliotecários,
bibliotecas e centros de documentação contemporâneos (públicos e
privados), assim como a origem de serviços de consultoria em acervos
documentários.
�8
Já alguns dos casos destacados na Parte IV desta obra representam uma
abordagem efetiva do Empreendedorismo Bibliotecário no Brasil, já que
apresentam ações bibliotecárias inovadoras realizadas por pessoas
comuns que decidiram fazer algo diferente: prestar um serviço além da
atuação tradicional, conservadora e estereotipada do bibliotecário. Esta
seção
apresenta estudos sobre
a atuação
da
Biblioteconomia em
programas de formação de usuários, inovação na gestão de sistemas de
bibliotecas públicas e na normalização de trabalhos acadêmicos, a atuação
do bibliotecário na editoração de periódico e na criação de um próprio
negócio. Esta parte do livro é a minha favorita, pois reforça o impacto
social que o empreendedorismo bibliotecário pode gerar na vida das
pessoas e como o profissional da informação pode ascender no mercado
ao suprir necessidades específicas.
Portanto, os estudos apresentados aqui, estimado(a) empreendedor(a),
demonstrará que a conjuntura social e a revolução digital que vivemos
requerem uma abordagem focada no atendimento de novas dores e
anseios informacionais. Logo, pensar fora da caixa é uma boa forma de
fazer algo inovador, diferente e imprescindível para a vida das pessoas.
Por fim, faço uma última pergunta e para esta te deixo refletindo
enquanto devora as páginas desta efetiva obra: Qual a última vez que
você fez algo pela primeira vez?
Guilherme Alves
Doutorando e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE)
�9
SUMÁRIO
REFLEXÕES INICIAIS ...................................................................14
PARTE I - EMPREENDEDORISMO
E
SEUS
REFLEXOS
NAS
PROFISSÕES .................................................................................18
Capítulo I - A transversalidade do empreendedorismo no contexto atual 19
Capítulo II - Inovação e espírito empreendedor: aplicabilidades na Ciência
da Informação ................................................................................32
Capítulo
III
-
Empreendedorismo
como
um
campo
potencial
ao
bibliotecário ....................................................................................50
Capítulo IV - Iniciativas de fomento à cultura empreendedora na
Biblioteconomia ...............................................................................62
PARTE II – DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DA BIBLIOTECONOMIA ..80
Capítulo V - Desinstitucionalizando o bibliotecário e a biblioteca: para além
dos muros das instituições ................................................................81
Capítulo VI - Desinstitucionalizar a biblioteca à luz da função social ..... 116
PARTE III – REPENSANDO A BIBLIOTECA E O BIBLIOTECÁRIO .. 124
Capítulo
VII
-
O
pensamento
de
David
Lankes
para
uma
nova
Biblioteconomia ............................................................................. 125
Capítulo VIII - Bibliotecas contemporâneas como espaços de convivência
................................................................................................... 140
Capítulo
VIV
-
Equipes
em
bibliotecas
universitárias:
liderança
e
autossuficiência ............................................................................. 153
Capítulo X - Consultoria em acervos documentários: relato de experiência
em uma universidade privada ......................................................... 159
Capítulo XI - O trabalho bibliotecário em centro de documentação de um
hospital privado............................................................................. 169
�10
PARTE
IV
-
AÇÕES
BIBLIOTECÁRIAS
INOVADORAS
E
INCENTIVADORAS COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O PROFISSIONAL
E PARA A SOCIEDADE ................................................................. 179
Capítulo XII - Crescimento profissional por meio do magistério: relato de
experiência em docência universitária em Biblioteconomia .................. 180
Capítulo
XIII
-
desenvolvimento
Programas
de
de
competências
formação
de
informacionais
usuários
na
para
UFMG:
o
uma
experiência inovadora entre a Biblioteca Universitária e a Escola Ciência
da Informação .............................................................................. 189
Capítulo XIV - Inovação nas bibliotecas públicas: foco nas pessoas ...... 212
Capítulo
XV
-
Normalização
em
trabalhos
acadêmicos:
atividades
inovadoras para um novo segmento de atuação bibliotecária .............. 225
Capítulo XVI - Atuação bibliotecária na gestão de um sistema de
biblioteca: implantação de um modelo de estágio para a competência
informacional ................................................................................ 239
Capítulo XVII - Bibliotecário atuante na editoração de periódico: relato de
caso na Revista Pró-Discente .......................................................... 253
Capítulo XVIII - Criando seu próprio negócio: o bibliotecário como
consultor independente .................................................................. 266
À GUISA DE CONCLUSÕES: DAS BIBLIOTECAS PARA O MUNDO: UM
NOVO PROFISSIONAL EM ASCENSÃO ......................................... 290
DADOS BIOGRÁFICOS................................................................. 292
�11
REFLEXÕES INICIAIS
Jorge Santa Anna
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
As transformações ocorridas na sociedade contemporânea têm refletido
diretamente no modo com que a biblioteca, o bibliotecário e a área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação devem se manifestar, no intuito
de satisfazer as necessidades informacionais decorrentes do amplo
mercado da informação.
Durante
muito
tempo,
os
fundamentos
da
profissão
bibliotecária
estiveram ancorados às atividades técnicas de tratamento de acervos,
comumente realizadas em bibliotecas. No entanto, o momento atual exige
a
redefinição
e
a
recaracterização
das
práticas
profissionais,
por
conseguinte, ocasiona o surgimento de novas oportunidades, de modo que
as potencialidades da área possam ser mais bem aproveitadas.
O mercado da informação expandiu os fazeres dos profissionais, os quais
não se limitam a ocupar postos de trabalho, tão somente, em uma
unidade de informação, por exemplo. A atuação torna-se cada dia mais
desvinculada das instituições, e essa desinstitucionalização abre outros
caminhos e possibilidades, as quais se concretizam por meio de ações
inovadoras, logo, empreendedoras.
Assim, o livro que ora se apresenta é um estímulo aos profissionais acerca
do que pode ser feito pelo bibliotecário que possibilite a ampliação do seu
fazer profissional. O interesse da obra é demonstrar que o momento atual
exige muito mais dos bibliotecários e as oportunidades existem e se
�12
manifestam, quando temos atitudes inovadoras e nos colocamos a serviço
da sociedade, não se restringindo, apenas, à gestão de acervos.
Por contemplar ações inovadoras, que vão além das instituições de
informação, os capítulos descritos nesta obra aproximam-se de um tema
ainda em consolidação – o empreendedorismo na Biblioteconomia - e que,
certamente, engaja-se, cada vez mais, no cotidiano dos profissionais em
todas as áreas de conhecimento.
Não
é
pretensão
do
livro
aprofundar-se
no
empreendedorismo
bibliotecário, mas trazer reflexões iniciais, pautadas nas atividades e
projetos de sucesso, realizados por bibliotecários. Os autores envolvidos
com esta obra acreditam que os bibliotecários devem expandir seus
conhecimentos,
por
meio
de
suas
habilidades,
transformando
conhecimento e inovação em realidade.
A iniciativa em reunir um compêndio de textos que versam sobre ações
inovadoras
inerentes
ao
fazer
e
à
prática
bibliotecária
nasceu,
primeiramente, da inquietação por parte da atual diretoria da Associação
de Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), acerca da necessidade de se
identificar nichos de atuação bibliotecária no amplo e diversificado
mercado da informação.
Além disso, outro fator provocador na escrita deste livro deve-se às
discussões e ações no desenvolvimento de outro livro, direcionado ao
tema da Biblioteconomia Social, cujo planejamento permitiu a reflexão
sobre assuntos ligados à inovação, logo, a qualidade das discussões dos
envolvidos com o citado livro motivou a organização de uma nova obra,
com viés mais direcionado às práticas empreendedoras.
É
importante
esclarecer
sobre
o
poder
transformador
da
atitude
empreendedora. A atual diretoria da ABMG comunga da ideia de que o
�13
bibliotecário
precisa
apoiar-se
no
tripé
inovação,
transformação
e
superação. Com essa postura, o abstrato cede espaço ao concreto; o
impossível torna-se possível; melhoramos como profissionais, cidadãos e
como seres humanos; temos a oportunidade de ajudar e transformar
vidas; enfim, vamos muito além do que esperávamos, transformando
sonhos em realidade, bastando, apenas, acreditar e engajar-se.
As discussões sobre a ideia em publicar uma obra desta natureza
iniciaram-se no grupo whatsApp da associação, no mês de julho de 2018,
em que a ideia foi tomando forma e proporções mais elevadas, sendo
alguns desejos considerados como impossíveis, na visão de alguns,
naquele momento. Mas, ancorados em uma postura audaciosa, típica do
perfil empreendedor, a equipe partiu para a ação, o que possibilitou a
elaboração desta coletânea, em um período de apenas, seis meses.
Acreditamos ser essa conquista um exemplo simples de iniciativa
empreendedora,
sobretudo
pelas
contribuições
que
a
obra
poderá
provocar no pensamento, na reflexão e no comportamento dos leitores.
Como toda publicação no formato de livro, esperamos que a obra seja
utilizada para benefício do mercado de trabalho ou da academia,
facilitando o fazer de profissionais, estudantes, pesquisadores e docentes,
inseridos em todos os cursos e profissões correlatos às áreas da
informação.
Portanto, colocamos à disposição da comunidade científica e profissional
um livro, cujo tema é de suma relevância e precisa ser debatido com mais
intensidade, de modo a fortalecer a área da Biblioteconomia, no decorrer
das próximas décadas. Acreditamos e reforçamos que os profissionais
possuem potencialidades e precisam fazer uso delas, e as oportunidades
existem, sendo necessário reconhecê-las.
�14
A conformidade de relações entre a necessidade e a satisfação de
informação requer características peculiares, inerentes aos bibliotecários.
Compreender o funcionamento desse ciclo é elemento de destaque para
os profissionais. A inovação e o conhecimento tornam-se insumos cada
vez mais procurados na contemporaneidade em busca de soluções para os
problemas informacionais da sociedade.
Que desperte-se maior engajamento da profissão em prol de ações
inovadoras,
como
também,
maior
conhecimento
na
sociedade,
principalmente dos agentes governamentais, sobre o potencial da área,
proporcionando mais valorização, reconhecimento e condições adequadas
para os profissionais exercerem suas intervenções. Assim, por meio da
união de esforços, acreditamos que seja possível a redefinição de uma
nova
Biblioteconomia,
cada
vez
mais
inovada,
interventiva
e
empreendedora.
Por fim, esperamos que esta obra estimule a discussão acerca do que
pode ser feito pelos bibliotecários que extravase as rotinas tradicionais de
trabalho, comumente realizadas nas bibliotecas ou fora delas. Desejamos
que as leituras contribuam para a mudança de pensamento e maior
conscientização a respeito da prática e postura empreendedora, mas o
desejo maior é que as discussões estimuladas com este livro despertem a
transformação, e, o primeiro passo para isso é partir para a ação,
acreditando em nosso potencial para a mudança. Portanto, vamos à luta?
Mãos à obra!
�18
PARTE I
Empreendedorismo e
seus reflexos nas
profissões
�19
CAPÍTULO I
A TRANSVERSALIDADE DO EMPREENDEDORISMO NO CONTEXTO
ATUAL
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
O empreendedorismo é um termo utilizado no âmbito corporativo que
teve sua criação e desenvolvimento no decorrer do século XX, influenciado
pelas teorias contemporâneas da Administração, especificamente, as Teorias
dos Sistemas Abertos e a Teoria Contingencial, cujos fundamentos dessas
teorias pautam-se na necessidade de se criar estratégias para adequação aos
desafios da sociedade, sobretudo a competitividade.
O termo foi elaborado e passou a ser utilizado como um tema de
pesquisa científica, a partir das transformações do mercado globalizado. No
entanto, o sentido dicionarizado do termo remonta às sociedades primitivas e
os diversos períodos históricos, tendo destaque, principalmente, nomes ligados
à ciência, às artes e à cultura de cada época.
Em cada um dos estágios evolutivos da sociedade, verificamos a
presença de pessoas que acreditavam no poder de modificar a realidade, ou
seja, acreditavam que podiam desenvolver algo diferente, a ponto de garantir
melhoria a si mesmo e/ou ao contexto em que estavam inseridos. Esses
personagens tinham como estímulo a crença na inovação. Por almejarem a
inovação,
caracterizavam-se
como
indivíduos
sábios,
esperançosos
e,
principalmente, audaciosos.
É perigoso tentar citar nomes, neste texto, de pessoas com esse perfil,
visto que correríamos o risco de deixar de mencionar muitos indivíduos
empreendedores. De qualquer forma, as conquistas realizadas por esses
indivíduos que hoje os elegemos como precursores de algum acontecimento ou
�20
invenção,
certamente,
pertencem
a
agentes
com
características
empreendedoras.
Portanto, o empreendedorismo está no ser humano, assim como está a
ação de pensar, de refletir, de viver, as quais são típicas do ser humano. O
diferencial é que o indivíduo empreendedor almeja por inovação, não tendo
resistência a mudança e apresenta características proativas. Mesmo que essas
sejam qualidades humanas, nem todos os seres humanos a desenvolvem no
mesmo potencial.
Assim, é possível relacionar o empreendedorismo a um conjunto de
habilidades que permitem ao indivíduo provocar um diferencial, que ocasione
benefícios, de modo a enaltecê-lo no comparativo com outras ações que são
comumente realizadas. O empreendedorismo se sustenta na inovação,
criatividade e na audácia.
Percebe-se que o empreendedorismo é uma prática imprescindível nos
contextos de competitividade. Ou seja, a inovação se faz necessária, à medida
que determinados elementos percebem a necessidade de se sobressair em
relação aos demais elementos de um grupo ou contexto social, profissional
e/ou, principalmente, organizacional.
E, assim, os estudos sobre essa prática se fortalecem no âmbito
empresarial, quando as organizações sentiram os impactos da Revolução
Industrial e do avanço das tecnologias, em que o aumento no número de
concorrentes despertou a necessidade das empresas apostarem no diferencial
do que oferecem a seus clientes.
Falar em competitividade, sobretudo no contexto organizacional, nos
instiga dialogar com Porter (1993), para quem, as empresas precisam romper
os modelos de negócios pautados na repetição e na produtividade, para
avançarem no atendimento e na oferta de serviços e produtos que despertem
o gosto dos clientes, de modo a obterem vantagens competitivas em relação
aos concorrentes.
E a vantagem competitiva é um desafio da sociedade contemporânea,
pois é ela quem garante a sobrevivência das organizações. Porter (1993)
defende a ideia de que a competitividade está presente em todas as instâncias
�21
da sociedade, envolvendo empresas, profissões, agentes governamentais,
organizações sem fins lucrativos, dentre outros elementos. A globalização do
mercado exige que a criatividade e a inovação sejam as bases que garantirão o
crescimento e a permanência no amplo, diversificado e mutante mercado
atual.
O
espírito
empreendedor,
portanto,
precisa
estar
impregnado
às
empresas e também aos profissionais deste século. E ele não é excludente, no
sentido
de
que
se
limita
apenas
ao
ambiente
corporativo,
ou
aos
administradores e gestores organizacionais. Por conseguinte, não se pode
afirmar que seja, também, apenas objeto de estudo da Administração.
Ao contrário, o empreendedorismo é um dos temas que possui uma alta
carga transversal, ou seja, ele perfaz todas as áreas de conhecimento, como
também não exclui nenhuma pessoa, independente de classe social, de ramo
de atuação, de nível educacional, dentre outras particularidades.
É como diz Chiavenato (2003), ao proferir que, empreendedor é aquele
que acredita em algo e se dispõe a fazê-lo, mediante engajamento, expertise e
força de vontade. As organizações, segundo esse autor, precisam investir no
capital
humano,
desenvolvidas
pois
grandes
é
dele
que
habilidades
se
descobrirão,
para
ou
consolidação
melhor,
de
serão
práticas
empreendedoras benéficas para a empresa e para a sociedade.
Embora o tema empreendedorismo seja típico do último século e que
ainda venha se evoluindo, em algumas áreas, é possível afirmar que tal tema
está presente nas práticas profissionais e organizacionais, independente de
qual profissão seja e a que ramo empresarial a organização se adentre.
A
Administração,
como
ciência
clássica
nos
estudos
sobre
empreendedorismo, tem a delimitação de seu campo de atuação cada vez mais
difuso, uma vez que suas teorias e técnicas, sobretudo no que tange à gestão
e ao planejamento, perpassa por todas as outras áreas do conhecimento. E,
assim, é com o empreendedorismo. Ele é um tema difuso que, mesmo tendo
suas origens e grande parte dos estudos se inicie no campo da Administração,
ele é incorporado a outras áreas e profissões, de modo a se tornar cada vez
mais transversal.
�22
Dentre as diversas áreas do saber que utilizam do empreendedorismo
para fortalecer seu campo de atuação, ampliando-o para outros segmentos de
trabalho, está a Biblioteconomia. O empreendedorismo nesse campo do
conhecimento vem ganhando forças, principalmente, pela biblioteca se
modificar às necessidades dos usuários. E, essa tendência tem ocasionado um
campo
fértil,
de
modo
que
a
área
biblioteconômica
possa
ter
suas
potencialidades mais aproveitadas junto à sociedade.
Portanto, o presente texto traz reflexões sobre as principais definições do
empreendedorismo, sua característica transversal na sociedade moderna e
breves discussões acerca de possíveis aplicações empreendedoras na área da
Biblioteconomia.
2
EMPREENDEDORISMO:
CRIATIVIDADE,
INOVAÇÃO,
AUDÁCIA
E
TRANSVERSALIDADE
A compreensão científica do termo empreendedorismo é atribuída a
Richard Cantillon, um cientista econômico que utilizou o termo pela primeira
vez, no ano de 1725, ainda no século XIII, atribuindo o termo a pessoas
corajosas que não se intimidam em assumir riscos. No decorrer dos tempos, o
termo foi superficialmente atribuído às pessoas que ocupavam cargos de
gestão em grandes corporações. Ao longo do século XIX e iniciar do XX,
empreendedores passam a ser as pessoas com espírito de investimento, com
potencial
para
realizar
grandes
transações
financeiras
e
comerciais
(DORNELLAS, 2008).
É somente no século XX que o empreendedorismo desvinculou-se, ou
melhor, deixou de estar relacionado (para muitos quase sinônimo) a gerentes
e passou a sustentar-se na inovação. Assim, empreendedorismo diz respeito a
indivíduos e organizações que inovam, criam, investem e redefinem produtos e
serviços, haja vista atender as necessidades dos clientes de forma criativa e
satisfatória (CUSTÓDIO, 2011).
�23
O significado do termo empreendedorismo remete à capacidade criativa
e inovadora, pois, segundo o Dicionário On-line de Português (2018),
empreendedor é aquele que tem a capacidade de projetar novos negócios ou
de idealizar transformações inovadoras ou arriscadas em companhias ou
empresas.
O verbete ainda traz a significação de que empreender está associado à
vocação de uma pessoa, à aptidão ou habilidade de desconstruir, de gerenciar
e de desenvolver projetos, atividades ou negócios. Trata-se da reunião dos
conhecimentos e das aptidões relacionadas com essa capacidade (DICIONÁRIO
ON-LINE DE PORTUGUÊS, 2018).
Para Chiavenato (2003), o empreendedorismo corresponde à ação de
empreender, a qual se desenvolve, apenas, em indivíduos que conseguem
mesclar conhecimentos adquiridos, com valores, senso crítico e capacidade de
instigar ou promover a mudança. Sujeitos com esse perfil, normalmente,
possuem sensibilidades especiais para prever os acontecimentos e traçar
planos de ação capazes de levar ao sucesso do que desejam criar. Assim,
segundo esse autor, o empreendedor identifica pontos fracos, pontos fortes,
ameaças e oportunidades, transformando ideias em realidade, com o intento
de se auto-beneficiar e beneficiar, também, a coletividade.
[...] Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor
demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados
adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal
estruturada em algo concreto e bem sucedido no mercado [...]. O
empreendedor é a essência da inovação no mundo, tornando obsoletas
as antigas maneiras de fazer negócio [...] (CHIAVENATO, 2003, p. 05).
Conforme discorrido na literatura de Administração, as características de
um empreendedor, na verdade, são habilidades que ele conseguiu desenvolver
de forma estratégica, tendo em vista aproveitar melhor sua imaginação.
Características
muito
peculiares
permeiam
o
perfil
de
uma
pessoa
empreendedora, tal como criatividade, audácia, perseverança, senso crítico,
dentre outras. Essas habilidades são conjugadas ao conhecimento adquirido
pelo sujeito, seja decorrente de sua experiência de vida, ou adquirido por meio
de estudos (DORNELAS, 2008).
�24
Ainda a respeito do perfil do empreendedor, Dolabela (1999) apresenta
algumas características muito
comuns nas pessoas consideradas como
empreendedoras, que são: normalmente são influenciadas por outras pessoas;
possuem autonomia, autoconfiança e otimismo; são audaciosas, prestativas e
visionárias; tem facilidade em aprender com os erros; consegue fixar metas e
alcançá-las; luta contra padrões impostos; procura diferenciar o que faz; tem a
capacidade em descobrir nichos de mercado; possui comprometimento.
Embora o autor citado apresente muitas outras características, as poucas
descritas já são suficientes para demonstrar que o perfil empreendedor não é
exclusivo de uma ou outra profissão. Também não se pode afirmar que uma ou
outra empresa, com esse ou aquele perfil, ou cultural organizacional, não
esteja propensa a se manifestar como adapta do empreendedorismo. O
empreendedorismo, assim, é tema transversal, que perpassa todas as áreas do
conhecimento, em todos os seus aspectos, e vem assumindo lugar de
destaque nas políticas econômicas dos países desenvolvidos e em vias de
desenvolvimento (BAGGIO; BAGGIO, 2014).
Souza (2012) concorda com a reflexão de que o empreendedorismo está
presente em todas as áreas de conhecimento e precisa fomentar as políticas
governamentais, de modo a proporcionar o desenvolvimento social, cultural e
profissional das nações. Além disso, a autora destaca a importância do tema
ser debatido não apenas na vivência profissional, mas é preciso que seja
incorporado na formação profissional, por meio das práticas educativas.
Consoante ao movimento de que toda a população deva desenvolver e
assumir uma postura empreendedora, têm-se desenvolvido, nos últimos
anos, diversas iniciativas de implantação do empreendedorismo na
educação, seja como tema transversal às diversas disciplinas do
currículo, seja como disciplina propriamente dita, constante do currículo
de instituições educacionais formais de educação básica e superior,
privadas e públicas (SOUZA, 2012, p. 80).
O empreendedorismo como tema transversal precisa ser incorporado no
dia a dia de todos os profissionais, tornando-os mais proativos e capacitados a
inovar constantemente as práticas profissionais nos mais diferenciados
contextos e instituições. Empreender é ter visão de futuro e proporcionar
ganhos de competitividade para as empresas, sobretudo daquelas que
�25
investem em seus recursos, como forma de garantirem a consolidação das
vantagens competitivas (MAXIMIANO, 2006).
Empreender é aceitar o desafio na busca por um objetivo previamente
planejado e incorporado nas ações que visarão o alcance do que foi proposto.
É ter visão de futuro, com vistas ao crescimento do negócio que se deseja
obter, mesmo que seja a curto, médio ou longo prazo. Com efeito, o
empreendedor é aquela pessoa que deseja investir em seu próprio negócio,
adquirindo autonomia e se fortalecendo para alcançar metas e objetivos,
conforme
planejado
empreendedorismo
previamente.
aproxima-se
É
das
a
partir
dessa
técnicas
e
concepção
teorias
que
o
administrativas,
sobretudo no que tange à gestão e ao planejamento (MAXIMIANO, 2006).
Por contemplar técnicas e teorias da Administração, depreendemos que a
prática empreendedora está impregnada a qualquer cotidiano profissional,
podendo ser o ponto de partida para a criação dos próprios negócios dos
profissionais em suas áreas de atuação específicas.
As inovações tecnológicas, organizacionais e de mercado têm
impulsionado profundas transformações no mundo do trabalho.
Diversas profissões com conteúdos inovadores estão sendo
criadas,
visando
acompanhar
o
ritmo
das
mudanças.
Transformações estruturais nas relações de trabalho também têm sido
observadas.
Como
consequência
dessas
transformações,
o
empreendedorismo tem sido a alternativa para a geração de emprego e
renda [...] (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2010, p. 174).
Para Cupertino e Mendonça (2012), empresário é o profissional ou
agente que atua no mercado corporativo, por meio da oferta de produtos e
serviços. Esse agente pode estar vinculado a uma organização, de forma
institucionalizada, regido por normas e integrado a um ambiente coletivo,
como também pode atuar de forma mais independente, com equipe mais
reduzida, ou até mesmo, de forma individual. O empreendedor, grosso modo,
é
um
empresário
que
possui
habilidades
estratégias
que
visem
o
desenvolvimento do negócio que gerencia.
Por caracterizarem-se como empresários inovadores, os empreendedores
adquirem competências e habilidades múltiplas, o que lhes proporcionam
facilidade em tomar decisões, monitorar as equipes de trabalho, elaborar
planos e conduzi-los, dentre outros requisitos fundamentais exigidos para os
�26
profissionais de sucesso. Esse perfil multifacetado, híbrido e inovador permite
constatar que o empreendedor, de um modo geral, também assume
características gerenciais (GALVAN, 2014), e, como se sabe, a gestão é um
processo administrativo presente em todas as áreas de conhecimento, como
também em todas as profissões e organizações, uma vez que engloba os
segmentos sociais em suas diferentes instâncias e contextos.
3
EMPREENDEDORISMO
E
BIBLIOTECONOMIA:
POSSÍVEIS
ARTICULAÇÕES
Considerando
que
todas
as profissões e
áreas do
conhecimento
aproximam-se do empreendedorismo, com a Biblioteconomia não seria
diferente. Essa aproximação tem se fortalecido, tanto no contexto brasileiro
quanto mundial, com a chegada da sociedade da informação, em que o recurso
informação tornou-se o insumo básico de desenvolvimento das pessoas e das
organizações (VALENTIM, 2002).
A informação é a base de sustento das sociedades, pois ela gera
conhecimento que, ao ser contextualizada e utilizada, agregará valor ao
indivíduo, em seu contexto profissional e social. Assim, bibliotecários e
profissionais da informação são considerados como agentes capazes de
organizar esse recurso e possibilitar que ele esteja disponível para uso, o que
ocasiona novas funções a serem exercidas pelas bibliotecas, pelas unidades de
informação, enfim, pelos profissionais capacitados a gerenciar os acervos e os
fluxos de informação (LE COADIC, 2004).
Os profissionais da informação possuem uma gama de possibilidades a
serem exercidas, em face da competitividade do mercado globalizado. Ao
mesmo tempo em que mudanças ocorrem em todo o mercado, proporcionando
a redefinição e até o desaparecimento de algumas áreas e profissões, por
outro lado essas transformações, sobretudo a partir do uso das tecnologias
digitais, viabilizam a manifestação de novas possibilidades de trabalho
(BAPTISTA; MUELLER, 2004).
�27
A sociedade da informação se sustenta no tripé inovação, formação e
aprimoramento. Ela exige que os profissionais desempenhem funções que vão
muito além do trabalho tradicional, na maioria das vezes, tal trabalho está
pautado em um fazer eminentemente técnico, em que pese a repetição de
tarefas. A sociedade atual requer o desenvolvimento de competências que
permitam ao profissional inovar, de modo a se destacar no mercado,
adquirindo ganhos de competitividade. Portanto, na área da Biblioteconomia,
outros campos de atuação surgem, o que requer, a formação continuada do
profissional e a aquisição de habilidades específicas que proporcionem um
perfil cada vez mais empreendedor (SANTA ANNA; PEREIRA; CAMPOS, 2014).
Portanto, os bibliotecários têm a possibilidade de ampliarem os postos de
trabalho, atuando de forma tradicional, por meio do vínculo empregatício,
como também podem montar seus próprios negócios, por meio da prestação
de serviços, oferecida a pessoas jurídicas como privadas (SANTA ANNA,
PEREIRA, 2014).
O espírito empreendedor do bibliotecário tem sido bastante relatado na
literatura, embora a realidade brasileira ainda apresente um profissional que
se prende muito aos postos de trabalho considerados como tradicionais.
Mesmo havendo recomendações acerca das possibilidades de atuação que vão
além dos muros das instituições, como trabalhar em centros de documentação,
em bibliotecas especializadas, no ramo da consultoria informacional, na
normalização da informação, dentre outros nichos, a maior empregabilidade
volta-se
ao
trabalho
em
bibliotecas
públicas,
mediante
prestações
de
concursos (SANTOS et al., 2016).
Para Spudeit (2016), o empreendedorismo na Biblioteconomia brasileira
está engatilhando. Muitas iniciativas, mesmo que incipientes, vêm fortalecendo
a adentração do empreendedorismo na área biblioteconômica, estimulando
profissionais a montarem equipes especializadas que prestam variados serviços
e consultorias em empresas públicas quanto privadas.
A consultoria é um segmento promissor, pois ela estimula o profissional
a se tornar polivalente, ou seja, capaz de solucionar os problemas dos clientes,
oferecendo-lhe resoluções mais adequadas e satisfatórias. O termo consultoria
�28
informacional, embora seja amplo e ainda pouco difundido na literatura e na
vivência prática, provoca uma aproximação do bibliotecário com o mercado da
informação, pois o condiciona ao status de gestor da informação, conhecedor
dos problemas organizacionais e com criatividade e audácia suficiente para
propor melhoria às empresas (MILANO; DAVOK, 2009).
Assim, as aproximações entre Biblioteconomia e empreendedorismo
tornam-se cada vez mais evidentes e, como em toda profissão, o bibliotecário
empreendedor é aquele que inova, que acredita em seu potencial (SPUDEIT,
2016), que reconhece as dificuldades presentes em seu contexto de trabalho e
tem a capacidade de propor alternativas adequadas e consistentes para
solucionar as dificuldades das organizações, tornando-as cada vez mais
competitivas e em constante desenvolvimento (SANTA ANNA; PEREIRA;
CAMPOS, 2014).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto apresentou argumentos teóricos que estimulam a reflexão
sobre a ampliação dos fazeres profissionais do bibliotecário, em que a
sociedade da informação é considerada como a “mola-propulsora” para
garantir
a
expansão
dos
fazeres
profissionais,
o
que
possibilita
uma
aproximação cada vez mais nítida das práticas empreendedoras às atividades
bibliotecárias.
Ademais, o texto também discorreu apontamentos sobre os conceitos
básicos de empreendedorismo, a origem desse campo na Administração, como
também a sua transversalidade, ou seja, sua aproximação e utilização em
diferentes profissões, áreas do conhecimento e organizações da sociedade.
Constatamos, a partir das reflexões propostas, que o empreendedorismo
é uma corrente de pensamento vinculada às teorias da Administração, com
foco nas técnicas gerenciais e no processo de planejamento empresarial, cujo
objetivo é promover a fusão entre conhecimento adquirido por um indivíduo e
�29
habilidades que lhe são peculiares, de modo a formar um perfil profissional que
almeja pela mudança e pela inovação.
Como a mudança e a inovação são dois conceitos que permeiam o
empreendedorismo, podemos dizer que o empreendedor é o sujeito que possui
inúmeras habilidades que provocarão a concretização desses conceitos. Assim,
é exigido de um perfil empreendedor, principalmente, ter características como
criatividade, criticidade, autonomia e audácia.
Com
efeito,
o
empreendedorismo
perpassa
todas
as
áreas
de
conhecimento, o que atesta ser ele um tema transversal, o qual precisa ser
praticado, mas, primeiramente, precisa ser estimulado, e esse estímulo,
começa
na
formação
profissional.
Assim,
ao
considerarmos
o
empreendedorismo como uma habilidade, entendemos que todos podemos
incorporá-lo em nosso cotidiano, desde que adotemos estratégias para
desenvolver as habilidades específicas e necessárias para garantir o alcance de
nossos objetivos, por decorrência, que tenhamos a capacidade em elaborar
produtos e serviços que atendam os desejos dos clientes, o que proporciona
ganhos de competitividade.
Por fim, essas breves considerações são suficientes para demonstrar a
necessidade e importância de buscarmos uma maior interação ou aproximação
do empreendedorismo com o fazer bibliotecário. Que a sociedade da
informação e as transformações ocorridas possibilitem aos bibliotecários
explorarem melhor suas habilidades e competências profissionais, conforme as
necessidades do mercado, e, a partir disso, seja ampliada e fortalecida a
prestação de serviços, a criação de empresas, o descobrimento de novos
postos de trabalho, enfim, a consolidação de práticas empreendedoras no
âmbito da Biblioteconomia.
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�32
CAPÍTULO II
INOVAÇÃO E ESPÍRITO EMPREENDEDOR: APLICABILIDADES NA
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Munic Santos
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a informação tem sido considerada o principal recurso
que sustenta as práticas sociais. Em diversos segmentos da sociedade, seja no
âmbito profissional, ou na vida pessoal e social, as pessoas precisam de
informação, a fim de se manterem atualizadas e se inserirem nas novidades e
tendências que surgem a cada dia.
A busca por informação passou a ser uma necessidade obrigatória do ser
humano, o que tem proporcionado o surgimento de um novo mercado, em que
a informação representa a matéria-prima que sustenta essa atual sociedade,
manifestando-se como o insumo básico de desenvolvimento das nações e, por
fim, o recurso que ocasiona o aprimoramento profissional.
Assim, nas últimas décadas do século XX e iniciar do século seguinte,
estamos inseridos na chamada Sociedade da Informação, em que indivíduos,
organizações e profissões buscam por informação, a fim de se tornarem
reconhecidos e valorizados em um mercado cada dia mais instável e
competitivo. O chamado mercado da informação desponta-se como um
segmento
de
mercado
caracterizado
pela
necessidade
de
se
produzir
conhecimento e gerar inovações.
É devido à busca incessante por informação e, como consequência, a
geração de conhecimento, que mudanças ocorrem a todo momento. Manter-se
atualizado e adaptar-se às mudanças passaram a ser uma obrigatoriedade
diária, sobretudo no âmbito profissional. Aqueles que, por um motivo ou outro,
não acompanham essas transformações, certamente, correm o risco de
�33
perderem seus postos de trabalho. Portanto, uma das principais ocorrências da
Sociedade da Informação, principalmente com o avanço tecnológico, é o
aumento do desemprego em nível mundial.
Por outro lado, mesmo com as exigências do mercado atual, nota-se o
surgimento ou expansão de novos postos de trabalho, ou seja, à medida que
muitas práticas profissionais desaparecem, outras surgem, ou são substituídas
por novas necessidades. Portanto, o mercado da informação manifesta-se
como um mercado promissor para os profissionais inovadores, criativos e
estratégicos.
Por ser movido pela informação, esse mercado, provavelmente, requer
profissionais capacitados à prática de tratamento e gestão da informação, de
modo que a informação esteja disponibilizada para quem dela desejar. Assim,
segundo
Smit
(2000), os profissionais que
lidam
diretamente
com
a
informação, como os arquivistas, museólogos e bibliotecários, passam a ser
reconhecidos e requeridos para organização da informação e do conhecimento
na sociedade.
Estudo defendido por Baptista (2004) demonstrou as possibilidades de
atuação dos profissionais da informação1, principalmente com o uso das
tecnologias digitais. Segundo essa autora, vivemos um dilema na Sociedade da
Informação, pois, ao mesmo tempo que a tecnologia diminuiu o emprego, ela
também proporcionou o surgimento de novos postos de trabalho, exigindo dos
profissionais mais empenho e demonstração de suas potencialidades.
Santa Anna e Pereira (2014) também concordam com essa ideia de que
o mercado da informação é promissor para o profissional da informação,
principalmente aqueles que desejam trabalhar de forma autônoma, prestando
serviços informacionais em diversos segmentos. Os autores defendem que, a
atuação profissional no atual mercado, ao contrário do que muitos pensam,
tende a se ampliar, haja vista o potencial que os profissionais da informação
possuem no tratamento, organização e disseminação da informação.
1
O termo profissionais da informação, neste artigo, refere-se aos arquivistas, bibliotecários e
museólogos, como apresentou o estudo de Smit (2000).
�34
Para que isso ocorra, também estamos cientes da necessidade de
aprimoramento
profissional,
ou
seja,
o
profissional
precisa
adquirir
conhecimentos múltiplos, possuir habilidade e competências diversificadas, e,
principalmente,
ter
espírito
empreendedor.
A
formação
desse
perfil
diversificado, certamente, inicia-se no decorrer da formação acadêmica, tal
como disposto nos estudos de Bahia e Seitz (2009) e Silva (2013).
Artigo recente publicado por Santa Anna (2017) destacou a necessidade
de os profissionais da informação adquirirem status de um profissional
moderno, denominados de moderno profissional da informação. Nesse estudo,
são identificadas quatro competências do profissional que são: comunicação e
expressão; técnico-científicas; gerenciais; e sociais e políticas, sendo que as
escolas devem estar em constante processo de renovação curricular, de modo
a formar profissionais, cada dia mais polivalentes.
Sendo assim, o presente texto traz discussões relevantes acerca das
potencialidades dos profissionais da informação, tais como bibliotecários,
arquivistas e museólogos ao se inserirem no amplo mercado da informação, e,
por meio de práticas inovadoras e atitudes empreendedoras tendem a ampliar
cada vez mais a empregabilidade no âmbito da Ciência da Informação.
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: A FORMAÇÃO DE UM NOVO MERCADO
A atual sociedade em que vivemos possui como principal característica a
produção em massa de documentos. Esses documentos estão disponibilizados
em variados suportes, e contêm informação para uso da sociedade, como
também preservação da memória coletiva de uma nação, sendo que tais
informações sustentam as práticas desenvolvidas em diversos segmentos da
sociedade,
seja
na
indústria,
no
entretenimento,
na
educação,
nas
organizações, nos serviços, no comércio, dentre outros (CASTELLS, 2003).
Segundo Castells (2003), nas últimas décadas, a informação tem sido a
principal fonte de riqueza para os países, sendo utilizada como estratégia para
a tomada de decisões e produção de novos conhecimentos, principalmente nas
�35
atividades empresariais. Portanto, vivemos em um novo estágio da sociedade,
que migrou da Era Industrial, em que o foco era as atividades industriais, para
a Era da Informação, em que o centro das atenções está na inovação.
Assim, a Sociedade da Informação é um novo estágio da sociedade, que,
segundo Castells (2003), além do crescente número de publicações e
disseminação do saber, esse estágio da sociedade possui cinco características
principais, que são: tem a informação como matéria-prima; está condicionada
à capacidade de penetração dos efeitos das novas tecnologias; está sustentada
na lógica de redes; apresenta-se como um contexto flexível; e converge
tecnologias específicas, haja vista formar um sistema integrado.
No que se refere à origem dessa sociedade, há divergências nas opiniões
de diversos estudiosos, sendo que muitos atribuem o início dessa sociedade a
partir da invenção da imprensa, ainda no século XV. No entanto, as
transformações mais intensas da explosão documental ocorreram a partir do
uso das tecnologias de comunicação e informação (TICs), influenciadas com os
impactos da Revolução Industrial (SANTOS; CARVALHO, 2009).
Nesse sentido,
A sociedade da informação pode ser vista como uma organização
geopolítica dada a partir da terceira revolução industrial, com impacto
direto no uso da informação e das tecnologias da informação e
comunicação (TICs). O termo surge como uma mudança de paradigma
técnico-social presente na sociedade pós-industrial, visando o uso da
informação como moeda para a sociedade em constituição naquele
momento [...] (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 45).
Observamos que a Sociedade da Informação é influenciada pelo processo
da explosão bibliográfica, como também, pelo uso das tecnologias digitais, o
que promoveu o aparecimento de um novo mercado, em que a economia
industrial cedeu espaço para a economia globalizada, originando novas formas
de organização social e redefinição de produtos e serviços oferecidos no
mercado de trabalho e nas relações entre países do mundo todo (BORGES,
2004).
Para essa autora, a direção principal da sociedade moderna está no uso
da informação. Portanto, nesse tipo de organização social, “[...] a informação
ocupa um lugar substantivo e se torna uma fonte de riqueza, pelo qual se
�36
produz um crescimento rápido das tecnologias de informação e comunicação
que afeta todos os setores da sociedade [...]” (BORGES, 2004, p. 57). Nesse
contexto,
O processo de globalização desencadeou uma integração contínua da
economia global, impactando vários setores da vida econômica e social
dos países, das instituições, das empresas e dos indivíduos, com
profundas alterações na estrutura vigente: um fluxo crescente de capital
entre fronteiras geopolíticas; o aparecimento de novos mercados e
oportunidades [...] (BORGES, 2004, p. 57, grifo nosso).
Conforme discorrido no estudo de Borges (2004), o mercado de trabalho
transformou-se com as mudanças promovidas na Sociedade da Informação,
sendo que novas oportunidades são esperadas, principalmente para os
profissionais que organizam a informação na sociedade.
Concordando com Borges (2004), Santa Anna e Pereira (2014) também
reforçam o surgimento de novas oportunidades advindas, justamente, das
mudanças provocadas pela sociedade atual. Segundo esses autores, a
prestação
de
serviços
informacionais
representa
uma
das
maiores
possibilidades para o profissional da informação que queira garantir seu espaço
de atuação em um mercado competitivo.
No iniciar do século XXI, no Brasil, diversos estudos foram desenvolvidos
acerca da atuação do profissional da informação no contexto da Sociedade da
Informação, tais como nos ensinam Baptista (2000), Baptista (2004), Borges
(2004), dentre outros. Trata-se, na verdade, de um mercado em expansão
para os profissionais que lidam, direta ou indiretamente com a informação,
sendo que a oferta abundante de informação requer seu gerenciamento, de
modo que agregue valor aos usuários da informação, como relatado no estudo
de Barreto (2000).
Assim, o mercado da informação possui tendências para formação de
novos postos de trabalho, mesmo que esses não sejam por meio de vínculos
empregatícios, mas garantam formas de atuação diferenciadas para diversos
profissionais, principalmente os encarregados com a produção e uso da
informação, de modo a atender as necessidades e demandas dos diversos
atores e elementos da sociedade (BARRETO, 2000; BAPTISTA, 2004; SANTA
ANNA; PEREIRA, 2014).
�37
2.1 AS TENDÊNCIAS DO MERCADO DA INFORMAÇÃO
O mercado da informação é fruto das transformações sociais que
rodeiam a sociedade contemporânea, em que a informação é distribuída como
se fosse uma mercadoria, só que essa mercadoria possui um aspecto
simbólico, pois, mesmo sendo consumida, ela permanecerá consumível, por
um tempo e espaço, que será determinado por sua qualidade e validade
(BARRETO, 2000).
A natureza intangível da informação proporciona novas formas de
gestão, como também sua distribuição em canais diferentes do que,
normalmente, se apresenta com o uso de um objeto tangível (BARRETO,
2000). É por isso que novas práticas profissionais são requeridas na atual
sociedade, exigindo dos profissionais o desenvolvimento de serviços voltados
para garantir o uso da informação, conforme as necessidades e contextos dos
usuários, haja vista que a informação é a base para a tomada de decisões,
principalmente nas empresas (SANTOS, 2016).
Segundo Baptista (2000, p. 91), o mercado da informação é instável, ou
seja, as transformações acontecem a todo momento. Para Valentim (2000), os
problemas existentes requerem a atuação estratégia dos profissionais, de
modo que as necessidades da sociedade possam ser atendidas. Logo, segundo
essas autoras, presenciamos um dilema, ou seja, ao mesmo tempo,
vivenciamos tempos de instabilidade e tempos promissores para muitas
profissões, principalmente àquelas ligadas ao gerenciamento e tratamento
informacional.
Sendo assim, o mercado da informação pode proporcionar a diminuição
da oferta de emprego, no entanto, com grande frequência, observa-se o
crescimento do fenômeno da terceirização e a possibilidade de se trabalhar
com a prestação de serviços, como dito por Baptista (2000). Para essa autora,
[...] se a tecnologia tem se mostrado favorável, deve ser dominada,
evitando assim invasões de outras áreas e transformando concorrentes
em parceiros. É uma época de mudanças e não de acomodação. Alguns
autores mostram um futuro de ameaças e oportunidades, onde será
vencedor o profissional capaz de entender melhor os novos paradigmas
da sociedade da informação e de se adaptar aos novos tempos
(BAPTISTA, 2000, p. 91).
�38
O mercado da informação não está repleto de ameaças, mas essas
devem ser vistas como oportunidades para os indivíduos que se dispõem a
encarar desafios, ter espírito empreendedor e visão de futuro, buscando
ampliar suas competências e habilidades, de modo a tornarem-se reconhecidos
e requeridos para solucionar os problemas informacionais existentes nesse
novo contexto (SANTOS, 2016).
As atividades profissionais são ampliadas com o surgimento das novas
tecnologias (BAPTISTA, 2004), em que o mercado tem buscado profissionais
cada dia mais polivalentes, ou seja, que não se fecham aos conhecimentos
técnicos
pertencentes
à
sua
formação
profissional.
Ao
contrário,
profissionais podem exercer atividades diferenciadas, desde
os
o trabalho
tradicional realizado em unidades de informação, como arquivos, centros de
documentação, bibliotecas, dentre outros, como também contribuir na gestão
da informação em organizações, haja vista contribuir com a tomada de
decisões. Além disso, pode atuar, também, no ramo cultural, oferecendo
informações úteis que favorecem a garantia dos direitos do cidadão (SANTOS,
2016).
Para o citado autor, o mercado de trabalho para o profissional da
informação, no contexto da Sociedade da Informação, divide-se em mercado
tradicional como mercado emergente. Considera que o mercado tradicional
está voltado aos fazeres de organização da informação registrada, processos
de trabalho realizados mais intensamente nos arquivos e bibliotecas. Por sua
vez, o mercado emergente é aquele ainda pouco percebido aos olhos da
sociedade e de muitos profissionais, mas que se aponta como oportunidades
valiosas de contribuição desses profissionais para a resolução de problemas
existente no cotidiano empresarial, institucional, cultural, econômico e, de
modo geral, cotidiano social.
Portando, o profissional deve adotar um perfil diversificado, dinâmico,
interdisciplinar e difuso, o que condiciona sua atuação em diferentes nichos de
mercado, principalmente no que tange à prestação de serviços informacionais,
exercendo atividades que o caracterize como um consultor em informação
(SANTA ANNA; PEREIRA, 2014).
�39
Com o perfil voltado à consultoria, o profissional deve investir em sua
formação continuada, de modo a enriquecer seus conhecimentos sobre
diferentes áreas de conhecimento, como no domínio de tecnologias e
percepção de melhorias em variados ambientes e situações. Desse modo,
semelhante ao estudo de Santa Anna e Pereira (2014), Ferreira (2003)
também defende essa atuação interdisciplinar, de modo que o profissional se
torne, a cada dia, mais híbrido. Resumidamente, “[...] tendo em vista que as
profissões
da
informação
têm-se
caracterizado
pela
variedade
e
pela
multiplicidade de suas funções, parece plausível que um mesmo profissional
realize,
ao
mesmo
tempo,
atividades
consideradas
tradicionais
e
emergentes” (FERREIRA, 2003, p. 45, grifo nosso).
Mesmo possuindo uma tendência forte para a prestação de serviços,
ampliando o campo de atuação dos profissionais da informação, pesquisa
desenvolvida por Loureiro e Januzzi (2007) constatou que a grande maioria
dos trabalhadores ocupados em atividades de informação, no Brasil, se
mantém no perfil tradicional, ou seja, atuam como empregados com carteiras
assinadas em órgãos privados e públicos.
Esse fato se deve a muitos fatores, seja ele relacionado à formação
acadêmica proporcionada pelas instituições de ensino, como também a falta de
divulgação das capacidades do profissional, o que gera falta de conhecimento
dos empregadores sobre as contribuições dos profissionais da informação para
suas
instituições
(FERREIRA,
2003).
Portanto,
no
atual
mercado
da
informação,
Ao que tudo indica, existe demanda no mercado por profissionais da
informação, mas há falta de oportunidade para os profissionais de
informação vindos da área da ciência da informação, bem como de uma
formação acadêmica em que estes possam se habilitar para o
desenvolvimento, a implantação e a operação de dispositivos para
filtrar, analisar, sintetizar e disseminar essa avalanche de informações
(FERREIRA, 2003, p. 42).
Na visão de Santa Anna e Pereira (2014, p. 170), a atual realidade do
mercado da informação tende a provocar o que os autores chamam de
processo de “[...] desterritorialização que, por sua vez, ocasionam a
desinstitucionalização da profissão [...]”, ou seja, com a ruptura do tempo e do
�40
espaço, fenômeno ocasionado com o uso das tecnologias digitais, o profissional
pode atuar em diversos contextos, sem necessariamente, estar vinculado a um
segmento de mercado e empresa específica.
Tornando-se autônomo e ampliando suas competências, certamente, no
mercado, haverá “[...] necessidade de se criar novos espaços de atuação,
focado
na
inovação,
flexibilidade
e
liberdade,
rompendo
os
vínculos
empregatícios, mas gerando novas ocupações [...]” (SANTA ANNA; PEREIRA,
2014, p. 170), tendência essa que provoca a conscientização dos profissionais
acerca da aplicação de suas potencialidades nos diversos segmentos da
sociedade, motivando os profissionais a adquirirem práticas e espírito
empreendedor,
a
ponto
de
adquirirem
o
status
de
empreendedores
informacionais (GARCIA, 2011).
3 EMPREENDEDORISMO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
A informação representa um dos principais elementos da sociedade
moderna,
como
profissionais
da
também
constitui
informação.
o
Portanto,
objeto
de
trabalho
entendemos
que
principal
a
Ciência
dos
da
Informação, no atual momento, como campo de conhecimento, adquire mais
valor e reconhecimento, uma vez que se torna mais útil às práticas sociais
(SANTA ANNA, 2015).
Os métodos e técnicas específicas de tratamento da informação,
descritos pela Ciência da Informação, logo de início, nos fazem perceber a
valiosa contribuição dessa ciência para a Sociedade da Informação. Isso
porque,
A Ciência da Informação apresenta-se como uma área responsável pelo
gerenciamento da informação, proporcionando aos usuários da
informação, seu uso efetivo, conforme as reais necessidades
demandadas. O crescente aumento da informação na sociedade
proporciona dificuldades na localização de informações relevantes para
os cidadãos, o que viabiliza a necessidade de gerenciamento, com vistas
a selecionar as informações requisitadas pela demanda (SANTA ANNA;
PEREIRA, 2014, p. 165).
�41
Assim, a Ciência da Informação torna-se um campo de conhecimento
que promove práticas empreendedoras nos profissionais que se colocam a
serviço da gestão da informação e do conhecimento, de modo a garantir
segurança nos processos de trabalho direcionados a tornar a informação
armazenada, recuperada e disseminada. Ao serem difundidas, práticas são
realizadas em prol do uso dessa informação, à qual servirá como estímulo ao
desenvolvimento, seja de organizações, indivíduos ou da nação (GARCIA,
2011).
Sendo assim, segundo o mesmo autor, os profissionais da informação
podem atuar nas diversas fases do ciclo da informação, desde a origem dos
documentos, seu armazenamento e gestão, até o momento em que a
informação agrega valor para as organizações e para a sociedade, garantindo,
por meio do acesso à informação, a efetiva tomada de decisões.
A esse respeito, pode-se afirmar que:
A sociedade atravessa um momento de transição, influenciada pela
crescente utilização das novas tecnologias e o acúmulo de informações
que, para serem usadas com precisão, precisam ser gerenciadas e
transferidas, o que requer a formação de profissionais da informação
capacitados à condução do ciclo e do fluxo da informação, tornando
a informação mais acessível e agregando valor às necessidades dos
usuários da informação (SANTA ANNA, 2015, p. 14, grifo nosso).
As atividades voltadas à gestão do ciclo da informação são complexas,
mas de suma importância para as organizações e para a sociedade como um
todo. Diversos problemas merecem ser resolvidos, o que condiciona a
contratação de prestadores de serviços com especialidade nessas atividades, o
que determina a redução de custos para as organizações, como também, a
oportunidade de novos campos de atuação, principalmente, por parte dos
profissionais que desejam criar seus próprios negócios (BAPTISTA, 2000).
Essas discussões são suficientes para demonstrar quantos desafios
surgem no mundo moderno, cabendo ao profissional da informação adquirir
um espírito empreendedor, capacitando-se continuadamente. A esse respeito,
Garcia (2011, p. 112, grifo nosso) nos diz que, em um cenário composto por
resistência às mudanças e modelos mentais limitantes, o profissional da
informação “[...] precisa ser proativo e combativo, perseverante e focado na
�42
sua missão de apoiar a produção e o uso estratégico da informação e do
conhecimento
em
toda
a
competências
representam,
organização
na
[...]”.
verdade,
Ainda
“[...]
as
reflete
que
características
essas
dos
empreendedores corporativos (ou intra-empreendedores): pessoas dotadas
de competências e energia transformadora tais que sustentam a concepção e
implantação de novas soluções nas organizações”.
Analisando as diversas necessidades que se afloram na sociedade, como
também as dificuldades em se implementar metodologias e processos de
trabalho para garantir o uso da informação relevante, percebemos a formação
de um novo nicho de mercado no âmbito da Ciência da Informação, a prática
do empreendedorismo por parte dos profissionais que se especializam nessa
área de conhecimento (ARAÚJO; CARVALHO, 2011).
A literatura até então publicada no Brasil apresenta número significante
de pesquisas que versam sobre esse tema, contemplando estudos sobre
atuação de bibliotecários, arquivistas e museólogos na prática empreendedora.
Embora a maioria dos estudos esteja direcionada ao exercício do bibliotecário,
entendemos que o espírito empreendedor não se prende a um tipo de
profissional específico, mas estende-se a qualquer indivíduo que tenha visão
de futuro, visando a inovação, como nos ensina Dornellas (2008).
O referido autor esclarece que o empreendedorismo constitui um
processo amplo, em que indivíduos com perfis diferenciados e que buscam
algo novo, planejam ideias, tendo em vista garantir a transformação de ideias
em oportunidades, sobretudo em um momento de turbulência ou instabilidade.
Empreendedor é quem tem a capacidade de transformar as dificuldades e
desafios em estratégias que, de alguma forma, lhe tragam benefícios.
Especificamente, no âmbito dos serviços informacionais, o estudo de
Prado e outros (2014, p. 63) conceituou empreendedor como sendo
[...] termo utilizado para qualificar, ou especificar, principalmente,
aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se
dedicar às atividades de organização, administração, execução;
principalmente na geração de riquezas, na transformação de
conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços;
gerando um novo método com o seu próprio conhecimento. É o
profissional inovador que modifica, com sua forma de agir, qualquer
área do conhecimento humano.
�43
A prática do empreendedorismo envolve, primordialmente, criatividade,
criação
de
valor,
espírito
aventureiro,
audácia,
busca
por
inovação,
determinação, foco e estabelecimento de estratégias para elaboração de
planos consistentes que tendem a garantir o sucesso das ideias que serão
transformadas
em
grandes
oportunidades,
proporcionando
o
sucesso
almejado. Esse conjunto de características forma o perfil de um profissional
empreendedor, o qual tende a transformar seus sonhos em realidade (COSTA;
CERICATO; MELO, 2007).
Inseridos em um contexto globalizado e instável e, ao mesmo tempo,
com o valor atribuído à informação, os profissionais que lidam com a
informação podem expandir suas práticas profissionais, atuando na consultoria
informacional, como relatado por Santa Anna e Pereira (2014), como também
no gerenciamento da informação para a tomada de decisões nas organizações
(GARCIA, 2011), em especial no trato com a documentação arquivística, como
nos ensina Santa Anna (2015).
3.1 A CONSULTORIA EM SERVIÇOS INFORMACIONAIS
O empreendedorismo como um movimento que provoca a formação de
profissionais empreendedores, que apostam na inovação e na ampliação de
seus
negócios,
encontra
no
campo
da
Ciência
da
Informação,
boas
possibilidades de ser aplicado. Isso se dá, principalmente, pelo fato do
profissional envolver-se com o trinômio dado, informação e conhecimento
(SANTOS, 2016). Esse profissional, portanto, “[...] atua com a gestão da
informação e do conhecimento no contexto de uma cultura organizacional”
(SANTOS, 2016, p. 28).
Por envolver-se com uma cultura específica, o profissional deve possuir
inúmeras competências, habilidades e domínios variados de conhecimento
(VALENTIM, 2000), o que tende a esse profissional desenvolver um perfil de
prestador de serviços (BAPTISTA, 2000). Esses serviços podem ser voltados à
oferta de produtos e serviços definidos pelos clientes, como também podem
�44
representar uma intervenção no sentido de diagnosticar problemas, haja vista
formular
propostas
de
melhoria
para
os
desafios
enfrentados
pelos
contratantes dos serviços (OLIVEIRA, 1999 apud ARAÚJO; CARVALHO, 2011).
Por isso, dentro do empreendedorismo aparece o processo de prestação
de serviços que pode se manifestar no contexto da consultoria. A consultoria
teve sua gênese no século XX, na área da Administração, em virtude do
aumento da competição entre as empresas e as necessidades das empresas
adotarem
estratégias
para
inovarem
(OLIVEIRA,
1999
apud
ARAÚJO;
CARVALHO, 2011).
A consultoria empresarial pode ser conceituada como “[...] um processo
interativo de um agente de mudança externo à empresa, o qual assume a
responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa
nas tomadas de decisões, não tendo o controle direto da situação” (OLIVEIRA,
1999 apud ARAÚJO; CARVALHO, 2011, p. 4).
No que se refere à prestação de serviços informacionais, a literatura
apresenta o conceito de consultoria informacional. Para Santa Anna e Pereira
(2014, p. 166), a consultoria informacional
[...] diz respeito ao conjunto de ações que visam auxiliar a realização de
um feito. Compreende a intervenção de alguém (do consultor), munido
de habilidades, competências e instrumentos técnicos, tendo em vista,
contribuir para que uma dada atividade alcance os resultados a que se
propõe. Mesmo tendo sua gênese na Administração e direcionando-se
com mais ardor ao âmbito empresarial, a consultoria passou a ser
adotada por outras ciências, estendendo-se a outros ambientes.
Para os autores supracitados, o consultor informacional não deve
oferecer as soluções dos problemas, mas, partindo-se do princípio de que a
informação é o caminho que fomenta a elaboração de estratégias para a
solução de problemas, o consultor em informação insere-se nesse contexto,
com a finalidade de propor alternativas.
Estudo feito por Milano e Davok (2009, p. 258), acerca do papel
desempenhado por profissionais na área da informação, sobretudo os
bibliotecários, demonstrou que a consultoria informacional é “[...] uma
prestação de serviços e, portanto, um bem intangível, que será oferecido para
�45
satisfazer um desejo ou necessidade sem a posse de um bem físico, exceto
relatórios parciais e finais [...]”.
Milano e Davok (2009, p. 258) nos ensinam que o profissional que se
dedica à prestação da consultoria nos serviços informacionais comporta-se
como um intelectual, detentor de muitos conhecimentos, tendo em vista “[...]
a capacidade de análise e síntese e com inúmeras variáveis componentes do
conjunto de problemas importantes para o desfecho de uma avaliação técnica
correta [...]”. O domínio variado de conhecimento desse profissional visa a
garantir qualidade do que é ofertado. Portanto, “[...] ele deve fazer com que o
consumidor/usuário perceba os seus serviços como algo palpável, oferecendolhe um serviço de qualidade”.
4 REFLEXÕES FINAIS
Os conteúdos analisados na pesquisa bibliográfica indicam que o mercado
atual, com o uso cada vez mais crescente das tecnologias digitais, promove
conflitos, redução de emprego e até desaparecimento de muitas áreas e
profissões. No entanto, esse mercado não pretende ser excludente para
aqueles que se capacitam, ou seja, o mercado abre portas para novas
possibilidades de
atuação, em um verdadeiro ciclo
de transformações
contínuas.
Como a informação representa a matéria-prima da sociedade atual,
expectativas promissoras são esperadas para os profissionais da informação,
principalmente àqueles que apresentam um perfil empreendedor, de modo a
atuar na prestação de serviços informacionais, sendo necessário valorizar e
investir em sua formação profissional, seja ela acadêmica quanto continuada.
Assim, o empreendedorismo torna-se um tema relevante e apropriado a ser
discutido na área da Ciência da Informação, com foco nos campos da
Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia.
Com isso, recomendamos a união de todos os envolvidos com essas
áreas, de modo que, esforços sejam realizados em prol da conscientização
�46
acerca das potencialidades desses profissionais e de sua formação adequada
para resolver os problemas sociais e encontrar/ocupar seu amplo espaço de
atuação no mercado de trabalho, caso contrário, outros profissionais poderão
ocupar
esses
informação.
postos
destinados,
Reformulação
dos
especificamente,
currículos,
ações
aos
de
profissionais
divulgação
da
das
potencialidades dos profissionais da informação, entre os próprios profissionais
e os empresários, além da luta por direitos, políticas públicas e leis mais
justas, são algumas ações que podem contribuir com a valorização do
profissional no amplo e diversificado mercado da informação da atualidade.
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�49
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�50
CAPÍTULO III
EMPREENDEDORISMO COMO UM CAMPO POTENCIAL AO
BIBLIOTECÁRIO
Vinicius Alves dos Santos
1 INTRODUÇÃO
Transformações
geralmente
estabelecem
obstáculos
para
alguns
indivíduos. Como se habituou a exercer as mesmas práticas é mais confortável
realizar da mesma maneira. Porém, no mercado de trabalho, isso não é
possível na maioria das vezes. Com o alto desenvolvimento tecnológico, o
fenômeno da globalização e a rápida obsolescência de alguns itens e ações
devido ao molde de antigos contextos, a busca por inovações se faz
necessária. Essa ação pode ser denominada de empreendedorismo.
A discussão da seguinte elaboração circunda em torno de apresentar o
conceito de empreendedorismo, disponibilizar informações sobre o caráter do
empreendedor, e de processos que viabilizam uma atitude empreendedora.
Tem por objetivo também abordar sem muitas pretensões de aprofundamento,
a indolência dos Cursos de Biblioteconomia e dos profissionais da informação,
diante da evolução técnica, e da primordialidade de adaptações, releitura
mercadológica e da constatação das necessidades das organizações, unidades
de informação e seus respectivos usuários.
A investigação se deu por intermédio de revisão de literatura, com uma
estratégia
de
busca
abarcando
as
expressões:
“Empreendedorismo
e
Biblioteconomia”, “Empreendedorismo”, “Economia Criativa” e “Engenharia de
Produção e Empreendedorismo”. Pesquisou-se no Google Acadêmico dentro da
opção disponível no Portal Capes, e no Sistema de Bibliotecas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). A biblioteca recorrida após a pesquisa no
sistema foi a Professor Emílio Guimarães Moura da Faculdade de Ciências
�51
Econômicas da UFMG.
Será perceptível ao final da leitura deste texto, a
precisão de incorporar esse conceito na realidade bibliotecária, para incentivar
e manifestar com maior relevância, os dispositivos do campo de estudos.
2 BIBLIOTECONOMIA E EMPREENDEDORISMO
A Biblioteconomia é um campo de estudo que desde o seu princípio com
os seus instrumentos, possui uma busca pelo agrupamento e organização de
informações, e o tratamento representativo para uma posterior recuperação,
diante do fluxo informacional e o surgimento de novas informações. Os
sujeitos ao se inserirem na área aprendem os mecanismos que viabilizam tal
elocução, para empregá-los em bibliotecas, unidades de informação e demais
organizações. Mesmo porque, todas as instituições estão sempre lidando com
informação. Alguns instrumentos que podem ser citados são a catalogação
descritiva, a análise de assunto, a tradução, as linguagens de indexação, entre
outros.
Um grande obstáculo que vem se erguendo, é o desinteresse e a
consequente desatualização dos profissionais, não se inteirando acerca das
novas tecnologias e suas respectivas inovações, para a oportunização de
serviços e produtos informacionais, de acordo com as demandas de um mundo
globalizado e em pleno desenvolvimento tecnológico. Pode-se perceber a
notoriedade dessa sentença anterior, ao se analisar os currículos dos Cursos de
Graduação em Biblioteconomia no
Brasil, e a crescente ocupação de
administradores e pessoal da computação, na apropriação de encargos antes
destinados aos bibliotecários.
Há um consenso expresso por Santos (1987) em relação aos aspectos
econômicos de uma pátria, de que:
o nível de desenvolvimento econômico e social de uma nação pode ser
avaliado pela eficiência com que são produzidos bens e serviços, os
quais uma vez absorvidos elevam a qualidade de vida e o grau de bemestar de sua população (SANTOS, 1987, p. 1).
�52
Tal premissa e silogismo foram desenvolvidos relacionados a uma
perspectiva macro, uma estrutura muito mais complexa, porém, trazendo essa
interpretação para o recorte do oferecimento de serviços e produtos
informacionais, esse preceito pode ser vislumbrado no relacionamento com a
prática bibliotecária e com os seus usuários. A medida sobre o sucesso do
desenvolvimento dos trabalhos elaborados por um profissional da informação é
a dimensão da satisfação de sua clientela ao atender as suas buscas.
Ponderando acerca dessa realidade de instabilidade que a área enfrenta, um
conceito
denominado
de
Empreendedorismo
pertencente
ao
campo
da
Administração, se torna eficiente e eficaz para o problema evocado.
2.1 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO E DOS
EMPREENDEDORES
O empreendedorismo manifestou-se em uma conjuntura de avanços
tecnológicos, de desenvolvimento e alicerçamento do capitalismo no século XIX
(ROMEIRO; SPUDEIT, 2014, p. 2). Empreendedorismo equivale a uma ação
realizadora e inovadora, que impulsiona recursos e se dispõe a correr riscos
para começar e perseguir um objetivo (MAXIMIANO, 2011). Schumpeter
(1942) citado por Maximiano (2011) corrobora esse raciocínio, dizendo que:
[...] os empreendedores inovam não apenas pela identificação de
formas de usar as invenções, mas também pela introdução de novos
meios de produção, novos produtos e novas formas de organização.
Essas inovações [...] precisam de tanta ousadia e habilidade quanto o
processo de invenção (SCHUMPETER, 1942 apud MAXIMIANO, 2011, p.
1).
Há dois tipos de empreendedores: o comum e o bem-sucedido.
Características eminentes em pessoas com um proceder empreendedor comum
são apresentadas no quadro 1.
Quadro 1 - Características de empreendedores comuns
Perseverança
Faculdade de conviver e suportar a indeterminação e incerteza
Utilização de modo diligente dos recursos
�53
Criatividade e imaginatividade
Atenção aos resultados
Fonte: Filion (2000, p. 3).
Já os empreendedores bem-sucedidos, de acordo com Filion (2000),
possuem as particularidades descritas no quadro 2.
Quadro 2 - Características de empreendedores bem-sucedidos
Valores e cultura de empreendedorismo adquiridos por meio de contato com, pelo
menos, um modelo empreendedor durante a sua juventude
Experiência em negócios
Diferenciação
Intuição
Envolvimento
Trabalhadores incansáveis
Sonhadores realistas (visionários)
Líderes
Trabalham em rede com moderação
Têm o seu próprio sistema de relações com os empregados
Controladores do comportamento das pessoas ao seu redor
Aprendizagem dos seus próprios padrões
Fonte: Filion (2000, p. 3).
Os sujeitos que querem ser empreendedores bem-sucedidos devem
perseguir essas características (pelo menos as possíveis em certos aspectos).
É com clareza que a adoção de uma perspectiva e uma cosmovisão traz
consigo benefícios e inovações, assim como dispêndios e renúncias dentro de
uma
trajetória.
Cabe
ao
indivíduo
que
busca
uma
“habilitação
empreendedora”, avaliar e qualificar a estrutura e contexto, nos quais se
encontra, para assumir os riscos e potencializar tanto o desenvolvimento
pessoal, quanto o aprimoramento do negócio, em relação aos propósitos
engendramentos.
�54
2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS
O ato de empreender detém benesses e ao mesmo tempo renúncias,
para o alcance dos objetivos planejados e esperados, porque como a pessoa
está se inserido em uma conjuntura inovadora, entende-se que está se
dispondo a correr riscos, e a se esforçar acima do comum, além de realizar
abdicações no tocante à zona de conforto em que se encontra. De acordo com
Maximiano (2011), o empreendedorismo detém as seguintes vantagens e
desvantagens:
*Vantagens:
-
Autonomia: ou seja, a capacidade e a liberdade de tomar decisões.
-
Desafio: o estímulo e impulso de criar algo novo; tal comportamento
pode ser fonte de aprazimento para algumas pessoas.
-
Controle financeiro: toma decisões e possui controle sobre as opções, em
relação às escolhas que faz com os recursos financeiros.
*Desvantagens:
-
Sacrifício pessoal: como já foi dito, será demandado do empreendedor
competências e esforços descomunais, o que exigirá renúncia de
compromissos e agendas cotidianas, muitas vezes.
-
Sobrecarga de responsabilidades: o empreendedor representa para si
mesmo muitas vezes, a própria chefia.
-
Margem de erro: as grandes empresas possuem recursos astronômicos,
caso haja alguma falha. Já um empreendedor se vier a efetuar algum
erro, pode gerar consequências desastrosas, levando inclusive à falência
da unidade ou do próprio negócio, se o mesmo trabalhar de modo
autônomo.
�55
2.3 PLANEJAMENTO
Para um sujeito que se aventura na prática empreendedora, ele carece
de possuir, antes de qualquer implementação, um planejamento. Alday (2000)
diz que:
planejar é a palavra apropriada para se projetar um conjunto de ações
para atingir um resultado claramente definido, quando se tem plena
certeza da situação em que as ações acontecerão e controle quase
absoluto dos fatores que asseguram o sucesso no alcance dos
resultados. É necessário um plano para se construir uma ponte, pilotar
um avião, transplantar um rim, abrir um novo escritório numa outra
cidade ou lançar um novo produto (ALDAY, 2000, p. 4).
Em todas as profissões e em diversas nuances da existência, o ser
humano precisa se planejar se almeja alcançar um êxito mais certeiro, acerca
do esforço que está realizando em relação a uma nova ideia. O planejamento
permite a organização, gerenciamento, controle e previsão (em grande parte
das vezes), dos serviços prestados, ou, nessa conjuntura, do empreendimento.
Com o planejamento, o bibliotecário em sua profissão pode mapear e
contemplar o desenvolvimento de cada um dos processos desenvolvidos.
Deve-se dizer que tomar decisões é o âmago do planejamento e dos atos
administrativos como um todo. Um empreendedor precisa reconhecer que
deliberar é parte essencial do seu trabalho, além de gerar alternativas e indicar
possíveis caminhos de sucesso. Maximiano (2011) diz:
decisões são escolhas que você faz, como resultado do julgamento de
alternativas. As alternativas nascem da avaliação de problemas e
oportunidades. Há diversos tipos de decisões administrativas (ou
gerenciais), relacionadas com os seguintes aspectos da empresa e do
trabalho do empreendedor (MAXIMIANO, 2011, p. 17).
Tomar
decisões
é
ter
a
capacidade
de
realizar
a
leitura
do
enquadramento em que se encontra e identificar as características do local ou
público-alvo; além disso, é optar por determinados caminhos que irão
contribuir para o desenvolvimento dos serviços. O decisor deve ter de modo
claro que ele detém encargos inerentes ao futuro e objetivos, a administração
dos recursos e a resolução dos problemas que surgirem (MAXIMIANO, 2011).
�56
2.4 O CAPITAL DE RISCO
É importante racionalizar que o indivíduo pode ser guiado devido às
escolhas que realiza ao fracasso de sua ideia. Uma recomendação ao
empreender, o que não é um imperativo, mas um conselho consciente e eficaz,
e que pode auxiliar durante o planejamento de um novo propósito, é o
chamado “Capital de Risco”. Battini (1985) citado por Santos (1987) diz que
capital de risco equivale à reunião de recursos diferentes, na qual o sujeito se
compromete a ser um associado ativo, aceitando, dessa maneira, se envolver
com os riscos do êxito ou da falência do projeto, estando clara a possibilidade
de perda do recurso disponibilizado. Quando se engendra um novo serviço, é
necessário possuir essa reserva, entendendo que podem haver perdas.
3
A
APLICAÇÃO
DO
EMPREENDEDORISMO
NA
PRÁTICA
BIBLIOTECÁRIA
Munido de tais ferramentas e métodos expostos neste texto, além dos
conhecimentos da área em si, o bibliotecário deve se aventurar em
empreendimentos,
seja
autonomamente
ou
atuando
dentro
de
uma
organização, para alavancar a própria trajetória profissional e oferecer
inovações aos seus clientes. Em muitas conjunturas, o bibliotecário permanece
letárgico, por não contemplar as modificações da jornada profissional e a
usabilidade
da informação
na contemporaneidade, se
distanciando
dos
contextos de seus usuários e da modernização do espaço ou dos serviços e
produtos, que podem ser oportunizados.
3.1 PASSOS PARA EMPREENDER
O primeiro passo que proponho para movimentar essa transformação é
partir do pressuposto de que o bibliotecário necessita de conhecer, com certa
�57
densidade, os usuários reais e potenciais da instituição e/ou do público que lida
fora de um ambiente institucional formal; faz-se necessário conhecer seus
perfis,
preferências,
necessidades,
sugestões
e
melhorias
para
serem
efetuadas. Após a coleta e identificação desses fatores, o profissional da
informação pode aprimorar e adaptar os serviços e produtos que são
disponibilizados, e também ter uma maior percepção do que não é viável
fomentar, por não se encaixar dentro das precisões do usuário. É preciso em
todo o tempo avaliar.
O segundo passo é averiguar quais são os recursos financeiros e
humanos disponíveis, para implementar as modificações e inovações no
ambiente; “existe a quantidade adequada para as circunstâncias?” “Possuo
uma reserva de recursos caso haja algum fracasso no processo?” “Quais são os
riscos?” É importante passar por essa fase, porque é um dos principais
fundamentos para o início dos empreendimentos, e a aplicação do conceito
“Capital de Risco”.
Após essas duas ações, é importante o bibliotecário e sua equipe, se
houver, pesquisarem as principais tendências, novas tecnologias, trabalhos
que podem ser prestados que diferenciem a unidade ou o serviço e,
consequentemente, o profissional, de outros que oferecem o comum, o
ordinário. O bibliotecário deve frequentar encontros, congressos e simpósios,
que retratam as atualidades no campo da informação, nacionalmente e
internacionalmente. Ou seja, estar atento é primordial.
Depois de apreender inúmeras informações, o profissional da informação
deve se reunir com sua equipe ou se for atuante desacompanhado, se
“separar” e ponderar sobre tudo o que foi adquirido informacionalmente. Por
intermédio dessa ação e de todos os passos anteriores, o bibliotecário irá
mapear e controlar os processos que serão desenvolvidos. Em seguida,
elaborará os serviços e produtos; e realizará testes com uma parcela dos
usuários. Se a resposta for positiva, irá averiguar se existe a possibilidade de
aprimoramentos e implementará, oficialmente, o que foi planejado. Se for
negativa, deve buscar refazer ou transformar a dinâmica do trabalho.
�58
3.2 AVALIAÇÃO
Um dos principais erros dos bibliotecários é a ausência de avaliar os serviços,
seja antes ou posteriormente. Os mecanismos de planejamento em torno do
empreendimento devem ser cíclicos. O profissional deve constantemente
analisar e classificar suas funções e negócios, para perceber a qualidade e
satisfação de sua clientela. Almeida (2005) expressa que
a principal função da avaliação é produzir conhecimentos relativos à
unidade de informação, à organização em que esta se situa e a seu
ambiente, para servir de subsídio [...]. A avaliação possibilita a escolha
certa, ou seja, a correta definição dos objetivos no momento da
concepção do plano. Na implementação do plano, produz informações
que contribuem para a maior produtividade e para a melhoria da
qualidade. No final do processo, permite comparar resultados esperados
e conseguidos, conhecer o nível de satisfação do público-alvo [...]
(ALMEIDA, 2005, p. 11).
Tal elocução permite uma perspectiva mais fundamentada e holística,
sem perder de vista todo o processo pelo desenvolvimento e incumbência das
atividades, avaliando os serviços utilizados. A avaliação conscientemente
também impõe metas: de onde se está saindo e aonde se quer chegar com as
transformações que serão inseridas. E o mais notável, permitirá constantes
aprimoramentos
dos
serviços
e
consequentemente,
da
qualidade
e
contentamento do público-alvo, como retratou Almeida (2005).
3.3 O BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS
Pode parecer que o último subtópico deste texto esteja desconexo do
assunto principal do artigo, porém, detém profunda inerência. Empreender
demandará
do
profissional
da
informação
atualização
acerca
dos
conhecimentos sobre os instrumentos da Biblioteconomia, mas similarmente,
se informar sobre as novas tecnologias. Uma grave dificuldade no campo é que
inúmeros sujeitos têm aprendido das competências biblioteconômicas e
aparelhados das novidades do design e da informática; e porque não dizer da
�59
administração, tem se sobressaído e demonstrado certo perigo à classe dos
graduados em Biblioteconomia.
Isso ocorre pela desatualização dos currículos em grande parte dos
cursos de graduação, e também do conformismo que os profissionais possuem
em relação ao conhecimento adquirido e às novas potencialidades. O
empreendedorismo se mostra como central, nesse cenário. É imprescindível
inovar, estar atento e acompanhar as modificações das necessidades das
organizações, para conceder constante “revaloração” e reconhecimento do
campo. Não são somente os currículos passíveis de críticas das universidades
que contam com o Curso de Biblioteconomia, mesmo porque o procedimento
para remodelá-los é extremamente burocrático. Os profissionais precisam se
mover em direção às novidades, e se reformarem para perpetuar a
atratividade dos serviços, e alavancar o campo para que outros tenham
interesse em se formarem, e as empresas na contratação do profissional.
Há
um
conceito
recente
denominado
de
“economia
criativa”
ou
“economia cultural”, que pode ser definido como a aptidão criativa relacionada
com atividades como design, artes, cinema, entre outros (COSTA; SOUZASANTOS, 2011). Geralmente, esse termo é aplicado em contextos macros, das
grandes metrópoles, porém, como a economia é uma ciência que equivale ao
diagnóstico da produção, distribuição e consumo dos rendimentos e das
propriedades, é passível de aplicação nas ações particulares, mesmo porque,
uma sociedade é composta por vários sujeitos. Empreender caminha lado a
lado da criatividade, da ação de ponderar sobre questões modernas e
renovadoras.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apostar é sinônimo de empreender. Logo, inovar e correr riscos na
sociedade da informação exercendo a prática bibliotecária, em que as
transformações são extremamente rápidas, se faz imprescindível. Ver as
novidades e possibilidades no mercado e as novas oportunidades de aplicação
�60
dos instrumentos com um diferencial demonstrarão a potencialidade da
Biblioteconomia e seus profissionais, nesse novo cenário. A questão é que os
bibliotecários carecem de cessar e de negligenciar seu papel frente ao mercado
e à sociedade, e ocupar os locais que lhe pertencem.
Não somente as bibliotecas, mas as grandes organizações e o próprio
corpo social, diante do tamanho fluxo informacional e a velocidade da criação
de dados, apontam para a indispensabilidade do fazer biblioteconômico. As
grandes empresas precisam de sujeitos que ordenem seus documentos,
mapeiem seus processos, construam seus projetos, classifiquem seus itens,
cataloguem seus objetos e organizem suas informações, mas com a distinção
de realizar todas essas ações, muitas vezes, em sistemas complexos, ou
propor a fabricação dos mesmos, com um olhar organizacional e fluido. Esse
ato pode ser nomeado como empreendedorismo. O bibliotecário, com suas
competências, é capaz de servir ao mercado e contribuir para que as unidades
de informações e empresas, de um modo geral, impulsionem estruturas e
cooperem para o desenvolvimento social e econômico de qualquer que seja a
nação e/ou instituição.
REFERÊNCIAS
ALDAY, H. E. C. O planejamento estratégico dentro do conceito de
administração estratégica. Revista FAE, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 9-16,
maio/ago. 2000. Disponível em:
<https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/505>. Acesso em: 16 nov.
2018.
ALMEIDA, M. C. B. Planejamento de bibliotecas e serviços de
informação. Brasília: Briquet de Lemos, 2005.
COSTA, Armando Dalla; SOUZA-SANTOS, Elson Rodrigo. Economia criativa:
novas oportunidades baseadas no capital intelectual. Economia e tecnologia,
Curitiba, v. 25, n. 1-8, abr./jun. 2011. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/ret/article/view/26832/17797>. Acesso em: 16 nov.
2018.
FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo e gerenciamento: processos
distintos, porém complementares. RAE Light, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 2-7,
�61
jul./set. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v40n3/v40n3a13.pdf>. Acesso em: 16 nov.
2018.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração para empreendedores.
2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
ROMEIRO, Nathália Lima; SPUDEIT, Daniela. A formação do bibliotecário
empreendedor com foco na gestão de serviços de informação. In: SEMINÁRIO
DE PESQUISA DA FESPSP, 3., Anais eletrônicos… São Paulo: Fundação
Escola e Sociologia Política de São Paulo, 2014 Disponível em:
<https://www.fespsp.org.br/seminario2014/anais/GT5/1_A%20FORMACAO_D
O_BIBLIOTECARIO.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018.
SANTOS, Silvio Aparecido dos (Org.). Criação de empresas de alta
tecnologia, capital de risco e os bancos de desenvolvimento. São Paulo:
Pioneira, 1987.
�62
CAPÍTULO IV
INICIATIVAS DE FOMENTO À CULTURA EMPREENDEDORA NA
BIBLIOTECONOMIA
Daniela Spudeit
Jorge Luiz Cativo Alaúzo
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
“O empreendedorismo é visto como uma revolução silenciosa que será
para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século
XX”
Jeffry Timmons2
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O empreendedorismo é uma temática abordada consistentemente na
área da Administração, mas na Biblioteconomia e na Ciência da Informação
ainda é um desafio, haja vista a corrente tradicional, o perfil profissional e a
cultura técnica que demarcam a profissão. Contudo, empreender na área de
gestão da informação, que se configura como objeto do fazer profissional do
bibliotecário, é algo que já existe desde a década de 1980, com alguns
bibliotecários pioneiros, conforme indicam as pesquisas desenvolvidas por
Spudeit (2016), Laurindo et al. (2016) e Madalena (2018), recentemente.
Foi pensando nessa conjectura, que, em 2014, começaram algumas
iniciativas na Biblioteconomia para pesquisar essa temática com o objetivo de
reunir as experiências de diferentes bibliotecários e bibliotecárias brasileiros
para socializar e divulgar as boas práticas, consolidar conhecimentos,
desenvolver competências profissionais voltadas para as necessidades reais do
mercado e principalmente, fomentar uma cultura mais empreendedora na
2
Jeffry A. Timmons era um professor americano de empreendedorismo, conhecido como um
pioneiro de pesquisa e educação em empreendedorismo. Durante sua carreira, Timmons
publicou vários livros e mais de cem artigos.
�63
área, ou seja, mais proativa, mais engajada, mais inovadora, mais sustentável
e responsável, socialmente.
Para entender o que é cultura empreendedora, foco deste estudo, é
importante pontuar que a origem do termo empreendedorismo não é recente,
pois remonta ao início do século XVI, com as grandes navegações quando
havia exploração de novas terras e trocas comerciais. Porém, o conceito foi se
construindo ao longo dos séculos e atualmente caracteriza-se como: a)
atividade empreendida por um sujeito ao abrir seu próprio negócio ao perceber
oportunidades para inovar nos serviços e produtos; b) relaciona-se a um novo
perfil e comportamento que deve ser desenvolvido por pessoas de diferentes
áreas, formações e independente de ser funcionário público, privado ou dono
do
seu
próprio
negócio
que
envolve
a
transformação
de
ideias
em
oportunidades para atender demandas específicas de seu ambiente profissional
ou social.
Existem pessoas com perfil empreendedor atuando nas empresas, nas
organizações não governamentais, nas igrejas, nas associações, nas ruas, no
governo, entre outros. Empreender não relaciona-se somente à busca do lucro
financeiro ou capital, mas sim a mobilização de recursos (financeiros, pessoas,
materiais, tecnológicos etc.) para colocar ideias em prática que possam: a)
melhorar o ambiente ou comunidade; b) atender necessidades locais,
regionais, nacionais e internacionais; c) trazer benefícios pessoais, individuais
e
coletivos;
d)
sustentabilidade
instituições.
fazer
a diferença
financeira
Dessa
forma,
para
na
vida
diferentes
torna-se
das
tipos
essencial
pessoas;
de
e
e)
organizações
desenvolver
gerar
e/ou
competências
empreendedoras nas pessoas para que sejam capazes de se engajar e
transformar sonhos em realidades.
Com o objetivo de apresentar algumas iniciativas e fomentar a cultura
empreendedora na Biblioteconomia, essa pesquisa relata algumas experiências
e práticas disseminadas por bibliotecários e bibliotecárias de diferentes regiões
do país que estão disponíveis no Portal EmpreendeBiblio 3 e também das
3
Disponível em: <http://empreendebiblio.com/>.
�64
discussões que teve nas últimas três edições do Fórum de Inovação e
Empreendedorismo na Biblioteconomia (FIEB)4, realizado no Brasil.
2 EMPREENDEDORISMO E A CULTURA EMPREENDEDORA
Foi a partir da década de 1990 que a sociedade passou a usar recursos
tecnológicos de forma mais popular, se tornando acessíveis a uma grande
massa e causando implicações em atividades de ensino e laborais, fortalecendo
ações, programas e iniciativas voltadas ao empreendedorismo a nível mundial
(DORNELAS, 2014).
Dessa forma, atualmente, o empreendedorismo é visto como “uma
revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução
Industrial foi para o século XX”, segundo Jeffry Timmons (1990 apud
DORNELAS, 2014, p. 7). Ou seja, tem tanta importância e traz inúmeras
transformações socioeconômicas para a sociedade quanto foi a mudança no
modo de produção de manufatura para maquinofatura no século XVIII,
movimento que iniciou na Inglaterra e se expandiu para toda Europa e depois
para demais países.
Jean Baptist Say (1767-1832), economista francês, se referia ao
empreendedor para diferenciar o indivíduo que consegue transferir recursos
econômicos de um setor com baixa produção para um setor com produção
elevada e com maiores rendimentos (DRUCKER, 1987). Ou seja, é aquele que
transforma ideias em oportunidades, aquele que assume riscos e cria algo
novo para fazer a diferença e transformar a realidade em que vive.
As últimas três décadas foram marcadas pelo crescimento da atuação e
de investigações voltadas para o empreendedorismo em nível mundial,
segundo Thomas e Mueller (2000), e mais recentemente na investigação
bibliométrica realizada por Almeida e Zouain (2016) que mostram o aumento
do interesse nas pesquisas e iniciativas acerca do empreendedorismo no
mundo, coadunando com o que Jeffry Timmons pontuou na década de 1990.
4
Disponível em: <http://www.fieb.net.br>.
�65
É importante destacar que existem diversos fatores que explicam esse
movimento empreendedor, como as mudanças do mundo do trabalho
(legislação, tributos, contratos, oferta e demanda, entre outros), a própria
globalização, novas formas de comunicação, informação e de relacionamento
justificam uma postura diferenciada de comportamento na forma de perceber e
entender as relações de trabalho e suas demandas mercadológicas, assim
como o empreendedorismo como objeto de pesquisa.
Nesse
sentido,
é
preciso
incentivar
o
ensino
e
a
formação
empreendedora na Biblioteconomia para que cada vez mais os profissionais
possam aplicar seus conhecimentos e habilidades desenvolvidas em projetos
que agreguem valor cultural para a sociedade ou possam criar e gerir seus
próprios negócios, prestando serviços na área de gestão da informação e
contribuindo para a inovação das empresas e também colaborando para
atendimento de demandas da sociedade.
Foi pensando nisso que algumas pesquisas estão sendo realizadas como
no caso do trabalho “Empreendedorismo na Biblioteconomia e Ciência da
informação: uma revisão de literatura no âmbito nacional e internacional”
apresentado no Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e
Biblioteconomia (ENANCIB) deste ano que apresenta um panorama das
pesquisas sobre essa temática e também publicado no capítulo do livro
“Inovação em Biblioteconomia: temas transversais”5. No que tange ao ensino,
o trabalho “Formação para o empreendedorismo nos cursos de bacharelado e
licenciatura
em
Biblioteconomia,
Ciência
da
Informação
e
Gestão
da
Informação no Brasil” apresentado no Congresso de Gestão Estratégica da
Informação, Empreendedorismo e Inovação (CGEI)6 e publicado na Revista
Perspectivas em Gestão & Conhecimento7 que analisa como as instituições
brasileiras que ofertam os cursos de Biblioteconomia, Ciência da Informação e
5
Disponível gratuitamente em:
<http://www.editoraargos.com.br/farol/editoraargos/ebook/inovacao-em-biblioteconomiatemas-transversais/707862/>.
6
Disponível em: <http://pgcin.paginas.ufsc.br/2017/02/14/congresso-de-gestao-estrategicada-informacao-empreendedorismo-e-inovacao-cgei/>.
7
Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pgc>.
�66
Gestão da Informação estão contemplando o ensino de empreendedorismo em
seus currículos.
Além da pesquisa, do ensino, da realização de eventos e projetos
interdisciplinares, o incentivo à criação de empresa júnior no âmbito dos
cursos de Biblioteconomia dentro das universidades também é uma excelente
oportunidade para fomentar uma cultura mais empreendedora na área. Reis
(2017) realizou uma pesquisa sobre empresa júnior na área de Biblioteconomia
e criou uma proposta para implementação na Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO), ressaltando a necessidade desse espaço dentro da
universidade para promover iniciativas e uma formação mais empreendedora
dentro da Biblioteconomia. Romeiro e Spudeit (2014) citam que, atualmente,
somente 13% dos cursos de Biblioteconomia têm empresa júnior na área para
incentivar os estudantes a empreenderem enquanto ainda estão na graduação,
destacando-se Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal de
Santa Catarina, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de
São Carlos e Universidade Estadual Paulista.
Há também as atividades voltadas para extensão que as universidades
podem realizar para oportunizar uma formação mais empreendedora, pois são
consideradas “incubadoras naturais” de ideias e tem total infraestrutura para
dar
suporte
aos
professores
e
estudantes
no
desenvolvimento
do
empreendedorismo. As universidades precisam entender os problemas e
demandas sociais para buscar soluções por meio da implementação de
projetos.
A instituição de ensino superior, por sua característica de produção e
disseminação do conhecimento, tem um compromisso social em
promover o desenvolvimento tanto dos profissionais que se formam e
passam por ela, como da sociedade de forma ampla. Para esta questão
do empreendedorismo avançar no interior das universidades é vital o
papel dos gestores universitários na orientação para a formação e
disseminação da cultura empreendedora (MELO, 2014, p. 26).
Uma das ações de extensão que podemos citar é o caso do projeto
“Empreendedorismo na Biblioteconomia: ensino, formação e atuação” realizado
no curso de Biblioteconomia na UNIRIO, entre 2014 e 2015, que teve como
objetivo
promover
capacitações
para
desenvolver
competências
�67
empreendedoras. O projeto foi realizado com alunos do curso de Licenciatura
em Biblioteconomia para que os mesmos buscassem subsídios teóricos,
didáticos e metodológicos para promover um curso aberto à comunidade. O
curso foi ministrado em duas edições pelos próprios estudantes de forma
voluntária. Ao longo do curso, foi criada uma apostila com conteúdos,
exemplos e atividades, a qual, posteriormente, resultou na edição do primeiro
livro sobre o assunto “Empreendedorismo na Biblioteconomia” publicado em
2016 pela editora Biblioo, do Rio de Janeiro. Outra ação que resultou do
projeto, foi a criação do Portal EmpreendeBiblio, em 2016, que ainda será
apresentado neste texto.
Também
teve
a
realização
do
projeto
de
extensão
“Práticas
Empreendedoras na Área de Gestão da Informação” feito no âmbito do Curso
de Graduação em Biblioteconomia e da Pós-Graduação em Gestão da
Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina, cujo objetivo é
desenvolver o empreendedorismo na área de gestão da informação, projeto
esse iniciado em 20188. Essas práticas se deram por meio da promoção de
workshops para capacitação profissional ao desenvolvimento de competências
empreendedoras, para formação na elaboração de projetos via Lei Rouanet e
submissão na plataforma SALIC, uso do design thinking no desenvolvimento
de projetos para serviços de informação, aplicação das boas práticas do
PMBOK, no planejamento de serviços de informação, modelagem de negócios
de informação a partir da metodologia CANVAS, uso de metodologias ágeis em
serviços de informação, aplicação do Lean Office na gestão de unidades de
informação, linhas de crédito à inovação e agências de fomento, coaching para
profissionais da informação, entre outros temas relacionados às práticas
empreendedoras e intraempreendedoras na Biblioteconomia.
Dessa forma, acredita-se que estaremos fomentando uma cultura mais
empreendedora que trará benefícios a médio e longo prazo para a visibilidade,
consolidação e fortalecimento da profissão que estará mais próxima das
demandas sociais e mercadológicas, ou seja, de fato cumprindo seu papel na
sociedade.
8
O projeto termina em dezembro de 2019.
�68
A cultura empreendedora é uma estratégia para lidar com as tendências
do mundo do trabalho. O papel de formação de opinião e multiplicação
do saber da universidade possibilita a disseminação da cultura
empreendedora, gerando valores empreendedores que priorizam a
geração e distribuição de riquezas, a inovação, a cidadania, a ética, a
liberdade em todos os níveis educacionais e, acima de tudo o respeito
ao homem e ao ambiente (PORTAL; DUHÁ, 2005, p. 155).
As principais razões para se disseminar a cultura empreendedora são:
auto realização, estimular o desenvolvimento, incidir no desenvolvimento local,
apoiar a pequena empresa, ampliar a base tecnológica, responder ao
desemprego, apontar armadilhas a serem evitadas e reorientar o ensino
brasileiro (DOLABELA, 1999). De acordo com Aiub (2002), uma das estratégias
para a disseminação da cultura empreendedora nas universidades está
fundamentada na formação de docentes para que esses introduzam a temática
do empreendedorismo no conteúdo das diversas áreas do conhecimento. Para
esse autor, a criação dessa cultura está ligada a uma educação empreendedora
que proporcione um ambiente favorável, por meio da formação de pessoas que
estimulem o empreendedorismo.
3 PORTAL EMPREENDEBIBLIO
O Portal EmpreendeBiblio9 surgiu como uma proposta para ser um
espaço para disseminar o conceito e as boas práticas do empreendedorismo na
Biblioteconomia, bem como enfatizar a importância do bibliotecário antever
novas oportunidades de negócios na área de informação frente às demandas
do mercado e da sociedade. Esse canal é um dos resultados de um projeto de
extensão intitulado “Empreendedorismo na Biblioteconomia: ensino, formação
e atuação”, realizado no curso de Licenciatura em Biblioteconomia na
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). O projeto teve
uma proposta inovadora, não somente pelo tema que instiga curiosidade, mas
também pelo formato em que o mesmo foi planejado com uma abordagem
interdisciplinar.
9
Disponível em: <www.empreendebiblio.com>.
�69
O Portal reúne notícias e informações sobre empreendedorismo na
Biblioteconomia com sugestões de leituras, divulgação de eventos, artigos
sobre abertura de empresas, incubadoras, investidos, modelos e planos de
negócios, intraempreendedorismo, entre outros. Destaca-se como conteúdo do
Portal, a coluna “Depoimentos” que reúne vídeos com relatos de experiências
de bibliotecários que criaram suas empresas. Nesse espaço, os profissionais
discorrem sobre os desafios, aprendizagens, dão dicas, falam de suas
dificuldades, expectativas e outras informações importantes para quem deseja
empreender na área. Tem também a Coluna “Oportunidades de negócios na
área” que funciona como observatório de boas práticas e socialização de nichos
para quem deseja empreender, apontando demandas do mercado e ideias de
negócios relacionados à gestão da informação.
Para dinamizar o espaço, conta com a participação de colunistas que
eventualmente relatam suas experiências como foi o do bibliotecário Rodrigo
Pereira, CEO da Triagem Consultoria de Mato Grosso do Sul, que abordou
sobre prospecção de clientes. Teve também do bibliotecário Thiago Giordano
Siqueira que relatou sobre a experiência de um projeto social chamado
“Expedição Barco Biblioteca no Amazonas” como um case de empreendimento
social realizado nas comunidades ribeirinhas de Manaus. Também teve uma
coluna com a participação da bibliotecária, proprietária da empresa T-Shirts
Mural, que falou sobre o empoderamento por meio do empreendedorismo na
área.
4
FÓRUM
DE
INOVAÇÃO
E
EMPREENDEDORISMO
NA
BIBLIOTECONOMIA
O FIEB é um evento idealizado por/para bibliotecários empreendedores
de
diferentes
aprendizagem,
regiões
o
do
país
que
compartilhamento
tem
e
a
como
objetivo
troca
de
oportunizar
experiências
a
sobre
empreendedorismo e inovação na Biblioteconomia, reunindo, debatendo e
aproximando bibliotecários do país.
�70
É promovido por um grupo de bibliotecários atuantes em campos dos
mais diversos segmentos e também por alguns docentes do curso de
graduação em Biblioteconomia das mais variadas universidades do país. A
ideia do evento é reunir estudantes de graduação e bibliotecários interessados
em empreender e inovar, vislumbrando novas perspectivas e possibilidades de
atuação em seu campo profissional.
O evento busca discutir temas relevantes relacionados à Biblioteconomia,
assim como as condições das práticas desses em seus ambientes de trabalho,
permitindo o encontro de profissionais da informação dos diversos estados
brasileiros.
As temáticas propostas têm extrema relevância para a compreensão de
que existem diferentes espaços e formas de atuação e ocupação de um
mercado, a partir da promoção de ações que valorizem e aumentem a
perspectiva profissional, criando uma nova identidade a bibliotecários pela
sociedade.
Com essa proposta, a primeira edição do evento aconteceu em São
Paulo, no ano de 2016, e reuniu 116 profissionais de 15 diferentes capitais
brasileiras, com o desejo de compartilhar experiências sobre inovação e
empreendedorismo na Biblioteconomia com o tema “Ações inovadoras nos
múltiplos campos de atuação profissional”. Esse evento ocorreu no auditório da
Biblioteca de São Paulo (BSP) e foi realizado com o apoio da Associação
Brasileira de Profissionais da Informação (ABRAINFO) e da Federação Brasileira
das Associações de Bibliotecários (FEBAB) e teve patrocínio do Conselho
Federal de Biblioteconomia. Além disso, contou com apoio e parceria da Digital
Libraries, Content Mind, Biblioteca de São Paulo, SP Leituras - Governo do
Estado de São Paulo, Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB), Hostel
Paulista, RFID Brasil, EBSCO Host, Agência e Revista Biblioo e BiblioIdeias.
Além de apoiadores e o patrocínio obtido, inovou-se na forma de captar
recursos para um evento da área, quando a organização do evento buscou
apoio solidário para ajudar a custear algumas despesas do evento, já que o
evento é promovido por um grupo de profissionais de forma independente de
instituições da área. Dessa forma, foi criada uma campanha de captação
�71
coletiva na plataforma Benfeitoria10, intitulada “Eu quero apoiar o FIEB”,
disponibilizada num período de 90 dias entre os meses de abril e julho,
indicadas as metas, destinação da aplicação dos recursos, se alcançadas as
metas e recompensas para quem colaborasse. A campanha contou com a
participação de 23 profissionais benfeitores e arrecadou cinco mil e oitenta
reais a partir da ação solidária e colaborativa de profissionais e algumas
empresas da área.
Na primeira edição, o evento teve na programação, a palestra de
abertura com o professor Gil Giardelli que tratou do "E-Futuro? A era digital e a
inovação radical". Em seguida, palestraram ainda Maria José Caixeta de
Oliveira,
consultora
do
SEBRAE
de
São
Paulo,
que
tratou
sobre
“Empreendedorismo como opção de carreira: desafios e oportunidades”.
A série de painéis temáticos com experiências profissionais abordou
temas como “Capital intelectual, Gestão de pessoas e parcerias estratégicas”
com o bibliotecário Fabiano Caruso, sócio-diretor da Personates, idealizador e
gestor da ExtraLibris; teve a bibliotecária Guilma Vidal Viruez, sócia fundadora
da Data Coop, primeira cooperativa da América Latina criada por profissionais
da informação para prestar serviços em Documentação; e também a
bibliotecária Renate Land diretora na Egrégora Inteligência.
Outro
painel
de
experiências
tratou
da
“Apresentação
de
produtos/serviços e prospecção de clientes” com o bibliotecário Diego Abadan,
sócio-fundador
da
Lepidus
Tecnologia,
Neide
de
Sordi,
diretora
da
InnovaGestão – Consultoria em Informação Ltda, Rodrigo Pereira, DiretorProprietário da Triagem Consultoria de Mato Grosso do Sul, e de Todeska
Badke, diretora da EDOC Capacitação.
O terceiro e último painel de experiências relativo ao tema da edição foi
sobre a “Inovação e os novos campos de atuação”, mostrando que as
bibliotecas já não são os únicos espaços da atuação profissional e trouxe a
bibliotecária
Cláudia
Guzzo,
da
Guzzo
Projetos/Solidaridad
Network,
a
bibliotecária Laura Pimentel, que atua com user experience na UOL, e a
bibliotecária Paula Azevedo Macedo, consultora de Inovação na área de design
10
Disponível em: <www.benfeitoria.com/>.
�72
thinking na EMBRAER. Nessa edição, teve também o lançamento do livro
“Empreendedorismo na Biblioteconomia” organizado por Daniela Spudeit e
editado pela Biblioo.
No ano de 2017, foi a vez do Rio de Janeiro sediar o evento, cujas
novidades foram: o planejamento de um Tour à Feira Internacional do Livro e
um Bibliotour cultural em que os participantes foram acompanhados por dois
guias turísticos percorrendo museus, bibliotecas e principais pontos do Rio de
Janeiro. A outra novidade dessa edição foi a submissão de trabalhos
relacionados ao tema, cujos autores submeteram cases conforme orientações
de edital e quatro deles foram aprovados e disponibilizados em galeria digital
no site do evento.
Nessa segunda edição, reuniu 101 participantes e o tema “Atitude
empreendedora”
foi
direcionado
para
identificação
de
características
profissionais que desmistificam o ato de empreender à abertura de empresas
ou de negócio próprio, principalmente quando o insumo da prestação de
produtos e serviços está relacionado ao contexto informacional.
O evento aconteceu no auditório da Associação Comercial do Rio de
Janeiro, no segundo sábado de setembro. Teve o apoio da REDARTE, FEBAB,
ACB, SEBRAE-RJ, Anjos do Brasil, Agência Biblioo, Mural Interativo do
Bibliotecário, Data Coop, Rio Criativo e For All Assinaturas e livros Ltda.
Também teve patrocínio exclusivo do Conselho Federal de Biblioteconomia.
A programação da edição contou com três palestras: uma sobre
“Empreendedorismo Informacional na era da Mobilidade” proferida por Cláudio
Starec, jornalista e professor dos programas de Pós-Graduação da ESPM e da
Fundação Getúlio Vargas (RJ); depois teve a fala “O pitch (quase) perfeito para
alavancar o sucesso” do professor Fábio Moreira, professor e empreendedor
atuando na empresa FM Treinamentos e Palestras, e por fim, a palestra de Didi
Guerreiro da Escola Rio Criativo sobre a “Economia Criativa e o papel das
incubadoras para novos empreendimentos”.
Duas
foram
as
mesas
redondas
realizadas:
uma
sobre
“Empreendedorismo em múltiplos campos de atuação” que contou com a
presença de Chico de Paula da Agência Biblioo, Thalita Gama relatando sua
�73
experiência com a criação do Blog Santa Biblioteconomia, Alex Branco da GED
Brazil Tecnologia e Inovação e Alisson de Castro da ABRAINFO. A segunda
mesa foi sobre o “Intraempreendedorismo e Inovação em múltiplos campos de
atuação” com Leandro Pacheco do SEBRAE (RJ), Andréa Nascimento do Wood
Mackenzie e Leonardo Souto do BNDES.
Finalizando a programação do evento e ressaltando algumas percepções
e estereótipos que os líderes de negócio têm sobre o bibliotecário e seu
trabalho, foi apresentado um case internacional com Norma Palomino, chefe de
Serviços
Bibliotecários
no
Banco
Interamericano
de
Desenvolvimento
(Washington, DC, USA) que, por webconferência, falou sobre “Como a atitude
empreendedora recria a identidade do bibliotecário”
Em 2018, o evento ampliou ainda mais as discussões sobre inovação e
empreendedorismo em suas diversas vertentes na região de Mato Grosso do
Sul, tendo como tema “Empreendedorismo social”. Contando com painelistas
de destacada atuação nacional na área, o evento reuniu 88 profissionais das
diversas capitais brasileiras. Ocorreu no auditório da Santa Casa, em Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 08 de setembro de 2018, com apoio da
Triagem Consultoria, SEBRAE/MS, Content Mind Capacitação Profissional,
FEBAB, Santa Casa, Associação Profissional de Bibliotecários de Mato Grosso
do Sul (APBMS) e patrocínio da Bibliotheca e do Conselho Regional de
Biblioteconomia da 1º Região.
A
programação
contou
com
palestra
de
abertura
intitulada
“Empreendedorismo social focado em negócios de impacto social” com Leandra
Costa, consultora SEBRAE e diretora do Living Lab (MS). Também teve duas
mesas temáticas, sendo a primeira sobre “Empreendedorismo social feminino
na Biblioteconomia” com a participação de Franciele Garcês da Umanus (MG),
Catia Lindemann da FEBAB e presidente da Comissão Brasileira de Bibliotecas
Prisionais (RS), e da bibliotecária Ketty Valencio da Livraria Africanidades (SP),
mediada
por
Nathalia
Romeiro
(RJ).
A
segunda
mesa
foi
sobre
“Intraempreendedorismo social em bibliotecas e projetos de leitura” com a
presença da bibliotecária Paola Nascimento (SC), do bibliotecário Thiago
�74
Giordano, que falou sobre o projeto Expedição Barco Biblioteca do Amazonas,
do bibliotecário Leonardo Vieira (MS) e mediação de Alyson Souza.
A novidade dessa edição foi a submissão, avaliação e apresentação oral
de cases sobre empreendedorismo social no evento. O primeiro trabalho
apresentado
foi
“A
sala
de
leitura
comunitária
como
facilitadora
do
empreendedorismo social” de autoria de Flávia Aparecida Alencar Muglia
Pelegrinelli. O segundo contemplou “O empreendedorismo no contexto de
formação do aluno graduando e pós-graduando” de Maria Cristina Palhares e
de Marcelo Dias de Carvalho. A pesquisa do terceiro foi sobre “A gestão da
propriedade intelectual na Fundação Ezequiel Dias: um rumo à gestão da
inovação” de Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Marina Rezende Santos
Coelho, Marina Vasconcelos Vilaça Santos e Rodrigo Souza Leite. Por fim, o
case “Marketing de relacionamento: estudo de caso da associação dos
bibliotecários de Goiás” de autoria de Lays Sousa Amaral e Tainá de Sousa
Gomes. Todos os trabalhos apresentados tiveram mediação da Coordenadora
da Comissão Técnica e Científica, professora Daniela Spudeit (SC), sendo
reunidos
numa
coletânea
empreendedorismo
social
publicada
da
Revista
em
uma
Brasileira
edição
de
especial
sobre
Biblioteconomia
e
Documentação (RBBD) da FEBAB.
Em relação às últimas edições do evento, percebe-se que as temáticas
destacam as diferentes oportunidades de negócios na área informacional e a
necessidade de atuação de bibliotecários em novos nichos de mercado.
Ressaltam a importância da atitude empreendedora e da boa comunicação no
perfil dos empreendedores que pretendem ocupar novos mercados e o cenário
do empreendedorismo social que se relaciona a pensar globalmente, mas agir
localmente buscando estratégias e parcerias para melhorar o ambiente em que
vivem. O empreendedor social tem uma preocupação além do capitalismo ou
acumulação de lucro, pois produz soluções e serviços para resolver problemas
sociais.
Realizadas três edições e definida a cidade de Curitiba como sede do
evento em 2019, evidencia-se que o evento tem aproximado geograficamente
os participantes que buscam interação e novos aprendizados a partir de
�75
relatos, debates, mesas temáticas e cases sobre o tema. Entre esses temas,
alguns são relevantes e emergentes, sendo destacados na figura 1, a seguir.
Figura 1 - Nuvem de tags com temáticas do FIEB
Fonte: Autoria própria (2018).
No que diz respeito ao perfil dos participantes e dos palestrantes, é
possível perceber que nas três edições o evento reuniu um total de 305
participantes de 20 estados brasileiros. Cumpre dizer que as cidades que
sediam o evento acabam tendo um número representativo de inscritos, seja
pela existência de instituições que oferecem cursos de áreas afins com
interesse no tema, seja pelas parcerias firmadas com instituições locais, entre
elas, aquela que sedia o local do evento, cuja contrapartida, amplia ainda mais
o número de participantes do estado.
O percentual de participantes por estado, dentre o total de inscritos nas
últimas três edições do Fórum, são indicados no gráfico 1, a seguir.
�76
Gráfico 1 - Percentual de participantes por estado nas edições do FIEB
Fonte: Autoria própria (2018).
No que tange aos desafios futuros, percebe-se que existe a necessidade
de promover novas edições em cidades da região norte, nordeste e também no
sul do país para oportunizar que pessoas de outras regiões possam ir ao
evento e também firmar parcerias com instituições que desejam fomentar uma
cultura mais empreendedora na Biblioteconomia.
Também é premente observar que o formato do evento organizado por
um grupo de bibliotecários de diferentes lugares do país de forma autônoma
das instituições da área apresenta benefícios, pois confere uma independência
no que tange à programação, ações, parcerias, dinâmicas do evento e até
mesmo na forma de captação de recursos.
Entretanto, a captação de recursos para organizar as próximas edições
do evento é algo que precisa de atenção maior das comissões organizadoras
para viabilização e sustentabilidade financeira do evento, principalmente no
que tange às parcerias firmadas. Alguns editais para apoio a eventos (como
das fundações de amparo à pesquisa, CAPES, CNPq, entre outras) privilegiam
eventos científicos e/ou promovidos por instituições renomadas da área. Então,
é necessário que se pense em alternativas viáveis para captar recursos de
diferentes formas para pagamento de despesas com palestrantes e demais
custos envolvidos.
�77
5 BREVES CONSIDERAÇÕES
Empreender remete à ação de pessoas que realizam algo, mobilizam
recursos e correm riscos para colocar suas ideias em prática, seja como
funcionários dentro de empresas e organizações públicas, ou como donos dos
seus próprios negócios, denotando a necessária e oportuna importância de
fomentar uma cultura empreendedora na área de Biblioteconomia.
Esse fomento às iniciativas empreendedoras na Biblioteconomia vem
sendo fortalecido pela difusão de publicações, divulgação de pesquisas, pela
criação de portais e eventos sobre o tema que, consequentemente, aproximam
um número cada vez maior de profissionais participantes de diferentes
instituições e regiões do país. O crescente interesse amplia a realização de
pesquisas/atividades ligadas às práticas bibliotecárias que oportunizam maior
visibilidade à profissão e contribuem para a formação de uma geração de
bibliotecários mais proativos, engajados e inovadores que buscam uma
atuação mais sustentável e responsável, socialmente.
É possível identificar na Biblioteconomia muitos profissionais que têm
perfil empreendedor com uma consciência social coletiva que desenvolvem
ações e projetos, de forma voluntária ou não, voltados à melhoria da
educação, acesso à informação, promoção da leitura e da cultura, contribuindo
para a visibilidade das ações da Biblioteconomia para a sociedade, fortalecer a
responsabilidade social da profissão e para o alcance de alguns objetivos de
desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU (principalmente os
objetivos 4 e 10).
Dessa forma, este capítulo apresentou algumas iniciativas para fomentar
a cultura empreendedora na Biblioteconomia, relatando experiências e práticas
disseminadas por bibliotecários e bibliotecárias de diferentes regiões do país
que estão disponíveis no Portal EmpreendeBiblio e também das edições do
FIEB realizadas no Brasil para que inspirem outros profissionais, universidades
e instituições da área.
É
preciso
incentivar
o
ensino
e
a
formação
empreendedora
na
Biblioteconomia para que, cada vez mais, os profissionais possam aplicar seus
�78
conhecimentos e habilidades desenvolvidas em projetos que agreguem valor
cultural para a sociedade ou possam criar e gerir seus próprios negócios,
prestando serviços na área de gestão da informação e contribuindo para a
inovação das empresas e também colaborando para atendimento de demandas
da sociedade. Assim como aconteceu com a Revolução Industrial do século
XVIII, o Empreendedorismo também é um caminho sem volta.
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�80
PARTE II
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
DA BIBLIOTECONOMIA
�81
CAPÍTULO V
DESINSTITUCIONALIZANDO O BIBLIOTECÁRIO E A BIBLIOTECA: PARA
ALÉM DOS MUROS DAS INSTITUIÇÕES11
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A evolução da biblioteca e do bibliotecário reforça, cada vez mais, o
potencial deles no desenvolvimento da sociedade. Ao longo do tempo, esse
profissional e a instituição tradicional a que está comumente acostumado em
trabalhar, a biblioteca, vêm sofrendo transformações, de modo a adequar-se
às necessidades da sociedade.
Esse
fato
demonstra
que
a
área
da
Biblioteconomia
tem
uma
característica peculiar e de suma importância: a capacidade em se adaptar. Ou
seja, mesmo, no decorrer dos períodos históricos, em vez de ser substituída ou
até mesmo de desaparecer - como pode ocorrer com qualquer profissional
e/ou instituição – ele/ela se fortalece, sobretudo por ter um potencial para a
inovação.
Dentre os principais aspectos que garantem essa possibilidade de
adaptação, de inovação, de crescimento, enfim, de desenvolvimento, diz
respeito à desinstitucionalização. A desinstitucionalização da informação, como
discorrido por Lancaster (1983), é um acontecimento promovido pela evolução
dos suportes tecnológicos, sobretudo no que tange à criação das bases de
dados
e
sistemas
de
recuperação
de
informação,
cada
vez
mais
automatizados.
11
Este texto teve os resultados parciais publicados na Revista ACB, em 2015. Algumas
adaptações foram realizadas e outros resultados foram acrescentados para esta nova
publicação.
�82
Desinstitucionalizar a informação, segundo esse autor, é sair de um
único suporte, tornando a informação dinâmica, a ponto de ser acessada em
diferentes formatos, visto que adquire uma nova forma. Além disso,
desinstitucionalizar a informação é fazer com que ela possa ser acessada fora
dos ambientes das instituições.
Essa profecia proclamada por Lancaster (1983) é confirmada nos dias de
hoje, com o surgimento da internet. É possível, com a utilização dos recursos
digitais, possibilitar a construção de ambientes interativos, em que a
informação, ao mesmo tempo em que torna-se mais acessível, também pode
ser compartilhada, rompendo-se as limitações de tempo e de espaço.
É como nos ensina Lévy (2010) acerca do surgimento de um novo
espaço de interação entre as pessoas e os recursos informacionais. O
ciberespaço é um ambiente que congrega diferentes partes do mundo, onde as
pessoas podem manter contatos e compartilhar informações, conhecimentos,
além de realizar práticas sociais das mais diferenciadas. Nesse novo ambiente
de convivência, o ciberespaço, surge uma cultura embasada no digital, a
cibercultura, a qual se configura como uma tendência do século XXI que afeta
as pessoas e as instituições dessa atual sociedade.
A cibercultura é a cultura do digital, mediada por meio dos recursos
tecnológicos e manifestada no ambiente digital. Trata-se de uma tendência a
se consolidar cada vez mais, “[...] que inevitavelmente modifica hábitos
sociais, práticas de consumo cultural, ritmos de produção e de distribuição da
informação e cria novas formas de sociabilidade e de comunicação social [...]”
(LÉVY, 2010, p. 22).
A partir dessa contextualização, e considerando como base de discussão
os
conceitos
de
desinstitucionalização
da
informação,
ciberespaço
e
cibercultura, este texto toma forma ao relacionar esses conceitos com as
transformações que o bibliotecário e as bibliotecas sofreram ao longo dos
tempos.
O foco da discussão aqui proposta não está no aprofundamento dos
conceitos mencionados, mas, por meio deles discorrer acerca das novas
características, perfil almejado, competências e habilidades profissionais, por
�83
conseguinte, novos campos de atuação que surgem para o bibliotecário na
sociedade contemporânea.
Assim, entende-se que os bibliotecários, devido à capacidade de
transformação
e
adaptação
que
possuem,
adéquam-se
a
diferentes
ambiências, ampliando seu campo de atuação ao exercer atividades variadas,
seja no âmbito das bibliotecas convencionais quanto nas digitais, seja em
centros de documentação, no gerenciamento da informação organizacional,
podendo atuar também, na prestação de serviços informacionais, com uma
postura autônoma e empreendedora.
O presente artigo objetiva refletir a evolução das competências,
habilidades e atribuições do bibliotecário ao longo dos tempos, sobretudo no
que se refere aos reflexos da sociedade contemporânea. Para tanto, o estudo
utiliza os seguintes objetivos específicos: contextualiza a trajetória evolutiva
das bibliotecas; apresenta as transformações oriundas com o uso das
tecnologias da informação e comunicação (TICs); reflete acerca das novas
competências e habilidades do bibliotecário na atualidade; e, por fim, expõe os
novos campos de atuação bibliotecária, enfatizando as novas práticas advindas
com a prestação de serviços.
2
TRAJETÓRIA
EVOLUTIVA
DAS
BIBLIOTECAS:
DE
DEPÓSITO
A
CENTROS DE DISSEMINAÇÃO
A produção de conhecimento constitui uma das atividades mais marcante
durante o desenvolvimento das civilizações humanas. O homem produz
conhecimento desde o momento que se relaciona com o ambiente externo, na
tentativa de modificá-lo, viabilizando formas mais facilitadas de vivência e
convivência.
Nas sociedades orais, a transmissão de informações consolidava-se por
meio da fala. A produção de conhecimento, genericamente, era viabilizada
mediante os encontros ou eventos presenciais, em que eram transmitidas as
experiências, vivências, sucessos e fracassos alcançados pelos grupos sociais.
�84
Esse momento fortemente marcado pela oralidade constitui um dos primeiros
estágios de produção e transmissão de conhecimento humano, denominado de
oralidade primitiva (LEVY, 1993).
No entanto, a produção de conhecimento começa a crescer à medida que
o homem criou formas de representação da informação que o cercava e
conseguindo, por meio do registro, transmiti-la para gerações futuras. Essa
capacidade ampliou as possibilidades de armazenamento e transmissão da
informação entre diferentes povos, concretizado com o uso dos canais de
comunicação.
A transmissão de informação gera conhecimento à medida que modifica
um contexto, uma realidade humana, eliminando problemas existentes,
facilitando as relações entre humanos e natureza e, garantindo para o
desenvolvimento
da
civilização.
Por
meio
do
registro,
divulga-se
o
conhecimento para outrem, o que viabiliza a perpetuação das culturas criadas
por diferentes grupos. McGarry (1999) afirma que se não houvesse registro e
as pessoas instruídas de um grupo fossem eliminadas por uma catástrofe, a
identidade do grupo estaria em grave perigo de desaparecimento.
A prática de registrar é típica dos povos pré-históricos, utilizando essas
sociedades de signos primitivos, normalmente em forma de desenhos
realizados nas cavernas a respeito dos grandes eventos por eles realizados.
Essa capacidade em exteriorizar seus fazeres, extrapola as potencialidades do
poder da memória humana, sustentada unicamente pela mente, para tornar-se
uma memória externalizada (memória exossomática), que significa, grosso
modo, fora do corpo (MCGARRY, 1999).
Embora as diversas sociedades existentes foram se desenvolvendo com
base no conhecimento que produziam, os povos ágrafos não tinham as
mesmas condições apropriadas para viabilizar mudanças, como aconteceu a
partir da criação da escrita. A escrita revolucionou as formas de representação
e armazenamento da informação, antes condicionada com o uso da memória,
o que permitia que muitas informações fossem perdidas com facilidade.
Os registros escritos permitem o “congelamento” da fala, tornando a
informação registrada e podendo ser recuperada em momentos futuros. Os
�85
registros para serem formados precisam dos signos que, por sua vez, precisam
de um suporte tecnológico a fim de materializar os códigos que representam as
informações (MCGARRY, 1999).
Segundo esse autor, diversos suportes foram utilizados para armazenar
informação, sendo eles, a fim de não serem perdidos, armazenados em
espaços específicos, constituindo durante toda a Antiguidade, as tradicionais
bibliotecas, locais destinados à pesquisa e à meditação, prática realizada de
modo especial, na ampliação do conhecimento filosófico.
Esses acontecimentos representam a gênese das bibliotecas, embora
possuindo características e contextos bem diferenciados da biblioteca que se
desenvolveu em meio aos paradigmas instituídos pelas revoluções científicas e
tecnológicas dos períodos históricos que se sucederam. Para Morigi e Souto
(2005, p. 190),
desde as primeiras bibliotecas, essa palavra tem sido empregada para
designar um local onde se armazenam livros. Porém, nem sempre foram
livros os materiais que preenchiam as bibliotecas. Historicamente, os
suportes para a informação variaram de formato seguindo a tecnologia
utilizada pelo homem. Já foram usados materiais como tabletas de
argila, rolos de papiro e pergaminho e os enormes códices que eram
enclausurados nos mosteiros medievais.
Em linhas gerais, as bibliotecas existentes na Antiguidade possuíam um
fim único, voltado a assegurar a grande produção intelectual desse período.
Assim, nessa época, o conhecimento produzido pelas ciências era armazenado
nas bibliotecas de modo a ser conservado, tendo em vista ser recuperado em
momento futuro, garantindo, dessa forma, para a preservação da memória
coletiva dos povos antigos.
No entendimento de Milanesi (2002, p. 9), as coleções armazenadas nas
bibliotecas da Antiguidade visavam a “[...] buscar-o-que-foi-guardado e de
guardar-o-que-foi-registrado
atividades
essas
que
(e
de
objetivavam
registrar-o-que-foi-imaginado)
“[...]
manter
viva
a
[...]”,
memória
da
humanidade, forma essa em constante aperfeiçoamento”.
Para Martins (2001), as bibliotecas da Antiguidade diferenciavam-se
entre si, não pela modalidade de usuários, uma vez que essa unidade não se
preocupava com a disseminação da informação (preocupação maior era com a
�86
preservação/conservação do material produzido), mas pela divisão, conforme
os tipos de suporte que acondicionavam as informações.
Inicialmente, era
mais comum encontrar bibliotecas minerais e, posteriormente, foram criadas
bibliotecas vegetais e minerais.
Na Idade Média, as bibliotecas continuaram exercendo sua função
voltada
para
a
custódia
da
informação,
constituindo
um
local
para
armazenamento/depósito do saber. No entanto, em virtude da hegemonia da
Igreja em relação ao poder social, evidenciou-se uma sociedade teocêntrica,
cuja atividade econômica mais intensa era a agricultura.
Assim, a produção de conhecimento desse período foi reduzida e as
bibliotecas tornaram-se espaços limitados, direcionados aos monges, que
zelavam pelas coleções produzidas pelos filósofos. Nota-se que, a atividades de
leitura, de pesquisa e de produção de conhecimento era restrita a pessoas
autorizadas pela Igreja, tendo os monges o papel essencial na guarda e
preservação das obras existentes no acervo. Nesse contexto,
o acesso a esses acervos guardados nos mosteiros limitava-se aos que
pertenciam a ordens religiosas ou eram aceitos por elas. Ler e escrever
eram habilidades quase exclusivas dos religiosos e não se destinavam a
leigos. Os monges contabilizavam o seu capital pelo tamanho e
quantidade de suas bibliotecas [...] (MILANESI, 2002, p. 23).
Durante a Idade Média, as bibliotecas limitaram-se à estocagem dos
acervos, destacando-se como atividades maiores dos monges copistas: o
armazenamento, acondicionamento, preservação e conservação de livros
(MARTINS, 2001).
No final da Idade Média, com o crescimento dos mosteiros voltados para
a formação de religiosos, surgem as primeiras universidades, fato esse que
desencadeia a necessidade de ampliar o acesso ao conhecimento armazenado
nas bibliotecas. Aparecem as primeiras bibliotecas universitárias, estando elas
ligadas
às
ordens
religiosas,
porém
questionava-se
seu
valor
como
propagadoras apenas da religiosidade. Não resta dúvida de que, essas
bibliotecas “[...] são as que mais se aproximavam do conceito atual de
biblioteca como espaço de acesso e disseminação democrática de informação”
(MORIGI; SOUTO, 2005, p. 191).
�87
No entanto, algumas revoluções do século XV serviram de base para
romper as concepções disseminadas pela Igreja, nascendo, assim, um novo
período histórico, a Idade Moderna, fortalecida com as ideias renascentistas, o
estabelecimento do Estado laico e as conquistas advindas das Grandes
Navegações.
Além desses acontecimentos, a invenção da imprensa por Gutemberg
representa o nascimento de uma nova era, aumentando a distribuição de
informação, por conseguinte, favorecendo a democratização da informação
mundo afora, aumentando as possibilidades de acesso a um número ilimitado
de registros impressos. Essa inovadora tecnologia desencadeou uma revolução
nas comunicações, alargando consideravelmente a circulação da informação, o
que provoca alterações nos modos de pensar e nas interações sociais
(RIBEIRO; CHAGAS; PINTO, 2007).
A partir da tecnologia da impressão e o fim da Idade Média, as
bibliotecas deixam de ser administradas por religiosos, tornando-se, aos
poucos, locais públicos, de fácil acesso, e o conhecimento vai sendo propagado
mundo afora (BURKE, 2003).
Nessa época, a biblioteca adquire uma nova concepção: em vez de
somente armazenar, ela oferece a informação, favorecendo, com isso, seu
crescimento acelerado nos séculos que se sucederam, tendo forte influência
das grandes revoluções sociais ocorridas ao longo dos tempos modernos
(BURKE, 2003).
Até essa reviravolta, os paradigmas na qual se apoiavam as instituições
bibliotecárias consideravam a biblioteca como uma unidade de informação
voltada para a custódia, caracterizada como um depósito de livros trancados e
acorrentados. No entanto, as revoluções do período moderno rompem com
essa tradição, tornando a biblioteca um espaço democrático, vislumbrando
uma nova modalidade de biblioteca, a biblioteca pública, na qual está
preocupada com a comunidade em que está inserida e para quem são
destinados seus produtos e serviços de informação (MORIGI; SOUTO, 2005).
Vê-se que a tecnologia da impressão foi o estopim para condicionar as
grandes transformações que deram origem ao desenvolvimento do Estado
�88
Moderno
e
a
independência
de
muitas
colônias,
tornando
as
nações
independentes em busca de crescimento social, econômico e tecnológico.
No âmbito das bibliotecas, após o surgimento do Estado laico, o
conhecimento
passa a ser
dominado
pelo
Estado,
sendo
a biblioteca
frequentada por indivíduos pertencentes às classes elitizadas, que de alguma
forma, exerciam poder de dominação na sociedade (BURKE, 2003). É
importante destacar também que, o acesso às bibliotecas era limitado a uma
minoria pelo fato de haver altos índices de analfabetismo nessas sociedades
(MCGARRY, 1999).
No século XVIII, a partir das ideias iluministas e com os princípios
estabelecidos pela Revolução Francesa, sustentada nos lemas da liberdade,
fraternidade e da igualdade, novos paradigmas passam a ambientar as
bibliotecas.
Além
dos
ideais
franceses,
o
crescimento
do
número
de
publicações, sobretudo com o surgimento do periódico científico (MUELLER,
2000), desperta uma nova modalidade de biblioteca, permeada pelos
processos de democratização e socialização do conhecimento, tornando a
biblioteca uma instituição democrática, voltada para resolução dos problemas
sociais (MARTINS, 2001).
A explosão bibliográfica representou o fator que mais repercutiu nas
transformações
em
que
passam
as
bibliotecas
na
contemporaneidade.
Considerada por muitos como um fenômeno comum as todas as áreas do
conhecimento e talvez a característica mais visível das literaturas científicas,
ela pode ser definida como “[...] a quantidade crescente de documentos
científicos produzidos e a rapidez com que esse número aumenta. Esse
fenômeno não é novo, pois vem ocorrendo de maneira exponencial desde o
estabelecimento da ciência moderna e da publicação dos primeiros periódicos,
no fim do século XVII” (SOLA PRICE, 1963 apud MUELLER, 2000, p. 21).
Ora, durante os quatro grandes períodos da história das civilizações,
percebe-se que a biblioteca esteve a serviço da informação, no entanto
tratando-a de diferentes formas: nos três primeiros estágios, as práticas
bibliotecárias eram voltadas com mais vigor para a guarda, conservação e
preservação da informação registrada, tendo o fim de fornecer ao usuário,
�89
quando necessário, a posse do item informacional (SANTA ANNA, 2013a). Na
Idade Contemporânea, essa preocupação ainda existe, todavia, as bibliotecas
preocupam-se em viabilizar o acesso à informação registrada (figura 1).
Figura 1 – A informação e as bibliotecas ao longo dos tempos
IDADE ANTIGA
IDADE MÉDIA
IDADE MODERNA
GUARDA/CONSERVAÇÃO/POSSE
CONTEMPORANEIDADE
ACESSO
Fonte: O autor, com base em Martins (2001), Milanesi (2002) e Santa Anna (2013a).
Analisando o trajeto histórico das bibliotecas após o surgimento da
imprensa, entende-se que essas instituições entraram em um processo de
aperfeiçoamento tecnológico, fato esse que contribuiu no despertar da
explosão bibliográfica.
O desenvolvimento tecnológico e os novos paradigmas instituídos pela
sociedade contemporânea favorecem a concepção de ideias inéditas a respeito
da disseminação da informação e seu uso pela sociedade, em face das novas
necessidades impostas pelo espaço social, pautado na informação como
insumo básico no desenvolvimento pessoal, cultural e econômico de uma
nação. Nesse contexto, a biblioteca também é influenciada por essas novas
ambiências, redefinindo suas políticas, seus objetivos, seus métodos, técnicas
e procedimentos de trabalho (MORIGI; PAVAN, 2003).
Martins (2001) traça uma linha imaginária dos quatro estágios evolutivos
das bibliotecas, com o aparecimento da indústria editorial: laicização,
democratização, especialização e socialização. A laicização diz respeito ao
primeiro momento em que as bibliotecas deixaram de ser gerenciadas pela
Igreja e passaram a ser dominadas pelo poder burguês. A democratização
compreende o período permeado pela Revolução Francesa, motivada por um
sistema social democrático. A especialização decorre da necessidade de
�90
oferecer informação a públicos leitores com necessidades diferenciadas (figura
2).
Figura 2 – Os estágios evolutivos da biblioteca após a invenção da imprensa
SOCIALIZAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO
DEMOCRATIZAÇÃO
LAICIZAÇÃO
CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA EDITORIAL
IDADE MODERNA
Fonte: O autor, com base em Martins (2001).
Desenvolvidos de formas simultâneas, os estágios relacionavam-se entre
si; os três primeiros convergiram para um estágio de maior abrangência, a
socialização, em que a biblioteca “[...] não apenas abriu largamente as portas,
mas ainda saiu à procura de leitores [...]”; as bibliotecas saem do isolamento e
inserem-se na integração desejando “[...] satisfazer as necessidades do grupo,
assumindo-se a postura de um organismo carregado, dinâmico, multiforme da
coletividade” (MARTINS, 2001, p. 325).
Comparando esses fatos com os dias atuais, percebem-se semelhanças
no que diz respeito ao grande volume de informação que é disponibilizada
hoje, principalmente nos meios eletrônicos. Nesse novo contexto da Sociedade
da Informação, tornou-se necessário desenvolver estratégias e profissionais
competentes capazes de selecionar, organizar e recuperar informações
pertinentes aos leitores, sejam eles virtuais ou não (RIBEIRO; CHAGAS;
PINTO, 2007).
No estágio da socialização, os usuários buscam a biblioteca a fim de
adquirem conhecimento a respeito do uso dos novos canais de comunicação
que são instituídos pela evolução tecnológica. Adentrando-se a essa nova
�91
realidade em que as informações passaram a ser disseminadas em outros
suportes que não apenas o livro, especialmente com a disponibilização da
informação na internet, as bibliotecas devem sair “[...] da postura de
armazenadoras de informações para assumir uma postura centrada no
processo de comunicação, o que significa abandonar a filosofia de posse e
investir na filosofia de acesso [...]” (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 37).
Segundo essas autoras, essa nova postura da biblioteca em viabilizar o
acesso envolve um processo de interação entre diferentes indivíduos, de modo
a favorecer o compartilhamento de recursos informacionais, o trabalho em
rede, minimizando pontos deficitários e eliminando barreiras. Santa Anna
(2013a) sinaliza que, o processo de socialização nas bibliotecas representa um
momento de comunhão e ao mesmo tempo de transformação, redefinindo os
propósitos da unidade ao migrar-se da posse informacional ao acesso.
Vislumbra-se, a partir desse discurso, que o papel da internet, o qual
imprimiu um novo espaço de trabalho: o ambiente virtual, desencadeia o
aparecimento de uma nova modalidade de biblioteca, a biblioteca virtual,
oferecendo acesso aos mais diferenciados tipos de informação, socializadas a
partir da conexão entre redes eletrônicas (SANTA ANNA, 2013a).
À medida que as bibliotecas evoluem-se, os bibliotecários que as
conduzem também sofrem diversas transformações, adentrando-se a novos
perfis que requerem competências e habilidades contínuas, com vistas a
adaptarem-se a essas transformações, aprimorando suas capacidades de
gerenciamento em fase dos novos desafios instituídos no bojo dessas unidades
de informação.
Segundo Martins (2001), na contemporaneidade, a biblioteca é fruto das
condições sociais e ideológicas iniciadas na Renascença, proporcionando a
partir dessa época, a figura de um profissional especializado e capacitado para
gerenciá-la. Até meados do século XIX as bibliotecas empregavam eruditos e
escritores para essa função, pois a profissão de bibliotecário ainda não era
reconhecida,
embora
as
práticas
tradicionais
biblioteconômicas
estiveram presentes no contexto dessas instituições.
sempre
�92
Com a democratização da informação, novos paradigmas são instituídos
nas bibliotecas, viabilizando o surgimento do processo de especialização e
socialização. A partir desses últimos estágios evolutivos, as atenções passam a
ser voltadas para as necessidades do público, fator determinante na melhoria
da qualidade dos produtos e serviços oferecidos. A biblioteca torna-se um
organismo vivo e dinâmico, a serviço de públicos diversificados e conduzida
por novas formas de gestão, deixando de atentar-se apenas ao acervo para
direcionar seus propósitos ao usuário, a fim de conhecer melhor suas
demandas (FIGUEIREDO, 1994).
3 OS REFLEXOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS NAS BIBLIOTECAS E NOS
BIBLIOTECÁRIOS CONTEMPORÂNEOS
A evolução das bibliotecas ao longo dos diferentes períodos históricos
constituintes da sociedade humana esteve caracterizada pela utilização de
diferentes tecnologias que contribuíram, e contribuem, para a criação da
informação registrada a compor os diferentes estoques de informação.
Nota-se que as mudanças ocasionadas a essas unidades de informação
dizem respeito à utilização de diferentes aparatos tecnológicos, que além de
armazenarem a informação, tornando-a registrada, também contribuem com a
oferta de diferentes serviços bibliotecários, como exemplo, os catálogos online, os serviços de alertas, as estratégias de busca etc., serviços esses que
favorecem
os
processos
de
armazenamento,
busca,
recuperação
e
disseminação da informação em ambiente digital.
No entanto, essas mudanças não afetam diretamente os propósitos
bibliotecários, que continuam, independente do tipo de tecnologia empregada,
os mesmos: disseminar informação a diferentes públicos e variadas instâncias,
viabilizando a construção de conhecimento.
Segundo Santa Anna (2013a), desde o aparecimento dos primeiros
registros do conhecimento, tendo os tabletes de argila e os rolos de papiro e
pergaminho, a sua máxima representação, até as páginas eletrônicas da
�93
internet, a biblioteca fidelizou-se à sua principal finalidade: organizar,
preservar,
tratar
e
disseminar
informação,
adequando-se
a
usuários,
ambientes e contextos diferenciados.
Na contemporaneidade, a biblioteca está sustentada no paradigma da
socialização, devendo adentrar-se à sociedade em redes, utilizando diversos
canais
comunicativos,
com
vistas
a
tornar-se
interativa
com
outras
instituições, facilitando a transmissão de informação, de forma contínua e
instantânea, rompendo-se barreiras geográficas (MADUREIRA; VILARINHO,
2010).
O uso de tecnologias sofisticadas representa uma alternativa viável e
efetiva, e ao mesmo tempo necessária no gerenciamento da informação
produzida na sociedade. Sem o aperfeiçoamento e utilização desses recursos,
seria impossível gerenciar todo o conhecimento produzido no mundo, de modo
a torná-lo recuperável. O aumento da produção de conhecimento não é algo
recente, mas constitui o resultado de um longo percurso, conforme refletido
por McGarry (1999, p. 90).
Se voltarmos o olhar para a história da informação registrada, a partir
de nossa posição vantajosa do “aqui e agora” [...], veremos uma
torrente de acontecimentos que começou placidamente com a invenção
da escrita, vagueou até a impressão da imprensa, e aí começou a tomar
o aspecto de um rio cauteloso. A capacidade de gravar e transmitir
informações orais, visuais e auditivas aumentou ainda mais a vazão
desse rio até se tornar elegante dizer que estamos sendo “inundados”
por uma torrente de dados e informações (MCGARRY, 1999, p. 90).
Não resta dúvida de que, na atual conjuntura, a biblioteca vem se
constituindo como um espaço destinado a fornecer o acesso a todo tipo de
fonte de informação a qualquer usuário, desprendendo-se as limitações de
tempo e espaço. Esse processo de interação da biblioteca com seus públicos,
sem medir as fronteiras geográficas somente é conseguido com o apoio das
TICs, ocasionando um processo acentuado de “desterritorialização” (SANTA
ANNA, 2013b).
Nesse sentido, as tecnologias da informação representam a possibilidade
mais concreta para expandir a cooperação interinstitucional e com isso ampliar
e diversificar os pontos de acesso à informação. Entretanto, para assumir a
posição de provedora de acesso à informação, as bibliotecas precisam rever
�94
seus
processos,
repensando
a
dimensão
dos
serviços
e
produtos
desenvolvidos, pois o usuário de hoje diferencia-se daquele que “apertava
parafusos” na era industrial (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 37).
Diante da explosão informacional e com o avanço das novas tecnologias,
Cunha (2010) considera que a revolução da biblioteca, nesse contexto, é
permeada por quatro períodos marcantes que são: era tradicional moderna,
era automatizada, era eletrônica e, por fim, a era virtual. A esse respeito,
Santa Anna (2013b) defende que as metamorfoses sofridas pelas bibliotecas
ao longo das eras apontam para uma mudança crucial nas bibliotecas do
terceiro milênio, pois, com o advento da sociedade da informação, essas
organizações adotaram um novo espaço (ciberespaço) e uma nova interface
que amplia a capacidade comunicativa e interativa com os usuários mundo
afora, flexibilizando a atuação do usuário em relação aos serviços e produtos
por elas oferecidos.
O uso do ciberespaço proporciona a ampliação da oferta de serviços e
produtos de informação, favorecendo novas formas de acesso e uso da
informação registrada no ambiente virtual. Surgem, assim, as potencialidades
das bibliotecas digitais, estando elas relacionadas com o acesso por meio de
redes
a
recursos
informacionais
disponíveis
em
sistema
de
base
computadorizada, de modo a despertar “[...] oportunidade de melhoria da
qualidade dos produtos e dos serviços da biblioteca que devem visar à
eficiência, à qualidade, ao serviço orientado ao usuário e ao retorno de
investimento, mesmo que de forma indireta, otimizando a prestação de
serviços [...]” (REZENDE, 2000, p. 52).
Ora, se a internet viabiliza a formação de novos produtos e serviços a
serem prestados pelas bibliotecas, infere-se que o profissional que a gerencia
deverá acompanhar essas mudanças advindas com o uso do ambiente digital,
reconstituindo novas formas, técnicas e métodos biblioteconômicos, com vistas
a garantir uma efetiva gestão dos produtos e serviços disponibilizados no
ambiente digital.
Vê-se que, a internet traz inúmeros benefícios, configurando-se como
“[...] rede de maior importância para as bibliotecas, funcionando como um
�95
canal na localização e recuperação da informação, auxiliando o bibliotecário a
se tornar um provedor de informação [...]” (MARCHIORI, 1997, p. 2).
Segundo Alvarenga (2006, p. 97), os fazeres bibliotecários tendem a se
evoluir para um novo estágio em que as práticas tradicionais de tratamento,
de gestão e de disseminação sejam aplicadas ao novo ambiente de trabalho.
Cabe ao bibliotecário que atua nessas ambiências, adaptar-se a situações
complexas devido às constantes inovações e desafios impostos pela internet.
Assim, é preciso enfatizar que, com o ambiente digital, “[...] mudam-se os
meios, sofisticam-se os instrumentos e surgem nomes novos para designar
coisas novas e velhas. Entretanto, a essência das coisas permanece”.
Segundo Ribeiro, Chagas e Pinto (2007), essas mudanças permitiram o
reconhecimento da necessidade de um profissional com formação especializada
que pudesse tratar tecnicamente os materiais existentes na biblioteca. Desse
modo, devido à permanência da especialização e da socialização no âmbito das
bibliotecas contemporâneas, o bibliotecário para acompanhar seus usuários,
tende a se aperfeiçoar constantemente e se ambientar com as várias
possibilidades de recursos na sua área (MARTINS, 2001 apud RIBEIRO;
CHAGAS; PINTO, 2007), valorizando, assim, ações que garantam sua
formação continuada, de modo a atender as constantes mudanças e
exigências, tanto da sociedade, quanto dos usuários da informação.
O
aparecimento
das
bibliotecas
digitais
juntamente
com
a
disponibilização da informação na internet representa a configuração de um
novo paradigma para os profissionais da informação (BAPTISTA, 2004). Esse
fato desencadeia uma nova realidade, oferecendo novas oportunidades e
facilidades aos consumidores da informação, libertando-os “[...] de sua
dependência
de
intermediários,
eliminando
barreiras
e
proporcionando
oportunidades para o acesso direto aos produtos de informação em qualquer
hora ou local e de forma independente [...]” (SILVA; LOPES, 2011, p. 1).
Nota-se que a informação no espaço digital requer gerenciamento, fato
esse que demonstra a contribuição das práticas bibliotecárias nesse novo
espaço interativo. Ademais,
�96
[...] uma série de catálogos de bibliotecas já estão acessíveis em toda a
rede, para que qualquer um, de qualquer lugar do mundo, possa
pesquisar em recursos bibliográficos os mais variados. Entretanto,
algumas bases de dados e produtos comercializáveis pela rede irão
exigir acordos e licenças para que a biblioteca possa acessá-los e
disponibilizá-los (SHAW, 1994 apud MARCHIORI, 1997, p. 2).
O uso acentuado das TICs no gerenciamento da informação torna-se um
fator de grandes mudanças, refletindo na formação de novas organizações,
novos
consumidores,
logo,
também
evidencia
a
definição
de
novos
profissionais que lidam com a informação. Muitos se arriscam a afirmar, de
forma equivocada, que os profissionais e serviços de informação tendem a
extinguir-se em um futuro próximo.
No entanto, essas mudanças são desafios a serem superados, e, ao
contrário, em vez de representarem ameaças, consolidam-se como novidades
que sustentam a formação de novas e promissoras oportunidades.
Valentim (2002) considera que o “[...] tripé informação, tecnologias da
informação e telecomunicações muda a sociedade, e, consequentemente,
muda suas demandas [...]”. Todavia, os profissionais inseridos no mercado da
informação devem atuar nesse contexto com uma postura investigativa e
crítica, “[...] de modo que possam assumir essas mudanças sociais de forma
natural [...]” (VALENTIM, 2002, p. 125).
Conforme estudo proclamado por Borges (2004, p. 56), o “[...] avanço
tecnológico alterou a noção de espaço e de tempo [...]”, ocasionando ao
mercado consumidor a oferta de serviços e produtos cada dia mais
sofisticados, provocando o aparecimento de alguns e o desaparecimento de
outros. Assim, “[...] a tecnologia tornou-se, ao mesmo tempo, ‘oportunidade’ e
‘risco’” (BORGES, 2004, p. 56).
Nesse contexto, observa-se que a tecnologia, ao mesmo tempo em que
desemprega, ela oferece outras formas de trabalho, visando atender às novas
necessidades geradas. Para Baptista (2004), as tecnologias juntamente com as
pressões advindas da globalização aumentam o desemprego, porém, ampliam
as oportunidades de trabalho em níveis mundiais.
Entende-se que essas mudanças oriundas com a expansão da tecnologia
viabilizam novas oportunidades, permitindo aos profissionais explorarem
�97
melhor suas potencialidades, sendo necessário, para isso, inovar e instruir-se
continuadamente. No campo da Biblioteconomia, essa tendência tende a
aflorar-se no decorrer do século XXI. Isso porque, as oportunidades de atuação
profissional ampliam-se a cada dia, podendo o profissional atuar em novos
ambientes,
com
novas
funcionalidades,
tornando-se
um
profissional
requisitado, autônomo, criativo e adaptativo, graças à desinstitucionalização da
informação.
4
UM
PROFISSIONAL
EM
EVOLUÇÃO:
NOVAS
COMPETÊNCIAS,
HABILIDADES E ATRIBUIÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS
Conforme
analisado,
o
bibliotecário
teve
seu
reconhecimento
na
sociedade mundial a partir do século XIX, em virtude das transformações que
as bibliotecas atravessavam, sobretudo com o uso de novos artefatos
tecnológicos, assim como, devido à explosão da informação e com a
necessidade de atender as exigências do público, com vista a oferecer serviços
e produtos de qualidade.
No entanto, a prática bibliotecária data dos primórdios, devido à
necessidade de organização e preservação dos registros do conhecimento
gerados pela sociedade. Para Ortega (2004), essa prática apresenta uma longa
história de atividades de organização e conservação de documentos, desde o
início da escrita até a época moderna, no século XV, quando recebeu novos
insumos em função da invenção da imprensa e do Renascimento científico e
cultural.
A partir das revoluções científicas do século XVIII, os séculos seguintes
foram permeados por constantes mudanças no que se refere aos direitos e
deveres do cidadão e a liberdade de acesso a esses direitos, garantindo para a
consolidação da cidadania (FIGUEIREDO, 1994). Assim, a profissão de
bibliotecário
torna-se
cada vez
mais necessária, tendo
em vista, um
profissional capacitado a exercer atividades de organização, por conseguinte,
�98
ao auxílio na localização e disponibilização da informação registrada a todos os
cidadãos.
Em âmbito brasileiro, as primeiras bibliotecas foram criadas sob
comando dos jesuítas, e apenas no século XX que o profissional foi legalmente
reconhecido. Antes disso, no início do referido século, segundo Castro (2000),
o ensino de Biblioteconomia foi instituído, sendo oferecido pela Biblioteca
Nacional (tendo influência da escola humanista francesa École de Chartes) e
pelo Colégio Mackenzie em São Paulo (sob influência tecnicista da escola
americana Columbia University).
É apenas no ano de 1962, por meio da Lei 4.084/62, que foi instituída a
profissão
bibliotecária.
Segundo
esse
Diploma,
constituem
principais
atribuições desse profissional: atuar na organização, direção e execução dos
serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais, municipais e
autárquicas e empresas particulares concernentes às seguintes matérias e
atividades: o ensino de Biblioteconomia; a fiscalização de estabelecimentos de
ensino
de
Biblioteconomia
reconhecidos,
equiparados
ou
em
via
de
equiparação; a administração e direção de bibliotecas; a organização e direção
dos serviços de documentação; e, a execução dos serviços de classificação e
catalogação de manuscritos e de livros raros e preciosos, de mapotecas, de
publicações oficiais e seriadas, de bibliografia e referência (BRASIL, 1962).
No artigo sétimo da referida Lei também está descrito que os bacharéis
em Biblioteconomia terão preferência, quanto à parte relacionada à sua
especialidade nos serviços concernentes a: padronização dos serviços técnicos
de Biblioteconomia; inspeção, sob o ponto de vista de incentivar e orientar os
trabalhos de recenseamento, estatística e cadastro das bibliotecas; publicidade
sobre material bibliográfico e atividades da biblioteca; planejamento de difusão
cultural, na parte que se refere a serviços de bibliotecas; organização de
congresso, seminários, concursos e exposições nacionais ou estrangeiras,
relativas à Biblioteconomia e Documentação ou representação oficial em tais
certames (BRASIL, 1962).
Essa lei estabelece as principais atividades a serem desempenhadas por
um profissional que possua o Diploma de Biblioteconomia em escola
�99
devidamente reconhecida. Também são descritos nessa lei, as obrigações dos
conselhos de classe em defender os interesses da profissão e das escolas em
formar profissionais comprometidos em oferecer serviços úteis à sociedade.
Vê-se que, nessa época, década de 1960, a explosão bibliográfica estava
consolidando-se, no entanto a revolução tecnológica era vista como um
acontecimento do futuro. As atribuições dos bibliotecários naquele contexto
estavam voltadas exclusivamente para a atuação em bibliotecas, atuando,
sobremaneira, na organização dos acervos bibliográficos impressos e nas
atividades de gestão das bibliotecas no atendimento aos usuários e às
demandas informacionais.
Com a incorporação do bibliotecário na Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO), notadamente com sua inserção na categoria de profissional
da informação, novas atribuições lhe são conferidas. Assim, os profissionais da
informação
[...] trabalham em bibliotecas e centros de documentação e informação
na administração pública e nas mais variadas atividades do comércio,
indústria e serviços, com predominância nas áreas de educação e
pesquisa. Trabalham como assalariados, com carteira assinada ou como
autônomos, de forma individual ou em equipe por projetos, com
supervisão ocasional, em ambientes fechados e com rodízio de turnos.
Podem executar suas funções tanto de forma presencial como a
distância (CBO, 2002 apud FIGUEIREDO; SOUZA, 2007, p. 13, grifo
nosso).
Segundo
eventualmente,
os
autores
trabalham
supramencionados,
em
posições
esses
desconfortáveis
profissionais,
durante
longos
períodos e sob pressão, levando à situação de estresse. As condições de
trabalho são heterogêneas, variando desde locais com pequeno acervo e sem
recursos informacionais a locais que trabalham com tecnologia de ponta.
Conforme exploram Figueiredo e Souza (2007), com base na CBO
(2002), constatam-se novas considerações do trabalho bibliotecário em face
dos novos desafios impostos pela sociedade contemporânea, sobretudo, com a
chegada
das
TICs
e
a
disponibilização
dos
serviços
e
produtos
biblioteconômicos no ambiente digital.
O referido documento trabalhista garante que o bibliotecário pode atuar
em unidades de informação com vínculo empregatício, como pode atuar de
�100
forma autônoma, na prestação de serviços. Também se alude sua participação
em outros ambientes que não sejam as bibliotecas presenciais, podendo ele
atuar na oferta de produtos e serviços por meio do ambiente digital (BRASIL,
CBO, 2002).
No entanto, mesmo estando respaldado por esses documentos legais,
infere-se que, as problemáticas surgidas com o uso acentuado das novas
tecnologias requerem um profissional detentor de novas competências e
habilidades, a fim de expandir suas práticas para outras instâncias, conforme
demandado pela sociedade.
Na visão de Madureira e Vilarinho (2010, p. 103), vive-se, na atualidade,
"[...] um processo evolutivo das bibliotecas e da informação registrada e o
bibliotecário precisa se preparar para assumir sua identidade de ‘cibertecário’.
Nesse sentido, ele é um desbravador, um pioneiro e o que produzir será a base
de uma nova visão de biblioteca e informação".
Nesse enfoque, atentando-se ao quinto postulado de Ranganathan
(2009), Santa Anna (2013a) disserta que as bibliotecas são organismos em
crescimentos e o bibliotecário também deve acompanhar essa (r)evolução,
adentrando-se às novas concepções paradigmáticas, a fim de garantir sua
importante função, qual seja, mediar a todos, informação de qualidade,
independente dos recursos, dos métodos e demais instrumentos empregados.
4.1 O MODERNO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO
A sociedade contemporânea trouxe mudanças para todas as áreas do
conhecimento, despertando a necessidade dos profissionais reverem suas
práticas e adequá-las às novas necessidades demandadas por instituições e
por usuários. Diante da gama de desafios impostos, faz-se necessário a
adequação profissional ao trinômio: tecnologias, inovação e aprimoramento
(SANTA ANNA; PEREIRA; CAMPOS, 2014).
Um das alternativas encontradas pelas ciências, tendo em vista viabilizar
ações para resolveram questões problemáticas do mundo atual, é a utilização
�101
da interdisciplinaridade. Ter conhecimento amplo de vários campos do saber é
uma atividade requerida principalmente no universo da Biblioteconomia,
devendo os bibliotecários ampliarem suas competências, “[...] possuir um
conhecimento íntimo dos territórios intelectuais das disciplinas e dos atalhos
entre eles [...]” (MCGARRY, 1999, p. 170).
As novidades que permeiam o contexto social e que são refletidas nos
fazeres bibliotecários vêm sendo uma das maiores preocupações tanto de
profissionais, órgãos de classe, academia quanto de pesquisadores da área. As
interferências
acometidas
pelas
inovações
tecnológicas
aos
serviços
biblioteconômicos instigam os profissionais da área a (re)definirem seus
métodos e processos de trabalho, com vistas à adequação das demandas, bem
como à adaptabilidade da prática profissional.
Segundo Santa Anna, Pereira e Campos (2014), instigados com essas
preocupações, vários estudos foram realizados no sentido de conferir as novas
competências e habilidades direcionadas aos bibliotecários. O ponto inicial
dessas discussões é evidenciado a partir dos estudos financiados pela extinta
Federação Internacional de Bibliotecários (FID), no ano de 1992, sendo
aperfeiçoado, logo em seguida, com as pesquisas de Ponjuan Dante (2000).
Em linhas gerais, esses estudos dizem respeito ao novo perfil que o
bibliotecário deve adquirir em face dos acontecimentos advindos da Sociedade
da Informação. Os bibliotecários, diferente das competências que lhe foram
conferidas desde o início da oficialização da profissão, devem adquirir as
características
de
um
profissional
inovador,
denominado
de
Moderno
Profissional da Informação (MIP).
As competências do MIP não podem ser analisadas sobre uma ótica
excludente das características que durante muito tempo representou a base da
profissão de bibliotecário. Silveira (2008, p. 88) discute que “[...] construir um
novo perfil de atuação para os bibliotecários e inseri-los no rol das atividades
que impulsionam o moderno mercado da informação exigiu repensar os
atributos que por longa data definiram o saber biblioteconômico”. A formulação
dessas
competências
deve
levar
em
consideração,
os
desafios
�102
contemporâneos, as novas demandas surgidas no meio social e levar em
consideração as práticas tradicionais da profissão.
Os fazeres biblioteconômicos na forma como foram concebidos com a
regulamentação da profissão no Brasil, em meados do século XX, estavam
voltados para atividades técnicas junto aos itens informacionais, constituídos,
em grande parte, por livros. Assim, o bibliotecário deveria “[...] possuir uma
formação voltada para a preservação da cultura humana; para o apoio à
educação como suporte ao processo de ensino-aprendizagem; para o estudo; à
pesquisa e para o planejamento e administração dos recursos informacionais
[...]” (SILVEIRA, 2008, p. 89).
Na atualidade, esses fazeres são regidos por novas competências, tendo
como fundamentação teórico-prática “[...] ampliar o escopo de conhecimentos
necessários à concretude de seu fazer profissional, tendo em vista priorizar
premissas como: planejamento, gerência e processamento de sistemas de
informação, além da concepção e uso das recentes tecnologias da informação
e da comunicação – TICs” (SILVEIRA, 2008, p. 89).
A chegada do terceiro milênio foi marcada com o estabelecimento de
quatro competências e inúmeras habilidades, elaboradas no IV Encontro de
Diretores das Escolas de Biblioteconomia e Ciência da Informação do Mercosul,
realizado no ano de 2000, em Montevidéu. Como produto desse evento, foram
formalizadas as seguintes competências: competências de Comunicação,
Técnico-Científica, Gerenciais, Sociais e Políticas (VALENTIM, 2000).
As competências de Comunicação e Expressão dizem respeito às
atividades de capacitar e orientar os usuários para um melhor uso dos recursos
informacionais disponíveis em uma unidade de informação. Também referemse à elaboração de produtos de informação (bibliografias, catálogos, guias,
índices, disseminação seletiva da informação etc.), e planejamento e execução
de estudos de usuários dos sistemas de informação (SILVEIRA, 2008).
As competências Técnico-Científicas envolvem o desenvolvimento e
execução do processamento de documentos em distintos suportes, unidades e
serviços de informação. Também abarcam as atividades de selecionar,
registrar, armazenar, recuperar e difundir a informação gravada em qualquer
�103
meio para os usuários de unidades, serviços e sistemas de informação; por
fim, também contemplam o ato de planejar, constituir e manipular redes
globais de informação (SILVEIRA, 2008).
Quanto às competências Gerenciais, Valentim (2000, p. 20) destaca-as
como aquelas voltadas para a gestão, abrangendo, holisticamente, as ações de
“[...] formular, dirigir, administrar, organizar e coordenar unidades, sistemas,
projetos e serviços de informação [...]”. Ponjuan Dante (2000) sintetiza essas
competências como os pilares para uma atuação efetiva, de modo que o
profissional tenha espírito de gestão e liderança, construindo mecanismos que
viabilizem a criação, a comunicação e a consolidação da informação entre
todos os atores da unidade informacional.
As competências Sociais e Políticas afloram para o papel social do
bibliotecário, devendo expandir seu fazer além das paredes da unidade. Para
Valentim (2000 apud SANTA ANNA; PEREIRA; CAMPOS, 2014, p. 80), nesse
quesito, caberá ao profissional fomentar uma atitude “[...] aberta e interativa
com
os
diversos
atores
sociais
(políticos,
empresários,
educadores,
trabalhadores e profissionais de outras áreas, instituições e cidadãos em geral)
que configuram o atual ciclo informacional [...]”.
Quanto às habilidades delegadas a esses profissionais, é importante
destacar que não há limites, podendo o profissional investir em sua formação
continuada, tendo em vista consolidar a melhoria contínua de seus fazeres.
Valentim (2000) descreve as principais habilidades propostas no IV Encontro
de Diretores das Escolas de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Dentre
essas habilidades, destacam-se: utilizar as metalinguagens pertinentes à
preservação, organização e disseminação da informação; demarcar campos
específicos e integrar conteúdos de áreas correlatas em uma perspectiva
multidisciplinar; processar documentos, quaisquer que sejam os suportes,
linguagens e formatos de acordo com as teorias, paradigmas, métodos e
técnicas da área; desenvolver ações pedagógicas voltadas para melhoria do
desempenho profissional e para ampliação do conhecimento em geral;
responder às demandas sociais determinadas pelas transformações que
caracterizam o mundo contemporâneo, dentre outras.
�104
A demonstração acerca da evolução da biblioteca e do bibliotecário em
fase
dos
desafios
impostos
pela
atual
sociedade,
sobretudo
com
o
desenvolvimento e uso das novas tecnologias nos serviços de informação, e
diante das novas competências e habilidades a serem adquiridas pelos
bibliotecários, mostram que eles adquirem um perfil diversificado.
Com esse perfil interdisciplinar e inovador ele pode, também, atuar em
inúmeros e diferenciados ambientes, podendo atuar na prestação de serviços
de informação, de forma autônoma, tornando-se um profissional independente
e com espírito empreendedor.
4.2 A QUESTÃO DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO
Institucionalizar significa estar ligado a uma instituição, adentrando-se a
valores,
políticas
e
objetivos
conjuntamente
construídos
e
seguidos.
Desinstitucionalizar significa, grosso modo, deixar de ser institucionalizado
(FERREIRA,
1999).
No
âmbito
das
profissões,
o
profissional
desinstitucionalizado é aquele que não possui vínculos empregatícios com as
organizações, prestando serviços de foram autônoma/independente.
A desinstitucionalização na Biblioteconomia não é uma discussão recente,
pois foi proposta por Lancaster (1983), desde as últimas décadas do século XX.
Segundo ele, o bibliotecário que exerce atividades fora das bibliotecas ou de
organizações, sobretudo no ramo da prestação de serviços a diferentes
empresas, caracteriza-se como um agente de informação, considerado como
um bibliotecário free-lance.
Durante muitos anos, Lancaster atuou em bibliotecas públicas inglesas e
em organizações privadas norte-americanas, atuando na organização da
informação junto a sistema de recuperação da informação tanto manuais
quanto automatizados, o que lhe proporcionou grande conhecimento acerca do
futuro das atividades bibliotecárias com o crescimento da internet.
Embora a internet ainda não estivesse sendo utilizada por bibliotecas na
disponibilização de serviços e produtos de informação, Lancaster já previa os
�105
reflexos que as novas tecnologias proporcionariam às bibliotecas físicas e aos
profissionais que lidam com a informação nesses espaços. No entanto,
Lancaster considerava a evolução tecnológica, no âmbito das bibliotecas, como
a “mola propulsora” que ampliaria os fazeres biblioteconômicos, extrapolandoos para ambientes aquém da instituição biblioteca.
Na contemporaneidade, essa profecia confirma-se a cada dia. A
informatização da informação somente representa ameaça para aqueles
profissionais que não são inovadores e que não buscam a instrução a ponto de
não conseguirem adequarem-se ao novo contexto. Assim, as novas tecnologias
viabilizam oportunidades de maior reconhecimento da Biblioteconomia e sua
importância para a sociedade (LANCASTER, 1994).
Essa ampliação representaria a ascensão do profissional da área que,
deixaria de atuar de forma camuflada apenas em instituições de informação,
como as bibliotecas e centros de documentação, para atuar em outras
ambiências, desenvolvendo serviços de informação dos mais variados. Com
base
na
obra
de
Lancaster
(1983),
Baptista
(2000)
afirma
que
a
desinstitucionalização corresponde à aplicação de habilidades profissionais
bibliotecárias em ambientes que ultrapassam os muros das bibliotecas.
Conforme
pesquisa
de
Costa
e
Moraes
(1992),
o
processo
de
desinstitucionalização na Biblioteconomia - que vem de encontro com a
dependência da profissão à biblioteca e contribui para o desenclausuramento
do profissional, à busca do público potencial que deve servir - não é novo.
Lancaster observa que, no passado, alguns profissionais já exerciam suas
funções fora do âmbito da biblioteca. Ele cita como exemplo os bibliógrafos de
assuntos filiados à biblioteca da universidade alemã que, no início do século,
trabalhavam diretamente nos departamentos correspondentes à sua própria
área de especialidade.
Vislumbra-se a partir das discussões em torno da desinstitucionalização
na Biblioteconomia, que os campos de atuação dos bibliotecários tendem a
aumentar à medida que o profissional reconhece seu potencial em prestar
serviços
de
forma
individual
ou
de
forma
coletiva,
utilizando
suas
competências no gerenciamento da informação, assim como em sanar outras
�106
necessidades sociais. Nesse contexto, surgem diferentes nomes direcionados
ao bibliotecário, tais como: agente da informação (PAIVA, 1990), profissional
da
informação
independentes
(MUELLER,
(BAPTISTA,
1996),
2000).
consultor
informacional/profissionais
Independente
da
nomenclatura
que
recebam, o importante é considerar a ampliação dos campos de atuação do
bibliotecário contemporâneo.
Assim, o bibliotecário, de qualquer forma, amplia os horizontes da
profissão, podendo atuar no gerenciamento da informação, semelhantemente
às atividades profissionais realizadas em bibliotecas físicas, podendo atuar
também em outros setores da sociedade, como o setor cultural, garantindo
efetivação de seu papel social, na construção de uma sociedade mais cidadã.
Portanto, conforme descrito por Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014),
de que as bibliotecas na atualidade revestem-se de atividades diversificadas,
fomentando
ações
educacionais,
culturais
e
sociais,
infere-se
que
o
bibliotecário pode atuar no mercado, também, de forma autônoma em prol das
causas sociais, atuando como agente cultural e educacional, garantindo a
efetivação de uma sociedade mais democrática, inclusiva e igualitária
(DUDZIAK, 2007).
No que se refere à atuação na prestação de serviços em prol da gestão
da informação, Paiva (1990, p. 48) discute que, o profissional da informação,
diante das novas oportunidades surgidas, adquire o status de um agente de
informação. Segundo essa autora, no mercado moderno,
surgem novas atividades, que fogem totalmente àquelas efetuadas
tradicionalmente em bibliotecas e centros de documentação e
informação. A maioria dessas atividades está de alguma forma
relacionada à automação de serviços. Consultores, indexadores,
especialistas da informação e agentes da informação são um exemplo de
novas carreiras dentro da profissão do bibliotecário, para aqueles que
exercem essas atividades.
Pereira (2014) acredita que o trabalho em bibliotecas é louvável, porém
não é restrito para os bibliotecários que, mesmo com as funções apreendidas
nas instituições de ensino voltadas ao tradicional, é fundamental que os
bibliotecários sejam reconhecidos pelo seu próprio grupo e pela sociedade
�107
como profissionais aptos para atuar em qualquer tipo de ambiente onde a
informação é o principal “produto”.
Não resta dúvida de que o bibliotecário ao desinstitucionalizar-se deixará
de
atuar
apenas
nas
bibliotecas
para
exercer
atividades
em
outras
organizações, contribuindo na gestão da informação e do conhecimento
organizacional, selecionando informação de qualidade a auxiliar nos processos
decisórios. Segundo o estudo de Milano e Davok (2009, p. 254), esse
profissional
surge
nesse
segmento
prestando
serviços
de
consultoria
informacional em sua área de formação e auxiliando na transformação da
informação em conhecimento. Desse modo,
como gestor da informação, ele sabe que a informação é a matéria
prima do conhecimento, podendo assim atuar de forma direta ou
indireta nas organizações. Nessa direção, é importante conhecer a
atuação desse profissional na área de consultoria, para que os serviços
prestados possam ser completados e aperfeiçoados.
Surge, nesse contexto, o trabalho na área da consultoria informacional,
que, para Silva (2005), quem opta por trabalhar em consultoria tem maior
segurança nas instabilidades do que a pessoa que está empregada. Isso
porque quem mantém vínculo empregatício durante muitos anos – e por isso
acredita ser estável – tem menos possibilidades de concorrer no mercado, caso
seja demitido, do que o profissional de consultoria, que está no mercado todos
os dias.
Como
consultor
informacional,
o
profissional
da
Biblioteconomia
extrapola seus fazeres, atuando na prestação de serviços de assessoria e
consultoria, seja junto às unidades de informação, como junto a outras
empresas ou junto a pessoas físicas. O profissional, nesse ramo, pode prestar
assessoria técnica a publicações; subsidiar informação para tomada de
decisões; assessorar no planejamento de espaço físico da unidade de
informação; participar de comissões de normatização; realizar perícias;
elaborar laudos técnicos; realizar visitas técnicas; assessorar a validação de
cursos; participar de atividades de biblioterapia; preparar provas para
concursos; e participar de bancas de concursos (MILANO; DAVOK, 2009).
�108
Em tempos de globalização e em meio ao crescimento das TICs, a
desinstitucionalização permeia o contexto de todas as profissões, cabendo aos
profissionais saber reconhecer e retirar proveito dessas novas circunstâncias.
Desse modo,
se o cenário econômico mostra que existe diminuição da oferta de
emprego, por outro lado acontece o fenômeno da terceirização e a
possibilidade de se trabalhar com a prestação de serviços. Se a
tecnologia tem se mostrado favorável, deve ser dominada, evitando
assim invasões de outras áreas e transformando concorrentes em
parceiros. É uma época de mudanças e não de acomodação [...]
(BAPTISTA, 2000, p. 91).
O bibliotecário desinstitucionalizado desmistifica o estereótipo atribuído
aos
bibliotecários
tradicionais,
de
que
eles
representam
apenas
mero
“guardadores de livros”. Também são refutadas as constantes especulações
acerca da extinção desse profissional com o desaparecimento do livro e das
bibliotecas físicas. Ao contrário do que afirmam essas especulações, o
bibliotecário possui um futuro promissor, no decorrer dos próximos anos, em
relação ao novo papel da informação e sua utilidade na sociedade.
Na sociedade da informação, a autoimagem do bibliotecário está
mudando com o aumento de profissionais que lidam com a "informação" no
mercado de trabalho. Os bibliotecários estão mostrando que não são só
pessoas que lidam unicamente com a organização de bibliotecas, mas com
informação e documentação — o que lhes proporciona um campo bem mais
completo de atuação (PAIVA, 1990).
Fica
evidenciado
que,
ao
adentrar-se
à
desinstitucionalização,
o
bibliotecário, por tornar-se independente, certamente adquire características
empreendedoras. Segundo Valentim (1998), o mercado de trabalho destinado
a esses profissionais ainda representa uma minoria no contexto brasileiro,
diferente do que já vem ocorrendo em outros países, principalmente em países
desenvolvidos (BAPTISTA, 2000).
O profissional com perfil empreendedor deve ter uma visão proativa, ter
vontade de aprender e inovar, utilizando-se do aprendizado e do marketing, no
intento de conquistar novos mercados. Logo:
�109
neste mercado livre é necessário um profissional bibliotecário mais
empreendedor, mais ousado. Para o terceiro milênio o profissional da
informação deverá ser mais observador, empreendedor, atuante,
flexível, dinâmico, ousado, integrador, proativo e principalmente mais
voltado para o futuro. A formação, portanto, deve estar voltada para a
obtenção de um profissional que atenda essas características
(VALENTIM, 1998, p. 112).
A formação continuada do profissional certamente constitui a “veiamestra” para adequar-se a essas novas ambiências e conseguir atuar com
êxito em um mercado competitivo e globalizado, típico da contemporaneidade.
Conforme destacou Baptista (2000), o profissional precisa atualizar-se, investir
na educação continuada, fortalecer as associações de classe e principalmente
analisar as ameaças e transformá-las em oportunidades.
Nessa empreitada, evidencia-se uma participação colaborativa de vários
elementos ligados ao universo da Biblioteconomia, de modo que esforços
sejam envidados no sentido de que essa desinstitucionalização não seja uma
utopia ou a realidade de uma minoria, mas que seja a esperança de novos
rumos e progressões para toda a classe bibliotecária.
Assim, tanto profissionais, quanto movimento associativo, escolas de
formação, conselhos regionais e federais e sindicatos devem viabilizar ações de
divulgação dessas novas necessidades, transmitindo aos profissionais e à
sociedade essa nova contribuição que a Biblioteconomia tem a oferecer,
contribuindo para solucionar inúmeros problemas advindos com os paradigmas
contemporâneos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo, é possível confirmar que o bibliotecário, durante
toda sua trajetória evolutiva, esteve fortemente atrelado à instituição
biblioteca,
caracterizando-se
como
um
profissional
institucionalizado,
realizando atividades das mais variadas, tendo em vista o contexto dos
diferentes períodos históricos e utilizando as tecnologias até então disponíveis
em cada período.
�110
Analisando a literatura sobre evolução das bibliotecas ao longo da
história, foi possível constatar que essas instituições durante muito tempo
estiveram voltadas para o armazenamento, preservação e conservação da
informação registrada. Contudo, especificamente com o desenvolvimento da
tecnologia impressa, novos rumos foram sendo conduzidos, tornando a
biblioteca um organismo em mutação, adentrando-se ao perfil dos usuários e à
democratização e socialização das informações, no intento de viabilizar a
produção de conhecimento.
A revolução tecnológica esteve presente em todos os estágios de
desenvolvimento das bibliotecas, porém, com o surgimento das TICs, típicas
da
sociedade
contemporânea,
esses
novos
artefatos
garantem
novas
estruturas e funcionalidades às bibliotecas, potencializando-as a gerenciar e
disseminar informação a todas as instâncias, tornando os processos de
trabalho cada dia mais inovadores.
O surgimento da internet e a disponibilização dos produtos e serviços
biblioteconômicos em ambiente virtual favoreceram o desdobramento de novos
paradigmas
no
âmbito
da
indústria
da
informação,
por
conseguinte,
desencadeou o surgimento de novas ambiências à Biblioteconomia. Assim,
tanto as unidades de informação, quanto os profissionais que as gerenciam são
afetados, de modo que a prática bibliotecária é redefinida, adquirindo os
bibliotecários, novas competências, habilidades e atribuições, com vistas a
torná-los adaptados em uma sociedade complexa.
Diante dessa atual conjuntura, o bibliotecário moderno deixa de ser um
profissional que realiza unicamente processos técnicos e tradicionais na
informação, para adquiri status de um Moderno Profissional da Informação,
dotado de inúmeras competências que vão caracterizá-lo como um profissional
diversificado, podendo exercer suas práticas em outros campos de atuação.
Diante dessas contingências, o estudo constata o surgimento de um
profissional
desinstitucionalizado,
que
além
de
exercer
suas
atividades
tradicionais nas bibliotecas, poderá, outrossim, atuar como profissional
independente, atuando como assessor, consultor, agente de informação,
contribuindo tanto no gerenciamento e disponibilização de informações para
�111
pessoas físicas quanto jurídicas, como poderá exercer, também, de forma
autônoma, ações educacionais e culturais, consolidando seu papel de agente
de transformação social.
Por meio desse novo perfil profissional do bibliotecário na sociedade
atual, presume-se que ele, ao adquirir uma postura inovadora, certamente irá
adquirir uma visão empreendedora, investindo em sua formação continuada e
na aquisição de novos e diferentes conhecimentos, fato esse que garantirá sua
permanência
no
mercado
por
longos
tempos,
desencadeando
seu
reconhecimento pela sociedade e sua importância no desenvolvimento social.
Com essa postura, desmistifica-se toda e qualquer especulação e previsão
exagerada a respeito da extinção desse profissional em face dos desafios
contemporâneos.
Também confirma-se, com base nessas reflexões, que o bibliotecário
contemporâneo mudou seu perfil profissional, deixando de ser um guardião de
livros para se um profissional desinstitucionalizado. Assim, com essas
transformações faz-se necessário a reformulação da legislação que assegura o
exercício profissional, de modo a contemplar essas novas potencialidades na
qual o bibliotecário utilizará a fim de solucionar inúmeros problemas sociais e
garantir sua ascensão no decorrer dos tempos futuros.
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�116
CAPÍTULO VI
DESINSTITUCIONALIZAR A BIBLIOTECA À LUZ DA FUNÇÃO SOCIAL
Maria Aparecida de Mesquita Calmon
Suelen de Oliveira Campos
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A biblioteca é uma das instituições mais antigas do mundo. Embora
tenha sido estruturada, utilizada e gerida de forma diferente ao longo dos
tempos, sua capacidade de adaptação em face das transformações sociais
torna-a um organismo mutante, o qual acompanha as mudanças e se renova
constantemente, garantindo sua perpetuação.
Das páginas em argila às páginas da internet, a biblioteca vem servindo
o ser humano, principalmente à atividade de organização, tratamento,
preservação e disseminação da informação produzida na sociedade. É claro
que o modelo de biblioteca na qual o concebemos na modernidade muito se
distancia da concepção adotada nos diferentes períodos históricos, sobretudo
diante de sistemas ideológicos e hegemônicos.
No entanto, percebe-se, no decorrer dos tempos, que a biblioteca
sempre se colocou a serviço de alguém, logo, ela torna-se uma instituição
auxiliar, que contribui, que oferece, que acolhe, que tenta solucionar
problemas, que transforma.
A literatura apresenta grande quantidade de discussões a respeito das
diversas funções exercidas pela biblioteca. No mundo contemporâneo, diversos
estudos confirmam sua função informacional e educativa, mas também
reconhecem o seu papel social, de modo que biblioteca e sociedade sejam
cúmplices na produção de conhecimento e na melhoria da qualidade de vida
dos indivíduos.
�117
O uso de tecnologias digitais, certamente, é um dos fenômenos mais
interferentes na necessidade de se redefinir a biblioteca e o bibliotecário.
Atrelado a isso, tem-se o discurso acerca da interferência da biblioteca na vida
dos indivíduos, os quais, por meio do acesso à informação e educação,
tornam-se capazes de exercer seus direitos e deveres, o que confirma, a
relação da biblioteca com a prática cidadã.
Com a chegada do século XXI, diante das transformações socais, com o
aumento da produção bibliográfica e com a utilização das tecnologias
contemporâneas, parece que a biblioteca perde, para alguns, essa parceria e
reciprocidade que possui com o ser humano. De forma equivocada e até
exagerada, muitos se arriscam a afirmar que ela poderá ser extinta da
sociedade do futuro.
É evidente que a evolução tecnológica viabilizou novas formas de
gerenciamento da informação. De forma estratégica, a biblioteca utiliza dessas
tecnologias, permitindo que as práticas bibliotecárias presentes nas bibliotecas
físicas sejam transferidas para a realidade virtual, sem, contudo, dispensar as
práticas biblioteconômicas.
Não se pretende, neste texto, discorrer acerca dessa nova realidade que
se afora para a biblioteca moderna, pois muitos estudos já versam sobre essa
temática. Nem, tampouco, discutir a realidade atual, em que muitas bibliotecas
estão se tornando ambientes híbridos, oferecendo produtos e serviços em
diferentes formatos, tecnologias e recursos de acesso.
Mas, convém destacar que, as tecnologias contemporâneas não excluem
as práticas bibliotecárias, ao contrário, ampliam a cada dia as possibilidades da
atuação bibliotecária. Por conseguinte, pode-se afirmar que a biblioteca do
futuro não será extinta, como consideram alguns, mas, ao contrário, será
disponibilizada no novo ambiente de socialização: o ciberespaço.
Sendo assim, as bibliotecas físicas, certamente deixarão de existir ou
transformar-se-ão em verdadeiros “museus”. Essa constatação, embora esteja
provado que exigirá muito tempo para ser concretizada, vem sendo bastante
discutida.
�118
Assim, este estudo traz à baila fundamentos teóricos e reflexões que
refutam a constatação acima descrita. Ora, pensemos: se há consenso, na
atualidade, de que a biblioteca possui uma dupla função, ou seja, função
informacional e função social, logo, por meio das bibliotecas virtuais, a função
informacional passará a ser desempenhada por essas modalidades de
biblioteca.
Porém, ainda restará às unidades tradicionais (bibliotecas físicas) a
realização da função social, de modo que a função social caracterizará a
biblioteca como ambiente de socialização, de trocas de ideias, experiências,
um verdadeiro espaço de convivência.
2 MÉTODO DA PESQUISA
Devido ao aspecto teórico desta pesquisa, a metodologia será sustentada
na pesquisa bibliográfica, realizada por meio de levantamentos bibliográficos
em livros, artigos e trabalhos acadêmicos que descrevem a função social da
biblioteca.
Por meio do embasamento à função social da biblioteca, será discorrido
acerca da importância dessa função e sua contribuição para assegurar a
existência da biblioteca no futuro. Também serão utilizados como fundamentos
teóricos para garantir o alcance do objetivo proposto, reflexões propostas por
alguns autores brasileiros da área que também concordam com essa visão,
considerando a transformação da biblioteca em ambientes de convivência,
garantindo, assim, sua permanência por longas gerações.
Os livros utilizados na pesquisa referem-se a publicações renomadas da
área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os artigos e trabalhos
acadêmicos foram recuperados do portal de periódicos da Capes e do acervo
da biblioteca virtual Scielo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
�119
As sociedades modernas trazem como principal fator de inovação no
comparativo com as sociedades antigas, a preocupação com alguns conceitos
como:
cidadania,
igualdade,
democracia,
diversidades,
cultura,
multiculturalismo, dentre outros.
O Estado democrático possui em sua essência o dever de garantir o
pleno respeito pelas diferenças, tornando possível que indivíduos usufruem de
seus direitos e deveres, comportando-se como cidadãos vinculados a uma
nação.
Ao analisarmos esses conceitos, percebemos o quanto a função social do
Estado vem à tona, sobretudo em uma sociedade diversificada, considerada
como multicultural. E, garantir a concretização dessa função é um dever que
compete a governantes e instituições.
O
conceito
“biblioteca
multicultural”
foi
proposto
pela
Federação
Internacional de instituições bibliotecárias (IFLA) e pela Organização das
Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), em 2008 e
refere-se, sobremaneira, às bibliotecas públicas que devem disponibilizar
acesso a todos de forma igualitária.
Segundo esse manifesto, a igualdade e o respeito devem prevalecer
nesses ambientes, configurando-os como legítimo espaço público, cujo objeto
principal seja “[...] atender as demandas sociais, oferecendo oportunidade
igualitária e democrática a todo cidadão que faz uso do seu espaço [...]”, não
apenas para buscar conhecimento ou cultura, mas também “[...] para fazer
deste espaço, palco para as reflexões diárias, para o debate participativo de
todos os problemas sociais e necessidades de cada cidadão” (BARROS, 2002,
p. 133, grifo nosso).
Observa-se que as bibliotecas, ao exercerem a função social, estão
cumprindo o dever de serem instituições sociais que se colocam a serviço de
acolher os indivíduos que estão inseridos no multiculturalismo. A função
cultural atribuída às bibliotecas há muito tempo vem sendo tratada pela
literatura.
�120
Aquino (2004) considera que as mutações sofridas pelas bibliotecas
caracterizaram-nas como espaços de informação, saber, conhecimento e
cultura. Mey e Silveira (2009) defendem que as bibliotecas existem para
viabilizar alternativa, possibilidade e oportunidade às pessoas. Ainda discutem
que as bibliotecas são espaços de liberdade, capazes de mudar a história da
humanidade.
De acordo com Ribas e Ziviani (2007), as bibliotecas devem se tornar
ambientes de convivência, oferecendo diversas atividades culturais, recreação,
entretenimento e lazer, dentre outras atividades procuradas pelos cidadãos da
comunidade. No entendimento dessas autoras, o papel social do profissional da
informação, juntamente com a biblioteca moderna é de extrema utilidade,
atuando de forma estratégica na disseminação da informação e utilizando-a
como instrumento e recurso de mobilização nas lutas por melhores condições
de vida da sociedade.
As bibliotecas tendem a se tornar centros de referência, um papel que,
segundo Almeida Junior (1997), já deveria caber à biblioteca pública. Segundo
esse autor, as bibliotecas devem estar abertas para fornecer informação
utilitária para a sociedade, ou seja, um centro de acolhimento que fornece
informações
sobre
emprego,
saúde,
cultura,
lazer,
dentre
inúmeras
necessidades existentes no cotidiano das pessoas.
Além de fornecer serviços utilitários à comunidade, ao caracterizar-se
como ambientes de convivência, a biblioteca torna-se espaços abertos para a
comunidade, permitindo que os objetivos da biblioteca “[...] sejam moldados
conforme as necessidades e desejos deste grupo, incluindo os referentes ao
lazer” (GONÇALVES, 2011, p. 134-135).
Ainda discutindo acerca do lazer, entretenimento e ações culturais, é
importante mencionar, segundo proferido no manifesto da IFLA e UNESCO
(2013), a respeito do papel das bibliotecas públicas que devem fornecer
recursos e serviços em diversos suportes, de modo a ir ao encontro das
necessidades individuais ou coletivas, no domínio da educação, informação e
desenvolvimento pessoal, e também de recreação e lazer.
�121
Conforme
disposto
nesse
mesmo
documento,
as
bibliotecas
desempenham “[...] um papel importante no desenvolvimento e manutenção
de uma sociedade democrática, ao dar aos indivíduos acesso a um vasto
campo de conhecimento, ideias e opiniões” (IFLA, 2013, p. 13, não
paginado, grifo nosso).
Discutindo acerca do papel do bibliotecário no futuro, entende-se que
esse
profissional
poderá
atuar
em
vários
segmentos
onde
demande
informação, cultura e lazer (DARABENSTOTT; BURMAN, 1997). Os autores
citados proferem ainda que as bibliotecas e seus profissionais deverão oferecer
serviços voltados à capacitação dos usuários e o mais importante a esse
profissional será saber “[...] trabalhar com indivíduos e grupos em vários
tipos de disciplinas e, mais ainda, estar habilitado ao manejo de bens
culturais, intelectuais” (DARABENSTOTT; BURMAN, 1997, p. 12, grifo nosso).
A função social da biblioteca está intensamente imbricada nas questões
culturais. Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014) evidenciam que o bibliotecário
deve atuar de forma social, preocupado com a formação cidadã dos indivíduos,
inserindo-se no contexto cultural, atuando como agente que dissemina e
preserva a cultura de uma localidade.
Por fim, vê-se que, na atualidade, pelo menos na realidade brasileira, as
bibliotecas exercem com mais intensidade as funções informacionais do que
sociais. Se a sociedade passasse a perceber a função social da biblioteca,
certamente novas percepções seriam construídas a respeito do futuro da
biblioteca.
Na realidade brasileira ainda estamos presos à função informacional
apenas; no entanto, como exemplifica Lemos (2008), no contexto europeu,
essa realidade já vem sendo percebida, garantindo a permanência da
biblioteca nas sociedades vindouras.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos argumentos propostos neste
ensaio, percebe-se a
importância que a biblioteca exerce na sociedade, extravasando as atividades
�122
puramente informacionais e institucionalizadas, como consideram muitos.
Constata-se que, a trajetória evolutiva demonstra o quanto a biblioteca é
adaptativa e estratégica ao buscar novas formas de intervenção na sociedade.
Acredita-se, com base nessas considerações, que a função social da
biblioteca
abrirá
novos
espaços
de
trabalho,
tornando-as
centros
de
convivências, o que garantirá sua permanência no futuro, refutando, assim,
previsões exageradas e equivocadas.
Ao envolver-se com as questões sociais, a biblioteca torna-se um
ambiente democrático e, a partir disso, a função informacional ganha outras
dimensões, atuando no contexto de vida dos usuários, de modo que a
informação oferecida pelas bibliotecas possa agregar valor na vivência social.
Essa transfiguração oferecida pela função social permite que as práticas
informacionais realizadas nos acervos impressos, principalmente, tornem-se
desvinculadas da instituição mantenedora, ou dos suportes que possibilitam o
registro e a guarda informacional. Essa modificação confirma que a biblioteca,
o profissional que a sustenta e a própria Biblioteconomia tendem a se tornar
cada vez mais desinstitucionalizados, ou seja, contemplam instâncias muito
mais genéricas que extravasam os limites físicos dos acervos informacionais.
Com efeito, para que a função social se manifeste, a biblioteca assume
uma postura diferente, de modo a romper velhos paradigmas, pautados no
tecnicismo exagerado e na preocupação com a guarda em detrimento ao
acesso, para se tornar cada vez mais libertadora, democrática e flexível. Ou
seja, ela se desinstitucionaliza para se tornar dinâmica a ponto de atender as
múltiplas necessidades da sociedade.
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formatos e papéis em ambientes de informação. Ciência da Informação,
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BARROS, P. A biblioteca pública e sua contribuição social para a
educação do cidadão. Ijuí: UNIJUÍ, 2002.
�123
DRABENSTOTT, K.; BURMAN, C. Revisão analítica da biblioteca do futuro.
Ciência da Informação, Brasília, v. 26, n. 2, 1997.
GONÇALVES, M. G. S. A Biblioteca Pública do Paraná como instrumento
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en diálogo. 2008.
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RIBAS, C.; ZIVIANI, P. O profissional da informação: rumos e desafios para
uma sociedade inclusiva. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.
17, n. 3, p. 47-57, set./dez. 2007.
SANTA ANNA, J.; GREGÓRIO, E.; GERLIN, M. N. Atuação bibliotecária além da
biblioteca: o espaço de leitura do Hospital Universitário Cassiano Antônio de
Moraes (HUCAM). Revista ACB, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 77-88, jan./jun.
2014.
�124
PARTE III
REPENSANDO A
BIBLIOTECA E O
BIBLIOTECÁRIO
�125
CAPÍTULO VII
O PENSAMENTO DE DAVID LANKES PARA UMA NOVA
BIBLIOTECONOMIA
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira
1 INTRODUÇÃO
Dentre as transformações ocorridas no mundo contemporâneo (relações
sociais, política, econômica e tecnológica) a mais evidente é a tecnológica. As
tecnologias, efetivamente, impulsionam as mudanças de qualquer natureza. O
impacto na vida das pessoas é automático. As tecnologias no cotidiano
trouxeram novos padrões de comportamento. Vivemos um novo momento na
sociedade contemporânea, conforme pontua Lankes (2011), o momento é de
uma cultura participativa. As pessoas ao nosso redor estão se organizando. Os
cidadãos estão exigindo a participação nas decisões governamentais.
A 'mobilidade' que vivenciamos hoje deixa de ser puramente acesso a
uma tecnologia de informação e comunicação e torna-se 'comportamento'.
Com os smartphones e a web, a voz da comunidade é ampliada. As mesmas
pessoas que procuramos ajudar e disponibilizar o acesso à informação
expressam opiniões sobre a maneira como os produtos e os serviços são
oferecidos. Por outro lado, “uma parte da população mundial segue apartada
desse acesso, incluir essas pessoa segue sendo um problema econômico e,
também informacional” (ARAÚJO, 2018, p. 48).
Também, neste contexto, novos termos como a "pós-verdade" e as
denominadas "fake news" (notícias falsas) são fenômenos observáveis na
contemporaneidade, em que pessoas dão crédito a determinadas informações
por estar de acordo com suas crenças pessoais, independente de sua real
veracidade. As pessoas têm meios de verificar a veracidade das informações
disseminadas, seja pela mídia, seja nas redes sociais, mas há um desinteresse
�126
pela verdade, um apego a preconceitos, fundamentalismos, sobretudo, nesses
tempos de polarizações políticas e intolerâncias.
O que é surpreendente é que, através de todas essas mudanças e ainda
maiores ao longo dos séculos (o Renascimento, o Iluminismo, o
encanamento interno), o conceito de biblioteca sobreviveu. Para ser
mais preciso, o conceito de bibliotecas foi capaz de evoluir para atender
a um mundo em mudança (LANKES, 2011, p. 3, tradução nossa) 12.
As transformações tecnológicas impulsionaram mudanças também no
contexto
da
Biblioteconomia.
Desde
os
rolos
de
pergaminho,
ao
desenvolvimento da prensa de Gutemberg que permitiu a maior circulação de
informação, até a internet das coisas. Novos saberes e novas habilidades
foram necessários como resposta a esse novo contexto informacional.
Os bibliotecários e as bibliotecas têm um papel vital na promoção da
democracia e na erradicação das desigualdades dos direitos, desse modo, não
há tempo para a imparcialidade. A linguagem que usamos, a cor de nossa
pele, o lugar que crescemos e a nossa educação influenciam a maneira como
vemos, atribuímos significados e interagimos com o mundo. Não podemos ser
imparciais,
mas
podemos
ser
intelectualmente
honestos.
A
Nova
Biblioteconomia veio para consolidar tais valores.
R. David Lankes é professor e diretor da Escola de Biblioteconomia e
Ciência da Informação da Universidade da Carolina do Sul. É um apaixonado e
defensor dos bibliotecários e seu papel essencial na sociedade de hoje. Cunhou
o conceito da Nova Biblioteconomia oficialmente em 2011, com a publicação do
Atlas of the New Librarianship. As discussões iniciais em torno do conceito
começaram anteriormente. Em 2009, quando atuava como professor na
Universidade de Syracuse, foi o responsável pelo desenvolvimento do Mestrado
em Biblioteconomia e Ciência da Informação, cujas reflexões sobre a nova
maneira de pensar a Biblioteconomia foram iniciadas no âmbito de uma linha
de pesquisa específica sobre a temática. Posteriormente, o autor publicou as
seguintes obras sobre o assunto: Expect more: demanding better libraries for
12
What is amazing is that, through all of these changes and even greater ones over the
centuries (the Renaissance, the Enlightenment, indoor plumbing), the concept of the library
has survived. To be more precise, the concept of libraries has been able to evolve to meet a
changing world (LANKES, 2011, p. 3).
�127
today’s complex world, em 2012, e The New Librarianship field guide, em
2016.
No Brasil, a Nova Biblioteconomia de Lankes tornou-se amplamente
conhecida a partir do XXVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e
Documentação (CBBD), ocorrido em julho de 2015. Na ocasião, Lankes foi o
conferencista e nos falou sobre sua obra publicada em 2012 “Expect More:
demanding better libraries for today’s complex world”. Durante a palestra,
surgiu a ideia de lançar o livro, capítulo a capítulo, a cada 15 dias, no site do
autor, para que o conteúdo fosse divulgado amplamente para a comunidade
bibliotecária brasileira. “Vamos pensar juntos uma Nova Biblioteconomia?” foi a
pergunta que nos levou a refletir e engajar em prol de uma Nova
Biblioteconomia, à medida que cada capítulo era traduzido. Em 2016, a
Federação
Brasileira
de
Associações
de
Bibliotecários
e
Cientistas
da
Informação (FEBAB) lançou a versão em português da obra, intitulada “Expect
more: melhores bibliotecas para um mundo complexo”.
Com a Nova Biblioteconomia, R. David Lankes (2011) vem com a
proposta de mostrar uma possibilidade de caminho a seguir, neste contexto de
mudanças, desafios e oportunidades. Logo na introdução do Atlas of the New
Librarianship,
o
autor
menciona
que
temos
muitos
anos
de
tradição
biblioteconômica como inspiração para o nosso futuro, "não como um conjunto
de algemas" nos vinculando (LANKES, 2011, p. 2).
Assim, ao propor uma
Nova Biblioteconomia, Lankes nos convida a focar nossas atenções para a
aprendizagem, o conhecimento e a ação social, não somente para a
catalogação, o suporte físico da informação ou a infraestrutura física da
biblioteca.
Com isso, não se trata de afirmar que a catalogação, os livros ou a
infraestrutura não sejam importante. Trata-se de reforçar tais elementos em
sua devida perspectiva: como instrumentos de trabalho do bibliotecário. O
futuro das bibliotecas não são os edifícios, embora possam permanecer por
séculos. O futuro das bibliotecas é o bibliotecário.
Ressalta-se que não compreendemos a Nova Biblioteconomia como uma
forma especial ou realmente nova de Biblioteconomia. A Nova Biblioteconomia
�128
é uma proposta de construção basilar para uma mudança na área como um
todo (LANKES, 2011, 2012, 2016a, 2016b). Em linhas gerais, a Nova
Biblioteconomia de Lankes nos dá uma nova perspectiva, um novo olhar para a
Biblioteconomia que conhecemos e que vínhamos praticando ao longo do
tempo. Nas linhas que seguem, apresentamos um panorama geral da Nova
Biblioteconomia proposta por R. David Lankes, enfatizando o aspecto da
facilitação na atuação do bibliotecário.
2
RESSIGNIFICANDO
A
BIBLIOTECONOMIA:
A
NOVA
BIBLIOTECONOMIA DE LANKES
A constituição de uma Nova Biblioteconomia consistiu de um longo
trabalho realizado por R. David Lankes para desenvolver uma nova abordagem
teórica e prática da Biblioteconomia que conhecemos e praticamos. No contato
com
diferentes
instituições,
professores
e
bibliotecários,
com
várias
publicações e em conferências realizadas em pelo menos três continentes
diferentes, Lankes (2011) concebeu o conceito de Nova Biblioteconomia.
O autor utiliza a palavra “comunidade” no sentido mais amplo, não
restringindo a determinado grupo ou espaço geográfico. No âmbito da Nova
Biblioteconomia, a comunidade é entendida como um grupo de pessoas que
possuem uma variável em comum e tem conhecimento disso. Nesse sentido,
Lankes (2011, 2012) esclarece que devemos encarar cada indivíduo da
comunidade como membro, e não como usuário, cliente ou outros termos que
usamos recorrentemente. Desse modo, os serviços das bibliotecas são para
atender as necessidades da comunidade e não para a comunidade. Esse é o
fundamento da Nova Biblioteconomia. Lankes (2012, p. 95) afirma ainda que
os bibliotecários e a biblioteca devem adicionar novos valores à comunidade,
valores que contribuam com uma melhoria, que sejam capazes de guiar a
comunidade para um crescente desenvolvimento.
A Nova Biblioteconomia utiliza-se do conceito fundamental de que o
conhecimento é criado por meio da conversação (LANKES, 2011, p. 2). Assim
�129
sendo, envolve uma reformulação da Biblioteconomia tendo como base o
conhecimento e a conversação. Nesse contexto, os bibliotecários, que são os
profissionais que lidam com o conhecimento, atuam como facilitadores da
conversação. Portanto, o exercício de uma Nova Biblioteconomia está
condicionado à atuação do bibliotecário. Lankes (2011, p. 15) afirma que a
missão dos bibliotecários é melhorar a sociedade facilitando a criação de
conhecimento em suas comunidades. A missão do bibliotecário é global, no
sentido de que, independente do seu local de atuação, seja uma biblioteca, ou
um escritório jurídico, ou um hospital, a missão permanece a mesma. O
estabelecimento de uma missão para o exercício da profissão possibilita ao
bibliotecário uma visão de mundo que o oriente na tomada de decisões e na
sua responsabilidade social enquanto indivíduo.
Lankes (2011, p. 15) critica os bibliotecários, afirmando que sua visão de
mundo é direcionada aos artefatos e ao que corriqueiramente chamamos de
técnica, pois, notoriamente há uma dificuldade em separar os objetivos a partir
das ferramentas que utilizamos para alcançá-los. Nenhuma habilidade ou
ferramenta nos define bibliotecários. Em vez disso, é nossa missão e uma
visão de mundo que acompanha.
Conforme afirma Lankes (2011, p. 29),
temos agora de construir os bibliotecários para promover uma sociedade
baseada no conhecimento. Desse modo, devemos desenvolver uma visão de
mundo que transcenda as ferramentas. Desenvolver uma visão de mundo é
vital para as possibilidades que o mundo contemporâneo nos apresenta.
Atividades tradicionais como a organização da informação e a manutenção do
conhecimento registrado são meios para um fim. Não é a finalidade única de
nossa atuação. Assim sendo, se continuarmos definindo tanto bibliotecários
quanto
a Biblioteconomia,
propriamente, pelas
funções que
executam,
estaremos nos limitando.
Mudanças profundas ocorreram em nossa sociedade, no tocante às
tecnologias e a conectividade, a demografia e as relações sociais.
Aliar as
tecnologias com um novo enfoque sobre as comunidades nos permite pensar
melhores bibliotecas para a comunidade (LANKES, 2012, p. 85). Nesse
aspecto, Lankes (2011, p. 3) afirma que, embora, a tecnologia tenha trazido
�130
uma mudança revolucionária, considerar a tecnologia como o "único motor de
mudança é míope ao extremo".
O grande desafio é ajudar as pessoas a
tirarem proveitos das ferramentas digitais (LANKES, 2012, p. 18). A
capacidade de mudar e antecipar são produtos de uma visão de mundo
(LANKES, 2011, p. 18). Com as tecnologias de informação e comunicação,
bibliotecas de todos os tipos estenderam-se para a rede, a fim de prover
acesso e para ser uma nova alavanca para o desenvolvimento digital do
conhecimento.
Com o avanço da tecnologia, precisamos de menos espaço
para realizar nossos trabalhos. Devemos ceder esse espaço à comunidade para
o comércio de ideias. Conectando-nos ao nosso público, nossas faculdades,
nossas empresas, nossas igrejas e nosso governo, nos tornamos mais
essenciais. Desse modo, a missão e os nossos valores perduram; as
ferramentas e funções que usamos para alcançar essa missão é que mudam
com o tempo. É o bibliotecário que faz as coisas acontecerem; é o responsável
pelo impacto da biblioteca. Inspirar e informar para melhorar comunidades
devem ser a busca incansável dos bibliotecários.
A visão de mundo da Nova Biblioteconomia de Lankes se baseia em uma
teoria
de
como
as
pessoas
aprendem,
denominada
Teoria
da
Conversação. Também é formada por outras teorias e conceitos fundamentais,
tais como:
a Teoria da Motivação, que inclui a Teoria da Atribuição, a Teoria
da Expectativa, a Teoria da Definição de Metas e a Teoria da
Autodeterminação. Em linhas gerais, a combinação de teorias de
motivação representa uma série de abordagens conceituais para a
questão do que leva uma pessoa à ação. Para cumprir a missão, é
importante que os bibliotecários entendam a motivação, sobretudo,
para compreender melhor por que os membros usam determinado
serviço e por que os não membros não o fazem;
a Criação de Sentidos, que pode ser exemplificada com o conceito
de Sense-Making, de Brenda Dervin, amplamente estudada pela
comunidade brasileira, sobretudo, nos estudos de usuários da
informação. O conceito é utilizado pela Nova Biblioteconomia como
�131
metodologia para determinar como os membros da biblioteca
percebem os problemas;
o Construtivismo, em que a ênfase está no aprendizado ativo. O
significado
da
aprendizagem
ocorre
de
maneira
individual.
Bibliotecários não fazem o aprendizado acontecer; em vez disso,
eles criam as condições para o aprendizado e satisfazem a
necessidade de aprendizado por parte do membro (LANKES, 2011,
p. 27);
o Pós-modernismo, o qual “é criado nesse contexto como uma
forma de enfatizar a ação individual e a interpretação no trabalho
de Biblioteconomia” (LANKES, 2011, p. 27, tradução nossa)13. Os
debates pós-modernistas são, frequentemente, debates sobre o
caráter daquele que está interpretando.
A
Teoria
aprendizado,
da
Conversação
colocando
o
foco
se
da
concentra
no
conhecimento
Biblioteconomia
e
no
diretamente
no
comportamento e os efeitos dos serviços no indivíduo. O autor utiliza
elementos da Teoria da Conversação, de Gordon Pask, para afirmar que o
conhecimento é criado pela comunidade por meio do diálogo. Desse modo,
Lankes (2011, p. 63) aponta que, enquanto profissionais, estamos no negócio
do conhecimento, e assim sendo, estamos no negócio da conversação. Os
bibliotecários atuam como facilitadores de conversação, buscando enriquecer,
capturar, armazenar e divulgar os diálogos de suas comunidades (LANKES,
2011).
A Biblioteconomia não é sobre os artefatos14, é sobre o conhecimento e a
facilitação da criação de conhecimento (LANKES, 2011, p. 43). Tal afirmativa
não significa dizer que os livros e os computadores não são importantes.
Trata-se de dizer que são ferramentas que servem para um propósito. No
século XVI, em 1597, Francis Bacon pontuou que "o conhecimento em si
mesmo é poder". Isso não mudou. Estamos no século XXI e o conhecimento é
13
“[…] is brought up in this context as a way of emphasizing individual action and
interpretation in the work of librarianship” (LANKES, 2011, p. 27).
14
O autor utiliza a palavra “artefatos” para designar “conhecimento registrado”.
�132
uma porta de infinitas possibilidades para atuação cidadã das comunidades. Os
livros e as coleções raras, as ferramentas multimídias e as páginas da web são
instrumentos para inspirar, educar e provocar conversas e, por conseguinte,
aprendizado. Os livros, o prédio da biblioteca ou o processamento técnico da
informação não são o fim. Independentemente da tipologia, Lankes (2012)
aponta que a missão das bibliotecas é criar uma nação de cidadãos proativos e
informados, porque o futuro da comunidade está nas decisões e nos talentos
dos cidadãos. O simples uso não é suficiente se não contribuir para ajudar as
comunidades a aprender e tomar melhores decisões.
2.1
A
FACILITAÇÃO
DOS
BIBLIOTECÁRIOS
NO
CONTEXTO
DA
NOVA
BIBLIOTECONOMIA
O estereótipo de que o bibliotecário é um profissional isolado e calado
precisa deixar de existir (LANKES, 2012, p. 97). De acordo com Lankes (2011),
é por meio da declaração de uma missão do bibliotecário estabelecida pela
Nova Biblioteconomia que o campo pode evoluir para enfrentar os novos
desafios. Para isso, o autor alerta que o bibliotecário deve compreender que o
conhecimento é um recurso exclusivamente humano, obtido por meio de
conversas ativas, não um artefato ou item da coleção.
Assim sendo, definida a missão do bibliotecário de “melhorar a sociedade
facilitando a construção do conhecimento em suas comunidades”, devemos dar
voz a principal interessada em toda essa mudança paradigmática nas
sociedades contemporâneas: a comunidade. Nesse aspecto, Lankes (2011, p.
28) pontua a importância de aliarmos a missão do bibliotecário ao apoio da
comunidade, criando o que ele denomina em seu Atlas of the New
Librarianship, de pacto social entre a comunidade e os bibliotecários.
Se esperamos apoio de nossas comunidades na forma de impostos,
linhas orçamentárias ou doações, não devemos nos esquivar de negociar
os termos nos quais somos apoiados. Se permitirmos que o
financiamento continue baseado em antigas percepções de repositórios
discretos de livros, logo descobriremos que o financiamento vai embora.
As pessoas dirão que não precisam de armazéns de livros e nos cortam.
Então será tarde demais para mostrarmos o que realmente temos feito:
�133
conhecimento e empoderamento (LANKES, 2011, p. 29, tradução
nossa)15.
Retomando a missão do bibliotecário, como você vê a facilitação? Lankes
(2011, p. 80-81) nos conta que todo bibliotecário que conheceu tinha uma
história, grande ou pequena, sobre pessoas. Em todas as histórias tinha
sempre uma conversa. O autor pontua que mesmo que tenha sido por um
momento ou de uma forma pequena, aquela conversa, aquela solução
informacional tornou o mundo – de cada membro – um lugar melhor. Para
Lankes (2011, p. 81), a facilitação verdadeira e bem sucedida é quando um
bibliotecário ajuda o membro da comunidade encontrar a sua própria história.
A biblioteca, para colocar isso em um contexto político, é uma instituição
do povo ou para o povo? Sua resposta a essa pergunta, em última
análise, define como você vê a facilitação. Se você é para o povo, você é
uma ferramenta e separada. Facilitar é atuar em uma população. Você
tem usuários e clientes, não membros. Se, ao contrário, você sente que
a biblioteca é do povo, então facilitar é envolver e ajudar a comunidade
porque você está se ajudando. Você tem membros. Se você se vê como
uma ferramenta para as pessoas, você tem um emprego. Se você se vê
como um membro da comunidade, você tem uma vocação - um
chamado - uma missão (LANKES, 2011, p. 66, tradução nossa) 16.
O conceito de “facilitar a criação de conhecimento” prevista na missão
que norteia a Nova Biblioteconomia está intimamente ligado aos princípios
associados com o desenvolvimento de uma aprendizagem independente. De
acordo com Lankes (2011, p. 65), de uma maneira inicialmente aplicada, já
que o "fim" é negociado com a comunidade, há quatro meios de o bibliotecário
contribuir com a facilitação:
15
acesso: construindo uma ponte entre os “conversantes”;
conhecimento: tendo o domínio necessário para conversar;
“If we expect support from our communities in the form of taxes, budget lines, or
endowments, we must not shy away from negotiating the terms on which we are supported. If
we allow the funding to continue based on old perceptions of quiet book repositories, we will
soon find that funding going away. People will say that they don’t need book warehouses and
cut us. Then it will be too late for us to show what we have really been up to: knowledge and
empowerment” (LANKES, 2011, p. 29).
16
“Is the library, to put this in a political context, an institution of the people or for the people?
Your answer to that question ultimately defines how you see facilitation. If you are for the
people, you are a tool and separate. To facilitate is to act on a population. You have users and
customers, not members. If, in contrast, you feel as I do that the library is of the people, then
to facilitate is to engage and help the community because you are helping yourself. You have
members. If you see yourself as a tool for the people, you have a job. If you see yourself as a
member of the community, you have a vocation—a calling—a mission” (LANKES, 2011, p. 66).
�134
ambiente: fornecendo uma plataforma onde um membro pode se
sentir seguro para participar; e
motivação: compreensão, apoio e, em alguns casos, transmitindo
o desejo de participar.
A
nossa
(catalogação,
formação
metadados,
em
Biblioteconomia
recuperação
da
está
focada
informação
no
etc.).
acesso
Estamos
habituados a focar no acesso material da informação, nos artefatos. No
entanto, o acesso para os membros é uma via de mão dupla na Nova
Biblioteconomia. Essa é uma parte fundamental da Nova Biblioteconomia: os
membros precisam de auxílio somente para conversar com outras pessoas,
mas também para fornecer acesso ao seu próprio conhecimento e artefatos
(LANKES, 2011, p. 67). Passar a maior parte do tempo trabalhando com os
membros da comunidade e organizações comunitárias, tornando seu conteúdo
acessível, focando a produção e não somente a compra, é o futuro dos
bibliotecários e das bibliotecas (LANKES, 2011, p. 67). Em linhas gerais, o
acesso é a maneira de conseguir com que uma pessoa participe de um diálogo,
seja por meio de artefatos ou de redes digitais. Além de possibilitar o acesso
aos
artefatos
e
ao
conhecimento
produzido
pela
própria
comunidade,
precisamos fornecer acesso ao espaço físico e digital da biblioteca. Para Lankes
(2011, p. 71), sendo o trabalho do bibliotecário facilitar a criação de
conhecimento por meio da conversação, as ferramentas construídas pelos
bibliotecários também devem fazê-lo. O grande diferencial desse aspecto da
Nova Biblioteconomia é o acesso a diálogos e conhecimentos reais, para
contribuir para a construção do conhecimento pela comunidade.
Fornecer acesso aos artefatos ou as conversas não é suficiente para o
conhecimento, haja vista a quantidade de informações disponíveis a qualquer
pessoa com acesso à internet. Há tempos, bibliotecários contribuem com a
necessidade de ir além de oferecer acesso e instrução, especialmente, nos
serviços de referência. Segundo Lankes (2011, p. 73), os bibliotecários, além
de transmitir todas as instruções sobre como pesquisar e avaliar fontes, devem
instruir sobre como transformar o novo conhecimento em uma conversa eficaz
(on-line, pessoalmente ou de outra forma), proporcionando um benefício para
�135
a comunidade. Ao participar de uma conversa, cada membro da comunidade
provavelmente vem com um conceito básico sobre determinado assunto, mas
com a participação adicionam mais conceitos ao seu conhecimento existente,
como resultado de um grande número de diálogos anteriores (LANKES, 2011,
p. 72). Em linhas gerais, no tocante ao conhecimento, os conceitos de Nova
Biblioteconomia exigem uma série de expansões em todos os tipos de
alfabetização. Nesse sentido, Lankes (2011) nos convida a olhar para
alfabetização como uma forma de empoderamento da comunidade. “Os
bibliotecários, eu diria, precisam enxergar a alfabetização como um meio de
adquirir poder - na maioria das vezes, poder para os que não têm poder”
(LANKES, 2011, p. 74, tradução nossa)17. Para Lankes (2011, p. 75), na Nova
Biblioteconomia, todos os perfis de bibliotecários promovem a alfabetização
para capacitar os membros: facilitando habilidades na aquisição de poder.
Ao propiciar conversas para construção do conhecimento coletivo pela
comunidade, preparando-as para participar como igual, por meio do acesso e
do conhecimento, depende do fornecimento de um ambiente seguro para
participar, criar e aprender. A segurança se refere a dois aspectos: a sensação
de segurança física, muitas vezes enfatizada nas configurações de biblioteca
pública que fornece segurança intelectual e cultural; e a segurança do uso dos
bibliotecários para facilitar o conhecimento em muitos contextos. Conceitos
como liberdade intelectual e privacidade são valores fundamentais de qualquer
biblioteca.
Aliada ao ambiente seguro, atraente e desafiador, a motivação é um
elemento complementar. Lankes (2011, p. 26) afirma que é fundamental que
os bibliotecários tenham uma melhor compreensão acerca da motivação. Isso
para compreender melhor porque os membros da comunidade usam o serviço
da biblioteca (e porque não-membros não utilizam). Assim sendo, o autor
aponta que os bibliotecários podem começar a motivar o uso da biblioteca,
tendo uma postura mais proativa na vida de seus membros e na construção do
conhecimento. Lankes (2011, p. 79) afirma, ainda, que o bibliotecário deve
17
“Librarians, I would argue, need to view literacy as a means of acquiring power — more
often than not, power for the powerless” (LANKES, 2011, p. 74).
�136
entender a motivação para construir serviços que não seja simplesmente útil
para os membros, mas que reconheçam as razões dos membros para utilizar o
serviço.
Em linhas gerais, os meios de facilitação mencionados são, em última
análise, uma forma de capacitar bibliotecários e membros (LANKES, 2011, p.
80). Ler, chamar a atenção das pessoas, motivar e mediar a comunicação
entre os membros da comunidade requerem um facilitador poderoso. Para
Lankes (2011), o poder de ser um bibliotecário está em não ver as pessoas
como problemas, mas como membros em necessidades - necessidade de
serviços, suporte, alfabetização e, sobretudo, o poder de criar e aprender, não
simplesmente necessidades para a sobrevivência. O bibliotecário nem sempre
esteve consciente de todo o poder e da responsabilidade em fazer uso do
poder. Sempre imerso em suas tarefas cotidianas de organizar e preservar, o
bibliotecário
pouco
se
dá
conta
de
sua
importância
na
sociedade
contemporânea. “Muitos bibliotecários revivem a história e estão presos num
conservadorismo profissional que privilegia o que eles fazem em detrimento
das razões por que o fazem” (LANKES, 2016a, p. 23). Corroborando a essa
afirmativa, Macedo (1986, p. 219) pontuou que “apesar de todo o progresso
científico, a Biblioteconomia e seus profissionais ainda teimam por manter a
velha atitude de encarar o conhecimento como algo pronto a ser adquirido e
reproduzido”.
Eis
conhecimento
não
o
é
grande
um
diferencial
algo
pronto
da
para
Nova
Biblioteconomia.
adquirir
e
reproduzir;
O
o
conhecimento é uma construção social e a missão do bibliotecário é facilitar a
criação do conhecimento com os membros da comunidade e não para a
comunidade. A comunidade é o verdadeiro acervo.
O bibliotecário é capaz de contribuir com a solução de problemas sociais
da comunidade se tornar-se parte da comunidade, não um prestador de
serviços informacionais. Samek (2007, p. 4) afirma que os bibliotecários
desempenham um papel importante na preservação e no apoio aos ideais de
tolerância, democracia, direitos humanos, direitos e memória coletiva em
muitas partes do mundo. Por meio de uma visão de mundo de uma
Biblioteconomia que transcenda as ferramentas para a organização da
�137
informação e manter o conhecimento registrado, o bibliotecário pode contribuir
com a erradicação do analfabetismo e facilitar a integração de sociedades
multiculturais, por exemplo. Assim sendo, o bibliotecário deve ajudar a
promover o livre acesso democrático e socialmente igualitário às informações.
“[...] Nas mãos de bibliotecários, o poder é a capacidade de fazer as nossas
comunidades e, finalmente, a nossa sociedade, um lugar melhor” (LANKES,
2011, p. 80). O bibliotecário não deve contribuir com a construção do
conhecimento pela comunidade porque é uma boa ideia, mas porque a ideia
deve ser essa. Pensar nas pessoas, no usuário, na comunidade, é uma
tendência contemporânea da área que pode ser observada em diferentes
vertentes. A Biblioteconomia que todos queremos deve ultrapassar fronteiras
(LANKES, 2016a).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a Nova Biblioteconomia, R. David Lankes nos convida a reafirmar as
raízes da Biblioteconomia não centrada no prédio da biblioteca, ferramentas e
coleções, mas no conhecimento, na comunidade e no avanço da condição
humana. A Nova Biblioteconomia de Lankes nos dá uma nova perspectiva, um
novo olhar, para a Biblioteconomia que conhecemos e que vínhamos
praticando ao longo do tempo. Em linhas gerais, o que as bibliotecas e os
bibliotecários fazem é facilitar a criação do conhecimento, e isso é apenas um
aspecto da missão, trabalhando para tornar a comunidade mais inteligente por
meio do fornecimento do acesso e da criação do conhecimento; ao fornecer
treinamentos, contribuindo com a aprendizagem; proporcionando segurança
física e intelectual e motivando a comunidade (LANKES, 2011, 2012). Embora
as ferramentas sejam importantes, a verdadeira definição de nossa profissão
ou de qualquer profissão é o seu impacto e uso. Nós não devemos nos definir
por nossos objetivos. Não somos organizadores, somos facilitadores. Nós não
somos colecionadores, mas aqueles que inspiram novas ideias. A mudança
fundamental é de coisas para o conhecimento humano.
�138
A construção de uma Nova Biblioteconomia sob uma base sólida de
dignidade humana, liberdade, justiça social e diversidade cultural requer que
os bibliotecários atuem de forma constante e implacável sobre as questões
sociais, políticas, culturais, legais, econômicas, tecnológicas e ideológicas
(SAMEK, 2007, p. 43). Ou seja, a chave para uma biblioteca bem sucedida e
para uma Nova Biblioteconomia é o bibliotecário.
realmente
desejam
melhorar
a
sociedade
por
Se os bibliotecários
meio
da
facilitação
do
conhecimento, eles não só devem ter suas vozes ouvidas, como também
trabalhar constantemente para melhorar a sociedade por meio da ação; assim,
os bibliotecários serão ativistas. Ser da comunidade no conceito e na ação é o
aspecto que merece destaque e atenção dos bibliotecários. Mais que oferecer
novos serviços e produtos com as tecnologias digitais é a relação com a
comunidade que muda. Trata-se de uma mudança na visão de mundo aliada a
missão do bibliotecário de contribuir com a facilitação da criação do
conhecimento para a melhoria das comunidades. “Vamos trabalhar juntos?”
(LANKES, 2016a, p. 169).
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Biblioteconomia: fundamentos e desafios
contemporâneos. Folha de Rosto: Revista de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, v. 3, n. 1, p. 68-79, jan./jun. 2017.
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila Araújo. O que é ciência da informação. Belo
Horizonte: KMA, 2018.
LANKES, R. David. The Atlas of new Librarianship. Cambridge: The MIT
Press, 2011.
LANKES, R. David. Expect more: demanding better libraries for today’s
complex world. Jamesville, NY: Riland Publishing, 2012.
LANKES, R. David. Expect more: melhores bibliotecas para um mundo
complexo. São Paulo: FEBAB, 2016a.
LANKES, R. David. The New Librarianship field guide. Cambridge: The MIT
Press, 2016b.
�139
MACEDO, Iara Ferreira de. A ideologia na Biblioteconomia: uma reflexão.
Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 15, n.
2, p. 210-221, set. 1986.
SAMEK, Toni. Librarianship and human rights: a twenty-first century guide.
Oxford, England: Chandos, 2007.
�140
CAPÍTULO VIII
BIBLIOTECAS CONTEMPORÂNEAS COMO ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA
Rômulo Mansur Lauar Júnior
1 INTRODUÇÃO
Das figuras rupestres ao e-book, estamos diante de um grande e
paradoxal sistema de informações que, a cada dia, se avolumam e precisam,
de alguma maneira, ser organizadas e tratadas a ponto de estarem disponíveis
aos usuários e usuários pesquisadores. Ao passo que a pesquisa se avoluma e
todo o sistema de informações vai se integrando, vamos entrando numa seara
de tornar as bibliotecas em espaços de convivência, onde pessoas discutem
ideias, trabalham em consonância umas com as outras e novas perspectivas de
usabilidade dos espaços reservados a esse fim são pensadas.
Trazendo um breve histórico, cujos primeiros registros da trajetória
humana aparecem, temos algumas reflexões:
A história do homem é parte reduzida da trajetória humana uma vez
que a pré-história é muito maior. Os primeiros registros de ações e
reflexões são recentes. Da pedra, argila, papiro, pergaminho e papel à
memória das máquinas, o salto foi curto: poucos milhares de anos.
Nesse período, relativamente breve, o homem, em paralelo à
capacidade de registrar o pensamento, aprendeu a organizar esses
documentos, fazendo com que os registros precedentes fossem
determinantes do pensamento subsequente (MILANESI, 2002, p.15).
E, dessa forma, foi-se formando, por meio das informações, os
conhecimentos que tornam a Biblioteconomia uma ciência interdisciplinar, que
cuida
da
preservação,
recuperação,
organização
e
disponibilização
do
conhecimento para aqueles que o buscam.
Como nossa profissão é uma profissão essencialmente social, uma
profissão de mediação e de contato, de “fazer com o outro”, de fazer
para o outro, o bibliotecário só tem a ganhar com a colaboração com
outros profissionais. Esta tendência de trabalho interdisciplinar é uma
tendência mundial. Tudo indica, e esta é uma visão pessoal desta
�141
realidade, que esta maior visibilidade do bibliotecário tem levado os
profissionais de outras áreas a uma maior curiosidade com relação ao
nosso fazer (CUNHA, 2003, p. 43).
Citação
valorosa
de
Cunha,
em
que
o
autor
evidencia
a
interdisciplinaridade da Biblioteconomia e da Ciência da Informação, nos
direcionando a uma relação de cooperação em relação aos profissionais de
outras áreas.
Dia após dia, temos visto que muitos meios estão sendo questionados e
inseridos nas bibliotecas com a finalidade de torná-las mais atraentes para a
nova geração que estamos vivenciando, onde os meios digitais são e fazem
parte do aprendizado adquirido por ela. Sendo assim, trataremos, neste
capítulo, das bibliotecas como espaço de convivência e suas particularidades,
apresentando novas maneiras e, acima de tudo, demonstrando a sua evolução
por
lapso
temporal,
além
de
observar
o
aspecto
empreendedor
dos
bibliotecários no exercício de suas funções, diante de um mercado que, a cada
dia, se abre mais, num leque de opções de atuação dos sujeitos ativos dessa
profissão, que vai desde as ciências médicas, exatas e jurídicas, entre tantas
outras.
2 DA IDADE ANTIGA À IDADE CONTEMPORÂNEA
Para melhor compreensão do contexto, buscaremos traçar uma breve
linha do tempo com o processo de evolução da sociedade e das suas
descobertas, ou seja, de onde viemos e como chegamos até os dias atuais.
Há cerca de 4000 anos, houve o surgimento da escrita, que veio dos
povos hebreus e persas que ocupavam as regiões da Mesopotâmia, Egito,
Grécia Antiga e Roma.
Seguindo os passos da história, damos um grande salto para a Idade
Média, que data do ano 476 d.c, marcada pelo feudalismo, pela queda do
Império Romano e também pelas cruzadas, em que foram difundidos muitos
conhecimentos que eram impostos aos povos a que esses impérios e as
cruzadas eram submetidos.
�142
A Idade Moderna, 1453 d.c, trouxe no seu bojo o renascimento, grandes
reformas, principalmente a religiosa, as navegações e o mercantilismo, sendo
possível a difusão de muitos conhecimentos na sociedade. Nesse período,
muitas culturas de diversos povos foram sendo descobertas e suas formas de
preservação, absorvidas pelos colonizadores, que se apropriavam e impunham
aos povos o seu modus vivendi. Nesse período, também vivenciamos a
Primeira Revolução Industrial, o Iluminismo, o descobrimento da América e,
por fim, o descobrimento do Brasil.
Concluímos esse rápido passeio pela história até chegarmos à Idade
Contemporânea, em 1789. Nela, podemos verificar a Revolução Francesa como
grande marco do período, a Segunda Revolução Industrial, trazendo mais
altivez à sociedade e mais conhecimento, maior interação entre os países e
grande difusão de ideias.
Na Idade Contemporânea, também vivenciamos as 1ª e 2ª Guerras
Mundiais, que tornaram o mundo mais dividido, tempo de grande avanço da
ciência por motivo da Guerra Fria traçada entre o oriente e ocidente, viagens
espaciais, avanço nas telecomunicações, corrida armamentista e grandes
desastres humanitários causados por governos fundamentalistas.
E, depois de tantas informações em um período relativamente curto de
nossa história, entramos na era da globalização. Era de integração social,
econômica, política e cultural, estabelecida entre os países do mundo.
Partimos de uma comunicação limitada, por meio de rádios e televisores,
até chegarmos na era da internet, que veio pôr fim a muitas barreiras que
atuavam contra a disseminação do conhecimento. Porém, devido a ela,
estamos tendo que nos adequar e aprender a lidar com o grande volume de
informações que nos chegam a todo instante.
Daí a necessidade de além de tornar a biblioteca como uma fonte de
informação muito importante e insubstituível para a preservação dos nossos
registros, fazer dela um espaço de convivência para que continue sendo
utilizada com intuito de pesquisas e de diálogo, novos ideários e de
transformação.
�143
3 AS BIBLIOTECAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS
Quando falamos em biblioteca, de acordo com o site “bibliotecários sem
fronteiras”, temos o seguinte conceito:
Biblioteca (do grego βιβλιοϑήκη, composto de βιβλίον, “livro”, e ϑήκη,
“depósito”), na definição tradicional do termo, é um espaço físico em
que se guardam livros. De maneira mais abrangente, biblioteca é todo
espaço (concreto, virtual ou híbrido) destinado a uma coleção de
informações de quaisquer tipos, sejam escritas em folhas de papel
(monografias, enciclopédias, dicionários, manuais etc.) ou ainda
digitalizadas e armazenadas em outros tipos de materiais, tais como CD,
fitas, VHS, DVD e bancos de dados. Revistas e jornais também são
colecionados e armazenados especialmente em uma hemeroteca
(BIBLIOTECÁRIOS SEM FRONTEIRAS, 2008, não paginado).
Dessa maneira, notamos que, partindo dessa concepção, as bibliotecas
são espaços físicos que se destinam à guarda de livros, monografias,
dicionários, enciclopédias, entre outros tipos de mídias, inclusive bancos de
dados.
Com todo esse contexto, percebemos que, mediante a essa definição,
esses espaços físicos trazem por si uma perceptível e consensual vocação para
se tornarem lugares de convivência entre os seus usuários, utilizando seus
campos para debates e enfrentamentos de discussões sobre teorias e estudos
práticos.
Mundo afora, já vemos muitas bibliotecas bastante intuitivas, onde os
usuários são protagonistas e fazem grande parte do processo de estudos e
investigações com a ajuda dos meios que elas dispõem.
Laboratórios de informática, utilização de plataformas digitais, cujo
acervo encontra-se digitalizado, o que favorece o acesso aos documentos
quase que em tempo real, são facilidades das bibliotecas mais modernas, o
que não faz menos importante que essas mesmas informações estejam nas
estantes dispostas e prontas para consultas, de forma física.
É sensível que temos que nos ater aos novos tempos e perceber a força
da rede mundial de computadores e sua enorme atividade que se impõe sobre
todas as pessoas, os smartphones, tablets, leitores de livros digitais, páginas
direcionadas à leitura, bibliotecas digitais, repositórios, bases de dados e
outras maneiras de mídias que vêm surgindo para facilitar o acesso à leitura e
�144
informações contidas nas bibliotecas em todas as suas nuances. Além disso, é
evidente que essa tecnologia tem a capacidade de promover, a ponto de tornar
as bibliotecas centros de convivência mais efetivos entre as pessoas,
viabilizando a inclusão digital. Reforça-se que, mesmo sendo senso comum
que os meios digitais vieram para ficar e se aprimorar, ainda temos milhões de
pessoas que precisam se adequar, aprender e se aventurar por essas novas
faces das bibliotecas.
Cerveró e Gonzáles (2011) apregoam que “a inclusão digital tem como
interesse a inclusão de todas as pessoas na sociedade da informação,
especialmente os grupos com maiores dificuldades de acesso às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC)”. Resta, aí, um grande aprendizado e
formalização de que, para que haja a convivência plena, temos que nos ater à
necessidade da inclusão, porque, sem a sua efetivação, não existe uma
comunicação real, qual seja, estaríamos falando em duas línguas diferentes no
mesmo espaço.
A Biblioteconomia, no seu fazer de atividades, estende-se por muitas
outras áreas, cujo bibliotecário, ou até mesmo o estudante de Biblioteconomia,
exerce funções diversas a sua atuação dentro (ou fora) das bibliotecas, salas
de leitura e centros de informação.
As possibilidades de atuação dos bibliotecários vêm, a cada dia,
alcançando
maior
espaço
na
sociedade
contemporânea,
tal
como
em
escritórios jurídicos na atividade de pesquisas jurídicas, no atendimento de
empresários que precisam de informações confiáveis, a respeito de temas que
lhes interessam; na análise de informações estratégicas do setor bancário,
com a finalidade de que esse setor incorra em menos riscos nas suas
atividades; dentre muitas outras atividades, possibilidades e campos de
atuação bibliotecária.
4 BIBLIOTECAS: CENTROS DE CONVIVÊNCIA?
Partindo do pressuposto de que uma biblioteca seja um lugar silencioso,
onde as pessoas não podem conversar para não comprometer o estudo alheio,
�145
apresenta-se esse questionamento, a fim de ser discutido e debatido neste
momento.
A informação é um fator de grande relevância para a formação das
pessoas, pois possibilita a liberdade de pensamento, de livre iniciativa, da
construção de sua própria cidadania. Não podemos coibir as diversas formas
de expressão nem mesmo cercear os cidadãos de uma sociedade civil
organizada, de ter acesso àquilo que almejam. Quaisquer que sejam os
espaços públicos, precisamos fazer com que as pessoas se apropriem e façam
uso dos conhecimentos adquiridos por meio de pesquisas, livros, filmes e
acesso à internet de maneira que a inclusão seja efetiva e não apenas, fazendo
alusão ao ilustre poeta mineiro Drummond de Andrade, “[...] apenas uma
fotografia na parede”.
Nos escritos de Saracevic, “a informação é fator vital tanto para a
subsistência do indivíduo como da sociedade. O grau de desenvolvimento de
uma sociedade pode ser evidenciado pela qualidade de informação disponível
para a sua comunidade”.
Subentende-se, portanto, que as bibliotecas têm seu papel reafirmado
como lugar onde as pessoas desenvolvem suas capacidades cognitivas,
fazendo, dessa maneira, uma sociedade mais plena de pessoas que tenham
discernimento, melhorando, assim, a qualidade de toda uma população.
O desenvolvimento da relação entre Ciência da Informação e Ciência da
Comunicação apresenta várias dimensões: um interesse compartilhado
na comunicação humana, juntamente com a crescente compreensão de
que a informação como fenômeno e a comunicação como processo
devem ser estudados em conjunto (VARELA, 2011, p. 1).
Por essa leitura, entendemos ainda mais o valor das bibliotecas como
centros de convivência, lugares onde as pessoas melhor se informariam e
formariam suas opiniões mediante ao acervo, mas também, do contato com
outros usuários.
Trazer as bibliotecas aos centros de convivência é um caminho para
fomentar o contato das pessoas com livros e com equipamentos culturais.
Precisamos, cada vez mais, aumentar a rede de bibliotecas públicas e levá-las
às periferias dos grandes centros, promovendo a interiorização para que as
�146
pequenas cidades do país também tenham mais opções de espaços de
convivência para seus cidadãos.
Trazer os centros de convivência às bibliotecas é parte de uma inversão
que nos dá a capacidade de fazer dos bibliotecários sujeitos ativos e capazes
de transformar seu fazer profissional dentro das unidades de informação para
além desses espaços; basta que esses sujeitos percebam os nichos de
mercado e trabalhem as suas habilidades adquiridas na academia.
A partir dessa caracterização das bibliotecas como espaços de convívio,
faz-se necessário ampliar a captação de frequentadores, resolver questões
ligadas ao grande número de pessoas, verificar a possibilidade de obter
alguma contraprestação com esse trabalho, dentre outras necessidades. Outro
ponto de grande relevância diz respeito ao fato de os profissionais gostarem do
que estão se propondo a fazer, e se nesses locais existe um mercado que
alimente seu empreendimento.
5 EMPREENDER COM BIBLIOTECONOMIA
Empreender no sentido estrito significa:
Criar opções de melhor desempenho, ganho ou lucro. Transformar
rotinas de trabalho de forma a gerar mais produtividade, ter ideias
inovadoras e desafiadoras. Capacidade de enxergar além do cotidiano,
solucionar com habilidades e criatividade. Ter visão de dono
(DICIONÁRIO INFORMAL, 2018, não paginado).
Proveniente das ciências administrativas, o empreendedorismo é cada
vez mais bem visto pelos bibliotecários, que, nas suas habilidades e funções,
conseguem desenvolver diversos trabalhos e atender áreas paradoxais por sua
vocação interdisciplinar.
Partindo desse pressuposto, em que a informação é a nossa matériaprima, da convergência de tecnologias, do antigo e do presente, das novas
formas de se qualificar e verificar informações importantes, faremos uma
breve comparação ao que diz respeito ao fazer bibliotecário, que é de
recuperar e disseminar informações aos usuários. Trocaremos usuários por
�147
clientes
e
elencaremos
algumas
das
formas
de
empreender
com
Biblioteconomia, discorrendo sobre três formas de empreendimentos que
podem ser utilizadas no contexto das bibliotecas contemporâneas, a saber:
-
Empreendimentos
empresariais:
Referem-se
à
criação
de
empresas, geração de lucro, empregos, movimenta a economia e agrega valor
à sociedade;
- Empreendimentos sociais: Instituições sem fins lucrativos que têm
sua atuação na área social ou por instituições privadas por meio da
responsabilidade
social,
investindo
em
soluções
de
desenvolvimento
sustentável e projetos culturais;
- Empreendimentos culturais: No Brasil, são entidades geralmente
mantidas pelo governo e não possuem fins lucrativos, como, por exemplo,
museus, teatros e bibliotecas.
Por meio desse contexto, percebemos como o empreendedorismo pode
contribuir bastante para a melhoria da vida das pessoas, bem como gerar
novas oportunidades de trabalho para os bibliotecários e promover a
reconstituição e redefinição das bibliotecas.
As opções oferecidas pelas novas formas de trabalho podem ser
bastante compensadoras. Espera-se que os profissionais tenham
criatividade para perceber mercados inexplorados, considerando sempre
as suas competências, habilidades e aptidões para lidar com o conteúdo
da informação e com o usuário da informação (REVISTA ACB, 2016, não
paginado).
É de total importância, a partir da citação anterior, que o bibliotecário
tenha em si um perfil empreendedor, o que facilita bastante sua inserção
nesse mercado gigantesco que se abre, fazendo com que novos olhares sejam
lançados à Biblioteconomia contemporânea e seus espaços de convivência.
Traçando um cenário do empreendedorismo no Brasil, temos várias
empresas que fomentam esse perfil e que dão suporte para quem quer se
aventurar nessa área:
- O SEBRAE viabiliza suporte a quem quer abrir seu próprio negócio;
- O Portal do empreendedor traz informações importantes e dicas sobre
como abrir novos negócios nas suas respectivas áreas;
�148
- A EndeavorBrasil está mais ligada à capacitação e ao networking entre
pessoas que querem partir para essa área, entre tantas outras empresas
júnior, que estão localizadas nas universidades e que prestam consultoria para
que pessoas que pretendem abrir seus negócios tenham maiores condições de
fazer suas ambições darem certo.
6 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO
Empreender é a palavra do futuro e do presente quando falamos de
Biblioteconomia. Cada vez mais, temos muitas oportunidades na área e vagas
que vão sendo abertas. No entanto, o volume de bibliotecários formados não é
suficiente
para
compô-las
no
gerenciamento
dos
grandes
centros
de
informação. Temos um volume grande de bibliotecas escolares, porém, as leis
que deveriam ser cumpridas, no Brasil, são atropeladas por interesses
financeiros e as escolas, bem como o Estado, não dão a importância
necessária.
É preciso estar atento tanto na formação quanto na atuação, buscar
caminhos, capacitação frequente e estar disposto a se relacionar com
profissionais de diversas áreas, o que trará, sem nenhuma dúvida, maior
know-how aos bibliotecários.
Entender de processos gerenciais, identificar as necessidades das
pessoas e dar a elas soluções reais, que as abasteça com as
informações solicitadas. O fornecimento de determinada prestação de
serviço, em geral por profissional qualificado e conhecedor do tema. O
serviço de consultoria oferecido ao cliente acontece por meio de
diagnósticos e processos e tem o propósito de levantar as necessidades
do cliente, identificar soluções e recomendar ações. De posse dessas
informações, o consultor desenvolve, implanta e viabiliza o projeto de
acordo com a necessidade específica de cada cliente (UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA, 1998, p. 2).
A partir dessa premissa, percebemos a importância de agregar valor ao
perfil do bibliotecário, fazendo desse profissional um sujeito capacitado e apto
a atender os usuários e usuários pesquisadores de maneira objetiva e
qualificada, não apenas fornecendo bibliografias solicitadas, mas fomentando
pesquisas com seus conhecimentos.
�149
Temos, diante de nossos olhos, desafios, que nos revelam uma imensa
demanda de serviços e atividades que os bibliotecários podem cumprir de
forma eficiente. Entretanto, ainda precisamos de maior empenho nos cursos de
Biblioteconomia em formar empreendedores.
As disciplinas de empreendedorismo no curso de Biblioteconomia ainda
são poucas e os profissionais conhecem pouco do mercado, estando a mercê
dos estágios para terem essa percepção do “ir além” das estantes de livros,
para se estabelecerem num mercado cada dia mais competitivo.
Empresários da informação – este grupo é constituído por profissionais
da informação que criam empresas de fabricação e venda de produtos
ou serviços de informação, o produto da informação pode ser um banco
de informações especializadas, um programa de computador,
publicações, índices, catálogos etc. (LE COADIC, 1996, p. 6).
Com essa concepção, percebemos que o autor trata como “empresários
da informação” aqueles que criam empresas e vendem serviços de informação,
como também compartilham esses serviços para uma nova sociedade, como
tem sido evidenciado a partir do trabalho realizado pelos bibliotecários ao
ampliarem a função e o espaço da biblioteca, o que vem ao encontro com todo
o conteúdo que colocamos disposto, neste capítulo.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, compreendemos que as bibliotecas contemporâneas como
centros de convivência são, na sua grande maioria, viáveis e que, nas suas
diferentes modalidades, poderão apresentar ao público práticas e dinâmicas
culturais que venham a atrair mais usuários no dia a dia.
Podem ser espaços convidativos, com variados perfis de atendimento e
que reúnam os mais distintos perfis de usuários, trazendo para si a grande
variedade de movimentos culturais que estão presentes na nação brasileira,
disponibilizando espaços que não sejam necessariamente para a leitura.
�150
As bibliotecas contemporâneas têm um caráter de diversidade, cujas
variadas classes sociais e idades podem discutir experiências, acessar a
internet, ler jornais, revistas e, também, fazer pesquisas.
Nesse contexto, com a grande utilização de meios digitais, é possível
trabalhar na construção de blogs, fortalecer espaços digitais para discussões,
estimular processos referentes à inclusão digital de crianças, jovens e adultos,
promover rodas de conversa, oficinas das mais variadas, dentre outras
atividades.
Bibliotecas contemporâneas têm muito mais que estudantes para
atender, elas têm a sociedade para servir, ajudar e desenvolver, ampliando
seus horários de atendimento, estendendo suas programações à sociedade civil
organizada, e mais: podem, ainda, construir vínculos com grupos sociais para
a música, espetáculos, contações de histórias, trabalhar com educação e
cultura e, dessa forma, criar um elo da população com o patrimônio que é de
cada cidadão por direito.
Por essa ótica, vemos que empreender vai muito mais além do que ter
apenas boas ideias; antes, faz-se necessário planejamento, percepção de
cenários, capacidade de verificar os movimentos da sociedade, ter espírito de
liderança, formar boas e eficientes parcerias que tenham os conhecimentos
necessários para o que se pretende fazer.
Durante a graduação, muitos estudantes já começam a perceber essas
singularidades da Biblioteconomia, uma vez que a maior parte dos estágios
que surgem são em tribunais, no Ministério Público, em escritórios de
advocacia, em associações de classe, e por aí vai.
Dessa forma, o caráter empreendedor da Biblioteconomia é fato
esclarecido e consumado entre os doutrinadores mais modernos desse campo
da Ciência da Informação, tendo, claro, as nossas bibliotecas nas suas várias
interfaces como nosso principal objetivo, mas também podemos e devemos
usar as nossas habilidades que o curso de Biblioteconomia nos proporciona
para empreender e fazer a profissão caminhar passo a passo com as novas
tecnologias e com a evolução da sociedade.
�151
Temos um futuro promissor, visto que a sociedade está em constante
evolução. Por esse motivo, temos que nos alinhar e não perder o compasso da
história, para que possamos fazer com que a profissão de bibliotecário se
perpetue e seja cada vez mais solícita às aspirações de um tempo em que as
informações são nossos desafios, tamanha a quantidade que nos é passada a
todo instante.
REFERÊNCIAS
BIBLIOTECÁRIOS SEM FRONTEIRAS. Bibliotecas. 2008. Disponível em:
<https://bsf.org.br/2008/12/30/por-uma-definicao-de-biblioteca/>. Acesso
em: 19 set. 2018.
CERVERÓ, Aurora Cuevas; GONZÁLES, Inmaculada Vellosillo. Inclusão Digital e
informacional como inclusão social. In: CUERVAS, Aurora; SIMEÃO, Elmira
(Cord.). Alfabetização Informacional e inclusão digital: modelo de
infoinclusão social. Brasília: Thesaurus, 2011. p. 55-70.
CUNHA, Murilo. O papel social do bibliotecário. Encontros Bibli: Revista
Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 8, n.
15, p. 41-46, 2003. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/99/5234>. Acesso
em: 27 set. 2018.
DICIONÁRIO INFORMAL. Empreender. 2018. Disponível em:
<https://www.dicionarioinformal.com.br/empreender/>. Acesso em: 19 set.
2018.
LE COADIC, Yves-François. A ciência da informação. Brasília, DF: Briquet de
Lemos, 1996.
LINHA DO TEMPO. História Geral. 2018. Disponível em:
<https://pt.slideshare.net/luiz-menezes/linha-do-tempo-histria-geralprofessor-menezes-54611990>. Acesso em: 19 set. 2018.
MILANESI, Luís. Biblioteca. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.
REVISTA ACB. Bibliotecário: atuação. 2016. Disponível em:
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/1209>. Acesso em: 27 set.
2018.
�152
SARACEVIC, Tefko. Tecnologia da Informação e informação como utilidade
pública. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 1, p. 54-67, 1974.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO.
Noções básicas de consultoria interna em recursos humanos. São Paulo:
USP, 1998.
VARELA, Ainda. Informação e construção da cidadania. Brasília:
Thesaurus, 2011.
�153
CAPÍTULO VIV
EQUIPES EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: LIDERANÇA E
AUTOSSUFICIÊNCIA
Patrícia Maria de Melo
“Nenhum problema é pequeno ou trivial se realmente pudermos fazer
algo a respeito” Richard P. Feynman
Dedicado à equipe da Biblioteca da FAE-UFMG
1 INTRODUÇÃO
O presente ensaio pretende discorrer sobre a relevância das equipes nas
bibliotecas
universitárias,
considerando
as
características
individuais
de
colaboração entre os integrantes e a liderança consciente do bibliotecário para
atingir as metas e os resultados pretendidos no Planejamento Estratégico da
Biblioteca.
A liderança do bibliotecário na Biblioteca Universitária é inquestionável,
já que ele detém o conhecimento técnico e o conhecimento teórico para gerir a
sua unidade. Inclusive, pesquisa em liderança é muito mais enfatizada na área
de gestão das bibliotecas. A formação da equipe é encontrada apenas como
tópico nas pesquisas e no planejamento. A gestão de pessoal é focada apenas
nos aspectos da liderança. Como se o líder fosse capaz de produzir excelentes
resultados com qualquer tipo de equipe. Os fracassos parecem ser advindos
principalmente de outras variáveis.
A abordagem aqui é sobre a importância das singularidades dos
integrantes da equipe que o bibliotecário vai liderar e a interação deles entre
si, inclusive, o ambiente físico que trabalham, ambiente que pode facilitar ou
dificultar a sua interação. É preciso valorizar uma equipe que aprenda em
�154
conjunto (FLORES, 2018, p. 43), que esteja motivada para prestar um
atendimento de qualidade ao usuário. Uma equipe que visualize metas claras e
compartilhadas por todos os seus integrantes. Que se responsabiliza, junto
com o bibliotecário, pelo Planejamento Estratégico a ser desenvolvido.
Nosso primeiro pensamento é o fato de que se a biblioteca é uma
unidade de informação especializada, os integrantes da equipe também podem
ser bibliotecários com diferentes formações. Os assistentes técnicos, muitas
vezes advindos de uma longa carreira servindo no setor por longos períodos,
possuem um conhecimento prático que às vezes, o bibliotecário ainda não
possui. E até outros servidores, que por terem tempo de trabalho no local,
consideram como seus o espaço da unidade. Nesse contexto, questiona-se:
Como a liderança do bibliotecário pode vislumbrar uma equipe efetiva e
saudável (FAQUETI, 2017), promovendo a cooperação entre os seus membros?
Nosso objetivo é pensar junto com o leitor pistas para favorecer a
autossuficiência e a saudável comunicação dos integrantes da equipe de uma
unidade de informação.
2 DESENVOLVIMENTO
Instaurar uma liderança efetiva é um desafio para o líder bibliotecário.
Antes de tudo é preciso conhecer as características pessoais de cada
funcionário que forma a equipe, como esse funcionário trabalha em grupo,
seus conhecimentos teóricos e técnicos. Até as habilidades e características
que às vezes podem não parecer relevantes para o trabalho em si, como
gostar de rapel, de viajar ou colecionar gibis, por exemplo. Tudo pode somar
nestes
tempos
Universitária.
de
transversalidade
Podemos
dizer
que,
a
que
antes
está
de
inserida
tudo,
antes
a
Biblioteca
mesmo
do
planejamento estratégico, de identificar seus usuários, de reconhecer seu
acervo, cabe ao bibliotecário identificar como a sua equipe interage com os
integrantes entre si e com ele mesmo (NUNES; CARVALHO, 2016). Salienta-se
que os integrantes da equipe são considerados os recursos humanos da
�155
unidade. E esse recurso é primordial para garantir o funcionamento e
desenvolvimento das atividades realizadas.
Muitas vezes, as habilidades de convívio entre os integrantes, a
facilidade para se adaptar às diferenças pessoais ou a habilidade de se
comunicar são preferíveis a um conhecimento técnico exacerbado. Por quê? A
técnica pode ser treinada, os conhecimentos podem ser adquiridos, contudo,
saber cooperar em equipe requer a instauração de
um processo de
comunicação eficaz, o que demanda um conhecimento elaborado. Uma
linguagem coerente entre os integrantes e com atitudes cordadas favorecem o
atendimento ao usuário e a realização dos trabalhos. Por isso, trabalhar em
equipe, segundo Faqueti (2017), é um elemento primordial no ambiente da
Biblioteca Universitária.
Ao adotar uma postura inteligente, o líder bibliotecário terá seu estilo
pessoal, pode ser um estilo mais autoritário ou mais colaborador, mas será
dele a capacidade de um comportamento mais flexível frente a sua equipe.
Uma capacidade de planejamento somada a uma equipe bem sincronizada
para trabalhar junto a ele fará com que o resultado seja mais efetivo e
inovador.
Quando você reconhece em sua equipe capacidades e habilidades, pode
pensar e repensar um planejamento mais coerente com os objetivos da sua
unidade, fazendo um planejamento consistente com os recursos disponíveis. E
a equipe torna-se o recurso primordial que o bibliotecário pode utilizar,
identificando suas competências, habilidades e necessidades de capacitação
para todos os integrantes.
A
liderança
do
bibliotecário,
sendo
uma
liderança
consciente
e
transformadora (O’DONNELL, 2010), é ponto pacífico em pesquisas na área,
cabendo-nos questionar as características de equipe mais produtiva em
Biblioteca Universitária, e essa característica produtiva se apresenta de forma
ampla. A curto, médio e longo prazo, quais as soluções mais eficazes para
atingir as metas pretendidas? E a qualidade do serviço ofertado pode variar de
acordo com determinada equipe? Podemos considerar a interação da equipe
�156
como arte, muito mais do que como uma técnica? Há algo a questionar e
discutir nesse quesito equipes cooperativas em BU? (FAQUETI, 2017).
Ocasionalmente, podemos passar por uma onda de desacerto pessoal,
mas
quando
um
indivíduo
é
cotidianamente
perturbador
no
trabalho,
precisamos pensar qual o ganho real para os projetos a serem desenvolvidos.
A atuação de alguns integrantes da equipe está interferindo no atendimento
aos usuários? Podemos optar ou não por manter esse indivíduo na equipe? Um
ou dois indivíduos podem comprometer recursos públicos ou empresariais em
prol de suas impossibilidades em trabalhar em grupo? Não sendo possível
encontrar meios da interação de todos da equipe, quais as estratégias o líder
pode utilizar? A missão e os valores da unidade sendo bem delimitados, com
metas claras em um Planejamento Estratégico, podem promover um trabalho
integrado?
Precisamos ter em mente nos nossos Planos Estratégicos em Biblioteca
Universitária, a atual necessidade de ter pessoas de diferentes capacidades na
equipe para atender uma sociedade cada vez mais complexa, a qual possui,
como consequência, usuários com demandas também mais complexas, o que
irá exigir a postura de um líder consciente e transformador, mas também uma
equipe acolhedora a novas aprendizagens e performances no trabalho em si.
Uma equipe que consegue ser funcional e cumpre metas, desfrutando de um
ambiente de trabalho agradável e produtivo, promovendo os vários tipos de
aprendizagem (FAQUETI, 2017).
3 CONCLUSÕES
Cabe ao líder, tomar para si a responsabilidade do desempenho dos
integrantes da sua equipe, responsabilizando-se quando a contratação ou
anuência ao receber uma pessoa em sua equipe que pode cooperar ou
comprometer todo o processo de trabalho. É necessário ter a capacidade em
identificar o perfil da pessoa a ser inserida na equipe, reconhecendo se o perfil
é o desejável para o planejamento da unidade e da própria equipe de trabalho.
�157
Com efeito, faz-se necessário esclarecer a responsabilidade da atuação final do
novo integrante. Faz parte das competências do bibliotecário reconhecer e
testar seus colaboradores, e quando a sua escolha é por uma liderança
compartilhada, a responsabilidade é de todo o grupo.
Então, desenvolver uma liderança consciente, em correspondência, uma
equipe cada vez mais autossuficiente é algo a se almejar. Exige-se do
bibliotecário um pensamento flexível para gerar novas ideias e soluções,
visando a integração de todas as pessoas envolvidas no processo. Significa
que, além de respeitar as singularidades individuais, necessita-se obter da
equipe a confiança necessária para os processos decisórios a serem acolhidos.
Há de se pensar em uma forma inclusiva, contudo, que abranja todo o
processo de gerenciamento da informação e dos objetivos da unidade a ser
gerenciada.
Há de se pensar em um Planejamento Estratégico sendo construído
conscientemente. Que ele seja avaliado pela equipe que vai protagonizá-lo e
não apenas pelo seu líder, o bibliotecário. Que a missão, objetivos e ações
sejam divulgados a todos os parceiros internos e externos da biblioteca. É
preciso ter atitudes que exigem muita comunicação e maturidade profissional.
Um desafio a ser partilhado por todos.
REFERÊNCIAS
CLEMENS, John. Liderança: o toque clássico. São Paulo: Best Seller, 1989.
MLODINOW, Leonard. Elástico: como o pensamento flexível pode mudar
nossas vidas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2018.
O'DONNELL, Ken. O espírito do líder: lidando com a incerteza permanente.
São Paulo: Integrare, 2010.
PERSPECTIVAS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. Editorial. Perspectivas em
Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, jan./mar. 2016.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2572>. Acesso em: 30
nov. 2018.
�158
PERSPECTIVAS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. Editorial. Perspectivas em
Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 21, n. 4, out./dez. 2017.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/2699>. Acesso em: 30
nov. 2018.
PORTAL FEBAB. Liderança. 2018. Disponível em:
<https://www.portal.febab.org.br/anais/article/download/1508/1509>. Acesso
em: 28 nov. 2018.
RACHELS, James. Alguns pontos básicos sobre argumentos. In: RACHELS,
James; RACHELS, Stuart (Org.). A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre
filosofia moral. Porto Alegre: AMGH, 2014. p. 32-40.
�159
CAPÍTULO X
CONSULTORIA EM ACERVOS DOCUMENTÁRIOS: RELATO DE
EXPERIÊNCIA EM UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Elaine Gregório
1 INTRODUÇÃO
A prestação de serviços vem ganhando forças no mundo moderno,
sobretudo à medida que as organizações perceberam as vantagens que podem
ser obtidas ao contratarem esse tipo de intervenção para realização das
atividades
organizacionais.
Essa
percepção
ganhou
força
diante
da
competitividade e da necessidade de poupar recursos, uma tendência do
mercado globalizado da atualidade.
A literatura de Administração é unânime ao valorizar a adoção de
estratégias que tornem as empresas mais competitivas. Para tanto, as
empresas adentram-se em um ciclo de redução de custos, gerenciando com
mais precisão o patrimônio organizacional (GONÇALVES, 1997). Visando
poupar custos, uma das medidas adotadas é a contratação de serviços que
visa, a priori, a redução de custos (BARROS, 2002).
Ao falar da prestação de serviços, uma pergunta fica no ar: esse tipo de
serviço pode ser realizado em bibliotecas? As unidades de informação, também
consideradas como organizações, podem contratar serviços bibliográficos,
tendo em vista adquirir vantagens com esse processo?
No que se refere aos profissionais que serão contratados, a literatura
vem desenvolvendo estudos no sentido de demonstrar que o bibliotecário pode
atuar no ramo da prestação de serviços, atendendo serviços dos mais
diferenciados e em diversas instituições. Estudo recente proferido por Santa
Anna e Pereira (2014, p. 169), por exemplo, destaca que aquele que atua na
prestação de serviços abre leque para a desvinculação do bibliotecário aos
�160
postos tradicionais de trabalho em bibliotecas. Desse modo, segundo os
autores mencionados, “[...] ao inserir-se em um mercado autônomo, rompemse os vínculos empregatícios e as responsabilidades do empregador para com o
empregado,
porém,
abrem-se
espaços
para
que
o
consultor
tenha
possibilidade de realizar novas conquistas, sendo mais dinâmico e inovador”.
A partir dessa questão, este estudo objetiva demonstrar, por meio de
relato de experiência, as vantagens adquiridas por uma biblioteca universitária
ao solicitar por meio de contrato provisório os serviços de tratamento e
organização de acervo bibliográfico. O relato narra os principais serviços
prestados pela equipe de bibliotecário-catalogadores contratados, assim como
apresenta as principais vantagens obtidas pela contratante ao viabilizar esse
tipo de serviço.
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
A prática empreendedora do bibliotecário torna-se cada vez mais
comum, na atual sociedade, visto que esse profissional tem compreendido a
necessidade de ocupar outros ramos de atuação, que vão muito além dos
serviços prestados por meio dos vínculos empregatícios realizados nas
tradicionais bibliotecas físicas, com foco, principalmente, em serviços de
aquisição, organização e disseminação de acervos (SANTA ANNA; PEREIRA,
2014).
A sociedade da informação proporcionou o surgimento de práticas
inovadoras, as quais passam a ser assumidas por todos os profissionais, nas
mais diferentes áreas do saber. Para Romeiro (2014), nessa sociedade, as
organizações centram suas atenções nos clientes, tendo em vista oferecer a
informação de forma rápida, segura e que proporcione a satisfação das
necessidades dos utilizadores.
A autora considera que a gestão torna-se um ponto de grande
preocupação do bibliotecário, na atual sociedade da informação, pois “[...] o
usuário/cliente deseja conteúdos cada vez mais selecionados e prontos num
�161
curto espaço de tempo. Cabe então ao bibliotecário, desenvolver estratégias
para poupar o tempo do usuário/cliente como dizia uma das Leis de
Ranganathan”. A partir desse fundamento, os profissionais buscam sair da
“zona de conforto” (ROMEIRO, 2014, p. 3), de modo a ocupar postos de
trabalho que demandem serviços de organização e sistematização de acervos,
prestando serviços, sem necessariamente estarem vinculados unicamente a
uma organização, como proferido por Santa Anna e Pereira (2014).
A prestação de serviços informacionais torna-se, portanto, o novo
paradigma do bibliotecário. Isso tem se consolidado em virtude das mudanças
ocasionadas com a sociedade da informação, com o uso dos recursos digitais,
aumento da competitividade, dentre outros fatores (SANTA ANNA; PEREIRA;
CAMPOS, 2014).
No âmbito da prestação de serviços informacionais, existem diversos
campos que podem ser ocupados, pois o mercado da informação é amplo, o
que demanda estratégias de organização da informação para tomada de
decisões no mercado corporativo (SILVA, 2005).
No entanto, um dos segmentos com grande potencial perfaz a oferta de
serviços direcionados à organização dos acervos bibliográficos, prática comum
realizada
em
quaisquer
modalidades
de
bibliotecas,
destacando-se
as
bibliotecas universitárias, as quais visam a fomentar as atividades de ensino,
pesquisa e extensão (LEITÃO, 2005).
Nesse sentido, Rossi, Costa e Pinto (2014, p. 111) acreditam que a
sociedade da informação e do conhecimento está pautada na experiência e no
conhecimento e, utiliza a informação para gerar novos conhecimentos
agregados aos produtos e serviços. Logo, as bibliotecas universitárias investem
no aperfeiçoamento dos serviços prestados para qualificação dos acervos
dispostos a uso da comunidade universitária.
Na visão de Silva e Rados (2002, p. 198), ao contextualizarem a
interferência do mercado globalizado nas organizações, frisam que:
As empresas e instituições deparam-se com a necessidade de aumento
da eficiência e qualidade nos serviços, para serem competitivas. Isto é
evidente quando se observa nas organizações sobrecarga de trabalho,
erros, retrabalhos e falta de definição clara das funções e procedimentos
�162
de cada funcionário, bem como falta de informações nas empresas sobre
seus processos.
Os autores citados destacam que, atingimos um momento de profundas
mudanças e, por decorrência, inquietações, cujas reais necessidades do
homem e das organizações modificam-se com a explosão permanente dos
processos de mudança e com a constante inovação tecnológica. Tais mudanças
também atingem as bibliotecas, que colaboram com a educação e possibilitam
acesso às diferentes fontes de informação.
Assim, reforça-se o papel do bibliotecário na gestão dos acervos
documentários, de modo a facilitar as atividades acadêmicas de alunos,
professores e demais envolvidos com a educação demandada nas instituições
de ensino superior, sejam elas públicas ou privadas.
Nas bibliotecas universitárias, o papel dos bibliotecários na prestação de
serviços de informação é fundamental, pois estes profissionais têm
contato direto com os usuários podendo identificar e adequar os serviços
às necessidades individuais dos mesmos. Porém, para que os
bibliotecários possam prestar um serviço de informação adequado,
atendendo aos objetivos institucionais e às expectativas de seus
usuários, é preciso que eles tenham, ou que desenvolvam competências
específicas para cada tipo de serviço prestado com intuito de atender o
usuário de forma eficiente e eficaz (ROSSI; COSTA; PINTO, 2014, p.
111).
O desenvolvimento de competências e habilidades representa a maior
exigência do mercado da informação, de modo que o bibliotecário reinvente
constantemente os seus serviços, atraindo a atenção das organizações para
contratação de seus serviços (SILVA, 2013).
Assim, mediante a oferta de serviços de qualidade, os bibliotecários
podem formar equipes multiprofissionais, atuando como consultores, conforme
as necessidades das organizações. É por de espírito empreendedor, da
capacidade de atuar em equipe, e com capacidade inovadora que poderá
identificar essas necessidades e montar as equipes a atuarem de forma
autônoma em diferentes empresas e segmentos da sociedade (MILANO;
DAVOK, 2009).
Segundo essas autoras, o bibliotecário surge no segmento da prestação
de serviços em consultoria informacional atuando em sua área de formação e
auxiliando na transformação da informação em conhecimento. Para Rossi,
�163
Costa e Pinto (2014), a consultoria realizada nas bibliotecas universitárias
representa um campo tradicional como também inovador e potencial ao
profissional da informação, o que reforça, por um lado, a contribuição para a
organização que contrata os serviços, como também, a necessidade de
dinamismo, inovação e proatividade, elementos básicos para o sucesso do
profissional que atua na gestão e organização das bibliotecas acadêmicas.
3 RELATO DA EXPERIÊNCIA
A biblioteca para quem os bibliotecários-consultores prestaram serviços
de organização de acervos bibliográficos está vinculada a uma instituição de
ensino superior, pertencente ao ramo privado, sendo o câmpus central
localizado no município de Vitória, estado do Espírito Santo (ES). Com o
crescimento no número de matrículas e a demanda por novos cursos, a
instituição estruturou dois novos câmpi, localizados em municípios vizinhos,
pertencentes à região metropolitana: Cariacica e Villa Velha. Ambos os câmpi,
a priori, foram contemplados com dez cursos (quadro 1).
Quadro 1 – Novos cursos instalados em dois novos câmpi
CÂMPUS
CURSOS
CÂMPUS
Psicologia
Arquitetura
Engenharia Mecânica
Engenharia Civil
CARIACICA
VILA VELHA
Engenharia de Produção
Educação Física
Serviço Social
Ciências Contábeis
Administração
Pedagogia
Fonte: Dados da pesquisa (2015).
CURSOS
Psicologia
Arquitetura
Engenharia Mecânica
Engenharia Civil
Engenharia Produção
Engenharia Química
Educação Física
Ciências Contábeis
Administração
Pedagogia
Logo, com a instituição desses câmpi e cursos, foram criadas duas novas
bibliotecas.
Para desenvolvimento do processamento técnico de cerca de 18.000
exemplares de livros que iriam atender a vinte cursos novos autorizados pelo
MEC e que seriam instituídos nesses dois novos câmpi, sendo a grade
curricular proposta para atender até o quarto período de cada curso, a
�164
instituição de ensino superior optou contratar profissionais formados, com e
sem experiência, para que pudessem prestar o serviço de atividades técnicas
na área de Biblioteconomia. A compra desse material ainda não foi
integralmente realizada. O processo será feito aos poucos, em etapas, sendo
que, no presente momento, foram adquiridos, apenas, 920 títulos, equivalendo
a 13.949 exemplares (primeira etapa).
O Grupo de Ensino, então, promoveu seleção de seis bibliotecários
(nessa primeira etapa) para atender a essa demanda por meio de contrato
temporário num período de quinze dias, sendo a carga horária de seis a oito
horas diárias. O trabalho foi coordenado por um bibliotecário da própria
instituição,
que
também
atuou
em
todas
as
etapas
das
atividades
desenvolvidas. As atividades se iniciaram em dois de agosto e foram
finalizadas em dezoito de setembro de 2014. O horário de trabalho foi
estabelecido para oito horas diárias com intervalo para almoço e lanche. As
atividades eram iniciadas de 7:00 da manhã as 21:30, intercalando de acordo
com o horário estabelecido via contrato.
3.1 DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades desenvolvidas contemplaram, de modo geral, ações
bibliotecárias de processamento técnico ou organização da informação, diluídas
em classificação, catalogação e indexação do material adquirido (livros).
Os livros eram entregues pelos fornecedores em caixas enviadas pelos
distribuidores e essas caixas eram abertas e separados os livros por títulos.
Esse serviço de separação dos itens, juntamente com as práticas de
etiquetagem dos livros e carimbos (após processamento técnico pelos
bibliotecários contratados) contou com o apoio de uma equipe de funcionários
da instituição, coordenada por auxiliares técnicos que supervisionavam essa
atividade de preparação dos livros, além dos bibliotecários da equipe
contratada que também desenvolviam essa atividade intercalando com as
atividades de tratamento bibliográfico.
�165
O contrato teve duração de quinze dias e nesse período foi inserido na
base do sistema para atender as duas novas unidades da instituição de ensino
um total de 436 títulos e 8.073 exemplares, divididos pelas seguintes áreas:
Generalidades, Filosofia, Religião, Ciências Sociais, Línguas, Ciências Puras,
Artes, Literatura, História e Geografia.
A classificação adotada na organização dos títulos no sistema foi a
Classificação Decimal de Dewey (CDD), também utilizada pela biblioteca
central. O sistema de gerenciamento foi o BiblioUp, software desenvolvido pela
empresa UpTech informática LTDA, na área de bibliotecas e centros de
documentação.
O Sistema Biblioup é responsável pelo gerenciamento da biblioteca, não
importando o tamanho da biblioteca e a simplicidade de uso do software. Ele
permite que tanto um bibliotecário profissional como qualquer auxiliar possa
utilizá-lo sem dificuldade. O Módulo de Biblioteca pode ser executado
independentemente do Módulo Acadêmico permitindo a aquisição apenas desse
módulo para bibliotecas (Informação verbal)18.
Não foi utilizada uma senha exclusiva para cada bibliotecário, pois não
era intenção da empresa verificar a produtividade individual de cada
bibliotecário e sim o cumprimento da atividade estabelecida.
O processo de cotação e compra foi feito por um bibliotecário e um
assistente técnico na área de Administração. O coordenador responsável por
cada curso enviou a lista dos títulos selecionados para atender as disciplinas do
primeiro ao quarto período de cada curso. Essa listagem dos títulos
requisitados para compra era enviada para três fornecedores distintos, em que
era optado quem fornecia melhor preço e condições de pagamento. Oitenta por
cento dos livros foram comprados com um único fornecedor que ofereceu
preço e condições de prazo. Vinte por cento restantes foi feito com os outros
dois fornecedores.
18
Notícia fornecida pela engenheira de computação, responsável pelo gerenciamento do
software Biblioup, durante treinamento realizado com os bibliotecários consultores, na data de
20 de outubro de 2014.
�166
O bibliotecário nessa fase responsável pela aquisição fazia a conferência
nos pedidos mediante análise de todos os títulos de acordo com as notas
fiscais que chegavam junto com os livros. As notas também eram enviadas via
e-mail e esse controle também era feito mediante planilha e do Projeto Político
Pedagógico (PPC) de cada curso em que a faculdade iria atender e apresentar
ao Ministério da Educação (MEC).
Foi destinado um dia para conhecimento do sistema e treinamentos dos
bibliotecários. O treinamento foi feito em apresentação geral do sistema e
demonstração das particularidades do software de biblioteca. Contudo, foi
focada apenas a área destinada ao cadastro de livros e impressão de etiquetas.
Após o treinamento os bibliotecários, foram instruídos a conhecer o sistema de
modo prático, cadastrando os títulos de forma minuciosa e gradativa. Foi
observado, nesta fase, que aqueles que tinham mais experiências nas
atividades de tratamento se sobrepunham aos outros e já estavam capazes de
sanar dúvidas, mesmo sem conhecer o sistema a fundo.
Na
primeira
semana
de
atividade
(período
de
28/08/2014
a
10/09/2014), foram cadastrados 153 títulos, num total de 3.639 exemplares.
Na segunda semana de atividade, foram cadastrados 289 títulos, num total de
4.434 exemplares. Esses dados comprovam que, na primeira semana de
atividade, os bibliotecários já apresentavam certo domínio para com o sistema,
bem como com todos os processos de classificação, indexação e catalogação.
O
processo
de
tratamento
intensificou-se
na
segunda
semana,
possibilitando constatar o crescimento de quase o dobro de livros inseridos na
base de cadastramento de títulos. Foi observado que os bibliotecários
desenvolveram agilidade e domínio, respeitando os procedimentos requeridos
na representação da informação e desencadeando um trabalho colaborativo,
competente e de qualidade.
�167
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da contratação temporária de bibliotecários para realizarem
serviços de tratamento de acervo bibliográfico, foi possível verificar inúmeros
benefícios alcançados pela instituição de ensino. Além do trabalho efetivo,
rápido e consistente realizado, observou-se que a biblioteca central não foi
prejudicada, uma vez que não precisou transferir bibliotecários e auxiliares do
corpo funcional para realizar o tratamento das novas coleções.
Com os benefícios alcançados, confirma-se a importância de empresas
contratarem consultores para tratamento de acervos, principalmente nos casos
de grandes demandas de material. Assim, os serviços rotineiros da unidade
não ficam prejudicados com o desfalque de pessoal. Por conseguinte, o
mercado da prestação de serviços torna-se um campo promissor para os
profissionais que desejam trabalhar de forma desvinculada.
As atividades realizadas pelos profissionais da informação em acervos
bibliográficos representam um segmento tradicional de atuação. Todavia, este
relato reforça a importância de os profissionais formarem equipes consultoras,
com profissionais qualificados ao exercício das atividades de organização dos
acervos,
além
de
criarem
estratégias
que
atraiam
a
atenção
dos
empregadores, haja vista fortalecer o marketing e o reconhecimento da equipe
junto ao mercado de trabalho.
REFERÊNCIAS
BARROS, Laura de. Gerenciamento do Trabalho Terceirizado. In: BOOG,
Magdalena (Coord.). Manual de Gestão de Pessoas e Equipes: Estratégias
e Tendências. São Paulo: Gente, 2002.
GONÇALVES, José Ernestro Lima. Os novos desafios da empresa do futuro.
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 10-19,
jul./set. 1997. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v37n3/a03v37n3.pdf>. Acesso em: 19 set.
2013.
�168
LEITÃO, Bárbara. Avaliação qualitativa e quantitativa numa biblioteca
universitária: grupos de foco. Niterói: Intertexto, 2005.
MILANO, Manoelle Cristine Dalri; DAVOK, Delsi Fries. Consultor de informação:
serviços prestados Por empresas de consultoria nas áreas de Biblioteconomia e
gestão da informação. Revista ACB, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 253-278,
jan./jun. 2009. Disponível em:
<https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/658/726>. Acesso em: 27 mar.
2018.
ROMEIRO, Nathália Lima. A formação do bibliotecário empreendedor com
foco na gestão de serviços de informação. 2014. Disponível em:
<https://www.fespsp.org.br/seminario2014/anais/GT5/1_A%20FORMACAO_D
O_BIBLIOTECARIO.pdf>. Acesso em: 01 dez. 2018.
ROSSI, Tatiana; COSTA, Marília Damiani; PINTO, Costa Adilson Luiz.
Competências requeridas aos bibliotecários na prestação de serviços de
informação em bibliotecas universitárias. Revista ACB: Biblioteconomia em
Santa Catarina, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 111-123, jan./jun. 2014.
Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/941/pdf_92>.
Acesso em: 01 dez. 2018.
SANTA ANNA, Jorge; PEREIRA, Gleice. Ampliando o campo de atuação
bibliotecária: o bibliotecário como consultor informacional. Revista ACB,
Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 163-173, jul./dez. 2014.
SANTA ANNA, Jorge; PEREIRA, Gleice; CAMPOS, Suelen de Oliveira. Sociedade
da informação x Biblioteconomia: em busca do moderno profissional da
informação (MIP). Revista Brasileira de Biblioteconomia e
Documentação, São Paulo, v. 10, n. 1, 2014. Disponível em:
<https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/293>. Acesso em: 01 dez. 2018.
SILVA, Chirley Cristiane Mineiro da; RADOS, Gregório Jean Varvakis. Gestão de
serviços em bibliotecas: melhoria com foco no cliente. Revista ACB:
Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 7, n. 1, 2002. Disponível
em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/viewFile/370/442>. Acesso em:
01 dez. 2018.
SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Bibliotecários especialistas: guia de
especialidades e recursos informacionais. Brasília, DF: Thesaurus, 2005.
SILVA, Sabrina Vaz da. Qualidade na prestação de serviços em
bibliotecas universitárias brasileiras recém-criadas na região sul. 2013.
Disponível em: <https://portal.febab.org.br/anais/article/download/1640/1641
>. Acesso em: 01 dez. 2018.
�169
CAPÍTULO XI
O TRABALHO BIBLIOTECÁRIO EM CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DE UM
HOSPITAL PRIVADO
Igor de Souza Bento
1 INTRODUÇÃO
No mundo moderno, o bibliotecário está acostumado a limitar seus
ambientes de trabalho a bibliotecas, mas a literatura da área deixa claro que o
profissional da informação está apto a atuar em outros espaços de informação,
como, por exemplo, nos mais diversos centros de documentação.
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o
bibliotecário é considerado, por excelência, como profissional da informação,
podendo ele
[...] trabalhar em bibliotecas e centros de documentação e
informação na administração pública e privada, nas mais variadas
atividades do governo, do comércio, da indústria e dos serviços, com
predominância nas áreas de educação e pesquisa. Pode ser um
trabalhador assalariado, com carteira assinada ou como autônomo,
trabalhar de forma individual ou em equipe e executar suas funções
tanto de forma presencial como a distância (MTE/CBO, 2002, não
paginado, grifo nosso).
Fica claro que o bibliotecário possui competências para atuar em várias
áreas, pois a Biblioteconomia é interdisciplinar, estando em sintonia com
diversos campos do conhecimento; logo, o bibliotecário não se deve ater a
bibliotecas como seu único meio de atuação.
Ao adquirir novas experiências, o bibliotecário inova na realização de
suas atividades, ampliando, assim, sua atuação em ambientes que extrapolam
os limites físicos da biblioteca (SANTA ANNA; GREGÓRIO; GERLIN, 2014).
Nesse contexto de ir além do ambiente tradicional, urge o que se denomina na
literatura de desinstitucionalização da informação, que, no caso específico do
bibliotecário, temos a formação de um profissional capaz de atuar em outros
�170
contextos que demandem tratamento, organização e oferta de informação a
diferentes
usuários
e
instituições.
Na
verdade,
esse
contexto
desinstitucionalizado propicia novas possibilidades ao profissional do futuro,
como discorrido no estudo de Lancaster (1983).
A
partir
dessa
oportunidade,
muitos
estudos
convergem
uma
aproximação cada vez maior da Biblioteconomia com o empreendedorismo.
Conforme descrito no Portal do Bibliotecário (2018), o empreendedorismo está
disseminado e se coloca como atividade fundamental para a geração de
riquezas, promovendo o crescimento econômico e aprimorando as condições
de vida da população, aparecendo ainda como importante fator de geração de
emprego e renda.
Ainda, conforme esse portal, o bibliotecário assume o perfil de gestor e
de empreendedor, toda vez que consegue promover serviços inovadores, que
vão muito além dos serviços e produtos tradicionais, ofertados em bibliotecas.
Assim, empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar,
principalmente, aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de
se
dedicar
às
atividades
de
organização,
administração
e
execução,
principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e
bens em novos produtos – mercadorias ou serviços, gerando um novo método
com o seu próprio conhecimento. É o profissional inovador que modifica, com
sua forma de agir, qualquer área do conhecimento humano (PORTAL DO
BIBLIOTECÁRIO, 2018).
Segundo Silva (2005), o bibliotecário adquire o perfil de empreendedor,
uma vez que a sociedade da informação possibilitou a oferta de informação em
diferentes contextos. Assim, é errôneo considerar que esse profissional atue
apenas nas bibliotecas. Ao contrário, existe uma gama de segmentos que
podem ser identificados pelo profissional e que, mediante reconhecimento das
organizações, o bibliotecário poderá exercer atividades que contribuem com a
tomada de decisões e com os serviços específicos do local que presta as suas
atividades profissionais.
Dentre os diversos segmentos de atuação, pode-se citar os chamados
centros de documentação, os quais são considerados verdadeiras bibliotecas
�171
especializadas, podendo abranger as áreas de ciência e tecnologia, como
outros segmentos empresariais (LEMOS, 2008). Dentre os vários centros de
documentação, assim categorizados pelas empresas mantenedoras, existentes
no Brasil, destacam-se os centros de documentação hospitalares.
Esses centros caracterizam-se, de modo geral, como espaços reservados
para armazenar, tratar, recuperar e disseminar as informações produzidas nos
serviços médicos (prontuários), de modo a facilitar o trabalho dos profissionais
da saúde que ali atuam. Por possuir semelhanças com outros centros de
documentação inseridos em empresas, entendemos que o bibliotecário poderá
atuar no gerenciamento da informação existente no meio hospitalar.
A atuação do bibliotecário em centros de documentação, sobretudo os
empresarias, é uma temática que ganhou força nos últimos anos. No que se
refere à atuação do bibliotecário no contexto hospitalar, algumas pesquisas
também sinalizam a presença desse profissional no campo da saúde
(BERAQUET; CIOL, 2010).
Assim, este relato de experiência objetiva divulgar as principais
atividades e serviços bibliotecários realizados e requeridos em um centro de
documentação, vinculado a um hospital particular.
Serão descritos no relato, os principais serviços biblioteconômicos
realizados com os documentos gerados na instituição hospitalar, o fluxo da
informação documental, e as técnicas de tratamento, armazenamento e
disseminação da informação.
De acordo com a realidade vivenciada, reflete-se acerca da necessidade
e importância de se contratar bibliotecário, haja vista garantir resultados
satisfatórios e excelência nos serviços prestados pelo setor. Ao final,
apresentam-se os pontos positivos e negativos oriundos com a experiência,
recomendando ações que possam acarretar melhoria em toda a ambiência do
centro de documentação.
�172
2 BREVES CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
O bibliotecário vem ampliando seus ramos de atuação, especificamente
com o surgimento da sociedade da informação. A ampliação dos suportes de
informação, aliado à valorização da informação como elemento estratégico
para tomada de decisões e inovação nas empresas são fatores essenciais que
permitem a construção de novas possibilidades de trabalho ao profissional
(LANCASTER, 1983).
Borges (2004) reforça que é preciso reconhecer as dificuldades ou
problemas vivenciados pelas organizações e, a partir disso, estabelecer planos
de oferta de trabalho, de modo que o profissional seja reconhecido por suas
potencialidades e possa contribuir, de alguma forma, para a resolução dos
problemas que permeiam o cotidiano das instituições.
O mercado de trabalho para bibliotecários é abrangente, sobretudo na
atualidade, com o valor atribuído ao recurso informação. Assim, entende-se
que esse profissional está habilitado a ocupar espaços de trabalho de
diferentes empresas, nos mais diferenciados segmentos produtivos. Portanto,
ele pode oferecer seus serviços na esfera pública quanto na privada ou no
terceiro setor (ONG’s), atuando em quaisquer dos setores econômicos
(agricultura, indústria ou serviços) ou ainda como autônomo (FIGUEIREDO;
SOUZA, 2007).
A ampliação quanto aos segmentos de atuação profissional é justificada
pelo fato de o profissional voltar sua prática “[...] ao tratamento, organização
e disseminação da informação, insumo este que se encontra em qualquer
instituição e que vem ganhando cada vez maior importância e valor para a
sobrevivência da [organização] no mercado [...]” (FIGUEIREDO; SOUZA, 2007,
p. 15, grifo nosso).
Biraquet e Ciol (2010) reforçam o potencial do bibliotecário nas unidades
hospitalares, em que tal profissional pode exercer funções no âmbito da
organização de documentos gerados com as atividades organizacionais (tais
como as funções exercidas nos centros de documentação hospitalar, ou em
arquivos especializados de clínicas), como também pode trabalhar diretamente
�173
com profissionais, como médicos e enfermeiros, haja vista contribuir com a
recuperação dos pacientes.
A Biblioteconomia tem que sair da biblioteca e das demais “caixas” onde
é exercida e ir, de uma vez por todas, para onde está seu cliente. Este
bibliotecário que está sendo vislumbrado no Brasil, mesmo não sendo
ainda um bibliotecário clínico, está construindo e abrindo caminhos
(BIRAQUET; CIOL, 2010, p. 127).
Assim, diante do contexto inovador, em que pese o fortalecimento de
uma prática empreendedora por parte do bibliotecário, alguns estudos
publicados nos últimos anos têm considerado a importância do bibliotecário ao
atuar nos centros de documentos dos hospitais. A participação do profissional
nessas unidades é de suma importância, pois facilita o trabalho da equipe
médica com o tratamento dos pacientes, na descrição de medicamentos,
dentre outras contribuições originadas à medida que se sistematiza e gerencia
os documentos gerados para cada diagnóstico em específico (BIRAQUET; CIOL,
2010, PIRES; RIBEIRO; KLEBERSSON, 2013).
Segundo Pires, Ribeiro e Klebersson (2013), os bibliotecários que atuam
em centros de documentação hospitalares precisam estar capacitados a
gerenciar informações que sejam de importância para a área clinica,
participando diretamente no tratamento do paciente. Assim,
[...] os bibliotecários clínicos atuam na eficiência da Informação
requisitada pela equipe clínica, tornando dessa forma a mesma de fácil
compreensão, acessível e disponível no momento em que é solicitada. A
mediação da informação prestada coloca esses profissionais como
membros da equipe médica, já que serão esses profissionais que
coletaram
Informações,
com
base
em
evidências
científicas
comprovadas, a melhor solução em tratamento de cura para o paciente
em questão.
A partir do estudo desenvolvido pelos autores supracitados, ficou
reforçado que a Biblioteconomia Clínica ressalta-se como mais uma área em
maximização
desses
profissionais
(bibliotecários)
aptos
a
tratarem
a
informação como fator de tomada de decisão, sendo, dessa forma, uma
profissão de diversificação profissional.
Essa diversificação é característica da área biblioteconômica, logo, um
perfil híbrido é almejado, no intento de que novos postos de trabalho possam
ser ocupados pelos profissionais, garantindo, desse modo, uma maior
�174
aproximação da prática empreendedora com as atividades bibliotecárias
(SANTA ANNA; PEREIRA, 2014).
3 RELATO DA EXPERIÊNCIA
Esta experiência teve duração de seis meses, com início em setembro de
2014 e com término em março de 2015. Os serviços foram estabelecidos por
meio de contrato pré-estipulado, com aviso antecipado que não haveria
renovação de contrato.
O centro de documentação, no qual foi realizada esta experiência, está
vinculado a um hospital privado de grande porte, situado em município
pertencente à região metropolitana. O hospital reúne em sua infraestrutura 74
leitos de apartamento de enfermaria; 95 leitos de apartamento individual; seis
leitos de UTI infantil; 18 leitos de neonatal; 32 leitos de UTI geral de adulto;
noves leitos de UTI coronariana; dois leitos de isolamento; cinco leitos de
Centro de Tratamento de Queimados (CTQ); consultórios médicos; laboratório
de análises clínicas e laboratório de análises patológicas. A unidade hospitalar
possui capacidade para atender mensalmente 18 mil pacientes. O corpo
funcional do hospital é composto por 1000 colaboradores, estando dividido em
diferentes setores que se encarregam de atividades adversas como: recursos
humanos,
almoxarifado,
tesouraria,
enfermarias,
consultórios,
copa,
manutenção e um centro de documentação.
O centro de documentação, também denominado pela instituição de
serviço de arquivo médico e estatístico (SAME), está situado no subsolo da
instituição
hospitalar,
sendo
dividido
em
três
repartições:
a
sala
de
recebimento dos prontuários médicos, denominada como SAME temporário, o
arquivo local do hospital intitulado SAME externo e um arquivo externo que se
encontra em um espaço alugado fora dos limites do hospital, pois o interno
não comporta a demanda da instituição.
Trabalham nesse centro cinco colaboradores, sendo: um coordenador,
três administradores e um gestor de sistemas e estatística. O referido setor
�175
possui
em
seu
corpo
de
funcionários
um
profissional
graduado
em
Biblioteconomia, no entanto está contratado como coordenador de setor.
No que se refere aos serviços realizados no referido centro de
documentação, destaca-se que no primeiro setor é realizado o tratamento da
informação, ou seja, o prontuário é recebido, organizado, analisado e
despachado para o arquivo local; o segundo setor tem a finalidade de guarda e
preservação do prontuário; já o terceiro exerce a mesma função do segundo.
O primeiro procedimento do tratamento da informação é o recebimento;
os prontuários são enviados ao SAME pelo setor de faturamento; eles chegam
em lotes, divididos por convênio e setor de internação. No ato de recebimento
é realizada a conferência dos documentos, e então, esses são lançados em
armários identificados como recebimento um, dois e três. Esse lançamento é
feito de forma eletrônica em um software integrado do hospital.
O segundo procedimento a ser realizado é a organização e análise dos
prontuários médicos, sendo eles organizados de forma hierárquica, e assim
que organizados eles passam por um ato de checagem, em que um
profissional
analisa
as
assinaturas
dos
atendentes
do
paciente.
Esses
atendentes englobam médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas,
dentre outros. Se for constatada pendência de assinatura nos prontuários, eles
são retirados dos armários de recebimento e lançados nos armários de análise.
Em seguida, os profissionais que deixaram pendências nos prontuários
são informados via e-mail, sendo ele enviado ao profissional e com cópia para
o seu coordenador e para o diretor do SAME. Assim que informada a
pendência, o profissional que a fez vai ao SAME, a fim de corrigi-la; quando
corrigidas as pendências, os prontuários são liberados para serem arquivados.
O terceiro procedimento consiste em colocar os prontuários em pastas e
lançá-los nos armários rolantes no SAME externo. Se, por algum motivo, esse
se encontrar lotado, os prontuários são lançados em caixas e enviados ao
espaço alugado fora dos limites do hospital.
No SAME, também é realizado o serviço de atendimento ao usuário, cujo
paciente e o setor jurídico do hospital podem ter acesso à cópia de
�176
prontuários, e os médicos têm o direito de visualizar os prontuários, mas não
podem, em nenhuma hipótese, fazer qualquer alteração no documento.
Todos esses processos se dão pela necessidade de se criar um método
de rastreamento dos prontuários, em que é necessário criar um registro de
mapeamento, para que os documentos possam ser recuperados, caso eles
sejam solicitados para cópia ou visualização.
A partir da vivência no SAME, analisando os procedimentos adotados
para organização, controle e recuperação dos prontuários gerados a partir da
atividade médica, é possível elencar alguns pontos positivos como negativos.
Em
linhas
gerais,
destacam-se
como
pontos
fortes
os
recursos
tecnológicos, o feedback por meio de indicadores, a criação de procedimento
operacional padrão (POPs) para a realização das atividades do setor, e, por
fim, um espaço físico adequado para desempenho das atividades.
No que se refere aos pontos fracos destaque especial pode ser conferido
à perda de informações pertinentes, por falta de conhecimento sobre a
importância da informação, pouco engajamento no exercício das atividades,
degradação física do ambiente de trabalho, falta de inovações e projetos que
acarretam na escassez de recursos financeiros para o setor. Além desses
pontos negativos, soma-se a causa/origem desses problemas que é a falta de
contratação de um bibliotecário que possa agir com suas competências e
habilidades no gerenciamento da informação produzida e na gestão de todo o
espaço informacional.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da experiência relatada, pode-se concluir que é notável a
necessidade de um profissional da informação para atuar nos centros de
documentação hospitalares, pois os serviços prestados no SAME são os
mesmos serviços que o bibliotecário recebe capacitação para realizar durante
toda sua formação acadêmica, desde a organização da informação até o
atendimento ao usuário. Tornam-se claro os prejuízos acometidos ao hospital,
�177
pelo fato de não possuir um profissional da informação legalizado e registrado,
pois o profissional coordenador do centro de documentação, em muitas vezes,
se torna omisso e menospreza, em alguns casos, suas próprias habilidades e
competências.
Conforme a literatura mencionada, o profissional da informação está
habilitado a atuar em ambientes de informação hospitalar, pois ele possui uma
visão diferenciada quando se trata do tratamento da informação, e no mais,
para criar políticas e projetos de inovação para esses setores, que, por falta da
contratação, reconhecimento e valorização desse profissional, esses setores
acabam sendo postos em últimos planos pelos investidores das instituições,
pois se não há bibliotecário, não há projetos, logo não haverá disponibilização
de verba para esses setores.
Por fim, é importante reforçar o potencial do bibliotecário ao atuar nos
centros de documentação hospitalar, em parceria com a equipe médica, de
modo que os diagnósticos de pacientes possam ser realizados com mais
segurança
e
confiabilidade.
Para
tanto,
é
preciso
que
bibliotecários
proporcionem estratégias de visibilidade do trabalho que pode ser oferecido
nas unidades hospitalares, por um lado, e, por outro, que essas instituições
deem o devido valor, oferecendo recursos que possibilitem uma efetiva
atuação bibliotecária.
REFERÊNCIAS
BERAQUET, Vera Silvia; CIOL, Renata. Atuação do bibliotecário em ambientes
não tradicionais: o campo da saúde. Tendências da Pesquisa Brasileira em
Ciência da Informação, Brasília, v. 3, n. 1, p. 127-137, jan./dez. 2010.
Disponível
em:<http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/view/31/76>. Acesso
em: 10 mar. 2015.
BORGES, Maria Alice Guimarães. O profissional da informação: somatório de
formações, competência e habilidades. In: BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER,
Suzana Pinheiro Machado (Org.). Profissional da informação: o espaço de
trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 55-69.
�178
FIGUEIREDO, Marco Aurélio Castro de; SOUZA, Renato Rocha. Aspectos
profissionais do bibliotecário. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. 24, p. 10-31, 2007.
Disponível em:
<http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/09/pdf_4f47718632_0011961.pdf
>. Acesso em: 01 dez. 2018.
LANCASTER, Frederik. Future librarianship: preparing for an unconvencional
career. Wilson Library Bulletin, v. 57, p. 747-53, maio 1983.
LEMOS, Agernor Briquet de. Bibliotecas. In: CAMPELLO, Bernadete; CALDEIRA,
Paulo da Terra. Introdução às fontes de informação. Belo Horizonte:
Autêntica, 2008.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. CBO, 2002. Disponível em:<
http://www.mtecbo.gov.br/buscaResultado.asp?tituloavancado=bibliotec%E1ri
o&S ubmit=+Procurar+&familias=1&ocupacoes=1&sinonimos=1> Acesso em:
25 mar. 2015.
PIRES, Nazaré; RIBEIRO, Célia Pereira; KLEBERSSON, Mayco.
Biblioteconomia clínica: espaço de atuação emergente para o bibliotecário
no século XXI. 2013. Disponível em: <http://mba.eci.ufmg.br/sitenovo/wpcontent/uploads/Biblioteconomia-clinica-Pires-et-al.pdf>. Acesso em: 01 dez.
2018.
PORTAL DO BIBLIOTECÁRIO. O bibliotecário empreendedor: pensando fora
da biblioteca. 2018. Disponível em:
<http://portaldobibliotecario.com/bibliotecario/o-bibliotecario-empreendedorpensando-fora-da-biblioteca/>. Acesso em: 01 dez. 2018.
SANTA ANNA, Jorge; GREGÓRIO, Elaine; GERLIN, Meri Nadia. Atuação
bibliotecária além da biblioteca: o espaço de leitura do Hospital Universitário
Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM). Revista ACB, Florianópolis, v. 19, n. 1,
p. 77-88, jan./jun. 2014.
SANTA ANNA, Jorge; PEREIRA, Gleice. Ampliando o campo de atuação
bibliotecária: o bibliotecário como consultor informacional. Revista ACB:
Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 163-173,
jul./dez. 2014. Disponível em:
<http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/95 6/pdf_96>. Acesso em: 28
mar. 2018.
SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Bibliotecários especialistas: guia de
especialidades e recursos informacionais. Brasília, DF: Thesaurus, 2005.
�179
PARTE IV
Ações bibliotecárias
inovadoras e
incentivadoras como
contribuição para o
profissional e para a
sociedade
�180
CAPÍTULO XII
CRESCIMENTO PROFISSIONAL POR MEIO DO MAGISTÉRIO: RELATO DE
EXPERIÊNCIA EM DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM BIBLIOTECONOMIA
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A Biblioteconomia é uma profissão relativamente nova. No entanto, as
práticas bibliotecárias datam de tempos imemoriais, desde os primórdios da
civilização quando esses tiveram a necessidade de registrar suas práticas, sua
historicidade, seus costumes e suas tendências, objetivando garantir a
perpetuação do conhecimento às gerações futuras.
Devido
a
sua
interação
com
a
preservação
e
disseminação
do
conhecimento, a Biblioteconomia estende seus serviços a todas as áreas do
conhecimento. É graças a seu poder de integração inter e multidisciplinar que
ela adapta-se a diferentes épocas e contextos, tornando-se uma profissão
primordial e necessária ao crescimento das demais ciências existentes.
Assim, destaca-se a fala de Ortega Y Gasset (2006, p. 67) ao proferir
que “[...] essa profissão [a Biblioteconomia] é uma das mais importantes que
se pode imaginar”. Devido a seu amplo campo de atuação, a Biblioteconomia
encanta. Encanta, principalmente àqueles que se colocam a serviço da
disseminação da informação e geração de conhecimentos, no intento de
concretizar uma sociedade democrática e cidadã.
Conforme relatado por Andrade (1976, p. 36, grifo nosso), “[...] isso é a
grandeza admirável da Biblioteconomia! Ela torna perfeitamente acháveis os
livros como os seres, e alimpa a escolha dos estudiosos de toda suja
confusão. Este o seu mérito grave e primeiro [...]”.
Sendo assim, quem se gradua em Biblioteconomia coloca-se a serviço da
sociedade, podendo atuar em diferentes instâncias do mercado. Coloca-se a
�181
serviço da sociedade, também, aqueles que se dedicam ao exercício da
docência, que, por meio do método estabelecido por Paulo Freire, criam uma
relação recíproca com os aprendizes, de modo que a prática docente consolidase em meio ao “ensinar aprendendo”.
Nesse contexto, este relato objetiva expor as principais atividades
desenvolvidas por bibliotecário, referente ao segundo semestre de 2014,
lecionando a disciplina Formação e Desenvolvimento de Coleções, vinculada ao
Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). O referido professor/bibliotecário foi selecionado por meio de Processo
Seletivo
realizado
pelo
Departamento
de
Biblioteconomia
da
referida
universidade e iniciou as atividades docentes no dia 27 de agosto de 2014.
Como fio condutor das atividades a serem desenvolvidas, foi aproveitado
o Plano de Disciplina dos semestres anteriores, considerando-se a consistência
e metodologia delineada no plano. Foram realizadas apenas pequenas
inserções no programa, após aprovação da Câmara Departamental, referente a
novas bibliografias a serem utilizadas.
Obedecendo ao calendário acadêmico da UFES, as aulas foram realizadas
de 27 de agosto a três de dezembro, sendo oferecidas, nas quartas e sextasfeiras, das 20 às 22 horas, conforme plano de horários definidos pelo
Departamento. Quanto ao número de discentes, em um primeiro momento,
estavam matriculados na disciplina, 28 alunos, sendo ampliado para 31 após o
processamento da segunda etapa de matrícula.
Também foi solicitada a autorização junto ao professor para abertura de
escopo para três alunos do curso de Arquivologia, o que foi oficialmente
autorizado e concretizado. Após processamento de matrículas, a turma esteve
composta por 34 discentes.
�182
2
BREVES
CONSIDERAÇÕES
TEÓRICAS
SOBRE
O
EXERCÍCIO
DA
DOCÊNCIA
O exercício da docência constitui um dos fazeres mais estratégicos e
provocativos no que se refere à aquisição/ampliação de conhecimento. O ato
de ensinar requer a preparação prévia do docente, mediante ao estudo e
pesquisa que o capacite ao domínio específico de determinada temática ou
área do conhecimento, viabilizando o processo de produção de conhecimento
individual.
Contudo, é louvável e ainda mais produtivo, aquele que conduz seus
métodos de ensino por meio da filosofia do ensinar aprendendo. Além de
produzir conhecimento individual e transmiti-lo ao alunado, o docente, nessa
concepção, ao mesmo tempo que ensina, também recebe conhecimentos do
alunado, firmando um processo educativo recíproco e interativo, com vistas a
despertar uma produção coletiva de conhecimento.
A sala de aula transforma-se em um ambiente de socialização, atuando o
docente como mediador que conduz as atividades mútuas de ensinoaprendizagem. Essa proposta de ensino revoluciona ou refuta a forma de
educação empregada de forma centralizada na figura do professor como centro
das atenções, caracterizando um processo de alienação (FREIRE, 2006).
As propostas freireanas consideram a incompletude do ser humano, logo,
o professor também está em constante aprendizado. Essa incompletude é
justificada, porque é “[...] impossível saber-se incabado e não se abrir ao
mundo e aos outros à procura de explicação, de respostas a múltiplas
perguntas” (FREIRE, 2006, p. 136). Assim, o professor é o personagem que
ensina e aprende ao mesmo tempo.
Mantendo uma relação pacífica e conjunta com o alunado, trocando com
eles informação, o professor capacita-os a adquirir competências e habilidades
essenciais para resolver problemas rotineiros presentes nas relações sociais,
como, ter capacidade em comunicar-se, tomar decisões, fundamentar suas
ideias, enfim, relacionar-se socialmente.
�183
O objetivo de formar alunos críticos, seguros e participativos, tendo em
vista concretizar seus objetivos de vida na sociedade deve ser uma das
preocupações dos professores da sociedade atual. Isso porque, segundo
Behrens (1999 apud RODRIGUES, 2010, p. 148, grifo nosso), “a sociedade
passa a exigir profissionais que tenham capacidade de tomar decisões, que
sejam autônomos, que produzam com iniciativa própria, que saibam
trabalhar em grupo, que partilhem suas conquistas e que estejam em
constante formação”.
A fim de atingir conhecimento e formar indivíduos transformadores é
preciso, também, que o professor adote métodos que incentive os discentes ao
hábito da pesquisa. Ensinar por meio da pesquisa desperta nos aprendizes o
espírito investigativo e inovador. Assim, segundo Piaget et al. (1974, p. 18,
grifo nosso), o verdadeiro professor é aquele que “[...] deixa de ser apenas um
conferencista e estimule a pesquisa e esforço, em lugar de contentar-se em
transmitir os problemas já solucionados”.
Mesmo cientes da importância do processo de pesquisa na educação
superior, muitos desafios ainda perfazem a consolidação dessa prática, pois a
pesquisa tem sido ensinada de uma maneira ineficiente, e, possivelmente com
algum
efeito
colateral
negativo.
Considera-se
importante
introduzir
o
estudante no processo real de conduzir pesquisa e não apenas em ler sobre o
assunto (WITTER, 1987).
3 ATIVIDADE DOCENTE: ENSINANDO E APRENDENDO
A disciplina Formação e Desenvolvimento de Coleções aborda assuntos
necessários à prática bibliotecária em unidades de informação, sejam elas
físicas ou digitais. Especificamente, essa disciplina viabiliza aos discentes a
possibilidade de conhecerem as estratégias para formar e desenvolver com
qualidade as coleções bibliográficas.
Assim, a disciplina, indiretamente, relaciona-se com as demais disciplinas
do curso, sobretudo, àquelas ligadas à organização e disseminação da
�184
informação, tendo em vista, concretizar cientificamente a gestão das coleções
que são incorporadas aos acervos das unidades de informação.
As atividades realizadas em sala de aula foram das mais variadas,
contemplando desde leitura de artigos e livros que abordam o processo de
formação e desenvolvimento de coleções, até visitas técnicas e pesquisas de
campo. Não resta dúvida de que a leitura da bibliografia básica representou
uma das maiores exigências da disciplina, acompanhada também da leitura de
artigos científicos publicados em revistas da Ciência da Informação, na qual
retratam temas correlatos à Gestão das Coleções.
Como estratégia de motivação da leitura textual, adotaram-se estudos
dirigidos, trabalhos em grupos e seminários circulares. As atividades de
pesquisa foram utilizadas como estratégia para desenvolver a competência
informacional nos discentes, além do espírito crítico em argumentar as ideias.
Assim, questões problematizadoras eram levantadas e os discentes eram
motivados
a encontrar
soluções científicas,
no
intuito
de
tornarem-se
capacitados a gerenciar processos e tomar decisões, atividades fins atreladas
ao processo de formar e desenvolver coleções.
A relação teoria-prática também foi essencial nessa disciplina, visto que
seu objetivo é capacitar os alunos para assumir com competência a gerência
de unidades de informação. Para tanto, consolidaram-se as visitas técnicas,
sendo uma realizada no setor de Aquisição da Biblioteca Central (BC) e outra
realizada no setor de Desbastamento (baixa demanda) da mesma unidade.
Visando aprimorar as atividades práticas, foram realizados estudos de
campo, em diferentes modalidades de bibliotecas, com vista a visualizar na
prática como os processos recomendados pela literatura eram concretizados no
âmbito
real.
Como
procedimentos
de
ensino,
foram
utilizados:
aulas
expositivas, orientações individuais e em grupo, análise e discussão de
trabalhos, estudos de casos, análise de políticas de desenvolvimento de
coleções e apresentação de seminário.
Quanto às atividades discentes, destacam-se as principais: leitura,
discussão e redação de textos, visitas técnicas, prova escrita, seminários,
estudo dirigido e exercícios (questões objetivas). No que se refere às
�185
tecnologias e recursos didáticos, citam-se como principais recursos: lousa e
giz, projetor multimídia, laboratório de informática, filmes, vídeos e textos
científicos.
Quanto ao processo avaliativo, conforme expresso no programa da
disciplina, foram utilizados os seguintes critérios: domínio cognitivo (85% da
classificação final): avaliou as capacidades de raciocínio e organização de
conhecimentos por meio de testes somativos sobre os conteúdos ministrados e
trabalhos escritos; domínio das atitudes e valores (10% da classificação
final): avaliou a situação do aluno no processo de ensino-aprendizagem
mediante à assiduidade e pontualidade (nível de assiduidade e pontualidade
nas aulas), empenho e motivação (nas atividades letivas solicitadas),
comportamento e relação com os outros (adequação do aluno às regras de
funcionamento das atividades letivas e respeito aos colegas e professor);
domínio das Aptidões/Capacidades (5% da classificação final): avaliou a
aplicação dos conhecimentos por meio da expressão escrita e oral (integração
dos conteúdos no discurso e rigor de terminologia escrita e oral) e autonomia
na aprendizagem (capacidade de iniciativa, aplicação dos conteúdos a novas
situações). Além desses parâmetros, durante as aulas, os discentes eram
monitorados, motivados a participar, a pesquisar, por conseguinte, esses
pormenores constituíram atribuição de pontos a serem somados na média
final.
É importante enfatizar que, a avaliação dos alunos considerou o
desenvolvimento do aprendizado durante toda a disciplina, baseando-se na
troca coletiva, mas individualizando cada aluno em suas experiências prévias e
sua construção de conhecimento.
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O exercício da docência voluntária agregou valor na capacitação do
docente/bibliotecário
voluntário
ao
viabilizar
o
compartilhamento
de
�186
conhecimentos, reciprocamente com os discentes da disciplina e demais
docentes do Curso de Biblioteconomia da UFES.
Evidenciou-se que o conhecimento adquirido coletivamente contribuiu no
crescimento de ambas as partes, tanto do docente quanto do alunado. Como
prova dos esforços despendidos em sala de aula de ambas as partes e como
resultado dessa experiência, as discussões em sala permitiram a escrita de um
artigo, de cunho teórico, sobre o processo de formação e desenvolvimento de
coleções, que foi apresentado no 18.º Seminário de Bibliotecas Universitárias,
que aconteceu em Belo Horizonte.
Após o processo avaliativo, realizado no final da disciplina, pôde-se
constatar que as atividades conduzidas ao longo da disciplina atingiram seus
reais objetivos, conferindo aos discentes novos valores e conhecimentos a
serem inseridos na prática quando forem atuar profissionalmente no mercado.
Confirma-se, assim, que o processo de aprendizado foi alcançado,
agregando valor na vida profissional dos alunos, bem como aprimorar as
experiências e vivências, de modo a torná-los mais capacitados, competentes e
habilidosos
a
resolverem
os
constantes
desafios
ocorridos
na
prática
profissional.
No que tange ao aprendizado adquirido pelo professor-bibliotecário,
constata-se a ampliação de conhecimento, uma vez que o método utilizado
pautou-se nas propostas freireanas, em que o conhecimento deve ser
socializado de forma dialógica, integrada, democrática e recíproca.
A relação dialógica firmada com os alunos permitiu a (re)construção de
valores e de opiniões por parte do conhecimento prévio dominado pelo
docente-bibliotecário. A experiência vivenciada nessa docência voluntária
contribuiu para o crescimento profissional do docente-bibliotecário, sobretudo
no que se refere à atuação em consultoria informacional, ramo principal
exercido pelo referido docente no mercado de trabalho.
Constata-se a assimilação acerca das teorias que fundamentam o
processo de formação e desenvolvimento de coleções, bem como os
pormenores que envolvem essa prática bibliotecária. A contextualização dos
assuntos abordados na disciplina foi fundamental para formar diálogos sobre
�187
os novos campos de atuação que o bibliotecário pode ocupar, ao se tornar um
profissional
híbrido,
com
capacidade
argumentativa
e
munido
de
conhecimentos para tomar decisões, reconhecendo suas potencialidades, a fim
de transformar desafios em oportunidades.
Assim, evidencia-se, por meio deste relato, a necessidade dos docentes
universitários ampliarem a forma de ensinar, em que um ensino técnico
precisa ser substituído por uma forma de ensinar contextualizada. Os futuros
profissionais precisam de um ensino que os estimule a utilizarem os
conhecimentos adquiridos para melhoria de vida das pessoas e essa melhoria é
alcançada mediante a intervenção do profissional.
Por meio deste relato, é possível perceber que o ensino pela pesquisa,
juntamente com a filosofia freireana, despertou inúmeras condutas ao alunado,
como: empenho, participação intensa, motivação, interesse e interação. Como
consequência desses fatos, os alunos demonstraram, por meio da avaliação,
satisfação quanto ao método adotado e a aquisição de novas condutas,
necessárias para transformá-los em profissionais capacitados a defender suas
crenças, valores e atitudes em face das relações sociais.
Essas são algumas das características fundamentais do profissional do
futuro, em frente a uma sociedade mutante e desafiadora. Os resultados
comprovam
que
o
ensino
pela
pesquisa
e
a
construção
coletiva
do
conhecimento são estratégias pedagógicas viáveis, haja vista alcançar o
processo de ensino-aprendizagem. No contexto da Biblioteconomia, infere-se
que esse método é ainda mais necessário, em virtude de envolver uma das
áreas de atuação desse profissional: o ramo da pesquisa, da busca e
recuperação de fontes de informação.
O
método
freireano
também
é
fundamental
ao
ensino
da
Biblioteconomia, em virtude da importância de se motivar ou estimular os
futuros profissionais a ocuparem os diversos segmentos de mercado que lhe
podem
ser
atribuídos.
Portanto,
ensinar
pela
pesquisa
e
compartilhar
conhecimento em sala de aula, como também, nas relações profissionais,
representa o primeiro passo para a construção de um novo perfil do
bibliotecário, caracterizado, principalmente, pela tendência empreendedora.
�188
Portanto, que atitudes inovadoras iniciem-se na própria sala de aula, por
meio da ação docente, a qual, se trabalhada de forma estimulante e
incentivadora, é possível que os futuros profissionais sejam encorajados a
assumir
compromissos
mais
complexos,
tornando
suas
ações
como
transformadoras da realidade e permitindo um melhor aproveitamento da
atividade bibliotecária no amplo mercado da informação.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mario. Os filhos da Candinha. São Paulo: Martins, 1976.
ORTEGA Y GASSET, José. Missão do bibliotecário. Brasília: Briquet de
Lemos, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica
educativa. 33. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
PIAGET et al. Educar para o futuro. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
1974.
RODRIGUES, Mara Eliane Fonseca. A abordagem do ensino com pesquisa: uma
alternativa pedagógica para o ensino de Biblioteconomia e Ciência da
Informação. TransInformação, Campinas, v. 22, n. 2, p. 147-167, maio/ago.
2010. Disponível em:
<http://periodicos.puccampinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/article/view/4
92/472>. Acesso em: 12 mar. 2015.
WITTER, Geraldina Porto. O ensino de metodologia científica em
Biblioteconomia: algumas considerações. Ciência da Informação, Brasília, v.
16, n. 2, p. 145-49, jul./dez. 1987.
�189
CAPÍTULO XIII
PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE USUÁRIOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NA UFMG:
UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA ENTRE A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
E A ESCOLA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Beatriz Valadares Cendón
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
1 INTRODUÇÃO
Visando
compartilhar
algumas
experiências
de
formação
de
competências informacionais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
este trabalho apresenta a metodologia utilizada no Programa Pró-Multiplicar da
Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES) na
UFMG e em disciplinas do Curso de Graduação em Biblioteconomia da Escola
de Ciência da Informação. O estudo aborda uma experiência entre a Biblioteca
Universitária da UFMG e a Escola Ciência da Informação
universidade.
A
Biblioteca
Universitária
coordena
da mesma
tecnicamente
as
25
bibliotecas da UFMG, formando o Sistema de Bibliotecas Universitárias (BUSB/UFMG).
As experiências abordadas neste trabalho lidam com o desenvolvimento
de um dos aspectos da competência informacional que é o domínio do
conhecimento sobre a busca e recuperação da informação, particularmente da
utilização de fontes de informação científica como as bases de dados de texto
completo, referenciais ou de imagens. Apesar da indiscutível necessidade e
importância desse conhecimento, várias pesquisas, nacionais e internacionais,
bem como repetidas observações de profissionais da informação em suas
atividades de apoio à capacitação, demonstram que os usuários de bases de
dados possuem dificuldades na formulação de estratégias de busca, no uso de
�190
operadores
booleanos,
no
entendimento
conceitual
dos
sistemas
de
recuperação de informação e na diferenciação do conteúdo dos vários sistemas
(CONNAWAY; DICKEY, 2010; GUERRERO, 2009; HERNÁNDEZ SERRANO;
FUENTES
AGUSTÍ,
2011;
KOROBILI;
MALLIARI;
ZAPOUNIDOU,
2011;
MALLIARI; KOROBILI; ZAPOUNIDOU, 2011).
As
experiências
apresentadas
neste
trabalho
são
consideradas
experiências bem-sucedidas. O Programa Pró-Multiplicar foi concebido devido
ao reconhecimento pela Capes de deficiências na capacitação do usuário do
Portal de Periódicos. O Programa tinha como objetivo capacitar estudantes de
Pós-Graduação, portanto usuários finais, para se tornarem instrutores do uso
de recursos do Portal Capes. Esses alunos dominam o conteúdo de suas áreas
e são motivados para o uso do Portal pela necessidade do acompanhamento
atualizado da literatura científica mundial para o desenvolvimento de suas
pesquisas e de seus trabalhos acadêmicos. O desafio do Programa PróMultiplicar
era
Biblioteconomia
tornar
e
esses
Ciência
da
usuários,
sem
Informação,
formação
instrutores
específica
capacitados
em
para
transmitir não só o conhecimento sobre as diversas bases de dados,
referenciais ou de texto completo, bem como conceitos e técnicas sobre
sistemas de recuperação da informação (SRIs), estratégias e recursos de
busca.
Já na disciplina “Sistemas de Recuperação da Informação” do Curso de
Graduação em Biblioteconomia, os alunos serão futuros profissionais da
informação. Para esse grupo de alunos, um dos grandes desafios para o uso
das fontes internacionais de informação científica é a falta de domínio da
língua inglesa, idioma predominante nessas fontes. Além do conteúdo dos
registros, os manuais de uso e a documentação dessas fontes com as quais os
alunos
idealmente
devem
adquirir
familiaridade,
são
frequentemente
apresentados em idioma inglês. Entretanto, o conhecimento e o aprendizado
do uso das fontes de informação científica são imprescindíveis para a atuação
do bibliotecário, seja como mediador do uso dos SRIs, como orientador dos
usuários finais ou como instrutor em programas de capacitação de usuários.
�191
Em ambas as experiências, um fator imprescindível para o sucesso foi a
parceria entre a Escola de Ciência da Informação e a Biblioteca Universitária e
a colaboração dos bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UFMG. As
experiências relatadas no presente trabalho diferenciam-se pelo público a que
se destinam os treinamentos, que por apresentarem perfis e necessidades
específicas, trazem desafios diferentes.
2 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
A competência informacional tem sido discutida por diversos grupos,
principalmente
nos
Estados
Unidos,
porém
o
assunto
ainda
é
pouco
considerado na literatura e em iniciativas no Brasil (HATSCHBACH, 2002),
surgindo somente a partir do início dos anos 2000.
Em artigo publicado em 2003, Dudziak (2003, p. 24) afirmava que a
information literacy” ainda era um termo pouco explorado, não possuindo uma
tradução para a língua portuguesa. “[...] Algumas expressões possíveis seriam
alfabetização
informacional,
letramento,
literacia,
fluência
informacional,
competência em informação”.
Segundo
Campello
(2003),
a
expressão
“information
literacy”
foi
mencionada pela primeira vez no país por Sônia Caregnato19 no ano 2000, que
a traduziu como “alfabetização informacional”. No ano 2002, Campello, em
trabalho publicado na perspectiva da biblioteca escolar, traduz o termo
“information literacy” para competência informacional (CAMPELLO, 2006),
embora afirmasse que o termo ainda estivesse em construção (CAMPELLO,
2003).
Gasque (2012) aponta que no Brasil, a literatura em Ciência da
Informação trata muitas vezes o termo competência (saber fazer, habilidade)
como sinônimo de “letramento informacional”. Para essa autora, o letramento
19
CAREGNATO, S. E. O desenvolvimento de habilidades informacionais: o papel das
bibliotecas universitárias no contexto da informação digital em rede. Revista de
Biblioteconomia & Comunicação, Porto Alegre, v. 8, p. 47-55, 2000.
�192
informacional é um conceito flexível, que pode ser discutido e ampliado e que
no presente trabalho é tratado como competência informacional, definido
como:
[...] um processo de aprendizagem que favorece o aprender a aprender,
visto que engloba conceitos, procedimentos e atitudes que permitem ao
indivíduo identificar a necessidade de informação e delimitá-la, buscar e
selecionar informação em vários canais e fontes de informação, bem
como estruturar e comunicar a informação, considerando os seus
aspectos éticos, econômicos e sociais (GASQUE, 2012, p. 46).
Os precursores da competência informacional no país seriam os
bibliotecários que desenvolvem estudos na área de educação de usuários
(DUDZIAK, 2003). Além de Caregnato, primeira a mencionar o termo
competência informacional no país, merecem destaque como primeiros estudos
sobre competência informacional os trabalhos de Belluzzo (2001) que enfatiza
o caráter multidisciplinar do assunto, sendo abordado na área de Ciência da
Informação, Engenharia de Produção, Educação e outras; Dudziak, em 2001,
ao traçar uma trajetória histórica da competência informacional no exterior; e
Campello com trabalhos publicados no âmbito da biblioteca escolar nos anos
de 2003, 2006 e 2010 (SANTOS, 2011). Falando sob o ponto de vista dos
bibliotecários,
Campello
(2006)
aponta
que,
embora
os
pesquisadores
brasileiros trabalhem em diferentes perspectivas, eles têm em mente a
percepção de ser o momento oportuno para ampliar a função pedagógica da
biblioteca e de repensar o papel do bibliotecário como agente no processo da
competência informacional.
Nos últimos anos, tem-se notado um crescimento grande do número de
publicações sobre a competência informacional no país, chamando a atenção
de bibliotecários e cientistas da informação. Esse fato foi constatado na
dissertação apresentada por Santos (2011) a partir de uma análise realizada
nos periódicos de Ciência da Informação e trabalhos de Pós-Graduação strictu
sensu defendidos e publicados a partir do ano 2000. Corroborando essa
afirmação, Almeida, F. (2014) identificou 13 grupos de pesquisa no Brasil com
atuação direta ou com alguma de suas linhas de pesquisa voltadas para a área
de
competência
informacional.
Esses
dados
podem
ser
reflexos
do
�193
fortalecimento da área no país e em consequência disso, um aumento no
número de publicações sobre essa temática.
Quadro 1- Grupos de pesquisa sobre competência informacional no Brasil
Grupo
Líder
Competência em Informação –
UNB
Elmira Luzia Melo Soares
Simeão
Aurora Cuevas Cerveró
Ciência da Informação
Competência em Informação:
suas múltiplas relações – UEL
Linete Bartalo
Ciência da Informação
Competência Informacional
GPCIn – UFSC
Elizete Vieira Vitorino
Ana Claudia Perpetuo
Oliveira da Silva
-
Comportamento e competência
informacionais – UNESP
Comunicação
Científica
em
Saúde Pública – USP
Comunicação
e
Divulgação
Científicas – IBICT
Educação
científica
e
tecnológica
na
formação
profissional - IF-Catarinense
Área predominante
de
Ciência da Informação
Helen de Castro Silva Casarin
Ciência da Informação
Angela Maria Belloni Cuenca
Helene Mariko Ueno
Saúde Coletiva
Lena Vania Ribeiro Pinheiro
Ciência da Informação
Sirlei de Fátima Albino
Marouva Fallgatter Faqueti
Educação
Estudos
de
informação
e
avaliação
em
ciência
e
tecnologia e saúde – FIOCRUZ
Gestão da Informação e do
Conhecimento – UFMG
Grupo
de
Pesquisa
em
Informação – GPINFO
Grupo de Pesquisas e Estudos
em
Representação
do
Conhecimento e Tecnologias
da Informação e Comunicação
(GPERTIC) – UFS
Maria
Cristina
Soares
Guimarães
Eduardo Vieira Martins
Ricardo Rodrigues Barbosa
Marta Macedo Kerr Pinheiro
Gisela Eggert Steindel
Divino Ignacio Ribeiro Junior
Fabiano Ferreira de Castro
Ciência da Informação
Informação, Conhecimento
Inteligência Organizacional
UNESP
Marta Lígia Pomin Valentim
Daniela Pereira dos Reis de
Almeida
Ciência da Informação
e
–
Núcleo
de
Tecnologias
e
Luiz Roberto de Oliveira
Educação a Distância em
Lidia Eugenia Cavalcante
Saúde – NUTEDS – UFC
Fonte: (ALMEIDA, F., 2014, p. 33).
Ciência da Informação
Ciência da Informação
Ciência da Informação
Medicina
Apesar do crescimento do número de publicações e pesquisadores que
tratam do tema da competência informacional, de acordo com Gasque (2012),
houve um grande aumento de pesquisas, mas poucas as ações voltadas para a
formação de pessoas capacitadas em lidar com informação, representando
ainda um problema para o cenário brasileiro. Gasque (2008) admite que, no
Brasil, as discussões sobre
a competência informacional precisam ser
�194
intensificadas, tanto na educação básica quanto no ensino superior. De acordo
com essa autora, parece haver pouca preocupação em sistematizar um
programa de aprendizagem, com conteúdos de busca e uso da informação
integrado aos conteúdos e extensivo tanto a professores e alunos. Almeida, M.
(2014) ainda complementa as afirmações de Gasque (2008) ao considerar que
as pesquisas e estudos sobre a aplicação prática, políticas e implementação de
programas
de
desenvolvimento
de
competências
informacionais
nos
estudantes universitários brasileiros ainda são incipientes, sendo muito
importante que o sistema brasileiro de educação superior invista esforços para
que a formação em competências informacionais tenha presença garantida no
currículo acadêmico.
Para que se consiga superar o desafio do desenvolvimento das
competências informacionais na educação superior, os projetos e programas
em torno da competência informacional devem ser incluídos no currículo das
instituições de ensino superior e trabalhados de forma colaborativa e integrada
entre professores e bibliotecários de maneira que os alunos sejam “[...]
capazes de reconhecer o que eles precisam realizar, determinar se um
computador irá ajudá-los fazer, e, em seguida, ser capaz de usar o
computador como parte do processo de realizar sua tarefa” (EISENBERG;
DOUG, 2002, não paginado, tradução nossa).
Dessa forma, a função da biblioteca universitária que desempenha um
papel importante na formação acadêmica também se altera, indo além do
apoio instrumental às atividades de ensino e pesquisa, contribuindo para a
formação da competência informacional.
3 O PROGRAMA PRÓ-MULTIPLICAR NA UFMG
O Programa Pró-Multiplicar foi uma iniciativa da Capes, atualmente
descontinuado, que visava capacitar alunos bolsistas de Doutorado ou
Mestrado da Capes em instituições credenciadas pelo Portal para atuar como
�195
monitores e multiplicadores na divulgação e instrução sobre o uso do Portal de
Periódicos junto aos seus colegas de Graduação e Pós-Graduação.
Criado em 2008, o Programa foi implantado nas universidades do país,
tendo a UFMG aderido ao mesmo em 2010. De acordo com a Portaria que
instituiu o Pró-Multiplicar na UFMG, o programa tinha os seguintes objetivos
específicos:
a) incentivar os alunos e pesquisadores da instituição a utilizarem os
recursos do Portal na sua plenitude;
b) disseminar nas diversas áreas do conhecimento o uso do Portal nas
instituições participantes;
c) incentivar a utilização dos diversos recursos eletrônicos disponíveis no
portal de Periódicos e editores, facilitando, assim, o uso do mesmo pelos
grupos de pesquisa nas instituições; e
d) possibilitar que as instituições possuam alunos e profissionais [com]
“expertise” nos recursos do Portal de Periódicos nas diversas áreas do
conhecimento com o compromisso de disseminar informação e
promover treinamentos periódicos da comunidade acadêmica discente
(BRASIL, 2009).
A UFMG, por meio da Biblioteca Universitária que coordena tecnicamente
o Sistema de Bibliotecas (BU-SB/UFMG), já possuía, mesmo anteriormente à
sua adesão ao Pró-Multiplicar, a prática de oferecimento de cursos e
treinamentos sobre o uso do Portal para a comunidade acadêmica. Conforme
Cendón e Costa (2013, p.178),
para melhor atender à comunidade, a diretoria da BU-SB/UFMG criou,
em dezembro de 2009, o Setor de Apoio aos Usuários do Portal de
Periódicos da CAPES na UFMG, com o objetivo de cuidar do atendimento
ao usuário, aumentar a visibilidade do Portal e oferecer, para usuários e
bibliotecários, de forma contínua, programas de capacitação sobre a
utilização dos recursos disponíveis.
Nesse sentido, o Programa Pró-Multiplicar veio, portanto, ao encontro
das iniciativas existentes, fortalecendo e ampliando as práticas já adotadas no
sentido da capacitação do usuário e do aumento do uso do Portal.
O planejamento, desenvolvimento e implantação do Programa PróMultiplicar na UFMG seguiram as orientações fornecidas na Portaria da Capes
nº 144, de outubro de 2009, e contou com o trabalho em conjunto da BUSB/UFMG, Escola Ciência da Informação, Pró-reitora de Pós-Graduação e
Pesquisa, para que o programa atingisse os objetivos propostos. Assim, uma
�196
metodologia
visando
atividades,
cronogramas
e
programação
foram
desenvolvidas para a implementação do Programa Pró-Multiplicar na UFMG,
conforme quadro 2.
Quadro 2 - Planejamento para a formação dos multiplicadores
1º ETAPA – PLANEJAMENTO PARA A FORMAÇÃO DOS MULTIPLICADORES
Reuniões dos coordenadores do programa na UFMG
Reuniões entre coordenadores do programa na UFMG, Pró-Reitor de Pós-Graduação,
Diretores da Escola de Ciência da Informação e Biblioteca Universitária.
Convocação e seleção dos bolsistas multiplicadores
Carta inicial de convocação, dirigida a todos os programas de Pós-Graduação da instituição,
foi emitida pelo Pró-Reitor de Pós-Graduação.
Recebimento e gerenciamento das inscrições
Gerenciadas pelos bibliotecários do Setor de Apoio aos Usuários do Portal de Periódicos da
CAPES na Biblioteca Universitária, que mantiveram controle do número de inscritos, dos
seus programas de origem, das áreas do conhecimento a que pertenciam e dos demais
dados.
Atividades de divulgação no Boletim da UFMG e no Site da Biblioteca Universitária
Iniciou-se a publicação de matérias de divulgação nas mídias da UFMG.
Definição da infraestrutura laboratorial e de Internet
Com a previsão inicial do número esperado de inscrições no programa, percebeu-se que
seriam necessários para o treinamento quatro laboratórios. A Escola de Ciência da
Informação disponibilizou três Laboratórios. A Biblioteca Universitária disponibilizou a sua
sala de treinamentos. Todos contavam com aparelho de projeção multimídia e
computadores conectados à internet para alunos e professores.
Recursos Humanos da instituição para apoio ao programa
Para as diversas etapas, envolvendo desde a divulgação até as etapas de treinamento, o
Programa contou com uma equipe da UFMG, sendo: coordenadores do programa, um
técnico de informática disponível para o programa, um fotógrafo, uma jornalista, um
operador de audiovisual, para a gravação e transmissão dos treinamentos, um assistente
em administração e bibliotecários do SB/UFMG.
Fonte: Adaptado de Cendón e Costa (2013, p. 180-183).
É necessário ressaltar que, embora o presente trabalho focalize mais na
metodologia de treinamento dos multiplicadores, a qual será apresentada a
seguir, a implementação do programa na UFMG foi uma atividade complexa
que envolveu vários setores da Escola de Ciência da Informação, a Biblioteca
Universitária, além de outros setores competentes da UFMG. Exemplos das
atividades que fizeram parte do programa foram a transmissão das aulas via
internet para alunos remotos, sinalização do prédio onde foram ministradas as
aulas, divulgações do Programa no Boletim da UFMG, criação de site para o
projeto, gravação das aulas em DVDs, criação de pôsteres e folders com a
programação do evento e comunicações da Pró-Reitoria de Pós-Graduação com
os Programas de Pós-Graduação. Em conjunto, todas essas atividades, as
quais
são
descritas
detalhadamente
em
artigo
submetido
à
revista
�197
Perspectivas em Ciência da Informação, contribuíram para o sucesso do
programa.
4 A METODOLOGIA DO PROCESSO DE MULTIPLICAÇÃO
Na primeira etapa do programa, os multiplicadores, divididos em três
áreas do conhecimento, bem como bibliotecários dos sistemas de bibliotecas
da UFMG receberam, de técnicos da Capes e de representantes das editoras
presentes no Portal, 24 horas de treinamento e orientações sobre o Programa
Pró-Multiplicar, sobre o uso do Portal de Periódicos da Capes e das diversas
bases de dados. De posse dessa informação, os multiplicadores deveriam
repassar o treinamento recebido para outros usuários na instituição.
Com base no conteúdo ministrado pela Capes e pelas editoras e na lista
de alunos multiplicadores e bibliotecários participantes, elaborou-se um
calendário de aulas sobre o uso das bases de dados de cada uma das três
grandes áreas de conhecimento. Esse calendário previa aulas diárias, de
agosto até dezembro de 2010, designava o multiplicador responsável por cada
uma das aulas, bem como as datas em que se dariam os treinamentos
ministrados por eles e o horário e duração das aulas. A cada aluno
multiplicador foi designada uma base de dados, a qual ele deveria estudar em
profundidade. E lhe foram atribuídas duas aulas sobre essa base de dados.
Esse cronograma de aulas a serem ministradas pelos multiplicadores foi
anunciado globalmente na UFMG, podendo qualquer pessoa se inscrever, o que
dava ao aluno multiplicador um maior senso de sua responsabilidade quanto à
sua preparação e ao domínio do conhecimento a ser ministrado.
A metodologia adotada procurou garantir condições para que os
multiplicadores se preparassem adequadamente e se sentissem confiantes,
bem como responsáveis quanto ao conteúdo a eles atribuído, um cuidado que
foi fundamental para o sucesso das aulas. Na distribuição de encargos aos
alunos multiplicadores, buscou-se, realisticamente, atribuir tarefas factíveis e
compatíveis com os demais compromissos e demandas exigidas de um aluno
�198
de Pós-Graduação pelos seus cursos. Na definição do conteúdo a ser
ministrado pelos multiplicadores, considerou-se ainda o fato de que eles não
tinham formação na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação e que
haviam recebido, em apenas três dias, 24 horas de treinamento, com uma
grande sobrecarga cognitiva.
Para garantir a possibilidade de domínio, pelo aluno multiplicador, do
conteúdo a ele designado e, consequentemente, a qualidade dos treinamentos
que eles realizariam, utilizou-se como estratégia a definição de apenas uma
base de dados (ou um pequeno conjunto caso elas fossem muito simples ou
semelhantes) a qual o multiplicador deveria estudar dando-lhe condições assim
de conhecê-la a fundo e sentir-se seguro para ministrar o treinamento.
Preferencialmente, procurou-se alocar bases da área de conhecimento à
qual o aluno pertencia. Definiu-se ainda, para cada base de dados, um
bibliotecário em cada unidade para dar suporte aos alunos multiplicadores na
preparação das suas aulas e do material didático a ser utilizado.
Com a mesma preocupação, e com a autorização da Capes e das
editoras, as aulas ministradas pelos instrutores aos multiplicadores, no
treinamento inicial, foram filmadas e posteriormente editadas e gravadas em
DVDs. Esses foram disponibilizados para os multiplicadores, na Biblioteca
Universitária. Após consulta aos representantes das editoras, foi dada ao
multiplicador permissão para fazer cópias desses DVDs para seu estudo. O
multiplicador foi também informado sobre a existência de outros materiais
instrucionais disponíveis no site do Portal e da possibilidade de contato direto
com os representantes das editoras em caso de dúvidas.
A opção pela designação de apenas duas aulas para cada multiplicador
considerou os seus demais encargos e visou a concentração dos seus esforços
em um domínio mais restrito de conhecimento para possibilitar maior
segurança.
No último dia do treinamento dos alunos multiplicadores, todos os
participantes do treinamento foram reunidos para os esclarecimentos iniciais,
de como se daria o processo de multiplicação. Nessa reunião, dúvidas foram
esclarecidas bem como sugestões foram apresentadas pelos participantes
�199
havendo também oportunidade para aqueles que não se sentiram à vontade
com o conteúdo a eles designados de solicitarem alterações.
Quando, a partir de 20 de agosto de 2010, foram ministrados os
treinamentos
pelos
alunos
multiplicadores
formados,
a
metodologia
desenvolvida mostrou-se eficaz visto que, apesar de os alunos multiplicadores
não terem formação específica na área de Ciência da Informação ou em
Biblioteconomia, na avaliação realizada com eles, percebeu-se satisfação por
parte da maioria. Nessa avaliação, perguntou-se: 1) Como você avalia o
treinamento ministrado pelo aluno/colega multiplicador do programa? 2) Avalie
o local de realização do treinamento. 3) Avalie o conteúdo repassado no
treinamento. 4) Avalie a carga horária do treinamento. 5) Você já possuía
algum conhecimento da base apresentada? 6) Você teria condições de repassar
o conhecimento aprendido? 7) Apresente sugestões para os treinamentos
ministrados no Programa Pró-Multiplicar. Apesar dos alunos multiplicadores
não terem formação específica na área de ciência da informação, 98% dos
alunos treinados os consideraram excelentes ou bons como instrutores, e 97%
consideraram o conteúdo recebido excelente ou bom.
Após o encerramento e avaliação das atividades do Programa PróMultiplicar na UFMG, considera-se ter-se alcançado com sucesso os objetivos
pretendidos. Foram treinados, pelos instrutores da Capes e das editoras
presentes no Portal, 43 alunos multiplicadores e 17 bibliotecários que deram
suporte ao Programa. Após o treinamento pelos instrutores da Capes, os
alunos multiplicadores, por sua vez, realizaram 72 treinamentos para 293
alunos de Graduação e Pós-Graduação, conforme gráfico 1.
Gráfico 1 – Total de pessoas treinadas
Pró-Multiplicar
Total de pessoas treinadas - 2010
4
46
82
Fonte: Cendón e Costa (2013, p. 187).
70
91
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
�200
Os gráficos a seguir mostram o resultado da avaliação sendo que, das
293 pessoas treinadas, 211 responderam ao questionário, sendo que 72%
consideraram os treinamentos excelentes. Observa-se, para essas questões, a
predominância da opção excelente que foi escolhida em cerca de 70% das
respostas. Ainda é importante notar que, dos respondentes, 76% afirmaram
que seriam capazes de retransmitir o treinamento recebido, conforme o gráfico
2, o que demonstra a boa assimilação.
Gráfico 2 – Condição de repassar o conhecimento
Condição de repassar conhecimnto
Sim
Não
Não informado
1%
23%
76%
Fonte: Cendón e Costa (2012, p. 26).
No que se refere aos alunos que receberam o treinamento dos alunos
multiplicadores, eles consideraram o repasse dos conhecimentos em sua
maioria como excelente, conforme gráfico 3.
Gráfico 3 – Conteúdo repassado
Conteúdo repassado
3%
Excelente
Bom
Regular
30%
67%
Fonte: Cendón e Costa (2012, p. 26).
�201
Registrou-se uma satisfação um pouco menor com a carga horária dos
treinamentos (apenas 32% a consideraram excelentes) e as respostas à
questão de número 7 da avaliação, qualitativa, que pedia sugestões para o
Programa, confirmam o desejo dos alunos que as aulas fossem mais longas e
mais aprofundadas. As respostas também indicam a necessidade de maior
divulgação do Portal e do conteúdo e uso de suas bases, já que 68% dos
respondentes
informaram
não
ter
conhecimento
prévio
do
conteúdo
ministrado.
A questão aberta elicitou ainda comentários dos usuários treinados que
indicam a demanda por material didático de suporte para as aulas, de maior
carga horária para exercícios práticos, e até mesmo de inserção do
treinamento
na
grade
curricular,
tornando-o
obrigatório
para
os
pós-
graduandos, o que demonstra o interesse do público-alvo pelo Portal e o valor
que eles perceberam no treinamento recebido. Abaixo, apresentam-se alguns
dos comentários dos usuários treinados pelo Pró-Multiplicar, os quais se
caracterizam como exemplos de sugestões apresentadas:
Aumentar a carga horária dos treinamentos (comentário feito pelos
alunos que receberam o treinamento das bases Mary Ann Lieberty,
SciFinder, BioOne e Optics InfoBase; Wilson Web e SpringerLink,
EndNote Web e Derwent Innovations Index, Science e Annual Reviews, e
ainda o treinamento geral sobre o Portal Capes);
Treinamento mais aprofundado e detalhado em cada uma das bases de
dados disponibilizadas pela Capes voltado para alunos de Pós-Graduação
da universidade (comentário feito por aluno que recebeu treinamento
sobre uso da Web of Science;
Treinamentos nos turnos da manhã, tarde e noite;
Maior divulgação;
Criar treinamento sobre seleção de palavras-chave, orientação sobre
normas para uso de palavras-chave. (comentário de aluno que recebeu
treinamento da base Emerald FullText);
Criar treinamentos voltados para assuntos de pesquisa, de Mestrado ou
Doutorado de cada um;
�202
Tornar o treinamento obrigatório aos alunos de Mestrado e Doutorado
(comentário
feito
por
aluno
que
recebeu
treinamento
na
base
Compendex);
Inserção do treinamento na grade curricular.
5 A DISCIPLINA SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Nesta seção, será relatada a metodologia adotada na parte prática da
disciplina “Sistemas de Recuperação da Informação”. Se as disciplinas sobre
esse assunto serviram de base para a criação da metodologia adotada no PróMultiplicar, a experiência adquirida no Programa também influenciou os
próximos oferecimentos da disciplina. Com base na metodologia desenvolvida
no Programa Pró-Multiplicar, para o ensino do uso de bases de dados na
disciplina buscou-se a parceria com a Biblioteca Universitária. Da mesma
forma que no Pró-Multiplicar procurou-se garantir condições para que os
alunos, ao mesmo tempo em que lhe eram atribuídas responsabilidades pelo
seu próprio aprendizado e pelo de seus colegas, sentissem que teriam o apoio
necessário para estarem confiantes quanto ao conteúdo a eles designado.
A disciplina consistia de uma parte teórica sobre sistemas de recuperação
da informação e de uma parte prática em que os alunos analisavam e
avaliavam um SRI com relação à sua organização e representação da
informação, recursos de busca, especificidades, serviços ao usuário, entre
outros aspectos abordados. Para a parte prática, adotou-se, da mesma forma
que no Programa Pró-Multiplicar, a restrição do material a ser trabalhado
privilegiando-se a profundidade e domínio do aprendizado ao invés da
amplitude do leque de bases a serem aprendidas. Os alunos fizeram
apresentações para os colegas e com tempo suficiente para uma explanação
detalhada e interativa da base e com aplicação de exercícios práticos e
avaliação.
Na
busca
da
parceria
com
a
Biblioteca
Universitária,
que
foi
indispensável, houve a preocupação de não sobrecarregar os bibliotecários que
�203
estavam colaborando com a disciplina. As bases de dados selecionadas foram
sugeridas pelos próprios bibliotecários, de acordo com as suas experiências e
competências, procurando minimizar a ampliação de suas tarefas. Por
sugestão deles, buscou-se, também, nessa seleção, representar as várias
áreas de conhecimento. Por questão de uniformidade, todas as bases deveriam
ser referenciais, textuais, bibliográficas e terem um tesauro. A exigência do
tesauro teve por objetivo garantir formulação de buscas complexas e o
aprendizado do uso de um vocabulário controlado. As bases selecionadas
foram:
SocINDEX (Ciências Sociais Aplicadas);
Educational Resources Information Center - ERIC (Ciências Humanas);
Library and Information Science Abstract - LISA (Ciências Sociais
Aplicadas);
Inspec (Ciências Exatas);
Compendex (Engenharias);
Derwent Innovations Index (Multidisciplinar).
A cada grupo de alunos, composto de quatro a seis integrantes foi
designada uma dessas bases de dados do Portal Capes e um bibliotecário para
apoiá-los
na
sua
aprendizagem.
Cada
grupo
deveria
preparar
três
apresentações, ao longo do semestre, com conteúdo adequado ao material
apresentado em sala de aula. A primeira apresentação de 15 minutos abordava
a base de dados, vista como um sistema de recuperação da informação,
incluindo informações sobre seu histórico, seu produtor e distribuidores. Na
segunda
apresentação,
os
alunos
cobriam
o
processo
de
seleção
de
documentos, sua estrutura e organização, forma de representação dos
documentos, recursos de busca oferecidos, recursos para disseminação dos
resultados e outras especificidades que variaram de base para base. Na
terceira, apresentou-se a prática de uso da base de dados. Os alunos deveriam
apresentar exercícios práticos e foram responsáveis pela avaliação dos
colegas. Durante as aulas, que se deram no laboratório de informática, os
integrantes dos grupos atuaram também como monitores sanando as dúvidas
e problemas encontrados pelos colegas nos exercícios interativos. Abaixo,
�204
apresentam-se detalhes de uma das atividades práticas da disciplina que
consistia na preparação e apresentação de uma base de dados.
Para se preparar para a apresentação, cada grupo de alunos deveria:
entrar em contato com o bibliotecário designado para combinar um dia
para receber um treinamento sobre o seu uso;
pesquisar sobre a base;
ler sua documentação e outros materiais e tutoriais indicados pelo
bibliotecário.
Para a apresentação da base de dados, as tarefas de cada grupo foram:
preparar apresentação interativa usando também a ferramenta Power
Point;
preparar um pequeno manual para uso da base para fornecer para os
colegas;
fornecer para os colegas indicação de outros materiais disponíveis para
estudo da base (tutoriais ou apresentações no site da Capes ou do
produtor);
preparar exercícios para os colegas;
preparar uma avaliação para os colegas;
atuar como monitores da turma no laboratório durante a apresentação, a
realização dos exercícios e da prova.
Os bibliotecários apoiaram os grupos das seguintes formas:
uma orientação/demonstração inicial sobre a base;
indicação onde encontrar mais materiais para estudo da base (site do
produtor, site da Capes);
esclarecimento de dúvidas;
verificação e aprovação, juntamente com o professor da disciplina, dos
exercícios e do material preparado pelos grupos para as apresentações.
Tópicos que deveriam constar da apresentação:
GERAL
Tipo da base, segundo a classificação de Lancaster;
�205
Histórico da base;
Produtor, distribuidores. Uma breve descrição do provedor. Que
produtos ele oferece e qual o seu público-alvo?;
CONTEÚDO
Assuntos/áreas do conhecimento da base cobre;
Materiais que são indexados pela base;
Período de cobertura da base,
Quantos registros têm a base;
Número de registros que são acrescentados anualmente;
Índice(s) que corresponde(m) à base;
Frequência de atualização da base on-line;
Forma de obtenção dos textos completos dos documentos.
ESTRUTURA
Campos da base, e seus códigos;
Campos pesquisáveis;
Existência de campos que são indexados por palavra e/ou por frase;
Palavras proibidas;
Campos de assunto.
REPRESENTAÇÃO
Existência de vocabulário controlado e explicação sobre ele (origem,
como utilizar);
Campos para busca por assunto;
Descrição do registro do tesauro.
BUSCA
Busca com operadores booleanos simples ou aninhados;
Operadores de proximidade;
Busca por expressões (phrase);
Operadores de comparação ou aritméticos;
�206
Outros operadores;
Outros tipos de busca;
Busca
em
campos
específicos/índices
especiais/vocabulário
controlado.
OUTROS
Modos de ordenação dos resultados;
Ajuda ou tutorial, status;
Formatos de saída;
Modos de emissão dos resultados;
Gravação da estratégia de busca;
Mecanismo de alerta.
PARTICULARIDADES / ESPECIFICIDADES DA BASE
Após a apresentação, os alunos deveriam fazer alguns exercícios e prova a
serem entregues. Esses deveriam ser pontuados pelos membros do grupo. A
prova deveria incluir questões sobre:
provedor e histórico da base de dados;
conteúdo;
representação;
busca (parte teórica e prática).
A avaliação dos alunos era baseada na apresentação e no material preparado
para a aula, tais como:
manual de uso da base que deveria ser distribuído para os colegas;
arquivo Power Point da apresentação;
exercícios interativos feitos durante a apresentação;
prova com parte teórica e parte prática.
�207
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em ambas as experiências apresentadas, além do aprendizado de
habilidades e conhecimentos sobre a fonte de informação, pode-se dizer que
foi atingido também o objetivo de mudanças de atitudes e valores, tanto dos
alunos instrutores como dos alunos treinados. Segundo um grupo de alunos,
em sua avaliação da disciplina,
foi possível perceber que os alunos tiveram um grande interesse pelas
bases apresentadas [...] A forma como cada base foi trabalhada
proporcionou ao grupo um aprendizado diferenciado com uma absorção
maior do conteúdo contido em cada base. A atividade avaliativa foi
fundamental para aprimorar o conhecimento das bases.
No caso da disciplina, como resultado desta metodologia, observou-se
uma grande motivação tanto dos alunos que participavam dos grupos quanto
dos colegas a quem o treinamento estava sendo ministrado, pela riqueza do
conteúdo do Portal Capes e um senso de responsabilidade para com a sua
apresentação para os colegas. A mesma motivação e entusiasmo foram
notados em relação aos bibliotecários que apoiaram os alunos, alguns dos
quais quiseram e puderam estar presentes nas apresentações dos alunos,
embora tal não fosse requerido.
Em relação ao Programa Pró-Multiplicar na UFMG, um dos pontos dignos
de nota foi a valorização do Programa pelos multiplicadores e seu entusiasmo
com o conteúdo sendo ensinado, o que foi objeto de comentários pelos
representantes das editoras e técnicos da Capes durante a realização do
treinamento. Merece ser mencionado o interesse e esforço de um grupo de
alunos da área de Ciências Biológicas que foi além das exigências do
programa, oferecendo, por sua própria iniciativa, para colegas e professores
em sua unidade, um treinamento mais extenso do que o que haviam recebido.
Esses alunos forneceram de espontânea vontade um treinamento de 30 horas
(24 horas e mais seis horas de exercícios práticos) em que utilizaram seu
domínio da área de conhecimento para criar outros exercícios e demonstrações
do uso e utilidade das bases de dados. Essa experiência foi ao encontro das
expectativas da Capes que esperava ao criar o Programa Pró-Multiplicar que
�208
“[...] a participação dos bolsistas trará um elemento novo ao treinamento que
se dará de colega para colega, destacando os conteúdos de interesse do
pesquisador” (BRASIL, 2009, p. 27). Sanler (2001, p. 25)20 citado por Del
Fiaco (2005, p. 85) apresenta também observações sobre os benefícios do
envolvimento maior do aluno no seu aprendizado:
Os métodos participativos levam o estudante a vivenciar situações
propícias que possibilitam sua conversão em um ente ativo, criador,
capaz de contribuir com o desenvolvimento do entorno social e sua
própria autotransformação. Além de desenvolver talentos individuais,
garante a formação de um alto grau de responsabilidade social e cidadã
(SANLER, 2001 apud DEL FIACO, 2005, p. 85).
O sucesso dessas experiências e os próprios comentários dos usuários
treinados
pelo
Programa
sugerem
que
seria
interessante
estudar
a
possibilidade de inserção do treinamento no uso do Portal na grade curricular.
Essa inserção poderia se dar de várias formas, sendo uma delas, por exemplo,
o ensino do uso do Portal como um módulo dentro de uma disciplina
introdutória ou de metodologia. A viabilização dessa ideia dependeria de uma
articulação
entre
bibliotecários,
professores,
colegiados
e
órgãos
da
universidade interessados na promoção da pesquisa e produtividade científica
de sua comunidade.
O caráter da instituição onde se deram as experiências, a UFMG, com
cursos de Graduação e Pós-Graduação em todas as áreas do conhecimento e a
variedade das bases de dados utilizadas também sugere a generalizabilidade
de seus resultados para outros ambientes.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Fernanda Gomes. Competência informacional no Portal de
Periódicos da Capes: uma análise a partir dos treinamentos de uso. 2014.
191f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Ciência da
Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.
20
SANLER, Verônica Canflux. Métodos participativos. Universidad de la Habana: CEPES,
2001.
�209
ALMEIDA, Maria da Graça Gomes. La integración de la alfabetización
informacional (ALFIN) en la formación del estudiante universitario:
análisis de iniciativas en Brasil y España. 2014. 441f. Tese (Doctorado en
Documentación: Archivos y Bibliotecas en el Entorno Digital) - Departamento
de Biblioteconomía y Documentación, Universidad Carlos III de Madrid,
Getafe,2014.Disponível em:
<http://earchivo.uc3m.es/bitstream/handle/10016/18885/tesis_almeida_2014
.pdf?sequence=1>. Acesso em: 17 jul. 2014.
BELLUZZO, Regina Célia Baptista. A information literacy como competência
necessária à fluência científica e tecnológica na Sociedade da Informação: uma
questão de educação. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNESP, 7., 2001, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n. 144 de 20 de outubro de 2009.
Aprova o Regulamento do Programa de Formação de Multiplicadores do Portal
de Periódicos - Pró-Multiplicar. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 out.
2009. Seção 1. p. 26-27. Disponível em:
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�212
CAPÍTULO XIV
INOVAÇÃO NAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS: FOCO NAS PESSOAS
Marina Nogueira Ferraz
1 INTRODUÇÃO
Existe uma tendência nos discursos contemporâneos que o conceito de
inovação quase sempre apareça vinculado à tecnologia, uma vez que a área
tem em seu cerne a inovação como elemento constituinte. No entanto, se
contextualizarmos a inovação para e nas bibliotecas públicas, essa ideia pode
adquirir novos contornos e dimensões.
As mudanças sociais, econômicas e tecnológicas vividas nos tempos
atuais, na chamada Era da Informação ou Sociedade da Informação, têm
trazido
como
consequência
o
desenvolvimento
das
tecnologias,
o
encurtamento das distâncias e, principalmente, a valorização da informação.
Porém, mesmo diante do quadro de um mundo globalizado, a desigualdade de
acesso à informação ainda persiste. As bibliotecas públicas podem e devem
desempenhar o papel de disseminadoras da informação e foram criadas para
esse fim.
Apesar dessa premissa, ao longo de sua trajetória, a biblioteca pública
desempenhou papel de biblioteca escolar — suprindo uma falta histórica no
Brasil e no mundo —, foi direcionada por interesses políticos e, principalmente,
nunca recebeu a devida atenção e reconhecimento como instituição, por
excelência, democrática e que atua como veículo para o desenvolvimento da
cidadania e acesso ao conhecimento. Ainda pouco frequentada pela maioria da
população, o papel da biblioteca pública vem passando por mudanças nas
últimas décadas, voltando-se para um desempenho dinâmico, vivo, integrado
às várias manifestações artísticas e atuando como importante instrumento de
caráter social, que contribui para o diálogo e a articulação da comunidade.
�213
As bibliotecas públicas têm sido objeto de interesse social e acadêmico,
principalmente a partir do século XX, com o fortalecimento dos conceitos de
direitos sociais, democratização, acesso à informação e aprendizagem ao longo
da vida.
Terminado
já
o
primeiro
decênio
do
século
XXI,
no
Brasil
e,
especificamente em Minas Gerais, ainda estamos almejando os mesmos
objetivos que outros países colocaram e cumpriram no século XX: a
universalização das bibliotecas públicas como condição para a plena cidadania,
da infância até o fim da vida.
Do papiro/pergaminho ao papel/bits e bytes; do formato de rolo aos
tablets, o livro vem se transformando, assim como as bibliotecas. Neste
capítulo, vamos conversar sobre como as mudanças de paradigma nas
bibliotecas públicas foram formas inovadoras de disseminar informação e de se
relacionar com a comunidade, entendendo que a inovação deve ser pensada
para além da tecnologia e que as pessoas são sempre a variável mais
importante dessa equação.
2 INOVAÇÃO
Vamos iniciar esta seção discutindo alguns conceitos de inovação
propostos por autores e diretrizes internacionais que abordam este tema. O
primeiro deles é o do Manual de Oslo, elaborado pela Organização para
Cooperação
e
Desenvolvimento
Econômico
(OCDE).
É
uma
publicação
institucional intergovernamental, de mais de 30 países, e “tem o objetivo de
orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e
indicadores de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de países industrializados”
(OCDE, 2006, p. 9). No Manual, uma inovação é
a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios,
na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE,
2006, p. 55).
�214
Dessa maneira, inovação pode referir-se não só à criação de um produto,
mas também a um novo processo, modo ou método. Em uma visão ampliada,
podemos pensar como uma nova forma de ver e interagir. O Manual de Oslo
trouxe uma mudança para o termo, em relação a uma nova concepção de
inovação, não atrelada à tecnologia, como comentamos no início deste
capítulo.
Uma mudança é a remoção da palavra “tecnológica” das definições,
visto que a palavra evoca a possibilidade de que muitas empresas do
setor de serviços interpretem “tecnológica” como “usuária de plantas e
equipamentos de alta tecnologia”, e assim não seja aplicável a muitas
de suas inovações de produtos e processos (OCDE, 2006, p. 24).
Importante também observar que as inovações de valor não precisam
ser, necessariamente, mudanças grandiosas ou radicais e que podem
acontecer em diversos contextos, abrangendo diferentes impactos para
instituições e seus públicos de relacionamento. Esse conceito mais amplo e
realista de inovação nos ajuda a pensar em novos processos ou novos
objetivos de uma mesma missão da instituição. O texto de Tigre (2006, p.
107) discute os diferentes tipos de inovação e quais os fatores que interferem
ou motivam esse processo, classificando-as em incrementais, radicais e
sistêmicas.
As inovações incrementais são aquelas realizadas cotidianamente nas
organizações, por meio do processo de aprendizado. Já as inovações
radicais são descontínuas no tempo e no espaço e geralmente derivam
de atividades de P&D. Inovações mais abrangentes e sistêmicas podem
dar origem a mudanças no paradigma técnico-econômico (TIGRE, 2006,
p. 107).
Nessa perspectiva de pensar em uma mudança que seja inovadora, os
serviços ganham destaque. Tigre (2006) comenta que a principal característica
dos serviços, como objetos intangíveis, está na interação com o cliente. O
projeto e o uso desses serviços baseiam-se na troca e armazenamento de
informações, proporcionando interações e experiências relevantes e até
complementares ao uso dos produtos tangíveis.
Os bens são produtos tangíveis, podem ser estocados e praticamente
não há interação entre clientes e processos de fabricação. Já os serviços
são intangíveis, geralmente não podem ser estocados e dependem da
interação com os clientes na medida em que a produção do serviço é
�215
concomitante ao consumo. A possibilidade de estocar serviços,
entretanto, vem crescendo com a difusão das TIC. Por serem intensivos
em informação, os serviços vêm ganhando cada vez mais importância
na economia do conhecimento. O crescimento dos serviços de
informação e comunicação pode ser observado em todas as áreas de
atividades econômicas, inclusive aquelas produtoras de bens tangíveis.
As funções de serviços são, por essência, complementares a outros
produtos (TIGRE, 2006, p. 147).
O foco na inovação de serviços fica evidenciado na valorização do cliente
(que no contexto das bibliotecas é mais comum designá-lo como usuários),
como veremos a seguir:
As inovações em serviços visam a alcançar os seguintes resultados:
• Obter maior flexibilidade de forma a atender as necessidades
individuais dos clientes.
• Facilitar a interação usuário-fornecedor.
• Aumentar a confiabilidade do serviço e torná-lo mais disponível
temporalmente (24 horas, 7 dias por semana).
• Aumentar a velocidade de produção e entrega do serviço,
aproximando-se do tempo real.
• Cumprir normas, padrões e atender a normas de segurança.
• Aumentar a produtividade na prestação do serviço.
A obtenção desses resultados depende não apenas da incorporação de
novas tecnologias da informação e da comunicação, mas também de
mudanças organizacionais e em processos (TIGRE, 2006, p. 149).
Discutindo esses conceitos no âmbito da inovação, é possível perceber
que as diferentes possibilidades na oferta de serviços requerem processos mais
interativos e dinâmicos, valorizando o cliente como peça fundamental. No
próximo tópico, vamos ver como a mudança de paradigma na Biblioteconomia
pode ser considerada uma forma de inovação para a área, numa perspectiva
de valorização do usuário e na concepção desse sujeito como aquele que
produz e pensa as bibliotecas.
3 BIBLIOTECAS
As bibliotecas públicas, desde seu surgimento na era moderna, foram
criadas segundo interesses políticos, econômicos e culturais, sofrendo todo o
tipo de pressão que esses interesses são capazes de produzir, uma vez que a
informação e o conhecimento configuram-se como objeto de poder e moeda de
barganha das classes dominantes.
�216
Na Inglaterra do século XIX, as bibliotecas públicas foram criadas com
um pensamento utilitário, para que a população tivesse entretenimento barato
e assim onerar pouco o Estado, como aponta Mueller:
Sua defesa ressaltava o baixo custo de um investimento que permitiria
dar ao povo acesso à boa literatura, fazendo das bibliotecas públicas o
meio mais econômico de se tentar manter homens exaustos e sem
dinheiro entretido em prazeres inocentes, e, portanto fora das prisões,
tribunais e asilos (MUELLER, 1984, p. 9).
Sua contribuição era de auxiliar na “ordem social”, “progresso da nação”
e “manutenção da democracia”, com ações voltadas para a leitura e educação
(SILVEIRA, 2014, p. 80). Com o passar do tempo, percebeu-se que as
bibliotecas públicas poderiam também contribuir para a socialização de seus
usuários e para o desenvolvimento intelectual dos sujeitos e das comunidades.
Percebe-se que a motivação de sua criação e desenvolvimento envolvia um
caráter utilitário para as bibliotecas públicas.
Nos Estados Unidos, também no Século XIX, as bibliotecas públicas
foram criadas com finalidade diferente. A intenção de educar o povo e
promover a manutenção da democracia justificava a criação das bibliotecas
públicas.
O movimento de auto-educação estava enraizado na crença da perfeição
inata do homem. A educação era vista como uma cura para todos os
problemas sociais. Segundo esta filosofia, a biblioteca pública era
considerada um meio capaz de espalhar a educação, tratando a todos
como iguais e colocando os recursos da nação ao alcance de todos,
independentemente de capacidades individuais (MUELLER, 1984, p. 11).
Segundo esses relatos de criação das primeiras bibliotecas públicas,
notamos o viés educacional e político presente desde seus primórdios. A essas
duas facetas soma-se a cultural, que foi reconhecida posteriormente devido ao
seu acervo generalista e por estar diretamente em contato com a população.
O aparecimento das bibliotecas públicas foi estimulado por objetivos
bem definidos, que representavam uma mudança radical dos objetivos
tradicionais das bibliotecas eruditas. Essa visão tradicional, assim como
a função educacional que a seguiu, não desapareceu no processo de
mudança. O que aconteceu foi antes uma adição de novos objetivos.
Como em qualquer mudança, houve aceitação e rejeição (MUELLER,
1984, p. 17).
�217
No século XX, começou uma mudança no entendimento de seu papel,
que passou de uma visão educacional, ampliando para a cultural em geral
(MUELLER, 1984, p. 14). O papel do bibliotecário também começou a mudar
na medida em que se responsabilizava não só em preservar os acervos, mas
também em estimular que as pessoas usassem as bibliotecas e que essas se
fizessem conhecidas por todos.
No Brasil, a primeira biblioteca foi a Biblioteca Real, aberta em 1808,
com acervo trazido de Portugal, juntamente com a corte, e instalada no Rio de
Janeiro. Era uma propriedade da coroa e foi aberta ao público somente em
1814 (FERNANDEZ; MACHADO, 2016, p. 37).
Na Bahia, em 1811, o coronel Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco
apresentou o Plano para o estabelecimento de uma biblioteca pública na cidade
de Salvador, oferecida a aprovação do Sr. Conde dos Arcos, capitão general,
em Salvador (AZEVEDO, 2012, p. 9). Em 13 de maio do mesmo ano, foi
inaugurada a primeira biblioteca pública brasileira, em Salvador, por iniciativa
de um senhor de engenho, com inspiração nas bibliotecas americanas e
europeias.
Ainda no século XIX, outras bibliotecas foram sendo criadas nas capitais,
iniciando, nesse momento, a história das bibliotecas públicas brasileiras.
Desde o surgimento das primeiras bibliotecas públicas, elas primaram
pela constituição de acervos diversos para públicos diversos, primeiro com o
intuito de preservação e também educacional e com o passar do tempo com
intenção cultural e de lazer, mas sempre desempenhando um papel social
relevante.
Perrotti e Pieruccini (2008), em uma reflexão sobre os paradigmas que
moldaram a atuação das bibliotecas, ponderam sobre a ampliação do acesso,
mas também controle das massas por uma elite cultural.
Ideais - e lutas - como a dos Iluministas resultaram, pois, na criação de
instituições pautadas pelo novo paradigma da difusão cultural,
referência que se estenderá até os dias que correm, em que pesem
evidências de seu esgotamento face às novas circunstâncias históricas
que colocaram a modernidade em crise. Nesse sentido, se as instituições
de difusão cultural, como, por exemplo, as bibliotecas públicas
estimuladas pelos filantropos ingleses do século XIX, significaram
possibilidade de acesso a informações e conhecimentos negados até
�218
então a diferentes segmentos populacionais, de outro lado,
representaram também ferramenta, visando à assimilação pelas massas
dos valores e comportamentos das elites culturais (PERROTTI;
PIERUCCINI, 2008, p. 1).
Historicamente, o primeiro paradigma seguido pelas bibliotecas públicas
era o paradigma da Conservação Cultural, seguindo uma lógica da
preservação do patrimônio material e imaterial. Nesse paradigma, as palavraschave seriam o controle e a reprodução cultural. O segundo paradigma seguido
foi o da Difusão Cultural, ligado à lógica da circulação da informação, que
visava a regulação social para uma assimilação cultural. Esse paradigma da
disseminação ainda é seguido pela maioria das bibliotecas públicas brasileiras.
O terceiro paradigma, que se faz conhecido mais recentemente e por isso
pouco seguido na realidade das bibliotecas brasileiras, é o da Apropriação
Cultural, no qual a mediação do saber é caminho para o Protagonismo
Cultural.
Na medida em que o sujeito entra em contato com culturas diversas e se
apropria dessa cultura, que passa por transformações decorrentes do seu
contexto, seu mundo simbólico e seus conceitos, torna-se um novo saber, que
contribui para a construção de sua identidade cultural.
Para os autores, as bibliotecas oscilam entre ideais conservacionistas e
difusionistas e acabam não respondendo às demandas do conhecimento que
auxiliem na relação com os signos. Para romper com esses ideais, os autores
propõem o paradigma da apropriação cultural, no qual o protagonismo dos
sujeitos é o objetivo.
Dessa forma, nem os dispositivos concebidos sob os ideais
conservacionistas, herdados da Antiguidade e da Idade Média, nem
aqueles pautados pelo difusionismo moderno atendiam aos nossos
propósitos, o que nos obrigou a romper com o conservacionismo e o
difusionismo do passado, atribuindo novos valores à assimilação e à
difusão. Foi assim que nomeamos e adotamos o paradigma da
apropriação cultural como referência de trabalho. Segundo ele,
conservação e difusão são categorias-meio, instrumentais, e não
categorias-fim nos processos culturais que nos interessavam. Em tal
circunstância, instituições de memória como as do passado, não serão
vistas como depósitos inertes a serem cultuados, mas repositórios
culturalmente marcados, onde contemporâneos podem se alimentar
para protagonizar o presente e o futuro (PERROTTI; PIERUCCINI, 2008,
p. 1).
�219
No paradigma da Apropriação Cultural os sujeitos não são meramente
receptores da informação, mas são capazes de utilizá-la de forma crítica. Esse
é novo modo de ver o sujeito, como um ser atuante, que vai em busca da
informação, que tem um projeto de conhecimento, que se responsabiliza por
suas escolhas e por seu caminho e extrapola a visão utilitária da informação.
É possível retomar aqui a ideia de inovação, especialmente nas
bibliotecas públicas. No contexto de poucos recursos econômicos destinados à
elas, pouca valorização da sociedade e de seus governantes, o paradigma da
Apropriação
Cultural
pode
parecer
utópico,
tendo
em
vista
que
a
universalização das bibliotecas ainda não é realidade no país. E, realmente é,
na maioria dos casos.
No entanto, ao pesquisarmos (FERRAZ, 2018) a visão de biblioteca
pública por seus usuários, em três municípios de Minas Gerais por meio de
entrevistas, aplicação de questionários e observação in loco, o que ficou
manifesto é que a inovação está em, justamente, voltar o olhar para as
pessoas que frequentam essas bibliotecas, entendendo o usuário como um
sujeito
ativo
no
processo
de
construção
e
avanço
das
bibliotecas
e
considerando as bibliotecas públicas como instituição importante para a
construção da identidade individual e coletiva, além da formação de um
repertório simbólico por meio das leituras que se faz e do espaço que se
compartilha. Sendo assim, o papel do bibliotecário como elo entre a instituição
e a comunidade fica ainda mais fortalecido e evidenciado.
Pelo viés da Apropriação Cultural, o espaço das bibliotecas torna-se local
de lazer e também de refúgio. Como lugar de lazer, onde os gostos e
preferências são considerados e o compromisso é tão somente com a própria
fruição. Na fala de vários usuários21, essa ideia já é uma realidade,
independentemente do tamanho da biblioteca.
Venho duas vezes por semana. Meu lazer é ler. Quando a
biblioteca está fechada, leio pela internet (S13 - AF).
É uma forma de lazer vir à biblioteca. Acaba sendo uma
viagem de lazer pela distância onde moro (S17 - BH).
21
AF: Águas Formosas; BH: Belo Horizonte; RP: Rio do Prado; S: Sujeito
�220
Na família já virou um hábito. É prazeroso, não é uma
obrigação (S38 - BH).
Eu gosto de ler. Também o lazer para as crianças, além de ser
um incentivo para elas crescerem (S39 - BH).
Como professora a gente tem sempre que saber uma variedade de
leitura. Como mãe, é um prazer mesmo. Eu tive uma família que me
incentivou. Trago meu filho, mesmo que ele ainda não leia, e eu leio pra
ele. Estar em contato com o ambiente da biblioteca. Quando retornei
ao Brasil, este foi o primeiro lugar que meu filho veio com a avó
materna. Como ela faz um curso de contação de histórias, viemos num
dia de evento e foi muito importante (S40 - BH).
Já como local de abrigo, a biblioteca é procurada, muitas vezes, por se
mostrar como um ambiente seguro. No entanto, mais que a segurança física,
os usuários relacionaram a biblioteca a um lugar de paz e muitas vezes de
refúgio. Uma segurança emocional.
Adoro entrar aqui, é lugar de paz. Quando estou nervosa
venho pra cá e a raiva passa (S5 - AF).
Os livros, a sensação de paz. Eu amo muito estar neste tipo de
ambiente. Quando preciso desabafar, eu venho para a Biblioteca.
Agora que chegaram os livros de doação eu venho mais (S7 - AF).
Comecei a frequentar a biblioteca com 5 anos. Meu tio trabalhava
e me levava. A convivência com os livros é muito importante. Não sou
de ter muito contato com os humanos, por isso tenho com os
livros (S9 - AF).
A única coisa que acho importante é que, pra mim que sofro uma
perseguição de empresários, aqui tem um descanso (S22 - BH).
É perto da minha casa e silencioso. Trago os materiais (S27 BH).
Depois que eu saí da casa do meu pai e fui pra casa da minha
noiva eu passei a vir mais. Pra mim é uma terapia (S33 - BH).
Venho para meu benefício próprio. Parece até egoísmo, mas o
bem que me faz é muito grande (S35 - BH).
A paz que tem aqui, o silêncio. E também as pessoas que tem
aqui (S50 - BH).
Esse sentido de apropriação fez com que um dos participantes da
pesquisa se referisse à biblioteca como sua própria casa, remetendo a uma
sensação de aconchego e conforto e como um lugar de refúgio também.
Você chega na biblioteca, tem um bom bibliotecário, um acervo de livro
maravilhoso, você não quer sair de lá, você quer morar lá dentro.
Gente, vou acampar aqui! Posso construir uma cabaninha aqui
dentro? (risos). Sério, só pra sair, pegar um livro na prateleira e voltar
pra dentro? É maravilhoso, é uma sensação muito boa, a gente se
sente em casa. Pelo menos a gente que gosta de ler. No caso, eu me
sinto, falo por mim. Eu acho maravilhoso, que a gente se sinta em casa.
Sério, se a gente tem um problema em casa, tipo, alguém treta
com você na rua, você chega na biblioteca, respira fundo assim,
ó, (barulho de respiro), acabou o problema, acabou (Entrevistado 2
- AF).
�221
Como a biblioteca participa de um projeto de transformação social, as
múltiplas formas foram descritas por um dos entrevistados, de forma bastante
peculiar.
Tem gente que vai para estudar, gente que vai lá pra pedir ajuda,
tipo, como inscrever no vestibular? Eu mesmo faço isso. Como
fazer isso? Como fazer aquilo? Me ajuda a fazer as questões do ENEM,
me ajuda a fazer inscrição no SISU, me ajuda a fazer inscrição no
PROUNI. Me ajuda, me ajuda! Eu acho que é um negócio muito
importante, porque, muita gente não tem computador em casa, e
não quer gastar dinheiro ou não tem condições de pagar uma lan
house. Então vai na biblioteca e usa o computador. Se não sabe usar, a
pessoa ajuda. Então, não é só livro literário, embora seja pra mim mais
importante do que pesquisa. Mas, no geral, eu acho muito importante,
porque, assim, tem a parcela de, de, como é que fala? De leitores
que vão lá por livros literários, tem os que vão lá pelo PC, os que
vão para pesquisa, seja lá o que seja. E a parcela que vai lá
estudar, na biblioteca. E tem a parcela que vai usar os
dicionários, pra usar os livros didáticos, que vai lá pra usar as
apostilas do ENEM, que vai lá pra isso e aquilo. É muito
importante porque é a única da cidade, fora a das escolas, né?
Embora tenha, é aquela coisa bem basiquinha. Lembrei da MC Loma,
bem basiquinha22 (Entrevistado 2 - AF).
Essa diversidade de usos da biblioteca pública a coloca em posição de
destaque
dentro
das
tipologias
de
biblioteca
no
que
diz
respeito
à
democratização do acesso e valorização das diferenças. Ainda que a maioria
das bibliotecas brasileiras esteja longe de realizar todo seu potencial, alguns
usuários que participaram da pesquisa reconheceram o trabalho desenvolvido
pelos bibliotecários e pelos funcionários das bibliotecas de suas cidades, o que
nos possibilita refletir sobre a importância do profissional conhecer a
comunidade em que atua e ser próximo das pessoas que lá frequentam.
22
É equilibrado, um bom atendimento, uma bibliotecária que atende bem.
Ela sabe onde está tudo de cabeça. Ela é muito disposta, diz que tal
é bom, tal é bom. E uma variedade melhor de livros. Tem umas
bibliotecas que você chega que ela nem levanta para ajudar. Isso
desestimula tanto, uma bibliotecária chata (S6 - AF).
Eu acho que o mais importante é o interesse dos bibliotecários.
Pois se não for uma pessoa interessada, fica um lugar ruim de ser
frequentado (S11 - AF).
VARELA NOTÍCIAS. Mc Loma explica gírias de Pernambuco: “pra você sair na rua bem
‘basiquinha’ falando”. Disponível em:<http://varelanoticias.com.br/mc-loma-explica-as-giriasde-pernambuco-pra-voce-sair-na-rua-bem-basiquinha-falando/>. Acesso em: 02 dez. 2018.
�222
Quanto mais conhecimento, melhor pra mim. E eu gosto demais
também. O que eu mais gosto é o jeito como eles me tratam.
Muito carinhoso (S12 - AF).
Acho importante ressaltar a qualidade do atendimento dos
profissionais da biblioteca (S18 - BH).
Conheci a Sandra [servidora do setor de Empréstimo] e ela me
orientava a achar os livros policiais. Ela que me apresentou muitas
coisas. Venho aqui há uns 10 anos (S21 - BH).
Proximidade, gentileza e educação dos funcionários, qualidade do
material que me atende (S28 - BH).
Pra mim é um lugar que as pessoas me tratam bem. A gentileza dos
funcionários. As pessoas te atendem bem. A presteza dos funcionários é
o mais importante (S49 - BH).
Eu li por sugestão do Glicélio Travessuras da menina má do Mario
Vargas Llosa. Eu gostei tanto do livro que aprendi espanhol só pra ler no
original. Gostei tanto de ler que estou aprendendo outros idiomas:
francês, inglês e estou aprendendo sozinha o italiano (S34 - BH).
A alma da biblioteca é a bibliotecária. A pessoa que ama os
livros, que cuida dos livros é ela. [...]. Quem movimenta uma
biblioteca são as bibliotecárias. Quem veste a camisa. Elas têm que
entender a realidade para servir aos usuários. Elas que têm fácil
acesso, respeitoso, ser entusiasmada. Eu senti que todas elas foram
tocadas por um verdadeiro sentimento do que é o Braille (S36 BH).
Um bibliotecário, para que esteja próximo de seus usuários, precisa
investir tempo nessa relação, pois é no contato do dia a dia, atento aos gostos
e necessidades de seus leitores, que será possível desenvolver um trabalho
relevante. Observando o trabalho e ouvindo os relatos dos bibliotecários das
bibliotecas visitadas, testemunhamos que, muitas vezes, o mesmo é bastante
solitário. Mas esse trabalho poderia ser compartilhado com colegas de
profissão
em
momentos
promovidos,
especialmente,
por
sistemas
de
bibliotecas, conselho de classe, associações e também pelo diálogo facilitado
pelas interações em cursos de formação continuada.
4 CONCLUSÃO
As tecnologias nos ajudam, pois facilitam e otimizam o trabalho do
bibliotecário, para que reste mais tempo para interagir com as pessoas de sua
comunidade.
As mudanças de paradigma que as bibliotecas têm passado foram formas
inovadoras de se adaptarem às mudanças sociais. Com o paradigma da
�223
Apropriação Cultural, o foco passa a ser o usuário e a relação que com ele se
estabelece. Estar aberto a essa experiência é o primeiro passo que bons
bibliotecários podem dar na direção da construção de bibliotecas mais vivas e
indispensáveis.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Fabiano Cataldo de. 200 anos da primeira biblioteca pública do
Brasil: considerações histórico-biblioteconômicas acerca dessa efeméride.
Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 17, n. 2, p. 225, abr./jun. 2012.
FERNANDEZ, M. A. A.; MACHADO, E. C. Bibliotecas públicas: um
equipamento cultural para o desenvolvimento local. Recife: Centro de
Desenvolvimento e Cidadania, 2016.
FERRAZ, Marina Nogueira; DUMONT, Lígia Maria Moreira. Representações
sociais de biblioteca pública: a voz dos usuários do interior e da capital de
Minas Gerais. 2018. 172 f. Tese (Doutorado) – Escola de Ciência da
Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.
Disponível em: <http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B3UJYQ>. Acesso em: 10
dez. 2018.
MUELLER, Susana Pinheiro Machado. Bibliotecas e sociedade: evolução da
interpretação de função e papéis da biblioteca. Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 7-54, mar. 1984.
OCDE. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre
inovação. 3 ed. FINEP, 2006. Disponível
em:<https://www.finep.gov.br/images/apoio-efinanciamento/manualoslo.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.
PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. Infoeducação: Saberes e fazeres da
contemporaneidade. Infoeducação: Acesso e Apropriação de Informação na
Contemporaneidade, out. 2008. Disponível em:
<http://infoeducacaousp.blogspot.com.br/2008/10/infoeducao-saberes-efazeres-da.html>. Acesso em: 02 dez. 2018.
SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. Biblioteca pública, identidade e
enraizamento: elaborações intersubjetivas ancoradas em torno da Luiz de
Bessa. 2014. 253f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de
Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2014.
�224
TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no
Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
�225
CAPÍTULO XV
NORMALIZAÇÃO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: ATIVIDADES
INOVADORAS PARA UM NOVO SEGMENTO DE ATUAÇÃO
BIBLIOTECÁRIA
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A formação profissional interdisciplinar adquirida ao longo da trajetória
acadêmica tem proporcionado a definição de profissionais com múltiplas
competências, de modo que a atuação no mercado de trabalho desses
profissionais, em muitos casos, tende a extravasar os fazeres e os espaços de
ocupação tidos como tradicionais. Está inserido nesse contexto, o bibliotecário,
para quem, sua prática tem se estendido a diversos campos de atuação, não
se limitando, tão somente, à prática de organização de acervos, comumente
realizada em bibliotecas e centros de documentação.
O crescimento do mercado de trabalho para o bibliotecário, no Brasil,
tem sido um tema recorrente na literatura, sobretudo a partir da incorporação
das tecnologias digitais nos métodos e técnicas de representação de
conhecimento. Além disso, soma-se o fato de que, com o surgimento do
mercado da informação, a consultoria ou prestação de serviços no ramo
informacional é uma realidade em constante crescimento.
Diversos estudos, nas últimas décadas, mostraram que o bibliotecário
possui capacidade para atuar em atividades diversas, o que evidencia a
demarcação de vários segmentos de mercado. No entanto, a maioria dos
profissionais ainda se limita a exercer atividades no âmbito das unidades de
informação, havendo pouca presença de profissionais que atuam de forma
autônoma e empreendedora, mesmo com as potencialidades oriundas das
demandas informacionais do atual mercado (BAPTISTA, 2000; VALENTIM,
�226
2000; BAPTISTA; MUELLER, 2005; TABOSA; AGUIAR, 2011).
Embora o mercado considerado como tradicional - em que o profissional
vincula-se, normalmente, a uma instituição que demande serviços de
organização e tratamento de documentos – seja o que mais emprega, no
contexto brasileiro, muitos autores acreditam em um futuro promissor para
esse profissional, em que pese a ampliação das práticas profissionais. Nesse
aspecto, o estudo de Santa Anna e Pereira (2014), por exemplo, demonstrou a
participação do bibliotecário nas mais diferenciadas formas de consultoria. Por
sua vez, a inserção do bibliotecário no mercado da informação deve-se,
principalmente, às suas habilidade e competências, como também aos valores
e atitudes que esse profissional precisa adquirir, como relatam Santos e outros
(2016).
Portanto, evidencia-se que o mercado de trabalho da atualidade tem
viabilizado novas oportunidades de trabalho, pois, o bibliotecário além de atuar
nas unidades de informação “[...] pode também atuar em outros campos,
como no ramo cultural, como na gestão da informação em organizações e
ainda, pode atuar em ambiente web [...]” (SANTA ANNA; PEREIRA, 2014, p.
163). Dentre os inúmeros segmentos de mercado, destaca-se a atividade de
normalização, em que o bibliotecário constitui um profissional competente para
realização da normalização bibliográfica (SANTA ANNA, 2017), podendo atuar
de forma independente, por meio da parceria com outros profissionais,
formando grupos de normalizadores (SANTOS; SAMPAIO, 2014).
Sendo assim, este trabalho objetiva apresentar a atuação bibliotecária no
ramo da normalização bibliográfica, destacando o potencial dessa atividade
como um segmento de mercado para o bibliotecário da contemporaneidade.
Para tanto, discute-se a ampliação das práticas bibliotecárias no âmbito da
consultoria informacional; reflete-se sobre conceitos e atividades relativas à
normalização bibliográfica e apresenta relato de experiência de bibliotecário
nesse ramo de atuação.
�227
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 SEGMENTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL AO BIBLIOTECÁRIO
O mercado de trabalho, nos dias atuais, tem se caracterizado por
constantes mudanças e instabilidades, sobretudo com as transformações
sociais oriundas do uso das tecnologias digitais. Embora essas transformações,
em muitos casos, têm promovido a diminuição da empregabilidade e até
mesmo o desaparecimento de muitas ocupações, evidencia-se a redefinição de
novas formas de trabalho, de modo que, a cada momento, expande-se a
atuação profissional para além dos fazeres e espaços tidos como tradicionais
(BAPTISTA, 2000).
Grande parte das transformações ocorridas no mercado deve-se ao uso
das tecnologias da informação e comunicação, as quais promoveram a
redefinição
das
práticas
de
trabalho,
por
conseguinte,
é
desejável
a
reformulação de perfis profissionais inovadores (VALENTIM, 2000). Para
Baptista (2000), ao mesmo tempo que o avanço tecnológico pode aumentar o
desemprego, por outro lado, ele gera outras possibilidades de atuação por
parte dos profissionais, sobretudo os que lidam com a informação.
O surgimento de novos suportes para abrigar a informação, certamente,
é uma oportunidade de ampliação da prática bibliotecária, o que viabilizou a
esses profissionais exercerem suas competências em diversos segmentos e
instituições, ao atuar no tratamento de documentos em variados formatos e
suportes (SANTOS et al., 2016).
Mesmo diante do surgimento de novas possibilidades de trabalho, os
profissionais são afetados, sobremaneira, “[...] pelo declínio do emprego
formal, pela informatização do ambiente de trabalho, pelo avanço das
tecnologias da informação e comunicação, pelo crescimento do emprego
parcial e precarização do emprego, pela rápida desqualificação do trabalhador,
por processos de reengenharia, terceirização, entre outros [...]” (SANTOS et
al., 2016, p. 19).
Portanto, a atuação profissional no ramo da prestação de serviços
�228
informacionais, também chamada de consultoria informacional, provavelmente,
tende a ser uma atividade que, ao mesmo tempo que proporciona prazer e
satisfação, tende a consolidar-se como um segmento de mercado bastante
demandado, conforme relataram Santa Anna e Pereira (2014).
Isso porque, a atuação bibliotecária no ramo da consultoria em
informação tende a proporcionar
[...] maior flexibilidade, liberdade e, principalmente, estabilidade ao
profissional. Estabilidade porque ao desvincular-se do tradicional
“serviço de carteira assinada”, o bibliotecário expande suas atividades,
consolidando-se como um prestador de serviços. E, essa desvinculação
é necessária, devido ao crescimento exagerado do desemprego,
ocasionado com a globalização, processo esse que, ao mesmo tempo em
que desemprega, aumenta o número de ocupações (SANTA ANNA;
PEREIRA, 2014, p. 163).
Com efeito, a atuação na prestação de serviços em informação, mesmo
que ainda não seja um mercado altamente ocupado, configurando-se como um
mercado de tendências para o futuro, conforme relatado no estudo de Valentim
(2000), observa-se que os profissionais da informação têm investidos na
formação continuada, uma vez que compreendem a necessidade de ampliar as
competências,
de
modo
a
atenderem
as
necessidades
informacionais
requeridas pela sociedade (SANTOS et al., 2016), o que evidencia a
participação mais intensa desses trabalhadores na consultoria em informação.
De modo geral, os bibliotecários, a fim de “[...] manterem-se atrativos para o
mercado e poderem alcançar o sucesso profissional, [...] precisam, de forma
mais exacerbada, caracterizar-se pelo polimorfismo e versatilidade” (SANTOS
et al., 2016, p. 19).
A necessidade atual do mercado tem sido um dos principais fatores que
interferem na busca por novos conhecimentos por parte do profissional, como
também tem sido um motivador na reformulação constante dos conteúdos que
são ministrados nos cursos de formação acadêmica (BAPTISTA; MUELLER,
2005). As competências e habilidades adquiridas por essa formação, seja ela
acadêmica ou continuada, tende a proporcionar a consolidação de um perfil
profissional diversificado, de modo que diversas práticas podem ser realizadas
pelos bibliotecários, com destaque especial, as atividades no âmbito da
organização do conhecimento, tal como a padronização da produção científica,
�229
o que requer um conhecimento acerca de normas e procedimentos para
permitir o acesso e transferência do conhecimento científico, como relato nas
pesquisas de Santos e Sampaio (2014).
No entendimento de Santa Anna (2017), os bibliotecários possuem
capacidade para atuar na normalização bibliográfica, permitindo, por meio
dessa prática, que as informações publicadas atendam a padrões e formatos
uniformes, tendo em vista permitir segurança, conforto e comodidade aos
usuários nos processos de acesso, transferência e uso da informação
acadêmico-científica.
Nesse âmago, a atividade normativa representa um fazer bibliotecário, o
qual pode ser realizado em diferentes espaços, com públicos dos mais
diferenciados. Trata-se, na verdade, de uma prática comumente realizada nas
bibliotecas, mas também pode ser realizada “[...] em outros contextos e
instâncias
para
qual
foi
requerida,
tendo
o
profissional
um
árduo
comprometimento com a organização do conhecimento registrado” (SANTA
ANNA, 2017, p. 70).
Portanto, a normalização bibliográfica caracteriza-se como uma atividade
inserida no âmbito da produção científica (SANTA ANNA, 2017), cujo objetivo
consiste em organizar e facilitar o acesso ao conteúdo abordado nos trabalhos
produzidos nos ambientes de ensino e pesquisa (SANTOS; SAMPAIO, 2014).
No entendimento desses últimos autores, faz-se necessário valorizar o
trabalho de normalização e as normas técnicas, que ajudam a definir e
estruturar ética e esteticamente os trabalhos acadêmicos, sendo que o
crescimento da demanda por serviços de normalização, no âmbito acadêmico,
desperta a formação de equipes especializadas em prestar esse tipo de
serviço, garantindo, dessa forma, a excelência das atividades realizadas
(SANTOS; SAMPAIO, 2014).
�230
2.2
ALGUNS
CONCEITOS
TEÓRICOS
SOBRE
NORMALIZAÇÃO
E
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
A prática da normalização constitui uma atividade milenar. O ato de
adotar procedimentos uniformes a fim de garantir melhorias na execução de
uma tarefa ou permitir facilidades de uso com algum recurso é considerado
como uma forma inteligente de alcançar resultados mais satisfatórios, sem a
necessidade de despender desgaste ou esforço, seja ele intelectual quanto
físico (OLIVEIRA, 2007).
Inicialmente, a prática da normalização relaciona-se com a padronização
ou ainda a uniformidade. Tal prática, a priori, implica a adoção de padrões,
sendo
esses
considerados
como
medidores
da
qualidade
e
excelência
desempenhada por um produto, tarefa ou processo (OLIVEIRA, 2007).
Portanto,
normalizar
não
é
uma
prática
ilusória,
imprecisa
e
desnecessária, mas, trata-se de uma necessidade que permeia as relações do
homem com o meio ambiente em que convive. É preciso normalizar para que a
interação do homem com os recursos naturais e sociais sejam mais facilitados,
o que confere à normalização um conjunto de ações já realizadas nas
civilizações antigas (SOUTO, 1991).
No
contexto
informacional,
com
o
aumento
da
produção
de
conhecimentos na sociedade, permeada por uma ampliação acentuada do
número de registros do conhecimento, faz-se necessário o estabelecimento de
normas, haja vista garantir um melhor acesso, uso e disseminação da
informação armazenada em diferentes recursos e canais informacionais.
Aqui,
bibliográfica,
o
processo
tem
sua
normativo,
importância
considerado
garantida,
uma
como
vez
normalização
que,
sem
a
normalização, provavelmente, o processo comunicativo seria comprometido.
Normalmente, o trabalho de normalização bibliográfica pode ser realizado pelo
bibliotecário em seu cotidiano de trabalho, principalmente no ambiente da
biblioteca (BATISTA; OLIVEIRA, 2014).
Portanto, um dos locais mais apropriado para a prática da normalização é
a biblioteca universitária, a qual visa a oferecer serviços dos mais variados que
�231
fomentem as atividades universitárias diluídas em meio ao ensino, à pesquisa
e à extensão (ROSSI; COSTA; PINTO, 2014). No entanto, essa prática pode
ser realizada em inúmeros contextos e instâncias, desde que demande de um
profissional competente e comprometido com esse fazer (SANTOS; SAMPAIO,
2014).
3 METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se, metodologicamente, como uma pesquisa
exploratória, documental e relato de experiência de natureza qualitativa. É
exploratória, pois analisa a literatura até então publicada sobre o assunto;
caracteriza-se como documental, em virtude de considerar informações de
cunho
legislativo
e
institucionais/administrativas
referentes
à
atuação
bibliotecária na normalização; representa um relato de experiência, pois
descreve os principais resultados obtidos por um profissional após sua
formação em Biblioteconomia. Por sua vez, possui natureza qualitativa uma
vez que não se recorre à análise de dados numéricos, quantificáveis, mas a
informações teóricas e práticas.
O estudo bibliográfico foi realizado com base em materiais publicados
(sobretudo na modalidade artigo científico) que versam sobre a ampliação dos
fazeres bibliotecários no mercado de trabalho, com foco na participação desse
trabalhador na prestação de serviços informacionais, sobretudo no âmbito da
normalização bibliográfica. A pesquisa documental recorreu à análise de um
currículo de Graduação em Biblioteconomia, código de ética profissional e
documentos de divulgação do curso em questão. Por sua vez, o relato de
experiência baseou-se nas atividades realizadas por um bibliotecário, de forma
autônoma, desde sua formação acadêmica, no ano de 2012, até a presente
data, ano de 2018.
4 RESULTADOS ALCANÇADOS
�232
Considerando as reflexões propostas por grande parte da literatura,
entende-se que o bibliotecário pode atuar em diferentes segmentos de
mercado, ampliando suas práticas para diversos contextos que demandem
tratamento, organização e disponibilização da informação registrada. Em
virtude dessas discussões teóricas, o relato de experiência que ora se
apresenta expõe as principais atividades realizadas no âmbito do processo de
normalização bibliográfica.
Ressalta-se que as competências e habilidades para o exercício dessa
prática foram despertadas no relator desta experiência, no decorrer de sua
Graduação em Biblioteconomia. Por meio de diversas disciplinas ministradas no
curso em apreço, é possível evidenciar o conhecimento atribuído ao estudante,
acerca das técnicas específicas para normalizar documentos bibliográficos
(quadro 1).
Quadro 1 – Principais disciplinas que contribuem com o exercício da normalização bibliográfica
NOME DA DISCIPLINA
PRINCIPAL OBJETIVO
Normalização da Informação
Capacitar o aluno a reconhecer os diversos
documentos bibliográficos e as técnicas e métodos
de
normalização
propostos
por
órgãos
normalizadores, como a ABNT.
Fontes de Informação
Despertar a capacidade de reconhecimento e
identificação das características principais das
diversas fontes de informação que registram
conhecimento.
Representação Descritiva
Demonstrar o uso das técnicas de catalogação,
tendo em vista o registro de documentos em
acervos bibliográficos nos mais diferenciados
suportes.
Formação
e
Desenvolvimento
de Apresentar o processo dinâmico e relacional do
Coleções
desenvolvimento
de
coleções
em
acervos
bibliográficos, destacando as estratégias para se
gerenciar o acervo de forma relacional, sistemática
e racional.
Fonte: Dados da pesquisa (2017), adaptado de Universidade Federal do Espírito Santo (2012).
Como se percebe no quadro 1, em linhas gerais, as disciplinas
mencionadas garantem o conhecimento das características das diversas fontes
de informação, fato esse que tende a promover no futuro profissional
habilidades
e
competências
específicas
para
reconhecer
essas
fontes,
identificar a forma de normalizá-las, como também, facilita a extração dos
dados e a disposição desses, de acordo com o formato exigido pelos padrões
normativos.
Destaque
especial
à
disciplina
chamada
“Normalização
da
�233
Informação”, ao qual instrui o aluno ao exercício da prática normativa nos
diversos itens informacionais existentes.
Além
do
conhecimento
adquirido
nas
disciplinas,
outro
fator
determinante que viabilizou no relator o interesse pela atividade normativa, diz
respeito à atribuição da atividade normativa como uma das funções inerentes
ao bibliotecário ao integrar-se com o mercado de trabalho. O quadro 2
apresenta
essas
informações,
sob
a
perspectiva
legislativa
quanto
mercadológica.
Quadro 2 – Atividade normativa como uma atribuição ao bibliotecário
PERSPECTIVA
DESCRIÇÃO
Legal (Código de Ética do Bibliotecário) Art.7º – O Bibliotecário deve, em relação aos
usuários e clientes, [...] orientar a técnica da
pesquisa e a normalização do trabalho
intelectual de acordo com suas competências
(CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA,
2002, não paginado, grifo nosso).
Mercadológica (Divulgação do curso de Uma das áreas de atuação do bibliotecário é a área
Biblioteconomia)
da pesquisa, em que o profissional poderá atuar em
centros de pesquisa, no apoio a pesquisadores
(pesquisa bibliográfica, localização e aquisição de
fontes ou dados, normalização) e na pesquisa
aplicada
à
Biblioteconomia
(UNIVERSIDADE
FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, 2012, não
paginado, grifo nosso).
Fonte: Dados da pesquisa (2017), adaptado de Conselho Federal de Biblioteconomia (2002) e
Universidade Federal do Espírito Santo (2012).
Com efeito, as informações contidas no quadro 2 evidenciam a prática da
normalização como uma atividade que pode ser realizada no âmbito da
consultoria informacional, em que o profissional pode atuar com vínculo
empregatício em uma organização, ou poderá atuar de forma independente,
por meio da prestação de serviços a diferentes usuários, sejam eles pessoas
físicas quanto jurídicas, conforme demonstrado na pesquisa de Santa Anna e
Pereira (2014).
Portanto, a partir das discussões teóricas vivenciadas ao longo da
Graduação, bem como, a partir das descrições inerentes à prática normativa a
ser realizada pelo bibliotecário, conforme documento legal (código de ética) e
mercadológico (divulgação na página da instituição onde o curso é oferecido),
o relator desta experiência inseriu-se no ramo da consultoria em normalização.
Logo de início, as práticas normativas foram direcionadas, tão somente,
a discentes do Curso de Biblioteconomia. A partir dos três primeiros meses de
�234
experiência, os serviços passaram a ser ofertados a profissionais de quaisquer
áreas do conhecimento.
O constante crescimento da demanda por serviços informacionais no
âmago da produção científica, em especial da normalização, despertou a
necessidade
de
divulgação
desses
fazeres,
utilizando-se
de
canais
de
comunicação, tal como afixação de cartazes em instituições acadêmicas, como
também divulgação do trabalho em redes sociais. Com isso, a clientela foi
aumentando, o que provocou a necessidade de firmar parcerias com outros
bibliotecários interessados nessa prática profissional.
Importante atentar que essa parceria não concretizou a formação de
uma única equipe, a serviço dos mesmos serviços demandados. Ao contrário,
cada profissional possui seu próprio negócio e clientes, fomentando indicações
mútuas de clientes quando da impossibilidade de alguém não poder atender as
demandas. Essa colaboração resultou, também, como benefício, a troca de
conhecimento entre os três, nos casos de dúvidas e esclarecimentos sobre a
atividade normativa.
Ademais,
as
atividades
realizadas
exigiram
a
constante
capacitação/aprimoramento do profissional, além de frequente atualização dos
acontecimentos relativos à Biblioteconomia e demais áreas do conhecimento.
Assim, o profissional participou de diversos cursos de especialização, tais
como: normalização bibliográfica; uso das normas ABNT, ISO, VANCOUVER e
APA23; editor de texto aplicado a trabalhos acadêmicos; informática básica e
avançada; revisão textual, linguística e estilística textual; e, por fim, cursos de
atuação
pedagógica.
Destaca-se,
outrossim,
a
participação
assídua
do
normalizador em diversos eventos relacionados à Biblioteconomia e Ciência da
Informação, seja em nível nacional quanto internacional.
Como consequência das demandas e do aprimoramento profissional,
outras atividades passaram a ser realizadas, não se limitando, tão somente, às
práticas de normalização bibliográfica. Assim, na atualidade, são oferecidos
23
Essas quatro instituições caracterizam-se como órgãos normalizadores, inseridas,
respectivamente, em contextos específicos, tais como: no âmbito brasileiro, em nível
internacional, no âmago norte-americano e no contexto dos cursos da área de Psicologia.
�235
serviços de consultoria acadêmica, ou seja, o profissional atua na área de
pesquisa,
oferecendo
serviços
variados
que
favorecem
a
produção,
transferência e uso da informação científica. O quadro 3 resume (por ordem
quantitativa de demanda) os principais serviços oferecidos, os produtos que
recebem esses serviços e alguns usuários solicitantes dos serviços.
Quadro 3 – Principais serviços prestados no âmbito
realização
ORDEM DE
TIPOS DE
PRODUTOS
DEMANDA
SERVIÇOS
GERADOS
OFERECIDOS
1
Normalização
Monografias
e
bibliográfica
artigos
de
graduação,
teses
e
dissertações
2
Revisão
textual Monografias
e
(gramatical
e artigos
de
estilística)
graduação,
teses
e
dissertações
3
Levantamentos
Monografias
e
bibliográficos
artigos
de
graduação,
teses
e
dissertações
4
Lecionamento
Aulas
particulares,
treinamentos e
cursos
de
capacitação
5
Organização
de Catalogação,
acervos impressos indexação
e
e digitais
classificação de
acervos
diversos
6
Elaboração
de Fichas
produtos
de catalográficas e
representação
do etiquetagem
conhecimento
para acervos
Fonte: Dados da pesquisa (2017), elaborado pelo autor.
da produção científica x contexto de
PRINCIPAIS CLIENTES
Graduandos e pós-graduandos
instituições de ensino superior
de
Graduandos e pós-graduandos
instituições de ensino superior
de
Graduandos e pós-graduandos
instituições de ensino superior
de
Graduandos e pós-graduandos de
instituições de ensino; Capacitação
funcional a pessoas jurídicas
Unidades de informação de empresas
públicas e privadas
e acervos
pessoais
Editores e acervos pessoais
A leitura ao quadro 3 permite constatar que os serviços oferecidos são
dos mais variados, sendo que todos eles estão relacionados à produção e
disseminação do conhecimento, seja no âmbito científico, social, institucional
e/ou pessoal. Embora esses serviços estejam relacionados entre si e, na
maioria das vezes são complementares, garantindo o fluxo da comunicação
científica na sociedade, nota-se que a maior procura diz respeito à prestação
dos serviços no âmbito da normalização bibliográfica realizada em trabalhos
�236
acadêmicos, sendo que a maioria dos clientes pertence ao grupo dos
pesquisadores inseridos nos cursos de Graduação e Pós-Graduação, oferecidos
nas instituições de ensino e pesquisa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões teóricas apresentadas pela literatura investigada neste
trabalho em conjunto com as descrições oriundas de documentos legislativos
quanto institucionais, como também o sucesso obtido na prestação de serviços
de consultoria na produção científica são suficientes para constatar que a
prática da normalização bibliográfica pode constituir, na atualidade, como um
segmento de mercado promissor para o bibliotecário.
Por meio da experiência relatada neste trabalho, desmistifica-se a
percepção de que os bibliotecários são capacitados a atuar, tão somente, nos
serviços tradicionais oferecidos em unidades de informação. Evidenciou-se que
a
formação
profissional
e
continuada
são
fatores
determinantes
na
consolidação de competências e habilidades para o exercício da prestação de
serviços no ramo informacional, sobretudo na normalização bibliográfica.
Que esses resultados possam estimular os bibliotecários a preencherem
as demandas existentes no mercado, no que tange a essa atuação profissional,
como também que seja reconhecido pela sociedade como um todo, o potencial
desse trabalhador, caracterizado como normalizador da produção bibliográfica.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana Pinheiro Mueller. Considerações
sobre o mercado de trabalho do bibliotecário. Informacion, Cultura y
Sociedad, Buenos Aires, n. 12, p. 35-50, 2005. Disponível em:
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�237
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�239
CAPÍTULO XVI
ATUAÇÃO BIBLIOTECÁRIA NA GESTÃO DE UM SISTEMA DE
BIBLIOTECA: IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO DE ESTÁGIO PARA A
COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Rosemary Tofani Motta
Silvana Aparecida dos Santos
1 INTRODUÇÃO
A
Biblioteca
Universitária
(BU)
sempre
se
constituiu
um
espaço
privilegiado para contribuir efetivamente para a formação dos alunos. As BUs
têm como missão o apoio ao ensino, pesquisa e a extensão. E é dessa forma
que, ao longo dos anos, os bibliotecários vêm se desenvolvendo e dinamizando
produtos, serviços e até mesmo reestruturando divisões e setores das
bibliotecas,
para
acompanhar
a
evolução
atual,
e
assim,
prestar
um
atendimento de qualidade para a comunidade acadêmica e sociedade em
geral.
E, pensando assim, na atuação de uma gestão de um sistema de
bibliotecas, que surge a ideia de implantação de um projeto de ensino e
pesquisa fruto de uma parceria entre a BU, a Pró-Reitoria de Extensão e a
Escola de Ciência de Informação, desenvolvido com a finalidade de tornar a BU
um espaço de educação para a competência informacional. Com essa ação,
pretendeu-se beneficiar docentes e discentes da Graduação e Pós-Graduação.
No desenvolvimento desse programa, os que denominados alunosestagiários assumem com responsabilidade e comprometimento a condução do
seu processo de aprendizagem a partir do desenvolvimento das habilidades
fundamentais que são: aprender a aprender; a integração, em termos de
formação prática, aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e relacionamento
humano; articulação prática/teoria/prática (COSTA et al. 2011).
�240
Essa parceria visou a capacitação técnica e o desenvolvimento de
competências para o exercício da profissão ou fins de preparação para o
trabalho e para o exercício da cidadania.
Este
artigo
visa
relatar
os objetivos desse
projeto24
na BU da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sendo essa biblioteca a
coordenadora técnica do Sistema de Bibliotecas da UFMG (SB/UFMG) e se
contextualiza como instituição dinâmica que oferece espaços para a prática da
referida competência informacional, direcionada a todos os segmentos da
comunidade universitária e, em especial aos alunos da Escola de Ciência da
Informação.
A BU é um órgão suplementar vinculado à Reitoria, responsável
tecnicamente pelo provimento de informações necessárias às atividades de
ensino, pesquisa e extensão da universidade, como também pela coordenação
técnica, administração e divulgação dos recursos informacionais das 25
bibliotecas que compõem o Sistema de Bibliotecas da UFMG.
2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA COMO LABORATÓRIO DE FORMAÇÃO
COMPLEMENTAR
A BU, para o cumprimento de sua missão, possui divisões e setores
técnicos (ou atividades) que são verdadeiros laboratórios de conhecimento e
aprendizagem para os egressos dos cursos da Escola de Ciência da
Informação/UFMG e áreas afins. E, de acordo com seu organograma (anexo
1), são essas as divisões e setores técnicos:
Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras: responsável pelo tratamento
técnico dos acervos especiais como: a Coleção Faria Tavares, o Acervo Curt
Lange, a Coleção de Obras Raras, que reúne documentos, livros, periódicos,
mapas, correspondências e fotografias do século XVI ao século XX; a
Patrologia Migné, que abrange textos de filosofia patrística editados em latim e
24
Alterações no projeto, na gestão que o implantou e gestões posteriores não serão tema
deste artigo.
�241
grego; a Coleção Linhares – publicações periódicas editadas em Belo Horizonte
de sua fundação até a década de 1950; entre outras preciosidades.
Divisão de Formação e Desenvolvimento do Acervo: responsável pela
aquisição centralizada de periódicos nacionais e controle da aquisição
descentralizada de material bibliográfico da UFMG, controle patrimonial do
acervo do Sistema de Bibliotecas, doações e transferência de material
bibliográfico e desenvolvimento de política de acervos para o Sistema de
Bibliotecas/UFMG. Essa Divisão possui o Setor de Intercâmbio, responsável
pela aquisição de material bibliográfico em qualquer suporte físico, por meio de
doação ou permuta, seleção do material recebido e repasse às Bibliotecas do
Sistema a outras instituições.
Divisão de Tratamento e Tecnologia da Informação: responsável pela
supervisão, controle e registro dos dados bibliográficos da Base de Dados do
Sistema de Bibliotecas usando o Sistema Pergamum e com prática de
atividades técnicas e manuseio de instrumentos de apoio ao tratamento
técnico da informação (catalogação, classificação e indexação); apoio às
bibliotecas no uso e instalações de software (tais como: Scifinder Scholar 2007
- Chemical Abstracts, Oracle, Linux, Pergamun e outros) utilizados para o
gerenciamento da tecnologia da informação no Sistema de Bibliotecas. Essa
divisão, após o ano de 2014, passou por uma nova estruturação e conta,
atualmente, com três setores25: o Setor de Apoio à Catalogação, Setor de
Tecnologia da Informação (automação) e Setor de Suporte de Hardware e
redes.
Divisão de Planejamento, Gestão e Apoio a Projetos: responsável pelas
informações técnicas e gerenciais referentes ao Sistema de Bibliotecas,
assessoramento à Diretoria da BU no planejamento e gestão a partir do
fornecimento
25
de
informações
gerenciais
Disponível em: <https://www.bu.ufmg.br/ditti/>.
relativas
à
organização
e
�242
administração da BU/Sistema de Bibliotecas; apoio ao desenvolvimento de
projetos e programas para o Sistema de Bibliotecas.
Divisão de Comunicação: responsável pelos serviços de informações da BUSB/UFMG tais como o Boletim Conexão, o Sítio da BU, bem como as
orientações às Bibliotecas do Sistema no que tange à divulgação da BU e do
Sistema de Bibliotecas.
Divisão de Gestão em Inovações Tecnológicas: envolve três setores/
atividades: 1) Setor de Apoio ao atendimento do Portal da CAPES na
UFMG: responsável pelo treinamento, capacitação de usuário do SB/UFMG,
apoio no agendamento de treinamentos na instituição; perguntas e respostas e
também contatos com o Helpdesk da CAPES na UFMG; 2) Setor de Apoio às
Bibliotecas-Polo da Educação à Distância, em parceria com o Centro de
Apoio
à
Educação
a
Distância
(CAED)
da
UFMG:
responsável
pelo
desenvolvimento de políticas para as bibliotecas e controle patrimonial do
acervo da UFMG nos polos de apoio presencial, assim como o planejamento de
serviços realizados por bibliotecas na educação a distância; acompanhamento
e supervisão dos serviços oferecidos a distância aos usuários de bibliotecas;
estabelecimento de procedimentos de atuação para as bibliotecas-polo perante
a organização de serviços a distância; organização do teletrabalho no setor de
bibliotecas e trabalho em equipes multidisciplinares, apoiando a educação a
distância; 3) Setor de Apoio à Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
na UFMG: responsável pela inserção das teses e dissertações defendidas na
UFMG na base de dados da BDTD/UFMG, para compor a base nacional de teses
e dissertações do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), na Network Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD),
divulgando e disponibilizando, na íntegra, a produção científica da UFMG em
rede mundial.
Centro de Extensão da Biblioteca Universitária: criado por iniciativa da
Diretoria da BU em 2008, e aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão UFMG,
�243
objetiva o apoio à realização de ações extensionistas desenvolvidas na/pela
BU. As ações de extensão são de significativa importância ao estabelecerem
um elo entre a universidade, bibliotecas e a sociedade, permitindo, além da
integração entre conhecimento acadêmico e conhecimento popular, estarem
associadas aos movimentos e às necessidades de diferentes setores sociais
efetivando, desse modo, a inclusão e a democratização do saber acadêmico.
Na BU-SB da UFMG, o Centro de Extensão tem como função proporcionar um
ambiente de interação entre os funcionários e usuários, fortalecendo as
Bibliotecas do Sistema em seu papel primordial de apoio ao ensino, pesquisa e
extensão junto à sociedade.
2.1 SERVIÇOS OFERECIDOS
A BU-SB/UFMG oferece os serviços: Consulta (local, por telefone,
correspondência, fax, e-mail, web); Empréstimo (domiciliar, entre bibliotecas);
Levantamento bibliográfico (manual e automatizado); Visitas orientadas;
Comutação bibliográfica; Orientação e normalização bibliográfica; Treinamento
de usuários; Alertas, Sumários correntes e Boletins Informativos; Exposições e
promoção de eventos. Também oferece, sistematicamente, programas de
capacitação dos usuários com o objetivo de habilitá-los na utilização das fontes
de informação, em formato eletrônico, disponibilizadas para a comunidade
acadêmica da UFMG. Programas como o Pró-Multiplicar da Capes que, por
meio de parcerias entre a Biblioteca Universitária e a Pró-Reitoria de PósGraduação objetivaram preparar os pós-graduandos para acesso à pesquisa
acadêmica e ampliação da utilização do Portal de Periódicos26. Essas atividades
podem se tornar um campo fértil para o desenvolvimento de estratégias de
aprendizagem continuada à formação básica do profissional.
26
O Programa Pró-Multiplicar se fundamenta em treinamento ministrado pela Capes na
instituição aos alunos bolsistas de Mestrado e Doutorado que, sob a coordenação de professor
e bibliotecário, na instituição, ficam responsáveis por repassar o conhecimento sobre o Portal
de Periódicos a alunos de Graduação e Pós-Graduação. Atualmente, o referido programa se
encontra descontinuado.
�244
O Sistema de Bibliotecas atende tanto os usuários da comunidade
interna (alunos do ensino fundamental, médio, técnico, graduação, pósgraduação, professores, pesquisadores e funcionários), como os usuários da
comunidade externa – de outras instituições, pesquisadores, alunos de
intercâmbio e demais visitantes. A média anual de empréstimo domiciliar é de
500.000 exemplares, para cerca de 70.000 usuários.
A BU-SB/UFMG se constitui, portanto, como unidade de significativa
relevância em seu espaço de atuação. Inserida no ambiente universitário como
apoio ao ensino, pesquisa e extensão, possui um corpo profissional altamente
qualificado e em aprendizagem contínua que se destaca no acompanhamento e
no
atendimento
qualificado
aos
seus
usuários
(em
todos
os
níveis),
proporcionando o acesso à informação confiável e em tempo hábil, o
tratamento e a guarda do acervo utilizando tecnologias de informação e de
ponta na área.
Embora a BU e as bibliotecas da Universidade recebam muitos alunos
para a prática do estágio supervisionado ou estágio curricular, essas atividades
são desenvolvidas isoladamente com certa autonomia tanto na definição de
locais e atividades quanto na elaboração de projetos, respectivamente, pelos
próprios discentes e orientadores, sem uma contextualização ou envolvimento
político-administrativo da coordenação da BU–Sistema de Bibliotecas.
Dessa forma, pretendeu-se apresentar a BU-Sistema de Bibliotecas,
como
um
espaço
próprio
à
prática
de
atividades
que
favorecem
a
complementação da capacitação técnica do futuro bibliotecário, bem como a
ampliação
das
relações
interpessoais,
a
troca
de
experiências,
o
desenvolvimento de um olhar crítico e da ética profissional.
Conforme GOMES (2008),
[...] nas atividades de acesso ao conhecimento estabelecido, ao
conhecimento registrado, os educadores, os espaços informacionais e
seus agentes são os mediadores que transmitem as informações
disponíveis, realizando, assim, as práticas informacionais.
Considera-se, então, que para o aluno, perpassar por todos esses
espaços de informação e suas práticas na BU–Sistema de Bibliotecas da UFMG
é, de
fato, uma experiência que
enriquecerá sua atitude
profissional
�245
estabelecendo a articulação e a interseção entre a informação, a comunicação
e a educação, a partir das quais se torna possível a geração de saberes
(GOMES, 2008).
3
COMPOSIÇÃO DO PROGRAMA: BASES REFERENCIAIS
Na UFMG, de acordo com a Resolução CEPE 02/2009 de 10/03/2009 27,
são
considerados
tipos
de
estágio:
Estágio
como
atividade
curricular
obrigatória; Estágio como atividade curricular optativa; Estágio como atividade
de enriquecimento curricular.
O estágio é uma importante fase da vida acadêmica estabelecendo-se
como o primeiro contato do aluno com o dia a dia das organizações e do
exercício profissional. É um momento próprio, no qual o aluno coloca em
prática o conhecimento teórico adquirido ao longo do curso, bem como, a
partir de um olhar crítico, tem oportunidade de avaliar as ações desenvolvidas
no local definido para realização dessa etapa, em relação à teoria e às
necessidades reais das organizações.
Portanto, a BU–Sistema de Bibliotecas se propôs a estabelecer a parceria
com a Pró-Reitoria de Extensão e Escola de Ciência da Informação da UFMG
para realização do Estágio curricular, assim como ampliá-la para outras
modalidades, a saber: Estágio como atividade curricular optativa e o Estágio
como atividade de enriquecimento curricular. Para realização desse propósito,
a BU apresentou as linhas gerais de um programa de estágio com ênfase:
-
Na aprendizagem em situação de trabalho onde o aprender e o
ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao processo de
trabalho, ou seja, as experiências de natureza teórica/conceitual terão
27
Considera o que determina a Lei 11.788 de 25/09/2008. Dispõe sobre o estágio de
estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de
março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o
art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências
�246
como finalidade a qualificação teórica metodológica dos serviços em
prática;
-
Na facilitação de transformações nas práticas profissionais e na
organização do trabalho à luz da problematizarão das experiências
cotidianas e coletivas;
-
No compromisso com as metodologias ativas de educação criando
espaços ao desenvolvimento investigativo no âmbito dos serviços de
gestão da informação.
A BU-Sistema de Bibliotecas da UFMG disponibilizou, então, os seus
espaços do fazer bibliotecário para a realização de práticas profissionais dos
alunos da graduação em Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação, da Escola de Ciência da
Informação.
Para atender a essa finalidade, sugeriu-se a realização de atividades que
demandassem um maior grau de envolvimento do aluno inclusive a aquisição
de conhecimentos específicos para contribuir com os objetivos da biblioteca no
aperfeiçoamento,
na
criação
ou
na
implementação
de
atividades/serviços/ações.
O estágio tem como finalidade proporcionar o desenvolvimento de
atividades e ações que aliem a teoria e a vivência prática com autonomia e
elevado compromisso social, profissional, ou seja, permitindo aos egressos, da
Graduação ou da Pós-Graduação, a condição de sujeitos do processo de
aprendizagem.
especialização
bibliotecas,
Caracteriza-se,
para
centro
alunos
de
pois,
como
recém-formados
documentação
e
um
nas
aperfeiçoamento,
atividades
instituições
afins,
uma
chave
quer
de
sejam
administrativas, técnicas ou de pesquisa.
O programa de estágio foi desenvolvido contemplando cinco áreas ou
núcleos de atividades específicas: Administração e gestão; Processamento e
tratamento técnico da informação; Inovações tecnológicas; Acervos e coleções
especiais; e Qualidade e atendimento aos usuários. A opção pelo núcleo deverá
�247
ser requerida pelo candidato no momento de inscrição ao Estágio a partir de
uma carta de intenção concorrendo, assim, às vagas destinadas àquele núcleo.
4 OBJETIVOS DO PROGRAMA
Em linhas gerais, os objetivos do Programa foram:
- Capacitar o aluno estagiário na prática cotidiana de uma biblioteca de modo
que o mesmo assuma, sob orientação específica, o desempenho profissional de
acordo com as exigências e necessidades próprias do ambiente institucional de
um sistema informacional;
- Integrar as questões teóricas às questões práticas, vivenciadas ao longo do
curso, possibilitando a construção de conhecimento significativo pela ação–
reflexão–ação;
- Realizar atividades que aprimorem a prática profissional, integrando ensino,
pesquisa e extensão.
Enfim, a finalidade principal da proposta foi a capacitação do alunoestagiário de modo que o mesmo pudesse desenvolver um processo formativo
crítico, reflexivo
conhecer,
e
pesquisar
participativo;
e
aplicar
compartilhar
técnicas
de
experiências e
gestão
de
reflexões;
informação
e
conhecimento; criar, experimentar, produzir e disseminar coletivamente os
conhecimentos adquiridos nessa etapa.
A aprendizagem organizacional é abordada sob diversos focos, com
pontos convergentes relacionados à idéia da aprendizagem resultante da
experiência individual, das trocas de experiência e inter-relações entre
as pessoas e os grupos na organização, assim como a criação de
ambientes organizacionais favoráveis às práticas de aprendizagem
(GONÇALVES ZANGISKI et al., 2010, p. 1).
5 MODELO DA IMPLANTAÇÃO DA PROPOSTA
O modelo para implantação e desenvolvimento das ações do programa
teve como princípio básico a integração teoria/ensino/prática com momentos
�248
de atividades comuns como aulas, seminários, rodas de discussão, oficinas
pedagógicas, estudos de caso, dentre outras.
Nos momentos de prática, foi proposta a execução das atividades de
estágio nos locais de trabalho específicos ou locais de exposição de cada
núcleo temático.
Entendeu-se ou configurou-se como ambiente de exposição os locais e
áreas de desenvolvimento do programa em cinco núcleos principais:
-
Administração e gestão;
-
Processamento e tratamento técnico da informação;
-
Inovações tecnológicas;
-
Acervos e coleções especiais;
-
Qualidade e atendimento aos usuários.
Pretendeu-se o uso de ferramentas de Ensino a Distância para módulos
específicos de aquisição de conhecimentos, que poderiam ser totalmente a
distância ou módulos híbridos (contemplando também atividades presenciais).
Para o desenvolvimento e acompanhamento das atividades teóricas e
práticas, pretendeu-se o envolvimento de profissionais docentes da Escola de
Ciência
da
Informação
e
bibliotecários
da
BU-SB/UFMG
especialmente
dedicados a esse trabalho. Os docentes orientadores e os tutores técnicos
ficaram
responsáveis
pelo
acompanhamento
do
aluno-estagiário,
planejamento, discussão e avaliação das atividades teóricas e práticas.
As atividades práticas foram programadas para serem desenvolvidas nas
bibliotecas do SB/UFMG, de acordo com as especificidades de cada núcleo
temático.
a) Duração do Programa, Clientela e Seleção dos candidatos
Estágio Profissional: A duração dos estágios teve como carga horária
prevista entre o mínimo de 60 ao máximo de 200 horas.
�249
A sugestão para essa proposta foi de uma carga horária semanal de 12
horas, sendo oito horas de trabalho efetivo e quatro horas para estudo e
atividades pedagógicas envolvendo rodas de discussão, seminários, entre
outros.
O público-alvo constituiu-se dos alunos do curso de Biblioteconomia a
partir do quinto período sendo que, para os estágios com carga horária de 200
horas, os alunos deveriam estar cursando o último período do curso. O
processo
de
seleção
e
encaminhamento
dos
alunos-estagiários
ficou,
inicialmente, sob a supervisão do Colegiado de Graduação. A definição do
número de participantes e a sua distribuição interna entre as bibliotecas do
Sistema da UFMG ficaram sob a coordenação da BU.
b) Parceria e infraestrutura
Propôs-se
que
representantes
da
BU,
das
Bibliotecas
Setoriais,
juntamente com representantes do Colegiado de Graduação e da Escola de
Ciência da Informação estabelecessem essa parceria considerando, como
dimensão
fundamental
em
sua
efetivação
(definição
de
estratégias,
planejamento, execução e avaliação), a participação de todos os envolvidos.
Consideraram-se
como
elementos
essenciais:
a
clareza
das
responsabilidades, os papéis de cada parceiro, o registro e ampla divulgação
de todas as construções coletivas. Com isso, esperava-se garantir o acesso dos
parceiros com sucesso em seus objetos. Assim, o aluno/estagiário teria uma
experiência prática, a partir da realização de atividades de vivência, ensino e
aprendizagem, em acordo com as áreas técnicas estabelecidas pelo Colegiado,
cooperando para o crescimento da instituição por meio da aplicação coerente,
sistemática e mesmo criativa dos conhecimentos adquiridos durante o curso e
de acordo com as necessidades da BU–SB/UFMG. Dessa forma, a parceria
entre a Escola e a Biblioteca permitiria contribuir com a formação de
profissionais qualificados, com vivência e prática, beneficiando a sociedade
como um todo.
�250
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do princípio de que a formação do profissional se completa a
partir da reflexão e da exposição à realidade vivenciada, de modo que o
conhecimento e o saber fazer se construam na tentativa de intervenção e
transformação dessa mesma realidade, pretendeu-se com o desenvolvimento
deste programa:
- Que os alunos-estagiários encarem com responsabilidade, comprometimento,
a condução do seu processo de aprendizagem a partir do desenvolvimento de
uma habilidade fundamental – a de aprender a aprender com a noção da
realização do trabalho sob mediação, sob o foco de uma equipe, interagindo
com as necessidades dos indivíduos, os desafios institucionais e a realidade
vivenciada;
- A integração, em termos de formação prática, aperfeiçoamento técnicocultural, científico e relacionamento humano;
- Articulação prática/teoria/prática e do envolvimento da Escola de Ciência da
Informação da UFMG com a BU e a BU, por sua vez, com o Sistema de
Bibliotecas da universidade;
- Capacitação técnica e o desenvolvimento de competências para o exercício
da profissão ou fins de preparação para o trabalho e para o exercício da
cidadania.
A BU é uma instituição dinâmica que oferece espaços para a prática da
competência informacional, direcionada a todos os segmentos da comunidade
universitária e em especial aos alunos dos cursos de Biblioteconomia, o que
possibilita à BU, manifestar-se como laboratório de aprendizado.
Esse envolvimento pode ser ampliado significativamente para as demais
áreas de Graduação e Pós-Graduação da Ciência da Informação (Arquivologia e
Museologia) como um espaço próprio à prática de atividades que favorecem a
complementação da capacitação técnica do futuro profissional, bem como a
ampliação
das
relações
interpessoais,
a
troca
de
desenvolvimento de um olhar crítico e da ética profissional.
experiências,
o
�251
Desse contato do discente com o exercício profissional, valorizando sua
capacidade técnica, incentivando sua criatividade, mas ao mesmo tempo
supervisionado e orientado, compreende-se que esse Programa seja uma
experiência válida que dê subsídio à formação técnica, humana e inovadora
dos sujeitos. E, nesse contexto, pretendeu-se, também, ampliar e consolidar a
parceria entre a BU-Sistema de Bibliotecas e a Escola de Ciência da
Informação, o que pode despertar nos futuros profissionais, a necessidade e
importância em se formar parcerias, quando da atuação no mercado de
trabalho, de forma a fortalecer, cada vez mais, a prática e a interação
bibliotecária, para benefício de toda a sociedade.
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Pesquisa e Extensão. Resolução No 02/2009, de 10 de março de 2009.
Regulamenta o Estágio em cursos de Graduação da UFMG e revoga a
Resolução no 03/2006 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Belo
Horizonte: UFMG, 2009.
ANEXO 1
Figura 1 - Organograma da Biblioteca Universitária – Sistema de Bibliotecas
Fonte: site da BU28
28
Disponível em:
<https://cerrado.bu.ufmg.br/bu/images/apresentacoesppt/organograma%20sb%20ufmg.pdf>
.
�253
CAPÍTULO XVII
BIBLIOTECÁRIO ATUANTE NA EDITORAÇÃO DE PERIÓDICO: RELATO
DE CASO NA REVISTA PRÓ-DISCENTE
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
O mercado editorial de publicações tem demandado o aparecimento de
diversas atividades de trabalho, por conseguinte, inúmeros cargos, funções e
até profissionais especializados são requeridos para garantir a efetiva
comunicação e divulgação das informações publicadas em diversos recursos ou
fontes de informação registrada, tais como livros, periódicos, bases de dados,
sejam eles nos formatos impressos quanto eletrônicos.
Com efeito, o trabalho editorial tem se apresentado como um segmento
potencial de empregabilidade em diversas profissões, desde aquelas ligadas ao
desenvolvimento e estruturação das fontes de informação, até aquelas
envolvidas com a disseminação dessas fontes na sociedade. Trata-se de um
campo de trabalho originado em nossos primórdios e que vem se redefinindo
ao longo dos tempos.
Historicamente, ainda no período antigo das civilizações, manifestavamse os trabalhadores responsáveis pela comercialização de manuscritos, os
livreiros, os quais realizavam suas atividades em feiras livres (KNAPP, 1992).
No entanto, nessa época, em virtude da forte censura, as atividades eram
realizadas informalmente, sendo que esse quadro histórico transformou-se
radicalmente, a partir da invenção da imprensa, no século XV, e a partir do
processo de democratização do conhecimento, evidenciado nos séculos
seguintes, como apontou Burke (2003).
Além desses importantes acontecimentos históricos que contribuíram
para o crescimento do mercado editorial, pode-se citar, também, o nascimento
�254
dos periódicos científicos, a partir do século XVII. Os periódicos científicos são
considerados como um dos principais fatores que viabilizaram a explosão
documental vivenciada no século XX e, sua migração para o suporte eletrônico
acarretou, ainda mais, o crescimento das publicações que divulgam os achados
de pesquisas (RODRIGUES; MARINHO, 2009).
Portanto, a reconfiguração do mercado editorial consolida-se, de forma
intensa, com o surgimento do processo de editoração eletrônica, o qual, a cada
dia, redefine as atividades de comunicação, os recursos e ferramentas
utilizadas nessas atividades e, principalmente, o papel desempenhado pelos
profissionais que atuam nesse mercado.
Dentre os diversos profissionais atuantes nesse mercado, destaca-se,
sobremaneira, o bibliotecário, o qual possui competências e habilidades para
identificação, tratamento, organização, recuperação
e disseminação
das
diversas fontes de informação registrada. Logo, nos dias de hoje, observa-se a
ampliação das práticas bibliotecárias realizadas no âmago dos periódicos
científicos eletrônicos, segmento de mercado que viabiliza possibilidades
empreendedoras para esse e outros profissionais, as quais são demandadas
para garantir efetividade no fluxo da comunicação científica no ambiente
digital.
Nesse contexto, há de se concordar que, com a editoração eletrônica,
“[...] simplifica-se o processo, especializam-se as atividades e configuram-se
novas possibilidades de atuação para o bibliotecário, especialmente no que
tange à gestão e normalização de periódicos científicos [...]” (MAIOME;
TÁLAMO, 2008, p. 301, grifo nosso).
Embora a atuação em periódicos científicos venha se fortalecendo, sendo
muito discutida na literatura, é possível identificar um nicho de mercado para o
bibliotecário, ainda pouco explorado. Todavia, sustentamos nossos argumentos
na tese de que, esse profissional, no atual século, pode desenvolver
habilidades empreendedoras, independente do ramo de atuação ou segmento
de mercado que queira intervir e atuar, tendo em vista atender necessidades
específicas do público-alvo. Assim, o bibliotecário é um trabalhador capaz de
“[...] identificar e dirigir necessidades, e que pode implementar, vender, e
�255
avaliar iniciativas” (MATHEWS, 2007, p. 1).
Por decorrência dessas reflexões, apresenta-se este estudo preliminar,
cujo objetivo é apresentar atividades desempenhadas por bibliotecário no
processo de editoração de periódicos eletrônicos, de modo a confirmar as
possibilidades empreendedoras advindas desse contexto de trabalho.
Para
se
atingir
tal
objetivo,
têm-se
os
seguintes
procedimentos
intermediários, que são: 1 – contextualizar o trabalho bibliotecário no âmago
dos
periódicos
científicos
e,
2
-
identificar
possibilidades
de
atuação
empreendedora, haja vista as dificuldades e instabilidades enfrentadas com o
uso das plataformas digitais dos periódicos.
O presente texto versa sobre um relato de caso vivenciado por
bibliotecário junto à equipe editorial da Revista Científica Pró-Discente. O fazer
desse profissional se resumiu a auxílios prestados aos comitês científico e
editorial da revista, com o fim de que os trabalhos publicados apresentassem
melhor qualidade no que tange visibilidade e leitura textual, como também
auxílios na organização da informação disponibilizada na plataforma eletrônica
da revista.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O periodismo pode ser considerado como um dos grandes marcos
históricos na história dos registros gráficos do conhecimento, como também
provocou inúmeras transformações no mercado editorial e na forma com que
as pessoas buscam e acessam informação, sobretudo pelo fato dos periódicos
manifestarem-se como publicações de natureza contínua. No âmago científico,
os periódicos revolucionaram os fazeres científicos, provocando rapidez na
forma de se socializar os achados de pesquisa (RODRIGUES; MARINHO, 2009).
O uso da editoração eletrônica facilitou ainda mais as relações firmadas
entre cientistas, de modo que esse formato de periódico tem se evidenciado, a
cada dia, como a principal fonte de informação para a atualidade (OLIVEIRA,
2008). As peculiaridades desses registros, tais como sua continuidade, aliado
�256
ao crescimento do número de periódicos nas diversas áreas do conhecimento
demandou o uso de técnicas e métodos específicos para garantir o tratamento,
gestão, armazenamento e uso dessas publicações na sociedade (FACHIN;
HILLESHEIM, 2006).
As autoras supracitadas mencionam que as bibliotecas são consideradas
como espaços ou unidades de informação mais apropriadas para armazenar e
tratar
as
coleções
de
periódicos,
e
também
destacam
o
papel
dos
bibliotecários, considerados como profissionais da informação especializados
para tratar as coleções periódicas.
Todavia, a prática bibliotecária junto aos periódicos não deve se limitar,
tão somente, às atividades de organização dessas publicações. Além disso, os
bibliotecários podem atuar, também, no mercado editorial dos periódicos, como
relatado no estudo de Santana (2015, p. 13-14), para quem, a contribuição
desse profissional, no processo de produção editorial de periódicos científicos
permite “[...] tanto a aplicação de conhecimento específicos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, bem como de conhecimentos
relacionados a outras áreas profissionais [...]”, apresentando, portanto, uma
maior complexidade e, por conseguinte, exigindo do bibliotecário novas
competências e habilidades.
No
âmbito
da
editoração
eletrônica,
ressalta-se
que
novas
potencialidades são oriundas com esse processo, de modo que o bibliotecário
tende
a atuar
na condução
das etapas editoriais,
por
meio
de
seu
conhecimento em organização das informações no ambiente digital, o que
demanda, além das técnicas tradicionais de representação, o domínio no uso
das ferramentas presentes nas plataformas digitais. Assim, “[...] pensar em
editoração eletrônica é pensar num novo nicho de atuação profissional, abrindo
ainda mais esse leque de oportunidades” (MAIOME; TÁLAMO, 2008, p. 318).
Em
linhas
gerais,
essas
autoras
identificaram
três
importantes
atribuições demandadas aos bibliotecários quanto ao uso das plataformas
digitais que gerenciam os periódicos, que são: 1 - a normalização de
documentos; 2 - a análise de trabalhos técnico-científicos e, 3 - a organização
e gerenciamento de bases de dados virtuais.
�257
Estudo recente desenvolvido por Santana (2016, p. 22) evidenciou que
os fazeres bibliotecários em periódicos eletrônicos, embora ainda pouco
reconhecidos e concretizados, tendem a se tornar um potencial de atuação
desse profissional, o que pode consolidar a prestação de serviços bibliotecários
na gestão das plataformas, bases de dados e de todo o processo e fluxo
editorial demandado desse novo contexto. Assim:
É importante salientar que mudanças hoje observadas no âmbito das
equipes editoriais de periódicos científicos se deram muito em função
das transformações tecnológicas e da importância que os periódicos
assumiram no processo de comunicação e divulgação científica, que
exigem conhecimentos, habilidades e competências cada vez mais
específicos, dada as demandas que se impõem. Essas mesmas
mudanças possibilitam ao bibliotecário desempenhar papéis
estratégicos, bem como assumir funções com níveis maiores de
complexidade e responsabilidade nas equipes editoriais (SANTANA,
2016, p. 22, grifo nosso).
Assim, os bibliotecários, em conjunto com profissionais ligados a áreas
de Tecnologia, Design Gráfico, Comunicação, Marketing, dentre outras,
encontram oportunidades de exercerem atividades profissionais na editoração
eletrônica, uma vez que os sistemas e softwares utilizados nesse processo
precisam ser constantemente monitorados, permitindo que sejam exploradas
as possibilidades que esses recursos podem oferecer (COUTINHO; BUSE,
2014; SANTOS, 2016).
As equipes que atuam na gestão dos periódicos, normalmente, estão
envolvidas em diversas atividades, contempladas nas mais diferenciadas
etapas do extenso fluxo editorial, o que evidencia a presença de práticas
profissionais inerentes à gestão de cunho científico (a análise do conteúdo,
contemplando a avaliação do que será publicado), quanto à gestão de cunho
administrativo, ou seja, processos de trabalho que viabilizam o funcionamento
do software utilizado pelo periódico, quanto outras questões que possam afetar
a disponibilização do que é publicado nas edições (GUIMARÃES; DINIZ, 2014).
Em linhas gerais, na gestão científica, segundo os autores supracitados,
manifesta-se a presença dos editores, avaliadores, corpo editorial científico e o
comitê de política editorial. Por sua vez, a gestão administrativa é formada por
produtores editoriais e gráficos, gestores administrativos e financeiros,
�258
profissionais da comunicação e marketing.
De qualquer forma, para que esse conjunto de atividades diferenciadas
possam ser bem conduzidas e o fluxo da comunicação científica (processo
primordial que permeia o contexto de qualquer periódico científico) se realize
de forma efetiva, “[...] o periódico precisa de uma equipe interna e/ou externa
(terceirizada) consistente e comprometida, além de infraestrutura física e
tecnológica adequada” (GUIMARÃES; DINIZ, 2014, p. 458).
Nesse contexto, evidenciam-se as possibilidades empreendedoras que
podem surgir a partir das necessidades que se manifestam com a implantação
e aceitação, cada dia mais frequente, dos periódicos em formato eletrônico.
Desse modo, os bibliotecários, como outros profissionais da informação, por
possuírem habilidades e competências específicas para lidar com o tratamento,
organização e disseminação de objetos informacionais, como os periódicos,
têm um campo de trabalho promissor, sobretudo no que se refere à consultoria
ou
prestação
de
serviços
informacionais
para
os
periódicos
científicos
(SANTANA, 2016).
Normalmente, as complexidades demandadas nos processos de trabalho
com
os
periódicos
eletrônicos
requerem
a
formação
de
equipes
multiprofissionais, as quais os profissionais atuantes podem ser caracterizados
como empresários da informação, como relatado na obra de Le Coadic (2004).
Nas palavras desse autor, esse grupo é constituído por profissionais da
informação “[...] que criam empresas de fabricação e venda de produtos ou
serviços de informação, o produto da informação pode ser um banco de
informações especializadas, um programa de computador, publicações, índices,
catálogos etc.” (LE COADIC, 2004, p. 108).
Por fim, a editoração de periódicos, sobretudo a eletrônica, manifesta-se
como uma oportunidade viável para oportunizar práticas empreendedoras por
parte dos bibliotecários e demais profissionais que lidam com a informação, de
modo que, novos campos de trabalho possam ser formados, desencadeando ao
bibliotecário, um perfil multidisciplinar, com intervenções direcionadas à
consultoria prestada no amplo mercado da informação (FERNANDES; PIRES,
2012; COUTINHO; BUSE, 2014).
�259
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA NA REVISTA PRÓ-DISCENTE
3.1 A REVISTA PRÓ-DISCENTE
O periódico Pró-Discente caracteriza-se como um caderno de produções
acadêmico-científicas, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação
e ao Centro de Educação, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Essa revista científica é adepta ao movimento de acesso livre ao
conhecimento e é editada, por meio de serviços voluntários prestados por
discentes de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, egressos do Programa de
Pós-Graduação e profissionais de áreas correlatas. Tem por objetivos promover
a divulgação da produção acadêmica sobre a educação nas suas múltiplas
relações e contribuir para debates de questões relacionadas com o contexto
educacional em suas diferentes dimensões.
O
periódico
analisado
caracteriza-se
como
especializado
na
área
educacional, priorizando pesquisas interdisciplinares que mantenham relações
com o campo educacional em seus possíveis desdobramentos, contextos e
instâncias da sociedade. Por estar vinculada a um programa de PósGraduação, a revista adota as mesmas linhas de pesquisa do referido
programa. Desse modo, têm-se quatro linhas de investigação, a saber:
diversidade e práticas educacionais inclusivas; educação e linguagens; cultura,
currículo e formação de educadores; e, por fim, história, sociedade, cultura e
políticas educacionais.
O periódico nasceu no ano de 1994, sendo publicado em formato
impresso até o ano de 2009, momento em que passou a ser editado,
exclusivamente, via eletrônica, por meio do software OJS. Em toda a existência
da revista, a periodicidade adotada foi a semestral, sendo que em cada
volume, são publicados entre seis e oito artigos, como também, além desses,
pode haver publicações de resenhas críticas de livros, entrevistas com
especialistas da área, dossiês e traduções inéditas de autores brasileiros e
estrangeiros.
�260
Por caracterizar-se como um periódico científico, adota o processo cego
de avaliação, realizado por pares. Assim, para ser publicado, o manuscrito
perpassa por um processo editorial, realizado por diversas equipes, cada qual
com atividades diferenciadas, porém dependentes uma das outras. Conforme
consta disponibilizado no site do periódico, como também, considerando os
dados coletados na observação participante, constata-se que existem duas
grandes equipes de trabalho: a equipe editorial e o conselho científico.
A equipe editorial é responsável em controlar o fluxo dos manuscritos,
recebendo-os a partir da submissão pelos autores e distribuindo-os para os
avaliadores, os quais compõem o conselho científico. A equipe editorial é
subdivida em quatro grupos, que são: editores chefes (dois pesquisadores da
área de Educação), editores executivos (quatro editores, em que cada um é
responsável por uma linha de pesquisa específica), comitê editorial (treze
profissionais, a maioria pós-graduandos da área educacional e vinculados a
instituições públicas e privadas) e
um comitê assessor (bibliotecário e
educadores especializados em design gráfico). Por sua vez, o comitê científico
é formado por 35 profissionais, a maioria docentes na área de Educação e
vinculados à UFES.
3.2 ATIVIDADES BIBLIOTECÁRIAS REALIZADAS
A vinculação do bibliotecário à equipe editorial oficializou-se no ano de
2014, permanecendo em vigor até o atual momento. A princípio, o profissional
teve que se especializar acerca do sistema utilizado pela revista, uma vez que
as atividades de organização e diagramação das novas edições são realizadas,
exclusivamente, pela plataforma do OJS, conforme demonstrado na figura 1.
�261
Figura 1 – Interface do OJS no âmago do periódico gerenciado pelo bibliotecário
Guias de acesso aos dados do
periódico
Menus para acesso aos status
dos artigos
Menus para acesso a edições e
inserção de novas edições
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Como demonstrado na figura 1, o bibliotecário foi inserido na equipe
editorial da revista, de modo a exercer diversas funções, principalmente no
que se refere a auxiliar o papel do editor chefe (gestão administrativa) e o
papel do editor gerente (gestão científica).
Em linhas gerais, essas duas funções são sustentadas por inúmeras
atividades, concretizando-se após o processo de avaliação dos manuscritos
enviados à revista. Os manuscritos aprovados pelo comitê avaliador são
encaminhados via plataforma OJS ao editor gerente, sendo que esse
encaminha ao bibliotecário para que seja realizada as atividades de revisão
textual e normalização dos artigos. Após esse processo, manifestam-se as
atividades de tratamento, organização e disponibilização dos documentos (tais
como gestão dos metadados), e, logo em seguida, realiza-se o processo de
diagramação da estrutura que comporá a nova edição. Por fim, a nova edição
da revista é publicada.
A
figura
2
demonstra
as
principais
atividades
de
exclusiva
responsabilidade do bibliotecário, sendo que tais atividades são desenroladas
de forma processual, ocasionando - assim como acontece em outras fases da
editoração em que o bibliotecário não participa – um fluxo interativo, relacional
e contínuo.
�262
Figura 2 – Fluxo das principais atividades de responsabilidade exclusiva do bibliotecário
Envio dos manuscritos
aprovados
ao
bibliotecário
Atividades
revisão
textual
de
Atividades
e
de
tratamento
e
organização dos metadados
normalização
Atividades
de
diagramação
Publicação
de
nova
edição da revista
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Por meio das análises às figuras supracitadas, evidencia-se que o
bibliotecário atua de forma interativa e multiprofissional com os demais
membros da equipe editorial da revista, como também em parceria com outros
profissionais ligados às áreas de Tecnologia, Design Gráfico, dentre outros.
Enfatizam-se, outrossim, que o bibliotecário exerce, a priori, os papéis de
assessor, junto ao editor da revista, cadastrando usuários, delimitando papéis
aos membros da equipe, melhorando a interface da revista, inserindo e/ou
atualizando as informações disponibilizadas no site da revista, conforme figura
1. Além disso, são delegadas a esse profissional funções exclusivas, de acordo
com suas habilidades na organização da informação. Portanto, essas atividades
constituem as etapas finais do fluxo editorial, de modo que, em linhas gerais,
elas visam melhorar a qualidade da escrita dos artigos, como também, efetivar
o tratamento documentário das publicações e, por fim, elaborar a estrutura
final da nova edição, a qual é, logo em seguida, disponibilizada ao público
(publicada) (figura 2).
Com efeito, essas atividades, de um modo geral, indicam a ampliação
das práticas bibliotecárias, confirmando a atuação do bibliotecário no âmbito
da editoração de periódicos. Essas contribuições ao fluxo do processo editorial,
por serem realizadas em periódico de acesso livre, desencadeou a atuação
voluntária do profissional, no entanto, essas mesmas atividades podem ser
realizadas no âmago dos periódicos de acesso restrito.
�263
Além disso, essas atividades, dependendo da gestão do periódico, podem
ser contratadas por profissionais externos, o que viabiliza possibilidades
empreendedoras para aqueles que desejam inserir-se na prestação de
serviços, ou seja, elas representam um segmento da consultoria informacional.
Ademais, por meio da observação ao trabalho do bibliotecário neste
periódico, evidenciam-se outras atividades mais complexas, que, na maioria
das vezes, não podem ser realizadas pela equipe editorial, o que demanda a
contratação de serviços especializados. Assim, é possível evidenciar algumas
intervenções de consultores nos periódicos, tais como: o monitoramento,
atualização e manutenção da plataforma e do sistema utilizado pela revista; a
construção de bases de dados para incorporar a memória publicada no
periódico; a elaboração de bancos de dados com vocabulários controlados,
tendo em vista facilitar o processo de busca e recuperação da informação; a
migração ou incorporação entre bases de dados, visando melhorias no
armazenamento e recuperação, dentre outras atividades.
Em suma, a editoração periódica nos ambientes digitais é um episódio da
história das ciências e da humanidade que reconfigurou os meios de
comunicação das pesquisas, logo, por estar em processo de consolidação,
desafios surgem com frequência, fato esse que demonstra a origem de novos
campos de atuação por parte de profissionais de inúmeras áreas do
conhecimento,
sobretudo
dos
profissionais
ligados
à
organização
da
informação, como os bibliotecários.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos metodológicos utilizados neste artigo demonstraram a
atuação do bibliotecário na editoração de periódicos eletrônicos. Constatou-se
que esse profissional auxilia nas atividades de gestão do periódico, melhorando
a interface da revista e atribuindo papéis aos membros da equipe, como
também desempenha, de forma exclusiva, as atividades de revisão textual e
normalização; tratamento e organização de metadados; diagramação; e, por
�264
fim, publicação de nova edição.
Além dessas atividades, outras mais complexas se fazem necessárias,
como a manutenção do sistema de gerenciamento e elaboração de estratégias
que melhorem o armazenamento da produção científica e acarrete melhorias
no sistema de recuperação da informação.
Em conjunto, essas atividades manifestam-se como possibilidades
empreendedoras para os bibliotecários que podem atuar na prestação de
serviços, tendo em vista resolver os desafios que se colocam no processo de
editoração eletrônica dos periódicos. Que essas evidências despertem a
formação de profissionais especializados, de modo que esse segmento de
mercado seja ocupado pelo bibliotecário, oportunizando ainda mais o mercado
de trabalho para esse profissional.
REFERÊNCIAS
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Diderot. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003.
COUTINHO, Ana Josiele Ferreira; BUSE, Juliana. A criação de periódicos
eletrônicos na disciplina de editoração como práticas de ensino. Múltiplos
Olhares em Ciência da Informação, v. 4, n. 2, out. 2014. Disponível em:
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FACHIN, Gleisy Regina Bories; HILLESHEIM, Araci Isaltina de
Andrade. Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: Ed.
da UFSC, 2006.
FERNANDES, Enila Nobre Nascimento Calandrini; PIRES, Erik André de Nazaré.
O bibliotecário consultor: perfil profissional. Biblionline, João Pessoa, v. 8, n.
2, p. 62-73, 2012. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/12285/8638>. Acesso
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GUIMARÃES, Luisa Veras de Sandes; DINIZ, Eduardo. Gestão de periódicos
científicos: estudo de casos em revistas da área de Administração. Revista de
Administração, São Paulo, v. 49, n. 3, p. 449-461, jul./ago./set. 2014.
Disponível em: <200.232.30.99/download.asp?file=RAUSP_v49n3_449461.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2017.
�265
KNAPP, Wolfgang. O que é editora. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.
LE COADIC, Yves-François. A ciência da informação. 2. ed. Brasília, DF:
Briquet de Lemos, 2004.
MAIOME, Giovana; TÁLAMO, Maria de Fátima. Atuação do bibliotecário no
processo de editoração de periódicos científicos. Revista ACB: Biblioteconomia
em Santa Catarina, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 301-321, jul./dez. 2008.
Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/522/659>.
Acesso em: 26 abr. 2017.
MATHEWS, Brian. O bibliotecário como empreendedor: um projeto para
transformar o nosso futuro. ExtraLibris, 2007.
OLIVEIRA, Érica Beatriz Pinto. Periódicos científicos eletrônicos: definições e
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RODRIGUES, Jeorgina Gentil; MARINHO, Sandra Maria Osório Xavier. A
trajetória do periódico científico na Fundação Oswaldo Cruz: perspectivas da
Biblioteca de Ciências Biomédicas. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro,
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SANTANA, Solange Alves. O bibliotecário e a editoração de periódicos
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Curso (Monografia) – Departamento de Ciência da Informação, Universidade
de São Paulo, USP, São Paulo, 2017.
SANTOS, Gildenir Carolino. Processo de criação de um periódico
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<http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/ppec/article/view/6975>.
Acesso em: 27 abr. 2017.
�266
CAPÍTULO XVIII
CRIANDO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO: O BIBLIOTECÁRIO COMO
CONSULTOR INDEPENDENTE
Graciane Silva Bruzinga Borges
Mayara Silva Gonçalves
Filipi Miranda Soares
1 INTRODUÇÃO
As
projeções
de
futuro
para
as
profissões
preveem
grandes
transformações no cenário atual, haja vista o advento da Inteligência Artificial
e do machine learning29. Nesse contexto, as possibilidades de atuação do
bibliotecário são promissoras, principalmente com a criação de seu próprio
negócio e a oferta de produtos e serviços voltados para múltiplos segmentos
do mercado, como o de consultoria independente para pessoas físicas e
jurídicas.
As atividades desempenhadas pelo bibliotecário podem ser observadas
ao longo do tempo, desde a Antiguidade, com a organização da informação em
papiros, até a época atual, com a utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) aplicadas para o avanço da ciência e também para a
gestão da informação corporativa.
Na perspectiva das áreas de Biblioteconomia e da Ciência da Informação
(BCI), ao analisar, organizar e classificar um documento, o ser humano tem
como objetivo, mesmo que indiretamente, sua representação e, como
consequência, a recuperação da informação nele contida, bem como sua
29
O aprendizado de máquina (em inglês, machine learning) é um método de análise de dados
que automatiza a construção de modelos analíticos. É um ramo da inteligência artificial
baseado na ideia de que sistemas podem aprender com dados, identificar padrões e tomar
decisões com o mínimo de intervenção humana.
Disponível em: <https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/machine-learning.html>.
�267
utilização para a geração de novos conhecimentos e para solução de possíveis
problemas.
Para que o processo de recuperação da informação seja eficiente, é
imprescindível que se estabeleça em um primeiro momento sua organização e,
posteriormente, uma representação de forma consistente. A importância
dessas atividades advém da necessidade de o ser humano registrar e tornar
acessível o conhecimento produzido, e que nunca parou de ser criado. Com
isto, o papel do bibliotecário na sociedade é fundamental, considerando que
seu trabalho é essencialmente vinculado à gestão da informação e do
conhecimento.
Nesse cenário, a prestação de consultoria se diferencia por oferecer
diagnósticos aos problemas identificados no mercado e propor soluções
inteligentes para tal. O mercado de atuação desse profissional independente e
autônomo está em crescimento. O fato de ser um campo de atuação novo e
pouco conhecido justifica a pouca representatividade, o que desencadeia em
um espaço vago, sendo muitas vezes desempenhado por profissionais de
outras áreas. Esta realidade é observada atualmente no Brasil, porém, em
países mais desenvolvidos, a situação dos profissionais de consultoria
independente está consolidada. A diferenciação também ocorre no campo de
atuação: no Brasil os bibliotecários estão atuando mais na área de organização
e processamento de coleções e no exterior atuam em maior escala na área de
busca e recuperação da informação (BAPTISTA, 1998; VALENTIM, 1998;
ANNA; GRACE, 2014).
Assim, este
capítulo
tem
por
objetivo
apresentar
um relato
de
experiência de seus proponentes a respeito da atuação do bibliotecário como
consultor independente. Visa ressaltar a relevância desse segmento para o
fortalecimento da classe e discutir algumas possibilidades de produtos e
serviços oferecidos no mercado.
�268
2 O EMPREENDEDORISMO E A CONSULTORIA NA BIBLIOTECONOMIA
Empreendedorismo é um neologismo derivado do verbo empreender,
também
designado
competência
empreendedora,
significando
a
ação
deliberada de realizar ou de tentar realizar algo. O empreendedor estuda a
implementação e o desenho de um negócio, buscando ferramentas e soluções
empresariais para os problemas atuais e futuros30. O primeiro curso sobre
empreendedorismo foi ministrado em 1986, na Harvard Business School,
conforme citação de Larry Farrell, consultor de empresas norte-americano e
autor do livro The Entrepreneurial Age31 (DUARTE, 2011).
Já a pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial em relação ao
The Future of Jobs Report afirma que a resolução de problemas complexos
será a habilidade mais requisitada em 2020 (SCHWAB, 2016). Essa habilidade
é intrínseca às atividades desempenhadas pelo consultor, que visualiza, retrata
o
problema
e
oferece
soluções
em
produtos
e
serviços
comumente
desenvolvidos pelo bibliotecário.
Dessa forma, o perfil do consultor e a maneira com que ele se engaja
com as novas tendências do mercado influenciarão na consolidação de sua
trajetória desde sua formação como bibliotecário. A prática da profissão, a
gestão de projetos e as noções gerais de formalização do negócio são aspectos
também relevantes para um bom desempenho neste segmento, conforme
apresentado nas seções a seguir.
2.1 PERFIL DO PROFISSIONAL
Na
literatura,
profissional
identificam-se
empreendedor.
Em
diversos
geral,
os
estudos
autores
sobre
utilizam
o
perfil
os
do
termos
competência, habilidades, conhecimentos, qualidades e característica da
30
Daniel Nascimento e Silva, consultor e pesquisador em Administração. Fonte: Duarte
(2011).
31
Ver: Revista Exame, Editora Abril, edição 771.
�269
personalidade para identificar esse perfil (BAPTISTA, 2000; GLOSIENE, 2002;
CARDOZO; BARBOSA, 2004; SEBRAE, 2005; DALPIAN; FRAGOSO; ROZADOS,
2007).
Neste trabalho, porém, optou-se pela utilização do termo “competências”
para delinear o perfil do empreendedor. Isto porque subentende-se que não se
trata de “algo” intrínseco ao ser humano, como a personalidade ou qualidade,
mas sim algo que pode ser desenvolvido por cada indivíduo. Dessa forma, com
o intuito de apresentar as competências mais citadas na literatura da área,
identificaram-se algumas competências referentes ao perfil do profissional
empreendedor. Entende-se que tais competências poderão influenciar tanto o
indivíduo como o cliente, sua empresa e também o produto entregue (quadro
1).
Quadro 1 – Perfil do consultor refletindo em diversas áreas
Pessoal
Produtos e serviços
Age com proatividade
Resolve situações problemáticas
Apoia na autoimagem, na cultura da
liderança e na perseverança
Delineia objetivos maiores que o potencial
Trabalha com obstáculos significativos
ou as fontes existentes
Concentra-se na evolução individual
Sabe taxar e vender serviços e produtos
Lida com situações concretas
Foca na flexibilidade e rigor na qualidade
Predispõe-se a manter-se atualizado
dos serviços
Estabelece metas e objetivos que são
desafiantes e que têm significado pessoal
Corre risco calculado
Busca oportunidades e tem iniciativa
Cliente
Empresa
Define tarefas e papéis que criam uma
estrutura clara de organização
Planeja processos
Empenha-se em manter os clientes
Esboça e monitora sistematicamente seu
satisfeitos
negócio
Identifica as necessidades dos clientes
Conhece e explora a qualidade da sua
equipe
Detém boa estratégia de marketing
Fonte: elaborado pelos autores com base em Baptista (2000); Glosiene (2002); Cardozo;
Barbosa (2004); Sebrae (2005); e Dalpian, Fragoso e Rozados (2007).
Uma perspectiva também interessante são os chamados
blended
librarians. De acordo com Lima, Maculan e Borges (2017), essa é uma
expressão que apresenta ao bibliotecário uma ampliação de suas funções,
apontando para um novo perfil de profissional que deve considerar as
seguintes competências: 1) gestor de unidades de informação; 2) mediador de
recursos informacionais; e 3) educador voltado para o desenvolvimento de
�270
competência informacional da comunidade de usuários (neste caso, clientes) a
ser atendida. Assim, as competências do consultor influenciarão na forma
como o profissional trabalha e lida com seus clientes, bem como o escopo dos
produtos e serviços que ele oferece.
2.2 TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO E ATUALIZAÇÃO
A formação do bibliotecário consultor acontece antes, durante e após sua
graduação. As habilidades técnicas adquiridas ao longo do curso dão ao
estudante um panorama prático consistente. Com o foco no estudo das
disciplinas ofertadas na Graduação em Biblioteconomia, Silveira (2012)
apontou que, na região Sul do Brasil, 3/5 dos cursos possuem disciplinas,
cujos conteúdos focalizam a temática do empreendedorismo em suas grades
curriculares. Embora seja a representação de uma pequena parcela dos cursos
oferecidos no Brasil, pode-se inferir que o percentual de disciplinas que
proporcionam ao aluno subsídios para enfrentar o mercado de trabalho quanto
a este aspecto é relativamente considerável. Contudo, ao longo de sua
trajetória,
esse
complementares,
futuro
de
profissional
modo
a
deverá
aprimorar
buscar
suas
por
atividades
formações
e
seu
autodesenvolvimento.
A atualização do profissional é de suma importância, considerando que o
aprendizado deve ser renovado para evitar a obsolescência e a estagnação.
Porém, é necessário traçar um plano de carreira pessoal, que servirá como um
direcionador das ações, evitando atualizações que não contribuem para a meta
predeterminada. Realizar uma autoavaliação das potencialidades e fragilidades
é
fundamental
para
verificar
quais
pontos
devem
ser
aprimorados
e
melhorados, por isto a importância de um planejamento individual, que deve
estar em consonância com o plano de carreira. Geralmente, as atualizações do
bibliotecário acorrem durante cursos, palestras, eventos, especializações e
grupos de discussão.
�271
O processo de elaboração e publicação de artigos em periódicos e a
apresentação de trabalhos em eventos na área também contribuem para uma
reflexão quanto ao estado da arte de determinado segmento, assim como
reforçam o processo de comunicação entre os pares. A aproximação das
universidades com as empresas, instituições e com a sociedade em geral
possibilita a aplicação do conhecimento científico na prática do mercado.
2.3 PRODUTOS E SERVIÇOS
O bibliotecário é capacitado a desenvolver diversos produtos e serviços
na área de organização e tratamento da informação. Tais produtos e serviços,
teoricamente, lhe foram apresentados durante a graduação e podem ser
aplicados no mercado. Nessa área, normalmente, os futuros contratantes não
têm clareza quanto às soluções possíveis para suas demandas informacionais,
embora sejam notórias suas necessidades de organização e gestão.
Por outro lado, ocorre, em alguns casos, que mesmo os próprios
bibliotecários podem não identificar com facilidade a potencialidade comercial
de seu portfólio. Esse fato vem em consonância com Dalpian, Fragoso e
Rozados (2007, p. 104), ao afirmarem que a “área de Biblioteconomia tem,
por tradição, não buscar lucro e como sistemática a ideia de não cobrança de
seus serviços e produtos”. Contudo, entende-se que é sim necessário que o
profissional faça publicidade de seus produtos, a fim de que eles sejam
reconhecidos, bem como que o trabalho por ele desempenhado seja
valorizado.
As opções de produtos e serviços que podem ser oferecidas em uma
consultoria são várias, de forma que o apresentado a seguir não é limitante,
mas sim toma como base um breve apanhado da literatura (CARDOZO;
BARBOSA, 2004; SILVA, 2005; FREIRE; ALAUZO; SPUDEIT, 2017), alinhado
com algumas considerações advindas da experiência profissional dos autores
deste capítulo, tal como segue.
�272
Modelagem de soluções em Arquitetura da Informação (AI): a AI tem
como objetivo proporcionar uma estrutura lógica a fim de ajudar o usuário a
encontrar a informação de que necessita, tornando acessível o que já existe na
organização. Segundo Davenport (2000), o fato é de que as informações
dispersas na organização, originadas de diferentes fontes e armazenadas em
vários formatos, provocam dificuldade de acesso. Assim, a AI pode ser um
modelo para solucionar tais problemas via um planejamento informacional de
sistemas de gestão (LIMA, 2016). Dentro dessa perspectiva, as organizações32,
de modo geral, investem no desenvolvimento de Sistemas de Recuperação da
Informação (SRIs), acreditando que esses sistemas, por si só, podem resolver
os problemas de gerenciamento de dados e de documentos vivenciados
internamente. Tais sistemas têm como função armazenar, recuperar e
compartilhar
informações
estratégicas.
Dessa
maneira,
as
organizações
apostam na possibilidade de reúso de dados e no favorecimento dos processos
decisórios internos. Contudo, as chances de obtenção de soluções de SRI
eficazes não são muito animadoras, considerando um alto índice de projetos
que são planejados e executados de maneira inconsistente e/ou incompleta.
Uma das dificuldades técnicas vivenciadas pelas equipes multidisciplinares de
projetos de SRI é a ausência de metodologia para modelagem de domínio
corporativo. O resultado do processo de modelagem deverá ser refletido na
estruturação do sistema em si e também na elaboração dos instrumentos de
arquitetura que os compõem, atuando, diretamente, na gestão do fluxo
informacional corporativo. Assim, essa é uma das atividades inerentes ao
bibliotecário, que poderá atuar em equipes multidisciplinares em projetos de AI
que
visem
o
desenvolvimento
de
SRIs,
ou
mesmo
a
construção
e
implementação de páginas web.
32
De acordo com o Dicionário de Administração e Negócio, ORGANIZAÇÃO é a “denominação
genérica de empresas, entidades, instituições, firmas, associações, sociedades e outras formas
de organismos públicos e privados, produtores de bens ou de serviços, com finalidades
lucrativas ou não, personalidade jurídica e objetivos diversos, entretanto, sempre voltados
para o desenvolvimento e o bem-estar social [...]” (DUARTE, 2011, p. 802, grifo nosso).
�273
Construção de taxonomia corporativa: por definição, a taxonomia é
considerada uma classificação do tipo sistemática, sendo, no contexto da BCI,
uma ferramenta de organização intelectual que pode ser empregada tanto em
portais institucionais e bibliotecas digitais como em mecanismo de busca
(CAMPOS; GOMES, 2008). Para essas autoras, o processo de organização da
informação realizado por meio de uma taxonomia possibilita a alocação, a
recuperação e a comunicação de informações dentro de um determinado
sistema de maneira lógica por meio de sua funcionalidade de navegação. De
acordo com a norma ANZI/NIZO Z39.19,
Taxonomia Corporativa – Coleção de termos de um vocabulário
controlado constituído por termos preferidos, relacionados entre si e
organizados em uma estrutura hierárquica na qual cada termo está em
uma ou mais relações tipo pai/filho (geral/específico) em relação a outro
termo nessa taxonomia (AMERICAN NATIONAL INFORMATION
STANDARDS ORGANIZATION, 1980, p. 1).
Ainda no contexto da AI, as taxonomias podem ser elaboradas pelo
bibliotecário como artefatos, ou seja, entregáveis previstos em um projeto a
fim de subsidiar o processo geral de modelagem de domínio corporativo. O
principal motivo pelo qual os projetos de AI deveriam ser elaborados nas
empresas deveria ser uma real mudança de comportamento dos colaboradores
na manipulação e no uso dos documentos por meio dos quais o conhecimento
da organização é registrado. Sem esse entendimento, o resultado de tais
projetos
possivelmente
será
negativo.
Gerenciamento
de
informação
pressupõe gestão de mudança, afinal, em um cenário de desenvolvimento de
SRI, seu uso efetivo é (ou deveria ser) o principal objetivo da AI. Na
perspectiva de Davenport (2000, p. 202), para a implementação de uma AI
eficiente
é
necessário
considerar
que
ela
mude
a
maneira
como
os
colaboradores utilizam e lidam com as informações, do contrário não faria
sentido propô-la. Seguindo essa mesma linha, Lima (2016, p. 47) faz uma
análise histórico-conceitual do tema, afirmando que a AI “surgiu como uma
proposta para o design de estruturas informacionais em espaços digitais, e
posteriormente, como uma alternativa de modelo de gestão do conhecimento
nas organizações, e na estruturação de websites”. Assim, entendemos a
�274
influência e a contribuição do bibliotecário, nesse segmento, como de extrema
relevância, haja vista sua formação e capacitação na área de organização e
tratamento da informação.
Elaboração de índice de final de livro: esse tipo de índice diz respeito a
dispositivos tradicionais que fornecem uma visão geral do conteúdo do
documento. Normalmente, consiste nos conceitos mais importantes abordados
em um livro, com indicação para as páginas relevantes. Dessa forma, um
índice é uma lista alfabética de pessoas, lugares, assuntos etc., mencionada no
texto de uma obra, impresso no final do documento (MEKKI; NAZARENKO,
2005; CSOMAI; MIHALCEA, 2007).
Trata-se de um produto, normalmente solicitado e gerenciado pelo
mercado editorial com a participação de equipe de profissionais composta
geralmente pelo bibliotecário indexador. Para sua elaboração, é necessário ter
conhecimento aprofundado da temática relatada no livro, considerando que os
termos e frases devem ser representativos, e fornecerem as relações entre
eles (utilização de remissas). Para seleção dos termos e frases, utiliza-se o
princípio da indexação, comumente conhecido pelos bibliotecários. Os índices
enriquecem o livro, pois se constituem em um instrumento facilitador na busca
de informações pontuais dispersas ao longo do texto, demonstrando, ainda, a
preocupação da equipe editorial em proporcionar ao usuário um produto rico
para busca e recuperação de informações.
Normalização de documentos técnicos e científicos: de acordo com a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014, on-line),
[...] a normalização é, assim, o processo de formulação e aplicação de
regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação de
todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia
global [...]. Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado
por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou
características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando
à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto [...].
Para esse tipo de serviço, o autor solicita a normalização, conforme as
regras predefinidas pela instituição de ensino na qual o trabalho será
submetido. Esse é um nicho de mercado permanente e aquecido, tendo em
�275
vista o imenso volume de monografias, dissertações e teses defendidas no
ensino superior no Brasil. Caracteriza-se como uma atividade minuciosa, na
qual o profissional deve ter domínio das regras a serem empregadas durante o
processo.
Organização e gestão documental de arquivos: campo de trabalho
desempenhado oficialmente por arquivistas formados; contudo, vale ressaltar
que por muitos anos teve, e ainda tem, lacunas atendidas por bibliotecários
que acabaram por se especializar nesta área. Atualmente, com uma maior
inserção de arquivistas no mercado, essa atuação tem ficado cada vez mais
equilibrada,
abrindo
espaço
para
parcerias
entre
os
profissionais.
As
organizações geram diversos arquivos que inclusive são essenciais para
registro histórico daquela instituição. Os procedimentos de organização (física,
eletrônica e digital) e a definição de tipos de acesso aos acervos e a elaboração
de instrumentos de gestão, como Tabela de Temporalidade Documental (TTD)
e Plano de Arquivo (PA) são produtos inerentes a esse nicho.
Organização,
implementação
e
automação
de
bibliotecas:
tradicionalmente desempenhado pelo bibliotecário que detém conhecimento
sobre o tratamento e a organização da informação dos materiais contidos em
uma biblioteca. Envolve processo de automação e digitalização de acervos,
bem como demanda de hardware e software especializados. O mercado
apresenta editais, principalmente provenientes de instituições públicas, para a
contratação de empresas terceirizadas especializadas nessa área.
Disseminação Seletiva da Informação (DSI): de acordo com Cunha e
Eirão (2012), do termo inglês Selective Dissemination of Information (SDI),
esse serviço era elaborado manualmente com base no acervo local de
periódicos, para a produção de listas selecionadas de títulos e artigos e a
distribuição de resumos a poucos usuários. Para os autores, a DSI pode
produzir um grande problema ou solução, referenciando duas das clássicas
Leis de Ranganathan (1963): “Poupe o tempo do usuário" e "Para cada leitor,
�276
seu livro". Trata-se de um serviço personalizado, de valor agregado e
direcionado para a necessidade particular de cada usuário. Nos últimos anos, a
DSI torna-se, com o aumento da demanda de informação e o crescimento da
tecnologia, um importante instrumento de suporte para as organizações que
desejam difundir informações de maneira prática e ágil. O trunfo da DSI reside
no poder conferido ao usuário em decidir o que deseja ou não receber
(CUNHA; EIRÃO, 2012). Assim, esse é um nicho no qual o bibliotecário
desempenha o serviço de referência, entendendo a necessidade do usuário e
traduzindo-a para uma linguagem documentária que facilite as buscas nas
fontes de informação. Dessa forma, fornece uma recuperação eficiente e
confiável das informações, assim como auxilia na disseminação seletiva da
informação, conhecendo a temática de interesse de seus usuários. As entregas
deste serviço preveem o fornecimento de informações adicionais e atualizações
das novas tendências da temática de interesse.
2.4 ETAPAS DO PROJETO
Há várias possibilidades para o desenvolvimento dos produtos e serviços
mencionados e uma delas é por meio da gestão do Ciclo de Vida de um
projeto. Nesta perspectiva, as metodologias em cascata, ou seja, aquelas que
apresentam linearmente a execução de fases e de etapas a serem cumpridas
uma após o término da anterior, mostram-se interessantes. Nesse sentido,
apresenta-se uma abordagem, composta de cinco fases.
Fase de Iniciação: para Trentim (2016), na fase de iniciação, o Termo de
Abertura autoriza formalmente o projeto. Este documento define os objetivos
do projeto, descrevendo sua necessidade e suas justificativas, podendo incluir
restrições de tempo e de custo, entre outras. Além disso, nomeia e dá
autoridade ao gerente de projeto. O responsável pelo termo de abertura é o
patrocinador do projeto.
�277
Fase
de
planejamento:
envolve
diversos
aspectos,
começando
pelo
engajamento dos stakeholders33 na coleta de requisitos e definição do escopo.
Além disso, o tempo e o custo são especificados no Plano de Projeto nesta
fase, que precisa considerar as comunicações, os recursos humanos, os riscos,
as aquisições e os stakeholders do projeto (TRENTIM, 2016).
Fase de execução: a execução começa mobilizando os recursos necessários
do projeto. Tirar o plano do papel exige muita colaboração e integração.
Durante a execução, o gerente de projeto é o responsável por orientar e
direcionar o trabalho, liderando a equipe do projeto para que as entregas
atendam aos requisitos e aos prazos planejados (TRENTIM, 2016).
Fase de controle: o gerente de projeto também é responsável pelo
monitoramento e controle, por meio de indicadores de desempenho, ações
preventivas e ações corretivas, para garantir que o projeto siga seu curso
dentro dos limites de tolerância. É importante ter um processo formal para
solicitação, aprovação e monitoramento de todas as mudanças do projeto
(TRENTIM, 2016).
Fase de encerramento: o término do projeto ocorre quando todas as
entregas são concluídas ou o projeto é cancelado, também possuindo
processos formais, devendo incluir sempre lições aprendidas, documentação do
projeto, encerramento dos contratos e aceitação final do cliente. Finalmente, o
autor
ressalta,
descontraidamente,
a
importância
de
comemorar
o
encerramento com seus stakeholders e com a equipe (TRENTIM, 2016).
Para o consultor iniciante, vale sinalizar uma estrutura mínima para
pensar no fluxo
de trabalho deste
profissional. Tal estrutura poderá,
futuramente, dar subsídios para a formalização das áreas e dos setores
internos da empresa. Uma modelagem de alto nível pode ser observada na
figura 1.
Stakeholders: conjunto de funcionários, acionistas, fornecedores, sociedade civil e meio
ambiente, considerados organizacionalmente como um todo em constante interação [...]
(DUARTE, 2011).
33
�278
Figura 1 – Fluxo de trabalho
Fonte: Elaborado pelos autores (2018).
Considera-se que o consultor deve traçar estratégias de marketing e
propaganda, metas iniciais de venda, definir sua metodologia de gestão de
projetos e, consequentemente, o ciclo de vida das ações inerentes a este,
assim como estar atento à execução de uma abordagem de pós-venda.
2.5 FORMALIZAÇÃO DO NEGÓCIO
Quanto à formalização do negócio, recomenda-se considerar a opção
pela microempresa ou pelo Microempreendedor Individual (MEI). De acordo
com Duarte (2011), microempresa corresponde a uma organização comercial,
industrial ou prestadora de serviço, de pequeno porte, definida em legislação
específica que lhe concede tratamento jurídico, fiscal e administrativo
diferenciado dos demais tipos de empresas.
Para o Sebrae, o trabalhador conhecido como informal pode se tornar um
MEI legalizado e passar a ter CNPJ, o que facilitará a abertura de conta
bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais (SERVIÇO
BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018a, on-line). Já
para a abertura de um negócio, a instituição recomenda alguns passos para
iniciar bem essa empreitada. Destaca que a abertura e o gerenciamento de
empresas exigem um conjunto de habilidades e conhecimentos e que é preciso
entender o mercado e o público, além de planejar bem o negócio. Uma boa
gestão considera estratégias de marketing, um fluxo de caixa controlado e
�279
passa também por muita criatividade e inovação (SERVIÇO BRASILEIRO DE
APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018b, on-line).
3 RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
A GB Consultoria, MSG e Norma Padrão foram criadas por bibliotecários
que trabalham de forma autônoma e também por meio de parcerias. A
proposta desta seção é apresentar alguns aspectos do modelo de negócio das
empresas e a forma como atuam no mercado, bem como exemplificar
situações que decorrem da prática da consultoria, como descrito a seguir.
3.1 A CONCEPÇÃO DA GB CONSULTORIA EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO
A GB Consultoria em Gestão da Informação nasceu da vontade de sua
sócia fundadora em formalizar sua prestação de serviços especializados no
campo da Biblioteconomia, Ciência da Informação e assessoria de pesquisa
científica. Atuando no segmento desde o ano de 2003, a bibliotecária Graciane
Silva Bruzinga Borges, responsável técnica da empresa, sempre acreditou no
potencial da prestação de serviços e na elaboração de produtos de forma
autônoma.
No início do ano de 2016, a partir de um convite de parceria feito pela
então H2P Empreendimentos e Participações, consolidou-se a empresa no
formato MEI. À época, a demanda que se colocava era referente a um projeto
de consultoria no ramo ferroviário, visando ao desenvolvimento de um Sistema
de Gestão de conteúdos internos da companhia. Com o projeto bem-sucedido,
outros contratos se firmaram com empresas de múltiplos segmentos, em
projetos como: capacitação de equipe para elaboração de vocabulário
controlado, elaboração de vocabulário controlado e taxonomia corporativa,
elaboração de termo de referência para edital na área de gestão de arquivos,
dentre outros. Desde então, a GB vem incentivando outros profissionais a se
�280
enveredarem pelo campo da consultoria, haja vista os bibliotecários hoje à
frente da MSG Prestação de Serviços Especializados e da Norma Padrão.
Atualmente, a GB atua em dois pilares fundamentais. O primeiro deles
diz respeito aos serviços especializados para o meio acadêmico, incluindo
normalização de trabalhos científicos; editoração de anais de eventos;
confecção de e-books; realização de pesquisa e localização de dados,
informações e documentos; DSI e assessoria de pesquisa a mestrandos e
doutorandos. O segundo pilar diz respeito ao mercado de consultoria em
organização e tratamento da informação. Normalmente, neste segmento, as
demandas advêm de organizações de médio e de grande porte, especialmente
relacionadas às necessidades de gestão de recursos informacionais internos,
melhoramento
do
fluxo
de
informação,
processamento,
organização,
representação, recuperação e uso de dados. Nesse sentido, é sabido que as
organizações têm como recurso vital para sua cadeia produtiva os dados que
são por elas gerados ou administrados em seus fluxos de trabalho. Esse
conhecimento se encontra registrado em documentos disponíveis em vários
suportes, como os meios físico, eletrônico e digital, o que demanda uma
efetiva gestão. Nesse contexto, a GB atua dando suporte às organizações que
necessitam de projetos que visem ao desenho de soluções de Arquitetura
Corporativa. Assim, é a partir desse tipo de solução, que a camada de AI terá
condições de modelar os sistemas de gestão de conteúdos internos de forma
eficiente e compatível com o modelo de negócio do cliente.
3.1.1 As possibilidades de aproximação entre academia e mercado
Nos
bancos
acadêmicos,
muito
se
fala
da
necessidade
de
as
universidades ultrapassarem os “muros” que, em muitos casos, as fazem
distantes da sociedade. As iniciativas de aproximação entre universidade e
empresa é uma das vertentes que tentam diminuir essa distância, sendo esta
uma das motivações da GB. Atualmente, a empresa vem apostando no estudo
de metodologias científicas aplicáveis ao meio corporativo.
�281
Para tomar qualquer decisão no campo da ciência ou no meio
corporativo, é imprescindível que se tenha por base o maior e mais específico
número de estudos e projetos, semelhantes ao problema em questão, já
realizados e, naturalmente, os resultados já alcançados por meio destes
trabalhos. Desta forma, se contribui para o avanço da ciência e se apresentam
ao mercado as melhores práticas teoricamente fundamentadas na literatura
publicada de cada área.
Assim, a nova vertente apresentada pela GB é configurada pela
proposição de uma aproximação do mercado e da academia, por meio da
oferta de serviço especializado de pesquisa para apoio ao processo de tomada
de decisão no meio corporativo. Este nicho de mercado pressupõe duas
abordagens: 1) as organizações lidam com dificuldades concretas relacionadas
à identificação e escolha de melhores práticas para desenho de soluções; e 2)
profissionais que trabalham nesta área nem sempre podem contar com
metodologias ou instrumentos que auxiliem em projetos de consultoria de
diversos setores da companhia de uma maneira consistente e fundamentada
em bases acadêmicas. Assim, a GB vem inovando no mercado por meio da
oferta de produtos e serviços diferenciados, sempre garantindo a seus clientes
o rigor na manipulação de conteúdos proprietários, respeitando a produção
intelectual e seus direitos autorais. Sua prática é pautada na ética profissional
e em metodologia própria, oferecendo alto padrão de qualidade dos produtos
entregues.
3.2 A CRIAÇÃO DA MSG E A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESPECIALIZADOS
No final da Graduação em Biblioteconomia, no ano de 2015, a
bibliotecária Mayara Gonçalves foi convidada para conhecer os trabalhos
prestados pela GB Consultoria, o que gerou curiosidade e identificação com o
trabalho desenvolvido por bibliotecários consultores. Com apoio e mentoria da
GB, foi criado o CNPJ de microempreendedor individual (MSG Prestação de
Serviços Especializados). Assim, a necessidade de trabalhar inicialmente com
�282
profissionais mais experientes no mercado e a identificação de sua própria
identidade como empresa são abordadas na próxima seção.
3.2.1 Os desafios da iniciação em consultoria e a tratativa com o
cliente
Quando o profissional decide formalizar sua empresa, surgem diversos
questionamentos e dúvidas. Primeiro, a responsabilidade solitária de expor o
nome e representar uma classe de profissionais. E, no caso da MSG, ser criada
por uma bibliotecária recém-formada, que detinha conhecimentos teóricos e
vislumbrava possibilidades de aplicação no mercado, porém não possuía
experiência, naquele momento, com contratos e funcionamento de uma
empresa.
O grande desafio de trilhar caminhos para chegar a ser um consultor
advém de muita prática e experiências com projetos executados. Esta
bagagem se adquire com os anos, e o obstáculo em transmitir confiabilidade
para o cliente e consigo mesmo no nascimento de uma empresa deve ser
sanada com parcerias e contatos com profissionais mais experientes, e
também dedicação em estudar um novo campo.
É fundamental entender que, embora a consultoria seja um trabalho
geralmente individual, a consulta e a mentoria do profissional mais experiente
no mercado são essenciais. Isto porque o novo profissional pode apresentar
lacunas e ir por caminhos que podem gerar desconforto e não serem os mais
eficientes, e o profissional experiente, ao apresentar sua forma de trabalho,
pode “iluminar” o novo consultor na sua própria maneira de atuar.
Além dos contatos, é preciso focar na razão de todo o trabalho
desenvolvido: o cliente. A forma de trabalho e comunicação com o cliente é o
que garantirá o sucesso do projeto. Primeiro, é preciso entender a necessidade
do cliente, para, posteriormente, propor uma solução viável, além de saber
escutar e manter-se atento para não se desviar do propósito de coletar o
máximo de insumos possíveis. Durante o projeto, as expectativas do cliente
�283
devem ser reavaliadas para que estejam em consonância com o produto
oferecido e para, ao final do projeto, receber o feedback e avaliar se o produto
ou serviço oferecido realmente foi eficiente para o cliente.
É preciso compreender que, no início de uma empresa, geralmente
representada por apenas um indivíduo, a postura profissional diante do cliente
será a visão que ele terá de sua empresa. Assim, comunicar-se com
propriedade sobre os produtos oferecidos e sobre a necessidade deste cliente
(por meio de estudo prévio de seu perfil) é essencial. A flexibilidade quanto a
possíveis perguntas e situações adversas também é fundamental para uma
boa tratativa com o cliente. Dessa forma, a clareza na comunicação é
primordial à eficiência de qualquer projeto, em que o objetivo central deve ser
sempre solucionar o problema, atendendo e indo além da expectativa do
cliente.
3.3 O DINAMISMO E A INOVAÇÃO DA NORMA PADRÃO
A Norma Padrão é uma startup que surgiu a partir da motivação de dois
amigos bibliotecários que atuaram como freelancers, normalizando trabalhos
durante a Graduação em Biblioteconomia, na Escola de Ciência da Informação
da UFMG, de forma cooperativa. Vislumbrando o campo da Apresentação do
Trabalho Científico como um nicho real de trabalho do bibliotecário, os sócios
decidiram reunir seus conhecimentos e investir em um novo empreendimento
no último ano da graduação. Inicialmente, atuaram em parceria com a GB
Consultoria em Gestão da Informação, empresa madrinha da Norma Padrão34.
As duas empresas continuam a atuar em parceria, assumindo demandas com
profissionalismo e dinamismo.
Para estruturar a empresa, a primeira decisão tomada foi criar a
identidade visual e a marca. Uma equipe especializada em marketing executou
uma pesquisa para encontrar a identidade visual do campo de normalização.
34
Para saber mais sobre a Norma Padrão, acesse: <https://www.normapadrao.com.br/quemsomos>.
�284
Os resultados da pesquisa apresentaram a origem da palavra “norma”, que em
latim significa “esquadro”. Por essa razão, o esquadro está presente na
logomarca da Norma Padrão, e foi o primeiro nome adotado pela empresa.
A etapa seguinte foi o registro da marca no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI), instituição responsável por registrar marcas e
patentes no Brasil. O processo é lento e pode demorar até dois anos para ser
finalizado, mas é essencial para que a empresa consolide sua marca e possa
atuar com segurança no mercado nacional. Concomitantemente, a empresa foi
registrada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
A estrutura orgânica da Norma Padrão é formada por dois bibliotecários,
responsáveis
técnicos
pelos
serviços
de
normalização
e
formatação,
diagramação textual, design de capa e diagramação de livros digitais (ebooks), principalmente. Os dois bibliotecários também são responsáveis
técnicos pelo serviço de Divulgação do Trabalho Científico, que envolve a
gestão de redes sociais acadêmico-profissionais, como LinkedIn, Google
Scholar, Research Gate e a elaboração e atualização do Currículo Lattes,
ferramentas importantes para dar visibilidade aos resultados de pesquisas e
aos próprios pesquisadores.
Os outros serviços oferecidos pela Norma Padrão, como tradução/versão
e revisão de língua e estilo de textos científicos, são executados em parceria
com outras empresas e profissionais formados na área de Letras. Dessa forma,
a empresa é capaz de atender totalmente as demandas do cliente referentes à
apresentação do trabalho científico, após a finalização da escrita. Não
obstante, o lema da Norma Padrão é: “Preocupe-se em escrever, e do mais a
gente cuida”.
A formalização da empresa e a construção de uma equipe multidisciplinar
competente são os esforços iniciais para a concepção do negócio, mas é
preciso que os clientes conheçam os serviços e a empresa. Por esse motivo, a
Norma Padrão investe em marketing digital e propaganda.
�285
3.3.1 Investimento em marketing e propaganda como estratégia de
crescimento no mercado
O marketing e propaganda ajudam a disseminar a Norma Padrão no
mercado e a apresentar seus serviços. O serviço de marketing deve ser
trabalhado conforme o perfil da empresa. No caso da normalização, o esforço
para elaborar campanhas é maior que em outros setores de prestação de
serviço, uma vez que não existem muitas empresas oferecendo este tipo de
serviço no mercado. Logo, antes de divulgar os serviços, é preciso planejar
como utilizar as linguagens verbal e não verbal para que o cliente em
potencial, sem conhecimento específico dos termos técnicos da normalização,
entenda que o que está sendo oferecido é exatamente o que ele procura.
O marketing digital é uma forma mais barata e ecologicamente correta
de divulgar os serviços. Com a funcionalidade de impulsionamento de
publicações nas redes sociais, como Facebook e Instagram, é possível
selecionar o perfil de interesse do público a ser alcançado (p. ex., estudantes
de graduação, pós-graduação, universidades, médicos etc.) e a cobertura
geográfica da divulgação. Em poucas horas, é possível que milhares de
pessoas visualizem uma campanha de desconto impulsionada pela empresa,
por exemplo.
As redes sociais da Norma Padrão são gerenciadas por profissionais. As
postagens são elaboradas conforme a identidade da empresa e publicadas em
momentos programados. Certas campanhas de desconto são programadas
para acontecerem sempre nas mesmas datas ao longo do ano. Outras
campanhas surgem de acordo com oportunidades, como apoio a eventos
científicos. É comum, também, que a Norma Padrão ofereça serviços como
permuta para obter divulgação em eventos científicos ou publicações de
interesse.
�286
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o objetivo deste capítulo em fazer um paralelo entre a
atuação do bibliotecário como consultor independente e as possibilidades de
oferta de produtos e serviços no mercado, considera-se esta uma discussão
atual e relevante. A atuação do bibliotecário na consultoria é um campo ainda
em desenvolvimento, no entanto, de grande relevância para a sociedade.
Dispor do conhecimento teórico e aplicá-lo na prática é fundamental para
facilitar e divulgar este ramo de atuação do bibliotecário.
Por meio dos relatos de experiências apresentados, pôde-se observar
que o bibliotecário, como consultor independente, desenvolve diversas
habilidades,
e
conhecimentos
que
é
sua
constante
primordial
para
se
atualização
diferenciar
em
no
busca
de
segmento.
novos
Já
as
possibilidades de produtos e serviços oferecidos podem ser ampliadas para
outros contextos, além dos já tradicionalmente explorados, propondo-se, desta
forma, uma nova reflexão aos leitores.
REFERENCIAS
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Z39.19: Guidelines for the construction, format and management of
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MERCOSUR, 2., 1998, Santiago. Anais... Santiago: [s.n.], 1998. p. 109-114.
�290
À GUISA DE CONCLUSÕES: DAS BIBLIOTECAS PARA O
MUNDO: UM NOVO PROFISSIONAL EM ASCENSÃO
Jorge Santa Anna
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Inovação e empreendedorismo têm sido destaques em diversos setores,
desde a economia, política e (re)organização da sociedade. Introduzir essas
práticas no âmbito da Biblioteconomia tem se tornado desafios para os
profissionais da área e para aqueles que buscam essa formação.
Crescer no mundo, cuja informação e tecnologia estão modificando as
formas de vida, faz-nos pensar que podemos organizar e estruturar nossas
ações em busca de crescimento individual e organizacional. Nesse contexto,
cabe aos bibliotecários buscar compreender a forma de organização política,
econômica
e
social
e,
por
meio
dessa
compreensão,
utilizar
seus
conhecimentos de forma a buscar soluções para os problemas da sociedade.
Nesse âmbito, as bibliotecas ganham forças por se ornarem insumos
para o crescimento e desenvolvimento de pessoas, organizações e da
sociedade. Os profissionais que ali atuam podem se tornar pontes para o
futuro. Compreender os espaços de atuação profissional vai além do contexto
tradicional das bibliotecas. É preciso atentar-se para os caminhos que a
sociedade está seguindo e, nesse processo, atentar para o desenvolvimento
social e sustentável, o qual pode receber contribuições benéficas das
atividades inovadoras e empreendedoras realizadas nos diversos espaços
informacionais que permeiam a atual sociedade.
As
ações
inovadoras
e
empreendedoras
a
serem
realizadas
por
bibliotecários não requerem, em muitas das vezes, grandes esforços, mas,
ações conjuntas que promovam um diferencial, no intuito de despertar o
potencial que a prática bibliotecária pode oferecer. Cabe aos envolvidos com a
profissão, tais como alunos, professores e profissionais realizarem projetos
�291
interventivos e proporcionar estratégias de visibilidades dessas ações. Por
outro
lado,
cabe
à
sociedade,
representada,
principalmente,
pelos
empregadores e pelos órgãos governamentais, conhecer, reconhecer, valorizar
e dar condições para que a prática bibliotecária contribua com suas
potencialidades para o desenvolvimento das organizações e da sociedade com
um todo.
Embora o empreendedorismo no âmbito da Biblioteconomia ainda esteja
em processo de consolidação, os textos apresentados nesta coletânea são
suficientes para demonstrar que trata-se de um campo potencial para o
bibliotecário e de grande valor para a sociedade. Isso evidencia que o
empreendedorismo manifesta-se como uma oportunidade de ampliar os
fazeres profissionais, de modo que bibliotecários possam se “reinventar”,
enfrentando os desafios da sociedade contemporânea, e se adequando às
novas tendências, garantindo para a ascensão da área no decorrer das
próximas décadas.
Por meio da leitura e reflexões apresentadas nesta obra, entende-se que
empreender não se restringe a grandes ideias e projetos, mas contempla
outros
substantivos
(tais
como:
perseverança,
dedicação,
esforço,
planejamento, gestão, esperança, comprometimento), os quais podem estar
presentes no cotidiano de qualquer profissional, seja atuante em bibliotecas
universitárias, escolares, públicas, dentre outras, ou atuando junto a projetos
sociais, em favor das minorias, e com um propósito de transformação da
realidade, haja vista permitir melhores condições de vida para todos.
Ao findar dessas reflexões, pode-se considerar que o empreendedorismo
bibliotecário
seja
definido
como
uma
disciplina
ou
subcampo
da
Biblioteconomia, de aspecto interdisciplinar, que congrega estudos sobre
atitudes e comportamentos dos bibliotecários em prol da inovação para fins de
adequação aos problemas da sociedade. Esse conceito abrangente alude para
o fato de que a ação empreendedora é emergente, haja vista fortalecer o
potencial da área e garantir o seu desenvolvimento ao longo dos tempos.
Portanto,
que
possamos
ser
criativos,
comprometidos. O futuro está em nossas mãos!
inovadores,
audaciosos
e
�292
DADOS BIOGRÁFICOS
Beatriz Valadares Cendón: Professora Titular do Programa de PósGraduação em Gestão & Organização do Conhecimento da Escola de
Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (Nível
5 - CAPES). Possui os títulos de Doutora e Mestre em Ciência da
Informação pela University of Texas at Austin (1996, 1990). Formada
em
Engenharia
Econômica
pela
Fundação
Dom
Cabral
(Especialização, 1984) e em Engenharia Civil pela Universidade
Federal de Minas Gerais (Graduação, 1980).
E-mail: <bcendon@gmail.com>.
Daniela Spudeit: Professora no curso de Graduação em
Biblioteconomia e no Programa de Pós-Graduação de Gestão da
Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC). É doutoranda e possui Mestrado em Ciência da
Informação pela UFSC, especialista em Gestão de Unidades de
Informação e em Didática do Ensino Superior. Possui
bacharelado em Biblioteconomia e licenciatura em Pedagogia.
E-mail: <danielaspudeit@gmail.com>.
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva: Doutorando pelo
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do
Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais
(PPGGOC-UFMG). Mestre em Ciência da Informação pelo
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Graduado em
Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba. Membro
do Grupo de Pesquisa Informação, Aprendizagem e
Conhecimento (GIACO) do Conselho Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento (CNPq).
E-mail: <biblioebfs@yahoo.com.br>.
�293
Elaine
Meneguci
Gregório:
Bibliotecária,
graduada
pela
Universidade Federal do Espírito Santo (2013). Atuou como
estagiária em unidades de informação e documentação como:
recursos humanos e arquivo do Instituto Federal do Espírito Santo;
Biblioteca universitária - período junho de 2012 a agosto de 2015.
Atua em empresa de Comunicação na área de arquivo e catalogação
e descrição de imagens. Trabalha em consultoria de arquivo jurídico.
E-mail: <ellaine.grego@gmail.com>.
Emanuelle
Geórgia
Amaral
Ferreira:
Bacharel
em
Biblioteconomia, Doutoranda e Mestra em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisadora do grupo
de pesquisa “Estudos em Práticas Informacionais e Cultura”
(EPIC/UFMG) cadastrado no CNPq. Possui a trajetória acadêmica
orientada pela extensão, pesquisa e ensino. Seus interesses de
pesquisa estão em torno da Biblioteconomia, com ênfase na Ciência
da Informação.
E-mail:
<emanuelle.gaf@gmail.com>.
Filipi Miranda Soares: Graduado em Biblioteconomia. Mestrando
em Gestão e Organização do Conhecimento, da Universidade
Federal de Minas Gerais. Intercambista acadêmico no curso Ciências
e Tecnologias da Documentação e Informação pelo Instituto
Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Portugal, ISCAP
(2016-2017). Ampla experiência na área de normalização técnica de
textos científicos. Consultor pela Norma Padrão.
E-mail: <filipi@normapadrao.com.br>.
�294
Graciane Silva Bruzinga Borges: Graduada em Biblioteconomia.
Mestre em Ciência da Informação, pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Doutoranda em Gestão e Organização do
Conhecimento/UFMG. Professora em Elaboração e Apresentação do
Trabalho
Científico/UFMG.
Professora
em
Elaboração
de
Monografia/Instituto
Mineiro
de
Ultrassonografia
(IMEDE).
Especializada em Normalização Documentária & Arquitetura da
Informação. Membro da diretoria da Associação dos Bibliotecários
de Minas Gerais/ABMG. Consultora pela GB Consultoria em Gestão
da Informação.
E-mail: <gracianebruzinga@gmail.com>.
Guilherme Alves: Mentor de startups e apaixonado por educação
empreendedora. Doutorando e Mestre em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É Professor dos
Departamentos de Ciências Administrativas da UFPE, UNINASSAU e
FIP-PB. Consultor credenciado ao Sistema S nas áreas de
marketing, planejamento empresarial e inovação, onde foi
pesquisador, facilitador e consultor sênior do Programa Agentes
Locais de Inovação (ALI, cooperação técnica Sebrae e CNPq).
E-mail: <guilherme.alves.santana@gmail.com>.
Igor de Souza Bento: Bibliotecário, graduado pela Universidade
Federal do Espírito Santo (2018).
E-mail: <igorsouzabento@gmail.com>.
�295
Jorge Luiz Cativo Alauzo: Bibliotecário do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA). Possui Especialização em
Administração
e
Gestão
do
Conhecimento
pelo
Centro Universitário Internacional Uninter. Tutor na modalidade EaD
da empresa Content Mind Capacitação Profissional. Colaborador de
versões do software livre Biblivre. Editor do site Biblioteconomia
Digital.
E-mail: <jcativo@gmail.com>.
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia. Atua no ramo
da prestação de serviços informacionais, ministrando aulas de
Metodologia
Científica,
Normalização
Bibliográfica
e
Estruturação/Revisão de textos acadêmico-científicos, além de
orientações e consultorias diversas na área da Ciência da
Informação e Pesquisa e Estudos Acadêmicos. É membro do comitê
editorial e assessor do Periódico Pró-Discente, do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES).
E-mail: <professorjorgeufes@gmail.com>.
Maria Aparecida de Mesquita Calmon: Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). Pós-Graduação em Biblioteca Escolar. Graduanda em
Arquivologia pela UFES.
E-mail: <macalmom@hotmail.com>.
�296
Maria Elizabeth de Oliveira Costa: Bibliotecária do Sistema de
Bibliotecas da Universidade Federal de Minas Geria (UFMG). Possui
Mestrado em Tecnologia e Gestão em Educação a Distância pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do
Conhecimento, na Escola de Ciência da Informação da UFMG.
Presidente da Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais.
Exerceu o cargo de diretora do Sistema de Bibliotecas da UFMG, no
período 2006-2013. Atua principalmente em áreas temáticas que
abrangem as seguintes questões: Bibliotecas Universitárias Gestão de Pessoas, Gestão em Unidade de Informação, Biblioteca
Digital, Competência Informacional, Extensão Universitária e
Ensino a Distância.
E-mail: <mabethcosta@gmail.com>.
Marina Nogueira Ferraz: É doutora e mestre em Ciência da
Informação pela Escola de Ciência da Informação da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). Possui graduação em
Biblioteconomia pela UFMG (2002) e graduação em Psicologia
pela FEAD (2012). Atualmente, é bibliotecária da Biblioteca J.
Baeta Vianna da Faculdade de Medicina da UFMG na área de
pesquisa bibliográfica em bases de dados da área de saúde
nacionais e internacionais e professora conteudista do curso de
Biblioteconomia do Centro Universitário Claretiano.
E-mail: <marina.nogueiraf@gmail.com>.
Mayara Silva Gonçalves: Graduada em Biblioteconomia.
Mestranda em Gestão e Organização do Conhecimento pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Experiência em
consultoria de normalização de trabalhos científicos e
acadêmicos; capacitação de equipes voltada para a excelência no
atendimento ao cliente; gestão da informação em arquivos físicos
e digitais; recuperação e organização de arquivos digitais em
instituição de Educação a Distância. Consultora pela MSG
Prestação de Serviços Especializados.
E-mail: <mayara.biblio@gmail.com>.
�297
Munic Santos: Graduada em Arquivologia pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
E-mail: <munycky@gmail.com>.
Patrícia Maria de Melo: Possui Graduação em Psicologia pela
Universidade Federal de Minas Gerais, possuindo os títulos de
Bacharel em Psicologia (1996) e de Psicólogo (1996) e Licenciatura
em Psicologia (2002). Possui Pós-Graduação Lato Sensu em
Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de
Minas Gerais. Possui Pós-Graduação Lato Sensu em Alfabetização
pela Universidade Estadual de Minas Gerais e Graduação em
Biblioteconomia na mesma instituição.
E-mail: <patriciacriscolo@gmail.com>.
Rômulo Mansur Lauar Júnio: Graduado em Direito pela
UNIVALE. Graduado em Biblioteconomia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-graduando em
Biblioteconomia pelo IPEMIG. Entre suas atuações destacamse: extensão universitária em Psicologia da Educação,
Tecnologia e Inovação, Gerenciamento de projetos, Docência do
Ensino Superior e Biblioteconomia, produção editorial e
bibliotecário editor. Atualmente, desenvolve projeto de
pesquisa em Biblioteca escolar e possui pesquisa desenvolvida
em Usuários da Informação.
E-mail: <romulolauar@gmail.com>.
�298
Rosemary Tofani Motta: Possui Mestrado em Ciências da
Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Graduação em Biblioteconomia pela UFMG. Atuou como ViceDiretora do Sistema de Bibliotecas da UFMG, eleita por duas
gestões e coordenadora do Laboratório de Preservação de
Acervos da Escola de Ciência da Informação da UFMG, onde
desenvolveu atividades de ensino, pesquisa e extensão ligadas
à conservação e preservação de acervos documentais.
E-mail: <tofani@eci.ufmg.br>.
Silvana Aparecida dos Santos: Possui Doutorado e Mestrado
em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação/Escola de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/PPGCI/UFMG).
Possui especialização em Cultura Política, História e
Historiografia
(UFMG/FAFICH),
Gestão
Estratégica
da
Informação (ECI/UFMG) e Museologia (Fundação Mineira de
Arte). Possui Graduação em Biblioteconomia pela Escola de
Ciência da Informação (UFMG). É bibliotecária documentalista
da Universidade Federal de Minas Gerais, atuando na área de
arquivos.
E-mail: <silsanter@gmail.com>.
Suelen
de
Oliveira
Campos:
Arquivista/Bibliotecária.
Complementação Pedagógica em História. Especialista em
Gerenciamento
de
Projetos/História
e
Tecnologia
em
Informática na Educação.
E-mail: <suelenoc@gmail.com>.
�299
Vinicius Alves dos Santos: Graduando em Biblioteconomia
pela Escola de Ciência da Informação na Universidade Federal
de Minas Gerais. Estagiário na Divisão de Estoque da Editora
UFMG. Interesses em linhas de pesquisa ligadas ao Autismo e
Biblioteconomia, além das temáticas de Administração e
Planejamento.
E-mail: <viniciusalves102011@hotmail.com>.
�300
Esta é uma obra editada pela:
Esta é uma obra editada pela:
ABMG
ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912.
Edifício Rotary, Sala 608
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala
608
Como referenciar esta coletânea no todo:
Como referenciar esta coletânea no todo:
SANTA
ANNA,
Bruno da;
Fernandes
da; Elizabeth
COSTA, de
SANTA
ANNA,
Jorge;Jorge;
SILVA,SILVA,
EdcleytonEdcleyton
Bruno Fernandes
COSTA, Maria
Maria
Elizabeth
de
Oliveira
da caminhos
(Org.).para construção
Empreendedorismo
Oliveira
da (Org.).
Biblioteconomia
Social: possíveis
da cidadania. Belo
Bibliotecário
na
Sociedade
da
Informação:
outros caminhos e
Horizonte: ABMG, 2018. 320 p.
possibilidades. Belo Horizonte: ABMG, 2018. 300 p.
�301
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Empreendedorismo bibliotecário na sociedade da informação: outros caminhos e possibilidades
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Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
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Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
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Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Identifier
An unambiguous reference to the resource within a given context
978-85-85259-02-0
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Empreendedorismo
Biblioteconomia
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Por contemplar ações inovadoras, que vão além das instituições de informação, os capítulos descritos nesta obra aproximam-se de um tema ainda em consolidação – o empreendedorismo na Biblioteconomia - e que, certamente, engaja-se, cada vez mais, no cotidiano dos profissionais em todas as áreas de conhecimento.
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Livro
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pt
ABMG
Livros
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4601/BiblioteconomiaSocial.pdf
4760481b9a0d285c3462d55512ae3728
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[Ano]
�1
BIBLIOTECONOMIA SOCIAL:
POSSÍVEIS CAMINHOS PARA
CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
�2
JORGE SANTA ANNA
EDCLEYTON BRUNO FERNANDES DA SILVA
MARIA ELIZABETH DE OLIVEIRA COSTA
(Organizadores)
BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: POSSÍVEIS
CAMINHOS PARA CONSTRUÇÃO DA
CIDADANIA
Belo Horizonte
ABMG
2018
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© 2018 Jorge Santa Anna
2018 Editora ABMG
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores.
COMISSÃO AVALIADORA:
- Professor Mestre Jorge Santa Anna – Universidade Federal do Espírito Santo
- Professor Mestre Edcleyton Bruno Fernandes da Silva – Universidade Federal da Paraíba
- Bibliotecária Mestra Maria Elizabeth de Oliveira Costa – Universidade Federal de M.
Gerais
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO E FORMATAÇÃO DA CAPA: Norma Padrão - Apresentação e divulgação
do trabalho científico
MONTAGEM DA CAPA: Norma Padrão
PRODUÇÃO GRÁFICA: Norma Padrão
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary,
Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea
Brandão, Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos os envolvidos nas atividades de desenvolvimento desta obra, sobretudo
os que acreditaram em registrar os conteúdos textuais manifestados ao longo das seções deste
livro, tais como organizadores, autores, revisores, normalizadores e prefaciadores.
A todos os membros da Associação de Bibliotecários de Minas Gerais, gestão 2018-2021.
À Norma Padrão – Apresentação e Divulgação do Trabalho Científico pelas disposições
gráficas realizadas na capa e contracapa da obra.
À Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerias, especificamente às bibliotecárias Alessandra
Gino e Fátima Falci, pela criação dos registros catalográficos.
À Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas Gerais,
especificamente ao Centro de Extensão pela contribuição em oportunizar o evento de
lançamento do livro e, também, aos alunos Andreza Gonçalves, Jéssica de Sá e Vinicius
Alves dos Santos, pela organização e monitoria nesse momento.
A todos os bibliotecários e bibliotecárias do Brasil pelo incentivo e pelas energias positivas
manifestadas nas redes sociais e/ou em outros canais de comunicação/divulgação, no decorrer
do desenvolvimento deste trabalho.
Nosso muito obrigado!
Os organizadores
Belo Horizonte, 20 de dezembro de 2018.
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“A informação é o insumo capaz de transcender paredes, horizontes e
contextos, promovendo a transformação de pessoas, instituições e da
própria sociedade” (MCGARRY, 1999).
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PREFÁCIO
Fiquei surpresa e imensamente feliz ao receber o convite do bibliotecário Jorge Santa
Anna, que, junto a Edcleyton Bruno Fernandes da Silva e Maria Elizabeth de Oliveira Costa,
idealizaram o livro Biblioteconomia social: possíveis caminhos para construção da
cidadania, publicado pela Associação de Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG). Senti-me
lisonjeada e agradecida, até porque essa é uma responsabilidade nunca antes a mim atribuída.
O livro é fruto de um belo e instigante trabalho realizado por uma nova geração de
pesquisadores de Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins, no qual estão
envolvidos professores, alunos e bibliotecários dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo,
Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Bahia, Pernambuco e Amazonas que se
debruçaram sobre a temática da Biblioteconomia Social.
O livro está dividido em quatro partes e subdivido em vinte capítulos, abordando
temas ligados à Biblioteconomia Social e à utilização da leitura, como meio transformador
nos diferentes espaços físicos e contextos da sociedade, objetivando a democratização do
acesso à informação como forma de conscientizar o cidadão, visando minimizar as
desigualdades sociais.
Aliando teoria à prática bibliotecária, os autores buscam promover reflexões nos
âmbitos cultural, político e social, propondo mudanças de cunho comportamental que possam
vir a colaborar significativamente para estimular e transformar as pessoas.
As experiências aqui apontadas sinalizam que há possibilidade de proporcionar o bemestar da sociedade, por meio de contribuições da Biblioteconomia para além das instituições,
sejam elas públicas ou privadas, com ações e práticas voltadas aos diferentes cenários da
sociedade como hospitais, periferias, presídios, centros urbanos, dentre outros.
Adotar uma postura pró-ativa e engajar-se em questões voltadas a promover políticas
públicas que possam garantir apoio e maiores investimentos financeiros, que transcendam os
espaços físicos das bibliotecas, têm sido um constante desafio para os bibliotecários que,
mesmo diante de todas as adversidades enfrentadas no seu cotidiano, não se deixam abater.
E quanto a você, o que tem feito nesse sentido?
Valéria Rodrigues de Oliveira Pozzatti
Bibliotecária. Mestre em Biblioteconomia pela
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UniRio
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SUMÁRIO
REFLEXÕES INICIAIS ........................................................................................................ 11
PARTE I - BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: UM FENÔMENO OBSCURO À
REALIDADE BRASILEIRA ................................................................................................ 13
Capítulo I - Biblioteconomia e sociedade: resgatando o pensamento de Jesse Shera .............. 14
Capítulo II – O bibliotecário escolar e o incentivo à leitura: a contação de histórias como
prática educativa ....................................................................................................................... 23
Capítulo III - Empreendedorismo social na Biblioteconomia: análise da atuação bibliotecária
em ações com foco na agenda 2030 ......................................................................................... 36
Capítulo IV - O papel da biblioteca comunitária como instrumento de inclusão social .......... 53
PARTE
II
-
BIBLIOTECAS
TRANSFORMADOR
DA
NO
LEITURA
FOMENTO
EM
À
LEITURA:
DIFERENTES
O
PODER
CONTEXTOS
DA
SOCIEDADE .......................................................................................................................... 69
Capítulo V – Quarta da contação: histórias contadas por crianças. ..........................................70
Capítulo VI - Implantação de bibliotecas em terminais urbanos da grande Vitória-ES: um
relato de caso ............................................................................................................................ 82
Capítulo VII - Letramento informacional em bibliotecas: para além do processo de
alfabetização ........................................................................................................................... 104
Capítulo VIII - Leitura como processo de integração entre a subjetividade do leitor e o
contexto sócio-histórico.......................................................................................................... 113
Capítulo IX - Sistema de bibliotecas da Universidade Federal de Minas Gerais: criação do
espaço de leitura para o lazer no ambiente universitário ........................................................ 125
PARTE III - A BIBLIOTECONOMIA EM ESPAÇOS E CONTEXTOS DE
VULNERABILIDADE......................................................................................................... 138
Capítulo X - Projeto de instalação do espaço de leitura em clínica pediátrica de Hospital
Universitário ........................................................................................................................... 139
Capítulo XI - O bibliotecário no contexto do encarceramento: das instituições escolares aos
presídios .................................................................................................................................. 150
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Capítulo XII - Práticas informacionais de presas gestantes do Centro de Referência a Gestante
Privada de Liberdade do município de Vespasiano-MG: um relato de experiência .............. 173
Capítulo XIII – Remição de pena pela leitura: o lugar da Biblioteca Prisional no processo de
ressocialização ........................................................................................................................ 188
Capítulo XIV - A função da biblioteca comunitária nas regiões inacessíveis ao conhecimento
................................................................................................................................................ 203
capítulo XV - “O essencial é invisível aos olhos”: Sala Braille da Biblioteca Pública de Lagoa
Santa-MG ............................................................................................................................... 215
Capítulo XVI - A informação utilitária como um direito do cidadão: das bibliotecas públicas
aos centros de referências ....................................................................................................... 227
Capítulo XVII - O papel social da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais: uma
biblioteca para todos ............................................................................................................... 241
PARTE IV - PRÁTICAS BIBLIOTECÁRIAS EM FACE DO MOVIMENTO
ASSOCIATIVO .................................................................................................................... 254
Capítulo XVIII - Por uma sociedade mais justa e igualitária: o papel do movimento
bibliotecário na democratização do conhecimento ................................................................. 255
Capítulo XIX - Vivências e práticas no âmbito do Conselho Regional de Biblioteconomia. 268
Capítulo XX - Participação no movimento associativo: Associação de Bibliotecários de Minas
Gerais e o seu grande desafio ................................................................................................. 283
À GUISA DE CONCLUSÕES - BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: O FUTURO EM
PERSPECTIVA .................................................................................................................... 304
312
DADOS BIOGRÁFICOS ................................................................................................... 3112
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REFLEXÕES INICIAIS
Jorge Santa Anna
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
A trajetória histórica da área de Biblioteconomia - seja no contexto brasileiro quanto
internacional – tem revelado o desenvolvimento e contribuição das práticas profissionais
realizadas por bibliotecários nos mais diferenciados contextos e instâncias.
Dentre as diversas atividades biblioteconômicas realizadas, consideramos de extremo
valor para a sociedade contemporânea, os projetos interventivos realizados em prol da
sociedade, por meio de um campo denominado de Biblioteconomia Social.
Portanto, apresentamos à comunidade científica/profissional esta obra, a qual tem o
intuito de discorrer alguns desses projetos desenvolvidos ou discursos proferidos pelos
bibliotecários que acreditam no potencial da área para a construção de uma sociedade mais
justa, cidadã e igualitária.
Os projetos e discursos apresentados neste livro são aqueles que, na maioria das vezes,
permanecem obscuros aos olhos da sociedade, uma vez que acabam ficando “engavetados”
nas instituições, carecendo de uma maior visibilidade.
A ideia em formalizar este compêndio de textos é uma iniciativa da atual diretoria da
Associação de Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), que - inquieta pela falta de
divulgação dessas atividades – propôs esse empreendimento, de modo a fortalecer a função
social e política do bibliotecário e da biblioteca em uma sociedade que busca pelo
desenvolvimento sustentável ao longo do século XXI.
Consideramos que a ideia em publicitar este livro está em consonância com os
esforços realizados em prol do desenvolvimento sustentável, conforme Agenda 2030 da
Organização das Nações Unidas e que foi aderida pela Federação Internacional de
Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). Assim, bibliotecas e bibliotecários, por meio
dos projetos sociais, interferem na melhoria da qualidade de vida das pessoas, possibilitando o
exercício da cidadania a todas as classes sociais, sobretudo as minorias.
O livro tem a pretensão de fundir teoria e prática, o que possibilitou a participação de
pesquisadores e profissionais de vários estados brasileiros. Os estudos aqui apresentados é
fruto das experiências vivenciadas pelos autores, ou projetos gerenciados dentro e foras das
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bibliotecas, como também, envolvem discursos teóricos que propiciam o fortalecimento do
campo social na área biblioteconômica.
Com efeito, a obra está composta por vinte capítulos, distribuídos em quatro seções, as
quais mencionam, sequencialmente: 1 – o campo da Biblioteconomia Social; 2 – os projetos
de leitura nos mais diferenciados contextos; 3 – projetos interventivos que possibilitam
melhorias nas vidas das pessoas; e 4 – práticas bibliotecárias no âmbito político, que
viabilizam o fortalecimento da classe e da sociedade, em geral.
Esperamos que este livro desperte aos leitores uma maior aproximação com o campo
da Biblioteconomia Social, de modo a fortalecê-lo, tanto na formação quanto na vivência
profissional. Além disso, é almejado o desejo de que toda a sociedade reconheça o potencial
desse campo, sobretudo os agentes governamentais, no intuito de que sejam elaboradas
políticas públicas direcionadas a possibilitar a expansão dos projetos sociais realizados pela
Biblioteconomia, rumo a uma sociedade mais democrática, inclusiva, participativa e cidadã.
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PARTE I
Biblioteconomia
Social: um fenômeno
obscuro à realidade
brasileira
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CAPÍTULO I
BIBLIOTECONOMIA E SOCIEDADE: RESGATANDO O PENSAMENTO DE JESSE
SHERA
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A preocupação social constitui um dos principais objetivos das ciências e das profissões,
sobretudo àquelas que se desenvolveram e convergem princípios e valores de acordo com as
mudanças da contemporaneidade. O discurso científico, filosófico, político e profissional se
desenvolvem pela e para a sociedade, não sendo possível, portanto, dissociá-los, nem, tampouco,
pensar em estabelecer concepções antagônicas entre eles.
A historiografia do conhecimento científico e filosófico nos mostra claramente essa
indissociabilidade, estando essa tendência originada em nossos primórdios. Essa preocupação se
acentua ainda mais, com a expansão do conhecimento científico e tecnológico, e os possíveis
impactos oriundos dessa evolução, sobretudo com as grandes revoluções dos últimos séculos, tais
como Revolução Francesa e Industrial, que implementaram novos modelos de produção, consumo e
circulação de capital na sociedade.
Esse modelo implantado intensifica o debate acerca da relação entre o que se cria e para
quem, promovendo, por conseguinte, um campo fértil destinado às disputas de poder, como
também, os reflexos desse sistema aos indivíduos, o que consolida um discurso amplo em prol das
desigualdades sociais. Grandes pensadores, ao longo de suas vivências, tal como Foucault,
Durkheim, Bourdieu, Marx, dentre muitos outros comungavam dessa ideia, colocando em debate os
conflitos, as forças, os interesses e demais condições que, em conjunto, acabavam por denunciar
injustiças e propor explicações para a pacificação do sistema.
Foucault (1972), por exemplo, nos traz indícios de que a sociedade se evolui à medida que o
conhecimento científico é descoberto e utilizado, para propósitos e benefício da própria sociedade.
Logo, a concepção filosófica sustenta a ciência, que, por sua vez, reflete na vivência social,
remodelando o fazer profissional e beneficiando indivíduos e instituições.
Pensar o lado social da ciência e das profissões, portanto, é uma necessidade emergente,
visto que toda e qualquer profissão coloca-se a serviço de uma causa, de modo a beneficiar, de
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imediato, um grupo de envolvidos. Ao mesmo tempo, entender a realidade social constitui um
primeiro passo na resolução de problemas sociais, visto que, é por meio deste entendimento que
alternativas podem ser pensadas, para apaziguar ocorrências mais impactantes.
Os filósofos citados nos deixaram um legado triunfal, rumo a uma sociedade que, mesmo,
ilusoriamente, poderíamos considerar de “sociedade sem conflitos”. Compreender os reflexos da
Revolução Industrial e os meios de produtividade seria, portanto, uma forma para explicar
tendências ao suicídio, como atestou Marx (2006). Outro exemplo dessa relação envolve, por
exemplo, a liberdade de escolhas, e a formação de grupos e contextos específicos, que
compartilham crenças e hábitos em comum, conforme proposto na teria bourdiana (BOURDIEU,
1983).
Acreditamos que compreender essas relações firmadas entre profissão e sociedade é de suma
importância para levantar denúncias sociais, como também propor melhores condições de vida,
tanto para profissionais envolvidos com uma causa, como também aos cidadãos, de uma forma
geral. Isso, provavelmente, tende a desencadear a consolidação dos direitos humanos e a promoção
de uma sociedade cada vez mais democrática.
Na área da Biblioteconomia, por exemplo, reforçamos a ideia de que a preocupação com o
social precisa inserir-se no cotidiano dos profissionais, como também deve fazer parte do
fundamento teórico e prático dessa ciência. Isso se justifica pelo fato de que, durante muito tempo,
o discurso que sustentou essa área esteve pautado em um tecnicismo exacerbado, o que provocou o
afastamento com as causas humano-sociais.
A concepção humanista da Biblioteconomia, certamente, é impulsionada com a Escola de
Chicago, em meados do século XX, nos Estados Unidos, para a qual destaca-se como ícone nesse
pensamento Jesse Shera, formado em Biblioteconomia, possuidor de uma habilidade impressionante
no ato de catalogar, mas que, não perdeu a sua vocação para as Ciências Sociais e Humanas. Esse
olhar social proposto pelo teórico promoveu um viés mais humanizado aos registros do
conhecimento e, portanto, uma preocupação com o uso desses na sociedade, abrindo novas
possibilidades de se redefinir as práticas bibliotecárias, muito além dos registros e dos acervos,
fortalecendo a participação dessa área no desenvolvimento da sociedade.
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2 ALÉM DOS LIVROS E DAS BIBLIOTECAS: RESGATANDO O PENSAMENTO DE
JESSE SHERA
Jesse Hauk Shera nasceu no ano de 1903, em Oxford, Ohio, Estados Unidos. Filho de
camponeses, destacou-se muito na prestação de serviços de catalogação na Biblioteca Universitária
de Chicago, o que o impulsionou a graduar-se nessa área, exercendo inúmeras contribuições,
também, ao Instituto Americano de Documentação, mais tarde denominado de Sociedade
Americana de Cientistas da Informação (ENCICLOPÉDIA, 2007).
A atuação intensificada com a Biblioteconomia, seja no fazer profissional, quanto aos
estudos científicos que desenvolveu, ao longo do tempo, fez-lhe adquirir reconhecimento entre os
profissionais e estudiosos da área, sobretudo por impulsionar a corrente humanista, a qual sustentou
a Biblioteconomia norte-americana, e que muito contribuiu para o desenvolvimento dos estudos
sociais.
Figura 1 – Shera, defensor da corrente humanista na área da Biblioteconomia
Fonte: Enciclopédia (2007).
O engajamento desse profissional, pesquisador e escritor fortaleceu a desvinculação da área,
tão somente, à concepção tecnicista, preocupada com questões técnicas e operacionais. Contribuiu
para instigar os primeiros estudos sobre uso de sistemas automatizados por humanos, além de
práticas no serviço de referências nas bibliotecas. Segundo esse teórico, qualquer que seja o
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objetivo da biblioteca, do bibliotecário e dos registros que são construídos, tudo deve ser feito para
uso na sociedade (SHERA, 1976).
O conhecimento e o interesse nos estudos da Sociologia permitiram ao autor fundir o fazer
bibliotecário, comumente realizado em bibliotecas, com as questões sociais, em que o centro das
atenções deixa de ser a biblioteca, os acervos e coleções, para ser os problemas sociais e a
contribuição desses fazeres para melhoria da vida dos indivíduos, discurso esse que permitiu
atribuir à Shera uma denominação muito mais ampla, dita por muitos como “sociólogo do
conhecimento” (BUDD, 2002).
Defendendo a necessidade de maior fundamentação da área, mediante o diálogo com a
Epistemologia Social, propõe a abrangência do fazer às diversas instâncias da sociedade, em que a
proposta bibliotecária precisa ir muito além, extravasando os muros das instituições. Assim, o
objetivo que precisa operar “[...] é aumentar a utilidade social dos registros gráficos, seja para
atender à criança analfabeta absorta em seu primeiro livro de gravuras, ou um erudito absorvido em
alguma indagação esotérica [...]” (SHERA, 1977, p. 11, grifo nosso).
Constata-se que o pensamento de Shera (1977) reflete uma reconfiguração da área, de modo
a complementá-la. Envolve todas as alternativas possíveis para que o conhecimento seja acessado e
utilizado pelo homem, no intuito de que possam ser estabelecidas melhores condições de vida.
[...] Portanto, se a Biblioteconomia deve servir à sociedade em toda extensão de suas
potencialidades, deve ser muito mais do que um monte de truques para encontrar um
determinado livro numa estante particular, para um consulente particular. Certamente é isso
também, mas fundamentalmente Biblioteconomia é a gerência do conhecimento. Por isso,
estes novos mecanismos projetados para manipular conhecimentos a fim de que o homem
possa alcançar melhor compreensão do universo no qual se encontra, são de especial
interesse para o bibliotecário [...] (SHERA, 1977, p. 11, grifo nosso).
Nesse diálogo, salienta-se que o papel do bibliotecário vai além da mediação, visto que esse
profissional, em conjunto com as propostas da instituição, demonstra aos usuários, por meio da
disseminação do conhecimento, a compreensão da evolução histórica, das transformações sociais, o
que evidencia, por meio desse reconhecimento, encontrar possíveis soluções aos conflitos sociais.
A evolução das bibliotecas revela que essas unidades foram se desenvolvendo ao longo do
tempo, a ponto de que, nos dias atuais, elas deixaram de ser repositório restrito de conhecimento e
passaram a ser centros de propagação do conhecimento, tendo como foco fornecer indícios para o
desenvolvimento individual, cultural e social.
Nosso sociólogo do conhecimento reforça a multiplicidade das funções atribuídas ao
bibliotecário e à biblioteca, na sociedade moderna, em que predominam as funções de apoio a
diversas instituições, como: “[...] empresas e organizações industriais, o sistema educacional em
todos os níveis, a cultura popular e o crescente movimento para auto-educação [...]” (SHERA, 1973,
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p. 88, tradução nossa). Ademais, o bibliotecário tem o compromisso com o uso do conhecimento
pelos humanos, o que envolve um contexto altamente complexo, problemático e que requer um
engajamento extrínseco à biblioteca. Assim, esse profissional precisa ser “[...] o mediador entre o
homem e livro, onde livro é um termo genérico que inclui todos os registros gráficos, e é sua
especial responsabilidade de operar nessa associação complexa de registro e mente humana
[...]” (SHERA, 1973, p. 88, tradução nossa, grifo nosso).
Destaca-se, na filosofia de Shera, as ações desenvolvidas em ambientes mais distantes da
sociedade, ou contextos que requerem uma intervenção mais acentuada, seja por parte do
profissional, quanto dos envolvidos com a gestão social. Nessa seara, a Biblioteconomia e todo o
seu corpus de conhecimento teórico e metodológico tornam-se agentes da democracia, “[...]
alcançando sua influência até mesmo aos desprivilegiados e socialmente desfavorecidos, mas
sempre foi uma parte do tecido da sociedade, refletindo as atitudes, valores e objetivos da cultura
que a apoiava” (SHERA, 1973, p. 88, tradução nossa).
A abrangência das práticas biblioteconômicas é alcançada por meio de uma discussão mais
profunda, em que pese os fundamentos propostos pelas ciências sociológicas e epistemológicas, tais
como a Epistemologia Social (SHERA, 1977). Essa disciplina condiciona argumentos que
fundamentam as pesquisas e, por decorrência, tendem a redefinir os fazeres dos profissionais, com
vistas a garantir a universalização/democratização do conhecimento e a aplicação desse para uso
junto às questões sociais.
A busca por uma sociedade democrática se manifesta por meio do acesso à informação e ao
conhecimento. Essa afirmação é praxe em diversas áreas do conhecimento e é consenso entre
especialistas e gestores de instituições. A Biblioteconomia ganha espaço nesse contexto, sobretudo
com o papel social atribuído à área e às unidades e serviços de informação. E esse espaço é
alcançado, principalmente, com o uso de equipamentos e serviços tecnológicos que passam a ser
ofertados à comunidade, criando uma relação mais próxima entre instituição e usuários, como
relatado por Shera (1972).
A reconstrução ou embasamento científico e pragmático da área passa pela questão social e
requer uma discussão que permeie o ambiente científico, educacional e profissional. A união desses
agentes e a consideração de diferentes contextos em que o conhecimento é gerado e disseminado
precisam ser o sustento da área, para que o compromisso social se manifeste. Portanto, trata-se de
um processo que se complementa pela ação conjunta, levando em conta as formas com que o
conhecimento é coordenado, integrado e colocado a funcionar (a praticidade do conhecimento na
vivência social). E, na maioria das vezes, esse processo é complexo, visto que há barreiras a serem
superadas, uma vez que existem forças ou pressões específicas de um dado local, ou seja, forças
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intelectuais, regidas por interesses próprios, que acabam por modelar as estruturas e as instituições
sociais (SHERA, 1972).
As forças intelectuais, na maioria das vezes, impregnadas sob um viés cultural e politizado,
acabam por gerar relações hierárquicas, em que há predominância de domínio do poder,
promovendo diferenças e exclusões. Manifestam-se, nesse âmago, uma sociedade que adestra
determinadas concepções, ou seja, uma sociedade disciplinar, em que são construídas, legitimadas e
seguidas regras pré-estabelecidas, conforme discorrido por Foucault (1979).
Essas relações representam uma forma de controle social, por um lado, mas podem ser
compreendidas, por outro, como manifestação para geração de privilégios. É nessa segunda questão
que o comprometimento social da Biblioteconomia e demais áreas das Ciências Sociais encontra
respaldo, ou melhor, essas ciências manifestam-se como denunciadoras da realidade e
emancipadoras dos sujeitos. Como emancipação do sujeito, a Biblioteconomia muito contribui,
mediante a oferta do conhecimento às pessoas, independente do contexto ou realidade a que se
inserem, o que evidencia a responsabilidade da área com a prática cidadã.
Além dos conflitos sociais existentes na sociedade e as diferentes causas de geração, há de
se considerar, também, as especificidades oriundas da cultura. A cultura é elemento fundamental
para formação da sociedade. Representa, ainda, um estimulador à democracia e liberdade de
expressão. Portanto, o estudo e/ou intervenção da Biblioteconomia nos contextos sociais deverão
considerar as interferências culturais nesses ambientes, respeitando-se as diferenças e garantindo,
sob o prisma da ética e dos bons costumes, a igualdade social e os direitos humanos.
Analisar os contextos sociais e as manifestações culturais nos leva a refletir sobre o conceito
de habitus, um elemento que possibilita o entendimento das diferenças culturais. Esse elemento
representa um conjunto de disposições conjuntamente constituídas, o qual “[...] enquanto estruturas
estruturadas e estruturantes constituem o princípio gerador e unificador do conjunto das
práticas e das ideologias características de um grupo de agentes” (BOURDIEU, 2007, p. 191, grifo
nosso).
A valorização e o respeito à diversidade cultural são o caminho certo para consolidação dos
valores humanos e da igualdade de direitos, princípios norteadores dos estados democráticos. A
partir dessas condições, o compromisso profissional se amplia, extravasando os limites físicos das
instituições, indo ao encontro dos grupos sociais, sem considerar qualquer diferenciação que
proporcione algum tipo de discriminação, seja de raça, cor, classe social, gênero, opção sexual,
limitações físicas ou psicológicas, dentre outras tantas limitações e especificidades da sociedade
multicultural.
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Em Shera (1972, 1977), a Biblioteconomia reforça o potencial dela ao fundamentar-se em
teorias e princípios filosóficos, por meio da Epistemologia Social, que propõe o estímulo das
reflexões e da redefinição dos fazeres técnicos e humanos. Promove, a partir dessa provocação, uma
ação interventiva do bibliotecário no contexto social, mediante a construção de um perfil
profissional engajado e comprometido com as causas sociais.
A aproximação entre Biblioteconomia e sociedade se concretiza à medida que ações passam
a ser desenvolvidas para benefício das comunidades. Reforça-se, portanto, o papel das bibliotecas
públicas e populares na democratização do conhecimento, a ênfase atribuída aos usuários da
informação, e a delimitação de funções sociais propriamente ditas, como participação em
movimentos políticos e intervenções realizadas para benefícios de grupos marginalizados, como
relatado por Almeida Júnior (1997).
Por meio de uma Biblioteconomia renovada, certamente, atingiremos um nível mais elevado
de reconhecimento e valorização. É por meio da biblioteca e dos serviços que oferecemos com as
competências atribuídas ao bibliotecário que muito podemos contribuir para o desenvolvimento
social e a eliminação das desigualdades sociais. É preciso pensar e remodelar a biblioteca e o que
dela pode ser gerado; uma instituição
[...] que reflita e retrate as ideologias das classes oprimidas, geradas e mantidas por um
sistema embrutecido que escamoteia a realidade através de nebulosos conceitos de ordem e
progresso. Não importa o nome que se dê, [...] importa que a biblioteca caminhe ao lado e
com a maioria da população, auxiliando cada pessoa na busca do resgate de sua dignidade e
de sua condição de cidadão (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 57).
A Biblioteconomia Social, portanto, não representa uma discussão meramente teórica, que
enobrece o discurso e a pauta de governos e interesseiros no domínio do poder. Ela precisa
concretizar-se, sobretudo nas ações operacionais realizadas por bibliotecários e suas equipes de
trabalho, nos mais baixos níveis hierárquicos da profissão. Isso nos alude afirmar que o discurso
precisa ser substituído pela ação, ou seja, mais praticidade é uma estratégia para garantir a expansão
das práticas bibliotecárias para além das paredes das instituições.
Como afirmado por Shera (1977, p. 10), em todas as áreas de conhecimento, é preciso
considerar que, “[...] o mundo do pensamento e o mundo da ação, embora um ou outro possa ser
dominante em dada sociedade, são sempre interdependentes [...]”. Todavia, tendo em vista que o
modelo cultural vigente “[...] torna-se cada vez mais complexo, esta interdependência se intensifica,
tornando-se de importância cada vez maior à sobrevivência”.
Romper os velhos paradigmas que sustentaram a área ao longo do tempo não representa uma
tarefa fácil, mas estimular uma discussão, resgatando a argumentação filosófica e a mudança de
atitude, haja vista um fazer mais proativo e interventivo, representa um importante passo a ser dado,
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rumo a uma sociedade mais justa, democrática e igualitária, o que permite reforçar o papel da
Biblioteconomia com o desenvolvimento do estado democrático.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Resgatar o pensamento de Jesse Shera acerca da aproximação da Biblioteconomia com a
Epistemologia Social representa um estímulo renovador para os profissionais da área atuarem de
forma mais interventiva, em uma sociedade democrática, cuja informação e o conhecimento
representam as molas propulsoras para o desenvolvimento individual, econômico, político, cultural
e social.
A leitura às reflexões propostas por esse sociólogo do conhecimento reforça a área
biblioteconômica, sobretudo diante das fragilidades impostas pelo contexto competitivo e instável
da pós-modernidade. Pensar a Biblioteconomia no viés social não deve ser um discurso fictício e
ilusório, tampouco, um modismo adepto apenas aos indivíduos politizados. Trata-se de uma
preocupação que deve permear o fazer dos bibliotecários em todos os níveis e instâncias de atuação,
como também exige o reconhecimento e valorização por parte das instituições mantenedoras e
apoiadoras e por parte das autoridades governamentais.
Ancorados nos discursos de Shera e tomando sua experiência de vida profissional como
testemunho, somos chamados a proclamar a Biblioteconomia Social, como um dos campos
emergentes a serem assumidos pelos profissionais, de modo que o tecnicismo exacerbado seja
complementado pelas questões sociais, tornando a prática bibliotecária mais abrangente e
aproximada com a realidade social.
Acreditamos que a questão social, no âmbito da Biblioteconomia contemporânea, perpassa
por inúmeros contextos, sustentada por projetos sociais inovadores e que não se limitam aos
espaços físicos das instituições, desde que objetive a construção da prática cidadã, rumo a uma
sociedade integralmente inclusiva. Assim, múltiplas atividades podem ser pensadas com esse
propósito, perpassando desde o potencial da leitura e da educação para as pessoas, até contextos de
vulnerabilidade, junto aos grupos mais desfavorecidos e/ou em situações de risco, como também,
abranger as intervenções realizadas no âmbito político, haja vista o fortalecimento, legitimidade e
reconhecimento da profissão na sociedade.
Que essas manifestações possam se fortalecer, tornando-se um compromisso prioritário dos
bibliotecários, o que tende a demonstrar o potencial da Biblioteconomia para a evolução da
�22
sociedade e a consolidação e permanência constante dos princípios e valores humanos nas gerações
vindouras.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Sociedade e Biblioteconomia. São Paulo: Polis;
APB, 1997.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
______. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.
BUDD, John. Jessa Shera. Sociologist of Knowledge? The Library Quarterly, v. 72, n. 4, out.
2002.
DURKHEIM, Émile. O suicídio: uma questão sociológica. São Paulo: Marins Fontes, 2000.
ENCICLOPÉDIA. Jesse Shera. 2007. Disponível em:
<http://ucla245.pbworks.com/w/page/8751414/Jesse%20Shera>. Acesso em: 05 nov. 2018.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Petrópolis: Vozes, 1972.
______. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
MARX, Karl. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
SHERA, Jesse. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ciência da Informação,
Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977.
______. Introdução à biblioteconomia: elementos básicos do serviço de biblioteca. Littleton:
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______. The Foundations of Education for Librarianship. New York: Becker and Hayes, 1972.
______. Toward a Theory of Librarianship and Information Science. Ciência da Informação, Rio
de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 87-97, 1973.
�23
CAPÍTULO II
O BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR E O INCENTIVO À LEITURA:
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO PRÁTICA EDUCATIVA
Sara Suyane de Sousa Rodrigues
Laiana Ferreira de Sousa
Claudialyne da Silva Araújo
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
1 INTRODUÇÃO
Muito se ouve falar nos inúmeros benefícios proporcionados pela leitura; por isso não é
nenhuma novidade que ela desenvolve o indivíduo intelectualmente e socialmente. A leitura é capaz
de proporcionar conhecimento,
criticidade,
poder de persuasão, habilidades
oratórias,
enriquecimento do vocabulário, dentre outras competências que a tornam uma ferramenta
fundamental para o crescimento e desenvolvimento cognitivo do ser humano. Essa prática está
presente em nossa sociedade de diversas formas, sendo utilizada em várias vertentes, desde textos
de entretenimento até livros científicos.
Além de desenvolver as habilidades listadas, a leitura também pode ser praticada como um
ato prazeroso, de lazer e entretenimento. Os livros literários são os maiores responsáveis por
proporcionar momentos de alegria, prazer e encantamento entre os leitores de todas as idades. Esse
tipo de prática aguça o imaginário, desperta os sentidos e leva o leitor a universos paralelos além da
sua realidade.
Mesmo diante de todas essas características atribuídas à leitura, nossa sociedade não é
considerada leitora. Dados da pesquisa Retratos de Leitura no Brasil 1, realizada em 2016, revelam
que o número de leitores ativos tem diminuído gradativamente. O estudo demonstra ainda que,
mesmo entre os estudantes regularmente matriculados e que frequentam a escola, o índice de leitura
é baixo, resultando em uma população não leitora, consequentemente, pouco pensante, pobre em
argumentos e com pouco poder de decisão.
1
Pesquisa
Retratos
de
Leitura
no
Brasil.
2016.
Disponível
em:
<http://prolivro.org.br/home/images/2016/RetratosDaLeitura2016_LIVRO_EM_PDF_FINAL_COM_CAPA.pdf>.
Acesso em: 16 nov. 2017.
�24
É extremamente necessário que a leitura seja introduzida como prática prazerosa na vida das
crianças, já que elas formarão a sociedade pensante de amanhã. Geralmente, é na escola onde
acontecem os primeiros contatos das crianças com o universo leitor, contato inicial que muitas
vezes é decisivo para que elas se tornem leitores assíduos.
A leitura contribui diretamente para a formação da personalidade dos educandos. Por meio
do convívio com textos informativos e literários eles podem desenvolver o gosto pela
leitura, descobrir o mundo que o cerca e identificar suas preferências (GOMES;
BORTOLIN, 2011, p. 158).
As instituições de ensino estão mais conscientes do papel que exercem na formação leitora
de seus alunos e têm cedido, cada vez mais, espaço para atividades que propiciem a interação entre
as crianças e os livros. Sendo assim, se fazem necessárias iniciativas que sensibilizem e incentivem
a leitura, dinamizando-a e disseminando-a.
A contação de histórias tem se tornado uma das atividades mais utilizadas por educadores no
incentivo à leitura, por ser uma arte milenar que vem se perpetuando, ao longo dos tempos. Ela é
capaz de ampliar o universo literário, sendo uma prática que instiga o interesse do leitor. Dentro do
ambiente escolar, ela pode ser uma grande aliada no processo de iniciação à leitura, pois alia o
lúdico do “faz de conta” ao processo de letramento da criança.
Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo apresentar o bibliotecário escolar
como um dos principais agentes propulsores do incentivo à leitura dentro da escola, trabalhando
conjuntamente com as práticas pedagógicas curriculares. Evidencia-se a contação de histórias como
uma aliada da escola, que, mediante à ludicidade e dinamicidade, torna-se uma ferramenta
importante que auxilia no desenvolvimento leitor do estudante.
Este trabalho foi elaborado, por meio de revisão de literatura a materiais bibliográficos
referentes ao tema em questão. Foi também utilizada como referência para a pesquisa a vivência de
um dos autores no ambiente escolar, já que o mesmo trabalha na Biblioteca de uma escola particular
da cidade de Fortaleza-Ceará.
Este artigo está dividido em cinco seções. A primeira traz a introdução ao tema,
apresentando o objeto e os objetivos do trabalho. A segunda seção trata da biblioteca escolar,
abordando a importância da sua existência dentro da escola e as dificuldades para sua
implementação. Ainda na segunda seção, é apresentado o bibliotecário escolar e o novo perfil desse
profissional, atuando em atividades de mediação da leitura. A terceira seção aborda a metodologia
utilizada para a pesquisa. Na quarta, demonstram-se as atividades de mediação e incentivo à leitura,
que podem ser desenvolvidas na biblioteca escolar e apresenta a contação de histórias como uma
das mais eficazes para o estímulo à leitura. Mostra ainda, algumas possibilidades de se trabalhar
com a contação de histórias, por meio de técnicas e acessórios que podem aprimorar o trabalho. Na
�25
quinta e última sessão, apresentam-se os resultados da pesquisa, concluindo que os objetivos da
pesquisa foram atingidos ao se constatar que o bibliotecário tem um importante papel na construção
da identidade leitora e que a contação de histórias é uma arte efetiva no incentivo à leitura, que pode
ajudar a aproximar os alunos do universo leitor.
2 A BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca escolar no Brasil é uma realidade efetiva para um número reduzido de
instituições. Nosso sistema educacional ainda traz muitas lacunas a respeito da presença de
bibliotecas nas escolas do setor público e privado. Em geral, as instituições possuem um local
destinado ao funcionamento da biblioteca, mas que não é bem aproveitado para o fim a que se
destina. No setor público, a questão é ainda mais agravante, pois algumas instituições enxergam a
biblioteca, meramente como um “depósito” de materiais bibliográficos.
A lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, estabelece que em um prazo máximo de até dez
anos, a partir da data de publicação da referida lei, todas as escolas do setor público e privado
deverão dispor de uma biblioteca, ofertando o seu acesso à comunidade escolar e respeitando a
profissão do bibliotecário.
Em contrapartida a esse cenário, a importância da biblioteca no ambiente escolar vai além
das necessidades legislativas existentes. O ensino e a biblioteca devem ser aliados e trabalharem
conjuntamente para despertar e estimular o interesse pelos livros e pela leitura nos alunos.
A biblioteca se apresenta como uma grande aliada da escola na formação dos alunos. Além
da guarda, organização e disponibilização do acervo, é também tarefa dessa unidade de informação
a promoção e dinamização da leitura no ambiente escolar, por meio de atividades e projetos que
possibilitem despertar nos alunos o desejo pela leitura e desenvolver suas habilidades leitoras. “A
leitura, portanto, precisa ser constantemente estimulada; é necessário criar o hábito de ler, o prazer
de ler, o gosto pela leitura” (CAMPELLO, 2003, p. 3). A biblioteca é o espaço ideal para que esse
prazer pela leitura seja estimulado; ela deve ser ativa e se adequar ao ambiente e as necessidades do
leitor para que possa exercer seu papel com excelência.
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2.1 O BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR E A MEDIAÇÃO DA LEITURA
Durante bastante tempo, o bibliotecário foi visto como um profissional altamente tecnicista,
que realizava um trabalho repetitivo e contínuo, tratando, armazenando e recuperando a informação
de forma convencional. De fato, há alguns anos, essa era a realidade da maioria desses profissionais
da informação.
Diante das novas configurações globais, o profissional precisou mudar e se adequar ao novo
cenário instaurado. As informações mudam e se transformam com freqüência; elas agora se
colocam mais acessíveis e em grande quantidade, consequentemente, as pessoas que necessitam
delas também têm um perfil diferente; são, agora, mais atentas, exigentes e dinâmicas. As
bibliotecas e os bibliotecários precisaram acompanhar essa tendência para se adequar a essa nova
sociedade e continuar a ter papel efetivo diante dela.
A técnica tem um significado específico no trabalho, não devendo ser desvinculada das
outras dimensões, como aconteceu durante muito tempo com as práticas bibliotecárias. Isto
significa que para o bibliotecário escolar ser competente, não basta o domínio de algumas
“técnicas”; é necessário que estas técnicas sejam fertilizadas pela determinação autônoma
dos objetivos e finalidades, pelo compromisso com as necessidades do coletivo e pela
presença da sensibilidade (FARIAS; CUNHA, 2009, p. 32).
O bibliotecário, portanto, tem agora, mais do que antes, o papel de agente socializador.
Além de tornar a informação acessível, ele também deve permitir que ela faça sentido ao seu
usuário e atenda às necessidades informacionais e sociais desse sujeito.
Dada essa extensão, o papel do bibliotecário está embutido na função de agente
socializador da informação, contribuindo no processo de aprendizagem dos indivíduos
através das mais diversas formas de leitura, como também em suas práticas, ajudando o
leitor a atingir um nível maior de complexidade no processo de ler/escrever e de produzir
sentidos (RASTELI; CAVALCANTE, 2013 p. 169).
A escola é um dos principais ambientes onde o bibliotecário irá atuar diretamente com
leitores em processo de formação. Portanto, na biblioteca escolar, esse perfil inovador se torna
ainda mais necessário, já que o seguimento é bastante desafiador e exige que o profissional tenha
um atendimento personalizado a cada usuário. Assim, “[...] a ação do bibliotecário escolar envolve
técnica e sensibilidade orientadas por princípios éticos e políticos” (FARIAS; CUNHA, 2009, p.
33).
Farias e Cunha (2009, p. 33) complementam, ainda, refletindo que,
é senso comum afirmar que a tarefa da escola é a formação de cidadãos. Diante disso, é
tarefa do bibliotecário escolar contribuir para essa formação, utilizando os recursos que
dispõe, analisando as situações de maneira crítica, consciente e comprometido com as
necessidades concretas do contexto social em que desenvolve seu trabalho. É por isso que,
quando falamos de competência temos que situá-la numa sociedade real.
�27
É importante que o bibliotecário escolar esteja atento às novas tendências literárias e as
preferências dos seus usuários, portanto, é interessante que ele invista na formação continuada, nas
pesquisas e esteja ligado a inovações e mudanças constantes. Além disso, de nada adianta dispor os
livros a usuários que não os procuram; é imprescindível que o profissional procure instigar os
alunos à leitura, apresentando meios dinâmicos de divulgação e incentivo. “No nosso entender o
bibliotecário escolar auxilia na formação do indivíduo, estimulando a comunicação [...]” (FARIAS;
CUNHA, 2009, p. 29).
Portanto, os bibliotecários, dentro das suas atribuições, exercem o papel de criar meios de
incentivar a leitura, agindo de forma interativa e dinâmica. A partir dessa concepção, Gomes e
Bortolin (2011, p. 158) salientam que “as atividades de promoção à leitura na escola contribuem
para que as crianças desenvolvam a curiosidade e busque novos conhecimentos, além de aproximálas da literatura”.
Esses profissionais podem contar com a mediação da leitura para realizar essas atividades
incentivadoras dentro do ambiente escolar, pois sua maior finalidade é proporcionar a comunicação
entre os livros e os alunos, estabelecendo elos entre as partes. Principalmente na biblioteca escolar,
a mediação é uma prática bastante eficaz, pois ela tem como premissas a dinamicidade e a
criatividade do mediador, o que proporciona uma atividade prazerosa aos mediados. “Na escola, por
exemplo, cabem aos mediadores de leitura, bibliotecários, professores, proporcionar aos educandos
iniciativas de leitura e essas iniciativas exigem dos mesmos uma postura dinâmica” (GOMES;
BORTOLIN, 2011, p. 158).
Educadores, de modo geral, precisam estar empenhados nessa missão de incentivo e
mediação da leitura, pois é papel fundamental da escola, formar leitores atuantes, pensantes e
questionadores.
Somos nós, bibliotecários e professores, os mais numerosos e frequentes mediadores
oficiosos de leitura. Nesse sentido, é importante que, como mediadores, tenhamos
conhecimentos teóricos sobre leitura e literatura, que nos dêem competência; conheçamos
os fundamentos de Psicologia, de Teoria do Conhecimento e outros mais, que nos dêem a
habilidade; dominemos o acervo disponível e que é lançado pelo parque editorial, que nos
dêem a segurança; que conheçamos a crítica da mídia, tanto quanto façamos a nossa própria
análise, que nos dêem a diretriz para a oferta, para o aconselhamento, para o processo de
mediação da leitura, enfim, tanto em nível particular quanto em nível coletivo (BARROS;
SILVA; BORTOLIN, 2006, p. 17).
Exercendo um importante papel para a disseminação da leitura dentro do ambiente
educacional e agindo como um educador, o bibliotecário tem a possibilidade de estimular nos
alunos o gosto pela leitura, mediante ao uso de atividades que fomentem a importância da leitura no
cotidiano do indivíduo. Nesse cenário, como mediador, ele estabelece um elo entre os livros e os
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leitores, ou seja, ele atua como o profissional “[...] que exerce atividades de aproximação entre
indivíduos e as obras de cultura [...]” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 242).
Marteleto (2009, p. 19) afirma que,
seja numa ou noutra acepção, a mediação implica sempre em acompanhamento, controle e
negociação por um “terceiro”, enquanto o sujeito que se beneficia de um processo de
mediação é levado a aprofundar o seu próprio ponto de vista e a descobrir outros. Sob o
ângulo da construção de sentidos, a noção se fundamenta no fato de que os sentidos não são
imanentes aos objetos, mas são construídos processualmente por sujeitos interpretantes,
apoiados em linguagens e dispositivos.
A mediação da leitura é uma atividade ampla, que oferece inúmeras possibilidades e que
pode ser trabalhada com diversos tipos de público, modificando apenas a maneira como ela é
aplicada.
Para garantir o maior sucesso nas iniciativas de mediação da leitura é importante que
bibliotecários e educadores estejam integrados nessa empreitada. Salienta-se, também, que
esses profissionais devem saber escolher a melhor forma de trabalhar com a leitura, de
acordo com o público que se deseja atingir. O fomento à leitura e a formação de leitores é
um caminho longo, e percorrê-lo não é tarefa fácil (RODRIGUES, 2013, p. 38).
Para trabalhar a mediação, o bibliotecário pode contar com alguns artifícios que facilitem a
sua tarefa. Apresentaremos, a seguir, a metodologia utilizada para a pesquisa e em seguida algumas
das atividades que podem ser trabalhadas pelo educador dentro do âmbito escolar.
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica; para tal, foi
feito um levantamento de materiais bibliográficos. A pesquisa foi baseada em artigos, livros e
demais materiais que contivessem um segmento ou aprofundamento do tema proposto.
Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as principais teorias que
norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento
bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos, artigo
de jornais, sites da Internet entre outras fontes (PIZZANI et al., 2012, p. 53).
Esta pesquisa se configura como qualitativa, sendo uma abordagem que permite o viés
subjetivo, em que a produção do conhecimento e as impressões adquiridas no percurso podem ser
consideradas importantes para a sua realização e resultados.
De modo diferente da pesquisa quantitativa, os métodos qualitativos consideram a
comunicação do pesquisador em campo como parte explícita da produção de conhecimento,
em vez de simplesmente encará-la como uma variável a interferir no processo. A
subjetividade do pesquisador, bem como daqueles que estão sendo estudados, tornam-se
parte do processo de pesquisa (FLICK, 2009, p. 25).
�29
Utilizou-se a pesquisa do tipo exploratória, que se caracteriza por ser uma pesquisa mais
simples, que se familiariza com o assunto abordado, possibilitando que o pesquisador possa
conhecer a fundo o objeto em estudo. “As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e [ideias], tendo em vista, a formulação de problemas
mais preciosos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 1999, p. 43). O
planejamento da pesquisa exploratória é bastante flexível e seus resultados são capazes de mostrar
evidências e elucidar questões já conhecidas pelo pesquisador.
4 ATIVIDADES DE INCENTIVO À LEITURA NA BIBLIOTECA ESCOLAR
Além de tornar o acervo organizado, acessível e disponibilizá-lo aos seus usuários, é
importante que a biblioteca escolar busque desenvolver o estímulo à leitura, por meio de práticas
que apresentem a leitura e aproximem os alunos do cotidiano leitor.
Apenas a disponibilização de livros não é o suficiente para formar leitores [...]. É necessário
também investir na valorização social da cultura letrada e na formação de educadoresleitores, principalmente bibliotecários, professores e acadêmicos. A importância de espaços
de leitura, públicos ou abertos ao público, através de sua função de difusor e facilitador do
acesso ao conhecimento da cultura escrita, precisa ser resgatada como um dos elos mais
democráticos da reivindicada igualdade social (CORREA, 2011, p. 1).
Bibliotecários, professores e educadores, de modo geral, precisam estar atentos às novas
necessidades leitoras dos alunos, às novas formas de se incentivar a leitura e de introduzi-los no
universo leitor.
A missão de incentivar a leitura torna-se ainda mais desafiadora quando se trata das
crianças. Por haver entre esse público pouco ou nenhum contato com os livros, é missão do
educador, tornar os primeiros contatos prazerosos, possibilitando que a leitura seja introduzida de
maneira positiva na vida dos aprendizes, abrindo portas para uma trajetória de afinidade com a
leitura no cotidiano da criança e futuro adulto leitor.
A leitura não se refere ao simples ato de decifrar o código escrito nem de apenas saber
localizar e repetir conteúdos específicos de um texto de forma linear e literal. É importante
destacar essa ideia, pois durante muito tempo se acreditou que bastava estar alfabetizado ou
ser capaz de repetir o que estava escrito para se compreender qualquer texto. Hoje sabemos
que um leitor proficiente é aquele que sabe utilizar procedimentos de leitura, de modo a
reconstruir os sentidos do texto, dialogar com ele, concordar, discordar etc. (ARMELIN;
GODOY, 2011, p. 65).
Apenas saber decifrar o que está escrito não é suficiente para que o aluno seja um leitor
assíduo; é necessário também que ele saiba o que está sendo lido e entenda o motivo e/ou
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importância da leitura. A obrigatoriedade que muitas vezes é imposta aos alunos nas escolas acaba
afastando-os da leitura, já que eles a veem apenas como uma atividade curricular, sem nenhum
atrativo para seu cotidiano. É preciso desmistificá-la e trabalhar para que ela seja reconhecida para
além de suas características pedagógicas. A seguir, apresentaremos algumas atividades que podem
ser introduzidas na biblioteca escolar para estimular a leitura entre os estudantes.
Rodas de leitura
Essa atividade pode ser aplicada para diversas faixas etárias, bastando adequar o conteúdo
para a sua realização. A roda de leitura se torna mais produtiva quando os alunos já são
alfabetizados, pois o principal objetivo dessa atividade é debater o conteúdo lido entre os
participantes. Assim, o mediador indica um livro ou uma temática e solicita que os participantes
façam a leitura para que possam compartilhar suas considerações com o grupo. Desse modo, todos
poderão ver o livro de diferentes pontos de vista, concordando ou não, gerando interações em torno
da leitura abordada.
Concursos literários
Além de ser uma ótima atividade incentivadora da leitura, os concursos literários também
desenvolvem várias habilidades nos participantes, tais como a escrita, ampliação do vocabulário, a
criatividade, autonomia, o senso de responsabilidade e de competição, entre outras. A biblioteca
escolar pode desenvolver esses concursos ao longo do período letivo, alterando apenas o gênero
literário. Poesias, cordéis, desenhos, paródias, cartas, redações, entre outros gêneros podem fazer
parte da temática central do concurso.
Saraus literários
Os saraus têm ganhado cada vez mais espaço entre as atividades artísticas e pedagógicas das
escolas. O sarau literário desenvolve a leitura, a oratória, a memorização e a desinibição dos alunos.
Um sarau poético, por exemplo, pode ter como tema um poeta específico ou diversos poetas,
aproximando os participantes e o público espectador do gênero em questão.
Atividades como “A hora do conto” são umas das mais utilizadas para mediar a leitura na
biblioteca escolar. A seguir, abordaremos a contação de histórias e sua contribuição para o incentivo
e disseminação da leitura no ambiente escolar.
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4.1 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA BIBLIOTECA ESCOLAR
Não se sabe ao certo quando a contação de histórias foi introduzida no cotidiano dos seres
humanos; sabe-se que antes mesmo de se dar conta, eles já narravam histórias. Essa arte, portanto,
tem suas raízes nas sociedades ancestrais que encenavam histórias para realizarem seus rituais e
mitos e para difundirem seus conhecimentos e experiências adquiridas ao longo do tempo
(RAMOS, 2011).
Por necessidade, prazer, costumes e tradições, a contação de histórias já faz parte da nossa
sociedade a milênios e mesmo com o surgimento e avanço da escrita e novas configurações
tecnológicas é uma arte que vem se perpetuando, ao longo dos tempos.
A narração oral precisou se reinventar e se adequar a nova sociedade da informação em que
está inserida, visto que hoje os narradores de histórias têm outro perfil, assim como os ouvintes que
também têm características, desejos e objetivos distintos.
As escolas têm reconhecido a eficácia pedagógica dessa prática, passando a inseri-la como
atividade artística, cultural e educacional no ambiente escolar. Sendo uma atividade leve, divertida,
que entrete, encanta e emociona, a contação de histórias é bastante indicada para o início do
processo de mediação de leitura, pois, segundo Gomes e Bortolin (2011, p. 161), “em um processo
de mediação na escola, o primeiro contato da criança com a leitura deve iniciar-se de maneira
natural, fazendo com que a leitura seja mais uma de suas brincadeiras”.
O bibliotecário, assumindo seu papel de mediador da leitura, pode encontrar na narrativa
uma importante ferramenta para a realização do seu trabalho. Trabalhando em parceria com os
professores e adaptando suas atividades às necessidades do currículo escolar, o bibliotecário exerce
seu papel de educador, sendo fundamental no processo de aproximação e inserção dos estudantes no
universo da leitura.
A contação de histórias entra nessa empreitada, sendo uma atividade que busca trabalhar
dentro do contexto exigido, histórias e temas que não só aproximem os alunos da leitura, mas os
faça refletir sobre a história em questão, e os temas abordados, que muitas vezes vão além das
literaturas clássicas já conhecidas. As histórias também abordam temas cotidianos, pequenos
conflitos reais e questões sociais.
Atualmente, a literatura direcionada à criança conta, além dos clássicos, de textos ditos
realistas. Os textos realistas, conquanto se querem diferentes dos clássicos ao substituir
fadas, bruxas e fantasias por pessoas e fatos cotidianos, também seduzem porque
comunicam as vivências das crianças em uma mensagem essencialmente artística
(CALDIN, 2002, p. 34).
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Dentro da biblioteca escolar, as narrativas orais podem tornar-se uma das maiores aliadas do
bibliotecário na efetivação do seu papel como incentivador da leitura, já que, geralmente, é na
escola onde as crianças dão seus primeiros passos rumo ao universo leitor. Sendo uma das maneiras
mais conhecidas e eficazes de se mediar a leitura, a presença desse profissional dentro da biblioteca
escolar se torna indispensável. O bibliotecário pode trabalhar com a contação de histórias de
diversas maneiras, usando sua criatividade e personalidade para dar vida a essa prática. “Contar
histórias é um experiência de interação. Constitui um relacionamento cordial entre a pessoa que
conta e os que as ouvem. A interação que se estabelece aproxima os sujeitos envolvidos”
(SCHNEID, [200?], p. 4).
A hora do conto é uma das atividades mais praticadas pelos educadores para o incentivo à
leitura em sala de aula, principalmente na educação infantil, quando as crianças estão estabelecendo
seus primeiros contatos com a leitura. “[...] Essa atividade pode despertar na criança a curiosidade
sobre o mundo da literatura infantil, com histórias fantásticas que contribuem para melhor
compreender a vida e também adquirir o gosto pela leitura” (GOMES; BORTOLIN, 2011, p. 164).
O bibliotecário também pode trabalhar com essa atividade na biblioteca, estabelecendo horários
extra-sala de aula para receber as crianças e partilhar histórias com elas.
A contação de histórias também pode tratar de temas do cotidiano, podem ser atribuídas
temáticas a esses momentos, em consonância ao assunto abordado pelo professor em sala de aula.
“Ouvindo histórias, crianças e adultos podem apresentar reações que manifestam seus interesses
revelados ou inconscientes e conseguem vislumbrar nas narrativas, soluções que amenizam tensões
e ansiedades” (SCHNEID, [200?], p. 3).
Se o professor está trabalhando o tema inclusão com seus alunos, por exemplo, o
bibliotecário pode escolher livros que tratem dessa questão e de maneira lúdica e dinâmica trabalhar
a inclusão social, a acessibilidade e as diferenças com as crianças.
Para personalizar e tornar a atividade ainda mais atrativa, os contadores de histórias podem
contar com algumas técnicas e acessórios no momento da contação. “A entonação da voz, fazer as
pausas que fazem parte da história, diferenciar vozes de acordo com os personagens, são algumas
das artimanhas utilizadas” (RODRIGUES, 2013, p. 35).
O uso de figuras e imagens, do próprio livro ou não, podem ajudar a ilustrar as histórias e
aproximar ainda os mais ouvintes do cenário do texto. Outro acessório bastante relevante são os
fantoches; eles tornam a história mais dinâmica e prendem a atenção da criança, principalmente
com relação aos personagens. Para tornar esse momento ainda mais atrativo, podem ser usados os
mais variados tipos de apetrechos no momento da contação, tais como fantasias, aventais coloridos,
dedoches, objetos etc.
�33
A contação de histórias não contempla somente o público infantil; ela também pode ser
trabalhada com adolescentes, tratando de temáticas do cotidiano e aproximando-os da realidade, por
meio das histórias.
A contação de histórias é um vínculo que gera entre as pessoas um contato humano mais
sensível no contexto social, por ser uma anfitriã acolhedora do ser humano que se diz
tímido e, norteadora do que se diz paroleiro, ela incentiva a todos que a ouvem a buscarem
novas respostas para os conflitos tratados num conto, numa poesia ou num poema [...]
(SOUSA, 2016, p. 13).
Para esse tipo de público, narração de contos e crônicas pode ser bem interessante. O
contador de histórias pode versar entre autores clássicos renomados e autores contemporâneos que
fazem sucesso entre os jovens. Além disso, o bibliotecário pode trabalhar a dramatização com os
alunos, fazendo adaptações da história e ajudando-os a encenar. Além de aproximá-los da leitura,
essa atividade desenvolve a oratória, a postura diante do público, a memorização e o improviso.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo evidenciar a importância da biblioteca no ambiente escolar
e o bibliotecário como mediador de leitura, assumindo um novo perfil criativo, dinâmico e lúdico,
tendo a contação de histórias como uma das principais atividades nesse processo de mediação da
leitura.
É necessário considerar que é na escola onde, geralmente, as crianças têm os primeiros
contatos com os livros; sendo assim, desenvolver atividades que tornem essas experiências iniciais
satisfatórias é de grande relevância para a formação dos futuros leitores.
Nesse contexto, é imprescindível que o bibliotecário escolar esteja junto aos demais
educadores no processo de inserção ao universo leitor. É essencial que o papel de incentivador e
disseminador da leitura exercido por ele, esteja acompanhado de práticas pedagógicas que ajam
conjuntamente com o currículo escolar, tratando não somente de temas clássicos, mas de temas
cotidianos e vivências atuais.
Por meio de uma revisão de literatura baseada em artigos, livros e outros materiais
bibliográficos, foi possível constatar que a contação de histórias no ambiente escolar é uma prática
bastante efetiva para incentivar a leitura. As escolas têm utilizado essa arte para aproximar os
alunos do mundo literário, aguçando seu imaginário, causando fascínio, despertando a curiosidade e
desenvolvendo neles habilidades leitoras, tais como senso crítico, autonomia, ampliação do
vocabulário, oratória, postura ante as situações do cotidiano, entre outras.
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Sabe-se que o incentivo à leitura tem sido um assunto bastante abordado por educadores,
pesquisadores e estudantes; por isso muitos ensaios, trabalhos e artigos são diariamente publicados
com enfoque nessa temática. Contudo, apesar da gama de informações acerca do tema, não se pode
considerá-lo esgotado, já que a informação e a sociedade leitora estão em constante modificação.
Por fim, conclui-se que a leitura é fundamental para o desenvolvimento pessoal, social e
cognitivo do ser humano, e que a contação de histórias aplicada ao contexto escolar pode aproximála dos alunos e ajudá-los a se descobrirem leitores. Salienta a importância da inserção do
bibliotecário nas práticas leitoras, principalmente, no âmbito da contação de histórias, uma vez que
essa arte possibilita a dinamização do acervo literário da biblioteca ao mesmo tempo em que auxilia
na formação de leitores.
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�36
CAPÍTULO III
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NA BIBLIOTECONOMIA: ANÁLISE DA ATUAÇÃO
BIBLIOTECÁRIA EM AÇÕES COM FOCO NA AGENDA 2030
Daniela Spudeit
Claudia Souza
1 INTRODUÇÃO
John Wood ocupava uma importante função na área financeira da Microsoft e depois de
muitos anos se dedicando com afinco à empresa, por orientações médicas, tirou um período sabático
e programou uma viagem ao Himalaia. Em meio a uma fase de autodescobrimento e reflexões sobre
seus objetivos de vida, John percebeu que precisava mudar. Embora se espelhasse em Bill Gates,
sua vida precisava de outro sentido. Na viagem viu muitas escolas no Nepal sem uma estrutura
mínima de educação, de acesso à informação e cultura. Quando voltou a Nova York, criou uma
campanha para arrecadar livros e montar bibliotecas nas escolas do Himalaia para beneficiar toda
população, conforme relatado por ele (WOOD, 2007).
Para dar um novo significado a sua vida, John largou a profícua carreira na Microsoft e em
2000 criou a Room of Road, se transformando num importante ativista social. Essa Organização não
Governamental (ONG) tem a educação como foco de plataforma social e por meio dessa instituição
John tem empreendido importantes ações em toda Ásia, ficando conhecido como “herói asiático”
pela Revista Time e recebeu três vezes o Prêmio Capitalista Social da Fast Company/Monitor
Group. Essa história é um típico caso de empreendedorismo social narrada no livro “Saí da
Microsoft para mudar o mundo”, publicado em 2007 pela Editora Sextante.
No livro “Doar: como cada um de nós pode mudar o mundo”, o autor Bill Clinton informa
que Wood já construiu mais de 287 escolas e 3600 bibliotecas em vários países da Ásia, e expandiu
para África do Sul e América Latina a partir de 2010. Além dele, Clinton (2008) cita o caso de
Sheri Saltzberg e Mark Grashow, profissionais da área de Saúde Pública nos Estados Unidos que
em uma viagem de lazer para Zimbábue, na África, viram a realidade das crianças de lá e tiveram a
ideia de criar uma ONG para melhorar as escolas e toda estrutura educacional (bibliotecas,
laboratórios etc.), visando proporcionar mais qualidade de ensino e aprendizagem para as crianças.
�37
Com base nesses exemplos em que o empreendedor social é aquele que não mede esforços
para captar recursos por uma causa social que beneficie um grupo de pessoas, seja uma comunidade
local ou regional, apresenta-se esta pesquisa, com o intuito de apontar casos de bibliotecários que
podem ser considerados empreendedores sociais no Brasil.
Schneider e Castelo Branco (2012, p. 19) definem empreender como o “ato de tentar,
experimentar, decidir-se a fazer alguma coisa, resolver, pôr em execução”. Ou seja, remete à ação e
pode-se dizer que empreendedores são aqueles que realizam algo, mobilizam recursos e correm
riscos para colocar suas ideias em prática. Schneider e Castelo Branco (2012, p. 22) definem o
empreendedor como “aquele conectado, bem relacionado, atento e dinâmico, capaz de ver o que os
outros não veem [...], tem uma relação profunda com o que faz e não aprecia perder oportunidades”.
Partindo dessa premissa do empreendedor ser definido como realizador e mobilizador, é
interessante conhecer casos de pessoas que tem esse perfil, porém, no caso do empreendedor social,
há uma preocupação além do capitalismo ou acumulação de lucro, como vemos grandes
empresários que têm esse perfil empreendedor.
Dessa forma, Oliveira (2004) explica que o
empreendedorismo social é uma forma coletiva e integrada de produzir bens e serviços para a
comunidade local com o objetivo de desenvolver soluções para problemas sociais.
Empreendedorismo é "o processo de somar algo novo [criatividade] a algo diferente
[inovação] com a finalidade de criar riqueza para o indivíduo e acrescentar valor à sociedade"
(THOMPSON, 2002, p. 413). É aquela pessoa que habitualmente cria e inova, desenvolvendo
alguma coisa de reconhecido valor, em torno de uma oportunidade. Muitos empreendedores sociais
são pessoas com qualidades e conhecimentos e podem ser associados, por nós, a empresários que
operam na comunidade e estão mais preocupados em ajudar as pessoas do que "ganhar dinheiro".
Em muitos casos, eles mudam as vidas das pessoas porque abraçam causas sociais importantes
(THOMPSON, 2002).
Nas áreas da Saúde e Meio Ambiente, é mais comum conhecer casos de pessoas que agem
em prol do coletivo e fundam instituições com os objetivos sociais. Entretanto, esta pesquisa foca
nas iniciativas educacionais e culturais desenvolvidas por bibliotecários que são consideradas
exemplos de empreendedorismo social. Essas ações contribuem para o fortalecimento da
responsabilidade social da profissão, visibilidade das ações da Biblioteconomia para a sociedade e
também contribui para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030
estipulados pelas Organizações das Nações Unidas (ONU)2.
2
ORGANIZAÇÃO
DAS
NAÇÕES
<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>.
UNIDAS.
Agenda
2030.
2015.
Disponível
em:
�38
A Agenda 2030 elenca 17 objetivos organizados em 169 metas e compõem um plano de
ação criado em 2015 por representantes dos 193 países membros da ONU pensando na
transformação do mundo para um desenvolvimento mais sustentável. Dentro desse plano de ação,
os bibliotecários podem contribuir para o alcance de todos os 17 objetivos, entretanto, enfatiza-se o
objetivo 4 (Educação e Qualidade) e objetivo 10 (Redução das Desigualdades) como os prioritários
a serem realizados, pois visam o desenvolvimento de empreendimentos sociais para a melhoria no
acesso, uso e disseminação da informação para a efetiva construção do conhecimento e formação de
uma sociedade mais reflexiva, crítica, consciente e democrática. Dessa forma, este trabalho objetiva
apresentar alguns casos de bibliotecários considerados empreendedores sociais para retratar como
desenvolvem seu trabalho a partir dos benefícios gerados para as comunidades mais vulneráveis em
que atuam, contribuindo para a qualidade de vida cultural, econômica e ambiental no âmbito da
sustentabilidade social.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O fenômeno de empreendedorismo social surge num contexto de desafios, crises, mudanças
sociais, econômicas e ambientais que caracterizam a atual sociedade. É importante compreender
como ocorreu desde o início nos Estados Unidos da América (EUA) e como esse fenômeno
reverbera para a Biblioteconomia.
2.1 HISTÓRICO SOBRE EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Parente e Quintão (2014, p. 13) explicam que “o conceito de empreendedorismo social
encontra as suas raízes nos EUA, na década de 1980, nas áreas disciplinares da economia e da
gestão, e o termo empreendedor social vulgariza-se nos anos 1990”.
Na década de 1990, a perspectiva teórica do setor não lucrativo internacionalizou-se através
do The Johns Hopkins Comparative Nonprofit Setor Project, iniciado em 1991. Este
projeto, encabeçado por Lester Salamon da The John Hopkins University, surge da
crescente importância das organizações de caráter associativo e não lucrativo em áreas
como a educação, saúde, serviços sociais, serviços culturais e recreativos, numa versão
funcionalista, inspirada numa perspectiva econômica do papel destas organizações nas
sociedades atuais. Em meados da década de 1990, este projeto começa a ser replicado,
abrangendo hoje 45 países o que permitiu desenvolver alguns dos primeiros estudos de
âmbito nacional e possibilitou as primeiras comparações internacionais. Estes estudos
vieram contribuir para uma maior visibilidade do setor em termos econômicos e políticos,
na medida em que possibilitaram a quantificação do número de trabalhadores (remunerados
ou voluntários), horas de trabalho, receitas e peso das diversas fontes de financiamento
(governo, filantropia, vendas) (PARENTE; QUINTÃO, 2014, p. 15).
�39
Dessa forma, percebe-se que o empreendedorismo social surgiu a partir da incapacidade das
instituições governamentais em solucionar novos problemas sociais, visíveis nos diferentes tipos de
políticas sociais setoriais (ou na ausência delas) e particularmente nas restrições orçamentais que
fomentam iniciativas da sociedade civil na procura de práticas alternativas que respondam às
necessidades sociais não atendidas nem pelo Estado, tampouco pelo mercado, conforme colocado
por Parente et al. (2011). Os mesmos autores defendem que:
É consensual que o conceito de empreendedorismo social nasce em contexto americano e
que não obstante as divergências entre as escolas que se debruçam sobre o fenômeno, fruto
dos contextos sociais, políticos e econômicos diferenciados, todas contribuíram quer para o
crescimento do interesse pelo tema quer para a consensualização da necessidade de
encontrar formas inovadoras no uso de métodos de negócio adequados à resolução de
problemas sociais (PARENTE et al., 2011, p. 270).
Nesse sentido, Silva, Moura e Junqueira (2015) explicam que, nas últimas décadas, as
pessoas e organizações têm buscado novas formas de atuar com foco no impacto social. É nesse
contexto que emergem as discussões sobre empreendedorismo social, porém isso não é novo, pois
antes da utilização do termo já havia iniciativas que poderiam se enquadrar como
empreendedorismo social. A utilização do termo e o aumento de empreendimentos sociais se
tornaram foco de diversos estudos, em face das organizações que atuam no segmento social
buscarem a sustentabilidade financeira.
O empreendedorismo social chega ao Brasil, justamente quando começa a popularização do
empreendedorismo nos EUA, na década de 1990. Nesse momento, o contexto era de crescente
problematização social: a redução dos investimentos públicos no campo social, o aumento das
organizações do terceiro setor e da participação das empresas no investimento e nas ações sociais
(OLIVEIRA, 2004).
Atualmente,
o
empreendedorismo
social
se
apresenta
como
um
conceito
em
desenvolvimento, mas com características teóricas, metodológicas e estratégicas próprias,
sinalizando diferenças entre uma gestão social tradicional e uma empreendedora.
2.2 DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Para entender como funciona, Baggio e Baggio (2014, p. 30) explicam que “o processo de
empreendedorismo social exige principalmente o redesenho de relações entre comunidade, governo
e setor privado, com base no modelo de parcerias”. Para tanto, o resultado final desejado é a
promoção da qualidade de vida social, cultural, econômica e ambiental sob a ótica da
�40
sustentabilidade. Hart e Milstain (2004) detalham que a sustentabilidade global tem sido definida
como a habilidade para satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das
futuras gerações para satisfazerem suas necessidades. Similarmente, o desenvolvimento sustentável
é um processo para se alcançar o desenvolvimento humano de uma maneira inclusiva, interligada,
igualitária, prudente e segura. Dentro dessa linha que Baggio e Baggio (2014, p.30) esclarecem que
“o empreendedorismo social é um misto de ciência e arte, racionalidade, intuição, ideia e visão,
sensibilidade social e pragmatismo responsável, utopia e realidade, força inovadora e praticidade”.
Para eles, o empreendedor social subordina o econômico ao humano, o individual ao coletivo e
carrega consigo um grande sonho de transformação da realidade atual.
Os autores explicam que o empreendedorismo social difere do empreendedorismo
propriamente dito em dois aspectos: não produz bens e serviços para vender, mas para solucionar
problemas sociais, e não é direcionado para mercados, mas para segmentos populacionais em
situações de risco social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida). Nesse sentido,
Hesselbein et al. (1998, p. 53) enfatizam que o empreendedor social “transforma processos no setor
social, também com a perspectiva de extrair um rendimento maior. Aqui, no entanto, o ‘produto’
não é nem uma mercadoria nem um serviço (como nos negócios), nem uma regulamentação (como
no governo), mas um ser humano transformado”. Para eles (empreendedores bem sucedidos),
qualquer que tenha sido a questão, a atração não foi a necessidade existente, por si própria, mas a
perspectiva de obter resultados, de realmente produzir uma mudança em circunstâncias e vidas
humanas. Essa é uma característica diferenciadora dos empreendedores sociais: não se engajam em
caridade, mas em transformação.
Atualmente,
o
empreendedorismo
social
apresenta-se
como
um
conceito
em
desenvolvimento, mas com características, princípios e valores próprios, sinalizando diferenças
entre uma gestão social tradicional e uma empreendedora. Ou seja, é uma forma de solucionar
problemas de pobreza e exclusão social. Inicialmente, era uma derivação do empreendedorismo
empresarial e foi fortemente influenciado pela ação das empresas privadas no campo social e
público, assumindo, contudo, as suas próprias estratégias, num contexto de renascimento do terceiro
setor e da necessidade e procura de ações de grande impacto e mudanças efetivas (BAGGIO,
BAGGIO, 2014).
2.3 PERFIL E CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL
André Neto et al. (2013) apresentam características entre o empreendedor privado,
empreendedor social empresarial e o empreendedor social enfatizando que o empreendedor social
�41
foca no coletivo e integrado com foco na busca de soluções para problemas sociais a partir de
medidas de desempenho com impacto e transformação gerando capital social, inclusão e
emancipação. Na literatura, o empreendedor social também é visto como empreendedor sustentável
oposto ao empreendedor mais capitalista que só visa lucro a qualquer custo, de acordo com André
Neto et al. (2013).
Schneider e Castelo Branco (2012) enfatizam que criar um negócio é difícil, por isso realizar
isso com a preocupação de reduzir desigualdades sociais é desafiador, exigindo maior criatividade e
inovação na busca de soluções comuns que visem o desenvolvimento coletivo e sustentável. A
sustentabilidade deve ser pautada em uma consciência social, reconhecimento do valor da
diversidade cultural e política, ênfase nas prioridades voltadas às necessidades básicas, à qualidade
de vida e à inclusão social, segundo Krause (1997).
O empreendedorismo social contribui para formação da cidadania, emergindo como uma
forma de enfrentamento dos desafios sociais, econômicos e ambientais insuficientemente atendidos
pelo Estado, conforme enfatizado por Capela (2014). Para essa autora, “a prática se confunde e
diferencia do empreendedorismo privado, da responsabilidade social empresarial e do ativismo
social, evidenciando tratar-se de um conceito em construção, mas com características já
definidoras”. Ela explica que:
Ao buscar essa definição e distinção, encontra-se que o empreendedorismo privado, apesar
de ter o objetivo de suprir necessidades humanas, tem o foco no mercado e a medida de seu
desempenho é o lucro. A confusão ocorre porque o empreendedorismo social se apropriou
do termo empreendedorismo, pois incorporou suas características em um espaço cuja
finalidade não é a da acumulação da riqueza ou lucro. A responsabilidade social
empresarial traz para o negócio a perspectiva de longo prazo, a inclusão sistemática da
visão e das demandas das partes interessadas e a transição para um modelo em que os
princípios, a ética e a transparência precedem a implementação de processos, produtos e
serviços. Seu objetivo principal, no entanto, é agregar valor estratégico ao negócio e
atender expectativas do mercado e da percepção da sociedade/consumidores. O ativismo
social ou político também é provocado pela constatação de desequilíbrio social, mas se
diferencia pela orientação da ação transformadora que é focada em influenciar outros, como
os governantes, instituições não governamentais, consumidores ou trabalhadores. Embora
exija do ator social as mesmas características de inspiração, criatividade e força, a medida
do desempenho está relacionada à mobilização alcançada, mais do que à intervenção direta
na promoção do equilíbrio. O uso de um conceito pelo outro ocorre pela mescla de
orientações que cruzam objetivo social, associado às instituições sem fins lucrativos, com
uma vertente empreendedora, aliada ao caráter dinâmico e inovador do negócio. Por outro
lado, embora seja importante conceituar adequadamente (CAPELA, 2014, p. 68).
No que tange ao perfil do empreendedor social, Heis (2006) defende que a primeira
determinante do perfil são os valores humanos nos quais ele deve defender a cooperação, a
solidariedade, a equidade, a competência, a responsabilidade e o rigor econômico. Outra
característica do empreendedor social é o conhecimento que ele deve ter de história, geografia e a
evolução da humanidade, para que possa entender as diferenças culturais existentes na sociedade
brasileira, as quais lhe permitam enfrentar os efeitos da exclusão social, como a violência urbana, a
�42
exploração infantil, a marginalização dos idosos, os preconceitos e o narcotráfico. O empreendedor
social deve ser uma pessoa com habilidades gerenciais que valoriza tanto a rotina operacional
quanto a inovação organizacional. E ainda, precisa ser capaz de conciliar a parte operacional com os
projetos, que constituem a atividade-fim das instituições sociais, justificando a sua existência.
Apesar dos termos serem relativamente novos, empreendedores sociais e ações de
empreendedorismo social podem ser encontrados ao longo da história em diferentes áreas e
iniciativas. Ao fazer uma pesquisa sobre empreendedorismo social na base SCIELO 3, uma das
bases de dados mais completas existentes que agrupa publicações de várias áreas do conhecimento,
a busca usando as palavras “empreendedorismo e empreendimento social” trouxe 144 artigos, cujas
publicações concentram-se, principalmente, no Brasil (98), Colômbia (21) e Portugal (21), sendo
sete em língua portuguesa, 22 em inglês e 20 em espanhol.
A primeira publicação foi em 2004 e o ano que mais teve publicações foi 2012 com o
registro de 19 artigos; em segundo lugar foi no ano de 2015 com 17 artigos, sendo que 111
trabalhos são focados na área de Ciências Sociais Aplicadas, retratando a importância científica que
existe nessa área para pesquisas sobre tal temática. Embora esse número seja expressivo, o tema
ainda carece de maior aprofundamento.
2.4 EMPREENDEDORISMO SOCIAL NA BIBLIOTECONOMIA
Na Biblioteconomia, ao pesquisar na Base de dados de Periódicos em Ciência da
Informação (BRAPCI)4, o termo “empreendedorismo social” como estratégia de busca trouxe como
resultado apenas dois artigos. Porém, nenhum dos dois foi direcionado para a área de
Biblioteconomia. Ao colocar o termo “empreendedor social”, apareceu na busca o artigo de Josiane
Fonseca da Cunha, publicado na Revista ACB, em 2009, o qual apresenta o histórico das atividades
sociais praticadas pela Faculdade São Francisco de Assis, desde o ano de 2004. A autora detalha as
ações realizadas pela faculdade em instituições carentes de Porto Alegre e região metropolitana,
doando alimentos, brinquedos e alegria para algumas pessoas, em sua maioria, crianças, e explica a
atividade teatral, cujo elenco era formado por colaboradores da biblioteca.
O fato de nos resultados não apresentar trabalhos indexados com a palavra
“empreendedorismo social” também mostra que as ações desenvolvidas - muitas vezes de forma
3
SCIELO é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros e está
disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>.
4
BRAPCI é uma base de dados de Periódicos em Ciência da Informação publicada no Brasil desde 1972 e encontra-se
disponível em: <http://www.brapci.inf.br/>.
�43
voluntária para beneficiar comunidades vulneráveis - podem até existir, porém não são tão
disseminadas em canais de comunicação como revistas científicas. Em eventos da área como no
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação e no Painel de Biblioteconomia em
Santa Catarina é possível encontrar alguns relatos de práticas sociais.
Mesmo assim, percebe-se que na área de Biblioteconomia existe uma lacuna de estudo que
relacione esses relatos de experiências sobre empreendedorismo social. É importante que haja maior
aprofundamento sobre a temática para publicizar as práticas culturais e educacionais que são
realizadas por meio de parcerias e voluntariado de diferentes profissionais.
Pensando nisso, a comissão organizadora do III Fórum de Inovação e Empreendedorismo na
Biblioteconomia (FIEB)5, que ocorreu em setembro de 2018, em Campo Grande (Mato Grosso do
Sul), escolheu como
temática “Empreendedorismo Social” para dar visibilidade aos
empreendedores sociais na área e oportunizar discussões e aprendizagens sobre essa importante
temática e alinhar essas iniciativas aos objetivos da Agenda 2030, principalmente nas áreas de
educação e cultura em que os profissionais da Biblioteconomia tem as competências requeridas para
desenvolver projetos sociais.
Bastos e Ribeiro (2011), ao relacionar a educação e empreendedorismo social como forma
de transformar os cidadãos, enfatizam que essa proposta coaduna com a linha pedagógica de Paulo
Freire (2001), que entende as mudanças da realidade a partir da participação dos sujeitos que a
constituem.
Imaginar horizontes de possibilidades; sonhar coletivamente é assumir a luta pela
construção das condições de possibilidade. A capacidade de sonhar coletivamente, quando
assumida na opção pela vivência da radicalidade de um sonho comum, constitui atitude de
formação que orienta-se não apenas por acreditar que as situações-limite podem ser
modificadas, mas fundamentalmente, por acreditar que essa mudança se constrói constante
e coletivamente no exercício crítico de desvelamento dos temas-problemas sociais que as
condicionam (FREIRE, 2001, p. 30).
É nesse viés que o empreendedorismo social surge para protagonizar a construção desse
“sonho coletivo”, pois Freire (2001) sempre convida, a partir da prática educativa, a “(trans)formar
uma geração de alunos que tenham nítida percepção do contexto social, político, tecnológico da
realidade excludente e, ainda, da possibilidade de gerar mudanças a partir de ações coletivas,
conscientes, transformadoras” (FREIRE, 2001, p. 30).
5
Fórum de Inovação e Empreendedorismo na Biblioteconomia. Disponível em: <www.fieb.net.br>.
�44
A partir desse olhar de Paulo Freire, percebe-se que os empreendedores sociais são pessoas
preocupadas com as questões sociais e, por isso, realizam trabalho na comunidade a qual estão
inseridos, em que o ganho maior é o desenvolvimento das pessoas. Mas, para que isso aconteça, são
necessárias, além da boa vontade, criatividade e inovação.
Dentro dessa perspectiva da responsabilidade social na Biblioteconomia e alinhada à missão
social defendida por Ortega y Gasset (2006, p. 13), o bibliotecário:
Ao exercer uma profissão deve comprometer-se a fazer o que a sociedade necessita. […].
Para determinar a missão do bibliotecário, é preciso partir […] da necessidade social a que
serve vossa profissão. E esta necessidade, como tudo que é propriamente humano, não
consiste em uma magnitude fixa, mas é, essencialmente, variável, migratória, evolutiva; em
suma histórica.
Assim, consta também no juramento da Biblioteconomia, disposto pelo Conselho Federal
de Biblioteconomia (1966), que enfatiza a responsabilidade social quando cita: “Prometo tudo fazer
para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de Bibliotecário, fundamentado na liberdade
de investigação científica e na dignidade da pessoa humana” (CFB, 1966). Shera (1977, p. 11),
importante pesquisador da Ciência da Informação, também salienta a função social da
Biblioteconomia, afirmando que: “seja qual for o nível intelectual em que deve operar, o foco da
Biblioteconomia deve ser para aumentar a utilidade social dos registros gráficos [...]”. Também
acredita que a Biblioteconomia “[...] deve servir à sociedade em toda extensão de suas
potencialidades, deve ser muito mais do que um monte de truques para encontrar um determinado
livro numa estante particular, para um consulente particular”.
Com essa intenção, é possível perceber alguns trabalhos publicados que retratam a
Biblioteconomia com uma vertente mais social, chamada de “Biblioteconomia Social”. Souza
(2001) propôs um estudo amplo para produzir uma “teoria biblioteconômica-humana” para o Brasil.
Para ele, a perspectiva humana da Biblioteconomia, traduzida aqui pela expressão Biblioteconomia
Social, “[...] exige pesquisa nacional, com investimento em capacitação de pesquisadores capazes
de entender, explicar, e ensinar uma Biblioteconomia para a autonomia nacional” (SOUZA, 2001,
p. 44).
Lindemann (2014, p. 45) procurou fazer este estudo por meio de uma pesquisa bibliográfica
e documental sobre a temática e mostrou que “embora o termo Biblioteconomia Social em si não
seja muito familiar dentro da área no Brasil, ele é na verdade o caminho de um novo conhecimento
respaldado no conhecimento tradicional já existente como prática bibliotecária, mas sem a
compreensão de conceitos”. De acordo com a autora, existem Programas de Pós-Graduação
(UNAM, México), cursos e oficinas (Universidade de Córdoba, Argentina), contemplando
exclusivamente essa temática, entre outras iniciativas.
�45
Spudeit e Moraes (2018) publicaram coletânea de textos sobre biblioteconomia social em
que vários autores do país relatam pesquisas e práticas voltadas para ação social, sendo
considerados os diferentes perfis de empreendedores sociais dentro da Biblioteconomia.
Silva, Moura e Junqueira (2015, p. 122) corroboram e apontam a necessidade de atender as
demandas da sociedade e “abre-se uma nova perspectiva no enfrentamento dos problemas sociais,
seja pelo empreendedorismo social ou por outras formas que assumam as organizações da
sociedade civil”. Esse campo demanda não só uma ação inovadora, mas também a reconfiguração
dos papéis dos diversos atores sociais sejam eles, as próprias organizações, o Estado e a iniciativa
privada. Resta identificar casos de bibliotecários que podem ser considerados empreendedores
sociais, que é o foco desta pesquisa, cujos procedimentos metodológicos são apresentados a seguir.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica em relação aos objetivos e quanto aos
procedimentos é descritiva. Para desenvolver a pesquisa, apresentam-se fundamentos teóricos sobre
empreendedorismo, empreendedorismo social, sustentabilidade, Agenda 2030 e função social da
Biblioteconomia. Para esse levantamento, foi feita uma pesquisa em artigos científicos indexados
nas bases BRAPCI e SCIELO, além de consultar a literatura da área. Segundo Gil (2010), a
principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura
de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
Para relatar as experiências de bibliotecários considerados empreendedores sociais no Brasil,
foi feita uma coleta via Facebook no grupo “Bibliotecários do Brasil”, que congrega mais de doze
mil profissionais no país. Após identificar algumas iniciativas, entrou-se no site ou fanpage dos
projetos e também das pessoas envolvidas para conhecer mais as ações que realizavam. Para este
relato, focou-se em alguns casos para demonstrar as possibilidades da atuação do profissional como
empreendedor social na Biblioteconomia e fazer ações focadas nos objetivos da Agenda 2030 da
ONU.
�46
4
CASOS
DE
EMPREENDEDORISMO
SOCIAL
DESENVOLVIDOS
POR
BIBLIOTECÁRIOS
Na Biblioteconomia e Ciência da Informação, o termo empreendedorismo social ainda não é
usado, porém encontra-se em anais de eventos e artigos de revistas, diferentes trabalhos que
discorrem sobre reflexões e ações voltadas à geração de benefícios a toda sociedade, seja iniciativa
local ou regional, no âmbito das organizações não governamentais, setor privado ou público. Essas
práticas são tratadas por Moraes (2018) como ações de “responsabilidade social bibliotecária”. Para
a autora, o tema da responsabilidade social “torna-se cada vez mais pauta do dia não apenas na área
da administração de empresas, mas em várias outras áreas do conhecimento, principalmente no
campo da educação” (MORAES, 2018, p. 49). Nesse cenário educacional, “encontram-se os
bibliotecários, profissionais da informação e da cultura, os quais buscam adentrar os terrenos das
escolas e atuar junto aos professores possibilitando acesso à informação, à cultura e alfabetizando
os alunos no que concerne ao mundo informacional” (MORAES, 2018, p. 52).
No viés da responsabilidade social bibliotecária, emerge o empreendedorismo social como
forma de colocar o documento (um dos focos da Biblioteconomia) em um segundo plano e focar
nas necessidades de acesso e uso da informação como norte principal das iniciativas dos
profissionais da Biblioteconomia. A essa postura, Moraes (2018, p.60) chama para um perfil de
bibliotecário “mais crítico e consciente de que seu trabalho envolve algo muito além da organização
e administração dos materiais de informação; de que, na realidade, ele é um mediador, um educador
do acesso e do uso da informação, que surge o que denominamos de visão crítica da
responsabilidade social bibliotecária”.
Dentro dessa perspectiva que as ações empreendedoras e socialmente responsáveis dos
profissionais da Biblioteconomia vêm corroborar com o cumprimento dos objetivos da Agenda
2030, em especial dos objetivos 4 e 10 que dizem respeito à qualidade da educação e também à
redução das desigualdades, compromisso priorizado pela Federação Internacional de Associações
de Bibliotecas e Instituições (IFLA)6, que é o organismo internacional que representa os interesses
das bibliotecas e serviços de informação e de seus usuários.
No caso do objetivo 4 que se relaciona a assegurar a educação inclusiva, equitativa e de
qualidade visando promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, a IFLA
(2017) coloca que: as bibliotecas devem cumprir esse objetivo mediante a provisão de equipes
dedicadas que apoiem a educação na primeira infância (educação continuada), o acesso à
6
Disponível em: <https://www.ifla.org/files/assets/hq/topics/libraries-development/documents/sdgs-insert-pt.pdf>.
�47
informação e à pesquisa para estudantes em todo o mundo, promovam espaços inclusivos onde os
custos não sejam uma barreira para adquirir novos conhecimentos e habilidades. É possível que os
profissionais da Biblioteconomia promovam atividades e projetos voltados à formação de leitores,
diversidade cultural, multiculturalismo, desenvolvimento da competência em informação, entre
outros.
Em relação ao objetivo 10, diz respeito à redução das desigualdade dentro dos países e entre
eles. Para a IFLA (2017), as bibliotecas podem promover espaços neutros e agradáveis que
permitam a aprendizagem para todos, incluindo os grupos marginalizados, como os imigrantes, os
refugiados, as minorias, os povos indígenas e pessoas com deficiência, além do acesso equitativo à
informação que promova a inclusão social, política e econômica. Torna-se necessário que sejam
realizadas ações que visem promover o respeito, a tolerância e inclusão de todos, pensando nas
questões de gênero, sexualidade, raça, religião, cor, entre outros fatores que muitas vezes são
usados de forma discriminatórias e precisam ser combatidos para promover a igualdade. Oficinas,
encenações teatrais, cine-debates, palestras, exposições, entre outras atividades devem ser
promovidas com essa finalidade dentro e fora dos espaços tradicionais de atuação dos
bibliotecários.
Nesse contexto, Spudeit e Prado (2017) relatam as atividades desenvolvidas pelas
bibliotecas parques no estado do Rio de Janeiro alinhadas às premissas de sustentabilidade
propostas pela Agenda 2030 que também são consideradas ações que legitimam o
empreendedorismo social na Biblioteconomia.
Ao realizar a busca no grupo “Bibliotecários do Brasil” na mídia social Facebook que reúne
mais de 12 mil bibliotecários, foi possível mapear algumas ações consideradas cases de
empreendedorismo social na área, conforme serão relatadas, a seguir:
A Biblioteca Sem Paredes localizada no Rio de Janeiro é um típico exemplo de
empreendedorismo social. Trata-se de um projeto desenvolvido pelos bibliotecários Carlos Farias e
Patrícia Chamon, quando ainda eram estudantes de Biblioteconomia da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). O projeto tem por missão promover e incentivar a leitura na
capital do Rio de Janeiro. Os livros são arrecadados e doados por amigos, editoras ou pessoas
interessadas em partilhar leitura e depois são disponibilizados em praça pública, numa banca para as
pessoas que circulam pela Feira Desapegue-se. O projeto utiliza o Facebook e Twitter como forma
de divulgação e aproximação com leitores de outros estados brasileiros. O envio também é feito
para diferentes regiões do país, mediante pagamento das despesas de envio, pois as obras são
doadas.
�48
No sudeste tem também o Clube Literário Tamboril, trabalho feito por uma equipe
interdisciplinar que conta com o bibliotecário Leandro da Silva Teixeira. É realizado nas cidades de
Pirapora e Buritizeiro, em Minas Gerais, desde 2017. São bibliotecas comunitárias que funcionam
como pontos de leituras e desenvolvem diferentes atividades com mediação, saraus, oficinas,
empréstimos de livros, rodas de conversas com autores, entre outras.
No sul, um exemplo típico bem conhecido dentro da área de Biblioteconomia é o de Cátia
Lindemann. Formada pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Cátia se considera ativista
da biblioteconomia social, atua na promoção do livro e a leitura para comunidades com
vulnerabilidade social. Trabalha de forma voluntária com mediação de leitura para detentos,
implantou e organizou um espaço de leitura em uma Casa de dependentes químicos no Rio Grande
do Sul. Por meio do seu trabalho com detentos, surgiu a necessidade de disseminar o hábito de
leitura em prostíbulos, onde quinzenalmente faz empréstimo de livros. Em consequência da sua
atuação, em 2016, Cátia foi contratada pela empresa VR Projetos Sociais, Culturais e
Transformadores, para atuar de forma remunerada em projetos de promoção do livro e a leitura a
comunidades em vulnerabilidade social em diferentes regiões no Brasil por meio dos projetos:
estante de histórias e sacolas literárias. Como bibliotecária voluntária, já implantou quatro
bibliotecas no Rio Grande do Sul (uma prisional, uma comunitária e duas escolares em colégio
público estadual), pois acredita que a educação esvaziará o cárcere.
No sul, entre tantos, destaca-se o projeto UmanuS, criado em dezembro de 2016, pela
bibliotecária Franciéle Garcês e sua sócia Daiana Breternitz, da área de Administração Pública.
Atua com desenvolvimento acadêmico para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica
e educacional. Dessa forma, ajuda pessoas que queiram se preparar para ingressar numa
universidade, fazer uma Graduação ou Pós-Graduação, oferecendo métodos de estudos,
planejamento do tempo e dicas sobre os processos seletivos e vestibulares.
Outro típico case de empreendedorismo social, que não é gerenciado e nem foi criado por
bibliotecários, porém tem bibliotecários que atuam de forma esporádica como voluntários na equipe
é o case da Barca dos Livros em Florianópolis, Santa Catarina.
A Biblioteca Barca dos Livros caracteriza-se como uma biblioteca comunitária criada em 02
de fevereiro de 2007 com o objetivo de defender a importância da leitura para o desenvolvimento
coletivo e individual. Foi instituída por um grupo de moradores da região da Lagoa da Conceição
que depois passou a ser administrada pela Associação Amantes da Leitura, do mesmo bairro, na
cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Atualmente, é administrada por uma professora
aposentada, entretanto, recebe ajuda voluntária de profissionais da área de Biblioteconomia
�49
regularmente, bem como estudantes de Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa
Catarina que realizam estágio curricular ou extracurricular.
Com ampla programação cultural e educacional, oferece uma extensa agenda com
intervenções literárias, cursos, palestras, oficinas, contações de histórias, encenações teatrais,
sessões de lançamentos de livros e conversas com escritores, entre outras atividades que são
programadas em parceria com a comunidade da Lagoa da Conceição. Em algumas ações, é cobrada
taxa de inscrição para manter os custos da locação do espaço e outras taxas administrativas. Porém,
várias ações são ofertadas gratuitamente para toda comunidade. Para manter-se, faz parcerias com
instituições públicas e recebe doações de empresas privadas e pessoas físicas.
No norte do país, tem a bibliotecária Cristiane Garcia, que em parceria com alunos da
Universidade Federal de Rondônia, criou, em 2016, a Biblioteca Salete Vergani, dentro de uma
unidade prisional localizado em Porto Velho (RO). Com um acervo de mais de 900 livros, conta
como público alvo, apenadas e seus filhos. Trata-se de um projeto voluntário (não remunerado), que
promove o acesso ao livro, ao conhecimento, à cultura, além de aproximar a apenada ao regime
semiaberto, por meio da remição de pena através da leitura.
Também no norte do país, outro case de empreendedorismo social é a Expedição Barco
Biblioteca no Rio Amazonas divulgada por um dos bibliotecários voluntários Thiago Giordano
Siqueira. A atividade surgiu em 2006 e conta com doações para alugar o barco e realizar as
atividades. O projeto visa levar a leitura para as comunidades ribeirinhas do Amazonas que não
possuem acesso de via terrestre, tentando alcançar e ganhar o maior número de leitores possíveis
contribuindo para o processo de inclusão informacional a partir da prática da leitura e a
democratização do acesso ao livro. A última expedição ocorreu em agosto de 2017 em quatro
comunidades de vulnerabilidade social Águia, Nossa Senhora de Nazaré, São Paulo e São Pedro do
Lago do Castanho de Manacapuru, no estado do Amazonas.
No nordeste também é possível encontrar vários cases de empreendedorismo social na área,
mas destaca-se o BiblioSolidário. Foi criado em 2012, por amigos bibliotecários paraibanos, e tem
como objetivo promover e disseminar ações voltadas à diversidade de indivíduos, culturas e
condições sociais. Tem por finalidade colaborar de distintas formas para aquisição de bens
necessários para uma condição de vida melhor, por meio de obras sociais e de atividades que
promovam o incentivo à leitura. A equipe desenvolve atividades culturais diversas e distribuição de
livros e brinquedos.
Além dessas relatadas, é possível identificar inúmeras outras na área que têm impactos
sociais, colaboram com benefícios para uma comunidade ou atendem necessidades de grupos locais.
Pautado nessas necessidades, percebe-se que nem sempre o empreendedorismo tem por objetivo
�50
somente a obtenção de resultados particulares ou individuais, mas também pode gerar benefícios a
toda sociedade, seja iniciativa local ou regional que vão além somente de iniciativas da esfera
pública ou privada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que na Biblioteconomia tem muitos “John Woods” com o mesmo desejo em
melhorar a qualidade de vida das pessoas e oportunizar o acesso à informação e cultura. Apesar de
ainda não conseguirem mobilizar tantos recursos e ter a visibilidade de John Wood, são
bibliotecários que saíram da “zona de conforto” e estão pensando localmente e agindo globalmente
“fora da caixinha” focados no bem-estar coletivo, empreendendo socialmente.
Esses profissionais da Biblioteconomia, além de serem considerados empreendedores
sociais, também são inovadores sociais, pois são agentes de transformação que se motivam para
melhorar ou inventar novas soluções de forma sustentável para mudar a sociedade e gerar impacto
social que beneficiam comunidades e grupos, por meio de atividades de leitura, cultura e de acesso
à informação.
Na perspectiva da inovação social, os empreendedores sociais não surgem associados a uma
dimensão de organização coletiva ou a qualquer setor, público ou privado (lucrativo ou não
lucrativo), mas sim em estruturas híbridas, ora com apoio de empreendimentos comerciais, do setor
público, e, ainda, no setor privado, por meio de iniciativas de responsabilidade social empresarial ou
empreendedorismo social corporativo.
As atividades sociais, educacionais e culturais relatadas nesta pesquisa vão ao encontro das
práticas empreendedoras defendidas por renomados pesquisadores e contribuem para o alcance
efetivo dos objetivos da Agenda 2030, em especial o objetivo 4 (Educação de Qualidade) e 10
(Redução das Desigualdades) da Agenda 2030, além de trazer visibilidade para o papel, missão e
responsabilidade social da Biblioteconomia. Além disso, fazem parte de um rol de outras que
podem e devem ser exploradas e investigadas nos sertões, periferias e capitais desse Brasil pelos
bibliotecários. É de suma importância que esse profissional assuma sua responsabilidade social e
alinhe suas práticas aos preceitos de sustentabilidade requeridos pelas Organizações das Nações
Unidas.
�51
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�53
CAPÍTULO IV
O PAPEL DA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO
SOCIAL
Maria do Socorro Soares Rodrigues
Laiana Ferreira de Sousa
Claudialyne da Silva Araújo
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
1 INTRODUÇÃO
As bibliotecas comunitárias nascem em comunidades e periferias das grandes cidades e
também na zona rural de todo país. Essas organizações surgem, muitas vezes, do desejo dos
moradores de serem protagonistas na construção de sua cidadania, por meio do acesso à leitura, à
informação e ao conhecimento. Nesse contexto, a biblioteca comunitária tem um papel social de
grande relevância para a vida dessas pessoas.
Segundo Machado (2008), a biblioteca comunitária pode ser entendida como um projeto
social que possui autonomia perante instituições governamentais e que são geridas e organizadas
pela própria comunidade. A partir da sentença de Machado (2008), é possível reconhecermos a
biblioteca comunitária como uma entidade autônoma que pode promover o crescimento social de
sua comunidade, considerando a questão da inclusão e exclusão social nesses locais.
Sabe-se que a grande maioria da população, principalmente as que vivem em comunidades e
bairros das periferias, padece de um processo penoso de exclusão social. A exclusão se dá em todas
as áreas, seja educacional, profissional, cultural e social. Além desses, pode-se acrescentar outro
tipo de exclusão, que é a exclusão informacional, muito presente em nossa realidade. Nesse cenário,
acredita-se que a biblioteca comunitária é um caminho na tentativa de reverter o quadro de exclusão
informacional das comunidades, pois “[...] a informação é, portanto, direito de todos. É um bem
comum, que pode e deve atuar como fator de integração, democratização, igualdade, cidadania,
libertação, dignidade pessoal. Não há exercício da cidadania sem informação” (TARGINO, 1991, p.
155). Como se pode ver, a informação é um bem vital; é essencial para a garantia de direitos, e para
tanto, é necessário que a mesma esteja acessível.
As bibliotecas, de modo geral, têm como objetivo primordial disseminar a informação de
�54
acordo com a necessidade de seu público-alvo, no caso da biblioteca comunitária, à comunidade
localizada ao seu redor. É nesse contexto que destacamos o projeto Rede de Leitura Jangada
Literária, fruto da parceria com o Instituto C&A por meio do Programa Prazer em Ler. O projeto foi
criado em 2013, e fundamenta-se na implantação de bibliotecas comunitárias nas periferias de
Fortaleza e São Gonçalo do Amarante, região metropolitana, estado do Ceará.
O programa tem por objetivo fomentar a criação e estruturação de bibliotecas comunitárias e
espaços de leitura em comunidades espalhadas pelo país; ele se desenvolve, geralmente, em
instituições de cunho social, como: Organizações Não Governamentais (ONGs), Associações de
Moradores, Conselhos Comunitários, entre outros. Um dos pontos mais importantes do programa é
o foco no incentivo à leitura, por meio de ações que estimulem esse processo, principalmente com o
uso do livro. Sabe-se que as dificuldades enfrentadas pelas bibliotecas públicas são uma constante,
e, em especial, as bibliotecas comunitárias, as quais não dispõem de recursos necessários para a
manutenção de seus espaços, bem como para a contratação de um bibliotecário, profissional esse de
fundamental importância para gerir a biblioteca e promover de modo eficaz o acesso ao livro e à
leitura. A realidade que se presencia diariamente é a escassez desses profissionais para atuarem nas
bibliotecas, sejam elas de qualquer tipologia.
No caso das bibliotecas comunitárias, recorre-se, portanto, à figura do mediador de leitura,
responsável por gerir a biblioteca na falta do bibliotecário. No projeto Rede Jangada Literária, o
mediador de leitura conta com a gestão de um bibliotecário, que assessora as oito bibliotecas
integrantes da rede. A escolha do mediador de leitura é feita a partir de alguns critérios, como, por
exemplo: sua ligação com a comunidade onde a biblioteca está inserida, e que prioritariamente seja
um morador local, jovens em idade escolar ou universitária e que, além dessa ligação com a
comunidade, demonstre apreço pela leitura.
Considerando o fato de a biblioteca comunitária ser um espaço de inclusão social, enfatizase o papel dos jovens a frente dessas bibliotecas, como mediadores de leitura, uma vez que a
biblioteca pode ser uma ponte para o alcance de objetivos, a realização de sonhos e a descoberta de
talentos entre esses jovens. Justifica-se essa análise, principalmente, pelo quadro social que se
apresenta nos bairros e comunidades das periferias onde as bibliotecas da rede estão localizadas,
como, por exemplo: IDH muito baixo; altos índices de analfabetismo entre crianças, jovens e
adultos; aumento exponencial da violência, especialmente, entre os jovens, bem como a
insuficiência de serviços públicos básicos como educação, saúde, transporte e lazer.
Além desses fatores, as bibliotecas comunitárias são o único equipamento cultural
disponível para o desenvolvimento da cultura e do lazer na população atendida, ou seja, crianças e
jovens, alvos mais vulneráveis. Como metodologia, utilizou-se a pesquisa participante, com uma
�55
exploração bibliográfica do tema, bem como de temas afins, a partir de textos sobre cidadania,
inclusão e exclusão informacional, informação e sociedade, biblioteca pública, conceitos e
definições sobre comunidade, entre outros.
Além do uso da bibliografia, realizou-se ainda a observação participante in loco dessas
bibliotecas e dos mediadores de leitura, uma vez que um dos autores deste artigo atua como
bibliotecário da Rede. Para tanto, como corpus de análise, têm-se os três mediadores de leitura de
três bibliotecas da Rede, a saber: a Biblioteca Comunitária Sorriso da Criança, localizada no bairro
Presidente Kennedy; a Biblioteca Famílias Reunidas, no bairro Padre Andrade; e a Biblioteca
Comunitária Literateca, de São Gonçalo do Amarante.
Desse modo, a fim de alcançar a proposta deste artigo, o mesmo possui sete seções. Na
primeira seção, é feita a introdução, cuja temática é contextualizada, como também expõe-se a
justificativa acerca da escolha do tema, os objetivos e a metodologia utilizada. Na segunda parte,
apresenta-se o referencial teórico sobre biblioteca comunitária e inclusão social, à luz de alguns
teóricos estudados. Por fim, apresenta-se a metodologia, os resultados obtidos e as considerações
finais.
2 O PAPEL DA BIBLIOTECA PARA PROMOÇÃO DA IGUALDADE E DA CIDADANIA
O Brasil é um país de grandes proporções e dimensões continentais, diferentes costumes,
grande riqueza natural e considerado o maior país da América do Sul. No entanto, sofre com
problemas sociais crônicos na saúde, segurança e em especial na educação. Apesar de todo seu
crescimento econômico e de ser o maior país da América do Sul, a questão da educação é sempre
um tema recorrente, principalmente pelos índices de analfabetismo7, que atualmente chegam a 8%
entre jovens de 15 a 19 anos.
É certo que esse quadro vem mudando ao longo do tempo, muitas vezes, por iniciativa da
própria população. No entanto, para as pessoas de baixa renda e que vivem em comunidades em
situação de vulnerabilidade social, a educação ainda é um problema a ser enfrentado. Essa
problemática é proveniente da origem do nosso país. Sobre isso, Paulo Freire (1967, p. 67) já
afirmava que,
[...] nossa colonização foi, sobretudo, uma empreitada comercial. Os nossos colonizadores
não tiveram — e dificilmente poderiam ter tido — intenção de criar, na terra descoberta,
uma civilização. Interessava-lhes a exploração comercial da terra.
7
PNAD-IBGE (2016) apud Retratos da Leitura no Brasil (2016).
�56
É perceptível na fala de Freire (1967) que, para os colonizadores, não era importante manter
uma relação de parentesco, de pertencimento com essa terra, fato que traz consequências até os dias
de hoje. A educação tem um papel fundamental para a construção da cidadania e igualdade social
de uma nação, de um povo, de uma comunidade. Nessa perspectiva, a biblioteca torna-se uma
parceria estratégica para o desenvolvimento econômico e social, especialmente quando
consideramos as ferramentas: livro, leitura, informação e conhecimento.
Mas, o que significa cidadania? O que caracteriza ser um cidadão? Ao tratar sobre esses
conceitos recorre-se às definições gregas de Aristóteles apud Targino (1991, p. 151): “homem livre
e que tem direito a exercer seus direitos”. No entanto, naquele período histórico, assim como hoje,
nem todos se encaixavam na definição de cidadãos. Targino (1991, p. 151) afirma que, “[...] a
cidadania é compreendida enquanto dimensão pública da participação dos homens na vida social e
política, ainda que, em antigas legislações, nem todos os habitantes da cidade fossem cidadãos”.
Esse fato é tão atual, quanto o foi no passado, visto que muitos são os que são excluídos de
seus direitos e, portanto, vivem à margem da sociedade. Ainda de acordo com Targino (1991),
pode-se
inferir que ser cidadão é ter consciência de seus deveres e acesso a seus direitos. A
cidadania se manifesta e se constrói a partir dessa conscientização e da participação política
e social dos homens na sociedade (TARGINO, 1991, p. 156).
Entendemos que essa prerrogativa de direitos e deveres passa, num primeiro momento, pelo
acesso à informação e ao conhecimento, sendo a escola e a biblioteca espaços primordiais para o
desenvolvimento do ser cidadão. Portanto, as bibliotecas, assim como as escolas, se destacam como
espaços de construção de conhecimento, disseminação do saber e transformação social.
Corroborando Targino (1991), a respeito da construção da cidadania, Petit (2008) afirma não ser
algo simples e fácil de conquistar, mas algo a ser alcançado.
Uma cidadania ativa --- não devemos esquecer isso --- não é algo que cai do céu, é algo que
se constrói. A leitura pode contribuir em todos os aspectos que mencionei: acesso ao
conhecimento, apropriação da língua, construção de si mesmo, extensão do horizonte de
referência, desenvolvimento de novas formas de sociabilidade [...] (PETIT, 2008, p. 53).
Assim, a biblioteca, seja ela pública, privada, escolar, universitária, especializada ou
comunitária exerce um importante papel de promoção não somente de informação, mas de
qualidade de vida e lazer para seus frequentadores.
[...] É sempre na intersubjetividade que os seres humanos se constituem, e suas trajetórias
podem mudar de rumo depois de algum encontro. Esses encontros, essas interações às
vezes são proporcionados por uma biblioteca [...] (PETIT, 2008, p. 53).
A afirmação de Petit (2008) é bem significativa para expressar o valor da biblioteca
�57
enquanto espaço de oportunidades e novas estratégias de vida. Infere-se, portanto, que onde existe
uma biblioteca, as possibilidades de crescimento e desenvolvimento local são substanciais. Nesse
contexto, as bibliotecas são redutos para transformação social, para construção de igualdade e
cidadania, possibilitando a garantia de direitos às comunidades onde estão inseridas.
3 COMUNIDADE NO CONTEXTO BRASILEIRO
Viver em grupo faz parte da história do homem desde os tempos mais remotos de sua
trajetória sob a terra. Foi assim com os primeiros habitantes e assim continua até os dias atuais. São
várias as nomenclaturas para descrever, ao longo do tempo, esses ajuntamentos de indivíduos:
tribos, clãs, aldeias, vilas e as cidades. Essas últimas têm se desenvolvido de forma tão acelerada,
principalmente pela explosão populacional que as acomete. Seus domínios se formam a partir de
ruas e bairros e se estendem desde o centro até as periferias.
Nessa configuração territorial, o Estado oferece aos indivíduos que ali vivem uma série de
instituições e serviços que se configuram em instrumentos capazes de prover a vida do coletivo. No
entanto, a forma como nasce essas ruas e bairros nem sempre se dá de modo planejado e
organizado, o que acarreta uma série de problemas estruturais e deficiência na prestação de serviços
essenciais para a população.
Nessa perspectiva, de inchaço populacional e desorganização dos espaços territoriais,
surgem as favelas e/ou comunidades. Feitosa (1998) expõe as causas desse fenômeno na sentença
abaixo.
A favela no Brasil é resultado do processo de desenvolvimento econômico por que passou o
país ao longo de sua curta história. Assim sendo, tem suas marcas fundantes no processo
capitalista adotado como recurso desenvolvimentista. Seu surgimento deriva da má
distribuição de renda e da divisão da sociedade em níveis hierárquicos, onde a grande
maioria da população sobrevive com baixos salários, enquanto uma minoria domina os
processos de produção dos bens e materiais do sistema capitalista (FEITOSA, 1998, p.
110).
O autor ainda complementa seu pensamento afirmando que o “desenvolvimento econômico
e ocupação ilegal de terras são tidos como as causas do surgimento das favelas nas cidades”
(FEITOSA, 1998, p. 110).
Portanto, quando pensamos no aumento exorbitante da população que ocorre nos meios
urbanos ou rurais e nas desigualdades sociais, fica claro que a afirmação do autor é muito coerente e
bem atual. Outro fator de destaque na concepção de Feitosa (1998) é a questão do território, ou seja,
o solo que é ocupado, no qual as pessoas vão construindo suas moradias. As favelas, portanto, são
�58
territórios onde se desenvolve a vida de seus moradores, e dentro desse contexto, também podemos
entender esses locais como espaços comunitários, cujos ocupantes usufruem dos mesmos serviços e
possuem as mesmas necessidades e dificuldades.
Nesse sentido, entende-se que favela não é diferente de comunidade. Neste trabalho,
optamos tratar o termo favela por comunidade, pois entendemos não existir diferença entre um
termo e outro, no que diz respeito ao coletivo que ali se constitui. Ainda, segundo Suaiden (1995),
“a comunidade é, pois, uma área de vida dotada de certo grau de coesão social, suas bases são:
localidade e consciência de si mesma. Uma comunidade ocupa sempre uma área territorial”. Logo,
percebe-se que Suaiden (1995) também aponta a questão do território como fator importante para
descrever a comunidade e assim corrobora o conceito de comunidade descrito pela Sociologia.
É (comunidade) essencialmente ligada ao solo, em virtude dos seus componentes viverem
de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertencerem, ao
mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos principais
assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto dentro
como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para cooperar
estritamente (EBAH, DICIONÁRIO DE SOCIOLOGIA, ON-LINE)8.
A comunidade, no entanto, não pode ser vista somente do ponto de vista do territorial ou
local e sim do sentimento de pertencimento e da segurança que o coletivo proporciona aos seus
integrantes. Isso se observa no pensamento de Bauman (2003, p. 7), em que o autor afirma que a
“comunidade é um lugar ‘cálido’, um lugar confortável e aconchegante”. Para ele, “comunidade
sugere coisa boa”.
Esse pensamento, todavia, pode parecer contraditório e até ingênuo, já que o viver
coletivamente não é tão simples e fácil, pois existe tensão constante de todos os lados, uma vez que
a comunidade é formada por diferentes indivíduos com interesses diversos. De toda forma, Bauman
(2003) não é incoerente em sua exposição, pois como já mencionado, a comunidade ainda é um
lugar de refúgio, de abrigo e de pertencimento para as pessoas que ali residem.
Não é raro encontrar nessas comunidades, grandes deficiências econômico-sociais, pois,
quase sempre, estão longe do alcance dos recursos públicos, e, consequentemente, há ausência de
investimentos em serviços básicos, como: saúde, transporte, trabalho, segurança, cultura e
educação, infraestruturas essas que garantem a cidadania aos seus moradores.
Esses serviços e instituições que o Estado dispõe aos cidadãos das periferias e comunidades
quase sempre geram insatisfação, pois seu alcance é muito pequeno se considerarmos a quantidade
de pessoas que convivem num mesmo território. Órgãos essenciais como hospitais, postos de saúde
e escolas são insuficientes para atender a população aos seus arredores, sendo possível incluir,
8
Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAGZQAJ/dicionario-sociologia>.
�59
também, nessa lista, as bibliotecas.
A cidade de Fortaleza, por exemplo, dispõe de apenas duas bibliotecas públicas: uma
estadual e uma municipal. A situação dessas bibliotecas públicas não é das melhores. A Biblioteca
Pública Estadual Governador Menezes Pimentel, atualmente, passa por uma reforma que se arrasta
já há dois anos, sem previsão de entrega à sociedade. É significativo dizer que a biblioteca pública
como instituição estatal voltada a suprir as necessidades informacionais do município ou do estado,
no entanto, não pode atender sozinha, de modo satisfatório, os seus usuários, e uma das razões para
a concretização desse fato, como visto, é a quantidade de bibliotecas públicas existentes na cidade,
uma vez que a biblioteca pública estadual atende não somente o morador fortalezense, mas também
todas as regiões do estado.
É nesse cenário de dificuldades, que a biblioteca comunitária surge como equipamento
cultural de fundamental importância para os bairros e comunidades que se encontram afastados da
biblioteca pública, seja do estado ou município. A biblioteca comunitária passa, então, a exercer o
papel dessas bibliotecas, pois, muitas vezes, é o único acesso da comunidade à leitura, informação,
conhecimento e ao lazer. Assim, a biblioteca comunitária assume uma responsabilidade bem mais
ampla em relação à sua comunidade; ela se destaca como ferramenta de inclusão social.
3.1 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
A biblioteca é tida como “templo do saber”, expressão muito usada para destacar sua
importância para o desenvolvimento econômico, social e cultural da humanidade. Sua origem
remonta desde o surgimento das antigas civilizações, em que sua principal função era armazenar
todo conhecimento produzido pelo homem. No entanto, ao longo do tempo, a biblioteca passou por
diversas transformações. Hoje, o armazenamento não mais se configura como aspecto mais
importante da biblioteca, e sim sua capacidade de alcançar seus usuários, de modo a atender suas
necessidades informacionais e sociais.
A biblioteca se divide, basicamente, em duas categorias: as públicas e as privadas, e dentro
do caráter público ou privado, temos seus diversos tipos: escolar, universitária, especializada e
comunitária, além da biblioteca pública. Cada tipo de biblioteca tem características que as
distinguem umas das outras. Ressalta-se, aqui, a biblioteca comunitária como foco deste artigo. No
entanto, antes de explorarmos o universo da biblioteca comunitária, vamos conhecer como se
configuram as outras tipologias de bibliotecas. Segundo Machado (2009, p. 58),
�60
de modo geral, as bibliotecas atendem as demandas de suas comunidades e são
caracterizadas por elas, ou seja, pelo seu público. A biblioteca universitária é criada por lei
federal, independente de ser vinculada a uma instituição de ensino superior ou privada [...]
enquanto que a biblioteca especializada está necessariamente atrelada a uma instituição e
atende as demandas informacionais do grupo de técnicos e especialistas vinculados
formalmente a essa instituição.
Fica claro que cada biblioteca objetiva atender as necessidades de seus usuários e que cada
uma possui características intrínsecas a eles. Além dessas categorias, tem-se, ainda, a biblioteca
pública, que, segundo a Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e Instituições
(IFLA, 1994, não paginado), é
[...] porta de acesso local ao conhecimento, fornece as condições básicas para uma
aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão independente e para o
desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais.
A biblioteca pública, assim, tem um importante papel para o desenvolvimento de seu país.
Ela nasce institucionalizada, ou seja, o Estado a provém de estrutura, equipamentos, recursos
financeiros e de pessoal e seu objetivo é atender as necessidades informacionais da sociedade em
nível de estado, município ou federação. Suaiden (1995, p. 19) afirma que,
a biblioteca pública, mantida pelo governo, tem por objetivo primordial preservar e difundir
o conhecimento, principalmente no que se refere à cultura local, e dentre todos os tipos de
bibliotecas é a única que possui realmente características de uma instituição social, tanto
pela amplitude de seu campo de ação como pela diversificação de seus usuários.
Nesse contexto do social, temos a biblioteca comunitária, que, assim como a pública, tem
seus objetivos direcionados a atender as demandas de informação e conhecimento da comunidade
onde está localizada. Machado (2008, p. 62) a descreve da seguinte forma:
[...] o emprego do termo biblioteca comunitária é mais apropriado para identificar o que
consideramos ser empreendimentos sociais que surgem do desejo e da necessidade de um
determinado grupo de pessoas em ter acesso ao livro, à informação e à prática de leitura,
num real exercício de cidadania [...]. Podemos identificar as bibliotecas comunitárias como
projetos vinculados a um grupo particular, que tem como objetivo atender esse mesmo
grupo, os quais possuem os mesmos problemas, os mesmos interesses e a sua própria
cultura, seja esse um grupo de especialista em paleontologia ou um grupo de moradores de
uma comunidade considerada de risco.
Observa-se, portanto, que a biblioteca pública e a biblioteca comunitária são semelhantes,
mas uma diferença significativa se destaca que é a forma como cada uma se constitui, pois, no caso
da biblioteca comunitária, ela nasce diretamente da comunidade e para a comunidade, não
possuindo nenhum vínculo com o poder público.
Almeida Júnior (1997, p. 94) descreve a biblioteca comunitária como,
[...] aquelas bibliotecas que atuavam junto aos seguimentos mais pobres das grandes
cidades, principalmente em bairros periféricos, mas que em nada ou talvez, em muito pouca
coisa, diferenciava das bibliotecas públicas tradicionais.
�61
O autor deixa claro que em sua concepção a biblioteca comunitária, nada mais é que uma
biblioteca pública situada nas periferias das cidades. Ele ainda esclarece que o termo “bibliotecas
comunitárias” “[...] é utilizado como forma de amenizar as ideias que acompanhavam a proposta de
bibliotecas populares” (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 93). É preciso esclarecer que não
aprofundaremos a discussão sobre bibliotecas populares, neste trabalho. Considerando, portanto, as
características e similaridades entre a biblioteca comunitária e a biblioteca pública, evidencia-se a
importância da comunidade para essas organizações e que sua existência se explica a partir do
momento em que as mesmas respondem aos anseios da coletividade, atuantes como agentes de
inclusão social.
A partir desse quadro de desigualdade social e falta de expectativas por parte dos jovens, é
que se ressalta a importância da biblioteca comunitária. Como campo de observação para esta
pesquisa, delimitaram-se as bibliotecas comunitária integrantes da Rede de Leitura Jangada
Literária. Nesse sentido, cumpre aqui elaborar estratégias para conhecer os mediadores de leitura
dessa Rede e compreender os impactos dessas ações na formação dos mesmos.
4 METODOLOGIA
A fim de atingir o objetivo de evidenciar a biblioteca comunitária como ferramenta de
inclusão social, capaz de promover o desenvolvimento social de jovens residentes em comunidades
de risco, optou-se pela pesquisa participante, já que um dos autores deste artigo atua como
bibliotecário nas bibliotecas do projeto. De acordo com Brandão (2006, p. 12), entende- se a
pesquisa participante como:
[...] um repertório múltiplo e diferenciado de experiências de criação coletiva de
conhecimentos destinados a superar a oposição sujeito/objeto no interior de processos que
geram saberes e na sequência das ações que aspiram gerar transformações a partir também
desses conhecimentos.
O trabalho tem uma abordagem qualitativa de cunho exploratório, na qual se faz uso da
observação participante, da pesquisa bibliográfica e de campo. O universo amostral da pesquisa é
formado por três mediadores de leitura, que atuam em três bibliotecas comunitárias integrantes da
Rede de Leitura Jangada Literária.
Os três são jovens que desde criança participam de atividades nos projetos sociais; são
membros de grupos de jovens, de associações e de conselhos comunitários ou de órgãos de controle
social, como no caso de uma jovem mediadora que atualmente está como conselheira da linguagem
Literatura no Conselho Municipal de Política Cultural de Fortaleza. Esses mediadores também se
�62
destacaram desenvolvendo habilidades e talentos que contribuíram para o crescimento e a
visibilidade da biblioteca comunitária em suas comunidades, fato que justifica as escolhas por esses
sujeitos.
Os mediadores são identificados pelas iniciais de seus nomes e sobrenomes preservando,
assim, as identidades deles. Para coleta dos dados, optou-se pela aplicação de um questionário
contendo oito perguntas. Em um primeiro bloco de perguntas, abordamos seus dados pessoais,
como: nome completo, idade, endereço, sexo, biblioteca em que atua e escolaridade. Em outro
bloco, indagamos o papel da biblioteca em suas vidas, como eles a conheceram e o que mudou a
partir de suas atuações nesses ambientes.
4.1 ANÁLISE DOS DADOS
Para análise, apresenta-se um breve relato sobre o Projeto Rede de Leitura Jangada Literária
para, então, discorrer sobre a entrevista realizada com os mediadores de leitura do projeto.
4.1.1 Projeto Rede de Leitura Jangada Literária
As bibliotecas comunitárias, integrantes da Rede Jangada Literária, desenvolvem diversas
atividades em seus espaços, desde ações intrínsecas à sua função, como incentivo à leitura, até
ações de lazer, como jogos, brincadeiras, entre outros. A mediação de leitura, carro chefe do
Programa Prazer em Ler/Instituto C&A, parceiro dessas instituições, é uma ação desenvolvida em
todas as bibliotecas da Rede. Dentre as atividades realizadas têm-se: a contação de história com o
uso do livro, a contação de história com uso de recursos teatrais, a leitura compartilhada, saraus
literários etc.
Essas bibliotecas também realizam atividades que envolvem a comunidade onde se
localizam, como: seminários sobre a elaboração de políticas públicas que contemplem o livro, a
leitura e a exemplo disto tem-se a construção do Plano Municipal de Livro, Leitura, Literatura e
Biblioteca de Fortaleza; exibição de filmes na rua; aulas de música; oferta de serviços e
informações utilitárias (confecção de currículos, busca por ofertas de trabalho); reuniões de
lideranças comunitárias; palestras com temas de interesse da comunidade, como, por exemplo:
saúde, habitação, alimentação, drogas, o primeiro emprego e pesquisas escolares diversas.
Apesar dessa variedade de serviços ofertados por esses espaços, eles enfrentam alguns
�63
problemas, principalmente no que diz respeito aos territórios onde as bibliotecas escolares se
localizam, pois, muitas vezes, é um lugar de extrema desigualdade social, cujo tráfico de drogas dita
as regras e a violência é sempre presente na vida dos moradores locais, situação que atinge
principalmente os jovens e adolescentes.
Esses grupos não recebem a atenção necessária por parte do poder público, especialmente a
educação de qualidade e o acesso à cultura, fatores imprescindíveis para o desenvolvimento de um
pensamento crítico e uma atitude cidadã. A Rede conta com a assessoria de uma bibliotecária que
acompanha os mediadores de leitura nas bibliotecas, uma vez que esses espaços não possuem
recursos necessários para a contratação de um bibliotecário para cada biblioteca.
Nesse sentido, essa função é assumida pelo mediador de leitura, ou seja, jovens, entre 18 e
29 anos, selecionados da própria comunidade onde a biblioteca se situa. Os mesmos devem estar
cursando nível superior em diversas áreas do conhecimento, principalmente àquelas afins à leitura,
como: Biblioteconomia, Pedagogia, Serviço Social, Administração e Letras. As bibliotecas
integrantes da Rede Jangada Literária situam-se dentro de organizações sociais que desenvolvem
diversas atividades direcionadas para as comunidades onde se localizam, tendo os jovens como
público primordial, uma vez que esses são os mais atingidos pela violência.
A seleção dos mediadores para essas bibliotecas se dá a partir da resolução de um
questionário, em que os mesmos expõem suas habilidades, experiências, vivências, anseios,
objetivos, bem como seus interesses na leitura, seus conhecimentos a respeito de biblioteca e se
frequentam a mesma.
Boa parte desses mediadores diz ter pouco contato com a biblioteca, com os livros e com a
leitura, salvo algumas exceções. Esse quadro, no entanto, começa a mudar gradualmente, pois, a
partir do momento em que começam a atuar nas bibliotecas, aos poucos eles descobrem um novo
mundo, uma oportunidade de se desenvolverem enquanto seres sociais e livres que são.
4.1.2 Análise das entrevistas com mediadores de leitura
Os mediadores de leitura selecionados para esta pesquisa são jovens com idade média entre
20 a 30 anos, sendo dois do sexo feminino e um do sexo masculino. Todos cursam nível superior,
vinculado às áreas de Pedagogia, Serviço Social e Publicidade e Propaganda. A partir das
entrevistas realizadas com os mediadores, identificou-se em suas falas, a importância que a
biblioteca comunitária teve/tem para seu desenvolvimento social, educacional, profissional e
cultural. Foram feitas duas perguntas principais sobre a biblioteca, a saber:
�64
a) Há quanto tempo trabalha na biblioteca comunitária como mediador de leitura? Como
a conheceu e quais suas motivações?
b) Você considera que a biblioteca comunitária contribuiu, de alguma forma, para o seu
crescimento profissional e pessoal, sob quais aspectos?
É perceptível na fala dos mediadores de leitura que a biblioteca conseguiu, de algum
modo, transformar suas vidas, seja no modo de pensar, de agir, de se relacionar com as pessoas e
com o mundo que os cerca. Nossa primeira entrevistada é a jovem mediadora de leitura S.E.A.S,
21 anos, estudante do 6º semestre de Pedagogia, moradora no bairro Presidente Kennedy:
“Atuo como mediadora de leitura desde o ano de 2013. Comecei como voluntária na ONG em 2012, em 2013 a
mesma fez uma parceria que garantiu recurso para contratação de mediadores de leitura, por estar atuando na
organização, a gestora me convidou para trabalhar na biblioteca. Conheço e utilizo a biblioteca desde criança,
sempre participava de oficinas e pegava livros, isso me motivou a oportunizar outras pessoas, pois o espaço
impactou minha vida e eu sempre tive o desejo de que outras pessoas também pudessem ter esse acesso”.
A fala da mediadora S.E.A.S demonstra uma relação de intimidade com a biblioteca, de
como esse contato começou bem cedo, quando ela ainda era criança e o desejo de que outras
pessoas também possam ter o acesso ao universo da biblioteca e sentir o impacto da mesma em
suas vidas. Machado (2008) corrobora a mediadora em destacar o papel dessas bibliotecas para o
desenvolvimento de suas comunidades e seus sujeitos. “Objetivamente, essas bibliotecas devem
criar mecanismos para colaborar no desenvolvimento da sua comunidade, potencializando os
próprios talentos dos indivíduos e das comunidades” (MACHADO, 2008, p. 51).
Ainda em relação à mediadora, foi possível identificar talentos, até então não
desenvolvidos, como escrever, principalmente a escrita de textos poéticos e de cordel, bem como a
criação de um blog para divulgar seus textos. Outra fala significativa da mediadora é o papel da
biblioteca comunitária como ferramenta que propiciou seu ingresso na universidade,
principalmente como fonte de informação e leitura:
“Sempre estudei em escola pública, por isso tive várias lacunas na minha formação, o acesso aos livros, informações
era bastante limitado e a biblioteca comunitária cumpriu um papel essencial, pois preencheu essa lacuna que a escola
deixou. Na biblioteca tive acesso a um vasto mundo de conhecimento, participei de oficinas, conheci gêneros textuais,
passei a ter mais autonomia e pensamento crítico. Eu acredito que só passei em uma universidade pública por conta
da biblioteca e da ONG, nunca fiz cursinho, mas a biblioteca possibilitou esse ingresso, pois impactou diretamente na
minha formação leitora, humana e crítica”.
A segunda entrevistada é E.N.O, 23 anos, estudante do 7º semestre de Serviço Social,
mediadora de leitura na Biblioteca Comunitária Literateca, moradora de São Gonçalo do
Amarante. Ela também ressalta toda a diferença que a biblioteca comunitária lhe proporcionou,
�65
em destaque para seu engajamento social e o empoderamento advindo de seu papel como
mediadora do conhecimento na biblioteca comunitária:
“Trabalho há 4 anos e 5 meses como mediadora, conheci a partir de uma seleção que ia fazer para outro cargo,
como Auxiliar Administrativo da Associação União das Famílias. Acredito que esse espaço é transformador e que
trabalhar como mediadora me torna mais empoderada e engajada socialmente. Muito bom saber que como
mediadora tenho o papel de mediar conhecimento e não somente por obrigação, mas por acreditar que a leitura
muda os homens que consequentemente muda o mundo”.
Assim como a primeira mediadora, a mediadora E.N.O destaca a biblioteca comunitária
como um espaço transformador que lhe proporciona empoderamento e engajamento social
necessários para sua atuação como cidadã, além de frisar o seu papel como mediadora do
conhecimento. Outro destaque que E.N.O dá à biblioteca comunitária, a partir de sua atuação
como mediadora de leitura, é o seu desenvolvimento crítico e seu crescimento pessoal,
profissional e social:
“A partir do meu trabalho na biblioteca pude perceber socialmente e politicamente como as situações funcionam,
cresci e fomentei a minha criticidade a partir das leituras e formações recebidas. Pessoalmente tornei- me mais capaz
de tomar minhas próprias decisões embasada não somente no emocional, mas no racional também. Foi a partir do
meu trabalho como mediadora que interessei-me pelo Serviço Social, pelas causas políticas e pelas causas sociais”.
O terceiro mediador de leitura é W.H.D.B, 28 anos, estudante do 2º semestre de
Publicidade e Propaganda, morador do bairro Presidente Kennedy. Sua experiência com a
biblioteca comunitária, assim como suas colegas mediadoras de leitura, é de intimidade com a
leitura e seu desejo de incentivar outras pessoas a desenvolver esse relacionamento com os livros:
“Trabalho há três anos como mediador de leitura, minha maior motivação é de poder ter o prazer de trabalhar no
universo que eu amo: livros, e saber que de alguma forma estou contribuindo para disseminar e incentivar a leitura e o
ato de ler nas pessoas assim como um dia também alguém me incentivou”.
Para W.H.D.B, sua atuação na biblioteca comunitária lhe permitiu crescer na esfera pessoal
e profissional:
“No âmbito profissional através de qualificação por meio das formações me incentivaram a buscar obter mais
conhecimento e de me qualificar para que eu pudesse ser um profissional qualificado na área que pretendo atuar; no
âmbito pessoal foi o amadurecimento de conceitos, ideias; emocional, o tratar as pessoas e saber se comunicar e ser
entendido por qualquer pessoa, saber me relacionar e conviver com pessoas de opiniões diferentes”.
A partir das falas dos mediadores de leitura, fica claro que as bibliotecas comunitárias
funcionam como espaços de multicultura, onde se desenvolvem diversas atividades direcionadas a
atender um público variado, desde crianças a idosos, podendo influenciar de modo positivo a vida
daqueles que atuam na linha de frente desses espaços, no caso, os mediadores de leitura.
�66
Esses mediadores atuam nessas bibliotecas não como bibliotecários, uma vez que não têm
formação para tal. No entanto, são mediadores entre o conhecimento e a comunidade, em que essas
bibliotecas se localizam, mantendo, assim, seus vínculos identitários e proporcionando a outros o
acesso às riquezas existentes na biblioteca.
Nota-se, ainda, que alguns mediadores, antes de atuarem nas bibliotecas comunitárias,
tinham pouco contato com os livros e a leitura; a biblioteca era um espaço distante de suas
realidades. Todavia, atualmente, a partir de suas atuações nesses espaços, esse quadro mudou. Os
jovens, no momento atual, dispõem de diversas oportunidades, tanto de crescimento profissional,
pessoal, bem como social. Logo, a biblioteca comunitária, agora, é uma parte importante de suas
vidas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento social e humano dos sujeitos perpassa seu acesso à leitura, à informação
e ao conhecimento, por meio, principalmente, da escola e da biblioteca. Essa última tem um papel
fundamental como ferramenta de inclusão social, em destaque, a biblioteca comunitária, pois ela
proporcionou o acesso à cidadania, seja como espaço de aprendizado, descobertas de habilidades,
ascensão profissional e educacional e como espaço de interação para os mediadores analisados
nesta pesquisa.
Trabalhar com o social é desenvolver habilidades para além da técnica; é entregar-se por
completo numa jornada sem limites, muitas vezes, sem retorno financeiro, mas de uma grandeza
imensurável. A biblioteca comunitária pode ser entendida como uma ferramenta capaz de
desenvolver habilidades e capacitar os sujeitos para os desafios da vida em comunidade, um ponto
de apoio para a tomada de decisões de interesse do coletivo e a mola propulsora de uma cidadania
plena. A partir das entrevistas, pode-se aferir que esses jovens despertaram o gosto literário no ato
de suas atividades, o que demonstra o quanto ações participantes colaboram para o desenvolvimento
tanto do mediador quanto dos leitores.
Além disso, percebe-se que as atividades desenvolvidas nas bibliotecas transformaram a
vida desses jovens, tornando esse momento não somente propício para formação profissional, mas
também para torná-los mais humanos, cientes do poder de transformação que possuem nas mãos. A
missão de mediar a leitura não é tarefa fácil, principalmente, quando se trata de um país de não
leitores; portanto, será sempre um desafio a ser enfrentado.
Dessa forma, ao passo em que os mediadores têm oportunidade de conhecer os serviços de
�67
uma biblioteca e desenvolver novas competências, eles também estão sendo contemplados pelo
programa, já que fazem parte da comunidade e são atingidos por uma série de riscos. Nas
bibliotecas comunitárias, eles desenvolvem o gosto literário, a criatividade, a imaginação e estão em
constante interação com os usuários que fazem parte da mesma comunidade. Demonstra-se,
portanto, a importância de projetos dessa natureza, que visam incluir, socialmente, jovens no
universo leitor e torná-los participantes e cientes dos direitos que possuem.
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�69
PARTE II
Bibliotecas no fomento à
leitura: o poder
transformador da leitura
em diferentes contextos
da sociedade
�70
CAPÍTULO V
QUARTA DA CONTAÇÃO: HISTÓRIAS CONTADAS POR CRIANÇAS
Karla Karinne Alcoforado Pinho Costa
Laiana Ferreira de Sousa
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Claudialyne da Silva Araújo
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho, discute-se o leitor que conta histórias e as contribuições advindas dessa
prática para o desenvolvimento de competências leitoras no início da infância. Desse modo, relatase como o ato de contar histórias favorece a aprendizagem e contribui para potencializar o
desenvolvimento da criatividade, da linguagem, da atenção e da memória.
A arte de contar histórias vem se destacando desde a antiguidade, até mesmo antes da
escrita. Hoje, é valorizada e reconhecida por ser um instrumento no processo educativo, pois é uma
excelente estratégia para despertar o gosto pela leitura desde o início da infância.
Infelizmente, a realidade brasileira anda a passos lentos no que diz respeito à formação de
leitores. Muitas vezes, as escolas utilizam metodologias que só afastam as crianças dos livros,
causando consequências desastrosas no aprendizado. Apesar disso, é, principalmente, na instituição
escolar, que o aluno tem o primeiro contato com os livros e com a sala de leitura, o que demonstra a
importância da biblioteca no âmbito da aprendizagem escolar.
É na escola que, na maioria das vezes, é apresentado o livro à criança pela primeira vez, por
isso a importância do desenvolvimento de ações que estimulem o gosto e o prazer da leitura
literária. Além disso, a organização de um lugar propício não somente para o compartilhamento de
livros com as crianças, mas também para a construção de um espaço onde elas se sintam
participantes, protagonizem ações de mediação de leitura e desenvolvam competências leitoras, é de
suma importância.
Foi pensando nisso que o Colégio Ari de Sá, localizado em Fortaleza - Ceará, desenvolveu o
projeto Quarta da Contação, há sete anos, com o objetivo de estimular a leitura nos alunos, de
maneira lúdica e eficaz. Toda quarta-feira, na Biblioteca Infantil, no horário dos intervalos, alunos,
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familiares e funcionários da escola se reúnem para contar histórias. Eles têm a oportunidade e a
liberdade de escolher uma história e contá-la para seus colegas.
Diante do exposto, este trabalho busca relatar as ações do Projeto Quarta da Contação, que
visa à formação de leitores das séries iniciais, por meio do protagonismo infantil. O intuito é
evidenciar a importância da contação de histórias para o desenvolvimento da linguagem,
estimulando a imaginação e a fantasia. Além disso, evidencia-se a leitura como instrumento
fundamental para o desenvolvimento educacional de qualquer indivíduo, instrumento esse
fortalecido quando adicionado à biblioteca escolar e às diferentes atividades desenvolvidas por ela,
no âmbito da escola.
Nesse contexto, levanta-se a seguinte questão: quais as contribuições da arte de contar
histórias para o desenvolvimento de competências leitoras nas séries iniciais?
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa,
realizada em uma instituição privada de ensino localizada em Fortaleza. Optou-se, também, pela
pesquisa participante, já que uma das autoras deste artigo atua como bibliotecária da instituição
onde o projeto é desenvolvido. Para tanto, além da observação e análise do comportamento dos
alunos que participam do projeto, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com professoras do
segundo ano do Ensino Fundamental I, responsáveis pelo processo de letramento dos alunos e
atuantes no Projeto Quarta da Contação. O intuito foi conhecer o impacto desse protagonismo
infantil, no que concerne à prática da contação de histórias, para o desenvolvimento de
competências leitoras, no contexto escolar.
Desse modo, a fim de alcançar a proposta deste artigo, a pesquisa se apresenta em sete
seções. A primeira, que constitui esta introdução, contextualiza a temática abordada e expõe a
justificativa acerca da escolha do tema, os objetivos e a metodologia utilizada. Na segunda parte,
apresenta-se o referencial teórico sobre contação de história e a biblioteca escolar, recorrendo aos
teóricos estudados. A seguir, são apresentadas a metodologia e os resultados obtidos neste estudo e,
finalmente, as considerações finais.
2 CONTANDO HISTÓRIAS NA ESCOLA PARA DESENVOLVER O GOSTO LITERÁRIO
Contar histórias é uma arte que existe desde muitos anos. Antigamente, homens e mulheres
se sentavam ao redor de fogueiras para contar e ouvir histórias, no intuito de trocar experiências,
transmitir ensinamentos, crenças, rituais, costumes, valores e mitos às futuras gerações, e que
pudessem ser perpetuados, conservando a cultura dos pais para os filhos e cultivando, assim, um
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laço de afetividade. A arte de contar histórias é um momento de confraternização e, ao mesmo
tempo, de absorver conhecimento.
Considerando as mudanças advindas de um novo paradigma social, marcado pela
conectividade e pelo acesso à informação via recursos digitais, o tempo para se ouvir uma história
já não é mais o mesmo. Hoje, os contadores de histórias apresentam-se nos palcos de espetáculos
com cenários e iluminação. Apesar dessas mudanças, sempre estamos contando histórias, pois,
constantemente, narramos fatos do nosso dia a dia e outras tantas histórias que nos aproximam
daquele antigo contador de história popular (SOUSA; LIMA; CAVALCANTE, 2017).
É notório o prazer nos olhos das pessoas ao ouvir uma boa história. O sujeito que escuta tem
a oportunidade de associar a realidade com a imaginação, pois certas histórias são como um estalo
para o despertar de novas ideias, de novas histórias. Afinal de contas, as “histórias existem para
serem contadas, serem ouvidas e conservarem aceso o enredo da humanidade. O contador narra
para se sentir vivo” (BUSATTO, 2006, p. 25).
Nesse contexto, a contação de histórias vem sendo valorizada e reconhecida como excelente
estratégia para o desenvolvimento da aprendizagem no processo educativo, principalmente devido
ao seu caráter lúdico, proporcionando, assim, o prazer de aprender e a superação de dificuldades de
aprendizagem. Busatto (2006) corrobora ao considerar que:
as histórias são verdadeiras fontes de sabedoria, que têm papel formador da identidade. Há
pouco tempo, elas foram redescobertas como fonte de conhecimento de vida, tornando-se
também um grande recurso para educadores. A tradição oral dos contos, não só não
reapareceu como está ganhando força nos últimos tempos (BUSATTO, 2006, p. 21).
É interessante que a contação de histórias faça parte da vida das pessoas desde a infância,
pois o hábito de ouvir histórias desde cedo auxilia na construção e no desenvolvimento da
identidade. Existe uma troca sensacional entre contador e o ouvinte, fazendo com que toda bagagem
cultural e afetiva dessas crianças aflore. “Contar histórias é uma arte porque traz significações ao
propor um diálogo entre as diferentes dimensões do ser” (BUSATTO, 2003, p. 10).
Além disso, a arte de contar história contribui para estimular a imaginação, já que, devido ao
seu aspecto lúdico,
o contar histórias é fermento para o imaginário. Elas nascem no coração e, poeticamente
circulando, se espalham por todos os sentidos devaneando, gatiando, até chegar ao
imaginário. O coração é o grande aliado da imaginação nesse processo de produção de
imagens significativas. Com o coração, a gente sente e vê com os olhos internos as imagens
que nos fazem bem (BUSATTO, 2006, p. 58).
Assim, a contação de histórias estimula o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da
criança. É um momento em que a criança pode sonhar e viajar por lugares incríveis, onde ela pode
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ser a mocinha ou guerreira, a princesa ou a bruxa, pode estar no castelo ou num vilarejo, tudo é
possível por meio de uma história lida ou contada, pois a leitura proporciona essa magia.
Autores como Abramovich (1997), Meireles (1984) e Coelho (2002) consideram
fundamental que o contador de histórias desenvolva habilidades do contexto cênico, pois esse
precisa articular expressões e movimentações que se encaixem no enredo da história e, assim,
prender a atenção do ouvinte.
Para contar uma história é preciso saber como se faz, afinal podem se descobrir sons e
palavras novas, e por isso é importante que se tenha uma metodologia específica. É preciso
que quem conte, crie um clima de envolvimento, de encanto, e saiba dar pausas necessárias
para que a imaginação da criança possa ir além e construir seu cenário, visualizar seus
monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua floresta, vestir a princesa com a roupa
que está inventando, pensar na cara do rei... E tantas outras coisas mais...
(ABRAMOVICH, 1994, p. 20).
É importante a preparação do contador de histórias, pois, somente assim, ele poderá fazer
entonações e variações de vozes para dar o efeito necessário ao enredo. Entende-se que o adulto
pode contar qualquer história para as crianças, desde que o livro esteja condizente com a
compreensão, como afirma Abramovich (1997).
Qualquer história pode ser contada, [...] desde que ela seja bem conhecida pelo contador,
escolhida porque a ache particularmente bela ou boa, porque tenha uma boa trama, porque
seja divertida ou inesperada ou porque dê margem para alguma discussão que pretende que
aconteça, ou porque acalme uma aflição... O critério é do narrador... E o que pode se
suceder depois depende do quanto ele conhece suas crianças [...] (ABRAMOVICH, 1997,
p. 20).
No século XVIII, surgiram os primeiros livros direcionados às crianças. Destacaram-se
alguns escritores da época, como La Fontaine e Charles Perrault, focando suas obras no gênero
contos de fada que perpetua até os dias atuais. Seguindo essa linha de gênero, foram surgindo outros
escritores como os irmãos Grimm, Hans Cristian Andersen e também Monteiro Lobato, todos com
obras importantes para a Literatura Infantil.
Nessa época, a Literatura Infantil era considerada como uma mercadoria, principalmente
para a sociedade aristocrática. Mas, com o passar do tempo, esse formato foi sendo modificado com
a industrialização, o crescimento da sociedade e toda a modernização, aumentando,
consequentemente, a produção de livros.
Baseando-se nessa evolução, as escolas passaram a compreender a importância da Literatura
Infantil e do livro na vida escolar das crianças. De acordo com Lajolo e Zilberman (2002, p. 15), “a
escola passa a habilitar as crianças para o consumo das obras impressas, servindo como
intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”.
No início do século XX, as obras didáticas produzidas e apresentadas para as crianças
tinham apenas um único objetivo, o de educar e criar um perfil de criança de acordo com as
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expectativas dos adultos. Os livros, dificilmente, tinham o objetivo de ser prazerosos e existiam
poucas obras que narravam situações do cotidiano das pessoas.
Atualmente, essas obras tomaram uma dimensão muito mais ampla e importante. Elas
oferecem à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo inquestionável. De acordo
com Abramovich (1997, p. 25), “quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar, de forma
mais clara, sentimentos que elas têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas
existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor,
perda, além de ensinarem infinitos assuntos”.
Outro fator importante é a escolha do espaço de leitura, o qual deve ser acolhedor,
convidativo e confortável, permitindo que as crianças circulem e falem livremente. Deve ser um
espaço propício não somente para o compartilhamento de livros com as crianças, mas também para
desenvolver teatro com fantoches, encenações com o uso de acessórios adequados, caracterizações
de personagens das histórias ou teatros em que as crianças sejam os personagens.
O uso de artifícios para prender a atenção do ouvinte também merece destaque. A técnica de
repetição é das mais favoráveis para conquistar e manter a atenção e o interesse do pré-leitor, pois,
na primeira vez que a história é contada para a criança, tudo é novidade. A partir da segunda vez, as
crianças já sabem o que acontecerá, então, elas procuram detalhes da história, assim como acontece
com os adultos em um bom livro lido ou em um belo filme visto.
Vale ressaltar que a família tem um papel fundamental nesse processo, pois a contação de
histórias, desde os primeiros meses de vida, influencia no processo de aquisição de leitura por
fruição, estando em segundo lugar a escola como agente educador, oferecendo não somente ações
de estímulos à leitura, mas, muitas vezes, o primeiro contato com o livro. Segundo Sandroni e
Machado (2000, p. 12), “a criança percebe desde muito cedo que livro é uma coisa boa, que dá
prazer”. As crianças pequenas apresentam interesse pelas imagens, sons, formas e figuras que os
livros possuem e, mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as. Cumpre
aos adultos oportunizar esse primeiro contato com os livros.
É fundamental que a criança possa vivenciar a palavra e a escuta em todas as suas
possibilidades, explorando diferentes linguagens, capturando-as e apropriando-se do mundo
que a cerca, para que este se desvele diante dela e se torne fonte de interesse vivo e
permanente, fonte de curiosidade, de espantos de desejos e descobertas, numa dinâmica em
que ela se socialize e se manifeste de forma ativa, cri (ativa), participativa em qualquer
situação, não apenas “recebendo” passivamente, mas produzindo e (re) produzindo cultura
(JORGE, 2003, p. 97).
Nesse sentido, quando uma criança tem acesso ao livro desde cedo e percebe o prazer que a
leitura produz, maior será a chance de se tornar um adulto leitor, além de desenvolver uma postura
crítico-reflexiva extremamente relevante à sua formação cognitiva.
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Para alguns escritores, o gosto pela leitura está relacionado à questão do acesso ao livro; a
escola, como espaço público, deve favorecê-lo, criando oportunidades para que seja despertado nos
alunos o interesse pela leitura.
3 BIBLIOTECA ESCOLAR: UMA GRANDE ALIADA
A partir do desenvolvimento da imprensa por Gutenberg, no século XV, aumentaram o
número de publicações e, com isso, a importância da biblioteca, local indispensável à formação e ao
desenvolvimento intelectual dos indivíduos. Hoje em dia, as bibliotecas escolares têm sido criadas
para atender as escolas como um recurso de ensino-aprendizagem, pois a ideia de democratização
do saber por meio da leitura confirma a necessidade e a importância dessa instituição.
Na maioria das bibliotecas da Antiguidade, o acesso à leitura e à escrita era restrito a uma
parcela muito pequena da população. Em meados do século XIX, no Brasil, surgiram as primeiras
discussões sobre a necessidade de criação de bibliotecas escolares. Na época, referiam-se à palavra
“biblioteca” apenas como coleções de livros (VÁLIO, 1990).
A concepção que temos de biblioteca vem se transformando e se ajustando por meio da
própria história desse espaço. Para Fonseca (1992, p. 25), um novo conceito “é o de biblioteca
menos como coleção de livros e outros documentos, devidamente classificados e catalogados do
que como assembleia de usuários da informação”. Isso quer dizer que as bibliotecas não devem ser
vistas como simples depósitos de livros, mas devem ter seu foco voltado para as pessoas e ao uso
que essas fazem da informação, oferecendo meios para que essa circule da forma mais dinâmica
possível.
As bibliotecas podem ser classificadas como infantis, especializadas, públicas, nacionais,
comunitárias, de centro cultural, entre outras. Aqui, o foco será a biblioteca escolar. Para Pimentel
(2007, p. 23), a biblioteca escolar,
localiza-se em escolas e é organizada para integrar-se com a sala de aula e no
desenvolvimento do currículo escolar. Funciona como um centro de recursos educativos,
integrado ao processo de ensino-aprendizagem, tendo como objetivo primordial
desenvolver e fomentar a leitura e a informação.
A biblioteca escolar tem uma grande missão. De acordo com o Manifesto da Federação
Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias e da Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (IFLA/UNESCO, 2005), ela promove serviços de apoio à
aprendizagem e livros aos membros da comunidade escolar, oferecendo-lhes a possibilidade de se
tornarem pensadores críticos e efetivos usuários da informação, em todos os formatos e meios.
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Segundo Souza et al. (2011, p. 2), “a biblioteca escolar foi criada para desenvolver o ensino formal,
sendo de sua competência, grande parcela no desenvolvimento da capacidade de ler”.
O estímulo à leitura não se trata do incentivo ao isolamento do indivíduo com o livro, mas
trata-se de muni-lo com conhecimento para que possa conviver e relacionar-se com o meio em que
vive. A leitura jamais será um ato isolado, pois carrega consigo vivências e relações que se
misturam e influenciam umas às outras, contribuindo para a interpretação dos textos lidos.
Conforme Lajollo (2005, p. 7), “ninguém nasce sabendo ler, aprende-se a ler à medida que se vive.
Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na
chamada escola da vida [...]”. Já Freire (2001) ressalta que a leitura não é somente para a criança,
mas tem sua importância em todas as fases da vida do indivíduo.
A biblioteca escolar, principal espaço mediador da leitura na infância, também se faz
presente como elemento de ligação entre professor e aluno no processo de aprendizagem. Observase, conforme Andrade (2002, p. 13), que “educadores – professores e bibliotecários – que acreditam
na biblioteca como recurso pedagógico eficiente, contam agora com evidências concretas para
mostrar que a biblioteca escolar pode fazer diferença na educação de crianças e jovens”.
Dessa forma, um dos papéis das bibliotecas escolares é proporcionar o desempenho da
prática da leitura como uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da cidadania e da
democratização da informação. Além disso, contribui para o desenvolvimento de atividades em sala
de aula, ao fornecer materiais que reforçam o conteúdo estudado e que proporcionam o
entretenimento. Esses processos possibilitam aos alunos melhor desenvolvimento de seu
aprendizado e o gosto pela leitura.
Uma escola deve ter como aliada uma biblioteca, cujo espaço deve ser atrativo, acolhedor,
com muitas atividades literárias, um acervo adequado à faixa etária e, principalmente, com
profissionais especializados para gerenciar todas as ações do setor. Caldin (2005, p. 1) demonstra
que,
além de despertar o gosto pela leitura como forma habitual de lazer, um dos objetivos da
biblioteca escolar é a formação do cidadão consciente e capaz de um pensamento crítico e
criativo. Isso significa uma maior participação do bibliotecário no processo cultural do qual
fazem parte, também, os professores, pedagogos, escritores e pesquisadores que vêem na
leitura um ato de conscientização do indivíduo.
A existência de uma biblioteca escolar ativa e dinâmica é um fator fundamental para que se
estabeleça o processo de ensino-aprendizagem e o incentivo à leitura, pois é o primeiro contato do
aluno com esse tipo de estabelecimento.
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A biblioteca deve ser entendida como um centro de cultura, entretenimento, apoio
pedagógico, enfim, “o coração da escola”. Nela, a leitura deve ser prazerosa, um lazer, uma
diversão, pois existem alunos que não têm nenhum incentivo em casa.
Segundo Pimentel (2007, p. 28), “[...] a biblioteca escolar deve ser encarada como um
espaço dinâmico e indispensável na formação do cidadão”. E, com base nessa citação, surge o papel
do bibliotecário, com muita responsabilidade de se atentar para garantir o acesso à leitura, de
manter a frequência dos alunos em horários livres ou em momentos com a turma e os professores. É
dever desse profissional deixar a biblioteca sempre de portas abertas para qualquer usuário,
envolvendo a participação dos pais, professores, funcionários da escola e toda a comunidade
escolar.
4 METODOLOGIA
A presente seção aborda a metodologia utilizada na elaboração do estudo, cujo objetivo
principal é relatar a experiência do desenvolvimento do Projeto Quarta da Contação. Segundo
Pedron (2001), metodologia é o caminho percorrido para se alcançar determinado fim. Ou seja,
metodologia é o conjunto de métodos e técnicas aplicados para se atingir um determinado objetivo.
O estudo tem caráter exploratório, visto que o “tema escolhido é pouco explorado e torna-se
difícil sobre ele formular hipóteses precisas” (GIL, 2010, p. 43). O objetivo da pesquisa exploratória
é proporcionar visão geral sobre determinado fenômeno, que pode servir de ponto de partida para
novos trabalhos sobre o tema abordado. Desse modo, a etapa inicial da pesquisa envolveu o
levantamento bibliográfico, em que foram consultados livros e artigos sobre o tema selecionado, já
que o levantamento bibliográfico visa ao esclarecimento de conceitos sobre o tema ou problema
estudado.
A pesquisa tem abordagem qualitativa, pois analisa os aspectos subjetivos que qualificam o
problema. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semiestruturada. O corpus de
análise foi constituído pelos alunos, com o levantamento de dados ocorrendo junto a professores e
educandos.
O universo da pesquisa é composto por aproximadamente 100 alunos e cinco professores.
Para este artigo, selecionou-se uma amostra correspondente a duas professoras do Ensino
Fundamental I e em torno de 60 alunos. Utilizou-se a amostragem intencional por conveniência,
pois as professoras foram escolhidas por estarem na escola no momento da realização da entrevista.
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A escolha da escola ocorreu devido a uma das autoras do artigo trabalhar como bibliotecária na
instituição.
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PROJETO
QUARTA
DA
CONTAÇÃO:
ANÁLISE
DO
COMPORTAMENTO
INFORMACIONAL DE CRIANÇAS CONTADORAS DE HISTÓRIAS
O projeto de leitura e contação de histórias Quarta da Contação foi criado em 2011, na
Biblioteca Escolar do Colégio Ari de Sá Cavalcante, localizado em Fortaleza, com o objetivo de
atender a grande demanda de alunos que frequentavam a biblioteca no intervalo de aula. As
atividades do projeto ocorrem todas as quartas-feiras, momento em que as crianças selecionam uma
história para contar a seus amigos que estão presentes na biblioteca. Para o espetáculo, são
disponibilizados instrumentos de som, ou seja, microfone e caixa de som, além de acessórios, como
fantasias de livre escolha do aluno. Depois da narração, registra-se a presença do aluno com uma
foto sua e o livro de sua escolha para, posteriormente, expor a fotografia num painel da biblioteca. É
comum os alunos convidarem seus pais para visitarem o espaço e verem a exposição de fotos no
painel, momento de grande satisfação.
A partir da experiência com o desenvolvimento do projeto, surgiu o interesse de avaliar o
comportamento dessas crianças juntamente com o auxílio de duas professoras que participam das
ações. O intuito foi conhecer o impacto desse protagonismo infantil, no que concerne à prática da
contação de histórias, para o desenvolvimento de competências leitoras no contexto escolar.
Inicialmente, observaram-se os alunos, tentando entender que histórias eles mais gostavam
de contar para seus amigos. Percebeu-se que a grande maioria das meninas se interessava mais por
histórias de princesas, bailarinas e animais, enquanto os meninos se identificam mais com livros de
dinossauros, animais e comédias. A participação das meninas é bastante representativa, pois elas
frequentam mais o projeto, utilizam mais os acessórios e fantasias, gostam mais de tirar fotos; já os
meninos são mais práticos e objetivos quanto ao uso de acessórios e, geralmente, escolhem um
chapéu ou óculos, dentre outros.
Participa das atividades do projeto uma média de 40 alunos no turno da manhã e 20 alunos
no turno da tarde. Nota-se o desenvolvimento gradativo dos participantes no que concerne à leitura,
pois, no começo do ano, as crianças começam lendo muito devagar e escolhem poucos livros para o
empréstimo e, em pouco tempo, desenvolvem um verdadeiro cotidiano leitor. Foi unânime a fala
das crianças sobre a emoção de contar histórias com o microfone e com os recursos oferecidos para
os seus colegas assistirem: “Eu me sinto uma artista de televisão”.
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Muitos comentam que os pais ficam orgulhosos e felizes com a participação deles no
projeto, o que demonstra que esses alunos que contam histórias são também estimulados pelos pais
e familiares. Além disso, as crianças relatam que frequentam livrarias e teatro, o que demonstra a
importância desse estímulo para além da sala de aula. “O primeiro contato da criança com um texto
é feito oralmente, por meio da voz da mãe, do pai ou das avós, contando contos de fadas, trechos da
Bíblia, histórias inventadas...” (ABRAMOVICH, 1995, p. 20).
Em entrevista com as crianças envolvidas no projeto, a grande maioria comentou sobre a
influência das professoras nas salas de aula, que contam histórias em sala e conduzem os alunos até
a biblioteca, estimulando, dessa forma, o prazer pela leitura.
Entrevistando duas das principais professoras que participam desse projeto, as interlocutoras
comentaram sobre a satisfação de colher frutos com suas ações de incentivo à leitura. Falaram da
importância de organizar horários de aula de expressão oral e escrita para acontecerem na
biblioteca, como também reservam um tempo de visita a esse espaço para fazerem alguma leitura
com sua turma.
Segundo a professora Silva, é importante a leitura na vida das crianças, pois elas caminham
para uma formação de qualidade, de modo que se tornam mais criativas nas atividades curriculares
da escola e desenvolvem melhor as argumentações, ocasionando um excelente desempenho escolar.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta pesquisa, foi possível acompanhar o projeto Quarta da Contação e avaliar o
desenvolvimento de competências leitoras de alunos do Fundamental I. Nota-se que foi a partir da
ação da biblioteca da escola que o projeto atingiu uma ampla dimensão, com resultados notórios no
desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos alunos.
Pensando na formação integral do aluno, a biblioteca propõe, por meio da contação de
história, formar a criança para a prática da liberdade, autonomia e construção da identidade e
personalidade. Quando a criança conta uma história, ela está se divertindo, estimulando a
imaginação, e todo esse desenvolvimento agrega excelentes resultados em sala de aula.
Assim, pode-se dizer que as histórias tratam de questões relativas à vivência social e coletiva
e, ao serem utilizadas na biblioteca, podem fornecer aos educandos formas de se relacionar com as
realidades externas e internas da dimensão humana. Não se trata apenas de entretenimento infantil,
mas também de fontes de conhecimento e imaginação.
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A partir do relato das professoras entrevistadas, percebeu-se que o contato com o livro e a
contação de história são essenciais, pois todos esses fatores intensificam o interesse e o prazer das
crianças para o universo literário, refletidos no desempenho dos alunos em sala de aula.
Dessa forma, conclui-se que a contação de histórias responde às necessidades afetivas e
intelectuais das crianças, gerando inúmeros benefícios para o leitor que conta histórias, pois, além
de instigar o gosto literário, amplia o vocabulário, desenvolve a linguagem oral e escrita, exercita o
poder de concentração, educa a atenção, dentre outros. Por isso, assume-se a importância em
desenvolver ações que dinamizem o espaço da biblioteca escolar e promovam o acesso à leitura
literária nas séries iniciais.
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�82
CAPÍTULO VI
IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECAS EM TERMINAIS URBANOS DA GRANDE
VITÓRIA-ES: UM RELATO DE CASO9
Maria Aparecida de Mesquita Calmon
Suelen de Oliveira Campos
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
Os estudos e projetos desenvolvidos sobre leitura têm sido uma constante na vivência de
profissionais e instituições, sobretudo daqueles (daquelas) que lidam com a informação e o
conhecimento para transformação social.
Dentre essas instituições, as bibliotecas se destacam, pois são elas propulsoras da
informação contida nas mais diferenciadas coleções que formam os acervos bibliográficos. Em
meio às atividades de formação e disseminação dos acervos, aliado aos serviços de referência que
atendem diferentes públicos, as bibliotecas e os bibliotecários acabam por estimular a prática da
leitura.
Assim, as bibliotecas se configurarem-se como espaços promotores da leitura. Cientes do
papel da leitura na vida dos indivíduos, seja quanto ao desenvolvimento intelectual, psicológico,
cultural e social, além da contribuição com o entretenimento, as bibliotecas colocam-se a serviço da
leitura, como também na formação de leitores.
Deveras, ao abraçar essa causa, as bibliotecas estão realizando uma atividade nobre para a
sociedade, pois a leitura fomenta a prática cidadã, como discorrido nos estudos de Diniz et al.
(2011) e Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014), dentre outros.
Além disso, há de se considerar que ao viabilizar a leitura, bibliotecas e bibliotecários estão
exercendo uma atividade inerente ao seu exercício profissional, mas também, não podemos
9
Os resultados finais deste relato de caso foram publicados no ano de 2016, na Revista Biblionline. Logo, o texto que
aqui se apresenta expõe esses e outros resultados, com algumas adaptações, sobretudo no que tange às mudanças
ocorridas, nos últimos anos, no Sistema de Transporte Rodoviário Urbano (TRANSCOL) da Grande Vitória, estado do
Espírito Santo.
�83
esquecer que elas e eles estão cumprindo o que está expresso em políticas públicas em favor da
leitura no Brasil, de modo a tornar a sociedade cada vez mais leitora.
No âmbito governamental, a criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) revestese dessa causa, mobilizando ações em prol da promoção da leitura. Assim, torna-se uma tarefa
conjunta, seja de pessoas, organizações e governo em unir esforços no sentido de promover
parcerias e redes de leitura em todo o país (BRASIL, 2011).
As bibliotecas procuram atender as disposições do PNLL, dentre outras determinações
normativas, seja nas esferas municipal, estadual ou federal. O objetivo principal é permitir que a
leitura passe a se manifestar como uma atividade prazerosa, que pode ser realizada em qualquer
ambiente, desmistificando o fato de que as pessoas não lerem por falta de tempo; por não terem
condições de adquirir um livro; porque passam boa parte do tempo no trabalho; porque não vão à
escola ou à biblioteca, dentre outras justificativas.
É com esse propósito que muitas bibliotecas, sobretudo as bibliotecas públicas ou
comunitárias, realizam projetos em que os livros vão ao encontro das pessoas. Esses projetos são
estimuladores, porque rompem as “desculpas” acima mencionadas, e acabam por incentivar as
pessoas ao hábito da leitura.
É comum perceber projetos conduzidos pelas bibliotecas em que os livros são expostos em
ambientes fora da biblioteca. É louvável essa atividade, pois a biblioteca adota uma postura próativa, indo ao encontro dos leitores. Além de irem ao encontro dos leitores, é preciso também,
conforme defendido na tese de Chartier (1994, 1998), conhecer o perfil dos leitores, de modo a
melhorar as condições, para que a prática da leitura se efetive, independente do local que o leitor
esteja.
Pensando nisso, foi implementado o Projeto Biblioteca Transcol, uma parceria firmada entre
a Biblioteca Pública do Estado do Espírito Santo e o Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano
(TRANSCOL) da Grande Vitória, estado do Espírito Santo (ES). Uma das ações do projeto foi
instituir acervos bibliográficos nos terminais de ônibus existentes nas cidades que comportam essa
região metropolitana, de modo que as pessoas, ao passarem no local, pudessem retirar um livro e
realizar a leitura, seja em casa, ou dentro dos ônibus.
Acreditamos que esse projeto sustentou-se na estratégia de que, mesmo estando dentro de
um ônibus, e, normalmente, diante de altos engarrafamentos comuns nas cidades brasileiras, as
pessoas pudessem aproveitar o tempo ocioso para recorrer à prática da leitura.
Assim, este estudo disserta acerca dos espaços de leitura instituídos em locais externos às
bibliotecas físicas, haja vista implementar ações de fomento à leitura na sociedade. Objetiva
apresentar o Projeto Biblioteca Transcol, demonstrando a oferta de material informacional
�84
disponibilizado em terminais rodoviários de grande circulação e disponíveis aos usuários que
utilizam o sistema de transporte urbano da região metropolitana de Vitória. Tendo em vista
demonstrar o desenvolvimento do referido projeto, analisam-se as práticas de leitura e o perfil dos
leitores, assim como a percepção dos usuários desses espaços quanto ao material fornecido e as
condições ambientais para concretização da leitura.
2 DIÁLOGO COM A LITERATURA
No intuito de fundamentar as ideias propostas neste artigo acerca da importância da leitura e
da contribuição do bibliotecário e da biblioteca no fomento a essa prática, principalmente quanto à
elaboração de ações que estimulem essas práticas para além dos ambientes tradicionais das
bibliotecas, esta seção destina-se a apresentar reflexões que confirmem a importância e necessidade
em se realizar essas ações.
Assim, nos dois tópicos, a seguir, apresentam-se fundamentação teórica, considerando o
papel da biblioteca e do bibliotecário no estímulo às práticas leitoras, como também os ambientes
em que essa prática pode se realizar e qual o comportamento dos leitores nos mais variados
contextos e ambientes em que a leitura pode ser realizada.
2.1 A CONTRIBUIÇÃO DAS INSTITUIÇÕES E PROFISSIONAIS NO FOMENTO À
LEITURA: O PAPEL DA BIBLIOTECA E DO BIBLIOTECÁRIO
A leitura vem sendo muito questionada ao longo dos tempos, principalmente a partir do
momento que passou a ser vista como uma prática de transformação e desenvolvimento intelectual e
social. É por meio da leitura que se desenvolve a habilidade crítica e reflexiva, o que torna o leitor
capacitado a transformar sua realidade. Portanto, a leitura desperta o conhecimento do mundo,
sendo um instrumento propagador de cidadania (MARINHO, 1993).
Por estar relacionada à cidadania, assim como defende a tese de Marinho (1993), a leitura
torna-se objeto de preocupação de governantes, principalmente nos países de sistema democrático.
Ela ocupa (ou deveria ocupar) um lugar privilegiado nos planos governamentais, o que justifica a
criação de políticas públicas que assegurem a formação de uma sociedade leitora (ROSA;
ODDONE, 2006).
�85
Para que a sociedade se torne leitora, não basta apenas investir no sistema educacional, de
modo a reduzir o analfabetismo. É preciso, segundo Rosa e Oddone (2006), implementar programas
de incentivo à leitura, sendo necessário, também, demonstrar a importância do livro e das
instituições que se colocam a serviço de sua guarda e disseminação, como as bibliotecas.
Especificamente, no Brasil, observa-se um cenário desigual e contraditório, pois, ao mesmo
tempo em que há políticas públicas e programas governamentais em favor da leitura, do livro e das
bibliotecas, muitas medidas não são implementadas, o que transforma o país em uma nação com
poucos leitores (ROSA; ODDONE, 2006).
Segundo essas autoras, transformar o Brasil em um país de leitores constitui um grande
desafio, principalmente com os reflexos da sociedade da informação, em que novos suportes
informacionais surgem, o que demanda conhecimento no uso das novas tecnologias por parte do
leitor, e isso pode acarretar novos problemas na tentativa de incluir o cidadão nesse novo estágio da
sociedade.
Mesmo diante dessas dificuldades, é preciso considerar que a luta por uma sociedade leitora
não constitui apenas missão dos governos, mas também de outras instituições e profissionais
engajados com as causas sociais. Trata-se de um trabalho conjunto, em que esforços devem ser
comungados, assim como dispõe o PNLL, cuja meta principal é criar condições favoráveis para a
formação de leitores e o incentivo à leitura no Brasil (BRASIL, 2011).
De acordo com o referido programa, todo cidadão deve ter acesso ao livro e à leitura,
independente de quaisquer limitações desse sujeito. Portanto, esse programa coloca-se a serviço da
formação cidadã por meio da prática da leitura. Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014, p. 79), a
respeito do PNLL, consideram que
o documento legal determina que o país condicione a formação continuada de profissionais,
seja das escolas, seja das bibliotecas. Para atingir esse fim, deve ser viabilizada a produção
e distribuição de materiais de orientação, com vistas a promover parcerias e redes de
leitura. Também se recomenda no texto legal a ampliação e implementação de bibliotecas
escolares e dotação de acervos.
Considerando as reflexões dos autores citados, entende-se que as instituições educacionais,
como as escolas e as bibliotecas, devem ser disseminadoras e incentivadoras das práticas leitoras.
Os profissionais dessas instituições devem comportar-se como agentes educacionais, culturais e
sociais, tendo apoio, incentivo e investimento por parte das autoridades governamentais.
Assim, é necessário repensar o papel da biblioteca, a qual deve adquirir uma dimensão
educativa, como mediadora e formadora de leitores (prática de leitura), além de sua atuação como
agência modificadora “[...] do viver, do sentir e do pensar do indivíduo, ou seja, torná-los
verdadeiramente cidadãos” (MARINHO, 1993, p. 93).
�86
Sendo assim, depreende-se o importante papel que o bibliotecário possui quanto à formação
de uma sociedade leitora. Esse profissional não pode ser visto apenas como guardião dos acervos,
mas sim, como propagador da informação, contribuindo para o desenvolvimento cidadão, tendo em
vista conquistar “[...] igualdade de oportunidades sociais que possibilitem a todos os estudantes o
acesso ao conhecimento registrado” (CALDIN, 2005, p. 163).
Com efeito, o bibliotecário deve ser dinâmico e audacioso, desenvolvendo ações que
interfiram no cotidiano das pessoas. No que se refere ao incentivo à leitura, não resta dúvida de que,
a inovação e criatividade são primordiais para atrair os novos leitores. O bibliotecário deve fazer
com que a biblioteca seja um espaço divertido e agradável para que as pessoas tenham mais vontade
de frequentá-la. Projetos podem ser realizados nas unidades de informação para atrair e manter os
leitores interessados (PITZ; SOUZA; BOSO, 2011).
A adoção de projetos constitui uma forma valiosa para divulgar o trabalho prestado na
unidade de informação. Portanto, no que se refere à leitura, o desenvolvimento de projetos que
viabilizem o contato dos usuários com os materiais informacionais, que despertem o interesse pela
leitura, tais como dramatizações e contações de história constituem atividades criativas e inovadoras
(PITZ; SOUZA; BOSO, 2011).
Outro exemplo de atividades bibliotecárias criativas e inovadoras voltadas à propagação da
leitura diz respeito à construção de espaços de leitura, podendo esses espaços serem estruturados
fora do ambiente físico da biblioteca, o que permite uma atuação bibliotecária além da biblioteca
(SANTA ANNA; GREGÓRIO; GERLIN, 2014).
É evidente que os espaços de leitura criados fora da estrutura física da biblioteca ampliam os
laços de aproximação entre biblioteca e sociedade. Para Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014), essa
atuação é, sem dúvida alguma, uma atitude interventiva do bibliotecário, haja vista despertar a
importância e o interesse pela leitura a um número cada vez maior e diversificado de leitores.
Assim, projetos podem ser realizados no sentido de implementar espaços de leitura em diversos
locais de uma comunidade, seja em locais públicos de grande circulação, seja em locais mais
reservados e privativos, como no interior de empresas.
2.2 ALÉM DOS MUROS DAS BIBLIOTECAS: OS ESPAÇOS E PRÁTICAS DE LEITURA E O
PERFIL DO LEITOR
Considerando a atuação da biblioteca além de seu recinto, no que se refere à propagação da
leitura, assim como apontou Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014), ao estruturarem um espaço de
�87
leitura em instituição hospitalar, depreende-se que a biblioteca e demais instituições educacionais
devem ser um organismo dinâmico que vai ao encontro da sociedade, desenvolvendo um trabalho
interventivo e de mudanças.
Marinho (1993) reforça o trabalho árduo das escolas e bibliotecas na busca por uma
sociedade leitora. Segundo esse autor, no que se refere à biblioteca, essa unidade possui um caráter
social, e não pode se manter isolada, nem tampouco, restrita a atividades internas de seu recinto. Ao
contrário, ela deve extravasar suas paredes, indo ao encontro de leitores e promovendo ações que
fomentem a leitura em todas as partes e grupos da sociedade.
A biblioteca possui inúmeras contribuições e funcionalidades na sociedade, sendo a
propagação da leitura, uma de suas maiores responsabilidades. Mas essa missão não deve restringirse aos muros das unidades. Ao contrário, as atividades bibliotecárias devem atingir diferentes
contextos e instâncias (SANTA ANNA; GREGÓRIO; GERLIN, 2014). E, essa expansão torna-se
ainda mais fácil com o uso das novas tecnologias, em que a biblioteca se torna universal, sem muros
e até sem lugar específico, o que permite a propagação da biblioteca na sociedade (CHARTIER,
1994).
Promover ações de leitura em ambientes externos às instituições educacionais requer a
gestão de espaços específicos para acomodar os materiais informacionais, assim como proporcionar
condições físicas e adequadas ao leitor para que o processo de leitura se efetive. Os espaços de
leitura, segundo Barreto (2007, p. 44-45), apresentam-se “[...] como o lugar, o ambiente destinado
ao ato de ler, onde o corpo do leitor presentifica-se [...]”.
Por isso, ao se pensar nos espaços de leitura, segundo Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014),
deve-se considerar essas estruturas como locais que viabilizam a aprendizagem. Portanto, segundo
esses autores, a prática da leitura não pode ser realizada apenas em ambientes educacionais, na
família ou na biblioteca. Nesse contexto, entende-se que a leitura pode ser realizada por meio da
estruturação de ambientes de aprendizagem “[...] organizados fora do ambiente escolar e/ou da
biblioteca, podendo ser firmada em ambientes onde o público aproveita o tempo ocioso para
consolidação da leitura” (SANTA ANNA; GREGÓRIO; GERLIN, 2014, p. 85, grifo nosso).
Assim, no entendimento desses autores, constata-se que o bibliotecário expande sua atuação
profissional e cumpre sua missão de agente cultural e social ao adquirir competência informacional,
contribuindo, sobremaneira, no gerenciamento desses espaços destinados à leitura e aprendizagem.
Embora pareça um processo simplista, ao arquitetar um espaço de leitura, muitas questões
complexas estão envolvidas, assim como defendeu Chartier e Lebrun (1998). O ambiente que está à
volta do leitor, as condições estruturais oferecidas para acomodar esse sujeito são fatores
interferentes nas técnicas utilizadas por ele durante a realização da leitura. Esses autores também
�88
demonstram que o espaço físico, assim como as tecnologias que materializam os textos (os
suportes) são questões que repercutem na produção de sentido.
No que se refere às tecnologias utilizadas, é consenso na literatura que os recursos
informáticos viabilizam grandes mudanças no processo de leitura, assim como na definição do
perfil do leitor e sua interação com o texto lido e a produção de sentidos. Nesse enfoque das novas
tecnologias, evidencia-se que esses suportes provocam mutações nas práticas de leitura, e o uso da
eletrônica como forma de escrita e comunicação acentuou a capacidade de interação do texto com o
leitor, por conseguinte, aumentaram-se as técnicas e práticas de leitura na sociedade atual,
viabilizando, também, diferentes perfis de leitores (SANTA ANNA; PEREIRA, 2014). Sendo
assim, não resta dúvida de que “a revolução do texto eletrônico será, ela também, uma revolução da
leitura. Ler num monitor não é o mesmo que ler num códice [...]” (CHARTIER, 1994, p. 190).
Vê-se que a trajetória do escrito ao longo dos tempos é suficiente para demonstrar a
pluralidade de formas que podem ser utilizadas para a prática da leitura, o que demonstra ser a
leitura um processo dinâmico, mutante e plural (CHARTIER, 1994). Portanto, as práticas, técnicas
e metodologias de leitura existentes são das mais diferenciadas, tendo o leitor a oportunidade de
optar por um ou outro tipo, considerando questões espaciais, tecnológicas e contextuais
(CHARTIER; LEBRUN, 1998).
Levando em consideração essas questões que permeiam o contexto do leitor, nota-se a
consolidação de diferentes perfis de leitores. A esse respeito, refletem Santa Anna e Pereira (2014,
p. 1693):
O surgimento da escrita representa um grande marco histórico à leitura, condicionando o
surgimento de diferentes práticas de leitura ao longo do desenvolvimento das sociedades. É
graças aos recursos materiais ou suportes tecnológicos que a escrita pôde ser representada
graficamente, por conseguinte, diversificaram-se as técnicas, estratégias e metodologias de
se realizar a leitura, acarretando, outrossim, perfis diferenciados de leitores.
Assim, as diversas técnicas de leitura viabilizadas ao longo dos tempos repercutem na
formação do leitor contemporâneo, o qual deixa de ser um agente receptor, para ser um interagente,
assumindo um papel mais dinâmico e participativo na construção dos significados oriundos do
texto. Logo, diferentes técnicas de leitura podem ser utilizadas, caracterizando diversos perfis de
leitor que podem ser: contemplativo (que realiza leitura detalhada), movente (o qual utiliza variadas
fontes) ou imersivo (utiliza fontes contextualizadas com recursos da internet) (SANTAELLA,
2004).
Em suma, observam-se as complexidades que envolvem os espaços de leitura, logo,
confirma-se a importante missão do bibliotecário ao arquitetar e gerenciar esses ambientes, sendo
�89
necessário constante monitoramento das condições estruturais e contextuais e dos recursos que
permitem que a prática da leitura seja realizada e disseminada de forma efetiva na sociedade.
3 MÉTODO DA PESQUISA
A metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo caracterizou a pesquisa como
descritiva, no que se refere aos objetivos do estudo e pesquisa de campo, no que se refere aos
procedimentos técnicos utilizados.
Consideramos este estudo como descritivo, pois ele analisou a realidade de uma dada
população, ou seja, 32 usuários que frequentam os espaços de leitura estruturados em terminais
rodoviários, espaços esses denominados de Biblioteca Transcol. Também pode ser considerado
como descritivo, uma vez que utilizou como técnica de coleta de dados, formulário com perguntas
fechadas (11 perguntas).
No caso deste estudo, o ambiente de pesquisa delimitado foi o projeto desenvolvido por uma
instituição bibliotecária, denominado de Projeto Biblioteca Transcol, cujo objetivo desse projeto é
disponibilizar acervos de livros para leitores que frequentemente utilizam o sistema de transporte
coletivo, sendo esses acervos caracterizados como espaços de leitura inseridos nos terminais
rodoviários pertencentes ao sistema de transporte coletivo.
Quanto às técnicas para coleta de dados, utilizou aplicação de questionário a leitores das
Bibliotecas Transcol, bem como o estudo de observação junto aos bibliotecários que gerenciam o
projeto, com o intuito de coletar informações sobre a criação, desenvolvimento e monitoramento do
projeto.
No que se refere à abordagem do problema, este estudo classifica-se como qualiquantitativo, pois ao mesmo tempo que se analisam dados concretos e objetivos com base nas
respostas obtidas na aplicação do questionário, recorreu-se à indução, a partir das entrevistas com os
bibliotecários, bem como às reflexões oriundas da fundamentação teórica.
3.1 O PROJETO BIBLIOTECA TRANSCOL
Tendo em vista a fundamentação teórica discorrida, considera-se a Biblioteca Transcol
como um espaço de leitura gerenciado pela Biblioteca Pública do Estado do Espírito Santo, em
parceria com a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (CETURB), empresa essa
�90
que gerencia o sistema de transporte coletivo unificado dessa região, denominado de Sistema
Transcol.
Esse sistema adota a estrutura tronco-alimentadora, interligando diferentes linhas em
diversos terminais rodoviários, dispersos nos cinco municípios que compõem a região
metropolitana. Atualmente, o sistema possui um total de nove terminais interligados, com local
destinado ao embarque e desembarque de passageiros10. No interior dos terminais também há
diferentes lojas que prestam diversos serviços e/ou oferecem produtos variados aos usuários que
utilizam o sistema.
Levando em consideração a quantidade de pessoas que circulam nesses locais diariamente e
o tempo gasto na viagem dentro dos ônibus ou na espera nos terminais, foi instituído um acervo
contendo diferentes literaturas, tendo em vista incentivar a prática da leitura, durante a permanência
das pessoas nos terminais ou dentro dos coletivos.
Esses acervos foram expostos em prateleiras, no interior de uma sala, a qual possui também
computadores com acesso à internet. Esses espaços, denominados de Biblioteca Transcol, estão
presentes em todos os terminais da Grande Vitória. Logo, em 2018, o sistema consta com um total
de nove acervos.
Cada unidade possui em média um total de, aproximadamente, 2500 itens informacionais
(no caso, livros impressos). Esses acervos constam com diversas literaturas, seja ela científica,
acadêmica ou literária. No entanto, a maior parte do acervo está composta por obras de literatura.
Seu acervo é gerenciando pela Biblioteca Pública de Vitória, que é ligada à Secretaria de Estado da
Cultura (SECULT).
Os serviços prestados nesses espaços envolvem desde a consulta local aos materiais, bem
como o empréstimo domiciliar, podendo o usuário ler o livro dentro dos terminais enquanto espera
os ônibus, ou dentro dos ônibus durante o trajeto, ou até mesmo, em sua residência.
A figura 1 ilustra o interior das unidades, com destaque à disponibilização dos livros nas
estantes e computador para uso. A figura 2 apresenta a parte externa da biblioteca.
10
À época da coleta de dados, no ano de 2014, o Sistema Transcol era formado por dez terminais, logo, dez bibliotecas.
No entanto, no ano de 2018, um terminal foi desativado, o Terminal de Itaparica, restando apenas, no sistema, nove
terminais, portanto, nove bibliotecas.
�91
Figura 1 – Interior da Biblioteca Transcol
Fonte: Secretaria de Cultura (2018).
Figura 2 – Parte externa da biblioteca
Fonte: Secretaria de Cultura (2018).
Portanto, o projeto intitulado “Biblioteca Transcol” sustentou-se mediante ações voltadas à
instalação de unidades de locação de livros, nos terminais rodoviários do Sistema Transcol, pois,
nesses circulam parcela significativa do público-alvo do projeto. Os interessados se cadastram nas
próprias bibliotecas, retiram a carteirinha de associado na mesma hora, e podem locar,
gratuitamente, um livro por vez, pelo período de dez dias. Nesse sentido, o projeto está
incentivando a leitura e contribuindo para a melhoria do nível de informação e conhecimento das
populações menos favorecidas.
Fiel ao objetivo delimitado neste estudo, serão analisados, a seguir, os dados coletados em
campo, a partir da aplicação de questionário a 32 usuários-leitores das Bibliotecas Transcol. Entre
nove bibliotecas existentes à época da coleta de dados (2014), foram entrevistados três leitores em
cada uma delas, abordados aleatoriamente no momento da coleta. Em apenas uma biblioteca, por
ela ser maior, entrevistou-se um total de cinco leitores, também abordados aleatoriamente.
�92
Ressalta-se, também, que a partir do ano de 2016, foi adquirido o Software Sophia
Biblioteca para o gerenciamento das obras, gerando, assim, um catálogo sistematizado em rede.
Desse modo, os usuários podem realizar a consulta on-line, por meio de seu cadastro, o que
possibilita uma melhor comunicação efetiva entre a instituição e os seus usuários.
Tendo em vista demonstrar o desenvolvimento do referido projeto, o questionário foi
sistematizado de modo a contemplar três diferentes aspectos, que são: 1 - as práticas de leitura
adotadas pelos leitores desse sistema; 2 – o perfil desses leitores; e 3 - a percepção dos usuários
desses espaços quanto ao material fornecido e as condições ambientais para concretização da
leitura.
3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.2.1. As práticas, técnicas e estratégias de leitura realizadas na Biblioteca Transcol
Na opinião dos 32 leitores entrevistados, no que se refere ao local mais adequado para
concretização da leitura, as opiniões se divergem. Para três leitores (9,4%), realizam a leitura dentro
dos ônibus, durante os trajetos; para dois leitores (6,2%), o local que eles mais leem é nos terminais,
quando estão à espera dos ônibus; já para 13 leitores (40,6%), a leitura é realizada em casa,
enquanto que para 14 leitores (43,8%), a leitura é realizada em diferentes locais, seja em casa, nos
ônibus ou nos terminais (gráfico 1).
Gráfico 1 – Local em que os leitores realizam a leitura
50
43,8
45
40,6
40
35
30
25
20
15
10
9,4
6,2
5
0
0
dentro dos ônibus
no terminal à
espera dos ônibus
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
em casa
no terminal e
em todos os locais
dentro dos ônibus
acima citados
�93
Percebe-se que a maioria dos entrevistados realiza o processo de leitura em qualquer local,
desde que haja condições para tal, ou seja, que o leitor esteja com tempo ocioso, tendo a leitura um
papel de complementação, assim como afirma Scliar-Cabral (2009), de que, a leitura exerce
influência sobre a mente. Assim, segundo essa autora, lê-se para ocupar a mente, uma forma de
aproveitar o tempo para adquirir novos conhecimentos e despertar o exercício mental.
Quando se indagou a respeito das técnicas, metodologias ou estratégias específicas que os
leitores utilizam, haja vista tornar o processo mais agradável e compreensível, constatou-se que,
para dez leitores (31,25%), prefere-se ler por capítulos, o que viabiliza maior organização das
ideias; já para 12 leitores (37,5%), realiza-se a leitura até que haja cansaço; por fim, novamente dez
leitores (31,25%) disseram que leem enquanto estão com o tempo ocioso (gráfico 2).
Gráfico 2 – Técnicas utilizadas no discorrer da leitura
40
35
37,5
31,25
31,25
30
25
20
15
10
5
0
0
leio por páginas
leio as partes
principais do livro,
como introdução, o
resumo e o final
0
leio por capítulos
leio até ficar
cansado
leio enquanto
permaneço em
tempo ocioso
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Percebe-se que a maioria dos leitores são verdadeiros “devoradores” de livros, pois leem até
aparecer o cansaço, ou seja, continuam lendo um texto desde que estejam conseguindo assimilar as
ideias. Nesse enfoque, dialogamos com Chartier (1998) ao mencionar Michel de Certeau,
destacando que o leitor nada mais é do que, um caçador que percorre terras alheias. Constatamos
que a maioria dos leitores da Biblioteca Transcol leem por prazer, tornando-se verdadeiros
caçadores de novas ideias dispersas nas linhas e entrelinhas escritas por um autor.
Perguntou-se, também, no âmago das práticas de leitura, a respeito da interação entre o leitor
e o suporte que materializa a escrita, nesse contexto, o livro impresso. Investigou-se a respeito da
utilização de recursos ou instrumentos auxiliares de modo que o processo de leitura fosse melhor
�94
desenvolvido. Assim, para oito leitores (25%), utiliza-se tampão de ouvido; para cinco leitores
(15,6%), prefere-se o uso da régua para delimitação das linhas do texto; também cinco leitores
preferem ler ouvindo música baixa; já dez leitores (31,25%) utilizam o dedo indicador como ponto
de marcação das linhas e palavras; por fim, apenas quatro leitores (12,5%) disseram ler sem o
auxílio de nenhum recurso (gráfico 3).
Gráfico 3 – Utilização de recursos para melhorar o desenvolvimento da leitura
35
31,25
30
25
25
20
15,6
15,6
15
12,5
10
5
0
utilizo tampão de utilizo régua para
ouvino para isolar delimtar as linhas
o barulho externo
da escrita
gosto de ler
ouvindo música
baixa
leio com ajuda
dedo indicador
para marcar as
linhas
leio sem nenhum
recurso auxiliar
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
De acordo com os dados obtidos do gráfico acima, resulta-se que há forte interação entre
texto e leitor, assim como defendeu Chartier (1994), de que o texto (como produto da escrita) e o
leitor estabelecem uma interação, podendo essa ser voltada ao sentido do texto (concentração)
quanto ao contato, considerando as tecnologias envolvidas no suporte textual.
O dedo indicador aparece como o recurso mais utilizado para facilitar a leitura e a grande
minoria não utiliza nenhum recurso. Curioso que alguns leitores preferem ler ouvindo música, já
outros optam pelo silêncio absoluto. Esses resultados confirmam as teorias de Chartier (1994,
1998), quando menciona que, ao longo dos tempos, inúmeras práticas de leituras vêm sendo
utilizadas, desencadeando perfis diferenciados de leitor, um processo integralmente dinâmico e
diversificado.
No entendimento de Hillesheim et al. (2011), é importante mencionar que o texto se constrói
no encontro com o leitor, na relação entre um e outro. Portanto, é evidente que não se pode
dissociar texto e leitor, e nessas relações em que cada leitor possui sua estratégia, sobretudo com os
diversos suportes que registram a escrita, é comum que, constantemente, sejam manifestadas novas
e adversas combinações.
�95
3.2.2 O perfil dos leitores das Bibliotecas Transcol
A princípio, investigou-se a quantidade e tipologia de livros utilizados pelos leitores. No que
se refere à quantidade de livros em que se realiza a leitura por mês, oito entrevistados (25%) leem
apenas um livro; 11 usuários (34,4%) leem um total de dois livros; três respondentes (9,4%) leem
três livros; e dez usuários (31,2%) leem quatro livros ou mais a cada mês (gráfico 4).
Gráfico 4 – Quantidade de livros lida mensalmente pelos usuários da Biblioteca Transcol
40
34,4
35
31,2
30
25
25
20
15
9,4
10
5
0
0
nenhum
um livro
dois livros
três livros
quatro ou mais
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Quanto às modalidades de literatura lidas pelos usuários, obteve-se que, a grande maioria,
26 leitores (81,25%) procura por romance; dois leitores (6,25%) preferem ler livros de autoajuda;
três leitores (9,37%) escolhem a literatura acadêmica; e, por sua vez, apenas um leitor (3,12%) lê
todas as modalidades de literatura mencionadas no questionário (gráfico 5).
Gráfico 5 – Modalidade de literatura utilizada pelos usuários da Biblioteca Transcol
90
81,25
80
70
60
50
40
30
20
10
6,25
9,37
0
3,12
0
histórias em
quadrinhos
romance
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
livros de autoajuda livros acadêmicos
todos
�96
Por meio da análise aos dois gráficos supracitados, entende-se que o público da Biblioteca
Transcol é um público leitor, sendo que boa quantidade lê quatro livros ou mais por mês, o que
afere um resultado significativo. O tipo de obra mais procurada é o romance, seguido por livros
acadêmicos e de autoajuda.
Recorrendo às reflexões de Chartier (1994, 1998), a partir desses dados, é importante
discorrer acerca da leitura silenciosa e extensiva, muito comum nas sociedades modernas, ao
contrário do que ocorria na sociedade antiga e medieval, em que se optava pela leitura em voz alta e
intensiva. Segundo o referido autor, essa mudança de um tipo de leitura para outra é consequência
provável do crescimento editorial, o qual proporcionou mais facilidade de acesso ao livro e à
leitura, permitindo que as pessoas lessem individualmente (leitura silenciosa) e uma maior
quantidade de livros (leitura extensiva).
O leitor do sistema Transcol realiza a leitura para diversos fins. De acordo com os dados
obtidos na pesquisa, a maioria, 10 respondentes (31,25%), realiza a leitura em casa com fins de
entretenimento; cinco leitores (15,6 %) leem nos ônibus e terminais por necessidades profissionais;
oito leitores (25%) leem nos ônibus e terminais a fim de aproveitar o tempo de espera; outros oito
leitores (25%) leem em casa a fim de adquirem conhecimentos; e, por fim, apenas um leitor
(3,12%) considera que lê por outros motivos (gráfico 6).
Gráfico 6 – Motivo que leva o leitor a utilizar os livros ofertados pela Biblioteca Transcol
35
31,25
30
25
25
25
20
15,6
15
10
3,12
5
0
ler durante
ler nos ônibus e nos ler em casa para
permanência nos
terminais como
admquirir
ônibus e terminais formar a aproveitar conhecimentos
por necessidade o tempo de espera
profissional e
acadêmica
ler em cada para
fins de
entretenimento
outro motivo
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Esse resultado vai ao encontro do que afirma Brito (2010), de que o leitor busca na leitura
diversos objetivos, tanto de cunho informacional, quanto para se instruir, obter e aprofundar
conhecimentos, entretenimento, prazer, por gosto, comunicabilidade e para melhor compreender o
meio em que se vive. Enfim, o sujeito busca na leitura sua satisfação em meio a diferentes
necessidades.
�97
A figura do leitor aparece no contexto atual repleto de mudanças, como um agente que sofre
interferências de inúmeros fatores externos durante o processo de leitura, fato esse que pode
viabilizar o desvio no real sentido de um texto quando idealizado por seu autor, no momento que é
decodificado pelo processo de leitura (CHARTIER; LEBRUN, 1998).
Para os leitores do Transcol, a maioria, 15 leitores (46,9%), recebe interferências de vários
fatores externos, como: barulho, luminosidade e postura em pé; para cinco entrevistados (15%), o
fator mais presente é o barulho; para 11 leitores (34,5%), o principal fator diz respeito à postura em
pé; e, ao final, para apenas um leitor (3,12%), não existem fatores interferentes (gráfico 7).
Gráfico 7 – Fator mais presente no cotidiano dos leitores da Biblioteca Transcol
50
46,9
45
40
34,5
35
30
25
20
15
15
10
3,12
5
0
0
barulho
luminosidade
postura em pé
todos os fatores
acima de igual
proporção
não existe nenhum
desses fatores
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Essas interferências nos remetem a afirmar que a leitura constitui um processo dinâmico,
complexo e subjetivo, conduzida e refletida única e exclusivamente pelo leitor que dela se apropria,
sendo expressa por meio de “[...] um gesto, individual ou coletivo, dependente das formas de
sociabilidade, das representações do saber ou do lazer, [e] das concepções da individualidade”
(CHARTIER, 1994, p. 173).
Os fatores externos aliados ao texto refletem diferentes ambiências, o que proporciona
diferentes modalidades de leitor. Na visão de Santaella (2004), na modernidade, existem três
categorias de leitores: o contemplativo, o movente e o virtual. De acordo com os leitores
entrevistados, a maioria, 20 sujeitos (62,5 %), acredita que a ambiência proporcionada pelo sistema
Transcol favorece a consolidação de um leitor contemplativo; para cinco leitores (15,6 %), são
leitores moventes; também cinco acham que são leitores imersivos; e por fim, apenas um
respondente (3,12%) considera ser outro tipo de leitor (gráfico 8).
�98
Gráfico 8 – Tipos de leitor, dadas as condições ofertadas pelas Bibliotecas Transcol
70
62,5
60
50
40
30
20
15,6
15,6
10
3,12
0
leitor contemplativo (que
leitor movente
leitor imersivo (virtual,
lê silenciosmante, de fragmentário (que ler de interativo com as novas
forma independente
forma dinâmica, atento
tecnologias)
aos detalhes,
comparanado o texto
lidocom outros textos
outro tipo de leitor
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Não resta dúvida de que o texto lido em voz alta ou de forma silenciosa, bem como o texto
materializado em tabletes de argila, papiro, pergaminho ou impresso em papel, assim como, a
ambiência e contexto ideológico na qual o leitor se situa desperta no leitor a transposição de um
mundo imaginário (registrado no suporte) a um mundo real (contextualizado) (CHARTIER;
LEBRUN, 1998).
A partir desse conjunto de fatores que permeiam a ambiência social, diferentes práticas de
leitura vão sendo desenvolvidas, fomentando diversos perfis de leitores. Como o contexto social é
mutante, aferimos que a leitura e suas práticas constituem um processo dinâmico e flexível,
consequentemente, proporcionaram e proporcionam pluralidade de leitores ao longo dos tempos.
3.2.3 A percepção dos leitores quanto às questões estruturais da Biblioteca Transcol
A Biblioteca Transcol foi instituída com o intuito, a priori, de despertar nos usuários do
sistema de transporte o gosto pela leitura, de forma que o tempo gasto nos terminais e nos ônibus
fosse aproveitado em prol da leitura. O acervo das unidades é formado por obras de literatura,
especificamente romances, sejam nacionais quanto estrangeiros. Analisando a percepção dos
leitores a respeito da qualidade dos materiais disponibilizados no acervo dessas unidades, para 21
leitores (65,7%), o material é de excelente qualidade, atendendo suas expectativas; logo, para onze
�99
leitores (34,3%), os materiais são bons, porém recomendam que o acervo poderia ser mais
diversificado (gráfico 9).
Gráfico 9 – Qualidade dos materiais disponibilizados pelas bibliotecas
70
65,7
60
50
40
34,3
30
20
10
0
0
0
Excelente qualidade. Me Não satisfazem minhas Não satisfazem minhas
Materiais são bons,
atendem
necessidades. Conteúdo necessidades. Conteúdo
porém poderiam
superficial
difícil entendimento diversificar mais o acervo
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Por meio desses dados, percebe-se que, o acervo está atendendo as necessidades dos
usuários. Alguns consideram como melhoria a diversificação do acervo. De qualquer forma, é
preciso monitoramento por parte do bibliotecário, sendo indispensável que o profissional conheça
muito bem todo o seu acervo e o perfil de seus usuários, possibilitando satisfação dos leitores e
produção de conhecimento (DINIZ, 2011).
Quando indagados a respeito do que poderia ser feito para que a leitura fosse mais
concretizada, 22 leitores (68,75%) pensam que a unidade poderia oferecer mais materiais; dois
leitores (6,25%) sugerem a disponibilização de espaço com mesas e cadeiras; por fim, oito leitores
(25%) acham importante que o material emprestado tivesse um prazo mais estendido (gráfico 10).
Gráfico 10 – Opções adotadas pela biblioteca que poderiam viabilizar o hábito da leitura
80
70
68,75
60
50
40
25
30
20
6,25
10
0
Oferecer mais materiaias além
dos já disponibilizados
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Disponibilizar espaço com
Estender o prazo de permanência
cadeiras e mesas nos terminais
do material com o leitor
�100
Nota-se que, na opinião dos leitores, a maioria considera como principal fator a ser pensado
na tentativa de incentivar a prática da leitura é diversificar as coleções que formam o acervo. Esse
resultado condiz com o que reza o PNLL ao dispor sobre a necessidade de ofertar livros em
diferentes formatos e que atenda as necessidades do público servido.
As unidades existentes nos terminais possuem acervo composto por livros em estantes e
alguns computadores para consulta ao acervo e para viabilizar acesso à internet. Não há
disponibilização de espaço para leitura com cabines, mesas e cadeiras. Ao perguntar aos leitores
sobre a montagem de um espaço para leitura, contendo mobiliário apropriado, 17 leitores (53,1%)
entendem que seria bom, pois aumentaria o poder de concentração; para seis leitores (18,7%), o
espaço seria bom, pois diminuiria problemas de postura, uma vez que usuários aguardam o
transporte em pé; já para três leitores (9,3%), esse espaço não ajudaria em nada, pois eles fazem as
leituras em suas residências; outros seis leitores também disseram que não ajudaria, pois eles fazem
as leituras nos ônibus (gráfico 11).
Gráfico 11 - Criação de espaços de leitura, com mesas e cadeiras, na biblioteca
60
53,1
50
40
30
18,7
20
18,7
9,3
10
0
Seria bom, pois
Seria bom, pois
aumentaria o poder de diminuiria problema de
concentração
postura
Não me auxiliaria em
nada, pois faça as
leituras em casa
Não me auxiliaria em
nada, pois faça as
leituras dentro dos
ônibus
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Percebe-se que a maioria considera a estruturação do espaço como viável. Assim, não basta
apenas oferecer as fontes, é preciso também, disponibilizar um espaço adequado e agradável
(BRASIL, 2011). Segundo Santa Anna, Gregório e Gerlin (2014), a fim de despertar o gosto e
motivação dos leitores/educandos, faz-se imprescindível a estruturação de um espaço dinâmico,
interativo e acolhedor, o que exige criatividade e inovação por parte dos profissionais responsáveis
pelo gerenciamento do espaço.
�101
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo apresentou algumas características da Biblioteca Transcol, as práticas de
leitura realizadas, o perfil dos leitores e a percepção dos leitores quanto ao papel dessa unidade no
fomento à leitura. Logo, o objetivo da pesquisa foi atendido. De modo geral, constatou-se ser uma
ação válida a gestão desse projeto, uma vez que atende, em alguns aspectos, as recomendações do
PNLL.
A partir dos dados e das informações teóricas analisadas nesta pesquisa, constatou-se que o
cenário que reveste o imaginário do leitor é diversificado, e a prática da leitura pode ser realizada
em diferentes ambientes, não estando engessada unicamente nos espaços e instituições tradicionais,
como nas residências, nas instituições escolares ou nas unidades de informação. O ato de leitura
desperta no leitor a construção de novas habilidades e viabiliza a consumação do aprendizado, sem
considerar o espaço, a posição, enfim, independente da maneira como a leitura é praticada.
De modo geral, o estudo aplicado a 32 leitores da Biblioteca Transcol demonstrou que, a
grande maioria realiza as leituras em suas residências, com a finalidade de entretenimento. Essa
preferência pode ser justificada pelo fato da grande maioria considerar inúmeros fatores
ergonômicos que interferem no processo de leitura, como: barulho, luminosidade e postura em pé.
No que se refere às práticas de leituras oferecidas pela Biblioteca Transcol, em linhas gerais,
constatou-se que a leitura desenvolvida na referida unidade constitui um processo dinâmico,
mutante, plural e prazeroso, com práticas de leitura diversificadas, tendo o leitor diferentes
comportamentos durante a consolidação do ato ler.
Com efeito, constatou-se, no que se refere aos aspectos voltados ao perfil do leitor, que os
usuários das Bibliotecas Transcol leem diversos livros, tendo preferência por romances. Em linhas
gerais, esses livros são lidos de forma individual e com rapidez, o que caracteriza as leituras como
extensivas, no entanto, mesmo assim, os leitores não perdem a tendência contemplativa.
Os resultados obtidos a partir da percepção dos usuários quanto aos produtos e serviços
prestados pela Biblioteca Transcol permitem afirmar que, de modo geral, os leitores estão satisfeitos
e sendo despertados ao gosto e hábito pela leitura. Sugerem como melhoria a diversificação quanto
às modalidades de livros ofertados e a construção de um espaço específico para acomodar os
leitores.
Este estudo também demonstrou a viabilidade do projeto Biblioteca Transcol, até o
momento, ao adotar práticas que fomentem a leitura em diferentes espaços sociais, atendendo às
políticas públicas voltadas para a formação de leitores, assegurando o exercício da cidadania. O
contexto analisado na pesquisa viabiliza a formação de diferentes leitores, cujos objetivos ao
�102
praticar a leitura é aproveitar o tempo despendido ao se utilizar o transporte urbano na aquisição de
novas informações oriundas com a prática da leitura.
Com o término desta pesquisa e com os resultados obtidos a partir da Biblioteca Transcol,
bem como diante das recomendações propostas pelos planos governamentais a respeito da leitura,
recomenda-se a elaboração de outros projetos dessa natureza, em que a biblioteca seja vista como
um espaço sem fronteiras, no que diz respeito ao fomento à leitura. Sugerem-se pesquisas e projetos
que proponham, por exemplo, a inserção dos espaços de leitura em outros ambientes abertos de
grande circulação, tais como na estação ferroviária, no aeroporto e nos terminais rodoviários
intermunicipais existentes na região da Grande Vitória. A leitura não pode parar, pois se trata de um
processo transformador da realidade social.
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"http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext%20&pi%20d=S0103-40141994000200012"pi
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�104
CAPÍTULO VII
LETRAMENTO INFORMACIONAL EM BIBLIOTECAS: PARA ALÉM DO PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO
Rafael Ribeiro Rocha
1 INTRODUÇÃO
O avanço da tecnologia tem propiciado o acesso das pessoas à informação. Desde a chamada
“explosão informacional”, a propagação de conteúdos ganhou espaço na vida de muitos indivíduos
que, sedentos de conhecimento, procuraram fazer parte do mundo em que ocupavam. Afinal, o
pertencimento sempre foi algo urgente na vida de um cidadão e nada mais necessário que a
informação, uma vez que ela abre horizontes e tem a capacidade de mudar a história de toda uma
comunidade ou até mesmo de gerações.
De 1945, fim da Segunda Guerra Mundial, ao ano de 2018, o mundo assistiu as
transformações ocorridas nas variadas formas de armazenamento, organização e divulgação da
informação, sejam elas na propagação de conhecimentos científicos ou por meio dos meios de
comunicação de massa como jornal e revista, rádio e televisão e a internet. Diante disso, o
“comportamento informacional” da sociedade tem mudado consideravelmente, pois se antes as
pessoas adotavam uma postura mais passiva no recebimento da informação, atualmente, os
indivíduos exercem um papel mais participativo, uma vez que o acesso às tecnologias facilita essa
prática.
Sendo assim, é notável que empresas, institutos e bibliotecas têm atuado como repositórios
ou unidades de informação, cujo dever é o de estabelecer a manutenção e a divulgação desses
“objetos informacionais”. Gasque (2012, p.26) pondera que em meio à “difícil missão de formar
cidadãos reflexivos, críticos e autônomos”, a Biblioteconomia tem o intuito de auxiliar os cidadãos,
“usuários e não usuários de bibliotecas e unidades de informação”, na forma com que eles lidam
com as informações.
Os bibliotecários têm o poder não apenas de ser responsável pela gestão informacional, mas
também o de atuar como agente cultural e educacional, proporcionando o desenvolvimento dos
indivíduos, mediante a expertise na propagação da informação e do conhecimento para as pessoas.
A alfabetização, tal qual concebemos, é de extrema importância para a vida de uma pessoa. Afinal,
�105
ela conduz o ser humano à sua autonomia e ao seu respectivo lugar de fala, lugar no mundo. No
entanto, o letramento informacional vai além: ele direciona os usuários aos conteúdos necessários e
elementares para a sua vida. Por meio dessa prática, o bibliotecário ajuda a formar novos leitores,
aprimorar tal prática e a orientar o comportamento de todos que procuram estar inteirados em sua
comunidade ou espaço por meio da informação.
Pode-se considerar esse profissional da Ciência da Informação como o detentor de técnicas
que direcionam as pessoas às fontes corretas de informações em suas variadas formas. No entanto, o
enfoque que se dará, neste capítulo, está no espaço da biblioteca escolar e a importância que o
profissional da unidade de informação exerce na mediação dos usuários ao conhecimento
necessário. Para explicar aos leitores todos os lugares que contam com a presença do bibliotecário,
seria preciso mais de um capítulo, talvez um livro inteiro, mas a bibliografia da área sempre é
agraciada com pesquisas e análises aprofundadas, feitas por estudiosos que investigam com afinco
as nuances presenciadas e surgidas na área. A intenção, aqui, é falar e mostrar como uma prática
tem o poder de modificar para melhor a aproximação do aluno/cidadão à informação. O letramento
informacional tem essa força e o bibliotecário é o principal agente envolvido nessa habilidade.
2 METODOLOGIA
A escolha pelo tema surgiu a partir de um interesse, sobretudo na relação que a biblioteca
exerce com o usuário e vice-versa. Existem estudos primorosos acerca do letramento informacional.
Com isso, os autores citados neste capítulo são aqueles, cujas pesquisas bem fundamentadas
enriqueceram as investigações realizadas na área da Ciência da Informação.
A seção 3 “Letramento Informacional” procura explicar com base nas discussões de Gasque
(2012), Campello (2009) e Caregnato (2000) a origem da expressão ”Information Literacy” e os
caminhos que consolidaram a prática dentro da profissão dos bibliotecários. Além disso, destaca-se
o advento do letramento informacional aqui no Brasil e quais foram os principais pontos
vivenciados desde então pelos atuantes na área.
Já a seção 4 “Revisão de Literatura” traz a temática de forma mais aprofundada, convidando
o leitor a se inteirar de forma completa no assunto. Essa seção abordará os fundamentos teóricos
levantados por pesquisadores brasileiros acerca do letramento informacional. Questões como as
principais linhas de investigação e os problemas serão abordados, de forma bem sucinta,
considerando a abrangência que o tema já ganhara ao longo dos últimos anos.
�106
3 LETRAMENTO INFORMACIONAL
De acordo com Gasque (2012, p. 26), o termo “letramento informacional” foi adotado pela
primeira vez pelo bibliotecário norte-americano Paul Zukowski, em 1974, quando o relatório The
information service enviroment relationships and priorities foi publicado com o intuito de
promover a information literacy (letramento informacional) como ferramenta de acesso à
informação nas bibliotecas do país.
Ao longo dos anos, a preocupação com a forma de recebimento da informação por parte dos
usuários ganhou espaço não apenas nos Estados Unidos, mas em outras partes do mundo. Há que se
destacar um evento que foi o responsável por impulsionar o papel do letramento informacional na
prática educacional e bibliotecária: o National Forum on Information Literacy (NFIL), de 1990,
contando “com a participação de mais de 75 membros de instituições de educação, negócios e
organizações governamentais”. O objetivo principal era o de trazer luz à discussão sobre a
necessidade de conscientização acerca da importância do letramento informacional e de planejar
práticas voltadas para a orientação de aquisição das competências informacionais (GASQUE, 2012,
p. 27).
Segundo Campello (2009, p. 68), os bibliotecários tentavam provar suas influências no
processo de aprendizagem, baseando-se no conceito de information literacy. A pesquisadora ainda
ressalta que muitos desses profissionais já exerciam tal função, uma vez que eles “já vinham
desenvolvendo ação pedagógica mais ampla do que o referido termo implica e tinham consciência
de que esse trabalho exercia influência positiva na aprendizagem”.
Gasque (2012, p. 28) explica que o letramento informacional pode ser correspondido como
um processo no qual ocorre a ação de desenvolvimento de competências que induzem os usuários
na localização, acesso, organização e uso da informação, a fim de que essas etapas gerem
conhecimento, resultando em tomadas de decisão e resolução de problemas.
Embora o termo tenha surgido na década de 1970, a pesquisa sobre essa área ganhou espaço
aqui no Brasil apenas no final do século XX, por meio de uma análise bem detalhada realizada por
Sônia Caregnato sobre o letramento informacional no contexto das bibliotecas universitárias. A
partir de seu estudo, Caregnato abriu precedentes para que outros estudiosos desenvolvessem
pesquisas de extrema importância não só na área da Ciência da Informação, mas também na
Educação, tendo em vista o papel de educador que bibliotecários também exercem na mediação
entre a informação e o estudante/cidadão.
�107
4 REVISÃO DE LITERATURA
A teoria acerca do letramento informacional tem sido discutida de forma incessante nos
últimos anos. Aqui, no Brasil, por exemplo, a primeira vez que esse assunto veio à tona foi através
de um estudo, no qual Caregnato (2000) fez uma revisão acerca dos conceitos ligados à educação
dos usuários em bibliotecas universitárias. Além disso, sua pesquisa procurou evidenciar a
importância acerca da habilidade informacional em um contexto marcado pelo crescimento
considerável das informações no meio digital. Interessante lembrar que a sociedade do final do
século XX e início do XXI assistiu a uma transformação que mudaria para sempre a forma de obter
acesso a diversos conteúdos.
Naquela época, Caregnato (2000, p. 48) já demonstrava o desafio que surgiria com o
aperfeiçoamento das tecnologias da informação e a educação dos usuários frente às suas
necessidades. Caberia, então, às bibliotecas, o papel de conduzi-los por meio de habilidades que os
capacitariam para a “localização, seleção, acesso e utilização da informação”. A pesquisadora já
havia salientado o cenário que se delinearia a partir daquele momento.
No entanto as bibliotecas nem sempre têm cumprido eficientemente este seu papel. Elas
vivem hoje um momento especial, há uma pressão constante para que melhorem a
qualidade dos serviços prestados aos seus usuários, particularmente no momento em que se
observa uma mudança paradigmática em Ciência da Informação e Biblioteconomia, de uma
abordagem centrada em sistemas para uma abordagem centrada no usuário, e quando a
explosão dos recursos e fontes de informação, especialmente as eletrônicas, é esmagadora.
No Brasil, particularmente nas últimas duas décadas, recursos financeiros e humanos das
bibliotecas parecem ter sido primordialmente canalizados para a informatização, como
consequência alguns serviços foram penalizados, dentre eles destacam-se aqueles
relacionados ao atendimento do público, e em particular a educação de usuários. É
impossível discordar do empenho colocado em dominar e aplicar as tecnologias dos
computadores e das telecomunicações nas bibliotecas, pelo contrário, pode-se observar que
muito ainda deve ser realizado neste sentido. No entanto é preciso lembrar que bibliotecas
são instituições provedoras de serviços e todo e qualquer aplicação de tecnologia tem um
único objetivo: oferecer mais e melhores serviços aos usuários. A integração da tecnologia
da informação e educação de usuários, por exemplo, pode oferecer serviços que são
verdadeiramente centrados no usuário (CAREGNATO, 2000, p. 48).
A autora chama a atenção nesse parágrafo destacado quanto à prioridade que muitas
bibliotecas brasileiras passaram a ter com o aperfeiçoamento da informatização das unidades de
informação. No entanto, todo esse cuidado relegou o atendimento de usuários para segundo plano.
Isso postergou a educação do usuário, ou seja, houve uma preocupação acentuada com os
instrumentos e enfoque aquém do esperado com as pessoas que iam até os locais em busca de
informação.
Aproveitando que a abordagem sobre o letramento informacional estava começando a ser
delineado no Brasil, Caregnato (2000) apresentou algumas variantes que faziam referência à prática
da educação de usuários e suas respectivas competências. A pesquisadora comparou, então, as
�108
formas utilizadas ou discutidas por outros estudiosos da Ciência da Informação. O trabalho dos
bibliotecários em induzir os usuários a uma prática satisfatória diante dos conteúdos informacionais
recebeu algumas denominações, contestadas ao longo do tempo. Caregnato (2000) pontua que as
expressões “treinamento de usuários”, “instrução bibliográfica”, “educação de usuários” e
“desenvolvimento de habilidades” foram usadas de uma “forma quase indiscriminada” a fim de
designar tal prática. A utilização de tais termos evidenciava a evolução da compreensão dos teóricos
sobre “os fenômenos associados ao ensino/aprendizado e à informação”.
O estudo de Caregnato representa o pontapé inicial da discussão sobre o letramento
informacional no Brasil. É importante ressaltar que sua contribuição para a Ciência da Informação
abriu precedentes para que outras abordagens fossem realizadas ainda de forma mais ampla, uma
vez que a análise feita por Caregnato encontrou nas bibliotecas universitárias o objeto de estudo
para sua observação.
Diante da necessidade de abrir o leque sobre o letramento informacional, Gasque e
Tescarolo (2010) discutiram a viabilidade e o impacto que tal prática poderia trazer aos estudantes
do ensino básico. Para isso, os autores procuraram reforçar a ideia de que o conhecimento e o
acesso à informação são elementos essenciais para o aprendizado. Os estudiosos utilizaram a análise
de pesquisas realizadas pelo comitê de Desenvolvimento da Ciência e Aprendizagem, cuja
descoberta de três fatores acrescenta importantes pontos no ensino, a saber: conhecimentos prévios
e experiências, conhecimentos factuais e o processo metacognitivo.
A primeira dessas descobertas considera que o conhecimento só é de fato entendido como
tal quando processado a partir de um conhecimento prévio. Dessa forma, a informação
representa um elemento exógeno a ser transformado em conhecimento mediante a
interpretação e a compreensão de cada pessoa. O conhecimento, mesmo reconhecido como
experiência subjetiva, pessoal e intransferível, pode ser exteriorizado como informação para
outro ser humano por meio de símbolos, indícios, sinais, imagens, fala ou escrita. A
informação, incorporada pela aprendizagem, transforma-se em conhecimento que, portanto,
não se reduz ao resultado da experiência direta e imediata do sujeito sobre a realidade
(GASQUE; TESCAROLO, 2004), nem “a uma fórmula matemática ou à instrução para
computador: é arte, conselho, tecnologia, teoria e a motivação que está por trás de toda a
comunicação” (WURMAN, 1991, p. 361). A segunda descoberta refere-se a uma base
sólida de conhecimento factual, em que as relações entre fatos e ideias devem estar bemestruturadas e organizadas, de modo a facilitar a recuperação e aplicação. O planejamento
de tarefas, a percepção de padrões e a capacidade de gerar argumentos e explicações
razoáveis estão mais relacionados ao conhecimento factual do que se acreditava. As pessoas
devem assumir o controle da própria aprendizagem, identificando quando entendem e
precisam de mais informações, uma vez que a “compreensão profunda do assunto
transforma a informação factual em conhecimento utilizável” (BRANSFORD; BROWN;
COCKING, 2007, p. 35). A terceira descoberta reporta-se ao processo de metacognição,
capacidade catalisadora de um conjunto de atividades fundamentais para a aprendizagem,
principalmente a escolar. A metacognição corresponde à competência humana de antevisão
do próprio desempenho nas tarefas cognitivas, possibilitando o monitoramento do método
que se utiliza para se solucionar uma situação-problema ou do nível imediato de
compreensão e de domínio das mais diversas atividades cognitivas. Destaca-se que essa
competência de “identificar os limites do conhecimento que se tem no momento, e então
tomar providências para remediar a situação, é muito importante para aprendizes de todas
�109
as idades” (BRANSFORD; BROWN; COCKING, 2007, p. 74) (GASQUE; TESCAROLO,
2010, p. 49-50).
De acordo com Gasque e Tescarolo (2010), tais descobertas mostram a necessidade do aluno
do ensino básico frente ao aumento considerável da informação. Eles chamam a atenção para o
protagonismo que os estudantes devem ter, a fim de que adquiram estratégias, cuja importância se
dará na forma de seleção de “informações relevantes para torná-las significativas”. Em outras
palavras, é como se as pessoas relacionassem novas informações com o que já faz parte de seu
conhecimento e, a partir disso, fazer uma associação entre elas. Sendo assim, Gasque e Tescarolo
(2010) enfatizam que “quanto mais relações entre as informações o aluno consegue estabelecer,
menos mecânica se torna sua aprendizagem”. A importância do letramento informacional está
justamente nesse quesito, ou seja, ele é importante, a partir do momento em que se têm as
estratégias adequadas para lidar com algum conteúdo de forma satisfatória.
A presença do bibliotecário torna-se imprescindível durante esse processo. Campello (2009,
p. 19) pondera que as funções dos profissionais estão ligadas às práticas de democratizar o acesso
das pessoas à informação; além de tornar os usuários capacitados para o uso crítico dos bens
informacionais, promover condições que permitam a reflexão e a construção de ideias por meio da
leitura. A biblioteca escolar, por sua vez, exerce um papel de suma importância devido ao espaço
adequado para o desenvolvimento do letramento informacional (CAMPELLO, 2009, p. 19).
Embora seja inevitável relativizar a situação das bibliotecas escolares, em função das
múltiplas realidades vivenciadas pelas unidades de informação, algo que não pode passar
despercebido é o exercício da pesquisa escolar como a oportunidade dos bibliotecários para induzir
os alunos aos caminhos do letramento informacional. De acordo com Campello (2009, p. 19), a
pesquisa escolar funciona como uma estratégia didática inerente ao bibliotecário, uma vez que o
aluno pratica essa busca no ambiente da biblioteca. No entanto, evidencia-se uma necessidade de
aperfeiçoamento, tendo em vista que nem todos os usuários alcançavam de fato o que era desejado,
ou seja, recebiam condições para ter acesso à informação necessária. Os motivos levantados pela
pesquisadora foram variados, ora passando pela estrutura pedagógica da escola ora pela incoerência
de alguns professores que nem sequer liam os trabalhos realizados pelos alunos. Além disso, a
pouca motivação dos estudantes também influenciava muito na busca pela informação adequada. O
quesito estrutura também foi trazido para o cerne da discussão. Campello (2009, p. 21) enfatiza que:
Estudo feito em uma biblioteca pública (MARTUCCI, 1997), para investigar o processo de
busca e uso da informação por alunos dos ensinos fundamental e médio que iam à
biblioteca para cumprir tarefas de pesquisa solicitadas por seus professores, confirmou as
fragilidades do processo, ao verificar que o atendimento era feito de forma rápida, para que
o funcionário pudesse atender ao próximo usuário que aguardava sua vez. O aluno ‘recebe
o que lhe é dado e copia mecanicamente. Educar-se, pesquisando, significa copiar um
trecho curto, de um livro didático que lhe foi entregue, exatamente nas páginas indicadas, o
�110
mais rapidamente possível, para logo cumprir sua obrigação escolar’ (MARTUCCI, 1997,
p. 186).
Torna-se urgente o fato de o exercício de letramento informacional não depender somente
dos bibliotecários, mas de uma articulação a ser desenvolvida no espaço pedagógico. Sendo assim,
Campello (2009, p. 22) reitera que tal prática precisa ser pensada como uma atitude coletiva. A
implantação de programas voltados para o letramento informacional nas instituições escolares exige
a participação não apenas dos bibliotecários. A responsabilidade por tal processo também deve ser
atribuída à comunidade escolar com um todo (GASQUE; TESCAROLO, 2007 apud CAMPELLO,
2009, p. 22).
O estudo de Campello (2009) evidencia outras observações realizadas por Gasque e
Tescarolo, cujas análises lançaram luz sobre os desafios prementes e intrínsecos ao letramento
informacional no contexto da biblioteca escolar. A pesquisadora reitera as impressões obtidas por
Gasque e Tescarolo (2010) no que diz respeito aos percalços encontrados na busca pela informação.
Segundo Gasque e Tescarolo (2007 apud CAMPELLO, 2009, p. 22), a partir do momento em que o
desempenho de atividades voltado para a “pesquisa requer a aprendizagem de competências de
busca e uso de informação, os autores ampliaram o entendimento da questão” ao evidenciar os
seguintes desafios: “a dificuldade em mudar a cultura pedagógica, a formação inadequada dos
professores, a concepção de ensino-aprendizagem, a organização do currículo, a ausência de
infraestrutura adequada de informação”.
Dentro do ambiente escolar, o letramento informacional encontra seus desafios, mas a
articulação entre bibliotecários e profissionais da educação pode ser aprimorada cada vez mais.
Campello (2009, p. 28) pondera que a função pedagógica atribuída ao bibliotecário se desenvolveu
ao longo do tempo em um caminho fortalecido por atividades “implementadas em bibliotecas, como
por pesquisas acadêmicas, que possibilitaram a constituição de um aparato teórico/conceitual que
tem sustentado essas práticas”, reforçando o importante papel educacional da classe bibliotecária na
democratização da informação aos seus usuários.
Gasque (2012, p. 152) reforça que, para o letramento informacional ocorrer de maneira
reflexiva e significativa ao usuário, é preciso a presença de uma equipe multidisciplinar para fazer
valer a sua principal função: levar a informação às pessoas de uma maneira que seja propiciada
estratégias para sua utilização satisfatória. Gasque (2012, p. 152) especifica o papel dos envolvidos
nessa prática:
O professor em sala de aula deve implementar projetos conciliando a aprendizagem sobre o
conteúdo a ser pesquisado, por exemplo, ‘corpo humano’, ‘educação no Brasil’, ‘doença de
chagas’, e a aprendizagem dos conteúdos necessários à pesquisa. Exemplos desses
conteúdos são: ‘compreensão da organização da biblioteca’, ‘busca em bancos de dados’,
‘resumos’, ‘esquemas’, ‘estruturação da pesquisa de acordo com as normas da ABNT’,
�111
dentre outros. Por sua vez, o bibliotecário deve atuar inicialmente na formação do corpo
docente da instituição, orientando sobre os conteúdos necessários para realização da
pesquisa. Além da formação dos professores, os bibliotecários devem colaborar com os
projetos educacionais que ocorrem nos vários espaços de aprendizagem (sala de aula, laboratórios, biblioteca). Isso requer disseminar informação, promover palestras, oficinas. Cabe
à direção educacional e coordenadores propiciar e organizar a formação dos profissionais,
orientar e monitorar os processos pedagógicos, bem como propiciar uma abordagem
pedagógica centrada na resolução de problemas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se uma preocupação iminente em relação aos mecanismos adotados para a prática do
letramento informacional. Reforça-se, a necessidade de conscientização dos bibliotecários em
relação à importância de seu papel na democratização da informação aos usuários. As pesquisas
evidenciam isso e abrem caminhos para novas abordagens, sejam elas realizadas em bibliotecas
universitárias, escolares, especializadas ou especiais.
Bibliotecas são locais ideais para a difusão do conhecimento. Quando dotados de
profissionais empenhados na divulgação dos conteúdos, esses redutos podem modificar a vida de
uma comunidade inteira. Em meio a tantos livros, materiais multimídias, periódicos, cartografias,
entre outros, é importante que se conte com a presença de pessoas que conheçam os meandros da
Biblioteconomia para autenticar a busca pela informação.
Os bibliotecários estão longe de exercer somente suas funções inerentes ao processo técnico,
tão importante para a organização da informação nos mais variados acervos. Todos eles também
atuam na mediação. A divulgação dos conteúdos aos leitores/usuários deve ser pensada de forma a
atingir sua excelência.
Isso significa que as pessoas necessitadas de informação precisam recebê-la de maneira
integral e sem ruídos, ou seja, livre de impedimentos, possibilitando a transformação de suas vidas.
Sendo assim, o profissional de Biblioteconomia tem a premissa social e educacional de utilizar as
estratégicas inerentes ao letramento informacional para democratizar o acesso à informação a todas
as pessoas, independente da cor, da crença, da orientação sexual, do gênero, da origem e da classe
social. Informação é um bem público e todos devem ter o direito de desfrutá-la com eficiência.
REFERÊNCIAS
CAMPELLO, Bernadete Santos. Letramento informacional no Brasil: práticas educativas de
bibliotecários em escolas de ensino básico. 2009. 207f. Tese (Doutorado) – Programa de PósGraduação em Ciência da Informação, Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de
�112
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. Disponível
em:<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/ECID-7UUPJY>. Acesso em: 18
nov. 2018.
CAREGNATO, Sônia Elisa. O desenvolvimento de habilidades informacionais: o papel das
bibliotecas universitárias no contexto da informação digital em rede. Revista de Biblioteconomia e
Comunicação & Comunicação, Porto Alegre, v. 8, 2000. Disponível
em:<https://core.ac.uk/download/pdf/11883861.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2018.
GASQUE, K. C. G. D. Letramento informacional: pesquisa, reflexão e aprendizagem. Brasília:
Universidade de Brasília, 2012.
GASQUE, K.C.G.D; TESCAROLO, R. Desafios para implementar o letramento informacional na
educação básica. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, 2010. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010246982010000100003&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 18 nov. 2018.
�113
CAPÍTULO VIII
LEITURA COMO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO ENTRE A SUBJETIVIDADE DO
LEITOR E O CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO
Flávia Ferreira Abreu
1 INTRODUÇÃO
Muito se tem falado, pesquisado e publicado sobre o acesso à informação, sendo a leitura
uma das formas mais propícias de possibilitar esse direito. Um dos desafios desse processo é tornar
o leitor criativo e reflexivo, capacitado a agir com autonomia na sociedade. O leitor deve ser
compreendido como sujeito independente, que faz leituras diversas do texto, seja escrito ou oral, a
partir de seu contexto social, com liberdade de criar as próprias interpretações para os signos com
os quais interage. Mesmo com essa autonomia, a presença do mediador literário se faz necessária,
visto que ele auxilia na formação do leitor.
Para que possa mediar a leitura, o profissional que faz a mediação precisa ter conhecimento
de seu leitor e da literatura, visto que a capacidade de ler envolve todo o processo de saber do
mundo. Em face disso, Freire (1989, p. 11) sinaliza que a “leitura do mundo antecede a das
palavras. Desde o nascimento interagimos com elos culturais que nos proporcionam a construção da
nossa identidade individual e coletiva”.
A identidade coletiva pode ser entendida como “questão de saber quão profundas e
essenciais para a formação do indivíduo são as pressões e influências exercidas por essa sociedade
externa” (ELIAS, 1994, p. 34). Essa relação exercida entre os indivíduos e o mundo permite que
eles se conheçam e a partir das semelhanças e compartilhamentos, sintam-se pertencentes a um
grupo homogêneo, o que caracteriza a cultura coletiva. Já a identidade individual é um projeto de
caracteres próprios e exclusivos que vai sendo construído pelo desenvolvimento do indivíduo, que
lhe permite diferenciar dos demais.
A história da leitura é similar a outras práticas culturais humanas, pois a constituição dela
está relacionada ao contexto histórico que cada leitor se inseriu ao interpretar as variadas tipologias
textuais. Para Silveira e Moura (2007, p. 124), “toda prática de leitura se desenvolve e adquire
sentido a partir de um determinado contexto histórico e espaço temporal, conjugado com a
�114
subjetividade e anseios específicos de cada leitor”. Dessa forma, a leitura pode ser visualizada a
partir de diversos olhares que permitirão uma visão múltipla dos significados das informações.
A leitura permite que os leitores rompam barreiras e possam construir uma viagem pelo
contexto cultural que os unem à sociedade. Na crença de que a leitura se desenvolve a partir das
interpretações dos sujeitos históricos inseridos em um contexto social e temporal, a estética da
recepção se “constitui como um dos esforços mais originais sobre a questão da leitura” (SILVEIRA;
MOURA, 2007, p. 124).
A estética da recepção visa explicar que ao tratar de obras textuais, inacabadas e abertas a
inúmeros olhares interpretativos, a interpretação literária se interage entre o horizonte de
expectativas dos autores e as possíveis significações por seus leitores. Esse conceito “atribui a
leitura um efeito emancipatório que libera o leitor da busca por uma única e perfeita interpretação”
(SILVEIRA; MOURA, 2007, p. 125). Nesse sentido, leitor expõe sua visão interpretativa como
leitor, considerando seu conhecimento prévio, suas crenças, valores e contexto de vida.
Para a Ciência da Informação, a estética da recepção amplia o campo teórico de investigação
da leitura do bibliotecário a partir da especificidade de sua prática leitora, com vistas a uma
intervenção mediadora “[...] entre os signos informacionais presentes nos vários acervos com que
lida, e os inúmeros usuários que os acessa” (SILVEIRA; MOURA, 2007, p. 125). O bibliotecário
mediador está sujeito às interpretações do mundo que o permeia; logo, não busca registrar o original
dos acervos, mas permitir acesso, por meio de representações dos assuntos das obras inseridas na
unidade de informação.
Compreendendo a leitura como prática cultural que se desenvolve a partir da interação entre
a subjetividade de cada leitor e seu contexto social, busca-se analisar como a intertextualidade pode
auxiliar a mediação literária pelo bibliotecário, por meio de bases teóricas da leitura, formação do
leitor e o papel do bibliotecário como mediador social.
2 LEITURA E SEUS CONCEITOS
A leitura é um processo de aprendizado que permite ao indivíduo, à medida que acessa a
informação, conhecer seus direitos e deveres. Dessa forma, cria-se um olhar com uma dimensão
mais reflexiva da vida social, o que promove o exercício da cidadania. A leitura reflexiva será o
diferencial na compreensão do texto, proporcionando ao leitor as possíveis interpretações. Isso é
possível mediante às perspectivas do leitor, geradas por meio de seu conhecimento, o que distingue
a competência interpretativa entre os outros leitores.
�115
Portanto, a leitura manifesta-se como um direito de todos os cidadãos, os quais poderão
ampliar os horizontes críticos e culturais a respeito da vida em sociedade. Nesse sentido, as pessoas
poderiam desenvolver de forma mais efetiva o senso crítico e conquistariam decisões mais
assertivas em seu convívio social. Para Bobbio (2004, p. 17), em relação aos direitos, mesmo eles
estando expressos em princípios, políticas, convenções, dentre outras manifestações nacionais ou
internacionais, é necessário saber qual é “o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que
apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados”.
No que condiz à leitura no Brasil, acredita-se que o acesso a ela está engatilhando. Com
efeito, vale destacar a importância do acesso à informação e a relação desse acesso com a leitura.
Assim,
[...] criação de estruturas e o estímulo ao acesso e uso da informação tornam premente a
capacitação dos sujeitos para acesso aos códigos encerrados pela informação. Em um país
que detém baixos índices em desempenho de leitura e escrita é impraticável que os
cidadãos exerçam seus direitos sociais e políticos, que podem ser viabilizados a partir da
informação, caso não se invista de forma simultânea nos processos educacionais e de
acesso aos códigos da leitura (MARTINS; REIS, 2014, p. 169).
Seguindo essa linha de pensamento, é indispensável que a educação seja mais igualitária a
toda sociedade, de modo que as instituições educacionais tenham estruturas adequadas para o
desenvolvimento pessoal, profissional e social do sujeito. Portanto, é imprescindível que as escolas
tenham bibliotecas, para garantir o acesso à informação e à leitura, equipadas com profissionais
capacitados para que possam orientar os usuários. O papel do bibliotecário vai além da simples
indicação de um livro, mas no sentido da compreensão de ações políticas e interventivas, por meio
de uma leitura crítica da realidade.
Essa ação política, para Martins e Reis (2014, p. 169),
é o caminho fecundo para que os efeitos nocivos do capitalismo e da globalização sejam
minimizados, novos regimes de força se estabeleçam na luta pelo poder e, sobretudo, para
que o exercício dos direitos ou da coletividade decorra, enfim, do seu reconhecimento
necessário como condição de liberdade.
A sociedade, mediante visão e conhecimento críticos da política do país, possibilitados pela
leitura reflexiva e análise críticas do sistema social, terá condições mais efetivas de decidir sobre as
questões da nação, visto que é um direito de todos acessarem as informações públicas do Estado e
contribuírem com o desenvolvimento da nação.
Lajolo (1982, p. 59) concorda com a relação da leitura com o desenvolvimento da
criticidade do sujeito e conceitua o ato de ler como,
uma atividade que está muito além da decifração de signos linguísticos: Ler não é decifrar,
como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de
atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para
�116
cada um reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria
vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.
Consoante a essa citação, a leitura não pode ser entendida como decifração, visto que o
leitor não se satisfaz com a superficialidade do texto, mas imerge nas acepções mais profundas dele.
Na condição de sujeito, ele não deve se contentar apenas com uma leitura única; pelo contrário,
deve levantar diversas possibilidades de análise sobre a intenção de quem escreveu o texto e ter
perspicácia suficiente para descobrir o sentido e atribuir-lhe valor (NASCIMENTO, 2014). A
capacidade de o leitor relacionar os textos permite uma leitura intertextual que possibilita a abertura
para novas leituras que se entrelaçam, de forma não linear, mas contextualizada. Assim, o leitor
manifesta-se como agente que, mediante a leitura crítica, é autônomo em tomar decisões, a partir do
que está expresso em um texto.
O ato de ler é altamente dependente da competência do leitor porque essa competência lhe
faculta a possibilidade de realizar suas inferências textuais e intertextuais. Tais inferências
dão condições a ele para que seja autônomo diante das ideias do texto e, frente a isso,
possa aceitar ou rejeitar as intenções do seu autor. Portanto, a leitura, por essa ótica, está
subordinada ao grau de conhecimento do leitor e também à sua capacidade de interpretar e
de inter-relacionar as ideias dos textos (NASCIMENTO, 2014, p. 28, grifo nosso).
Matêncio (1994, p. 42) também segue a linha análoga defendida por Nascimento (2014),
enfatizando acerca da postura ativa e interventiva do leitor, o qual possui conhecimentos prévios,
capazes de contextualizar e atribuir outros sentidos ao texto materializado em um suporte.
[...] A leitura, assim como a escrita, é uma atividade realizada de forma visual, por
movimento de globos oculares. Ao longo desse processo, os olhos não se fixam em cada
uma das palavras, como fariam pressupor as atividades de leitura na escola, mas identificam
um conjunto de palavras. Por outro lado, o leitor não é passivo frente ao texto, mesmo
que a escola o oriente nessa conduta: os sentidos que ele estabelece na leitura são
vinculados aos seus conhecimentos da atividade, da estrutura textual e de mundo; ao
longo desse processo ele cria, confirma ou rebate suas hipóteses acerca do que ali lhe é
exposto (MATÊNCIO, 1994, p. 42, grifo nosso).
Barroso (2006, p. 55) descreve a leitura, em sentido lato, com essas palavras:
[...] é, portanto, um processo de vivência, de observação, de relação e de aprendizagem
realizado pelo interesse do leitor. Assim a leitura é determinada por elementos internos ou
subjetivos e por elementos externos ou objetivos. Ou seja, há que se considerar, nesse
processo, tanto os lados sensitivos e sensoriais-emotivos do indivíduo, quanto as questões
externas a ele, isto é, os estímulos dos meios sociais, culturais e políticos do contexto no
qual está inserido.
Sob uma perspectiva institucional, abordamos o conceito de leitura expresso nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, em que a leitura caracteriza-se como
[...] o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do
texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de
tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando
letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de
�117
seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o
uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar
decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos,
validar no texto suposições feitas (BRASIL, 1998, p. 69-70).
A partir desses fundamentos teóricos e com base na experiência profissional da autora deste
texto, considera-se a leitura como uma forma do leitor compreender o texto a partir de seu
conhecimento interno e sua relação com o saber que vem adquirindo a partir das diversas leituras
que faz da realidade em que está inserido.
3 LEITURA E LEITOR
Para compreender o escrito, o leitor depende de seus conhecimentos de mundo e de escrita
para decodificar os signos e dar sentido ao que lê. Essa interação da grafia com a leitura do mundo
possibilita a comunicação com o universo intimamente relacionado, seja com a escrita, pintura,
gravura e escultura ou qualquer outro signo que permita a interpretação variada, fruto da
subjetividade do leitor e do contexto histórico cultural em que o signo se originou.
Nessa seara, Antunes (2003, p. 70) acredita que
a atividade da leitura favorece, num primeiro plano, a ampliação dos repertórios de
informação do leitor. Na verdade, por ela, o leitor pode incorporar novas ideias, novos
conceitos, novos dados, novas e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos
acontecimentos, do mundo em geral.
O sentido da leitura é uma miscelânea dos novos conhecimentos advindos do texto, dos
saberes iniciais que o leitor já possui em relação ao objeto de que trata o texto. Assim, confirma
Antunes (2003, p. 78) “que não se pode ver no texto o que lá não está nem se pode ver apenas o que
lá está sobre a página. A leitura tem, assim, a dinâmica de qualquer outro encontro: seu sentido é de
agora e é de antes”.
Trata-se, portanto, de uma interação entre o sujeito que lê e o quê o texto lhe proporciona de
novo. À medida que o leitor for penetrando no texto, seus conhecimentos prévios serão
pressupostos básicos para que o sujeito tenha o domínio daquilo que lê. “Ao mergulhar na leitura,
aparece à necessidade de recorrer ao seu repertório intelectual para auxiliá-lo a compreender a
mensagem. É como se andasse para frente, mas, simultaneamente, a voltar seu olhar para trás”
(NASCIMENTO, 2014, p.31).
Souza e Gamba Junior (2002) consideram o encontro entre a leitura e o leitor como algo
mágico; o êxtase do processo de leitura está nessa interação, pois a leitura não é um ato solitário,
�118
mas a interação com as muitas vozes que ecoam no texto de um escritor e que só terão oportunidade
de se manifestar pela colisão marcada entre o leitor e o texto.
A leitura é comunhão, é o momento em que o indivíduo isolado tem a possibilidade de
reconhecer a sua inserção particular na história de uma época. Com base na narrativa de outrem, a
própria identidade do leitor se restabelece. Ler é um modo de viajar e deixar-se impregnar pela
névoa do desconhecido. O desafio maior que enfrentamos, hoje, é preservar a dimensão mágica da
leitura no contexto da utilização da tecnologia. Porém, esse novo modo de leitura instrumental
precisa partilhar com a leitura mágica a possibilidade de submeter-se ao tempo do leitor, a garantia
da atividade crítica, dando uma nova permanência histórica e cultural às narrativas que se
constituem e se renovam na grande temporalidade. O uso da tecnologia nos ambientes de estudos
proporciona o diálogo entre as ferramentas da construção do saber, gerando novas fontes de acesso
à aprendizagem (SOUZA; GAMBA JUNIOR, 2002).
O repertório intelectual conta muito, pois a diversidade de leituras está subordinada ao poder
de interpretação juntamente aos conhecimentos acumulados do leitor, que são decisivos para a
pluralidade de sentidos. Nesse aspecto, “um mesmo texto pode ser lido distintamente por leitores de
graus de conhecimentos diferentes e, de acordo com o ponto de vista de cada um, podem chegar a
conclusões diferentes” (NASCIMENTO, 2014, p. 33).
Todavia, deve-se ter ciência que o texto, mesmo oferecendo uma gama de probabilidades de
leitura, não pode ser lido arbitrariamente, de qualquer maneira, já que o sentido não está apenas no
leitor, nem no texto, mas na interação autor-texto-leitor, cabendo ao mediador literário e ao leitor
traçarem caminhos possíveis de interpretação baseados no texto. Por isso, “é de fundamental
importância que o leitor considere na e para a produção de sentido as sinalizações do texto, além
dos conhecimentos que possui” (KOCH, 2008, p. 217).
Zilberman (1988, p. 146), em face do comentário abaixo, destaca a importância da leitura
literária.
Que a leitura é importante, todos sabemos: a leitura ajuda o indivíduo a se posicionar no
mundo, a compreender a si mesmo e à sua circunstância, a ter suas próprias ideias. Mas a
leitura da literatura é ainda mais importante: ela colabora para o fortalecimento do
imaginário de uma pessoa, e é com a imaginação que solucionamos problemas. Com efeito,
resolvem-se dificuldades quando recorremos à criatividade, que, aliada à inteligência,
oferece alternativas de ação.
Faulstich (2008, p. 23) esclarece o que se deve considerar para que haja o entendimento de
um texto: “Entender um texto é compreender claramente as ideias expressas pelo autor para, então,
interpretar e extrapolar essas ideias”. Nesse momento, o sujeito deve ajustar as informações
contidas no contexto em análise às que ele possui em seu arquivo de conhecimento, baseado em
suas observações, experiências e vivências.
�119
4 FORMAÇÃO DO LEITOR
A proposta principal para formar o leitor é inserir a prática da leitura pela leitura. A partir
dessa prática, é possível viabilizar a formação e transformação de um leitor consciente e capaz de
dialogar com o texto, já que ambos são indissociáveis. O mediador literário pode se valer da
intertextualidade para auxiliar o leitor na busca pela leitura que procura, possibilitando, até mesmo,
a participação desse sujeito, mediante sua capacitação e aquisição de conhecimentos, na gestão da
sociedade, à medida que esse leitor passar a compreender melhor as questões políticas.
Azeredo (2007, p. 25- 26), assim, explica o conceito de intertextualidade.
Nenhum texto veicula informações cem por cento inéditas, assim como nenhum texto é
cem por cento novo no formato, ou gênero pelo qual essas informações são veiculadas.
Qualquer texto lembra, retoma ou evoca, implícita ou explicitamente, outro texto ou parte
de algum texto. A essa propriedade, que é também uma espécie de conhecimento
compartilhado – só que numa dimensão social e histórica -, chamamos intertextualidade,
um importante suporte de coerência.
O texto é uma espécie de ponte lançada entre conexões de saberes que permite ao leitor
visualizar sentidos que estão interligados a outros textos. O mediador, ao conhecer seu leitor,
poderá utilizar dessa relação textual para direcionar o leitor a novas possibilidades de leitura. O bom
leitor deve ter domínio da leitura, condição de convivência do indivíduo na sociedade.
Para Paulino et al. (2001, p. 35), “desde o momento em que aprendemos a ler, entramos no
mundo da escrita e subordinamo-nos às suas leis, reforçando nossa condição social, marcada pela
aquisição da linguagem”. Não é sem razão que estudiosos mostram que a escrita liga-se ao controle,
às leis sociais. Se sei ler, estou pronto para conhecer a lei, não podendo mais desrespeitá-la
impunemente. Por outro lado, estou pronto também para me deixar seduzir pelo texto e pelos
mundos que ele configura. Assim, a sedução e repressão se instalam no próprio processo de
alfabetização e letramento, por meio da capacidade de análise crítica da realidade social, na qual o
leitor está inserido e sujeito a transformar esse meio, por meio do seu poder de decisão de forma
mais consciente.
Portanto, formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que
possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que
estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem
ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de
elementos discursivos que comprovem sua interpretação e compreensão do texto (PAULINO et al.,
2001).
Os autores citados apresentam as características do leitor ideal, fundamentadas numa
concepção de leitura interativa.
�120
Importa perguntar, pois, qual o papel do bibliotecário na formação do leitor. Não o leitor
obediente, que preenche devidamente fichas de livros ou reproduz com propriedade
enunciados textuais. Mas o leitor que, instigado pelo que lê, produz sentido, dialoga com o
texto, com os intertextos e com o contexto, ativando sua biblioteca interna, jamais em
repouso. Um leitor que, paradoxalmente, é capaz de se safar até mesmo das camisas-deforça impostas pela escola e pela sociedade, na medida em que produz sentidos que fogem
ao controle inerente à leitura e à sua metodologia (PAULINO et al., 2001, p. 29).
Destarte, é de suma importância formar leitor capaz de criar sua própria análise, com o uso
do conhecimento do meio social em que vive, mediante uma visão crítica da sociedade e justamente
por ser um processo complexo que a formação de leitores se torna um bem inestimável para o
bibliotecário, pois o domínio da leitura e da informação pode significar libertação e participação
social do indivíduo na sociedade.
5 PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO COMO MEDIADOR SOCIAL
O bibliotecário mediador tem um papel social fundamental na formação do leitor crítico, ao
interpretar os conteúdos informacionais que se encontram sistematizados nos acervos das unidades
de informação, na tentativa de tornar mais acessíveis ao usuário as informações que demanda. Esse
profissional torna-se ouvinte do leitor e passa a conhecê-lo melhor, o que possibilita um trabalho
mais efetivo de mediação da leitura, não só pela literatura de ficção, mas pela leitura da sociedade.
Embasado em Soares (2009), assim como os desdobramentos de letramento literário e
letramento visual ajudam-nos a estabelecer estratégias de orientação de leitura, a atuação
bibliotecária se manifesta entre o sujeito que busca e o que pode ser encontrado no acervo, que
atenda as necessidades. Na perspectiva do letramento, observa-se o sujeito que aprendeu a não
apenas ler e escrever, mas adquiriu capacidade em utilizar-se da leitura e da escrita para interagir
criticamente com o seu meio social.
Ampliando esse raciocínio, entendemos que o acesso à leitura literária de qualidade leva o
indivíduo ainda mais longe: permite-lhe conhecer a si mesmo e ao universo do qual faz parte,
sendo, pois, um processo decisivo para o enriquecimento social, afetivo, ético e estético do leitor.
Em outras palavras, à literatura, como a qualquer forma de arte, cabe um papel potencialmente
humanizador do sujeito leitor.
O Projeto Clube da Leitura, desenvolvido em uma escola de Ensino Fundamental e Médio,
em que a autora deste artigo participou, vai ao encontro do pensamento de Soares (2009). O Clube
da Leitura com o objetivo de compartilhar e incentivar leituras percebeu o interesse dos leitores em
se tornar escritores. Para as mediadoras do projeto, essa não era a pretensão, porém, “a intimidade
�121
da escrita trouxe essa grata surpresa” (ABREU; BATISTA; OLIVEIRA, 2014, p. 12). Por
conseguinte, algum tempo depois, o projeto teve um livro publicado em 2014, e mais um em
processo de edição.
Esse projeto se norteia em fundamentos teóricos buscados no campo atual da Sociologia da
Leitura, que procura entender o desenvolvimento do gosto e da prática da leitura junto a crianças e
jovens numa perspectiva centrada no sujeito interessado, a partir do conhecimento e do respeito ao
seu contexto social pelo agente da leitura. Alguns membros do projeto retratam também, por meio
de teatro, suas concepções de vida e resposta ao estilo social a que estão inseridos, como pode ser
observado no Musical Entrilhas do Grupo Formigueiros, cujos próprios atores escreveram e
contracenaram episódios que demonstram a visão crítica deles acerca da sociedade em que vivem.
Refletindo com Orlandi (2012), ressalta-se qual seria a contribuição do bibliotecário nas
atividades de leitura: em relação às leituras previstas para um texto, a contribuição é modificar as
condições de produção de leituras do sujeito leitor, dando oportunidade a que ele construa sua
história de leituras. E, além disso, o leitor tem a possibilidade de estabelecer, quando necessário, as
relações intertextuais, resgatando a história dos sentidos do texto, sem obstruir o curso da história
desses sentidos.
O bibliotecário, sujeito capaz de possibilitar a transformação social por meio da educação,
precisa buscar parcerias que auxiliem na formação do leitor. O envolvimento da família, haja vista
estimular o hábito da leitura, pode ser a base diferencial que facilitaria o gosto literário pelo sujeito
desde a infância. Essa parceria com a família dos leitores, certamente, está de acordo com os
argumentos de Souza (2009), para quem, o ambiente determina as ações que os sujeitos realizarão.
O ato de ler foi de tal forma se afastando da prática individual que a tarefa que hoje se
solicita de profissionais da leitura, como professores, bibliotecários e animadores culturais, é
exorcizar o risco da alienação, muito embora eles possam acabar constituindo elo a mais e
inevitável cadeia de mediação que se interpõe entre o leitor e o significado do texto.
O bibliotecário precisa difundir e divulgar a importância da biblioteca, como unidade de
preservação, que ativa o conhecimento, estimulando a leitura. A biblioteca não pode ser considerada
como apêndice de uma instituição educacional; ela é a própria escola, pois é nesse espaço
informacional que os usuários podem encontrar tudo aquilo que precisam para a formação
acadêmica e cidadã deles, mediante a pluralidade de leituras que podem realizar da vida e do
mundo.
A biblioteca possibilita acesso à leitura e às informações para dar respostas e suscitar
perguntas aos educandos, configurando-se numa instituição, cuja tarefa centra-se na formação não
só instrutiva, como também no apoio informacional ao pessoal docente para atender as necessidades
�122
educacionais e sociais. A biblioteca precisa ser entendida como um espaço demonstrativo em que
interajam usuários e informação. Esse espaço democrático pode ser circunscrito a duas funções: a
função educativa e a formação cultural do indivíduo.
6 REFLEXÕES FINAIS
A partir da revisão teórica, percebeu-se que a leitura do texto não tem um sentindo único,
mas contempla uma construção de entendimento que envolve o conhecimento prévio do leitor - com
base no espaço social-temporal a que está inserido - além das novas ideias que lhe são apresentadas
pelo texto. A teoria da estética da recepção vem confirmar as diversas possibilidades de leitura a
partir da interação do horizonte de expectativas dos autores e as possíveis significações por seus
leitores, deixando claro que a interpretação do texto vai além dos conhecimentos do texto e a
compreensão deve se ater às informações do texto.
A intertextualidade se apresenta como indispensável para a compreensão da leitura e
formação do leitor, na proporção que permeia sobre a leitura do mundo em constante comunicação
com outras leituras realizadas pelo sujeito leitor. Por meio da contextualização intertextual, o
mediador literário pode traçar novos caminhos para atender a demanda dos leitores e direcioná-los a
leituras que permitam uma visão mais crítica da sociedade.
O bibliotecário como mediador social pode utilizar todas as possibilidades que a biblioteca
oferece, haja vista garantir a formação de um sujeito crítico e consciente de seu papel transformador
da sociedade, o que possibilita o exercício da cidadania. Isso é alcançado pelo fato de a biblioteca
configurar-se como um lugar de múltiplas funções, tanto de guarda, preservação, organização e
disseminação do conhecimento de um povo.
Nesse ambiente, o leitor terá contato com o saber, o que lhe garante a formação cultural,
social e identitária, proporcionando um conhecimento da realidade sociocultural, de modo que seja
capaz de tomar decisões mais assertivas em sua vida. Ao bibliotecário cabe, ainda, tornar possível o
acesso de forma eficaz a esse leitor do mundo.
Para que esse processo de acesso à leitura e informação possa se concretizar, é necessário
que haja políticas efetivas e estruturadas, no sentido de preparar os profissionais a caracterizarem-se
como mediadores nos espaços e ambientes de acesso à leitura e informação. Como mediadores, a
orientação é de que os profissionais propiciem a formação de cidadãos capazes de exercer seus
direitos sociais e políticos de maneira consciente.
�123
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ZILBERMAN, Regina. A leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988.
�125
CAPÍTULO IX
SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS:
CRIAÇÃO DO ESPAÇO DE LEITURA PARA O LAZER NO AMBIENTE
UNIVERSITÁRIO
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Taciane Gomes Rodrigues
1 INTRODUÇÃO
A Biblioteca Universitária do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Minas
Gerais (BU-SB/UFMG) caracteriza-se como um órgão suplementar dessa instituição responsável
tecnicamente pelo provimento de informações necessárias às atividades de ensino, pesquisa e
extensão da universidade, como também pela coordenação técnica dos recursos informacionais das
25 bibliotecas que compõem o Sistema de Bibliotecas.
Além da biblioteca universitária, esse sistema é composto por uma biblioteca em cada
unidade acadêmica da UFMG e pelas Bibliotecas do Centro Pedagógico e do Colégio Técnico
(Escolas de Educação Básica e Profissional).
Em linhas gerais, as bibliotecas proporcionam informações específicas relativas às diferentes
áreas do conhecimento, tendo em vista fornecer condições adequadas para o efetivo funcionamento
das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Embora a biblioteca universitária tenha um aspecto muito particular, visto que coloca-se a
serviço da universidade, sendo considerada por muitos pesquisadores como uma biblioteca
especializada, como mencionado por Accart (2012), há de se considerar que seus serviços podem ir
muito além da instância universitária, sobretudo quanto ao papel desempenhado pela universidade,
no que tange ao desenvolvimento da sociedade.
Nesse contexto, a partir de um momento de reflexão junto à equipe gestora da BUSB/UFMG, pensou-se na possibilidade em instituir um espaço físico que oferecesse acolhimento
para a comunidade externa da UFMG, especificamente, no que tange à oferta de materiais
informacionais e estrutura física para acomodação de leitores.
Assim, houve o desejo da criação de uma biblioteca não acadêmica, com características
interativas e dinâmicas, possuidora de acervo especializado, voltado para o lazer, ou seja, material
�126
lúdico, literatura e entretenimento, os quais seriam utilizados para fomentar a prática da leitura no
ambiente da Biblioteca.
O espaço foi organizado, de modo a contemplar um ambiente alegre, colorido e ao mesmo
tempo acolhedor. A ideia era que a comunidade universitária, nos horários vagos, como horário de
almoço, ou mesmo entre uma aula e outra, pudesse ter o prazer e convívio com uma leitura
diferenciada; logo, a biblioteca cumpriria as funções híbridas necessárias às bibliotecas da
contemporaneidade: funções educativas, informativas, recreativas e culturais, como dito por Santa
Anna (2018).
Além disso, a comunidade externa também poderia usufruir do espaço, com vistas a
estabelecer um vínculo mais aproximado da instituição com a comunidade, viabilizando, portanto, o
compromisso da extensão universitária, como proclamado por Ferreira (2012).
Assim, foi instituído o Espaço de Leitura no prédio da Biblioteca Central 11, cujo objetivo é
proporcionar a leitura de lazer para a comunidade acadêmica e também para o público externo. Esse
espaço foi inaugurado no dia 10 de setembro de 2009, e contava com um acervo de
aproximadamente 2800 exemplares formados por obras de variados gêneros literários como poesia,
romance, literatura clássica, biografia, literatura infantojuvenil e artes, além de jornais, revistas,
informativos e obras em Braille.
2 O ESPAÇO DE LEITURA E SUA CRIAÇÃO
A criação do Espaço de Leitura na Biblioteca Central da UFMG está ancorada às reflexões
propostas na literatura científica até então publicada sobre a importância de adequação dos espaços
das bibliotecas às necessidades das comunidades, além do forte discurso sobre a Biblioteconomia
Social, como um campo emergente para o século XXI.
Em termos específicos, o Espaço de Leitura se incorpora da leitura para promover a busca
por uma sociedade inclusiva e democrática. A leitura aqui é valorizada por sua capacidade de
transformação na vida dos leitores. Isso porque, os leitores, na maioria das vezes, buscam algo que
“[...] sacie o desejo por conhecimento ou apenas por lazer e este objeto desejado muitas vezes tornase obscuro, de difícil acesso, já que nem sempre se pode incluir no dia a dia a leitura” (SANTOS,
2006, p. 1).
11
Biblioteca Central compreende o prédio de quatro andares que abriga a Biblioteca Central, os setores e divisões
técnicas e administrativas da Biblioteca Universitária, coordenadora do Sistema de Bibliotecas da UFMG. O Espaço de
Leitura funciona dentro do prédio da Biblioteca Central.
�127
Assim, é importante criar espaços de leitura em todos os cantos da sociedade, inclusive com
apoio das instituições (SANTA ANNA, 2017). Além disso, considera-se, também, que o leitor é um
agente muito particular, que realiza a leitura de diferentes formas, com diferentes recursos e em
várias localidades, conforme defendido na tese de Roger Chartier (2003).
Em termos práticos, o projeto voltado para criação da Sala de Leitura teve sua gênese, no
ano de 2006, quando em visita à Escola de Ciência da Informação da UFMG, o então candidato a
reitor, professor Ronaldo Tadeu Pena, ouviu da professora Vera Lúcia Furst, que à época era
membra do Conselho12 Diretor do SB/UFMG, a sugestão de criação de um espaço dedicado à
leitura para o lazer da comunidade acadêmica.
Depois de eleito como reitor, o então professor Ronaldo Pena manifestou interesse em
viabilizar a criação desse espaço e, com o apoio da diretora da BU-SB/UFMG, Maria Elizabeth e da
diretora de Cooperação Institucional, Maria Cecília Nogueira Lima, iniciaram-se as atividades de
construção do espaço. Definiu-se que o espaço seria no prédio da Biblioteca Central, a qual possuía
condições de infraestrutura mais adequadas a abrigar o acervo informacional. Definiu-se como local
de instalação, o lado esquerdo do térreo, logo na entrada do prédio, por ser amplo e bem próximo da
portaria, facilitando o acesso.
E assim, em 2007, foi dado início ao processo, contando com a elaboração do projeto
arquitetônico pelas arquitetas Marieta Cardoso Maciel e Valeria Soares de Melo Franco e o projeto
elétrico pelo Departamento de Manutenção e Operação da Infraestrutura da UFMG (DEMAI). A
participação da arquiteta Marieta Cardoso Maciel, que também era membra do conselho diretor da
BU-SB/UFMG, concebeu o projeto visando a redução de gastos com compra de mobiliário e ao
máximo aproveitamento dos recursos existentes.
O mobiliário utilizado foi composto por móveis existentes no prédio e também por cadeiras
doadas pela Escola de Arquitetura, móveis esses que necessitavam de reforma, orçada no valor de
R$ 3.020,00. A compra de mobiliário para esse espaço ficou restrita a vinte e sete estantes, dois
sofás de quatro lugares, duas mesas laterais e uma mesa de centro, conforme figura 1 e 2.
12
O Conselho Diretor é responsável por definir a política de gestão da Biblioteca Universitária – Sistema de Bibliotecas
da UFMG. É formado pela diretora da Biblioteca Universitária - Sistema de Bibliotecas da UFMG; por professores
indicados pela reitora; por representação do corpo técnico e administrativo e do corpo discente.
�128
Figura 1 – Estantes adquiridas para o Espaço de Leitura e Lazer na Biblioteca Universitária
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Figura 2 – Mobiliário para acomodação de leitores no Espaço de Leitura da Biblioteca Central
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
A compra das estantes foi realizada pela BU no valor de R$21.036,16. Para economia de
orçamento e como haviam sido doadas pela Escola de Arquitetura da UFMG, vinte e cinco cadeiras
(figura 3) foram reformadas juntamente com seis poltronas, sendo que foram realizados três
orçamentos e a empresa que apresentou o menor preço realizou trabalho de reforma em uma peça
para fins de avaliação, e após, procedeu-se à execução da reforma geral.
�129
Figura 3 – Materiais adquiridos por doação e submetidos a reformas
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
No que tange aos materiais informacionais, para composição do acervo, ele foi adquirido
mediante compra, junto a diferentes fornecedores e livreiros. A Biblioteca recebeu e conferiu os
livros que foram patrimoniados e catalogados com a colaboração dos bibliotecários do Sistema.
Também foram adquiridos uma tela para projeções, um projetor, quatro carrinhos para transporte de
livros e cento e sessenta bibliocantos, totalizando R$ 5.974,00. Foram firmados dois contratos para
fornecimento de jornais e revistas.
No que se refere à infraestrutura para acesso físico ao local, há uma rampa para
acessibilidade, conforme ilustrado na figura 4. Salienta-se a importância em se adequar os espaços
das bibliotecas, considerando as pessoas com necessidades especiais. Essa adequação faz da
biblioteca um ambiente de e para todos; trata-se, na verdade, da inserção dessas unidades na
sociedade inclusiva (FIALHO; SILVA, 2012), sociedade essa almejada para as próximas décadas
do século XXI, conforme as determinações da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, a
qual foi aderida pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), e
também pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), no intuito de se
viabilizar o desenvolvimento sustentável das sociedades do futuro, como descrito no estudo de
Dutra, Pinto e Geraldo (2017).
�130
Figura 4 – Adequação ao Espaço de Leitura e Lazer da BU/UFMG – rampa de acesso
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
E, assim, além da disponibilização de literatura de lazer, cultura e informação a toda
comunidade acadêmica e ao público em geral, o Espaço de Leitura tornou-se um espaço lúdico,
confortável, agradável e convidativo para a comunidade universitária, já logo na sua entrada,
conforme ilustrado na figura 5.
Figura 5 – Biblioteca universitária da UFMG, com destaque ao recinto destinado ao Espaço de Leitura e Lazer
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Por meio da figura 5, depreende-se o quanto é importante adequar o espaço das bibliotecas,
de modo que se transformem em ambientes acolhedores, desmistificando o estereótipo de que são,
tão somente, locais que estocam informação e conhecimento. Além de registrar o conhecimento por
meio dos acervos, as bibliotecas criam e recriam a realidade, por meio de adequações em suas
estruturas e nos serviços prestados, de modo a se reinventar, garantindo satisfação à comunidade
que a ela se dirige.
�131
Portanto, seja como espaço físico, como símbolo de uma ordem cósmica ou social ou como
forma visível da razão humana, as bibliotecas são lugares que guardam histórias e
despertam o fascínio e o encantamento. Lugares onde tais elementos se transmutam,
perturbando e excitando fantasias, irmanando o sonho com a ação, além de provocarem
medo e instigarem reações (SILVEIRA, 2012, p. 152).
Por meio do Espaço de Leitura, é possível entender o quanto a leitura tende a contribuir para
o enriquecimento das bibliotecas. A partir de uma reflexão mais ampla, é provável que esses
espaços transformem a vida das pessoas, pois, ao se sentirem acolhidas, amparadas e mediadas pela
leitura, certamente, manifesta-se o desenvolvimento emocional, intelectual e o fortalecimento da
autoestima e da satisfação humana.
Para Silveira (2014, p. 153), enquanto lugares de práticas culturais e enquanto espaço de
leitura, as bibliotecas e seus acervos adquirem “[...] a capacidade de interferir nos cenários sóciopolíticos em que se inserem, fazendo frutificar o saber acumulado e contribuindo para a preservação
e difusão de todo o legado cultural humano”.
A respeito da prática da leitura, principal atividade proposta e realizada na Sala de Leitura
para o Lazer na BC/UFMG, frisou a importância dessa proposta a ser aderida pelas unidades de
informação, independente se é especializada, pública, universitária e demais. O importante é que
todas as instituições unam esforços para que a leitura seja cada vez mais disseminada na sociedade,
como relatado no artigo de Santa Anna (2017).
Nas bibliotecas universitárias, a leitura deve se manifestar, haja vista o potencial dessa
prática no desenvolvimento crítico dos alunos. Nesse aspecto, instituir espaços que facilitem a
prática leitora é algo indispensável no ambiente universitário, pois, conforme relatado por Oriente,
Souza e Simões (2014, p. 162), a instituição cumpre o papel em “[...] estimular e subsidiar o hábito
e gosto pela leitura como também a pesquisa dos seus usuários [...]”. Portanto, bibliotecários e
demais atores que trabalham na universidade “[...] buscam incentivar cada vez mais a prática da
leitura, já que esta deve ser uma luta constante de toda a sociedade [...]”, em prol de uma sociedade
cada dia mais leitora.
Assim, o Espaço de Leitura foi instituído, configurando-se como um belíssimo espaço, algo
que ainda faltava para completar o Sistema de Bibliotecas com suas 25 bibliotecas acadêmicas. O
objetivo desse local é, em linhas gerais, preencher uma lacuna no atendimento ao grande e
diversificado público que transita diariamente no Campus Pampulha.
Segundo Araújo (2009, não paginado), em entrevista concedida à atual diretora do
SB/UFMG, nesse novo espaço, o usuário terá “[...] acesso a uma leitura descompromissada e
poderá preencher o seu tempo livre e momentos de lazer com a leitura de um best-seller, de uma
revista ou de jornal diário”.
�132
Dessa forma, com o término das atividades de planejamento e execução, em 2009, foi
inaugurado, sendo entregue à comunidade por meio de um ato solene. Nessa cerimônia, fizeram-se
presentes autoridades e pessoas envolvidas com o desenvolvimento do projeto, tais como: prof.
Ronaldo Tadeu Pena, Reitor da Universidade; Pró-Reitor de Planejamento, prof. Nagib Cotrim;
diretora de Cooperação Institucional, Maria Cecília Nogueira Lima; diretora e vice-diretora do
SB/UFMG, as bibliotecárias Maria Elizabeth de Oliveira Costa e Rosemary Tofani Motta; e, por
fim, a bibliotecária coordenadora da BC, Cleide Faria, dentre outros participantes (figura 6).
Figura 6 – Cerimônia de institucionalização do Espaço de Leitura
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
– Foto: Diogo Domingues
Por meio da solenidade, o Espaço de Leitura e Lazer se consolida como uma extensão da
universidade, visto que ampliou as possibilidades do Sistema de Biblioteca, em levar informação,
conhecimento e, por que não, lazer e entretenimento para as pessoas. A criação do espaço e a
participação e engajamento dos profissionais, a grande maioria, vinculados à UFMG, demonstram o
quanto as instituições públicas precisam realizar com transparência os seus serviços, e possibilitar
que esses serviços estejam à disposição de toda a população, sem distinções. Isso representa uma
forma de prestação de contas para com a sociedade, acerca dos investimentos realizados com os
recursos públicos (figura 7).
�133
Figura 7 – Entrega e registro do Espaço de Leitura para toda a comunidade
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
- Foto: Diogo Domingues
Nesse contexto, entendemos o valor da Biblioteconomia para toda a sociedade. O espaço
inaugurado foi feito pensando em todos os cidadãos, sejam eles vinculados ou não à universidade.
Por ser pública, e mesmo tendo um viés especializado, a instituição concretiza-se como o espaço de
todos os indivíduos, local onde poderão exercer a cidadania, sendo a leitura um direito a ser
exercido por todos os brasileiros.
Pensar no social é romper as desigualdades, é ir para outros locais, extravasando os muros
das instituições. Ir para instâncias onde as pessoas mais precisam de informação e de conhecimento.
É viabilizar o conhecimento universal para todos, independente de cor, classe, condição social,
orientação sexual, dentre outras particularidades do ser humano. Como há muito tempo discursou
Almeida Júnior (1999), as bibliotecas e seus profissionais precisam colocar-se a serviço das classes
sociais, exercendo um papel mais vigoroso frente às causas e aos problemas que permeiam o dia a
dia da sociedade. O intuito dessa intervenção com a sociedade, segundo o autor, é garantir a
consolidação de uma sociedade mais democrática e justa.
Após inauguração do Espaço de Leitura em 2009, foram desenvolvidos projetos para
incentivar o uso desse ambiente diferenciado e também realizada divulgação por meio de fôlderes,
panfletos, notícias no site do SB/UFMG e reportagens no Boletim da UFMG, acerca dos serviços
prestados à comunidade por esse novo espaço, além dos tradicionais serviços que já eram
oferecidos.
Para um efetivo funcionamento desse espaço, segundo Sá e Faria (2013, p. 2), foram
realizadas reuniões com os bibliotecários da Biblioteca Central, no intuito de “[...] desenvolver
projetos que incentivassem o uso desse ambiente diferenciado na universidade e também que
promovesse o incentivo à leitura por lazer [...]”.
�134
Assim, de acordo com as autoras citadas, os profissionais uniram esforços em prol de dar
continuidade à melhoria do ambiente. Portanto, outras ações foram sendo realizadas no decorrer dos
anos, no intuito de tornar o ambiente cada dia mais atrativo e com maior adesão por parte do
público usuário. O quadro 1 especifica alguns projetos realizados e as diversas ações a eles
vinculados, de modo a proporcionar o desenvolvimento e socialização do Espaço de Leitura na
instituição.
Quadro 1 – Projetos e ações desenvolvidas na Sala de Leitura e Lazer
PROJETO
PRINCIPAIS ATIVIDADES
Sugestão de leitura
Orientação e auxílio ao leitor sobre a escolha de livros.
Ciclo de palestras
Organização de palestras sobre obras literárias, autores,
personalidades etc.
Hora do conto e da leitura
Narração de estórias para um público pré-determinado com o
objetivo de incentivar o gosto pela leitura por lazer, promover
autores consagrados e divulgar importantes clássicos da
literatura.
Exposições bibliográficas temáticas
Realizada por meio de mostra em vitrines de obras reunidas
sobre diversos temas literários, políticos e culturais, visando o
incentivo à leitura e à divulgação do acervo do espaço para
toda a comunidade interna e externa da UFMG.
Exposições bibliográficas interativas
Reúne e expõe em vitrines abertas obras literárias e culturais da
biblioteca com datas comemorativas, que convidam o visitante
do Espaço de Leitura a interagir com o acervo, através da
leitura local e empréstimo domiciliar.
Exposições bibliográficas interativas
Proporciona o contato com outras formas de expressão
artísticas e valorização da leitura em diferentes suportes como
pintura, fotografia etc.
Organização de mostras de artes –Projeto Cinema Exibe na última sexta-feira do mês filmes baseados em obras
para Ler
literárias.
Visita ao Espaço de Leitura
Visita orientada ao local e ao acervo e faz descrição das
atividades desenvolvidas no setor para a comunidade interna e
externa da UFMG.
Fonte: Adaptado de Sá e Faria (2013, p. 2-3).
Importante destacar, também, que são utilizadas estratégias para divulgação do espaço, algo
muito importante para demonstrar à comunidade, os diferentes serviços oferecidos no espaço.
Dentre os vários canais de divulgação, cita-se, por exemplo, o Blog do Espaço de Leitura, o qual se
configura como uma rede social que visa a divulgação do espaço e das atividades desenvolvidas
nele e elabora a postagem de resumos, dicas culturais, lançamento de livros etc. (SÁ; FARIA,
2013).
O Espaço de Leitura vem se configurando, cada vez mais, como um espaço da comunidade,
cumprindo com o propósito a que foi criado, ou seja, ser um “[...] espaço de fruição e de lazer, e em
sua essência trata a leitura literária como sua principal função dentro da UFMG [...]” (FERRAZ;
PAIVA; REIS, 2016, p. 11). No entanto, conforme pesquisa realizada por essas autoras, desafios
persistem, o que requer, constantemente, a avaliação do espaço, a fim de identificar pontos fracos e
fortes, para fins de formular estratégias de melhoria. Dentre os pontos fortes, as autoras citam o
potencial em disponibilizar um local para leitura, estudos e ações culturais. Como pontos negativos,
�135
há de se considerar, a necessidade de maior envolvimento da extensão universitária, como também
conscientização do público-alvo acerca das atividades específicas a serem desenvolvidas no local.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Espaço de Leitura e Lazer, localizado na Biblioteca Central da UFMG, tem um acervo
diferenciado do mundo acadêmico com literatura voltada para o entretenimento, ou seja, destina-se,
primordialmente, para manifestação da leitura literária e atividades recreativas. Entende-se que o
próprio ambiente tem uma característica de conforto, colorido, aconchegante, tornando-se propício
para uma leitura descontraída, voltada para o lazer.
A logística do local o diferencia dos demais ambientes tradicionais de muitas bibliotecas
existentes no conjunto das 25 bibliotecas do SB/UFMG, como diferencia também dos demais
ambientes universitários do campus frequentados pela comunidade acadêmica, e também pelo
público externo. Trata-se, portanto, de um ambiente inovador, o qual fortalece o novo papel das
bibliotecas, preconizadas como espaços de interação e convívio, para diferentes públicos e com
múltiplas funcionalidades.
O público externo que busca a instituição e seus serviços diversificados, inclusive os
serviços de bibliotecas, como empréstimos de livros e utilização de salas de leitura para estudo
acadêmico, passa também a conhecer o espaço e os inúmeros serviços por ele oferecidos, como, por
exemplo, o Projeto "Cinema para Ler", cujo objetivo é mostrar a proximidade entre cinema e
literatura e o quanto o cinema pode incentivar a leitura.
Esse projeto, juntamente com as demais atividades realizadas no Espaço de Leitura, é
voltado para o social, ou seja, a Biblioteconomia Social. Os projetos e as atividades do Espaço de
Leitura almejam a democratização e socialização desse ambiente universitário e que não só a
comunidade acadêmica, como também o público externo, pode usufruir do espaço para uma leitura
descontraída e também para os diversos serviços oferecidos como promoção de encontros, eventos,
seminários e palestras.
Em linhas gerais, os serviços oferecidos colocam-se a serviço dos usuários em seus variados
contextos, em suas diferenciadas particularidades, considerando múltiplas necessidades, rompendose, assim, qualquer possibilidade de limitação entre o ser humano e a informação. Portanto, o
Espaço de Leitura manifesta-se como um elemento da Biblioteconomia Social, que encontra na
leitura e no acolhimento, uma forma de vencer desigualdades e promover a democratização da
informação na sociedade.
�136
REFERÊNCIAS
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Lemos/Livros, 2012.
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�138
PARTE III
A Biblioteconomia em
espaços e contextos de
vulnerabilidade
�139
CAPÍTULO X
PROJETO DE INSTALAÇÃO DO ESPAÇO DE LEITURA EM CLÍNICA PEDIÁTRICA
DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO13
Elaine Gregório
1 INTRODUÇÃO
A leitura se apresenta como uma fonte inesgotável de aquisição de informação e de
produção de conhecimento, sendo necessário, por meio dela, “[...] aprender a ler o mundo, dar
sentido a ele e a nós próprios [...]” (MARTINS, 2007, p. 34), possibilitando, com isso, que se
questione a realidade vivida e, por conseguinte, que se oportunize crescimento social e cultural.
Desse modo,
A leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda
a própria vida do ser humano [...] parece ser o único meio de desenvolver a originalidade e
a autenticidade dos seres que aprendem [...] (SILVA, 2005, p. 42 apud SILVEIRA, 2011, p.
5).
Diversos profissionais trabalham com a criação das práticas de leitura, dentre eles, os
bibliotecários, que, constantemente, lidam com a formação de novos leitores em diversos ambientes
de informação, educação e cultura. Nesse sentido, não apenas a biblioteca torna-se palco de atuação
desse profissional ao desenvolver práticas alternativas interdisciplinares na área de leitura em
diversos espaços e tempos.
Dentre os diversos ambientes de desenvolvimento de práticas de leitura, destacamos o
hospital, que tem como missão promover assistência à saúde e, por consequência, o cuidado com a
vida (MELLO, 2008). Nesse ambiente, percebemos a relevância da dinamização da leitura ao
favorecer o contato com “[...] valores humanitários compartilhados por todos que trabalham na
organização. Isto, por certo, favorecerá a confiança tão almejada pelos pacientes para se deixarem
cuidar” (ZOBOLI, 2008, p. 7).
Podemos citar algumas atividades de leitura em hospitais fazendo com que seja parte de uma
estratégia terapêutica que drible parte dos problemas advindos da hospitalização, como a depressão,
13
Esta pesquisa contempla partes de um Trabalho de Conclusão de Curso de Biblioteconomia, defendido no ano de
2012. Alguns resultados foram apresentados no CBBD, de 2013 e outros publicados na Revista ACB, em 2014.
�140
entre outros sintomas. Nesse contexto de atuação, Caldin (2001 apud ALMEIDA, 2011) apresenta
uma experiência que dá visibilidade ao trabalho de leitura no ambiente hospitalar, ao contextualizar
essa prática como uma estratégia terapêutica que contribui para humanizar o tratamento hospitalar.
Caldin (2001) avalia o projeto Leitura infantil e Medicina pediátrica: como uma
aproximação de integração humana, desenvolvido pela Pontífica Universidade Católica do
Rio Grande do Sul e cinco sub-projetos vinculados ao projeto-matriz Por uma Política de
Incentivo à Leitura, da Universidade de Joinville. Estes projetos, desenvolvidos por
formandos e coordenados por professoras do Curso de Letras das Universidades citadas,
desenvolveram trabalho de terapia por meio da leitura na pediatria de hospitais de Porto
Alegre e de Joinville. Verificou-se que as histórias contadas às crianças diminuíam seu
estado de incapacidade e proporcionaram alívio temporário das dores e dos medos advindos
da doença e do ambiente hospitalar. O resgate do sonho, do imaginário e do lúdico forneceu
um suporte emocional às crianças enfermas. Os registros dos leitores de histórias
legitimaram a eficácia da biblioterapia em cultivar a leitura infantil como integradora no
processo de cura que abrange o corpo e a mente (CALDIN, 2001 apud ALMEIDA, 2011,
p. 5-6).
Como forma de refletir sobre a prática da leitura no ambiente hospitalar, recorremos a uma
experiência na qual se registra a participação de docentes e de graduandos do Curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), vinculados ao projeto de
extensão universitária Ideias e Práticas em Informação, Educação e Cultura. Dessa experiência,
também participaram profissionais da área da informação e saúde, que se propuseram a trabalhar
com a criação do projeto de extensão Leitura no ambiente hospitalar, desenvolvido no Ambulatório
Pediátrico do Hospital Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM).
Sendo assim, este texto versa sobre uma experiência de leitura em um contexto de alta
complexidade, o ambiente hospitalar. Pretende-se reforçar o fato de que bibliotecas e bibliotecários,
por meio do potencial dos acervos, viabilizam práticas de leitura que podem contribuir com a
melhoria dos pacientes ou, de alguma forma, interferir na pacificação dos demais personagens que
permeiam um ambiente hospitalar, como profissionais da saúde, familiares de pacientes e
acompanhantes.
O presente texto é um relato de experiência, cuja intenção principal é relatar a experiência de
implantação e dinamização da leitura no ambulatório do HUCAM e refletir acerca da atuação do
bibliotecário em projetos de leitura no ambiente hospitalar.
2 IMPLANTAÇÃO DO ESPAÇO DE LEITURA NO AMBIENTE HOSPITAR
As atividades de implantação do projeto de leitura no Ambulatório Pediátrico do HUCAM
iniciaram-se no primeiro semestre do ano de 2010, envolvendo um conjunto de atividades, dentre
elas, reuniões, encontros de formação e grupos de estudos. Ressalta-se, nesse processo, o
�141
estabelecimento de contato com os profissionais do hospital, momento em que se obteve permissão
para a realização do diagnóstico do perfil dos pacientes.
Na fase diagnóstica, resgataram-se, no banco de dados do ambulatório, informações
relacionadas ao atendimento realizado nos meses de fevereiro a dezembro de 2009. Com isso,
identificou-se a procedência de pacientes de todas as regiões do Estado do Espírito Santo (urbanas e
interioranas). Também se registrou o atendimento a usuários provenientes de outros Estados
brasileiros, tais como Minas Gerais (MG) e Bahia (BA).
Ao analisar o fluxo de atendimento (gráfico 1), percebeu-se que não houve registros de
atendimento no mês de janeiro, assim como, identificou-se que no mês de dezembro o ambulatório
funcionava praticamente até a metade do mês. Percebeu-se também que o atendimento
intensificava-se entre os meses de março e novembro.
Gráfico 1 – Atendimento no setor de ambulatório
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
As informações sobre o atendimento auxiliaram no processo de planejamento do
cronograma de atendimento do espaço de leitura, da mesma forma que os dados relacionados à
idade (gráfico 2) e ao gênero (gráfico 3) permitiram a identificação de que o público atendido seria
composto, em sua maioria, por crianças e pelo gênero feminino. Entretanto, a equipe não
desconsiderou como um público potencial o gênero masculino, bem como a classe de adolescentes,
jovens e adultos.
�142
Gráfico 2 - Idade dos usuários
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
Gráfico 3 - Informações de gênero
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
Em seguida, partiu-se para a observação das características da situação física e estrutural do
espaço que se mostraram insuficientes desde a época da implantação. Porém, o espaço foi adaptado
para receber o público-alvo, que seria composto por pacientes, acompanhantes e funcionários do
hospital.
Para garantir o atendimento a esse público, o acervo foi constituído em sua maioria por
obras infantojuvenis cedidas pelo GECHUFES. Também foram recebidas doações dos alunos do
�143
Curso de Biblioteconomia e outros membros da comunidade interna e externa à universidade. Desse
modo, foram acrescentados ao acervo obras de romance, poesia, contos, revistas em quadrinho,
periódicos de diversas áreas, CDs infantis e outros tipos de materiais que garantiram o início do
trabalho.
Após esse processo, a equipe organizou o evento denominado Atividades de formação na
área de leitura e narrativa oral: em busca de práticas diferenciadas. Destaca-se, nessa fase, a
participação de profissionais da saúde, docentes de Biblioteconomia da UFES e bibliotecários
formados que assumiram a função de condutores das discussões dos seguintes temas: humanização
do ambiente hospitalar; leitura e cidadania; narrativa oral; leitura de histórias; dramatização e
musicalização.
2.1 DINAMIZAÇÃO DO ESPAÇO DE LEITURA
A dinamização do espaço de leitura iniciou-se no segundo semestre de 2010, tendo
continuidade até o segundo semestre de 2011. Inicialmente, o espaço foi liberado para o trabalho
em apenas um dia da semana, tendo, com isso, o acompanhamento de uma bolsista do curso de
Biblioteconomia da UFES. Todavia, os profissionais do hospital utilizavam o acervo em outros dias
da semana.
As atividades desenvolvidas, no auditório do Ambulatório Pediátrico, inicialmente,
consistiram na disponibilização do acervo sobre mesas (figura 1), para, assim, facilitar o acesso aos
livros e a outros tipos de materiais disponíveis para as leituras.
Figura 1 - Exposição de partes do acervo do projeto
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
�144
A estratégia ocasionou numa boa recepção por parte dos pacientes e acompanhantes,
conforme pode ser observado no relato de uma das bolsistas do projeto:
Os pais aprovaram a iniciativa do projeto e nos disseram que chegam a ficar mais de cinco horas aguardando o
atendimento, e que seria muito bom se estivéssemos lá todos os dias, pois a leitura de livros e revistas ajuda a passar o
tempo de espera.
Assim, percebeu-se a necessidade da ampliação do atendimento no ambiente hospitalar,
tendo em vista que não apenas as crianças e os adolescentes demonstraram prazer ao entrar em
contato com o acervo do projeto. As histórias possibilitaram aos sujeitos desse espaço,
dinamizadores e usuários, diálogos acerca da saúde e da realidade das comunidades de origem.
Com a análise da experiência, percebeu-se que a competência em leitura exercitada naquele
ambiente evidenciou o aprender a ler o mundo e a dar sentido a ele, assim como, aos próprios
sujeitos (MARTINS, 2007).
Desse modo, o diálogo em torno da leitura permitiu aos sujeitos questionar a realidade
vivida e a perceber a importância dela para obter crescimento social e cultural. Segundo relato de
outra bolsista do projeto,
certa feita, uma mãe relatou que gostou muito do projeto, pois a escola em que seus filhos estudavam não possuía
biblioteca, e ali ela pôde vê-los lendo um livro. Ela relatou ainda que também estava lendo alguns livros infantis para
depois contar para seus filhos.
Diante desse contexto, identificam-se circunstâncias que propiciam a precariedade das
práticas de leitura em ambientes de educação e cultura e, por conseguinte, a realidade que é imposta
aos sujeitos cotidianamente.
No contexto da dinamização da leitura no espaço hospitalar (figuras 2 e 3), também foram
registrados diálogos compartilhados perante a situação de adoecimento, a angústia da espera na
instituição hospitalar, de abandono no contexto familiar, bem como, das dificuldades enfrentadas no
dia a dia. A prática vivida, então, em alguns momentos, viabilizada pela leitura dirigida, permitiu
momentos de reflexões e de aprendizagens nesse ambiente.
�145
Figura 2 - Usuários do ambulatório
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
Figura 3 - Usuários do ambulatório
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
Acerca da atuação dos discentes do Curso de Biblioteconomia da UFES, verificou-se que
trabalharam na revitalização14 do espaço de leitura, organizando, por exemplo, campanhas de
14
Trabalho realizado na disciplina Ação Cultural em parceria com o Projeto Ideias e Práticas em Informação,
Educação e Cultura, ambos ligados ao Departamento de Biblioteconomia da UFES.
�146
doação dos livros que resultaram na melhoria do acervo do projeto e em outras ações que visaram a
sua reestruturação.
Destacam-se ainda, nesse contexto, as atividades para a melhoria do ambiente, como a
confecção de painéis removíveis com temas de contos infantis (figura 4), tornando-o, assim, o
espaço mais atrativo. Os discentes também promoveram momentos de contação de histórias,
seguidos de desenhos que eram articulados com a leitura do texto das narrativas. Também
utilizaram técnicas relacionadas com leitura dirigida individualmente, música e expressão corporal.
Figura 4 - Revitalização do espaço
Fonte: Dados da pesquisa (2012).
O contexto da disseminação registrada nos documentos dos projetos consubstancia o relato
de atividades que foram positivas tanto para o público-alvo quanto para os dinamizadores do
projeto. Além do exposto, a contribuição das ações para a formação do futuro bibliotecário pôde ser
verificada perante o relato de uma das discentes do curso de Biblioteconomia:
Minha participação no projeto foi curta, porém de grande valia para a vida profissional, mostrando uma possibilidade
de atuação do bibliotecário como agente cultural. Apesar de o projeto trabalhar com um público flutuante, a
participação das crianças foi bastante significativa.
Com a exposição da implantação e dinamização descrita até o momento, coexiste a
constatação do desaparecimento de praticamente todo o acervo do projeto no final do segundo
período de 2011. Paralela a essa realidade, evidencia-se o desaparecimento do mobiliário que
atendia ao público infantil no ambiente hospitalar.
Com o número reduzido de livros e a baixa participação do público em detrimento do
desfalque do acervo, restaram apenas poucos periódicos antigos e mutilados. Nos relatórios dos
projetos, registra-se também o extravio de gibis junto com a maior parte dos livros infantis,
�147
ocasionando na falta de interesse por parte dos pacientes e outros usuários em frequentar o espaço
de leitura.
Diante do exposto, no primeiro período de 2012, as atividades do Projeto de Extensão
Leitura no ambiente hospitalar foram transferidas para o Projeto de Extensão Ideias e Práticas em
informação, educação e cultura, com a finalidade de encontrar formas de reestruturar o trabalho,
que, na atualidade, continua sendo desenvolvido em espaços educacionais. Todavia, o interesse dos
alunos pela dinamização da leitura no ambiente hospitalar permanece, ocasionando em estudos de
Trabalho de Conclusão de Curso e em planejamentos de outras atividades extensionistas no
ambiente hospitalar. Por conseguinte, este relato aponta para a necessidade de continuidade do
trabalho, o que requer uma gestão que possa dar conta da dinamização da leitura na instituição
hospitalar.
Nesse sentido, só é possível conceber uma formação que implique ações que se constituam
num processo de construção coletiva com os sujeitos envolvidos. Entende-se que o movimento de
mudança das práticas e da organização do trabalho só se tornará efetivo por meio da
problematização dos modos de cuidar de gerir instituídos, se esses movimentos estiverem
conectados com as práticas de trabalho nos serviços de saúde, com seus trabalhadores e usuários
(HECKERT; NEVES, 2000 apud GUEDES; PITOMBO; BARROS, 2009).
A realidade exposta dá visibilidade à ausência de trabalhos mais efetivos na área do ensino,
da pesquisa e da extensão na universidade, voltados especificamente para essa realidade, tendo
como finalidade promover espaços de leitura na área de interesse da comunidade interna e externa à
instituição de formação. Conforme aponta Yunes (2004, p. 2),
no que toca a questão da leitura, a primeira necessidade de uma comunidade é reconhecer
esta prática como uma atividade que precede a maioria das conquistas sociais de seus
integrantes. Ela é o recurso que lhe permite obter informação sem depender muito de
intermediários e intérpretes, que situa cada um diante de uma série de possibilidades, que
lhe oferece opções para fazer-se um pouco menos autômato e mais responsável por seus
desejos e atitudes.
Nesse sentido, surge a necessidade de criação de políticas que possam prever a participação
do bibliotecário e de outros membros da comunidade, interna e externa à UFES, nesse contexto de
atuação, que se caracteriza como sendo inter e transdisciplinar. Torna-se importante colocar que,
para isso, não existe uma receita pronta e acabada, conforme expõe Yunes (2004, p. 5), mas sim,
possibilidades de conceber “[...] ações assumidas coletivamente em cada comunidade, com decisões
concertadas interinstitucionalmente que acolham as iniciativas e projetos para apoiá-los e expandilos”.
�148
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da experiência vivenciada no hospital universitário descrito neste estudo, percebe-se
o quanto a leitura, por meio das intervenções de bibliotecários, alunos e docentes da área de
Biblioteconomia e campos afins, muito pode contribuir para minimizar as angústias existentes no
ambiente hospitalar. Acreditamos, por meio deste relato, que a Biblioteconomia pode ir muito além
das bibliotecas, atingindo esses locais em que prevalecem instabilidades e sentimentos de medo,
dor, sofrimento, dentre outras sensações que inquietam ou incomodam o ser humano.
A leitura, a educação e a informação fundamentam a construção de uma sociedade crítica, na
qual a cultura é o elemento fundamental para que o desenvolvimento social dos sujeitos seja
efetivado. Questiona-se, então, sobre a importância de práticas de incentivo à leitura, bem como,
para o fato de que ações contribuem para a formação de novos leitores.
A prática da leitura não pode ser realizada apenas em ambientes educacionais, na família ou
na biblioteca. Ela pode ser realizada por meio da estruturação de ambientes de aprendizagem,
organizados fora do ambiente escolar e/ou da biblioteca, podendo ser firmada em ambientes onde o
público aproveita o tempo ocioso para consolidação da leitura. O bibliotecário expande sua atuação
profissional e cumpre sua missão de agente cultural e social ao adquirir competência informacional,
contribuindo, sobremaneira, no gerenciamento desses espaços destinados à leitura e aprendizagem.
A participação do profissional da informação, especificamente o bibliotecário, que lida
diretamente com o objeto livro, pode ser pensada como agente para disseminação e incentivo ao ato
de ler. Com o intuito de refletir acerca das potencialidades da profissão, apresentamos um relato de
experiência no qual se registra a atuação de docentes e discentes do Curso de Biblioteconomia da
UFES no Ambulatório pediátrico do HUCAM, vinculados ao Projeto de Extensão Universitária
Ideias e Práticas e Informação, Educação e Cultura do Departamento de Biblioteconomia dessa
universidade.
A mediação da leitura promovida no espaço pediátrico contribuiu para a discussão acerca da
importância da implantação de espaços como esse que visem a dinamização e o aprendizado em
práticas culturais envolvendo discentes. Espera-se que, com isso, os resultados do presente estudo
possam contribuir para o fomento de políticas dentro na universidade que valorizem o
desenvolvimento de práticas de leitura para crianças e adolescentes, e repensar no papel do
bibliotecário como mediador da leitura no referido contexto social.
�149
REFERÊNCIAS
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YUNES, E. Políticas públicas de leitura: maneira de fazê-las. Pensar no livro, n. 3, mar. 2004.
�150
CAPÍTULO XI
O BIBLIOTECÁRIO NO CONTEXTO DO ENCARCERAMENTO: DAS INSTITUIÇÕES
ESCOLARES AOS PRESÍDIOS
Eni Maria Zanette
1 INTRODUÇÃO
Ser capaz de aprender, adquirir novos conhecimentos, descobrir, inventar, criar e inovar é
uma necessidade premente do homem moderno. Mais do que ter hábitos aperfeiçoados, é
importante ter flexibilidade e agilidade para adaptar-se às novas mudanças no mundo
contemporâneo. A biblioteca é fundamental para a formação e desenvolvimento humano e social,
constituindo-se como uma fonte propagadora de conhecimento.
Bibliotecas também podem viabilizar o exercício da cidadania, interferindo na formação
consciente do indivíduo, capacitando-o a exercer sua conduta em conformidade com regras,
costumes e demais fatores culturais legalmente aceitos e instituídos. Estando vinculadas a uma
organização específica, as bibliotecas podem exercer a missão socializadora, como acontece nas
bibliotecas prisionais.
Bibliotecas prisionais têm grande importância principalmente para a formação de práticas de
leitura, uma vez que os apenados não têm acesso a jornais, televisão, internet etc. Resta a
possibilidade dos livros como companheiros durante o ócio. No entanto, mesmo sabendo das
contribuições que as bibliotecas prisionais podem proporcionar, a realidade do sistema prisional
brasileiro confirma a falta de gestão e até mesmo a inexistência dessas unidades nos presídios
brasileiros.
Especificamente, refletindo o contexto do Estado do Espírito Santo, segundo o relatório do
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), de 2008, sobre a situação das bibliotecas no
Sistema Penitenciário, na meta 16, que trata das bibliotecas, descreve que o acervo das bibliotecas
instaladas nas quatro unidades prisionais no Espírito Santo é formado por doações.
Para a
dinamização desse acervo, em geral, é indicado um preso para atuar, que segundo o referido
relatório, conforme transcrito, tal preso é designado para atuar na função de bibliotecário (BRASIL,
2008). Isso vem demonstrar o desconhecimento do Estado quanto ao papel desse profissional e a
�151
importância de sua atuação enquanto mediador e orientador do acesso à informação em sistemas
prisionais.
Esse desconhecimento pode estar relacionado a diferentes fatores, tanto no que se refere à
formação profissional, bem como quanto à divulgação no mercado das novas contribuições que o
profissional pode proporcionar a diferentes espaços que demandem de informação. Sobre essa
questão, faz-se necessário definir um perfil profissional que se deseja, sendo também
imprescindível o desenvolvimento de ações que “[...] divulguem o profissional para o mercado
empregador” (VALENTIM, 2002, p. 118).
Nesse contexto, partiu da seguinte questão norteadora de pesquisa: de que forma a biblioteca
pode contribuir para otimizar a gestão do sistema prisional considerando, em caráter geral, a
realidade nacional e, em caráter particular, a realidade do Espírito Santo? Por decorrência dessa
indagação, o presente texto manifesta-se com a perspectiva de caracterizar as contribuições da
biblioteca contemplando como elemento estratégico a atuação do bibliotecário em ambientes
prisionais, destacando a realidade do sistema prisional brasileiro, em especial, a realidade do Estado
do Espírito Santo.
Metodologicamente, utilizou-se da pesquisa bibliográfica, conduzida por meio da consulta a
livros e artigos científicos que versam sobre esse assunto, tendo em vista buscar embasamento
teórico que justificasse a contribuição do bibliotecário e da biblioteca no contexto prisional.
Além da pesquisa bibliográfica, recorreu-se à pesquisa documental, analisando documentos
jurídicos de natureza primária, os quais fornecem informações para sustentar as atividades a serem
realizadas na unidade prisional. Dentre os documentos primários consultados, citam-se: as regras,
regulamentos, resoluções, portarias, diretrizes e leis do sistema prisional brasileiro e do Estado do
Espírito Santo.
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
De acordo com a British Broadcasting Corporation Brasil (BBC/BRASIL, 2012), em 28 de
dezembro de 2012, a população carcerária no Brasil obteve o 3º maior aumento do mundo. Nos seis
primeiros meses desse ano, o país apresentou um crescimento de 6% e se continuar com essa
tendência, em breve, será um dos três países do mundo com maior população carcerária absoluta.
Além disso, as condições precárias do sistema prisional brasileiro dificultam a prática de programas
para ressocialização dos presos.
�152
Segundo Kawaguti (2012), o Brasil tem um sistema prisional superlotado, além de um
déficit de vagas de quase duzentos mil. Por meio da fiscalização de Direitos da Organização das
Nações Unidas, o Brasil recebeu como recomendação melhorar as condições das prisões e enfrentar
o problema da superlotação. Conforme levantamento da Pastoral Carcerária para a população
prisional, maior parte dos encarcerados tem baixa escolaridade, é formada por negros ou pardos,
não possui emprego formal e é usuária de drogas.
De acordo com Souza (2008), o perfil do preso brasileiro em sua maioria absoluta é formado
por pessoas pobres. A escolaridade desses compreende 70% com ensino fundamental incompleto e
10,5% de analfabetos. A atividade educativa é desenvolvida por apenas 18%, portanto, 72% estão
em total ociosidade. É uma população jovem, em que mais da metade está na faixa de 18 a 29 anos
entre homens e mulheres. Quase metade dos aprisionados está sob essa condição por causa de
roubos seguidos pelo tráfico de entorpecentes, dentre outros motivos. A reincidência representa
80% dos presos que saem e voltam a cometer crime.
O Sistema Penitenciário Brasileiro apresenta muitas dificuldades e os presos, cada vez mais,
estão convivendo em celas superlotadas, com precárias condições de sobrevivência e com grande
predominância de violência.
Diante disso, percebe-se que o artigo 1°, inciso III, da Constituição Brasileira de 1988, que
dispõe sobre a Dignidade da Pessoa Humana e o artigo 5º, inciso III, ao descrever que “[...]
ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante [...]”, estão sendo
violados (BRASIL, 1988, p. 13).
O sistema penitenciário brasileiro ainda não oferece
possibilidades de apoio para que o detento seja ressocializado.
Ao Estado, compete fazer cumprir essas garantias, que estão asseguradas no artigo 10 da Lei
nº 7.210, de 11 de julho de 1994, conhecida como Lei de Execução Penal (LEP) (BRASIL, 1984).
A Lei 12.245, de 24 de maio de 2010, altera o artigo 83 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1994,
para autorizar a instalação de salas de aulas nos presídios (BRASIL, 2010).
Conforme a LEP, em seu artigo 21, em atendimento às condições locais, cada
estabelecimento será dotado de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida
de livros instrutivos, recreativos e didáticos (BRASIL, 1984).
�153
3 OS SISTEMAS PRISIONAIS E AS BIBLIOTECAS
3.1 DIRETRIZES INTERNACIONAIS
Em 25 de maio de 1984, por meio da Resolução 1984/4715, o Conselho Econômico e Social
da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou treze procedimentos para a aplicação efetiva
das Regras Mínimas, conforme artigo 40 a seguir transcrito: “Cada estabelecimento prisional terá
uma biblioteca para o uso de todas as categorias de presos, devidamente provida com livros de
recreio e de instrução, e os presos serão estimulados a utilizá-la” (UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO, 2013, não paginado). Entre os treze procedimentos, constam a previsão de uma biblioteca
disponibilizada a todos os presos para fins de instrução e recreação.
Em 1985, a Federação Internacional das Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA),
mediante ao Comitê Permanente da La Sección de Bibliotecas para Personas en Condiciones
Desventajosas (LSDP) reconheceu a necessidade de oferecer serviços bibliotecários e de
informação para um número maior de pessoas que cumprem condenação em unidades prisionais em
todo o mundo. Dentro da seção de usuários especiais, criou um grupo de trabalho sobre bibliotecas
prisionais, com o objetivo de elaborar normas internacionais para esse tipo de serviço. Assim,
durante cinco anos seguidos, uma equipe organizou e desenvolveu conferências, oficinas, reuniões
objetivando aumentar os conhecimentos sobre biblioteca prisional e coletar informações como
subsídio na elaboração e publicação das diretrizes (LEHMANN; LOCKE, 2007).
A primeira publicação das Diretrizes para Bibliotecas Prisionais, a Guidelines for Library
Services to Prisoners ou Pautas para serviços bibliotecários para reclusos foi editada pelo francês E.
Kaiser, em 1992, e traduzido para o espanhol, em 1993. Em sua segunda edição, em 1995, já incluía
informações mais específicas sobre os serviços. Em 2001, o Comitê Permanente da LSDP propôs a
atualização das pautas. Um novo grupo de trabalho assumiu o compromisso de examinar como os
sistemas de bibliotecas públicas haviam expandido os serviços para os indivíduos sob condição de
reclusão, devendo realizar as seguintes atividades: atualizar as informações relativas ao estado atual
das bibliotecas prisionais existentes e conhecidas; e, atualizar as informações sobre as normas
existentes e sobre os métodos utilizados para oferta de serviços pelas bibliotecas. Como resultado
15
As Regras mínimas para tratamento de prisioneiros foram adotadas pelo 1º Congresso das Nações Unidas sobre
Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, realizado em Genebra (em 1955), e posteriormente, aprovada pelo
Conselho Econômico e Social da ONU, mediante a sua resolução 663 C I (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela
resolução 2076 (LXII), de 13 de maio de 1977 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2014).
�154
dessa investigação, foi publicada a 3ª edição das diretrizes, em 2007, na versão em língua espanhola
(LEHMANN; LOCKE, 2007).
A IFLA e a Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura
(UNESCO), em seu Manifesto sobre Bibliotecas Públicas, incluíram, em 1994, as diretrizes para a
oferta de serviços e materiais específicos, para usuários que, por algum motivo, não podem ter
acesso aos serviços e materiais, como pessoas hospitalizadas e detentos (IFLA, 2012). Estabeleceu
ainda que, os serviços devem ser fisicamente disponíveis a toda comunidade. A IFLA espera que
seja oferecida a esses grupos uma coleção renovada.
Assim, diante do exposto, pode-se inferir que, no âmbito internacional, as instituições
reconhecem que a biblioteca é um instrumento de reinserção para o recluso. Na descrição das
características das bibliotecas prisionais, em alguns países - apresentada por Garcia-Perez (2001) há situações, em que os bibliotecários tomaram a iniciativa na promoção de ações decisivas para o
crescimento dos serviços. A biblioteca pública tem um papel importante, por meio do serviço
bibliotecário, de renovar o acervo e buscar fundos. Cada país aplica seus próprios critérios, não
existindo uma norma internacional comum a todos, apenas diretrizes.
Lehmann e Locke (2007), editores das diretrizes ou pautas, descrevem que o objetivo das
Pautas para serviços bibliotecários para reclusos é atuar como uma ferramenta para apoiar
projetos, aplicações e a evolução desses serviços para prisioneiros. Essas diretrizes internacionais
adaptadas sem dificuldades em qualquer local revelam uma aceitação dessas propostas pela maioria
dos países, cujas políticas governamentais locais e nacionais apoiem a existência de bibliotecas
prisionais.
As diretrizes são instrumentos para projetos de novas bibliotecas e avaliação das existentes.
Em caso de não haver diretrizes específicas para a região, as diretrizes propostas pela IFLA e
UNESCO podem ser aplicadas. Servem ainda, como uma declaração geral de princípios sobre os
direitos dos reclusos a ler, aprender e ter acesso à informação. Essas diretrizes são aplicadas à
população de cinquenta ou mais reclusos.
Também são extensivas aos bibliotecários,
administradores
prisionais,
de
bibliotecas,
autoridades
legislativas
e
administradores
governamentais e demais autoridades responsáveis pela administração e financiamento das
bibliotecas prisionais.
De acordo com Lehmann e Locke (2007), as diretrizes para bibliotecas prisionais tiveram
contribuição de vários documentos mundiais. Dentre eles, citam-se:
regras mínimas para o tratamento de prisionais - regra 40: dispõe essa pauta que cada
estabelecimento prisional terá uma biblioteca para o uso de todas as categorias de presos,
�155
devidamente provida com livros de recreio e de instrução, e os presos serão estimulados a
utilizá-la;
la Carta del Lector: instituída em 1994, elaborada pelo Comitê Internacional do Livro e a
Associação Internacional de Editores, publicadas pela UNESCO, declarando que a leitura é
um direito universal;
o Manifesto sobre a Biblioteca Pública da IFLA/UNESCO, de 1995: convoca as
bibliotecas públicas a servir seus reclusos;
el Informe Education em La Prisión: escrito pelo Conselho Europeu, firmado em
Estrasburgo, no ano de 1990, incluindo um capítulo sobre biblioteca prisional. Esse
documento recomenda que as bibliotecas prisionais, para funcionarem, precisam seguir os
mesmos padrões profissionais de uma biblioteca da comunidade; devem ser administradas
por um bibliotecário profissional; satisfazer os interesses e necessidades de uma população
heterogênea; e oferecer livre acesso aos detentos e disponibilizar uma variedade de
atividades relacionadas à alfabetização e leitur.
Lehmann e Locke (2007) ainda mencionam que as pautas para serviços bibliotecários
prescrevem:
alcance: sua aplicação se estende a todos os centros onde existam pessoas encarceradas,
presos, prisões, centros preventivos de prisão, centros de detenção, hospitais e outras
instituições prisionais. São diretrizes válidas para adultos e menores;
administração: a redação das diretrizes para a prestação de serviços bibliotecários deve ser
desenvolvida pelas autoridades nacionais ou prisão local. Essa norma deve enunciar, de
forma clara, a missão e objetivos, assim como as fontes de financiamento e
responsabilidades administrativas para os serviços bibliotecários.
As diretrizes para
bibliotecas prisionais devem servir de base para o desenvolvimento de procedimentos
bibliotecários locais, tratando temas como atividades operacionais da biblioteca;
a coleção: o controle da administração e o financiamento para as bibliotecas prisionais
variam para cada país (Ministério da Justiça Nacional, Governo, Município, Biblioteca
Pública, o Sistema de Bibliotecas, Ministério da Educação e Cultura). Em alguns casos,
diversas organizações governamentais dividem essa responsabilidade, tendo um acordo,
contrato legal que explique a contribuição de cada parte e os serviços que oferecem.
Recomendam, ainda, que a coleção disponha de uma quantidade mínima de 100 livros,
sendo possível o empréstimo de dois títulos por semana para cada recluso. Também, há
orientações quanto às instalações físicas e equipamentos;
�156
quadro de pessoal: recomendam que sejam bibliotecários profissionais com preparação e
habilidades adquiridas na universidade. Na pauta 6.2, recomenda-se que todas as prisões que
tenham mais de 500 detentos devem contar com um profissional em tempo integral e para as
unidades que tenham acima de 1000 devem ter em seu quadro dois bibliotecários. Para as
unidades prisionais que tenham uma população menor, podem reduzir o número de horas de
trabalho do bibliotecário da seguinte forma: população de: 0 a 300 – o bibliotecário terá 24
horas de trabalho semanal. Para a população de 301 a 499, o profissional terá a carga horária
de 30 horas. O resto de profissionais para atender ao quadro de pessoal será selecionado de
acordo com as necessidades da unidade;
responsabilidade: a instituição responsável pela biblioteca deve assegurar no seu orçamento
previsão de recursos para cobrir gastos com pessoal, salários, materiais de biblioteca, acesso
às redes etc.
De acordo com Mischiati e Valentim (2005), o bibliotecário deve ser capaz de atuar de
forma criativa e eficaz, identificando demandas de informação de seus usuários. É responsável pelo
processamento de informações nos diversos tipos de documentos e suportes, existentes no acervo, e
deve dispensar todo conhecimento no tratamento, armazenamento, disseminação, busca e
recuperação da informação. Ainda, segundo as autoras citadas, esse profissional deve ser
conhecedor de novas tecnologias, pois cabe a ele o desenvolvimento de novos serviços, e ser capaz
de atender às expectativas de seus usuários.
3.2 REGULAMENTAÇÃO EM ÂMBITO NACIONAL
No Brasil, inexistem diretrizes ou regulamentação específica sobre características de
bibliotecas em sistemas prisionais, mesmo havendo previsibilidade em diversas legislações e
regulamentações. Durante a pesquisa documental, identificaram-se documentos de amplo alcance,
como a Constituição e a própria Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação, a (LDB), dentre outras legislações que, em sua funcionalidade,
oferecem garantias quanto ao usufruto de direitos considerados universais. Analisaram-se, também,
documentos de âmbito internacional com efeito direto nas práticas nacionalmente adotadas pelo
sistema prisional brasileiro, no que se refere, principalmente, à educação e à existência de
bibliotecas.
�157
Na Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), reconhecem-se os direitos sociais, dentre eles o
direito à educação, estendido de forma universal aos sujeitos. Esse direito social também alcança o
recluso, incluindo aqueles que não o alcançaram na idade própria.
Sobre a sua regulamentação no Brasil a partir da LDB, cabe salientar a recomendação
prescrita aos sistemas de ensino de assegurar aos jovens e adultos oportunidades educacionais
apropriadas às condições de existência: de vida e de trabalho (CONSELHO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO, 2010).
Conforme descreve Claude (2005), educação é a ferramenta indispensável para o
crescimento pessoal, amplia o conhecimento, o saber e o discernimento. É um direito social,
porque, no contexto da comunidade, promove o desenvolvimento da personalidade humana.
Representa um direito econômico, porque favorece a autossuficiência econômica, mediante ao
trabalho. É cultural, porque a comunidade internacional orientou a educação no sentido de construir
uma cultura universal de direitos humanos. A educação é o pré-requisito fundamental para o
indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade moderna.
Nesse contexto, é bem-vinda a afirmação de Muakad (1990, p. 25), quando discursa que “a
prisão deve ter o mesmo objetivo que tem a educação da infância na escola e na família: preparar o
indivíduo para o mundo a fim de subsistir ou conviver tranquilamente com seus semelhantes”.
3.2.1 Decisões do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP)
As Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil foram regulamentadas pela
Resolução nº 14, de 11 de novembro de 1994, do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária (CNPCP), consolidada em reunião de 17 de outubro de 1994 e considerando a decisão
do Comitê Permanente de Prevenção ao Crime e Justiça Penal das Nações Unidas, do qual o Brasil
é membro e considerando ainda o disposto na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de
Execução Penal).
Essas Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil obedecem aos princípios da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, aos tratados, convenções e regras internacionais de
que o Brasil é signatário (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E
PENITENCIÁRIA, 1994).
As instruções para a assistência educacional estão previstas na resolução CNPCP nº 14/94,
nos artigos 38 ao 42. Compreendem a instrução escolar na formação profissional do preso,
prescrevendo que instrução primária e cursos de alfabetização são obrigatórios a todos os presos
�158
que não as possuem. A regra 41 determina que os estabelecimentos prisionais estejam constituídos
de biblioteca organizada com livros de conteúdo informativo, educativo e recreativo, adequados à
formação cultural, profissional e espiritual do preso. No artigo 42 está previsto o direito ao preso
participar de cursos por correspondência, rádio ou televisão (CONSELHO NACIONAL DE
POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 1994).
A Resolução nº 1, de 20 de março de 1995, também do CNPCP, viabiliza a aplicação das
Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil, em todos os Estados e no Distrito Federal
em cumprimento à orientação ditada pela Resolução n. 2.858, de 20 de dezembro de 1971, da
Assembleia Geral da ONU e em conformidade com a Resolução CNPCP nº 01/95 (CONSELHO
NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 1995).
O artigo 1º da resolução CNPCP nº 01/95 recomenda às secretarias, responsáveis pelos
assuntos penitenciários nos Estados e no Distrito Federal, a adequação de seus Estatutos,
Regulamentos ou Regimentos Penitenciários, em conformidade com a Resolução CNPCP nº 01/95
(CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 1995).
Em seu artigo 2º, solicita aos Conselheiros Penitenciários dos Estados e do Distrito Federal
que implementem ações e medidas no sentido de efetivar a aplicação das Regras Mínimas para o
Tratamento do Preso no Brasil, considerando que a atuação do Poder Executivo e a assistência do
Poder Judiciário, com apoio do Ministério Público, são imprescindíveis para o êxito social do
cumprimento da pena ou da medida de segurança, na dinâmica do diálogo entre os seus
destinatários e a comunidade (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E
PENITENCIÁRIA, 1995).
A Resolução nº 3 do CNPCP, de 11 de março de 2009, dispõe sobre as Diretrizes Nacionais
para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais. Tal resolução levou em consideração:
as propostas encaminhadas pelo Plenário do I Seminário Nacional de Educação nas Prisões
(de 2006);
o protocolo de intenções firmado entre os Ministério da Justiça e da Educação com o
objetivo de fortalecer e qualificar a oferta de educação nas prisões;
a responsabilidade dos Ministérios da Educação e da Justiça quanto ao fomento e indução de
políticas públicas de Estado no domínio da educação nas prisões, estabelecendo as parcerias
necessárias junto aos Estados, Distrito Federal e Municípios;
o disposto na Constituição Federal de 1988, na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, bem
como na Resolução nº 14, de 11 de novembro de 1994, desse Conselho, que fixou as Regras
Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil; e
�159
o Projeto Educando para a Liberdade, fruto de parceria entre os Ministérios da Educação e
da Justiça e da Representação da UNESCO no Brasil (CONSELHO NACIONAL DE
POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 2009).
Considerando os documentos antecedentes, tal resolução constitui-se como uma referência
fundamental para subsidiar o desenvolvimento de uma política pública de educação no contexto
prisional, feita de forma integrada e cooperativa, e representa novo paradigma de ação a ser
desenvolvido no âmbito da Administração Penitenciária.
Em seu artigo 2º, garante que as ações de educação no contexto prisional devem estar de
acordo com a legislação educacional em vigor e na Lei de Execução Penal. No artigo 3º e inciso I,
deve-se atender aos eixos pactuados no Seminário Nacional pela Educação nas Prisões, ocorrido em
2006 (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 2000). Os
eixos propostos nesse evento devem contemplar:
gestão, articulação e mobilização;
formação e valorização dos profissionais envolvidos na oferta de educação na prisão; e
aspectos pedagógicos.
Em seu inciso IV – trata do quesito biblioteca, recomendando que essa unidade deve “[..]
estar associada às ações de fomento à leitura, tendo em vista atender a população carcerária e aos
profissionais que trabalham nos estabelecimentos penais” (CONSELHO NACIONAL DE
POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 2009).
Prevê, ainda, que sempre que possível, devem ser promovidos vínculos entre comunidade e
familiares do preso, ações de inclusão, acessibilidade, respeito ao gênero e às etnias etc. Essa
Resolução faz registro sobre aspectos da gestão da educação no contexto prisional, responsabiliza as
autoridades dos estabelecimentos a propiciar espaços físicos adequados às atividades educacionais
(salas de aula, bibliotecas, laboratórios etc.) e integrar as práticas educativas às rotinas da unidade
(CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, 2009).
3.2.2 Decisões do Conselho Nacional de Educação
A Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010, da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação (CEB/CNE), definiu as principais Diretrizes Nacionais para a oferta de
educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais.
Com essa resolução, a responsabilidade de oferecer educação é atribuição direta do órgão
responsável pela educação nos Estados, no Distrito Federal (Secretaria de Educação ou órgão
�160
equivalente) e deverá ser realizada em articulação com os órgãos responsáveis pela sua
administração penitenciária, exceto as penitenciárias federais, que são de responsabilidade do
Ministério da Educação (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010).
No artigo 3º dessa resolução, estão as orientações para a oferta de educação para jovens e
adultos em estabelecimentos penais. O inciso II indica as fontes de financiamento, delegadas ao
Ministério da Educação, privilegiando os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de
Educação Básica (FUNDEB) e outras estaduais e federais. O inciso III, abaixo transcrito, salienta a
importância das ações complementares, incluindo–se a implementação, recuperação e manutenção
de bibliotecas:
[...] estará associada às ações complementares de cultura, esporte, inclusão
digital, educação profissional, fomento à leitura e a programas de implantação,
recuperação e manutenção de bibliotecas destinadas ao atendimento à população privada
de liberdade, inclusive as ações de valorização dos profissionais que trabalham nesses
espaços (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010, não paginado, grifo nosso).
O artigo 9º prescreve que a oferta de educação profissional nos estabelecimentos penais
deve seguir as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação,
inclusive com relação ao estágio profissional supervisionado concebido como ato educativo. O
artigo 11º, seguidamente, prescreve ações exclusivas para educadores, gestores e técnicos que
atuam nos estabelecimentos penais. O parágrafo primeiro do artigo 11º apresenta as orientações
para os docentes que atuam nos espaços penais e as recomendações quanto à habilitação, porém não
consta nenhuma recomendação para o profissional de Biblioteconomia para atuar na biblioteca
(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010).
De forma complementar à Resolução CEB/CNE nº 04/2010, que define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, o artigo 21º define as etapas da educação básica
e prevê no inciso VII, a garantia para as pessoas em situação de privação de liberdade, “[...] de
adolescentes em regime de acolhimento ou internação, jovens e adultos em situação de privação de
liberdade nos estabelecimentos penais” (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2010, não
paginado).
3.2.3 Decisões de âmbito federal
A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (LEP), em seus artigos 17º ao 21º, também trata da
assistência educacional, prescrevendo a criação de bibliotecas. A biblioteca está confirmada no
artigo 21º, quando dispõe que: “em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada
�161
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros
instrutivos, recreativos e didáticos” (BRASIL, 1984, não paginado).
Refletindo sobre o teor do artigo 21º da LEP, entende-se que, em atendimento às condições
locais, dotar-se a cada estabelecimento de uma biblioteca, refere-se a uma biblioteca formada dentro
das recomendações legais com previsão de um bibliotecário para a gestão dessa biblioteca, levando
em consideração o tipo de usuário específico e o gerenciamento do acervo, adentrando-se ao perfil
dos usuários.
Esse profissional deve facilitar o acesso e a disseminação da informação com
consciência de seu papel social.
No artigo 10º da LEP, está a responsabilidade do Estado, que é oferecer “[...] assistência ao
preso e ao internado [...], objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em
sociedade”. No artigo 11º – inciso IV, encontra-se a garantia da assistência educacional ao preso,
com destaque para os seguintes aspectos:
previsão para a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado
(conforme artigo 17);
obrigatoriedade na oferta do ensino de 1º grau e integrado ao sistema escolar (conforme o
artigo 18);
ensino profissional ministrado em níveis de iniciação e aperfeiçoamento técnico (artigo 19);
ensino profissional para a mulher (conforme artigo 19, parágrafo único);
previsibilidade de convênios com entidades públicas e privadas para a oferta de atividades
educacionais (conforme artigo 20) (BRASIL, 1984a).
Em maio de 2010, a Lei 12.245, de 24 de maio de 2010, alterou o artigo 83 da LEP, para
autorizar a instalação de salas de aula nos presídios (BRASIL, 2010).
A LEP significou um avanço sendo fortalecida por outras resoluções e diretrizes, tornandose um grande desafio para que seja proporcionado e exigido das autoridades competentes, o seu
cumprimento. Embora a LEP não mencione o bibliotecário para atuação nas bibliotecas prisionais,
entende-se a necessidade desse, uma vez que há escolas em funcionamento. Cabe ao conselho de
classe lutar pela ocupação desse profissional nas escolas prisionais.
3.2.4 Regulamentação de âmbito estadual: o caso do Estado do Espírito Santo
O Sistema Prisional do Estado do Espírito Santo, em relação à etnia dos detentos, indica que
o percentual de pardos e negros representa 78% do total dos detentos e 4,6% são procedentes da
zona rural (BRASIL, 2012).
�162
Em relação à existência de bibliotecas em unidades prisionais desse Estado, consta
registrado no Relatório da Situação Atual do Sistema Penitenciário - Bibliotecas, produzido pelo
Ministério da Justiça (BRASIL, 2008), a existência de quatro bibliotecas. Porém, consta no relatório
do CNMP de 2013 que, das 37 instituições prisionais, há 32 bibliotecas instaladas (CONSELHO
NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 2013).
Não há relato das atividades que são
desenvolvidas na biblioteca, nem referências dos profissionais que atuam nesses ambientes.
Por iniciativa da Secretaria de Justiça (SEJUS), o Programa Educacional Portas Abertas
para a Educação promove campanha de doação de livros (Livro Aberto), desde 2009. O acervo de
livros das bibliotecas prisionais é proveniente dessa campanha permanente. As bibliotecas das
unidades prisionais do Estado do Espírito Santo têm o objetivo de estimular a leitura e democratizar
o acesso aos livros e suporte para os detentos que estudam nessas unidades (PORTAL DO
GOVERNO DO ES, [2009?]).
Essas bibliotecas contribuem para o trabalho educacional que está sendo desenvolvido nos
ambientes prisionais como reeducação e garantia da remição da pena pela educação.
Essa situação de quase inexistência de bibliotecas funcionando de forma efetiva como um
recurso ressocializador, formador e de incentivo à leitura também foi identificada em recente
pesquisa produzida pelo Instituto de Atendimento Sócio-Educativo do Espírito Santo (IASES,
2013), especificamente observando as práticas de leitura e condições da biblioteca disponibilizada
na Unidade de Internação Metropolitana (UNIMETRO), situada no município de Vila Velha (ES),
com capacidade para 120 socioeducandos, entre 17 a 20 anos e 11 meses.
Os resultados obtidos nessa pesquisa indicaram que as práticas de leitura subsistem “[...]
muito mais por força e interesse do agente e da equipe pedagógica, do que propriamente por
iniciativa e política explícita do órgão”. Os dados também coletados, por meio de pesquisa
documental e entrevista realizada com a equipe pedagógica indicaram a ausência de investimentos
regulares, de recursos financeiros e de profissionais habilitados. Sobre a situação da biblioteca, os
dados apontaram para a existência de um espaço adaptado designado Espaço Livre Reconstruir,
composto de estantes, livros, filmes e DVD’s doados, uma mesa e poucas cadeiras plásticas e um
sofá.
Essa realidade evidenciada nos órgãos gestores responsáveis pela ressocialização de
adolescentes e jovens em conflito com a lei anuncia e retrata a situação caótica do sistema prisional
brasileiro, especialmente a realidade do Estado do Espírito Santo. O nosso jovem em conflito com a
lei também não tem sido contemplado em seus direitos fundamentais.
No que se refere à regulamentação dos estabelecimentos penais para o Estado do Espírito
Santo, essa menção está prescrita na Portaria nº 332-S, de 2 de julho de 2003, que constitui o
�163
Regimento Padrão dos Estabelecimentos Prisionais do Estado do Espírito Santo e atende
rigorosamente os Princípios Gerais da Lei de Execução Penal e as Regras Mínimas para Tratamento
dos Presos, instituídas pela ONU (ESPÍRITO SANTO, 2003).
De acordo com o Regimento Padrão dos Estabelecimentos Prisionais do Estado do Espírito
Santo, as unidades prisionais do Estado constituem-se em Sistema Administrativo de Execução da
Pena, administrado pela Diretoria Geral dos Estabelecimentos Penais (DIGESP).
Conforme disposto no art. 3º, os regimes de execução administrativa da pena são
desenvolvidos, por meio de:
I - unidade de Segurança Máxima;
II - unidade de Segurança Média;
II - unidade de Segurança Mínima;
IV - unidade de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
No capítulo I, seção IV, trata da Assistência Educacional e Qualificação Profissional. De
acordo com os artigos 79º e 80º, a assistência educacional compreenderá a instrução escolar, até o
primeiro grau, educação de base, profissionalização rural e urbana e desenvolvimento sóciocultural. O programa de educação será mais diretivo e intensificado nas unidades prisionais de
regime fechado. De acordo com o parágrafo único do art. 80º, o preso em regime semiaberto terá
acesso, por opção, a cursos de segundo grau e superior, obedecendo a legislação em vigor
(ESPÍRITO SANTO, 2003).
O Regimento Padrão prevê ainda em seu art. 81º, que o ensino de primeiro grau será
obrigatório, integrando-se ao sistema escolar da unidade federativa, em consonância com o regime
de trabalho da unidade prisional e as demais atividades socioeducativas e culturais. O parágrafo
único desse artigo trata do ingresso ao sistema prisional e a triagem escolar (ESPÍRITO SANTO,
2003).
Em seu artigo 82º, trata das atividades educacionais, que podem ser objeto de ação integrada
ao Fundo de Amparo ao Preso (FUNAP) e conveniadas com outras entidades públicas, mistas e
particulares, que se disponha a instalar escolas, cursos e oficinas profissionalizantes nas unidades
prisionais (ESPÍRITO SANTO, 2003).
O ensino profissionalizante é tratado no artigo 83º do referido regimento e poderá ser
ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico, atendendo às características da
população urbana e rural, segundo aptidões individuais e demanda do mercado. Assim, dispõe o
referido Diploma:
Art. 84º. A unidade prisional disporá de biblioteca para uso geral dos presos, providas de
livros de literatura nacional e estrangeira, técnicos, didáticos e recreativos.
�164
Parágrafo Único. A unidade prisional, através dos órgãos competentes, poderá promover
convênio com entidades públicas ou particulares para ampliação da biblioteca, com a
doação de livros ou programas de bibliotecas volantes (ESPÍRITO SANTO, 2003, não
paginado).
O Regimento Padrão dispõe nos artigos 127º e 128º as recomendações para uso da
biblioteca. Assim, está descrito:
Art. 127º. A unidade prisional disporá de uma biblioteca e o acesso do preso ao acervo darse-á:
I - para uso na própria biblioteca;
II - para uso na própria cela.
Art. 128º. Os livros deverão ser cadastrados, utilizando-se fichas para consultas no local e
nas retiradas para leitura em cela.
§ 1º Qualquer dano ou desvio será ressarcido na forma prevista neste Regimento Padrão,
sem prejuízo da sanção disciplinar correspondente.
§ 2º Durante o cumprimento da sanção disciplinar poderão ser retirados os livros
pertencentes à biblioteca que se encontrarem na posse do infrator.
§ 3º Quando das saídas, sob quaisquer modalidades, o preso deverá devolver os livros em
seu poder (ESPÍRITO SANTO, 2003, não paginado).
O capítulo 3, em seu artigo 129º, trata dos meios de comunicação e recomenda que o recluso
possa ter acesso à leitura e outros meios de comunicação adquiridos às expensas próprias ou por
visitas, desde que submetidos à apreciação da direção da unidade prisional, que avaliará a sua
contribuição ao processo educacional e ressocializador (ESPÍRITO SANTO, 2003).
Tendo como base o aspecto legal do Regimento Prisional do Estado do Espírito Santo e a
alta quantidade de detentos existentes nos presídios capixabas, conforme o regime, é possível
observar que há um grande número de detentos que podem ser incentivados com a leitura.
4 PRÁTICAS DO BIBLIOTECÁRIO NO CONTEXTO PRISIONAL
Morigi, Vanz e Galdino (2002, p. 140), descrevendo sobre o bibliotecário e suas práticas na
cidadania, concluíram que a educação é um fator decisivo para que o cidadão possa lutar pelo
exercício e respeito de sua cidadania. O bibliotecário deve ter a responsabilidade social de
proporcionar, como educador, o acesso à informação para que a cidadania efetive-se. Recomendam
que o bibliotecário não deve priorizar apenas as atividades técnicas, mas que busque elementos
teóricos ligados às ciências humanas, para que possa exercer sua atividade profissional de forma
consciente e ética.
Reafirmam que o conhecimento é adquirido, por meio da aprendizagem tácita com a
interação dos sujeitos com o mundo em que vivem. À escola, cabe proporcionar o conhecimento
formal, em que o indivíduo recebe as mais variadas informações. Para Targino (1991, p. 155), não
há exercício da cidadania sem informação, pois para que se possam cumprir deveres e reivindicar os
�165
direitos políticos, sociais e civis, é indispensável a posse da informação. A informação é um bem
comum a todos e faz parte do processo educativo.
O bibliotecário é o profissional que trabalha e trata a informação para torná-la acessível ao
usuário. É responsável pela organização, tratamento e disseminação das informações, garantindo as
boas condições dos materiais armazenados e facilitando o acesso à informação. É ele quem oferece
suporte e disponibiliza informação para a tomada de decisão.
A Biblioteconomia preconiza ações de competência do profissional bibliotecário, um
conjunto de práticas orientadas para que possa trabalhar nos dias atuais em que as transformações
sociais e tecnológicas ocorrem com grande rapidez.
De acordo com o Código de Ética do Bibliotecário, em seu art. 7º, o qual dispõe que o
bibliotecário deve, em relação aos usuários e clientes, observar as seguintes condutas:
[...] a) aplicar todo zelo e recursos ao seu alcance no atendimento ao público, não se
recusando a prestar assistência profissional, salvo por relevante motivo; b) tratar os
usuários e clientes com respeito e urbanidade; c) orientar a técnica da pesquisa e a
normalização do trabalho intelectual de acordo com suas competências (CONSELHO
FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002, não paginado).
A Special Libraries Association (SLA), uma organização de bibliotecários especializados,
elaborou um estudo sobre as competências e as habilidades que os bibliotecários devem apresentar
para trabalhar nos dias atuais, considerando as grandes transformações sociais e tecnológicas que
vêm ocorrendo. Segundo o citado estudo, as principais competências que os bibliotecários do século
XXI devem possuir são: conhecimento profundo em recursos informacionais, impressos e
eletrônicos e a capacidade de administrar serviços de informação para atender as necessidades dos
usuários (COMPETÊNCIA PARA OS BIBLIOTECÁRIOS DO SÉCULO XXI, 2012).
Especificamente sobre as atribuições e competências de um bibliotecário que atua em
sistemas prisionais, podemos citar três documentos orientadores:
[...] a American Library Association (ALA) editou o “Library standards for adult
correctional institutions” em 1992, a Library Association (LA) editou as “Guidelines for
Prison Libraries” em 1997 e a International Federation of Library Associations and
Institutions (IFLA) editou em 2005 a última versão das “Internacional Guidelines for
Library Services to Prisoners”. Para além de competências mais específicas ou adaptadas à
realidade do meio prisional, as competências destes bibliotecários são semelhantes às do
bibliotecário da Biblioteca Pública presentes no Manifesto da UNESCO (1994),
relacionadas com a informação, a literacia, a educação e a cultura (EIRAS, 2007, p. 4).
Conforme Perez-Pulido (1997), o início dos programas de leitura nas prisões ocorreu em
1870, a partir do Congresso Nacional de Prisões, em Cincinatti, nos Estados Unidos. As primeiras
normas para biblioteca em prisões americanas surgiram em 1915 publicadas pela American Library
Association (ALA), e atualizadas em 1981, definindo o serviço bibliotecário das prisões como um
suporte e oportunidade para o programa de reabilitação.
�166
Ainda, segundo a autora, em 1981, a Britânica Library Association (LA) publica normas
nacionais para avaliar os níveis do serviço inglês. Países como Canadá, Holanda e Tailândia
possuem normas reguladoras para o serviço bibliotecário nas prisões, o contrário da maioria de
outros países (PEREZ-PULIDO, 1997).
Especificamente, no que se refere às atividades que o bibliotecário pode desenvolver no
âmbito da biblioteca prisional, Carvalho (2016) menciona o desenvolvimento de práticas que
viabilizem o acesso à informação para a comunidade usuária. O acesso à informação constitui uma
das mais importantes missões das bibliotecas, seja elas de natureza prisional, pública, escolar,
comunitária e/ou especializada.
Segundo Carvalho (2016), as bibliotecas prisionais podem funcionar como interlocutoras
com as demais modalidades de bibliotecas, de modo a promover o acesso à informação,
considerando a diversidade de perfis de usuários, os quais se manifestam como os sujeitos da
informação. Essa articulação entre as diversas modalidades de bibliotecas formaria uma prática
reticular de bibliotecas.
Em síntese, é possível elencar quatro categorias de atuação informacional no âmbito da
biblioteca inserida em presídios, conforme demonstrado no quadro 1.
Quadro 1 – Categorias e formas de atuação do bibliotecário na biblioteca prisional
Categoria
Principais formas de atuação (atividades)
Alfabetização/Letramento Informacional
Uso do acervo; Serviço de referência, dentre outras.
Trabalho/Profissão/Emprego
Criação de guias, cartilhas, folhetos e demais
materiais sobre emprego e trabalho; Serviço de
informação utilitária, dentre outras.
Entretenimento e Lazer
Ação cultural; Identificação dos principais interesses
culturais dos sujeitos/usuários como teatro, dança,
desenho, pintura, música etc., visando oferecer
materiais específicos, dentre outras.
Relações Humanas
Transmissão de mensagens, conteúdos e materiais
sobre relações humanas; Criação de guias, cartilhas,
manuais, folhetos, folders, índices e outros materiais
sobre relações humanas, dentre outras.
Fonte: Adaptado de Carvalho (2016).
As quatro categorias descritas por Carvalho (2016) correspondem à somatória de atividades
que podem ser realizadas pelo bibliotecário, tendo em vista promover, de forma criativa e
inovadora, a concretização do que é proposto em cada categoria, consolidando o potencial da
biblioteca para com seu público-avo, o que condiciona, nesse contexto, a consolidação da cidadania.
Sobre a contribuição do bibliotecário para a inclusão social, de acordo com Vicentini e
Mileck (2000) citado por Viapiana (2008), é necessário que os profissionais da informação estejam
capacitados no uso das tecnologias de informação disponíveis e receptivos para trabalhar em
equipes multidisciplinares.
�167
Conforme Eiras (2007, p. 6), o bibliotecário dentro do ambiente prisional enfrenta muitos
desafios e encontra também muitas oportunidades, devido à grande intervenção social. Para o autor,
é na biblioteca prisional que o bibliotecário irá exercer seu papel social, enquanto mediador e
orientador no acesso à informação e conhecimento. A atuação desse profissional, mediante
atividades educativas desenvolvidas nesse espaço na tentativa de ressocializar os usuários, fá-lo um
agente transformador na vida de cada detento.
O bibliotecário é o elemento chave dentro da biblioteca prisional, e para sua atuação,
algumas competências são indispensáveis. Eiras (2007) apresenta as mais necessárias para esse
ambiente, como: ter equilíbrio emocional, postura dinâmica, ter cultura geral relevante, ser uma
pessoa com grande capacidade de adaptação e ser um bom comunicador (dependendo do país, deve
ter conhecimento em outra língua, pois no ambiente prisional há pessoas de outros países). A
liderança é indispensável para trabalhar com esse tipo de usuário, além de ser indispensável ter
criatividade, gostar do que faz, ser um profissional que explore as diversidades culturais e étnicas,
ser criativo, ter boa atenção e possuir conhecimento em legislação penal.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biblioteca no ambiente educacional é de suma importância, pois tem sido o elo facilitador
para o ensino e para a aprendizagem. Para isso, seu acervo deve atender aos objetivos da instituição
mantenedora, ser diversificado, ter quantidade suficiente e ser adequado ao perfil do usuário que se
pretende atender. Além disso, deve estar organizado de acordo com as normas biblioteconômicas e
disposto em ambiente agradável.
As bibliotecas prisionais não são conhecidas como outras modalidades, mas independente da
sua especialidade é como qualquer outra biblioteca que oferece informação, cultura e lazer. A
criação dessas bibliotecas está em crescimento contínuo. A inserção em regulamentos, leis
internacionais, nacionais e estaduais indicam as tendências à concretização dessa realidade.
Observa-se a mudança de pensamento das pessoas em relação à reeducação prisional e
conscientização da contribuição que a biblioteca pode proporcionar a esses usuários, embora o
despertar para a necessidade de um profissional da área de Biblioteconomia ainda não tenha
acontecido. Tanto em âmbito brasileiro quanto no Estado do Espírito Santo, a concretização das
recomendações legais, no que tange à consolidação de bibliotecas prisionais, contendo bibliotecário
como gestor da informação ainda constitui uma utopia, mesmo possuindo uma legislação
transparente e fundamentada quanto a essa questão.
�168
Durante o levantamento bibliográfico, foi verificado que há exigências legais para a criação
de bibliotecas e vaga informação para o perfil do preso que atua no espaço da biblioteca e nenhuma
informação quanto à capacitação para o detento responsável pela biblioteca. Não identificamos
dados sobre os serviços oferecidos e, segundo as informações coletadas, concluiu-se que os serviços
bibliotecários não estão atendendo aos seus usuários com a qualidade necessária e recomendada
pelas diretrizes devido à falta de profissional qualificado em Biblioteconomia.
O avanço da educação prisional e sua regulamentação constante na legislação sinalizam para
a necessidade de debates, discussões, fóruns, no intuito de despertar os dirigentes e autoridades
competentes quanto à compreensão do verdadeiro trabalho do bibliotecário e o comprometimento
de sua inserção no ambiente prisional.
A Lei nº. 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas
nas instituições de ensino do Brasil, prevê a instalação de bibliotecas em todas as instituições de
ensino públicas e privadas do país, considerando biblioteca escolar a coleção de livros e outros
materiais bibliográficos independente do suporte destinado à consulta, pesquisa, estudo e leitura.
Em seu parágrafo único do artigo 2º, prevê a obrigatoriedade de um acervo mínimo na biblioteca
para cada aluno matriculado e em seu artigo 3º, confirma o respeito à profissão do bibliotecário
(BRASIL, 2010).
Entende-se que, se no ambiente prisional já se encontra a escola, a biblioteca e os alunos,
porém falta o profissional bibliotecário para auxiliar na gestão educacional e contribuir com a
gestão administrativa com a reeducação desse interno, oportunizando o acesso à leitura e
informação (BRASIL, 2010).
Foi possível mediante a literatura analisada, verificar o desconhecimento dos dirigentes
quanto à formação da coleção do acervo, bem como as políticas que norteiam o trabalho nesse
ambiente. De acordo com as informações coletadas, ficou claramente demonstrado que a
composição do acervo é feita apenas de doações, sem apresentar os critérios relevantes para um
bom desenvolvimento da coleção e o conhecimento das características de seus usuários, seus
interesses culturais, educacionais etc.
A biblioteca prisional deve ter em seu objetivo principal a reintegração social dos detentos
por meio das atividades educacionais que serão desenvolvidas e de apoio à formação escolar. Deve
viabilizar o acesso à informação e à educação. Deve promover a leitura como uma forma de
reintegração social e fortalecimento de vínculos da comunidade prisional e seus familiares.
Portanto, a atuação do bibliotecário no espaço prisional deve ser de apoio à gestão prisional, pois é
ele o orientador para o acesso ao conhecimento.
�169
Assim, infere-se que a inserção de um bibliotecário no quadro de funcionários do sistema
prisional, melhoraria o acesso às bibliotecas, devido ao conhecimento da área, podendo serem
criados vários espaços de leitura e diversas atividades de incentivo à leitura. Desse modo, acreditase que deva ser pensado na organização desse espaço chamado de biblioteca e na formação da
coleção que irá compor o acervo, bem como suas políticas.
A questão inicial que norteou a presente pesquisa objetivou caracterizar a contribuição
potencial da biblioteca na gestão de sistemas prisionais. Após exaustivas consultas a documentos e
literatura de natureza técnico-científica, principalmente ligada ao campo da Biblioteconomia,
identificaram-se dois conjuntos de recomendações e de possibilidades de ações típicas ou
apropriadas para esse ambiente: a) as diretrizes recomendadas por organismos internacionais
governamentais ou não, que prescrevem parâmetros desejáveis de ações a serem implementadas; e
b) os relatos de experiência que descrevem práticas bem sucedidas de instituições e profissionais.
Portanto, com base na consulta a diferentes materiais publicados na literatura especializada
ou instituídos no contexto prisional, é possível concluir que a biblioteca tem o potencial de
funcionar como um organismo ou departamento da unidade prisional que condiciona, por meio de
práticas em prol da cidadania, a ressocialização dos usuários do presídio. Sendo assim, o
bibliotecário assume o compromisso em atuar de forma criativa, por meio de atividades que
despertem aos usuários a alfabetização/letramento, a inserção no mercado de trabalho, o
entretenimento e lazer, e, por fim, práticas em prol da humanização nas relações sociais.
Quando ao final desta pesquisa, após análise a uma ampla lista de ações possíveis e
desejáveis, compreende-se que, no contexto prisional brasileiro, especificamente no Estado do
Espírito Santo, há muito que fazer, pois se tem a previsibilidade legal da biblioteca, mas não se tem,
de fato, essa realidade amplamente implementada ou viabilizada a sua potencialidade.
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�173
CAPÍTULO XII
PRÁTICAS INFORMACIONAIS DE PRESAS GESTANTES DO CENTRO DE
REFERÊNCIA A GESTANTE PRIVADA DE LIBERDADE DO MUNICÍPIO DE
VESPASIANO-MG: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Andreza Gonçalves Barbosa
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
1 INTRODUÇÃO
[...] a informação não é somente determinada por um fator externo que se ajusta
perfeitamente às necessidades, de acordo com o estudo do Comportamento informacional
propõe, há um conjunto de fatores humanos, pessoais, individuais, coletivos que
determinam sua aderência, de maneira que suas características são microssociológicas,
melhor dizendo, propondo-se ao exercício de olhar para o micro para responder ao
macrossocial (BERTI; ARAÚJO, 2017, p. 395).
O texto aqui apresentado é fruto de dissertação de Mestrado defendida em vinte de
dezembro de 2017 no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Escola
de Ciência da Informação (ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Procuramos
compreender as práticas informacionais de mulheres grávidas e mães presas de um Centro de
detenção específico para elas em Minas Gerais.
Sabemos que no cárcere microsociedades são formadas. Dessa maneira, assim como
acontece fora dos muros da prisão, os sujeitos cativos são produtores e disseminadores de
informação. Ressalta-se que por meio de aparatos legais contidos, por exemplo, na Lei n. 7210, Lei
de Execução Penal (LEP), de 1984, cujo objetivo é humanizar o sistema, por meio de medidas
socioeducativas e ressocializadoras, os cativos têm acesso dentre outros à assistência educacional.
2 BREVE HISTÓRICO
O Centro de Referência a Gestante Privada de Liberdade (CRGPL) foi fundado em 2009, e é
modelo de referência nacional no que tange aos cuidados com mulheres presas mães e gestantes. O
local tem capacidade para receber até oitenta mulheres. À época da pesquisa, o quantitativo de
internas era de 42 mulheres entre 19 a 46 anos de idade. Ao completarem o quinto mês de gravidez
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nas prisões tradicionais, essas mulheres são encaminhadas para o Centro para receberem um
tratamento mais humanizado durante a gestação. Caso a criança complete um ano e a mãe não
tenha cumprido sua pena, a guarda da criança é concedida à família. Quando há recusa dos
familiares em receber a criança, ou mesmo quando a presa não possuir familiares que possam
assistir o filho, ele é encaminhado para um abrigo e lá permanecerá durante o período de reclusão
da mãe podendo, conforme o caso, serem adotados.
Alguns postos de trabalho são oferecidos por empresas dentro do Centro. No momento da
pesquisa, duas empresas estavam instaladas no local, sendo uma de etiqueta e uma de lacre. Além
disso, algumas presas trabalhavam na cozinha ou em atividades de limpeza. Algumas presas
exerciam função de cuidadora, ou seja, eram responsáveis pelos cuidados dos filhos de outras
presas, enquanto trabalhavam ou estudavam. A presa que necessita do serviço arca com a
remuneração da cuidadora, pagando por isso o valor de sessenta reais mensais.
O Centro conta com uma mini-biblioteca denominada "Vovozona", nome escolhido pelas
apenadas. A biblioteca conta com livros de assuntos variados, além de uma Caixa Estante, projeto
idealizado pela Superintendência de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais. Conforme a necessidade,
os livros contidos na caixa podem ser trocados mediante solicitação da direção à Biblioteca Pública
Estadual de Minas Gerais.
A mini-biblioteca é cuidada por uma apenada que fica responsável pela organização do
espaço, empréstimo e cobrança de livros. No CRGPL existe um local destinado ao apoio jurídico.
Ademais, um defensor público visita mensalmente o Centro e chama as presas para falar de seus
casos. Elas também têm acesso a atendimento médico e psicológico. No Centro, são realizadas
algumas palestras voltadas para saúde e cuidados com bebê/criança.
A maioria das apenadas do Centro são oriundas de famílias de baixa renda, advindas de
ambientes de alto risco social. A maioria dos crimes cometidos está relacionado a drogas. O quadro
abaixo apresenta o perfil das onze entrevistadas. Ordenamos o quadro por ordem de entrevista.
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Quadro1 - Perfil das entrevistadas
Nome
Idade
Escolaridade
Crime
Condenação
Primeira
Gravidez?
Quantidade de
Filhos
Flor do
Campo
47
F1
Homicídio
13 anos
Não
3
Girassol
20
F2
Tráfico
5 anos e 10 meses
Não
3
Tulipa
25
F2
Latrocínio
13 anos
Não
2
Copo de Leite
21
EM
Tráfico
4 anos e 2 meses
Sim
-
Antúrio
19
EM
Tráfico e
Munição
NI
Sim
1
Alfazema
25
EM
Tráfico
NI
Não
1
Magnólia
21
EM
Tráfico
4 anos e 2 meses
Sim
-
Violeta
32
F1
EM
NI
4anos e 6 meses
Não
5
Rosa
21
Tráfico
12 anos
Não
2
Crisântemo
21
Tráfico e
Homicídio
13 anos
Não
1
Gardênia
29
EM
Tráfico
NI
Não
Fonte: Elaborado pelas autoras
Legenda: F1= Fundamental 1; F2 = Fundamental 2; EM = Ensino Médio; NI = Não Informado.
3
F2
Partindo do pressuposto de que informação e conhecimento são condições sine qua non para
melhoria de vida das pessoas, buscamos compreender as práticas informacionais dessas mulheres
no que tange ao acesso, busca e compartilhamento de informação em um contexto que, apesar de
exclusivo às mães e futuras mães, mostra-se frágil e adverso na busca de reabilitação e,
concomitantemente, analisar as barreiras encontradas por essas mulheres na busca por informação,
sobretudo informações que elas julgassem serem úteis e necessárias às suas vidas no cárcere.
Utilizamos das técnicas de entrevista semiestruturada e observação participante para
compreendermos melhor o contexto estudado.
3 PRÁTICAS INFORMACIONAIS
As práticas informacionais estão inseridas no terceiro paradigma da Ciência da Informação
descrito por Capurro (2003) como paradigma social, abordagem essa originada por meio dos
estudos de Jesse Shera sobre a epistemologia social da informação, confrontando os estudos
anteriores focados nos paradigmas físico e cognitivo. O termo começou a aparecer na literatura de
�176
information seeking em meados das décadas de 1960 e 1970, porém estudos mais aprofundados
sobre o tema se iniciaram a partir da primeira década do século XXI (SAVOLAINEN, 2007).
Essa abordagem salienta a importância de enxergar o indivíduo comum, inserido em um
contexto social e que necessita e busca informação para o seu dia a dia na vida cotidiana. Ou seja,
fora do ambiente de trabalho os indivíduos precisam estar informados e, pensando nessa perspectiva
inserida na Ciência da informação, faz se necessário compreender as práticas informacionais e as
diferentes formas de interação entre as pessoas com o objetivo de entender como elas se informam.
Savolainen (2007) define as práticas informacionais como a investigação de elementos de
busca, uso e compartilhamento de informação, segundo o contexto dos indivíduos. Para Talja
(2005), a diferença existente entre práticas informacionais e comportamento informacional é que a
primeira está voltada para estudos relacionados a pesquisas mais centradas nos campos sociológico
e contextual.
Por não existir uma definição única para o termo, alguns autores vêm desenvolvendo
algumas conceituações em seus estudos. Para Marteleto (1995, on-line), as práticas informacionais
são "mecanismos mediante os quais os significados, símbolos e signos culturais são transmitidos,
assimilados ou rejeitados pelas ações e representações dos sujeitos sociais em seus espaços
instituídos e concretos de realização". Para Araújo (2017),
estudar as práticas informacionais constitui-se num movimento constante de capturar as
disposições sociais, coletivas (os significados socialmente partilhados do que é
informação, do que é sentir necessidade de informação, de quais são as fontes ou recursos
adequados) e também as elaborações e perspectivas individuais de como se relacionar com
a informação (a aceitação ou não das regras sociais, a negociação das necessidades de
informação, o reconhecimento de uma ou outra fonte de informação como legítima,
correta, atual), num permanente tensionamento entre as duas dimensões, percebendo como
uma constitui a outra e vice-versa (ARAÚJO 2017, p. 221).
Percebe-se nos conceitos elencados, a prevalência de que existe uma dimensão coletiva na
ação de cada sujeito, possibilitado por meio das interações sociais e em determinados contextos.
Dessa maneira, esse sujeito recebe, usa, produz, dissemina e compartilha informação.
4 DIÁRIO DE CAMPO
Elaboramos um diário de campo explicitando o dia a dia da pesquisa. Optamos por escrevêlo em primeira pessoa para aproximarmos o leitor da experiência vivenciada. Todos os nomes
constantes a seguir são fictícios para preservar a identidade das entrevistadas. Atribuímos a elas
nomes de rosas ou flores.
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O CRGPL está situado na região rural de Vespasiano. Para quem vai de transporte coletivo duas linhas de ônibus realizam o trajeto partindo da estação Morro Alto, já em Vespasiano. O ponto
de parada do ônibus situa-se às margens da Linha Verde, num local com poucas residências. Após
atravessar uma grande passarela, avista-se uma rua estreita. De um lado existe uma clínica de saúde
mental, e do outro, algumas casas similares a chácaras.
Enquanto seguia por essa rua, observei que vários moradores chegavam com muitas sacolas
de compras realizadas em outros bairros, pois próximo ao CRGPL não há estabelecimentos
comerciais. Após alguns minutos de caminhada, avistei o grande muro rosa do Centro. Adiante,
subi uma rampa e bati no portão de ferro, portão esse que contava com uma pequena abertura na
parte superior. Um agente me atendeu e solicitou que lhe entregasse um documento de
identificação, o Registro Geral (RG) para conferência. O sol estava forte e ali permaneci
aguardando por um bom tempo. Quando o portão se abriu, fui recebida com um bom dia até
animado. Como estava de mochila, o agente pediu para que eu retirasse apenas o material que
utilizaria, ou seja, agenda, gravador, caneta e uma garrafa de água. Quanto ao celular, tive que
deixá-lo em um armário, juntamente com meu RG.
Após passar pela porta, cujos funcionários identificam se possuímos ou não algum objeto de
metal, fui conduzida pelo agente até a lateral da entrada onde me deparei com uma agente feminina.
Como estava na condição de pesquisadora, não passei pela revista íntima. Dessa forma, entrei em
um pequeno quarto onde as revistas acontecem. A agente passou um detector de metal em meu
corpo e solicitou-me que retirasse o tênis e levantasse a blusa.
Quando estive na Secretaria e Defesa Social (SEDS), pediram-me para que nos dias da
pesquisa, não vestisse roupas vermelhas. Caso estivesse usando brincos, o mesmo teria que ser bem
pequeno. A não utilização de saias ou vestidos também foi uma exigência. Tive que assinar um
caderno de controle, onde foram anotados todos os pertences que precisei para conduzir as
entrevistas.
Após esse procedimento, levaram-me a uma sala e pediram que eu aguardasse a pedagoga,
pois ela iria me acompanhar todos os dias. Ao avistar a pedagoga, lembrei-me de que já a conhecia,
pois ela já trabalhava no Centro desde 2016, época em que fui explicar e esclarecer questões
relativas à pesquisa para a direção. Foi naquele mesmo ano que participei de uma palestra realizada
no pátio coberto do Centro. À época, o ginecologista que atendia as presas falava sobre gravidez e
higiene. Sentei-me junto delas e, quando surgiam dúvidas, conversava com algumas delas acerca do
assunto da palestra. Determinados assuntos causavam muitas gargalhadas, outros descontentamento
e reclamações. Ressalto que em nenhum momento fui identificada como pesquisadora às presas;
isso só ocorreu quando realizei a primeira entrevista.
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Saindo da sala da pedagoga, a primeira porta permite o acesso a um dos pátios do Centro,
cercado por uma tela espessa e por um portão. O primeiro pátio me fez recordar dos pátios de
escola, com algumas mesinhas para a turma se reunir. Tal espaço é reservado para os dias de visita.
Entramos novamente em outro corredor onde estavam agentes à porta. Novamente, tive de assinar
outro caderno de controle. Depois de alguns minutos, o cadeado do portão que dá acesso à primeira
ala foi aberto. Logo na entrada, avistei a biblioteca "Vovozona" que estava com as portas abertas.
Defronte à biblioteca estavam duas presas. Cumprimentamo-nos com um bom dia e uma
delas estava com uma menina no colo, bem alegre, que logo quando me avistou, pediu-me colo.
Nesse momento, olhei para a pedagoga com um olhar de quem procura permissão e ela acenou
permitindo que eu carregasse a criança. Entrei na biblioteca com a criança no colo e percebi que o
local estava organizado.
A presa Tulipa cuida do espaço e disse gostar muito do trabalho. Quando saí, Flor do
Campo, mãe da criança que estava comigo, chegou, pois havia ido buscar sua filha para prepará-la
para o almoço. Flor do Campo foi mãe aos 46 anos no Centro. Além da filha que completaria um
ano de idade em alguns dias, ela tinha outros dois filhos. Flor do Campo nasceu e foi criada na roça,
acostumada a lidar com a terra; disse sentir muita falta da mãe e dos irmãos.
Como a hora do almoço se aproximava e simultaneamente iniciaria o procedimento16, a
pedagoga pediu para voltarmos à sala dela até o término do horário do primeiro almoço. No
primeiro horário, as presas acompanhadas de seus filhos saem das alas e almoçam no refeitório. As
presas que estão grávidas recebem os alimentos (marmitex) nos quartos. Perguntei o porquê da
separação de horário e o porquê de algumas poderem almoçar no refeitório e outras receberem o
marmitex. A pedagoga me explicou que muitas crianças estão em idade de comer alimentos sólidos,
por isso faz-se necessário o trituramento desse alimento até formar uma espécie de “papinha”, o que
não seria possível fazer nos quartos. Outra justificativa é o fato de o espaço ser pequeno e não
comportar muitas pessoas. Após o almoço das internas, é servido o almoço dos funcionários. Fui
convidada para almoçar com eles.
A comida nos foi servida pela janela da cozinha e com a porta fechada. Lá dentro trabalham
algumas presas e uma chefe de cozinha que não é presa. O Centro conta com uma nutricionista que
monta o cardápio da semana. Cheguei até a janela, uma das internas me recebeu com um sorriso e
perguntou-me o que gostaria que colocasse no prato. No dia foi servido arroz, feijão, salada e um
tipo de carne. Como sou vegetariana, não me interessei em saber qual carne seria. Peguei o prato e
os talheres quando a interna que me serviu gritou perguntando se eu não queria a sobremesa. Voltei
16
O procedimento é o nome dado à hora em que o Centro está com poucas agentes de vigia, devido a saída ou retorno
de almoço e/ou outras atividades.
�179
para pegar e ela me entregou um pudim de chocolate que estava em uma embalagem de plástico
fechada com uma tampa. Enquanto almoçava, observava as conversas das agentes e outros
funcionários. O assunto era sobre situações cotidianas, novelas, festas, roupas; tudo ocorria entre
olhares e sorrisos comedidos.
Após o almoço, entramos novamente no primeiro corredor, mas não pude iniciar a entrevista
imediatamente devido ao procedimento. Como a pedagoga tinha outras atividades a fazer, ela me
deixou na primeira ala até que conseguíssemos autorização para, assim, começar a entrevista. Iniciei
uma conversa com as agentes do portão; conversamos sobre o Centro. Quando passava alguma
interna no corredor, elas me falavam: aquela é fulana, aquela é sicrana, e começavam a me contar
sobre o delito por elas cometido.
Aproveitei e pedi para caminhar pelo corredor e pátio até que a pedagoga retornasse. Obtive
autorização e assim o fiz. Andei devagar, entrei nos quartos, cumprimentava as internas, escutava
muito ruído de criança e perfume de sabonete de bebê, pois muitos, naquela hora, estavam tomando
banho. Cada passo que eu dava era acompanhado por olhares atentos das agentes.
Precisei encher minha garrafa de água. Ao perguntar a uma agente onde poderia encontrar
um bebedouro, ela me olhou com um olhar de desconfiança, e antes de me apontar o lugar, pediu
para verificar minha garrafa. Entreguei-lhe a garrafa, ela a balançou, abriu a tampa, e depois me
indicou o bebedouro. Sei que medidas de segurança devem ser seguidas no cárcere, mas, naquela
hora, senti uma angústia e comecei a pensar como deveria ser difícil suportar uma vida confinada
sob vigia.
Em seguida, a pedagoga apareceu e disse que, naquela hora, poderíamos iniciar as
entrevistas. No corredor apareceu Flor do Campo e a pedagoga perguntou se ela gostaria de fazer
parte da entrevista. Meio desconfiada, Flor do Campo aceitou. Fomos ao refeitório, nos sentamos
em uma das mesas. A pedagoga e uma agente ficaram próximas, a uma distância suficiente para
escutar o que conversávamos.
Quando me vi de frente a Flor do Campo, minha primeira entrevistada, a aparente
tranquilidade deu espaço a certa ansiedade. Por mais que tivesse me preparado para aquele
momento, ainda assim me senti um pouco perdida. Tentei demonstrar estar o mais tranquila
possível. Apresentei-me, expliquei do que se tratava a pesquisa e pedi a ela para ler o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Ela me disse que não precisava, pois confiava em mim.
Todavia, enfatizei sobre a importância de ler o documento, pois ele detalhava elementos
importantes sobre a pesquisa, inclusive podendo ela, a qualquer momento, desistir da entrevista. Ela
concordou e leu todo o documento, assinou e iniciamos a entrevista. Flor do Campo era dona de um
�180
par de olhos extremamente azuis, seus cabelos já brancos ultrapassavam a altura da cintura; isso
ficava mais evidente por ela ser uma mulher de baixa estatura.
Pedi a ela que me contasse um pouco sobre sua história de vida. Ela disse que era da roça,
que quando foi presa estranhou muita coisa que ela antes nem sabia que existia.
Quando falava da família, principalmente da mãe, seus olhos ficavam marejados. Parávamos
um pouco até que ela se recomposse e continuávamos após alguns instantes. Durante a entrevista,
ela chegou a me perguntar se eu não havia conhecido seu pai, o Sr. (nome do pai). Segundo ela, ele
tinha um problema mental e perambulava pelo mundo aos berros. Flor do Campo já é avó de um
menino que mora no interior de Minas. Segundo relatou, toda a família, exceto uma irmã, ainda
mora na cidade em que ela nasceu. Flor do Campo, seu filho e o marido encontram-se presos pelo
mesmo crime, homicídio; teriam assassinado uma mulher que ameaçava sua sogra. Ela afirma que
todos são inocentes.
Começamos a falar sobre escola e ela disse que estava prestes a se formar na quarta série do
ensino fundamental. A formatura aconteceria na sexta-feira, último dia da pesquisa. Fiquei curiosa
pra saber como seria a cerimônia. Ela estava feliz e ansiosa para o momento, pois como ela mesma
ressaltou, o que aprendeu ninguém poderia tirar-lhe, e por isso, era muito grata a todos do Centro.
Com relação à saúde dela e da filha, Flor do Campo contou que sua gravidez foi de alto risco e que
todos da área de saúde do Centro, assim como agentes e direção, eram muito atenciosos com ela, e
que, se estivesse na roça, não teria acesso a um bom hospital no momento do parto.
Flor do Campo disse, durante a entrevista, que estava passando por momentos tristes, pois
em poucos dias aconteceria a separação dela e da filha. A filha seria entregue à sua irmã que
morava em outra cidade. Como a filha iria completar um ano em poucos dias, uma festinha de
aniversário seria oferecida no Centro, o que poderia, por alguns instantes, amenizar a dor da
separação. Como Flor do Campo é uma presa com bom comportamento e esforçada, a direção
estava tentando transferi-la para uma Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC),
que funciona como um modelo alternativo ao sistema carcerário tradicional.
Essas unidades não possuem celas, assemelhando-se bastante com o modelo do Centro. Ao
término da entrevista, Flor do Campo disse sonhar com a liberdade e, assim que estiver livre,
voltará para a roça para criar a filha e ficar junto da família.
Durante aquele dia, realizei outras entrevistas. Ao passar pelos corredores e pátios, muitas
presas me cumprimentavam como dona ou senhora. Boa tarde dona, boa tarde senhora. Achei
curioso e perguntei à pedagoga se aquela abordagem era normal. Ela me disse que era uma maneira
respeitosa de tratamento. Já passava das 15 horas e mudamos o local das entrevistas; fomos para o
segundo pátio. Logo na entrada, percebi algo não notado: uma citação grafada numa parede do pátio
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"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta. Não há ninguém que explique e ninguém
que não entenda" e abaixo, a autoria: Cecília Meireles. Achei impactante, pois no cárcere uma das
palavras mais escutadas é liberdade.
O pátio encontrava-se cheio, a televisão é ligada e o lanche da tarde servido. No Centro as
presas podem assistir TV pela manhã, à tarde e à noite. Os aparelhos são dispostos em dois pátios,
no pátio coberto da primeira ala e no coberto da segunda ala. Elas assistem à novela da tarde e aos
filmes veiculados após a novela. À noite, assistem à novela das vinte horas. Devido à mudança de
horário, as presas solicitaram à direção que a TV ficasse ligada por mais uma hora, pois a novela
acabava por volta de 22:30. O pedido foi aceito e após o horário fixado, a TV é desligada. A novela
sensação do momento era "A Força do Querer", cujo assunto central da trama tratava de uma
mulher casada, mãe de família, que ao ter o marido preso por tráfico, também se envolve com o
crime para ajudá-lo. Essa é a história vivida pela maioria das presas, e talvez, por isso, era a mais
assistida no Centro. Eis a arte imitando a vida.
Ao término do primeiro dia, fui até a direção e perguntei se poderia participar da formatura.
A diretora me autorizou e disse que a cerimônia aconteceria na sexta-feira, às nove da manhã.
No segundo dia, passei pelos mesmos procedimentos. Como já me tornara uma figura
conhecida no Centro, já era cumprimentada com sorrisos mais largos e olhares mais amenos. Ao
passar por uma interna que havia entrevistado no dia anterior, cumprimentei-a pelo seu nome. Nesse
momento ela se virou, olhou para mim e disse: “Dona! a senhora lembra do meu nome?” - e saiu
falando para as outras presas próximas sobre o ocorrido. Naquele momento, vivi na pele o que até
então tinha lido somente em livros e artigos, a questão da importância do nome. O nome nos dá
identidade, nos torna importantes. Ao adentrar o cárcere, uma das primeiras coisas que o sujeito
perde é o nome, passando a ganhar um número de Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias (INFOPEN) que o seguirá por toda a estadia no cárcere.
Nesse dia, as entrevistas foram realizadas em uma pequena sala, onde as agentes
responsáveis pelo local guardam seus pertences. Para chegar ao local, passei por um corredor e
dentro de uma sala encontravam-se algumas presas fazendo crochê. Descobri que elas fazem
trabalhos manuais que são expostos e vendidos em uma feira realizada na Cidade Administrativa
(Sede do Governo do estado). O dinheiro arrecadado com as vendas é dividido entre aquelas que
participam das oficinas.
Durante uma das entrevistas, escutei um burburinho vindo do pátio. Perguntei a entrevistada
o motivo do alvoroço e ela disse que era dia de entrega do papel higiênico. Parei a entrevista para
ela pegar o dela; fiquei na porta observando como tudo acontecia. As agentes chegam com um
carrinho de compras e chamam cada presa para pegar dois rolos. A entrevistada, ao retornar, falou-
�182
me que aquele era um bom dia, pois estavam recebendo dois, pois, às vezes, recebiam apenas um
rolo que deveria durar 15 dias. Segundo informações do Centro, as presas recebem um kit a cada 15
dias, composto por sabão em barra, absorvente, creme dental e sabonete.
Nesse dia em específico, tive que esperar para dar continuidade às entrevistas devido ao
procedimento. Enquanto aguardava, aproveitei para explorar outros locais como a sala de trabalho
artesanal e as salas onde as aulas eram ministradas; corri e fui até a biblioteca para dar mais uma
olhada nas obras. Percebi que havia muitos livros de autoajuda, alguns espíritas de Zibia Gasparetto
e Chico Xavier, algumas bíblias, livros de literatura variados e lá estava ela, a Caixa Estante,
trancada. Fiquei curiosa para ver os livros nela contidos, mas nesse dia as duas diretoras já haviam
ido embora. Sabia que não teria oportunidade de vê-la aberta até o final da pesquisa, pois já estava
atrapalhando bastante a rotina do Centro. Senti-me como intrusa em certos momentos, pois, para a
realização das entrevistas, mudou-se um pouco a rotina do Centro, e nem todos viam tal mudança
com bons olhos.
Durante a pesquisa, descobri que o Centro era uma das primeiras unidades a receber o
projeto Rodas de Leitura do Serviço Voluntariado de Assistência Social (SERVAS) em Parceria
com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP). Nesse projeto, voluntários ensinam
aos presos resenhar um livro. O objetivo principal do projeto é incentivar o gosto pela leitura para
que essa passe a ser uma constante na vida dos internos. No final de cada ciclo, que dura um mês,
os presos têm que fazer a resenha do livro e, caso o juiz daquela comarca aceite, e desde que o preso
(a) consiga tirar uma nota mínima, ele pode remir quatro dias de pena. Achei interessante a
iniciativa e no mesmo dia liguei para a coordenadora do projeto que permitiu minha participação,
desde que conseguisse autorização da diretoria.
Consegui autorização da direção e, nesse dia, fiz as entrevistas pela manhã para que às 14h
horas pudesse participar do Projeto Rodas de Leitura. Fui para a entrada do Centro, pois quis
acompanhar todo o processo desde o início. Às 14h em ponto, duas voluntárias chegaram, passaram
pelo mesmo procedimento na entrada. Apresentei-me a elas, que já sabiam da minha participação, e
nos dirigimos até a sala de aula, onde oito internas já nos aguardavam. Duas estavam carregando as
crianças de quem elas eram cuidadoras. As crianças estavam inquietas. Com o intuito de ajudar, me
ofereci para carregá-las enquanto elas assinavam a lista de presença. Nesse dia, elas aprenderam a
fazer a introdução de uma resenha.
No mesmo dia, conheci Gardênia, mulher falante, que se identificou com algumas partes do
livro trabalhado "Cinderela Pop". Como ela foi uma das primeiras a terminar a introdução,
conversei um pouco com ela, que me disse que também se formaria na sexta-feira; ela iria
completar o nono ano. Perguntei a Gardênia se ela aceitaria participar da minha pesquisa após a
�183
formatura, ela aceitou o convite. Às 15:30 h, as internas foram liberadas, pois o carro do Servas que
leva os voluntários já estava estacionando em frente ao Centro.
Os dias se passaram e, enfim, o dia da formatura havia chegado. Compareci ao Centro,
conforme combinado, bem cedo, pois a formatura começaria às nove da manhã. Logo atrás de mim,
chegou o músico que já havia sido professor das presas e que, nas formaturas, atuava como
voluntário, bem como a diretora do sistema de educação, professores e um pastor. Demoramos
muito para entrar nesse dia, pois os instrumentos do músico foram quase completamente
desmontados na revista.
Quando entrei, encontrei-me com a pedagoga que estava numa correria, pois ela era a pessoa
encarregada a organizar a cerimônia. O dono de uma loja de aluguel de becas estava chegando,
entregou a sacola para ela. A pedagoga pediu para que eu ficasse ao seu lado em todos os
momentos, a fim de evitar alguma confusão, pois o Centro, naquele dia, estava cheio. Seguimos
rumo ao almoxarifado e lá estava Flor do Campo, sentada, sendo maquiada por uma agente. Os
cabelos foram trançados com cuidado. Todas estavam preocupadas em fazer uma maquiagem
perfeita para a ocasião.
A pedagoga pegou a beca e a deixou sobre a mesa. Alguém havia solicitado a presença dela
em outro setor e ela me pediu para ficar ali, na maquiagem, aguardando seu retorno. Flor do Campo
já estava com a maquiagem feita. Faltava apenas vestir a beca. Quando começaram a vesti-la, viram
que a beca tinha ficado muito longa para ela. Pronto, naquele momento, a relativa tranquilidade deu
lugar ao desespero. Procuraram por linha e agulha para ajustarem a roupa, mas nada encontraram.
No intuito de ajudar, peguei um grande grampeador e perguntei se poderia ajudar. Elas deixaram e
fui grampeando a barra da beca com muito cuidado para um lado não ficar maior do que o outro e
para que os grampos ficassem escondidos. Flor do Campo já estava pronta. Faltava a outra
formanda, Gardênia.
A agente me chamou para segui-la e, quando chegamos no outro pátio, deparamo-nos com
um problema. Gardênia ainda estava escovando os cabelos. Sua colega de ala tentava escová-los o
mais rápido possível, mas seu cabelo, apesar de pouco cumprimento, era bastante volumoso. Ela
começou a chorar dizendo que sem os cabelos bem escovados não participaria da formatura. Em seu
dia especial, queria estar bonita. Fizemos um mutirão para ajudá-la, pois os convidados já estavam
inquietos e a hora estava passando. Foi um “segura cabelo” ali, segura aqui, enquanto a agente
começava a maquiá-la.
Após tanto sufoco, trabalho terminado. Gardênia ainda se sentia triste com a franja de seu
cabelo que, segundo ela, tinha ficado mal escovada. Como não tínhamos espelho (proibido no local)
para mostrar-lhe o bom resultado da escova, fiquei pensando em um modo de ajudar. Se ao menos
�184
estivesse com meu celular, poderia tirar uma foto e mostrar-lhe como ficou. Olhei para a mão da
pedagoga, ela portava uma câmera profissional. Sugeri que ela tirasse uma foto de Gardênia para
mostrar-lhe o cabelo. E assim fizemos. Após ver sua foto, ela se acalmou um pouco e seguimos
correndo para a cerimônia.
Quando chegamos ao pátio da cerimônia, era visível o descontentamento no rosto de todos,
decorrente do atraso, com certa razão, pois foram quase 40 minutos de espera. A cerimônia foi
iniciada com o Hino Nacional tocado no saxofone. Todas as presas estavam presentes para
prestigiarem as colegas formandas. Gardênia estava tão emocionada, que lágrimas se misturaram a
sorrisos. Aliás, de todos os presentes, ela foi a única que cantou em alto e bom tom todo o Hino.
Quando o pastor começou a proferir a bênção, a comoção foi geral. A presença da religião
evangélica no cárcere é algo comum. Mesmo quem não se converte à religião costuma frequentar os
cultos que são realizados em dias específicos. As formandas, ao fim da cerimônia, receberam alguns
presentes. Em seguida, muitas fotos e gritos de comemoração e alegria ecoavam no ambiente. A
cerimônia de formatura é também um incentivo para que outras presas comecem a estudar.
Quando o pátio já estava vazio, iniciei a entrevista com Gardênia, que ainda estava
preocupada com a franja e a todo momento me perguntava se eu achava se ela tinha "saído bem na
foto". Por alguns instantes, caímos na gargalhada relembrando o sufoco do dia. Após a entrevista,
fiquei sabendo que aquele também era o “dia da beleza”.
O dia da beleza acontece às quintas-feiras para as mães, e às sextas-feiras para as gestantes.
Nessas ocasiões, elas podem utilizar secadores e chapinhas disponibilizados pelo Centro, assim
como fazer as unhas utilizando alicates e esmaltes de uso pessoal. Elas recebem também uma
lâmina para poderem se depilar. Aos sábados, todas as presas que trabalham no Centro podem
utilizar secador e chapinha. Todos os materiais são distribuídos e conferidos no dia. No caso da
lâmina, após a devolução, confere-se se esse objeto está completo.
Minha última entrevistada foi Crisântemo, moça nova, que a todo instante queria me
intimidar, mostrando-se superior às outras, dizendo-se destemida de tudo e de todos. O que percebi,
no entanto, é que chega um momento em que, devido ao tempo de convivência, parece que
começamos a nos habituar com o lugar. É como se as coisas que ali acontecem não fossem mais
novidade, passando a ser consideradas comuns. Diante disso, não me intimidei e prossegui com a
entrevista. No meio da entrevista, a cuidadora do filho de Crisântemo entregou o filho à mãe, pois
teria aula naquele instante. A partir daí, o semblante da mãe mudou, e a entrevista que até então se
resumia a respostas curtas e ríspidas, transformou-se numa conversa amorosa, envolvendo mãe e
filho. A entrevista tornou-se mais amena, e em determinado momento, Crisântemo disse que se
�185
alguém na sua infância tivesse lhe ensinado o que era certo e errado, ela poderia ter trilhado um
caminho diferente. Refleti e pensei em quantas Crisântemos existem por aí.
Ao final das entrevistas, fui aos setores para agradecer a atenção e a ajuda. No último
momento, caminhei também pelos corredores com o intuito de agradecer novamente a cada presa
participante da pesquisa, mas, devido à dinâmica do local, não foi possível rever todas elas.
Enquanto me retirava do pátio, uma delas gritou: "Tchau, dona Andreza! Vá com Deus! Boa
sorte!”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como o objetivo da pesquisa era compreender as práticas informacionais dessas mulheres
no que tange ao acesso, busca e apropriação de informações que lhes fossem úteis, concluímos que
o acesso à informação é mediado pelos setores jurídico, psicológico, médico, pelos agentes
penitenciários, pela família durante as visitas e também entre as próprias presas, principalmente as
que tinham mais experiência de cárcere.
Percebemos, por meio da análise de dados realizada mediante aos relatos, que as presas são
mulheres ativas no que tange à busca por informação. Durante as visitas que acontecem aos
domingos, elas mantêm-se informadas sobre outros familiares, sobre os filhos que geralmente estão
sob os cuidados das avós maternas, sobre as novidades do ambiente externo e a respeito dos
companheiros que, geralmente, encontram-se presos em unidades prisionais da Região
Metropolitana de Belo Horizonte.
Quesito importante observado refere-se à atenção dessas mulheres em relação às penas que
lhes serão infligidas, especialmente pelo fato de serem mães ou gestantes – e também com a saúde
dos seus filhos (as). Para isso, recorrem ao setor de saúde disponível no Centro.
Para garantirem seus direitos e manterem-se informadas sobre eles, elas recorriam ao setor
jurídico que, segundo os relatos, apesar de alguns entraves, conseguiam suprir suas necessidades
informacionais jurídicas. Ainda, segundo os relatos, as barreiras encontradas por elas na obtenção
de informação jurídica dizem respeito à dificuldade em obter contato com os defensores públicos;
reclamaram da troca recorrente dos defensores responsáveis por seus casos, pois isso acarretava no
atraso dos processos das mesmas. Apesar de o Centro oferecer palestras sobre saúde, higiene e
cuidados com a criança, as presas disseram ser importante inserir na programação palestras que
explanassem sobre questões jurídicas, de modo a esclarecer algumas dúvidas.
�186
Constamos que havia grande empenho por parte da direção local e da pedagoga em
incentivar as presas na continuidade dos estudos. Participar das atividades escolares, além de
permitir a remição de pena, tornou-se uma prática expressiva para reduzir o ócio no cárcere.
No que tange às práticas de leitura e ao uso da biblioteca, as apenadas disseram que o faziam
como um passatempo nas horas livres, ou, às vezes, eram incentivadas por outras presas que
indicam-lhes obras que tivessem lido e gostado. A leitura da Bíblia servia como um acalanto nas
horas de tristeza, saudade e solidão. Os livros mais procurados eram os de romance e religiosos. Foi
interessante observar em alguns relatos, que algumas presas já possuíam o hábito da leitura no
cotidiano, antes de serem presas, chegando a indicarem alguns livros durante a entrevista. Outras
disseram que a leitura, além de remir pena conforme rege a Regulamentação 44/2013 17 do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), era importante para obterem conhecimento e que assim poderiam
conhecer um novo mundo.
Concluímos que a privação do convívio externo, principalmente familiar, faz com que essas
mulheres lutem para terem de volta aquilo que foi perdido, sobretudo a liberdade e, para isso, elas
utilizam dos aparatos que lhes são oferecidos no Centro como, por exemplo, o apoio jurídico. Dessa
maneira, por mais hostil que o ambiente prisional possa parecer, a realização de práticas para
suprirem as necessidades informacionais das apenadas não deixam de acontecer.
REFERÊNCIAS
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Fortaleza, v. 2, número especial, p. 218-236, out. 2017. Disponível em:
<http://periodicos.ufc.br/informacaoempauta/article/view/20655/31068.>. Acesso em: 24 out. 2018.
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práticas informacionais: do que estamos falando? Informação & Informação, Londrina, v. 22, n.
2, p. 380-401, maio/ago. 2017. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/31462/22020>. Acesso em: 04
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BRASIL. Lei nº 7210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jul. 1984. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm>. Acesso em: 02 out. 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Recomendação Nº 44 de 26/11/2013. Dispõe sobre
atividades educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelece
17
Ementa: Dispõe sobre atividades educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelece
critérios para a admissão pela leitura, conforme estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
�187
critérios para a admissão pela leitura. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atosadm?documento=1235>. Acesso em: 15 out. 2018.
CAPURRO, Rafael. Epistemologia e ciência da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo
Horizonte: ANCIB, 2003. Disponível em: <http://www.capurro.de/enancib_p.htm>. Acesso em: 23
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practices. In: FISHER, Karen; ERDELEZ, Sanda; MCKECHNIE, Lynne (Ed.).
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�188
CAPÍTULO XIII
A REMIÇÃO DE PENA PELA LEITURA: O LUGAR DA BIBLIOTECA PRISIONAL NO
PROCESSO DE RESSOCIALIZAÇÃO
Ana Karisse Valença Silva Azevedo
Edivanio Duarte de Souza
"Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como
sendo-o vós mesmo também no corpo”.
(HEBREUS, 13:1).
1 INTRODUÇÃO
A sociedade se organiza numa rede complexa de pessoas, cada uma com sua razão de
existência e, por conseguinte, exercendo papel fundamental para o seu funcionamento. As
diferentes instituições são responsáveis, segundo Lakatos e Marconi (2010), pela definição de
normas e valores específicos dessa conformação social, considerando contextos e finalidades.
A relação entre as pessoas e as instituições mantém e transforma as estruturas sociais. O
homem, na concepção de Durkheim (1978), não pode ser humano senão vivendo em sociedade,
pois é ela que leva os diversos sujeitos a considerar os interesses coletivos e não apenas os
individuais. Isso significa, essencialmente, aprender a viver em comunidade, neutralizar as paixões
e os instintos, obedecer à lei e, em sentido amplo, atender ao contrato social.
A escola e a família, historicamente, procuram formar sujeitos moral e eticamente
comprometidos com o ideal de sociedade. Com efeito, para Setton (2005), as principais instituições
que participam da formação sociocultural da criança são a escola e a família. A falha de qualquer
uma dessas instituições pode ser definitiva para um lapso na construção do caráter humano. O fato
de essas serem essenciais, contudo, não significa que estejam disponíveis a todos, o que pode afetar
na formação de parcela da sociedade, acarretando formas de agir incompatíveis com o que se
considera aceitável e/ou de acordo com a lei, levando-a a situações legitimamente desaprovadas e
passíveis de penalidades legais.
As necessidades básicas do sujeito nessa situação precisam ser supridas pelo Estado, que
deve promover as condições necessárias para a sobrevivência, sem comprometer sua dignidade, e
reeducação para o convívio nos limites do contrato social. A situação de superlotação em que se
encontram os presídios não permite, porém, que o tratamento do preso seja individual e
�189
personalizado, impedindo, em grande medida, a otimização dos resultados no que diz respeito à
ressocialização. Com o objetivo de não deixar essas pessoas à mercê da própria sorte, o sistema
penitenciário tem se utilizado de medidas reintegradoras que incentivam o sujeito a se redescobrir
como cidadão consciente de suas ações e ser racional com capacidade para refletir e decidir acerca
de sua própria vida.
A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, mais conhecida como Lei de Execução Penal (LEP),
busca tornar esses sujeitos úteis a si mesmos e à sociedade. As formas de reintegração têm ocupado
lugar de importância considerável nos debates acerca do cárcere, numa tentativa de afastamento da
reincidência na criminalidade e de reinserção do apenado no convívio social (BRASIL, 1984). Essa
reinserção exerce papel fundamental na formação social, política e econômica dos sujeitos. A
efetividade das medidas capazes de auxiliar na reintegração desses sujeitos à sociedade deve,
portanto, ser de interesse do Estado e da sociedade como um todo.
Nesse horizonte, a leitura é uma prática vista como alternativa para a erradicação da
reincidência criminal, que hoje não é apenas um agravante da criminalidade primária, mas passa a
ser a “espinha dorsal” das carreiras criminais (FANDIÑO MARIÑO, 2002). É importante
considerar, a partir de Freire (1997, p. 11), que o ato de ler “[...] não se esgota na decodificação pura
da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo”. E mais: “[...] a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca para as
mudanças sociais” (FREIRE, 1997, p. 28).
Então, por intermédio da leitura, os apenados poderão alcançar a consciência plena dos atos
praticados, assim como de suas consequências, pois essa é capaz de renovar o sujeito e mostrar que
o conhecimento liberta (OLIVEIRA, 2013, p. 92) e abre espaço para experiências culturais,
exercendo o papel de agente transformador de fundamental importância.
Pensando nisso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Recomendação nº 44,
de 26 de novembro de 2013, instaura a inserção da remição de pena pela leitura no Brasil, que
incentiva os tribunais em todo país a instituírem esse tipo de projeto nos estabelecimentos penais
correspondentes (BRASIL, 2013).
De acordo com o CNJ, essa recomendação já está consolidada em quase todo o país com o
objetivo de contribuir com a promoção da cultura de paz nos estabelecimentos penitenciários,
oportunizando aos apenados o direito ao conhecimento, à educação, à cultura e ao desenvolvimento
da capacidade crítica, por meio da leitura e da produção de resenhas, e, por conseguinte, possibilitar
a remição pelo estudo (BRASIL, 2015). Infelizmente, por causa da ausência de informação e
conhecimento, nem todos os encarcerados reconhecem os benefícios que a leitura traz para suas
próprias vidas.
�190
Sobre isso, Setton (2005) afirma que a prática educativa não é apenas um processo de
aprendizagem formal e sistemático, mas uma prática que influencia diretamente no cotidiano das
relações sociais, possibilitando o crescimento da circulação de informações. Destarte, o sistema
prisional que tem como finalidade reformar sujeitos se utiliza da informação para reinseri-los na
comunidade.
O fato é que promover o acesso à informação é uma tarefa que pode parecer fácil, mas
carrega a complexidade de escolhas adequadas, principalmente, na instituição penitenciária, que
lida com um público específico e cujo acesso à leitura indiscriminada não é adequado. Para que a
circulação de informações ocorra de forma a contribuir com o processo de ressocialização e a
leitura possa cumprir seu objetivo no meio carcerário, se fazem necessárias algumas condições.
Nesse conjunto, destaca-se a disponibilidade de biblioteca e profissionais especialistas em
informação, que tracem estratégias para promover o uso de fontes e recursos informacionais
diversos, considerando o projeto ressocializador.
A mediação do bibliotecário se torna indispensável para que ele seja a ponte entre o livro e o
leitor. Desta forma, a leitura não será apenas uma obrigação ou uma forma de sair dos limites do
presídio, mas de introduzir o apenado em um mundo diferente que trará de volta sua humanidade e
as condições para uma vida nova.
Este capítulo, organizado em cinco seções, tem como finalidade abordar a prática de remição
de pena pela leitura no processo da ressocialização. A primeira seção aborda a contextualização
temática, a delimitação e os apontamentos da discussão. A segunda seção discute sobre a
responsabilidade da sociedade e do governo com a vida e a dignidade das pessoas que se encontram
encarceradas, visto que sua ressocialização trará benefícios para todos. A terceira seção aborda os
benefícios da prática da leitura, principalmente, dentro do cárcere, destacando como ela pode
contribuir na reestruturação das vidas desses sujeitos. A quarta seção discute a importância da
instituição biblioteca e do bibliotecário como agentes ressocializadores dos sujeitos em situação de
cumprimento de pena. Por fim, na quinta seção, são apresentadas algumas considerações e
perspectivas de aprofundamento da temática em discussão.
2 A RESSOCIALIZAÇÃO COMO INTERESSE SOCIAL
Para que a sociedade funcione de maneira adequada, torna-se necessário que os
componentes desta organização descubram em que setor eles poderão se inserir, exercendo sua
função social, política e econômica. A rigor, faz-se necessário que a sociedade disponha de espaços
�191
para que todos os cidadãos operem em sintonia com sua finalidade, realizando atividades
consideradas lícitas, de forma a não ferir as diretrizes da comunidade. O primeiro obstáculo para o
alcance deste ideal é justamente o fato de que o sistema econômico capitalista utilizado em grande
parte do mundo contemporâneo, incluindo no Brasil, não dispõe de espaço para a inserção
igualitária de todos os sujeitos nos diversos meios de produção.
Nesse contexto, Figueiredo Neto et al. (2005) esclarecem que a classe social é uma divisão
gerada pela distribuição desigual de influência sobre os recursos relevantes de uma sociedade. A
posse dos ativos produtivos determina o que as pessoas obtêm, o chamado bem-estar material, e o
que devem fazer para conseguir o que obtêm, que seriam as oportunidades. E mais, o que se tem
implica diretamente naquilo que se pode vir a ter, gerando um círculo vicioso do qual poucos
conseguem se safar.
Os sujeitos que se encontram encarcerados, em sua maioria, são resultado deste sistema que
agride o ideal de sociedade, marginalizando parte da sociedade.
O desenvolvimento preconizado pela sociedade capitalista esteve amparado na economia,
ou seja, no aumento de riquezas materiais. Tal processo garantiu progresso considerável na
ampliação tecnológica e no bem-estar de parcela da sociedade. Em contrapartida, provocou
extremos de privação, pobreza e marginalização social para grande parcela da população
dessa mesma sociedade (CUNHA, 2010, p. 158).
Além disso, a violência instaurada no Brasil, nos últimos anos, resulta em penitenciárias
cada vez mais parecidas com depósitos de infratores, que entram e saem do sistema sem mudança
alguma na forma de pensar e de agir. Assim, o Estado perde o controle financeiro e logístico dos
presídios, o que pode acarretar na privação de alguns direitos previstos em lei, tais como
alimentação, saúde, segurança, trabalho, remuneração, previdência social, descanso, recreação, e
exercício de atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas, desde que compatíveis
com a execução da pena.
A forma de ver e de aplicar a pena sofreu várias alterações ao longo dos anos, na medida em
que a delinquência deixa de ser vista como um comportamento natural ou uma característica
biológica do sujeito e, por conseguinte, sua reintegração social deixa de ser vista como uma forma
de tratamento adequado relativa a outro tipo de doença. No século XXI, o conceito de pena tem
como referência o castigo daqueles que ferem os preceitos morais de uma sociedade instituída. A
pena pode ser privativa de liberdade, restritiva de direitos ou de multa (MIRABETE; FABBRINI,
2015). De modo geral, seja como for, a pena obriga o sujeito a reparar seus atos de forma que
pareça justa ao ofendido.
Para Faustino e Pires (2009), a punição entendida como vingança e tendo como alvo
prioritário o corpo do condenado não era mais suficiente, do ponto de vista social, político e
�192
econômico. Desta forma, diferentemente dos tempos mais remotos, cujas primeiras prisões foram
inspiradas no sistema de mosteiros da Idade Média e impunham ao condenado o silêncio e a leitura
da Bíblia, a ressocialização agora seria resultado de um processo individual de reflexão e de
arrependimento que o infrator efetivaria sobre si mesmo. Esse processo seria possível pelo fato de
que, sendo ele um ser racional e consciente, também poderia, racional e conscientemente,
arrepender-se do mal praticado e, por conseguinte, empreender autotransformações (FAUSTINO;
PIRES, 2009). O sujeito, então, seria protagonista de sua transformação e único responsável por sua
readaptação, numa relação consigo mesmo, utilizando-se dos poucos recursos disponibilizados para
esse fim.
O resultado dessa mudança de entendimento é que as prisões se transformam em ambientes
que buscam tornar os apenados conscientes de seus direitos e deveres, e prontos para o retorno ao
convívio em sociedade, em que a reintegração social do apenado é uma das preocupações centrais.
O sistema penitenciário, nesse contexto, passa a ter um papel determinante na reinserção adequada
do cidadão na sociedade com o restabelecimento de seus direitos e deveres, sem que haja o retorno
à prática de delitos. Por outro lado, se, mesmo após a liberação do sujeito do sistema prisional, não
é possível constatar mudanças positivas de comportamento, isso condiciona a população a pensar
que o sistema prisional é realmente “A escola do crime”, que é cada vez menos visto como lugar de
reintegração.
Existem dois grandes problemas em a prisão assumir esse papel. O primeiro é um dos
princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil, a “dignidade da pessoa
humana” (BRASIL, 1988), conforme o qual, mesmo sendo delinquentes, os sujeitos encarcerados
continuam sendo seres humanos que necessitam de cuidados e atenção. O segundo, por sua vez, é
de ordem estrutural e física, na medida em que é constantemente constatada a incapacidade que os
presídios brasileiros têm de comportar todas essas pessoas. O
conceito
de
reinserção,
para
Figueiredo Neto et al. (2009), diz respeito ao conjunto de atributos que permitem ao sujeito tornarse útil a si mesmo, à sua família e à sociedade. Com efeito, é importante considerar que o
fundamento da prática de reintegração é a assistência na aquisição de meios necessários para a
reinserção do sujeito na sociedade.
Desse ponto de vista, tanto as oportunidades de trabalho quanto os programas educativos e
de treinamento ocupacional para os apenados devem, em tese, reduzir a reincidência e ajudar o
apenado a se preparar para a procura de emprego quando liberado. Pode ser lembrado que o ócio
prisional é, frequentemente, visto como um fator estimulador de recidivismo (FANDIÑO
MARIÑO, 2002).
�193
Nesse contexto, devem ser pensadas políticas públicas que minimizem os efeitos agressivos
do aprisionamento, levando-se em conta que a pessoa condenada perde seu segundo maior bem, o
direito à liberdade, considerando-se que o primeiro é o direito à vida.
Com essa nova perspectiva, pode-se perceber e incentivar a valorização do sujeito, e de sua
capacidade de (re)adaptação de maneira positiva, o que acarretará em benefícios para ele, para a
sociedade e para o Estado. Segundo Faustino e Pires (2009), então, a finalidade da pena não está
apenas ligada à economia, mas também à esfera política, que visa ao controle e disciplina do
apenado, estando os dois vinculados, contribuindo para o mesmo objetivo, a saber, o entendimento
e aceitação das relações sociais vigentes.
As penitenciárias são, quase sempre, caracterizadas por falta de espaço, submissão de muitos
a poucos que detêm o “poder” interno, poucas condições que possibilitem a preferência por um
caminho alternativo e um sistema que os encaminha de volta ao ponto de onde partiram. Essa
situação, muitas vezes, agrega atributos intensificadores do comportamento inadequado que já
apresentavam. Fandiño Mariño (2002) afirma que a prisão tem induzido, ao invés de reduzido a
reincidência de prática delituosas, o que demonstra a falha da efetividade da prisão, que visa
recuperar esses sujeitos e reintegrá-los à sociedade.
Problemas de inúmeras ordens afetam diretamente todas as tentativas de reinserção dos
apenados e instauram a situação calamitosa que frequentemente assola os sistemas prisionais do
Brasil, que sobrevivem em condições precárias. A reincidência criminal é um dos grandes
problemas do sistema penitenciário e da sociedade como um todo. Para diminuí-la, o Estado se
utiliza das chamadas medidas ressocializadoras para os apenados tomarem consciência de si
mesmos e da sociedade em que se encontram inseridos.
A ressocialização, portanto, é de importância essencial para o Estado, visto que a
reincidência criminal afeta todos os setores da sociedade, inclusive o econômico. Porém, esta não é
uma preocupação que cabe somente ao ente estatal, embora as pessoas que vivem na sociedade
sigam como se o que acontece dentro das penitenciárias não fosse do interesse de todos, mas
exclusivamente a responsabilidade do Estado de punir aqueles que não merecem ser parte da
comunidade.
A ressocialização tem a potencialidade de devolver a dignidade humana àqueles que, dadas
as condições sociais, sequer acreditavam que um dia a possuíram. Por este motivo, a reintegração
do apenado é um dever de todos, cabendo, por conseguinte, averiguar se ela está sendo bem
planejada e aplicada, posto que, com medidas efetivas, pode-se começar a observar diminuição da
reincidência que envergonha o sistema prisional brasileiro.
�194
3 A LEITURA NO CÁRCERE: UMA PRÁTICA RESSOCIALIZADORA
Dadas as condições dos presídios brasileiros, as medidas ressocializadoras são alternativas
para impedir, ou pelo menos diminuir, o retorno dos sujeitos que cumpriram pena à prática
criminosa.
A leitura tem sido vista como uma medida ressocializadora que assume o papel de agente
restaurador ou até mesmo formador de estruturas basilares da educação de pessoas encarceradas.
Ocorre que muitos nunca tiveram acesso a um livro ou se viram capazes de ler, visto que a leitura é
largamente tida como prática e costume de pessoas afortunadas, sábias e inteligentes. Barroco
(2004, p. 83) afirma que “a leitura é, acima de tudo, uma construção de significados, apresentandose, portanto, a decodificação de grafemas apenas como um meio de acesso ao texto”. Essa
construção de significados é responsável por dotar a leitura de resultados positivos em ambientes de
ensino.
No cárcere, a leitura encontra morada por vários fatores; o principal deles é a superação do
ócio, dada a situação em que pouco ou nada se tem a fazer, contrapondo ao tempo longo em que
muitos presos permanecerão nesse ambiente. Por esse motivo, seguindo a já anteriormente citada
Recomendação nº 44 do CNJ, os sistemas prisionais em todo país têm instaurado a remição de pena
pela leitura. Mesmo que a principal intenção dos apenados, no início, seja apenas se livrar de uma
pena e esta não ser a ideal, é suficiente para que os benefícios da leitura comecem a aparecer.
Para além dos limites do ócio, Oliveira (2013) apresenta como benefícios da leitura a
otimização, a compreensão, o aprendizado e a experiência. O ato de ler amplia os horizontes e ajuda
na compreensão do porquê das coisas, tem a ver com as formas de expressão do sujeito, e é
responsável por ligar historicamente o leitor ao que é lido. Dessa forma, a leitura é um processo de
compreensão sensorial, emocional, intelectual, fisiológico, neurológico, cultural, econômico e
político. Trata-se de uma experiência pessoal e intransferível, sendo, portanto, a interpretação
submetida ao conhecimento, às experiências e à sensibilidade de cada um.
A leitura, então, transforma convicções subjetivas do leitor, mesmo aquelas que não se
mostram cotidianamente, mas que afetam consideravelmente sua forma de existir e ver o mundo, o
que, consequentemente, dirige suas ações e relações consigo mesmo e com a sociedade à que
pertence. Isso significa a compreensão de que uma das formas possíveis para recuperar a dignidade
outrora perdida pelos apenados é por meio da leitura, que auxilia no desenvolvimento do senso
crítico, na medida em que vai além da escolarização, mas faz com que os sujeitos envolvidos com
esse processo produzam sentido para suas vidas e construam conhecimento individual, de acordo
com a vivência de cada um.
�195
O ato de ler concretiza-se através da busca da velha informação e da nova informação. A
velha informação está directamente ligada aos designados schemata (esquemas cognitivos
associados a um dado conhecimento já armazenado e organizado), sendo o processo da
inferência que decide os esquemas a revelar para tratamento da nova informação
(BARROCO, 2004, p. 85).
Por esse motivo, apesar de algumas fragilidades porventura existentes nos projetos e nas
práticas de remição de pena pela leitura, podem-se considerar alguns resultados positivos do que a
leitura pode fazer por reeducandos em todo o Brasil. A leitura viabiliza junto aos apenados
reflexões acerca de como o mundo e a sociedade funcionam; é capaz de fazê-los entender que,
apesar de ser difícil encontrar espaço num sistema que parece repeli-los, é possível e
recompensador. O ato de ler é capaz de quebrar as correntes sociais a que eles estão presos e incitálos a almejar suas autonomias.
Para além da formação, a leitura pode afetar positivamente os sujeitos encarcerados em seu
processo de reformação. Por esse motivo, é importante que o Estado garanta as condições ideais, ou
o mais próximo disso, para que a leitura aconteça e possa cumprir seu papel. Essas condições são
compostas, entre outros, por materiais de trabalho, fontes de informação adequadas e tecnologias
que facilitem a prática de leitura. Além disso, os recursos humanos utilizados também são
importantes para que a leitura seja eficaz, ou seja, a presença de profissionais adequados para que
haja o incentivo à leitura, a seleção adequada de títulos, a organização e a disseminação dessa
literatura.
Com efeito, esta situação só pode ser concretizada diante de um estudo de usuários
igualmente bem elaborado e aplicado para que as fontes de informação sejam adequadamente
adquiridas, tornando-se indispensável a presença do bibliotecário. Além desse, se faz necessário o
espaço físico da biblioteca, que seja apresentado como local responsável por assegurar o saber,
promover a cultura, proporcionar o ócio e o lazer, e educar e formar (BARROCO, 2004). Com essas
condições, a leitura se torna um agente ressocializador de importância imensurável para aqueles que
almejam a reintegração na sociedade.
4 AGENTES RESSOCIALIZADORES NO CONTEXTO DA LEITURA
Conforme já discutido, a ressocialização dos apenados é um interesse de todos e a leitura,
um instrumento eficaz nesse processo. Nesse mesmo horizonte, as bibliotecas prisionais se tornam
indispensáveis para que o trabalho seja completo e os resultados, correspondentemente satisfatórios.
�196
Além dos benefícios para a sociedade, a biblioteca é um direito previsto por lei aos presos.
“[...] Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para
uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos”
(BRASIL, 1984). Tendo o Estado reconhecida a importância das bibliotecas em lei, deve-se,
portanto, manter sua posição e contribuir com as condições para implantá-las.
A biblioteca prisional é vista por muitos como um favor desmerecido aos apenados. Essa
infeliz perspectiva acaba por perpetuar o afastamento da responsabilidade do Estado e da sociedade
para com a ressocialização dos que se encontram encarcerados. Isso acontece porque, para muitos, a
biblioteca, num estabelecimento prisional, é um luxo a que a própria população livre não tem
acesso. E, talvez, por esse motivo, a biblioteca prisional como um direito dos presos é pouco ou
nada discutida. Esse estado de carência acarreta a sensação de que as penitenciárias que a possuem
receberam um favor do Estado, quando na verdade é apenas este ente cumprindo sua obrigação na
ressocialização do preso. Não se pode perder de vista que:
o direito à educação pressupõe de imediato o direito ao acesso à informação, uma vez que a
informação é parte do processo educativo. [...] A informação é um direito social do
indivíduo e o acesso a ela é exatamente esse direito de ser informado, o direito de saber das
coisas, numa linguagem muito simples (MORIGI; VANZ; GALDINO, 2002, p. 142).
Reconhecido o importante papel da leitura em ambientes prisionais, vem o questionamento
da necessidade de uma biblioteca. Afinal, para que tirar os presos das celas? A entrega dos livros
nas celas não é suficiente? Ocorre que a biblioteca não é apenas um local de guarda de livros, mas
um espaço de disseminação de informação e de cultura, que permite aos apenados um (re)acesso à
sua cidadania e à sua dignidade.
Apesar de se referir a bibliotecas públicas, é importante mencionar o amplo e fundamental
papel desta instituição apontado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura18 (UNESCO, 1994), ao afirmar que as bibliotecas devem promover a democracia, a paz, o
bem-estar, o repouso espiritual dos cidadãos, a tolerância, a pluralidade de pensamentos, a educação
para todos e o acesso a informações diversas.
Pode-se afirmar que, respeitando os limites do que é permitido para sujeitos em situação de
cárcere, os objetivos citados acima devem ser cumpridos também pela biblioteca prisional. A
relevância dessa instituição é reafirmada quando a LEP coloca como ponto a ser mensurado em
18
Acrônimo de United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. A UNESCO é uma agência
especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em 4 de novembro de 1946 e sediada em Paris, com
a finalidade de contribuir com a paz e segurança no mundo por intermédio do desenvolvimento e da implementação de
planos, projetos e ações de educação, ciência e cultura.
�197
censos penitenciários “[...] a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo [...]” (BRASIL,
1984).
Outro ponto que vale a pena destacar é a Lei Federal de nº 13.163, de 9 de setembro de 2015,
que modifica a LEP e estabelece a oferta do Ensino Médio nas Penitenciárias. Por esse lado,
começa-se a pensar nos benefícios não apenas de uma biblioteca prisional para apenados, mas
também tudo que a biblioteca escolar pode fazer por eles na condição de alunos (COSTA et al.,
2016). O fato é que, sob essa perspectiva, esta biblioteca, agora com carga dupla de
responsabilidade, tem o dever de formar e reformar sujeitos por intermédio, respectivamente, da
assistência educacional e da reinserção social.
A biblioteca prisional não pode atuar como um repositório de livros; é preciso que seja um
organismo em crescimento, na concepção da quinta Lei de Ranganthan (2009) 19 e, por isso,
necessita passar por todos os processos técnicos e administrativos próprios de uma biblioteca, assim
como pelo trabalho de estudo de usuário e desenvolvimento de coleções.
É importante considerar que, além da biblioteca, faz-se necessária a presença de um
bibliotecário. Essa constatação decorre, além da existência de atividades privativas desse
profissional, da prática de complexos processos informacionais que envolve este tipo de instituição.
As bibliotecas que atendem a leitores em ambiente prisional, levando em consideração os
diferentes níveis de literácia e as condições em que se encontram, devem servir como
centros de informação, fornecendo recursos que supram as necessidades básicas de
informação, que compreendem a recuperação da informação, a leitura recreativa e a
aprendizagem. Tomando como referências as características da clientela, faz-se necessário
formar suas coleções, levando em consideração a questão da censura em relação ao direito
dos presos e, concomitante, a escolha adequada, de modo que esses conteúdos sejam úteis
no processo de transição do apenado ao convívio da sociedade (TONIN; SOUZA, 2014, p.
49).
Um leitor que se forma dentro do sistema prisional, possivelmente, será um leitor fora dele,
que procurará aprimoramento de seus conhecimentos e continuar ampliando seu acesso à
informação.
Morigi, Vanz e Galdino (2002, p. 141) chamam a atenção para a responsabilidade social da
biblioteca, mas também do bibliotecário, quando afirmam que “a informação é considerada um bem
simbólico e o seu acesso é essencial para que a cidadania se efetive de forma plena, sendo assim o
profissional deve colocar-se de forma ativa diante de sua responsabilidade social como educador”.
O bibliotecário precisa se colocar num local de agente transformador na atuação da biblioteca como
espaço de ressocialização dos sujeitos.
19
Também conhecidas como as Leis da Biblioteconomia, Ranganathan, a partir de estudos sobre as condições das
bibliotecas, desenvolveu cinco leis, a saber: os livros são para serem lidos, todo leitor tem seu livro, todo livro tem seu
leitor, poupe o tempo do leitor, e uma biblioteca é um organismo em crescimento (RANGANATHAN, 2009).
�198
Apesar de não constar explicitamente a necessidade de um bibliotecário em bibliotecas
prisionais, em seu art. 21, cap. V, a LEP se preocupa com as condições dos acervos de bibliotecas
penitenciárias como fator a ser observado nos censos sobre educação em prisões, visto que aquelas
seriam primordiais para o desenvolvimento dessas, e para o auxílio do preso em sua ressocialização
(BRASIL, 1984). Dessa forma, considera-se que, para a reeducação ser bem-sucedida dentro da
prisão, se faz necessária a presença do bibliotecário, pois ele é o profissional que consegue manter
um acervo em condições ideais para uso devido e melhor aproveitamento.
Assim como qualquer outra biblioteca, a prisional precisa realizar diversos serviços de
qualidade, tais como formação e desenvolvimento de coleções (seleção, aquisição, avaliação e
desbastamento), estudos de uso e de usuários, catalogação, classificação, atendimento aos usuários e
empréstimos, entre outros.
Não se pode perder de vista que os presos têm preferências literárias e se faz necessário o
incentivo, por meio de obras que possam ser de seu interesse. Por isso, é preciso uma seleção de
livros adequados baseada num estudo de usuário que leve em consideração a situação peculiar em
que se encontra cada um deles, mas, acima de tudo, que os leve para o caminho do que é
considerado correto, que os incentive a procurar uma nova forma de viver e os leve a reflexões de
onde estão e para onde querem ir.
Coincidência ou não, um dos livros mais requisitados pelos internos das quatro
penitenciárias federais é “Crime e castigo”, de Dostoiévski. Um clássico da literatura
mundial, a obra conta a história de um jovem que enfrenta dilemas morais e existenciais
após decidir matar uma agiota. “Nota-se, nessa obra, a que ponto o ser humano pode chegar
por causa do dinheiro”, escreveu um detento em uma resenha sobre o livro. “Crime e
castigo” foi a primeira obra a ser doada para o projeto, que foi criado em 2009 na
Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). A doação partiu de juízes federais do Paraná.
Desde então, se espalhou por diversas cadeias pelo país (LINDEMANN, 2017).
É reconhecida a relevância de estudo de usuário completo que leve em consideração as
condições de privação, mas ainda que faça com que o gosto do leitor tenha relevância. O
bibliotecário possui duas principais atribuições em bibliotecas: primeiro, e mais conhecida (ainda
que aquém do ideal), é a técnica, por meio de atividades como as já citadas; a segunda tem a ver
com o trabalho social do bibliotecário, que vai desde a promoção do acesso à informação, passando
pelo fomento da leitura e a formação de leitores, à potencialização do resgate da autonomia e da
construção da cidadania (COSTA et al., 2016).
Os serviços bibliotecários permitem aos prisioneiros o uso mais proveitoso de seu tempo,
como também lhes possibilitam ampliar seus desenvolvimentos pessoais e obter conhecimentos
gerais que contribuam para aliviar a tensão do enclausuramento. Porém, até os próprios
bibliotecários parecem desconhecer esse fato, e agem como se suas obrigações fossem meramente
técnicas e como se a sua própria responsabilidade social fosse nula.
�199
A falta de um bibliotecário fere o processo de ressocialização e faz com que o trabalho da
biblioteca e, consequentemente, da leitura seja sofrido e que atue de forma superficial, e, ainda, que
alguns objetivos sejam alcançados. Assim, sem a atuação profissional, não é possível a
consolidação do papel desses para a ressocialização em larga escala, atingindo a totalidade dos
presos que se propõem a ler.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ressocialização dos sujeitos em cumprimento de pena é a medida a ser tomada para a
redução do recidivismo criminal, pois é por meio dela que os sujeitos serão realocados na sociedade
e encontrarão seu espaço de forma legal. O sucesso da ressocialização dentro dos presídios
influencia a sociedade como um todo de forma positiva, pois, além de desafogar o sistema prisional,
devolve a dignidade do apenado, diminui custos do governo e diminui a criminalidade na
comunidade, visto que o ex-apenado não será mais um perigo para a sociedade, desde que o
processo de reinserção seja efetivo.
Na medida em que a ressocialização é um benefício de todos, passa a ser responsabilidade
não só do sistema prisional, mas da sociedade em geral. Primeiro, o Estado na condição de provedor
deve munir o sistema das condições necessárias para a efetivação dos processos necessários. A
sociedade tem o papel de acompanhar e cobrar do Estado medidas e condições melhores na
execução do processo. E, complementarmente, os apenados, que devem utilizar todos os benefícios
que lhes são oferecidos de forma responsável, para melhor aproveitamento dos recursos do Estado.
A leitura, nesse processo, é vista sob uma perspectiva de prática transformadora de caráter e,
consequentemente, de vidas e destinos, na medida em que, por intermédio dela, o preso encontra
libertação mental, quando consegue se ver fora dos muros do encarceramento a partir de sua
imaginação. A leitura proporciona conhecimento, entretenimento, resgate à dignidade, incentivo à
educação, melhora no vocabulário e aprimoramento da escrita dos sujeitos encarcerados. Além de
promover a reflexão acerca de suas condições e do ambiente em que se encontra, a leitura pode
auxiliar o sujeito na compreensão da sociedade em que se insere, do papel que ele assumia como
delinquente e, como contraponto, do papel que ele pode vir a assumir na condição de sujeito
reformado pelo Estado. Por esses e outros motivos, a leitura é considerada uma das medidas
eficazes de ressocialização de apenados em todo o país.
A biblioteca e o bibliotecário se apresentam como componentes das condições necessárias à
efetiva ação da leitura como medida ressocializadora. A biblioteca atua como local de reinserção na
�200
cultura, cujos apenados conseguem exercitar sua capacidade de escolha e seu senso de
responsabilidade para com o patrimônio estatal. Com a visita à biblioteca, o preso começa a se
familiarizar com o convívio fora das celas e tem acesso aos serviços oferecidos pela biblioteca
prisional, que pode ser uma biblioteca escolar, visto que muitos dos apenados concluem seus
estudos dentro da prisão.
O bibliotecário, por sua vez, vem como um agente capaz de possibilitar o melhor
aproveitamento do espaço da biblioteca e da leitura, visto que sua presença otimiza o tempo do
leitor, por meio de diversos serviços. A atuação desse profissional é de importância fundamental
para a prática da leitura, desde a seleção de títulos que sejam adequados e desejáveis, até a atuação
social do profissional, que ajudará a devolver a dignidade desses sujeitos.
A biblioteca, o bibliotecário e a leitura considerados em conjunto podem fazer com que a
experiência carcerária seja menos ociosa, e mais proveitosa, na forma como incentiva os presos ao
encontro com a informação que necessitam, que os levará para reflexões e lugares que antes não
tiveram oportunidade de estar. Há, contudo, um processo de exclusão, porque, embora querendo
participar, o sujeito não encontra em si mesmo condições para isso, por não saber ler, escrever ou
até organizar as ideias em um texto. A rigor, alguns apenados permanecem sem oportunidade de
recuperar o tempo e a informação que perderam. Dessa forma, os projetos de remição de pena pela
leitura não podem ser desvinculados da educação básica, na medida em que ela dará condições
necessárias para essa participação.
Para aperfeiçoamento dos projetos de remição de pena pela leitura, é imprescindível a
participação do bibliotecário para que, numa relação interdisciplinar entre Biblioteconomia, Ciência
da Informação, Direito, Psicologia, Serviço Social e áreas afins, considere-se o contexto cultural e o
regime de informação do ambiente prisional. Essas condições, certamente, promoveriam a melhor
qualificação e o maior aprofundamento na execução dos projetos, sendo possível, assim, o alcance
de resultados melhores e de maior abrangência.
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�201
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�203
CAPÍTULO XIV
A FUNÇÃO DA BIBLIOTECA COMUNITÁRIA NAS REGIÕES INACESSÍVEIS AO
CONHECIMENTO
Igor de Souza Bento
Ana Carolina Silva da Cunha
Gleice Pereira
1 INTRODUÇÃO
Na antiguidade, o homem já criara meios de registrar o conhecimento para que auxiliasse as
gerações futuras na sobrevivência e no desenvolvimento. A informação com o passar do tempo e
com o avanço tecnológico teve vários tipos de formatos, desde seu início com pinturas rupestres até
a atualidade com documentos digitais.
Vivemos na sociedade do conhecimento, em que a mesma pessoa o consome, produz e
disponibiliza em rede via youtube, facebook, twitter ou outras ferramentas, as quais criam novos
valores, porém, o conhecimento encontra-se fragmentado. Segundo Morin (2013), em tais
condições, as mentes jovens perdem suas aptidões naturais para contextualizar os saberes e integrálos em seus conjuntos.
Por meio da análise à história da humanidade, a biblioteca se mostrou palco das mudanças
de pensamento da sociedade e até a atualidade seu poder não pode ser despercebido mesmo perante
uma sociedade permeada de links e informações que aumentam “vertiginosamente nos bancos de
dados, nos hipertextos e nas redes” (LÉVY, 1999, p. 13).
Para isso, precisamos traçar um panorama da sociedade atual e os desafios contemporâneos
e como a biblioteca pode auxiliar nas incessantes mudanças da humanidade. A biblioteca
comunitária é um importante centro de disseminação da informação, incentivo à leitura e de acesso
democrático.
Também possui grande potencial incentivador de desenvolvimento da fala e escrita de
crianças e adultos de uma comunidade, além de, no caso de biblioteca já informatizada, ser uma
grande chance de inclusão digital para seus frequentadores. A biblioteca comunitária fornece a seus
usuários espaço para pesquisa e estudo; oferece o resgate da cultura popular e proporciona
autonomia na busca, cabendo somente ao usuário avaliar o que é mais relevante para a sua pesquisa.
�204
A biblioteca comunitária quando bem estruturada e com o acervo atualizado para atender
todas as possibilidades de busca, tende a cativar o leitor e conquistar sua frequência no ambiente.
Nesse espaço, é importante que o mediador se mostre sempre solícito e disposto a oferecer um
serviço de qualidade. Desse modo, o usuário adquire, cada vez mais, independência em suas buscas,
podendo realizá-las posteriormente sem supervisão. A biblioteca comunitária valoriza a
comunidade, promove o exercício da cidadania, não há diferença social, todos possuem o mesmo
acesso à informação, o que incentiva a educação.
Objetiva-se, neste estudo, conceituar o que vem a ser uma biblioteca comunitária, buscando
analisar a potência dessa unidade de informação como disseminadora, e realizar um breve relato
acerca da realidade de uma dessas instituições e o acesso à informação que a mesma oferece.
O interesse pela abordagem do tema biblioteca comunitária surgiu ao realizarmos no ano de
2015 uma visita técnica à Biblioteca Comunitária do Bairro Laranjeiras, cidade de Serra, Estado do
Espírito Santo, em que foi possível presenciar, no momento da visita, o admirável trabalho sendo
realizado, e vimos a importância dessa biblioteca para a comunidade, na qual está localizada, e o
número significativo de usuários atendidos diariamente.
Assim, buscou-se realizar um estudo de caso na biblioteca comunitária de Laranjeiras,
utilizando o método de entrevista estruturada, com visita in loco para realizar a coleta de dados,
sendo a análise dos dados de teor qualitativo.
2 DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO
Dilúvio, assim exemplifica Lévy (1999), relacionando o evento bíblico a atual quantidade de
informação acessível à maioria das pessoas. Do século XX voltado para produção de tecnologia, a
sociedade da informação passou a ser a sociedade do conhecimento no século XXI, produzindo
conhecimento em tempo real, desfazendo antigas estruturas de poder, ao mesmo tempo em que deu
luz às novas.
Mesmo com grandes avanços tecnológicos e científicos, com dados tão importantes sendo
acessados, desaprendemos lidar com a vida e nosso relacionamento com os outros, ao buscarmos
respostas às dificuldades enfrentadas; notamos que cada tempo do saber aponta uma direção; esse
fenômeno ocorre, pois, o conhecimento produzido encontra-se fragmentado e desconexo e mesmo
utilizando ferramentas de alto poder de recuperação, selecioná-las de forma adequada se torna um
desafio (MORIN, 2001; MOSÉ, 2013).
�205
Além do aumento de informação, há o aumento populacional, aproximando, cada vez mais,
os excluídos. Observamos, assim, os desdobramentos de um movimento que começou há muitos
anos em todas as esferas da sociedade. Portanto, cabe a nós,
[...] apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em relação à novidade,
que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira questão não é ser contra ou a favor, mas sim
reconhecer as mudanças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta
da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural (LÉVY, 1999, p.
12).
Morin (2003) enfatiza a necessidade de “uma cabeça bem-feita”, que não devemos apenas
acumular o saber sem primeiro selecionar e organizar de forma que tenha sentido, e em vez de
acumular o saber, o que realmente importa é dispor ao mesmo tempo de aptidão geral para colocar e
tratar os problemas e de princípios de organização que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido.
Criada junto com a democratização do acesso à informação e produção de conhecimento, a
proposta do sistema de ensino tem induzido a redução e fragmentação da complexidade ao simples,
pois fraciona os problemas, eliminando, assim, as oportunidades de um julgamento corretivo ou de
uma visão a longo prazo.
A informação é a base do conhecimento; sem ela não adquirimos o saber. Segundo Barreto
(1994, p. 1),
a informação, quando adequadamente assimilada, produz conhecimento, modifica o
estoque mental de informações do indivíduo e traz benefícios ao seu desenvolvimento e ao
desenvolvimento da sociedade em que ele vive.
Assim como agente mediador na produção do conhecimento, a informação qualifica-se, em
forma e substância, como estruturas significantes com a competência de gerar
conhecimento para o indivíduo e seu grupo.
A questão que se coloca agora é a de como se trabalhar com a informação enquanto
estruturas significantes, no sentido de direcioná-la ao seu propósito de produtora de
conhecimento para a sociedade. Como se organiza, controla e distribui de maneira correta,
política e socialmente, a informação, considerando a sua ingerência na produção do
conhecimento.
As bibliotecas públicas, incluindo, é claro, a biblioteca comunitária, tem um papel enorme
na educação de seus usuários, visto que é um espaço onde se encontra acesso à informação para o
desenvolvimento do conhecimento. Dessa forma, a biblioteca contribui para o letramento
informacional, que surge a partir do momento que se observa a demanda de auxiliar as pessoas a
desenvolver habilidades e competências na busca e recuperação da informação, tornando-as capazes
de aprender de forma autônoma ao longo da vida.
Serviços de referência e de educação de usuários foram criados para auxiliar os leitores a
entender a estrutura peculiar daquele espaço e a lidar com as fontes de informação ali existentes.
Segundo Campello (2009), focalizar as competências das pessoas e não no serviço da biblioteca,
contribui para a aprendizagem. Esse cuidado do bibliotecário é refletido na maneira como a
�206
informação é disponibilizada ao usuário, e seu interesse em conhecer como seu público acessa
aquela informação.
“O desenvolvimento da inteligência geral requer que seu exercício seja ligado à dúvida,
fermento de toda atividade crítica [...], o conhecimento comporta, ao mesmo tempo, separação e
ligação, análise e síntese” (MORIN, 2003, p. 22-24). A leitura crítica pode propiciar esse ambiente
de desenvolvimento.
A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá, e a que me
dou, e cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito. Ao ler não me
acho no puro encalço da inteligência do texto como se fosse ela produção apenas de seu
autor ou de sua autora (FREIRE, 1996, p. 15).
A partir do momento em que nos envolvemos com novos pontos de vista, por meio da
leitura, adentramos em um “mundo novo”. A esse respeito, Sartre (2008, p. 78) declara que:
[...] quando todos os caminhos estão barrados, a consciência precipita-se no mundo mágico
da emoção, precipita-se por inteiro, degradando-se, ela é nova consciência diante do mundo
novo, com essa presença a si mesma, sem distância, de seu ponto de vista sobre o mundo.
É necessário, portanto, estar em contato com os mais diferentes tipos de conhecimento. As
bibliotecas, que por décadas se mostraram símbolo do saber para uma minoria rica e dominante, por
volta do século VXIII, passa a abrir as suas portas a todos. Para Foucault (1997 apud
LAPLANTINE, 2006, p. 1),
antes do final do século XVII, o homem não existia, como também o poder da vida, a
fecundidade do trabalho ou a densidade da linguagem, é uma criatura muito recente que o
demiurgo do saber fabricou com suas próprias mãos há menos de duzentos anos [...] uma
coisa em todo caso é certa, homem é uma invenção e a arqueologia de nosso pensamento
mostra o quanto é recente, e quão próximo talvez seja seu fim.
Dentre os vários tipos de bibliotecas, destacamos a biblioteca comunitária pela proximidade
com os usuários e pela característica de surgir ou ser implantada no bojo de uma comunidade que,
em um dado momento, conscientizou-se que a informação traria mudanças significativas a seus
utilizadores.
3 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA: O QUE É?
Primeiramente, para que se discorra sobre biblioteca comunitária é necessário entendermos
o que viera ser uma comunidade, e, por definição, comunidade é estado do que é comum, ou seja,
um agrupamento social que se caracteriza por acentuada coesão baseada no consenso espontâneo
dos indivíduos que o constituem. Bauman (2003, p. 7-8) define comunidade como:
�207
[...] um lugar “cálido”, um lugar confortável e aconchegante [...] lá fora, na rua, toda sorte
de perigo está à espreita, temos que estar alertas quando saímos, prestar atenção com quem
falamos e a quem nos fala, estar de prontidão a cada minuto [...] Aqui, na comunidade
podemos relaxar – estamos seguros, não há perigos ocultos em cantos escuros (com certeza,
dificilmente um “canto” aqui é “escuro”).
No delinear da história, foi notada a necessidade de reunir as informações, com o fim de
produzir conhecimento. Com isso, surgiu a biblioteca, uma organização de caráter cultural com
acervo de informação organizado e que presta serviços informacionais à comunidade, que
corresponde ao alvo de seu trabalho (CAVALCANTI; CUNHA, 2008). Na definição tradicional, é
um espaço físico em que se guardam livros, porém a mesma possui uma complexidade superior a
essa definição: a biblioteca é todo espaço – físico, virtual ou híbrido – destinado a uma coleção de
informações que se encontra nos mais diversos formatos como o impresso, digital, 3D, dentre
outros.
As tipologias ou modalidades de unidade de informação são determinadas pelas funções e
serviços ofertados pela mesma, pela comunidade a que se destina, e pela instituição em que ela está
vinculada. Essas unidades podem ser de critério multidisciplinar, ou seja, aquelas que atendem o
público em geral, ou podem ser específicas e possuir conteúdo especializado em determinada área
do conhecimento e atingir um público-alvo, também, bem delimitado. Dentre os principais tipos de
bibliotecas existentes, podemos listar a pública, universitária, comunitária, escolar e especializada.
Segundo Machado (2008), as bibliotecas comunitárias e os espaços públicos de informação
foram as maneiras com que a comunidade encontrou para levar acesso à informação para seus
membros e também de combater as desigualdades sociais.
A biblioteca comunitária é um importante agente social, que auxilia no desenvolvimento
intelectual da comunidade, pelo fato de possuir interface de atendimento direto com os usuários e
permitir uma interação dos mesmos no que diz respeito ao acesso, trazendo, assim, possíveis
crescimentos pessoais, intelectuais e profissionais para os freqüentadores, a maioria, membros
pertencentes à comunidade.
De acordo com Machado (2009, p. 6),
objetivamente, essas bibliotecas devem criar mecanismos para colaborar no
desenvolvimento da sua comunidade, potencializando os próprios talentos dos indivíduos e
das comunidades, constituindo-se como espaços públicos voltados para emancipação, onde
a prática cidadã possa aflorar de forma inovadora, criativa e propositiva. Nessa linha de
pensamento, pudemos identificar algumas particularidades que as distinguem da biblioteca
pública: a forma de constituição: são bibliotecas criadas efetivamente pela e não para a
comunidade, como resultado de uma ação cultural; a perspectiva comum do grupo entorno
do combate à exclusão informacional como forma de luta pela igualdade e justiça social; o
processo de articulação local e forte vínculo com a comunidade; a referência espacial:
estão, em geral, localizadas em regiões periféricas; e, o fato de não serem instituições
governamentais, ou com vinculação direta aos Municípios, Estados ou Federação.
�208
Cidadania é um status concedido àqueles que são elementos integrais de uma comunidade
(TARGINO, 1991). Observamos, porém, que não há mais limites Estado-nação; podemos dizer que,
atualmente, há um cidadão do mundo proveniente da globalização e relação diferente de espaço.
Sobre a reforma do pensamento,
[...] além disso, todos os problemas particulares só podem ser posicionados e pensados
corretamente em seus contextos, e o próprio contexto desses problemas deve ser
posicionado, cada vez mais no contexto planetário (MORIN, 2003, p. 14).
A aprendizagem também deve oferecer a possibilidade de contextualizar, ter espaço ao
debate e também deve contribuir para o enraizamento de cada sujeito na sua história e cultura
vinculando-o a história da humanidade e do próprio mundo. O sistema capitalista em seu estímulo
ao consumo continua a cercear a informação apenas para os que possam pagar por ela. A biblioteca
deve acentuar seu caráter cultural, diversificando seus serviços e dispondo de informação utilitária,
para benefício de seu público-alvo. Como nos lembra Targino (1991, p. 1),
[...] é preciso conscientizar o bibliotecário de que o objeto de sua profissão é a informação e
de que ele deve agir como catalisador e difusor do conhecimento dentro da comunidade,
advindo daí seu potencial político como autor de mudanças sociais. É urgente transformar o
bibliotecário em instrumento de democratização da informação [...] cumpre-nos então,
neste momento, exercer nossa função de educador, dentro de determinados objetivos
definidos democraticamente pela comunidade [...].
Apesar dos autores pioneiros no tema bibliotecas comunitárias contextualizarem sobre o
fato de a biblioteca comunitária ser criada a partir de insumos da própria comunidade, Todêska
(1984, p. 18) afirma que “[...] são raríssimos no país inteiro os casos de bibliotecas que tenham, de
fato nascido por iniciativa da comunidade, e mais ainda, tenham-se desenvolvido de acordo com os
interesses e necessidades dessa mesma comunidade”.
Em meio a esses raríssimos casos, podemos destacar a biblioteca comunitária de Laranjeiras,
pois, a mesma, segundo relatos de profissionais que ali atuam desde seu nascimento, surgiu por total
interesse da própria comunidade, ou seja, feito pelos moradores para atender as necessidades da
própria comunidade.
4 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA DE LARANJEIRAS
A história do bairro Parque Residencial Laranjeiras começou com a chegada dos primeiros
moradores no final do mês de abril de 1978, ocasião em que as unidades habitacionais começaram a
ser entregues aos seus compradores, nesse caso, denominados de cooperativados.
�209
É necessário notar a natureza de cooperativa habitacional desse conjunto residencial, tendo
como
órgão
administrador
a
Cooperativa
Habitacional
dos
Trabalhadores
Capixabas
(COOPHABCAP), estando a orientação técnica dessa cooperativa a cargo do Instituto de
Orientação às Cooperativas Habitacionais do Espírito Santo (INOCOOPES) - que dirigiu, no caso,
o processo de formação dessa cooperativa.
Logo no primeiro mês de vivência, a população residente, de forma espontânea, começou a
fazer referência aos problemas de infraestrutura existentes, tais como: transporte coletivo deficiente,
água potável em condições inadequadas ao consumo, segurança pública, telefones públicos,
ausência de calçadas nas ruas, áreas públicas de lazer, escola pública, manutenção de áreas verdes,
asfaltamento deficiente, dentre outros problemas de importância para comunidade. Assim,
convocou-se uma reunião para que os moradores discutissem essas questões e apontassem formas
mais eficientes de encaminhamento. Nessa primeira reunião, constatou-se a necessidade de
organizar a população em torno de uma associação dos moradores. Inicialmente, foi formada uma
comissão provisória de seis membros para já encaminhar as reivindicações levantadas, proceder a
organização da associação dos moradores e apresentar um anteprojeto de Estatutos.
A Associação de Moradores do Parque Residencial Laranjeiras foi oficialmente fundada no
dia 23 de julho de 1978, cujo objetivo principal era o de assegurar os moradores do bairro a
efetivação dos seus direitos fundamentais, buscando solução dos problemas, promovendo o seu
desenvolvimento comunitário e proporcionando a seus associados condições para realização das
funções de habitar, trabalhar, recrear, desenvolver e manifestar.
Pela necessidade expressa pelos próprios moradores, surgiu a ideia inicial da criação de uma
biblioteca no centro comunitário, que seria um espaço para leitura, pesquisa e empréstimo.
Aprofundando-se mais da necessidade da comunidade, entendeu-se que o tipo de biblioteca a ser
desenvolvida não poderia ser da forma tradicional e sim, uma biblioteca viva, dinâmica,
participativa, vinculada a todas as iniciativas culturais e reivindicativas do bairro.
Estipulou-se como objetivo de a biblioteca ser realmente comunitária, participando das lutas
contra tudo aquilo que causasse impedimento da realização cultural da comunidade. A intenção foi
de transformar a biblioteca comunitária no centro cultural do bairro, onde se concentrasse todas as
iniciativas da comunidade e apoio às novas manifestações culturais populares.
Quando se tornou difundida a ideia da criação da biblioteca comunitária, obteve-se todo o
apoio do bairro e de pessoas de fora, materializando em inúmeras doações de livros, bem como, o
incentivo e a colaboração, não só com doações de livros, mas também, com conhecimentos técnicos
oriundos da Biblioteca Pública Estadual e da Associação dos Bibliotecários.
�210
Em 31 de outubro de 1981, foi realizada, no Centro Comunitário da Associação de
Moradores, uma festa para o ato de fundação da Biblioteca comunitária, que contou com o apoio do
Departamento Estadual de Cultura e uma programação com diversas apresentações culturais.
Em sua estrutura real, a biblioteca comunitária pertence à associação de moradores, é
patrimônio do bairro, politicamente livre, independentemente de qualquer conotação políticopartidária, sendo que as decisões tomadas para seu fundamento e administração partem da própria
comunidade.
O movimento diário é constante, pois todos os integrantes da comunidade podem fazer uso dos
serviços dessa unidade de informação, desde o empréstimo ao uso de internet gratuita.
5 O COTIDIANO DA BIBLIOTECA
Foi realizada uma entrevista estruturada com uma colaboradora da Biblioteca Comunitária
de Laranjeiras, buscando ouvir relatos sobre o nascimento da biblioteca e a sua jornada de atuação
até os dias de hoje. Os resultados dessa investigação são apresentados, a seguir.
- Porque as bibliotecas comunitárias, em geral, têm dificuldades em se firmarem?
- Porque no geral elas são mantidas pela associação de moradores; no entanto, quando muda a chefia da associação
surgem novos interesses; alguns têm consciência da importância da biblioteca, e outros não. Um exemplo claro deste
fenômeno pode ser constatado no bairro Feu Rosa do mesmo município; existia a biblioteca comunitária, mas, quando
mudou a chefia da presidência do bairro houve conflitos de interesses e a biblioteca foi fechada, pois na visão da nova
gestão, a mesma não era relevante.
- A política interfere na criação e mantenimento dessas bibliotecas?
- Infelizmente em sua normalidade a política do nosso país não favorece a educação. Em diversas questões podemos
constatar a influência da mesma na educação e no acesso à informação, e com pesar digo que ela tem grande
influência e na maioria das vezes não favorável. Também existem muitas disputas de poder de ego.
- A que se atribui a longa permanência da biblioteca aqui no bairro Laranjeiras?
- A biblioteca nos primórdios de sua existência era administrada pelos próprios moradores do bairro. Em seguida por
necessidade e exigência da chefia da associação de moradores da época foi contratado um bibliotecário, que teve
grande influência no desenvolvimento da biblioteca. Passado algum tempo com a mudança da chefia da associação, o
profissional foi desligado; logo em seguida fui convidada a atuar nessa unidade, e com bastante louvor me orgulho do
trabalho que aqui exerço até os dias atuais. Fui muito bem recebida pela comunidade; pude contar com o apoio de
todos. Grande foi minha satisfação ao atuar na Biblioteca Comunitária de Laranjeiras; já tive a oportunidade de me
aposentar, porém, devido ao amor às atividades que exerço, não o fiz; ainda não estou pronta para me desvincular da
biblioteca, e o fato de não haver outro profissional preparado para me substituir pesou na minha decisão de adiar
�211
minha aposentadoria. Existem profissionais contratadas da associação que me auxiliam durante determinado período
de funcionamento da biblioteca. Retomando o foco da pergunta, acredito eu que a biblioteca permanece em
funcionamento até os dias de hoje devido ao grande interesse por parte da própria comunidade.
- Sobre o acervo...
- A biblioteca recebe doações entregues diretamente nela. No início seus colaboradores eram os próprios moradores
por meio de ações voluntárias, pois nas esquinas das ruas do bairro eram colocadas caixas, e os moradores
depositavam ali os livros doados, e a associação disponibilizava um veículo que passava recolhendo as doações. Logo
mais adiante com a mudança da liderança da associação de moradores, foi percebida a importância da biblioteca e a
necessidade de um profissional da informação para gerenciar essa unidade. 90% do acervo da biblioteca é constituído
por doações.
- Como é feita a manutenção da biblioteca e do seu acervo?
- Não há verba disponibilizada diretamente para investir na biblioteca. No início, a prefeitura financiava as
assinaturas de jornal, porém este benefício foi cortado. Atualmente, a biblioteca consegue manter as assinaturas
graças a uma máquina de xerox, que é cobrado um valor simbólico pelo serviço de cópias e isso contribui na renda da
biblioteca; os demais custos de funcionamento são custeados pela associação de moradores; não é direciona verba
periodicamente para renovação de acervo e manutenção da estrutura física da biblioteca, sendo os frutos do lucro com
o serviço de cópias revertidos em pequenos reparos e aquisição de alguns livros para compor o acervo.
- Como é o dia-a-dia da biblioteca? Existe algum quantitativo de usuários atendidos
diariamente?
- Em média são atendidas cerca de oitenta pessoas por dia. O atendimento ao usuário desta unidade se diferencia de
certa forma das tradicionais unidades de informação. O primeiro paradigma quebrado é que não existe silêncio na
biblioteca, pois, para que seja funcional, a mesma precisa ser atrativa para seus usuários; na maioria dos casos os
atendimentos aos usuários são todos bem-sucedidos.
- Qual o diferencial no atendimento aos seus usuários?
- O nosso acervo é organizado de maneira a atender com exatidão e rapidez os nossos usuários, por exemplo, um livro
de biografia que são “romanceados”, mas, a biografia é pouco procurada, e a partir da experiência diária sei que o
mesmo fica melhor localizado em um local destinado a baixa demanda, então o coloco nas estantes menos utilizadas
objetivando a dinamização do acervo e a economia de espaço nas estantes com localização mais estratégica. Outro
exemplo para que se compreenda a organização do nosso acervo, seria o da seção de ocultismo, que possui
determinada localização, porém, devido a tendências momentâneas os romances mediúnicos começaram a chegar em
grande quantidade, e com o objetivo de facilitar a recuperação do material para o usuário, desvinculamos estes
romances da sessão de ocultismo, os reclassificamos e os disponibilizamos nas estantes mais visíveis; com isso,
obtivemos grande agilidade no atendimento ao usuário.
- Nos dias atuais contamos com o acesso à internet. Qual era a realidade da biblioteca antes do
advento das tecnologias em redes?
�212
Sempre houve muito empenho no atendimento ao usuário, tanto agora quanto no início, por exemplo, quando um
usuário buscava por determinado assunto fazíamos o serviço de referência de forma manual, pegávamos os livros nas
estantes e procurávamos o assunto desejado, e quanto mais se conseguia localizar materiais pertinentes para os
usuários mais satisfação, nós, colaboradores, tínhamos. Depois do advento da internet, houve uma queda na demanda
de pesquisas, apesar do ambiente aconchegante que temos a oferecer aos nossos usuários.
- A biblioteca comunitária de Laranjeiras possui parceiros?
Temos parceria com o projeto Sol Nascente da Rede Aica, inaugurado em 2002. O projeto atende adolescentes e jovens
que, por terem cometidos atos infracionais, receberam, pelo Juizado da Infância e da Juventude, a liberdade assistida
comunitária e a prestação de serviço à comunidade, medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente como alternativa à privação da liberdade. Nessa parceria, recebemos os jovens infratores para estagiarem
na biblioteca; o intuito é a reintegração social desses jovens, na maioria das vezes são jovens competentes e dedicados,
muitos pedem autorização para atuarem uma carga horária além da que lhes foi dada como sentença, pois se
identificam com o trabalho e com nosso acolhimento; aos usuários são apresentados como colaboradores da biblioteca
e não como infratores que estão cumprindo medida; eles nos auxiliam bastante no dia-a-dia. Infelizmente, no atual
momento, só possuímos esse parceiro. Uma coisa que me chateia um pouco é a falta de eventos; acredito que deveria
ter uma equipe específica para elaboração dos mesmos, pois não sou dinâmica o suficiente para fazer as atividades
rotineiras da biblioteca e cuidar de eventos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar, neste estudo, que a procura dos cidadãos por um espaço onde possam
adquirir informações para aprimorar seus conhecimentos é progressiva. A biblioteca comunitária é
um exemplo de inserção das classes menos favorecidas, pois os usuários possuem acesso
democrático à informação, além de contribuir moral e eticamente para o desenvolvimento dos
cidadãos. O conceito de cidadania para jovens de comunidades pobres ainda é algo abstrato e é
essencial que a comunidade trabalhe isso. A implantação da Biblioteca Comunitária no Bairro
Parque Residencial Laranjeiras contribuiu para a formação cidadã dos seus moradores.
As bibliotecas comunitárias, diferentemente das escolares, não fazem parte de um projeto
pedagógico; elas proporcionam a seus usuários um mundo de informações diferenciadas. Seguindo
essa linha de raciocínio, a Biblioteca Comunitária de Laranjeiras tem exercido com maestria seu
papel social, pois seu acervo é multidisciplinar e seus usuários, apesar de serem membros da mesma
comunidade, demandam diferentes necessidades informacionais.
Empiricamente, se analisarmos à risca a definição de letramento informacional, veremos que
o mesmo discorre sobre formação e desenvolvimento de competências e habilidades que tornem os
usuários autônomos pesquisadores de informação. Logo, a partir desse conceito, podemos dizer que
�213
a unidade de informação aqui trabalhada não realiza essa atividade, pois não existem políticas ou
ações voltadas para esse seguimento. É possível constatar algumas das questões que motivem à falta
dessas atividades: a primeira delas é a falta de profissionais com formação acadêmica adequada, e a
segunda diz respeito à ausência de políticas específicas, com equipes de trabalho direcionadas a
ampliar os serviços oferecidos.
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�215
CAPÍTULO XV
“O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS”20: SALA BRAILLE DA BIBLIOTECA
PÚBLICA DE LAGOA SANTA-MG
Paula Mariano
Tatiana Brandão
1 INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea vem passando por várias transformações ao longo do tempo em
relação ao uso da informação. É essencial um profissional que possua habilidades e competências
que viabilizem aos usuários um serviço que contribua para a transformação social, por meio da
democratização do acesso à informação. O bibliotecário deve ser um profissional atuante nessa
sociedade, cuja informação é fundamental para o seu desenvolvimento em que deve gerir a
informação e o conhecimento, atuando tanto como mediador informacional, quanto educacional,
conforme explica Píres (2013, p. 3):
[...] os bibliotecários podem contribuir, ajudando na formação do intelectual do leitor,
promovendo o hábito da leitura e incentivando a cultura, visando informar e educar o
usuário no uso da informação, facilitando o processo de construção do conhecimento uma
vez que esse se dá pela função da disseminação da informação e dando condições de
autonomia ao consulente capacitando, orientando quando ao uso da informação, usando
também os produtos e serviços da biblioteca, pois, esta tem a informação como seu objeto
de trabalho e que são de suma importância para o aprendizado [...].
Atualmente, um dos maiores desafios dos bibliotecários diz respeito ao seu papel como
agente transformador na sociedade. Por meio do enfoque informacional e das mudanças ocorridas
na sociedade, o profissional da informação assume suas competências adotando e disseminando
práticas transformadoras na sociedade. Sobre o papel do bibliotecário, Píres (2013, p. 6) enfatiza
que:
como líder de uma unidade informacional trabalha constantemente para melhorar os
aspectos sociais e educacionais da sociedade contemporânea. O bibliotecário deve estar
consciente dessa sua missão e consciente que é um agente de mudanças ou que pode tornarse transformador social, por meio do correto tratamento da informação, pois, conforme
Barreto (2002, p. 56) “[...] quando corretamente transmitida tem o poder de modificar o
estoque mental de saber do indivíduo trazendo benefícios para o seu desenvolvimento e
para o bem estar da sociedade em que vive”, o que implica em uma formação social
perfeitamente contemplada no seu escopo.
20
SAINT-EXUPERY, Antoine. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
�216
O bibliotecário é, então, dentro da sua área de atuação profissional, agente transformador da
sociedade, uma vez que contribui de maneira efetiva para uma formação social dos indivíduos,
disseminando a informação, sendo um facilitador no processo de construção do conhecimento do
indivíduo.
Em relação à democratização do acesso à informação no Brasil, a atuação das Bibliotecas
Públicas é fundamental: "As bibliotecas públicas são o único meio de acesso, para a maioria dos
brasileiros sem recursos, a livros, revistas e jornais, indispensáveis para sua inclusão e participação
na sociedade da informação e do conhecimento” (LIRA, 2007, p. 11).
A inclusão de todos os indivíduos na sociedade da informação está no cerne das Bibliotecas
Públicas, conforme preconizado pela Federação Internacional de Associações e Instituições
Bibliotecárias (IFLA) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO):
os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de
acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou
condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos
utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais
correntes, como, por exemplo, minorias linguísticas, pessoas deficientes, hospitalizadas ou
reclusas (IFLA; UNESCO, 1994, p. 1, grifo nosso).
Sobre o processo de inclusão, Malheiros e Cunha (2018, p. 154) enfatizam que o acesso à
informação é fundamental e destacam que “a participação das bibliotecas no processo de inclusão
social traz autonomia, permitindo que a pessoa tenha a liberdade de escolha das informações de que
necessita”.
Nesse contexto, a Biblioteca Pública Municipal de Lagoa Santa possui um serviço específico
para um grupo que está à margem da sociedade da informação: os deficientes visuais. Para que esse
serviço se concretizasse e tivesse seus objetivos alcançados, foi necessário que as bibliotecárias
fizessem mais do que reunir e colocar material acessível à disposição; era preciso fazer com que
esses leitores fossem à biblioteca.
Foi fundamental que o bibliotecário fosse ao encontro das pessoas com deficiência visual,
uma vez que se tratava de um leitor especial, que em sua maioria, até então, não tinha acesso aos
livros e nunca havia ido até a biblioteca. O primeiro contato foi feito pessoalmente em suas
residências, uma entrevista a domicílio para estudo de usuários potenciais. O desafio era então
tornar a pessoa com deficiência usuária e frequentadora regular da Biblioteca Pública, otimizando o
acesso aos recursos especializados. Foi preciso oferecer meios que atraíssem o leitor para dentro da
biblioteca, colocando-o em contato direto com o material acessível, oportunizando o acesso ao
livro, à leitura e à informação. Para isso, foi disponibilizado transporte fornecido pela prefeitura, ida
�217
e volta, uma vez por semana. Essa medida garantiu a frequência assídua desse grupo, permitindo a
continuidade na evolução e acompanhamento de cada leitor de acordo com suas peculiaridades.
Nesse momento, o bibliotecário, como agente disseminador de informação e transformador
social, assume um importantíssimo papel na formação de leitores, dando oportunidade de acesso à
informação para indivíduos totalmente à margem da sociedade da informação e do conhecimento.
Foi oferecido um ambiente favorável ao gosto pela leitura, tornando-os leitores reais. A criação de
um ambiente agradável e funcional foi possível, por meio dessa relação estabelecida na primeira
abordagem, feita pessoalmente no início do projeto na casa da pessoa com deficiência, que vem se
fortalecendo ao longo dos anos.
Percebe-se que é um desafio suprir as reais necessidades dos deficientes visuais e apresentar
soluções que mudem as questões dos fatores que limitam o acesso à informação por parte das
pessoas com deficiência visual e propor soluções que mudem de fato essa realidade. Foi preciso que
se fizesse uma adequação da biblioteca às necessidades das pessoas com deficiência visual:
aquisição de acervo acessível e de equipamentos com recursos de tecnologia assistiva; adequações
do espaço físico e oferecer atendimento especializado. A importância do bibliotecário nessa
adequação ao ambiente para esse tipo de usuário está diretamente relacionada aos resultados
alcançados. Na prática, as mudanças adotadas nos diversos contextos tornaram acessíveis as
informações em seus diversos formatos aos deficientes visuais, proporcionando-lhes uma
transformação em sua vida, sua realidade e sua atuação na sociedade.
2 BREVE HISTÓRICO DA SALA BRAILLE
A Biblioteca Pública Municipal Padre Agenor de Assis Alves Pinto, localizada no município
de Lagoa Santa, Minas Gerais, vem se destacando pelas ações de inclusão desenvolvidas
especialmente na Sala Braille. Esse setor é resultado do empenho de sua equipe para ofertar livros
acessíveis para as pessoas com deficiência visual da cidade.
Em 2008, a Biblioteca Pública de Lagoa Santa recebeu a visita de um jovem com deficiência
visual, morador da zona rural, que procurava livros para estudar. Esse jovem levou livros em tinta
para que outra pessoa pudesse ler para ele. A força de vontade dele para vencer as dificuldades e
seguir com seus sonhos de fazer uma faculdade comoveu a equipe da Biblioteca Pública que desde
então, passou a empreender esforços para que livros acessíveis destinados às pessoas com
deficiência visual fossem ofertados pela Biblioteca Pública.
�218
Foram feitas pesquisas sobre aquisição de livros acessíveis, como fazer atendimento às
pessoas com deficiência visual, visitas técnicas a instituições especializadas e entrevistas com
potenciais usuários de um Setor Braille. Os recursos existentes na Biblioteca e na prefeitura foram
direcionados para o Projeto Sala Braille; recursos junto à iniciativa privada também foram
levantados. Uma Sala na Biblioteca foi disponibilizada para abrigar o acervo acessível e para
receber as pessoas com deficiência.
Assim, nasceu o projeto: "O essencial é invisível aos olhos: Sala Braille da Biblioteca
Pública" que vem sendo desenvolvido desde 2011 e atende crianças, jovens e idosos da comunidade
com qualquer grau de deficiência visual.
Além do empréstimo de livros acessíveis, são oferecidas diversas atividades visando à
inclusão social e à acessibilidade na biblioteca: sessões de cinema com recurso acessível
(audiodescrição); roda de leitura; inclusão digital para pessoas com deficiência visual (Dosvox,
NVDA, internet); oficina de iniciação ao alfabeto braile; e excursões a instituições culturais.
O objetivo geral do projeto é promover a inclusão de pessoas com deficiência visual da
cidade de Lagoa Santa, por meio da democratização do acesso à informação, cultura e leitura. Entre
os objetivos específicos destacam-se: fomentar ações de incentivo à leitura para pessoas com
deficiência visual ofertando livros acessíveis (braile e audiolivros) e promover atividades de
incentivo como Hora da História, Palestras e Saraus; promover a inclusão digital para pessoas cegas
ou com baixa visão: realizando oficinas por meio de programas de leitores de tela disponíveis para
download gratuito como Dosvox e NVDA para digitação e uso da internet; democratizar o acesso à
cultura e à arte, promovendo sessões de cinema com recurso acessível, organizando excursões a
instituições culturais como: museus, teatros, galerias de arte e ser um espaço de convivência e
interação, referência para pessoas com qualquer grau de deficiência visual da comunidade.
A Sala Braille da Biblioteca Pública Padre Agenor de Assis Alves Pinto é o único espaço
destinado a pessoas com deficiência visual na cidade de Lagoa Santa, e se tornou um local de
encontro, espaço de convivência e interação social. Com isso, está se tornando também uma
referência para outros municípios que desejam promover a acessibilidade em suas bibliotecas
públicas, especialmente para atender pessoas com deficiência visual.
3 CRIAÇÃO E IMPLATAÇÃO DA SALA BRAILLE
O processo de criação e implantação do Projeto "O essencial é invisível aos olhos: Sala
Braille da Biblioteca Pública" passou pelas seguintes etapas: aquisição do acervo acessível;
�219
diagnóstico dos usuários potenciais; capitação de recursos e otimização dos já existentes;
catalogação, indexação e disponibilização dos itens para o empréstimo; inauguração da Sala Braille
da Biblioteca Pública; e monitoramento e avaliação dos resultados. Duas bibliotecárias,
funcionárias da Biblioteca Pública Municipal, formaram uma equipe e coordenam o Projeto. O
primeiro passo foi realizar visitas técnicas nas instituições especializadas e referências estaduais que
atendiam pessoas com deficiência visual: Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luís de Bessa
e o Instituto São Rafael, ambos situados em Belo Horizonte, Minas Gerais. Essa etapa foi
fundamental para iniciarmos o projeto.
3.1 DIAGNÓSTICO DOS USUÁRIOS POTENCIAIS
Segundo Malheiros e Cunha (2018, p. 154), para oferecermos as informações adequadas aos
usuários, é necessário identificarmos quais são as demandas informacionais por meio dos estudos de
usuários e complementam: "no caso dos usuários com deficiência visual, o compromisso do
profissional da informação e o valor do seu trabalho são essenciais pelas dificuldades enfrentadas
por esses usuários, pois na sua quase totalidade as informações não são adaptadas às suas
necessidades especiais”. Após as visitas técnicas em instituições especializadas no atendimento a
pessoas com deficiência visual, a etapa seguinte foi levantar o diagnóstico dos usuários potenciais
da Sala Braille. Foi realizado um levantamento do número de pessoas com deficiência na cidade de
Lagoa Santa. A equipe visitou a residência, traçou o perfil dos usuários e fez o cadastramento de 45
pessoas com deficiência visual no município. Foram levantados dados, mediante aplicação de um
questionário que apontou as necessidades específicas de cada um dos entrevistados.
Há casos de cegueira total e baixa visão decorrentes de doenças como: toxoplasmose,
diabetes, glaucoma e catarata congênita. Detectamos um alto índice de depressão, muitos não saíam
de casa, o que agravava o estado emocional e físico. Muitos não utilizavam bengalas, por não
saberem usar ou não poderem comprar ou por possuírem alguma resistência. Perguntamos aos
entrevistados quais seriam suas expectativas, sonhos e desejos. Constatamos que alguns tinham o
desejo de voltar a estudar, outros de aprender a usar o computador, ter ou retomar o contato com a
leitura, ir a um local de convivência e troca de experiências na cidade, sair de casa e ter atividades
de lazer como passeios a museus, cinema e teatro. Todos os entrevistados foram cadastrados nos
registros de leitores da Biblioteca Pública.
A programação de atividades da Sala Braille foi estruturada em função das expectativas,
desejos e sonhos das pessoas com baixa visão ou cegueira total. Constatou-se a necessidade de se
�220
ofertar oficinas de locomoção e mobilidade para pessoas com deficiência visual, excursões
culturais, curso de inclusão digital, oficinas de iniciação ao alfabeto Braile e de arte, roda de leitura,
palestras, entre outras.
Ao poucos, todas essas atividades foram sendo incorporadas à rotina da
Sala Braille, à medida que conseguíamos os recursos necessários junto à Prefeitura Municipal,
empresas, ONGs e outras instituições especializadas.
3.2 ACERVO: AQUISIÇÃO DE MATERIAL ACESSÍVEL
Até então, o acervo da biblioteca pública municipal não contatava com nenhum título de
livro acessível para pessoas com deficiência visual. Para iniciarmos a aquisição de materiais
acessíveis, foi realizado o cadastro da Biblioteca Pública de Lagoa Santa na Fundação Dorina
Norwill, ONG de São Paulo, que produz e distribui livros Braille, falados e digitais acessíveis
gratuitamente para bibliotecas e outras organizações de todo o Brasil.
Outro cadastro foi feito no Instituto Benjamim Constant (IBC), com sede no Rio de Janeiro,
que é o centro de referência nacional para questões relativas à deficiência visual. O Instituto
capacita profissionais da área da deficiência visual, assessora escolas e instituições em geral e
oferece reabilitação física. Dessa instituição, a Sala Braille recebeu placas em thermoform
(esquemas, mapas e tabelas em alto relevo para pessoas com deficiência visual), alguns materiais
didáticos acessíveis para o ensino do alfabeto Braile, ciências, matemática, português e audiolivros.
A Biblioteca Pública ainda participou do edital do Programa de Doação e Patrocínio da
Cimentos Liz, empresa que atua na cidade. Foi contemplada em duas edições seguidas neste
Programa, em 2011 e 2012. Isso permitiu a compra de audiolivros e mobiliário para armazená-los.
Foram adquiridos clássicos da literatura nacional, estrangeira e infantojuvenis.
Como foi diagnosticado que boa parte dos deficientes visuais da cidade não sabia ler em
Braile ainda, a aquisição de audiolivros foi fundamental para ampliar e diversificar o acervo
acessível da Sala. Para efetuar o cadastro nas instituições referidas e participar do edital da
Cimentos Liz, foi obrigatório apresentar os dados dos usuários cadastrados que seriam beneficiados
pelo projeto.
�221
3.3 CATALOGAÇÃO, INDEXAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO PARA O EMPRÉSTIMO
Adquiridos os itens da coleção acessível, todo o material passou pelo processo de
catalogação, indexação e preparo para o empréstimo. O catálogo é automatizado, o software
utilizado é livre, o Openbiblio.
3.4 OTIMIZAÇÃO DOS RECURSOS JÁ EXISTENTES
Todos os recursos já existentes e disponíveis na Biblioteca Pública e na Prefeitura Municipal
de Lagoa Santa que seriam necessários para o projeto foram otimizados e direcionados para esse
fim: recursos humanos, espaço físico e mobiliário, transporte e lanche.
3. 4. 1 Espaço Físico e Mobiliário
Para implantação da Sala Braille foi disponibilizada uma sala no prédio da Biblioteca com
acesso independente que foi adaptada para receber as pessoas com deficiência visual. Outros
recursos já existentes foram utilizados na sala, como: mobiliário, computadores para uso individual,
data show, tela de projeção, aparelho de som, caixa de som amplificadora e material de escritório.
3.4.2 Recursos humanos
A equipe é composta por funcionários efetivos da Biblioteca Pública Municipal de Lagoa
Santa, que são:
duas bibliotecárias: idealizadoras e coordenadoras do projeto, as quais são funcionárias
efetivas do município, o que garante continuidade e estabilidade do trabalho que vem sendo
desenvolvido desde 2011;
um agente administrativo: funcionário efetivo portador de deficiência visual com
conhecimentos em Braile e recursos em tecnologia assistiva: Dosvox e NVDA;
duas monitoras acompanhantes dos usuários: funcionárias efetivas, dinâmicas e pró-ativas e
muito atenciosas com o público atendido.
�222
A equipe da Sala Braille procura participar sempre que possível de cursos voltados para a
questão da Acessibilidade em Bibliotecas Públicas para aprimorar o atendimento e oferecer novos
serviços.
3.4.3 Transporte
As dificuldades em relação à mobilidade urbana são um obstáculo ainda maior para as
pessoas com deficiência, e acabam limitando a interação social; muitos evitam sair de casa, e esse é
um dos motivos.
Assim, um recurso fundamental para o desenvolvimento do projeto foi o
transporte fornecido pela Prefeitura Municipal, uma vez por semana. Uma kombi com duas
monitoras busca os usuários cadastrados interessados em casa e após três horas de atividades
individualizadas são levados para suas respectivas residências. Oferecer transporte foi fundamental,
pois facilita o deslocamento dos usuários da Sala com segurança, comodidade e gratuidade,
garantindo frequência dos interessados. O transporte trouxe ainda um impacto muito importante ao
garantir a frequência regular, sendo possível registrar a evolução dos participantes e o impacto do
projeto em suas vidas; a maioria dos frequentadores mais assíduos estão no projeto desde 2011.
3.4.4 Lanche
Pelo perfil socioeconômico do grupo atendido pela Sala Braille, identificamos a necessidade
de se ofertar lanche para os usuários. É servido suco, leite, biscoitos e café, toda terça-feira, antes de
se iniciar as atividades programadas com duração de três horas dentro da Sala Braille. É também
um momento em que o grupo confraterniza e conversa sobre suas rotinas e vivências.
4 INAUGURAÇÃO DA SALA BRAILLE DA BIBLIOTECA PÚBLICA
Após todo esse processo de organização e implantação, a Sala Braille da Biblioteca Pública
de Lagoa Santa foi inaugurada em outubro de 2011 e foi instituída pela Lei Municipal n. 3482/2013,
que regulamenta o funcionamento e a instalação da Sala Braille da Biblioteca Pública, legitimando
e contribuindo para a continuidade e manutenção do projeto, assegurando que todo material
�223
adquirido para esse projeto por meio de doação, compra ou prêmios, permaneça e seja destinado
exclusivamente à Sala Braille.
Ao longo do tempo, o projeto Sala Braille foi sendo consolidado e reconhecido pelo trabalho
desenvolvido e resultados alcançados. Foi um dos agraciados pelo 8º Prêmio Viva Leitura Categoria Bibliotecas Públicas - 2016 (PNLL); vencedor do 22º Concurso FNLIJ - Os Melhores
Programas de Incentivo à Leitura junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil – 2017; recebeu
menção honrosa no IX SENABRAILLE - Federação Brasileira de Bibliotecários. É um projeto
reconhecido e acolhido pela comunidade local. A Sala Braille se tornou um espaço, um lugar de
convivência e interação social para as pessoas com deficiência visual da cidade.
5 ATIVIDADES OFERECIDAS
O atendimento aos participantes do projeto é individualizado, buscando atender as demandas
e respeitar as especificidades e necessidades de cada frequentador. Atualmente, a Sala Braille da
Biblioteca Pública de Lagoa Santa presta às pessoas com qualquer grau de deficiência visual da
cidade os seguintes serviços:
1. empréstimo de livros acessíveis: áudio livro e livros em braile; edições em fonte ampliada;
2. curso de informática para pessoas com deficiência visual: uso dos leitores de tela programas
(Dosvox e NVDA) e internet;
3. roda de leitura;
4.
palestras de temas de interesse do público atendido (saúde, alimentação, direitos da pessoa
com deficiência);
5. sessão de cinema com recursos acessíveis: audiodescrição;
6. oficinas de artes que desenvolvem aspectos sensorial, sócio afetivo, motor e cognitivo;
7. excursões culturais: visita a museus, teatro, universidades etc.;
8. orientações para locomoção e mobilidade (uso da bengala);
9. serviço de informação utilitária: disponibiliza informação e orienta sobre formas de acesso
aos direitos das pessoas com deficiência e aos programas sociais do governo.
A Sala Braille segue o horário de funcionamento da Biblioteca Pública Municipal: segunda a
sexta-feira das 7:30h às 18:00h. Sempre nas manhãs de terças-feiras, acontece o atendimento
personalizado, com acompanhamento individual dos monitores quando são oferecidas as atividades
como: oficina de inclusão digital para pessoas com deficiência visual, oficinas de arte, sessões de
�224
cinema com audiodescrição, entre outras, de acordo com a programação mensal da Sala Braille. Os
usuários da Sala Braille têm também a opção de agendar dia e horário para serem atendidos e
buscarem livros a serem emprestados. A equipe empreende todos os esforços possíveis para
adequar os atendimentos à disponibilidade de horário dos usuários da Sala.
6 AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DE RESULTADOS
A avaliação e o monitoramento do trabalho desenvolvido são feitos mensalmente. A equipe
se reúne em um primeiro momento com os frequentadores da sala, depois a equipe faz sua análise e
promove as adequações necessárias.
O trabalho desenvolvido é individualizado, e buscamos atender as necessidades específicas
de cada um dos usuários da Sala Braille. Assim, apresentaremos alguns casos dos frequentadores
mais assíduos da sala, apontando como evoluíram durante o projeto para descrever alguns
resultados (quadro 1).
Quadro 1 - Avaliação e resultados
CASO 1:
Dona Isabel
62 anos de idade
Diagnóstico: 2011
Evolução: 2018
Cegueira total decorrência da Diabetes.
Bordadeira aposentada. Escolaridade: nível
médio.
Saía pouco de casa.
Não sabia utilizar computador.
Digita, imprime, envia e recebe e-mails,
pesquisa na internet.
Escreveu um livro utilizando o programa
Dosvox.
Frequenta diariamente a Sala Braille.
Atualmente, está aprendendo a utilizar as redes
sociais.
Evolução: 2018
Diagnóstico: 2011
CASO 2:
Eliane
Cegueira total retinose.
Nível
de
escolaridade:
fundamental
incompleto. Depressão. Não saía de casa.
Sem noção de informática. Sem acesso aos
benefícios sociais, mesmo tendo direito.
Aluna da EJA, concluindo o ensino médio.
Mais comunicativa, mais integrada na
sociedade. Recebe benefício LOAS. Utiliza a
internet para ouvir aulas sobre os temas e
disciplinas estudados em sala de aula. É
considerada a melhor aluna de sua classe.
Apresenta ótimas notas.
Atualmente, tem pretensão de prestar ENEM
para cursar faculdade de Administração.
Diagnóstico: 2011
Evolução: 2018
Cegueira total. Não utilizava computador.
Não conhecia o programa Dosvox.
Leva livros em Braile semanalmente. Digita e
imprime textos e acessa a internet para escutar
vídeos no Youtube.
Diagnóstico: 2011
Evolução: 2018
40 anos de idade
CASO 3: Maria
Fernanda
10 anos de idade
CASO 4:
Dona
Mercês
Maria
Cegueira Retinose.
Analfabeta. Não saía de casa.
Não tem interesse em aprender informática nem
Braile, mas participa de algumas atividades
culturais promovidas pela Sala: Sarau e Cine
�225
69 anos de idade
Diagnóstico: 2015
Braile, palestras.
Gosta de ouvir os audiolivros.
Evolução: 2018
CASO 5: Anísio
Baixa visão, perda progressiva: Meningite.
Nível médio. Aposentado. Não tinha noção
de informática.
Saía pouco de casa.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).
35 anos de idade
Aprendendo digitação. Mais comunicativo,
interage bem com os demais frequentadores.
Utiliza e conhece o Dosvox.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre as etapas de implantação do Projeto, o levantamento do diagnóstico dos possíveis
frequentadores foi fundamental. Fazer a primeira abordagem pessoalmente em domicílio foi
essencial no processo. A partir desse momento, os entrevistados sentiram-se seguros e motivados
para participarem do Projeto e frequentarem a Biblioteca Pública. Para a equipe da Biblioteca, foi
importante direcionar os serviços, de acordo com os anseios e expectativas do público-alvo, ficando
claro, naquele momento, que o trabalho deveria ser individualizado. Sendo um leitor especial, era
necessário criar o elo de confiança e de credibilidade, que foi fortalecido ao longo do tempo,
mediante ao atendimento especializado.
Dar voz e ouvir os usuários é imprescindível para conhecer e atender suas demandas. É o
próprio público-alvo que vai indicar o caminho a ser seguido, pois são eles que indicam o que
precisam, de acordo com a demanda pessoal, uma vez que, em linhas gerais, o ‘público-alvo’ é
singular. Quando se trata de inclusão, é preciso estar atento às especificidades e particularidades de
cada uma das pessoas atendidas; é um trabalho individualizado.
Além disso, disponibilizar transporte gratuito, com monitores, garantiu a frequência dos
interessados no Projeto. A questão da mobilidade urbana que apresenta inúmeras dificuldades é
ainda mais complexa para as pessoas com deficiência. Oferecer essa alternativa para sanar esse
dificultador foi essencial para garantir a regularidade da frequência, garantindo que a evolução dos
participantes acontecesse de forma gradativa e que os resultados fossem monitorados e registrados.
Vivemos em uma sociedade que, infelizmente, não é inclusiva, nem acessível. Grupos
minoritários vivem marginalizados, enfrentam ainda mais obstáculos do que a maioria para terem
acesso a direitos básicos. Os bibliotecários, no exercício de sua profissão, podem contribuir de
maneira efetiva para transformar essa realidade. Eles são os profissionais responsáveis por
disseminar a informação, oportunizando a formação social do indivíduo de forma autônoma para o
pleno exercício de sua cidadania. Os bibliotecários são facilitadores no processo de construção do
�226
conhecimento, dentro da sua área de atuação profissional, cujo objetivo principal é a
democratização do acesso à informação para todos.
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO DORINA NOWILL. A fundação. 2018. Disponível em:
<https://www.fundacaodorina.org.br/>. Acesso em: 24 set. 2018.
IFLA; UNESCO. Manifesto sobre bibliotecas públicas 1994. Disponível em:
<https://www.ifla.org/files/assets/public-libraries/publications/PL-manifesto/pl-manifesto-pt.pdf>.
Acesso em: 28 ago. 2018.
INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Sobre o IBC. 2018. Disponível em:
<http://www.ibc.gov.br/>. Acesso em: 24 set. 2018.
LAGOA SANTA (município). Lei Municipal n. 3482, de 2013. Institui a Sala Braille da Biblioteca
Pública de Lagoa Santa. 2013. Disponível em:
<https://www.lagoasanta.mg.gov.br/index.php/educacao-noticias/4823-biblioteca-publica-de-lagoasanta-recebe-premio-nacional-viva-leitura-2>. Acesso em: 24 set. 2018.
LIRA, Guilherme de Azambuja. Biblioteca Nacional: desenvolvimento do modelo brasileiro de
biblioteca acessível para pessoas com deficiência e idosos. Inclusão Social, Brasília, v. 2, n. 2,
p.10-13, abr./set. 2007. Disponível em:
<http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/05/pdf_4da4622c1f_0010180.pdf>. Acesso em: 21
ago. 2018.
MALHEIROS, Tânia Milca; CUNHA, Murilo Bastos da. As bibliotecas como facilitadoras no
acesso à informação por usuários com deficiência visual. RDBCI: Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 16, n. 1, p. 146-170, out. 2017. Disponível
em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/8650318>. Acesso em: 28
ago. 2018.
PIRES, Erik André de Nazaré. O bibliotecário como agente transformador social: sua importância
para o desenvolvimento da sociedade informacional através da disseminação da informação.
Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, 2013. Disponível em:
<http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/moci/article/view/2202>. Acesso em: 21 ago.
2018.
SAINT-EXUPERY, Antoine. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
SUPERINTENDÊNCIA DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS E SUPLEMENTO LITERÁRIO DE
MINAS GERAIS. Sistema Estadual de Bibliotecas. 2018. Disponível em:
<http://www.bibliotecapublica.mg.gov.br/index.php/pt-br/>. Acesso em: 24 set. 2018.
�227
CAPÍTULO XVI
A INFORMAÇÃO UTILITÁRIA COMO UM DIREITO DO CIDADÃO: DAS
BIBLIOTECAS PÚBLICAS AOS CENTROS DE REFERÊNCIAS21
Helba Aparecida Borges
Maria de Lourdes Franklin Maia
1 INTRODUÇÃO
A informação utilitária como o nome sugere é a informação que conduz o cidadão em um
determinado contexto ou situação, definida como um conjunto de “[…] informações de ordem
prática, que auxiliam na solução de problemas que normalmente aparecem no cotidiano das
pessoas, em todos os sentidos […]” (CAMPELLO, 1998, p. 35). O conhecimento da informação
utilitária é primordial para que todos possam exercer plenamente seus direitos e deveres, desde o
mais simples como horário de ônibus à complexidade de leis das quais se possa colher benefícios
constitucionais a seu favor. Dentro das bibliotecas comunitárias, essa informação pode ser definida
como “[…] uma prática coletiva desenvolvida não somente PARA a comunidade, mas COM a
comunidade […]” (CARVALHO, 2014, p. 1).
Nessa perspectiva, a falta da informação utilitária em nossas unidades de informação nos
leva a constatar uma lacuna latente e dada a relevância da ausência da informação utilitária, surge o
motivo de inquietação deste estudo.
Partindo desse princípio, se fez necessário um trabalho de
pesquisa, a fim de expor a temática e investigar o quanto nossas unidades de informação estão
sensíveis a esse quesito.
Campello (1998, p. 35) menciona que a expressão informação utilitária tem sido empregada
por bibliotecários com vistas a auxiliar na solução de problemas que normalmente aparecem no
cotidiano das pessoas, envolvendo “[...] desde os mais simples aos mais complexos, abrangendo,
por exemplo, assuntos ligados à educação, emprego, direitos humanos, saúde, segurança pública e
outros”. Almeida Júnior (1997), além de concordar com Campello (1998), destaca que a realidade
das bibliotecas públicas demonstra o não oferecimento desse tipo de informação aos seus usuários;
21
Texto originalmente publicado na Revista ACB, em 2015. Adaptações foram realizadas, sobretudo no que tange aos
conceitos teóricos e ampliação dos resultados.
�228
as bibliotecas, em geral, se restringem, apenas, a oferecer materiais bibliográficos e auxiliando
alunos, pesquisadores e consulentes em pesquisa.
A falta da informação utilitária atingiu diretamente as autoras deste texto, pois, por uma
delas ser portadora de necessidades especiais (PNE), e ao ter ciência de alguns direitos concedidos
por Lei às PNE para aquisição de um veículo, fez-se necessário dar início aos procedimentos e
assim usufruir e consequentemente fazer valer seu direito de ir e vir já fragilizado por pertencer ao
grupo PNE.
A Lei nº 8.989/1995 isenta as PNEs de alguns impostos, tais como Impostos sobre Produtos
Industrializados (IPI), Impostos sobre Operações Financeiras (IOF), perfazendo, aproximadamente,
23% de Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
Com a alegria de ter esses direitos adquiridos, Helba Aparecida Borges, por ser (PNE),
recorreu ao processo de isenção e descontos para aquisição de sua Carteira Nacional de Habilitação
(CNH) e posteriormente um carro. Nesse ponto, o saber onde achar a informação utilitária é
primordial, evitando momentos embaraçosos. Porém, o caso descrito neste texto não foi de fácil
acesso e essa lacuna no saber onde encontrar ou a quem recorrer para conseguir tais informações
acabou por trazer, à época, grande transtorno, pois envolveu um conjunto de regras, inúmeros
procedimentos, pormenores burocráticos e enfadonhos, gerando uma sensação de fragilidade,
desgaste emocional e físico, acompanhado de muito constrangimento, por parte da requerente.
A constatação dessa lacuna foi o combustível que impeliu este estudo, a fim de demonstrar a
exposição da ausência da informação utilitária, nas unidades de informação. Para tanto, se fez
necessário elencar um tipo de unidade de informação, sendo o objeto do nosso estudo, a Biblioteca
Pública Estadual do Estado do Espírito Santo.
Com base na democratização da informação, o estudo tem o objetivo geral de verificar como
a literatura e bibliotecas públicas estaduais abordam o tema “Democratização da informação
utilitária”, elencando, também, os conceitos relativos à democratização da informação e informação
utilitária.
2 CONTEXTO DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS
Mantidas pelo poder público, as bibliotecas públicas tem como objetivo prestar serviço de
informação a todos sem restrição, concordando com as disposições do Manifesto da Federação
Internacional de Bibliotecas (IFLA) e da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO).
�229
Todos os grupos etários devem encontrar documentos adequados às suas necessidades. As
coleções e serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas
apropriados assim como fundos tradicionais. É essencial que sejam de elevada qualidade e
adequadas às necessidades e condições locais. As coleções devem refletir as tendências
atuais e a evolução da sociedade, bem como a memória da humanidade e o produto da sua
imaginação. As coleções e os serviços devem ser isentos de qualquer forma de censura
ideológica, política ou religiosa e de pressões comerciais (IFLA, 1994, não paginado).
Fonseca (2007) estabelece que as bibliotecas públicas viabilizam o acesso à leitura e a
formação de leitores, sendo assim um espaço de desenvolvimento das práticas leitoras, formando
leitores críticos com grande contribuição para cidadania. Portanto, cabem às bibliotecas públicas,
proporcionar “[...] a igualdade de acesso para todos sem restrição de idade, raça, orientação sexual,
status social etc. e na disponibilização à comunidade de todo tipo de conhecimento [...]”
(BIBLIOTECA NACIONAL DO BRASIL, 2000, p. 1).
2.1 A DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
As principais funções da democracia são a proteção dos direitos humanos fundamentais,
como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal e as oportunidades de participação na
vida política, econômica e cultural da sociedade. O Brasil é regido por sistema democrático, em que
todos têm direito de opinião, de expressão das próprias opiniões e de acesso às informações
(ESCOBAR, 2014). Sendo assim, democratizar a informação nada mais é do que tornar a
informação acessível a todos.
A democratização da informação, tão fortemente evidenciada através da Sociedade da
Informação, realçou a importância do papel social da Biblioteca Pública e seu contributo
para a formação de uma sociedade mais democrática, os conceitos de Democracia e
Cidadania, Aprendizagem ao Longo da Vida, Desenvolvimento Econômico e Social, bem
como a Diversidade Cultural e Linguística, estão evidenciados em muitos documentos
produzidos nos últimos anos que destacam o papel da Biblioteca Pública na Sociedade da
Informação (BEZERRA, 2013, p. 3-4).
O ser humano, em geral, vive em sociedade, em que a informação é ferramenta básica para
sobrevivência. Uma simples informação, como horário de transporte, vagas de emprego, ou
aspectos mais amplos e complexos, como as dificuldades de entendimento aos direitos expostos nas
legislações, são alguns tipos de informações essenciais para garantir a convivência em um meio
social. Essas informações, segundo Campello (1998) e Almeida Júnior (1997), são caracterizadas
como informação utilitária.
Segundo Campello (1998), esse tipo de informação surgiu nos Estados Unidos, em meados
do século XX, também recebendo o nome de informação para a sobrevivência, por estar, naquele
momento, muito ligada à população de baixa renda, cujos meios de acesso à informação eram
�230
escassos e restritos a pequena parcela populacional, informações essas consideradas as mais
importantes e básicas para os usuários, auxiliando-os a resolverem situações problemáticas, tais
como: conhecer seus direitos como cidadãos, utilizar um serviço público, identificar oportunidades
de emprego, entre outras.
Para Figueiredo (1992), a informação utilitária foi apresentada primeiramente pelas
bibliotecas norte-americanas, com sua gênese atrelada ao período pós-segunda guerra mundial. No
entanto, ao longo do tempo, ela se estendeu às bibliotecas públicas de diversos países, porque,
segundo a autora, naquele momento, as nações estavam em crise e os cidadãos viviam momentos
caóticos como: desemprego, falta de serviços, saúde, assistência hospitalar, educação, dentre muitos
outros problemas.
Na visão de Suaiden (1995, p. 63), a informação utilitária pode ser conceituada como:
[...] um serviço que pode ser prestado pela biblioteca pública, objetivando a disseminação
de informações para que as pessoas possam resolver problemas diários como tirar
documentos, conseguir bolsas de estudos, matricular seus filhos na escola, conseguir
emprego, saber a programação de cinema, teatro, televisão e outras atividades culturais,
conseguir informações sobre as atividades do governo etc.
A informação utilitária torna-se de crucial importância, sendo um objeto de estudo não
apenas das bibliotecas públicas, mas abrangendo todas as áreas da Ciência da Informação, conforme
enfatizado por Monteiro e Silva (2014, p. 66):
na área de Ciência da Informação, os estudos voltados para Serviços de Informação
Utilitária ainda são carentes. Tendo em vista a sua importância para a sociedade, isso não
deveria ocorrer, já que a atuação pretendida pelos serviços de informação utilitária é a que
melhor aproxima essa área com a sociedade.
Monteiro e Silva (2014) ainda destacam que a informação utilitária desempenha um papel
primordial na sociedade, já que a sua promoção, por meio de serviços próprios denominados de
Serviços de Informação Utilitária, tem em seu escopo funcional, informações de ordem prática que
são de fácil compreensão e alvitram atender um público interessado em cessar sua necessidade por
informações que serão utilizadas em um momento desejado.
3 INFORMAÇÃO UTILITÁRIA EM BIBLIOTECA PÚBLICA: ESTUDO EM CAMPO
Embora seja comprovada a necessidade das bibliotecas brasileiras também terem em seu
acervo assuntos de natureza utilitária, o que se constata, na atualidade, é a escassez de materiais
informacionais dessa natureza. Apesar de o seu surgimento ser datado do século XX, Campello
(1998, p. 7) constatou que, no cenário brasileiro, poucas tentativas foram realizadas no intuito de
�231
implementar serviços de informação utilitária, e as poucas iniciativas realizadas não foram
suficientes para tornar esses serviços parte integrante da biblioteca e nem para desenvolver nos
bibliotecários a consciência de sua importância.
Conforme sinaliza a autora,
[...] algumas experiências têm sido relatadas, mas são casos isolados. Não se pode ignorar
que a implantação de um serviço deste tipo exige mais do que reunir uma coleção de fontes,
mesmo que relevantes e atualizadas; o comprometimento da equipe com o auxílio efetivo
ao usuário talvez seja o fator mais importante para o sucesso do serviço (CAMPELLO,
1998, p. 7).
Assim sendo, para saber como uma biblioteca pública estadual dissemina a informação
utilitária foram elaboradas questões, mediante aplicação de entrevista junto ao bibliotecário gestor
da unidade visitada. O objetivo dessa investigação foi o de verificar como a literatura e bibliotecas
públicas estaduais abordam o tema “Democratização da informação utilitária”.
O estudo em campo representa uma verificação e análise in loco, cujo objetivo é estudar a
realidade dos indivíduos, grupos, comunidades, instituições, entre outros segmentos (GIL, 2010).
No que diz respeito à técnica de entrevista, segundo Marconi e Lakatos (1999, p. 94), ela pode ser
compreendida como o “[...] encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de um determinado assunto [...]”.
3.1 ANÁLISE E DISCUSSÕES DE RESULTADOS
Com intuito de elucidar o objetivo da pesquisa, foi elaborado um roteiro contendo perguntas
abertas e fechadas a serem respondidas pelo bibliotecário responsável pela gestão da biblioteca
pública, em face de dois aspectos: coletar dados a respeito dos propósitos da unidade de
informação, e dados referentes à informação utilitária, descrevendo como esse tipo de informação é
considerado tanto pelos profissionais quando pelo usuário que usufrui dos produtos e serviços
biblioteconômicos oferecidos pela unidade. As respostas obtidas e analisadas estão dispostas a
seguir.
ASPECTOS RELACIONADOS À UNIDADE DE INFORMAÇÃO
A primeira pergunta teve a intenção de indagar sobre a proposta principal da biblioteca
pública, de modo a identificar quais seus objetivos e interesses básicos (quadro 1).
�232
Quadro 1 - Objetivo principal da biblioteca
PERGUNTA
RESPOSTA DO BIBLIOTECÁRIO
ENTREVISTADO
Qual o objetivo principal da biblioteca pública ao Independente de todas as atividades bibliotecárias
prestar serviços e produtos à população capixaba?
realizadas pela unidade, o objetivo maior que perfaz
todos os demais está relacionado às necessidades
demandadas pela comunidade na qual a biblioteca
atende.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Atender o usuário é o principal objetivo do profissional de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, sendo que essa preocupação se vê amplamente traduzida na literatura da área. Embora
muitas atividades bibliotecárias sejam de suma importância para que a qualidade dos produtos e
serviços oferecidos seja alcançada, de modo geral, tudo é realizado em prol de um único objetivo:
atender necessidades da comunidade usuária (ALMEIDA JÚNIOR, 2003).
A segunda pergunta indagou a respeito do foco principal das atividades realizadas pelos
profissionais (quadro 2).
Quadro 2 – Foco principal da unidade
PERGUNTA
RESPOSTA DO BIBLIOTECÁRIO
Qual o foco principal das atividades realizadas pelos
profissionais?
A unidade de informação está sustentada no
paradigma do usuário, com vistas a considerar suas
necessidades no momento de elaborar os produtos e
serviços de informação.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Essa constatação é proclamada com louvor por inúmeros teóricos, pois observando essa
filosofia, a unidade torna-se um organismo útil, logo, torna-se valorizada pela sociedade. Com
efeito, ao desvincular as atenções, tão somente, para o acervo, os serviços de atendimento e
acolhimento ao usuário tende a se tornar uma das atividades mais comuns das bibliotecas públicas.
Assim, o serviço de referência é atividade central para que usuários encontrem as informações de
que desejam, bem como uma alternativa estratégica utilizada pela unidade para conhecer seus
usuários. Desse modo que,
[...] os bibliotecários de referência são profissionais que atuam na linha de frente, como
mediadores da informação, ou seja, no atendimento às necessidades de informação dos
usuários, que possuem conhecimentos sobre o perfil dos usuários, sobre as fontes de
informação e sobre as principais estratégias de busca para obter a informação solicitada
(ROSTIROLLA, 2006, p. 18).
Por meio dos serviços de atendimento/acolhimento, o perfil do usuário e suas necessidades
são manifestados aos profissionais. A esse respeito, quando questionado sobre quem são os usuários
�233
que frequentam a unidade, a respondente declara serem pessoas à procura de informações para
estudo e lazer (quadro 3).
Quadro 3 – Público-alvo da biblioteca
PERGUNTA
RESPOSTA DO BIBLIOTECÁRIO
ENTREVISTADO
Qual o público real (que frequenta assiduamente) desta
unidade? Além do público real, a biblioteca está
preparada para atender usuários potenciais (outros
usuários que não frequentam)?
O público que frequenta assiduamente a biblioteca está
relacionado a jovens e adultos que buscam consultas e
empréstimos para estudo e lazer. A biblioteca tem
condições físicas de atendimento a outros usuários
potenciais e tem prestado serviço ao público
diferenciado como os de deficiência visual e especiais
por parceria entre a APABB, haja vista que o espaço
poderá sim atender a novos projetos e programas
fundamentalmente.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
No momento atual, a biblioteca atende em maior quantidade estudantes e pesquisadores,
além de leitores que encontram na leitura o exercício do lazer. Contudo, é importante refletir acerca
da preocupação da unidade em inovar com projetos direcionados a outros públicos, sobretudo
àqueles que possuam dificuldades em alocar-se ao recinto da biblioteca, como os portadores de
necessidades visuais, de modo a oferecer condições ergonômicas mais apropriadas, atentando-se às
dificuldades enfrentadas pela comunidade (quadro 4).
Quadro 4 - Preocupações com a comunidade
PERGUNTA
RESPOSTA DO BIBLIOTECÁRIO
Existe alguma preocupação (ou projeto) direcionada
aos problemas enfrentados pelos cidadãos da
comunidade? Em caso positivo, relate.
Sim. Temos atendimento a pessoas de públicos
diferenciados como os deficientes visuais pelo setor
Braille e também cedemos espaço para as reuniões e
oficinas para os usuários da APABB que atuam
semanalmente no setor infantil.
Fonte: Dados de pesquisa (2018).
A reestruturação dos espaços físicos e dos serviços bibliotecários, de modo geral, está
relacionada não apenas às informações a serem oferecidas, mas também, à garantia de acesso e de
conforto para quem utiliza o espaço e os serviços prestados. Assim, aferimos que a biblioteca
pública precisa se adequar ao uso por parte do deficiente visual, dentre outras necessidades
especiais apresentadas pelos usuários, com o fim de desenvolver um atendimento com qualidade,
objetivando, consequentemente, abrir as portas a todos os cidadãos, independente de qualquer
especificidade apresentada pelos indivíduos que frequentam o espaço.
�234
ASPECTOS RELACIONADOS À INFORMAÇÃO UTILITÁRIA
A respeito dos tipos de informação oferecidos à comunidade, evidenciou-se, com base nas
respostas da entrevistada, que, a informação para estudo e pesquisa é a única modalidade de
informação oferecida, não sendo encontrada nenhuma informação e/ou serviço úteis ao dia a dia do
cidadão (quadro 5).
Quadro 5 – Informação oferecida à comunidade
Que tipo de informação é oferecido à comunidade?
ALTERNATIVAS
Informação bibliográfica.
Informação para estudo e pesquisa.
Informação referente ao cotidiano do cidadão
(emprego, saúde, previdenciárias, FGTS, PIS, etc.).
Serviço de informação ao cidadão (SIC).
Informações para esclarecimento rápido e preciso
para resolução de problemas do cotidiano do
cidadão.
Outros. Especificar.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
RESPOSTA DO BIBLIOTECÁRIO
ENTREVISTADO
X
X
Constata-se que a unidade não oferece informação utilitária; vale lembrar que a não oferta
desse tipo de informação ou serviço pode ser um dos motivos que torna as bibliotecas com baixa
frequência de usuários (ALMEIDA JÚNIOR, 1997).
Nota-se que a informação mais procurada é a informação bibliográfica, informação
direcionada a trabalhos escolares e pesquisas universitárias. A biblioteca pública, ao oferecer
somente essas modalidades de informação, segundo Almeida Júnior (1997), passa a suprir uma
deficiência da biblioteca escolar, pois os usuários ao não encontrar o atendimento que desejam
nessas unidades recorrem à biblioteca pública em busca da informação para estudo e pesquisa.
O fato de que a informação utilitária é pouco procurada nessa unidade de informação não
deve ser pretexto para que esse tipo de informação não seja ofertada. Faz-se necessário, nesse
contexto, que os serviços e produtos informacionais oferecidos pelas bibliotecas sejam divulgados,
de modo que os indivíduos saibam das inúmeras possibilidades e da agregação de valor que as
bibliotecas e seus profissionais podem proporcionar à sociedade (SUAIDEN, 1995).
Adentrando-se a serviços específicos de informação utilitária, em muitas localidades,
sobretudo em comunidades carentes, é comum notar os chamados Serviços de Informação ao
Cidadão, também denominado por muitos como “Centros de Referências”. Na visão de Almeida
Júnior (1997), a construção desses espaços deve-se ao fato da biblioteca não cumprir seu papel
social, não oferecendo informação utilitária para o cidadão. O mesmo autor defende a necessidade
de construir espaços no interior das bibliotecas, a fim de oferecer serviços de informação utilitária,
tornando a unidade, um elo entre cidadão e sociedade.
�235
Nesse contexto, ao indagar-se ao respondente: “Qual a preocupação maior para esta
unidade em relação às necessidades emergenciais do cidadão, consideradas como utilitárias?
Aqui, nesta unidade, prioriza-se o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC)?”. Com essa pergunta,
obteve-se a seguinte resposta:
“A preocupação maior atualmente da biblioteca está relacionada ao atendimento de usuários em geral, considerando
que os programas e projetos são desenvolvidos de acordo com a procura dos serviços; em consideração a serviços de
informação utilitária ainda não há projeto específico para este fim”.
Ora, se a biblioteca não oferece esse tipo de informação, constatamos uma lacuna por ela
consumada. A esse respeito, o papel social do bibliotecário não é cumprido. Ao contrário, a
biblioteca como instituição social deveria atuar de forma ampla, rompendo os “muros” das
tradicionais bibliotecas físicas e prestando assistências em diversos espaços, garantindo com a
socialização do conhecimento (CARVALHO, 2012).
Os SICs desenvolvidos em espaços além das unidades de informação, certamente serão
melhores gerenciados se contar com a participação de profissionais específicos e adequados às
atividades da disseminação da informação. Portanto, ao ser questionada sobre o fato de não se ter a
presença do bibliotecário, em órgãos do governo, como o Centro de Referência e Assistência Social
(CRAS) e a Casa do Cidadão, em Vitória, ambos disseminadoras de informação utilitária, a
bibliotecária entrevistada considera que
“[...] se tivesse um bibliotecário nesses espaços contribuiria bastante para a organização da informação e surgimento
de novos serviços entre as secretarias de ação social, educação e cultura”.
Nota-se que os bibliotecários possuem conhecimento acerca do valor que a informação
utilitária pode desempenhar à sociedade. Presume-se que, o fato da unidade não oferecer
informação utilitária ao público, deve-se não ao desconhecimento do profissional, mas sim, a
inúmeros outros fatores de ordem pública, falta de recursos, de infraestrutura, dentre outros entraves
vivenciados pelas bibliotecas mantidas pela administração pública brasileira.
Desse modo, questionou-se a respeito de como inserir essa nova preocupação nos fazeres
biblioteconômicos, que deverão adentrar-se também a serviços de informação utilitária. Perguntouse: “De modo geral, vocês consideram como válido a preocupação das bibliotecas com os
problemas sociais? Acreditam que as bibliotecas poderiam contribuir para a construção da
cidadania ao viabilizar a democratização da informação? De que forma esse processo poderia ser
concretizado? Relate”. Assim, obteve-se a seguinte resposta:
“Sim, acredito que a Biblioteconomia pode contribuir em várias áreas devido a sua transversalidade e um ponto de
partida para este processo seria o engajamento dos profissionais nos assuntos ligados a democracia exercendo
atividades em associações, ONGs e também em conselhos representativos da sociedade civil”.
Constata-se a visão moderna da profissional, possuindo conhecimento acerca dos serviços
bibliotecários que não devem se resumir tão somente aos espaços de bibliotecas, mas sim, serem
�236
ampliados para outros segmentos sociais, podendo o profissional atuar em outras organizações,
sobretudo em empresas do terceiro setor, atuando, seja como consultor, como mediador da
informação ou como agente histórico/cultural, garantindo para sua inserção e contribuição na
construção de uma sociedade inclusiva (RIBAS; ZIVIANI, 2007).
A fim de concluir a entrevista, a partir dos dados até então coletados, indagou-se como a
informação utilitária poderia ser melhor gerenciada por esta unidade de informação. Segundo a
respondente:
“Sim, mas essa questão está ligada ao organograma da política pública, onde dividem as funções de cada
departamento ou setor, neste conceito a informação utilitária fica sob as responsabilidades das secretarias de ação
social e não das pastas de educação e cultura, que normalmente são gestoras de bibliotecas públicas”.
Novamente, percebem-se as mazelas do serviço público, de modo especial, a falta de uma
gestão efetiva que assegure aos profissionais da informação, a garantia de trabalho, em que haja
necessidade de um árduo, íntegro e consistente tratamento, gerenciamento e disseminação da
informação registrada, de modo que seja viabilizado o uso da informação.
Os profissionais da informação possuem competências e habilidades para desempenhar
funções relativas ao uso da informação pela sociedade, favorecendo a produção de novos
conhecimentos, bem como a consolidação do exercício da cidadania, garantindo melhores
condições de vida a todos os cidadãos (RIBAS; ZIVIANI, 2007). Se não há projetos voltados para a
inserção dos serviços de informação utilitária no bojo das unidades de informação, faz-se necessário
levar os profissionais da informação até os espaços produtores dessa modalidade de informação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo apontou que na biblioteca pública analisada há distância entre a unidade e o
oferecimento de informação utilitária, estando a biblioteca equiparada, tão somente, à preparação e
disseminação de informações voltadas para estudo, pesquisa e lazer, não tendo atenção especial da
administração pública na elaboração de projetos em prol da construção de serviços de informação
utilitária no espaço da unidade.
A pesquisa detecta que o bibliotecário possui conhecimento a respeito das funcionalidades
da informação utilitária, além de ter uma visão do campo de atuação em outros espaços,
especialmente junto a secretarias e órgãos que lidam com informação de ordem utilitária, e que
deveriam ser disseminadas para todas as comunidades, favorecendo o despertar da função social do
profissional da informação, agregando valor no cotidiano de vida dos indivíduos.
�237
Por isso, dialogamos com Almeida Júnior (1997), ao propor a construção dos Centros de
Referência em comunidades, de modo que nesses espaços sejam oferecidas informações
direcionadas à vivência e convivência das pessoas, em um contexto social. Os Centros de
Referência passam a ser considerados como extensões das bibliotecas, levando aos locais mais
distantes das regiões centrais, muitas das vezes, locais considerados como zonas de risco ou de
grande vulnerabilidade social, informações que as pessoas precisam para exercer seus direitos,
como cidadãos de um país democrático.
Desse modo, os serviços de informação utilitária podem ser oferecidos no próprio recinto da
biblioteca, em conjunto com os serviços de cunho educacional, como também podem ser
estruturados em locais externos. Reforçamos, por meio deste texto, a importância em se construir e
gerenciar esses serviços nos locais mais afastados, como em periferias e zonas rurais, como também
adjacentes aos locais onde os órgãos públicos oferecem os serviços de apoio à população.
No intuito de se construir e gerenciar esses serviços, consideramos viável a necessidade de a
biblioteca conhecer a realidade dos cidadãos e discriminar as informações caracterizadas como de
natureza utilitária. Assim, na construção dos serviços, o modelo proposto por Monteiro e Silva
(2014) (figura 1) pode ser utilizado, em que a biblioteca conduz todo o processo, desde o
conhecimento das necessidades, até a diferenciação dos tipos de informações e sua distribuição em
diferentes formas de prestar os serviços.
Figura 1 – Modelo para gestão dos serviços de informação utilitária
Fonte: Monteiro e Silva (2014, p. 64).
Em suma, com base nesses relatos e segundo o estudo de Monteiro e Silva (2014), confirmase, aqui, a responsabilidade social da Biblioteconomia e da Ciência da Informação e seus
profissionais modernos, tendo eles a missão de transmitir o conhecimento para aqueles que
necessitam, constituindo uma responsabilidade social, e essa responsabilidade parece ser o
verdadeiro
fundamento
dessas
áreas,
viabilizando
a
participação
do
profissional
no
desenvolvimento humano e social. Souza (2013) sinaliza que a biblioteca na contemporaneidade
�238
deve estruturar-se em prol da comunidade servida, rompendo toda e qualquer barreira que impeça o
acesso à informação, tornando-se, assim, um espaço democrático, que se adéqua às necessidades da
população, colocando-se a favor das causas sociais, sobretudo em defesa das classes menos
favorecidas.
Reforçamos, por meio da reflexão descrita neste texto, que a Biblioteconomia é uma área
que muito pode oferecer às pessoas que se encontram, de alguma forma, “às margens” da sociedade.
E, viabilizar serviços de informação utilitária já representa o primeiro passo que promova
estratégias para eliminar as desigualdades sociais, e construir uma sociedade mais humana,
eliminando quaisquer formas de preconceitos, discriminação e diferenças culturais, raciais,
econômicas e sociais.
REFERÊNCIA
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�240
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SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação à comunidade. São Paulo: Global. 1995.
�241
CAPÍTULO XVII
O PAPEL SOCIAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS: UMA
BIBLIOTECA PARA TODOS
Alessandra Soraya Gino Lima
Gildete Santos Veloso
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, as bibliotecas sempre estiveram relacionadas às necessidades da
comunidade em que estão inseridas.
Em Nipur, há mais de 5 mil anos, surgia a primeira biblioteca formada por uma coleção de
tábulas de argila que representavam o formato físico dos documentos da época.
Foram surgindo, então, diversas bibliotecas até a lendária Biblioteca de Alexandria, marcada
por vários ataques e culminando com sua destruição por um incêndio.
O Clero controlava o acesso à informação durante a Idade Média e as bibliotecas
funcionavam em mosteiros. No século XVIII, surgiram as primeiras bibliotecas universitárias. As
bibliotecas públicas vêm do século XIX, sob a ótica moderna de disponibilizar gratuitamente
grandes acervos sobre temas variados.
Em Portugal, a Biblioteca Nacional, localizada em Lisboa, criada em 1796, contrariava a
tendência da época em funcionar apenas para os eruditos, oferecendo seus serviços ao público em
geral.
As bibliotecas brasileiras surgiram em 1550, situadas nos colégios jesuítas. A Biblioteca
Nacional, fundada em 1810, com um acervo de 70 mil volumes vindos de Portugal, era consultada
apenas pelos nobres. Em 1814, ela foi aberta a todos, mas a consulta permaneceu para a nobreza,
uma vez que a maioria da população era analfabeta.
Segundo Santos e Rodrigues (2013), a Biblioteconomia acompanha as bibliotecas desde
então, por isso pode ser considerada como uma das disciplinas mais antigas, cujo propósito é
sistematizar
conhecimentos
relativos
disseminação, acesso e uso da informação.
à
seleção,
aquisição,
armazenamento,
tratamento,
�242
Desse modo, podemos dizer que a função social está intrínseca à Biblioteconomia,
bibliotecas públicas e bibliotecários. Trabalha-se alicerçado nas demandas que a sociedade impõe,
mediando o acesso à informação de forma igualitária.
2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS
As bibliotecas públicas cumprem importante papel social, pois são agentes transformadores
que conseguem atuar em locais onde a leitura, a informação e a cultura não chegam facilmente, o
que proporciona o uso dos seus serviços de extensão a esses locais.
Comungam com o Manifesto da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO), para Bibliotecas Públicas, em que estão atrelados, os seus objetivos
institucionais:
criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância;
apoiar a educação individual e a auto-formação, assim como a educação formal a todos os
níveis;
assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;
estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens;
promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e
inovações científicas;
possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do espetáculo;
fomentar o diálogo inter-cultural e a diversidade cultural;
apoiar a tradição oral;
assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local;
proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de
interesse;
facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática;
apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização para os
diferentes grupos etários.
Segundo Cesarino (2007, p. 7), os serviços da biblioteca pública devem ser gratuitos,
apoiados por uma legislação específica e financiados pelo poder público. A biblioteca pública
configura-se em componente essencial de uma estratégia a longo prazo para o desenvolvimento
cultural do país, do estado e do município. Desempenha papel fundamental, específico e
�243
complementar às bibliotecas comunitárias, escolares, universitárias e especializadas, formando, com
elas, uma rede de acesso à informação e à leitura.
Além disso, há de se considerar, também, que as bibliotecas públicas incorporaram em suas
funções, o atendimento aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), conforme
determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da agenda 2030, acerca do
desenvolvimento das nações nas primeiras décadas do século XXI.
A agenda 2030 é um documento elaborado pela ONU, em 2015, com intuito de nortear os
trabalhos das organizações em relação à economia, ao meio ambiente e ao desenvolvimento social
até o ano de 2030. Além dos países membros, diversas outras organizações da sociedade civil
auxiliaram por mais de dois anos na criação e revisão do texto, incluindo a Federação Internacional
de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). Nesse documento, são listados 17 objetivos
gerais e, a partir de cada um deles, diversos objetivos específicos, nos quais as autoridades
nacionais se baseiam para implementar mudanças em seus países, formando um movimento global
de melhoria social.
Segundo a IFLA (2015), as bibliotecas podem servir de apoio para o cumprimento de
diversos objetivos da agenda, pois são instituições públicas com um papel importante no
desenvolvimento da sociedade. De acordo com Pires (2015) e outras instituições, os principais
objetivos que podem ser implantados pelas bibliotecas, especialmente as públicas, são os seguintes:
a) Objetivo 1 – erradicação da pobreza: proporcionar acesso público à informação e recursos que
geram oportunidades de melhoria de vida da população; capacitação das pessoas possibilitando a
aquisição de novas habilidades necessárias para a educação e o emprego.
b) Objetivo 3 – saúde e bem-estar: tornar públicas informações sobre saúde, bem-estar, segurança
alimentar e prevenção de doenças por meio de intervenções, preferencialmente em regiões de
vulnerabilidade social, como palestras, campanhas de conscientização, rodas de conversa e
divulgação de material de pesquisa, sobretudo do Guia Alimentar para a População Brasileira
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014), contribuindo para que todas as famílias sejam saudáveis.
c) Objetivo 4 – educação de qualidade: oferecer um ambiente seguro, confortável e acessível para
estudantes, com equipes que apoiem a educação continuada e que auxiliem na busca pela
informação de todos os estudantes.
d) Objetivo 5 – igualdade de gênero: disponibilizar um local seguro e confortável para encontros e
discussões sobre o tema; informar e conscientizar mulheres de todas as idades a respeito de seus
direitos e de situações abusivas vivenciadas por elas no dia a dia; executar projetos de alcance
externo ao ambiente da biblioteca, cujo objetivo seja apoiar e informar mulheres sobre a
importância da luta pela liberdade das mulheres e pela igualdade de gênero.
�244
e) Objetivo 9 – indústria, inovação e infraestrutura: oferecer à comunidade espaços agradáveis e
inclusivos, em que custos não sejam barreiras para a adaptação do ambiente e, de modo geral, para
aquisição de informação; disponibilizar acesso aos meios tecnológicos, como internet e
computadores.
f) Objetivo 10 – redução das desigualdades: proporcionar acesso equitativo à informação
promovendo inclusão social, política e econômica.
g) Objetivo 13 – ação contra a mudança global do clima: difundir o acesso a informações sobre o
assunto para motivar a população a uma mudança de hábitos, bem como uma participação ativa nas
decisões políticas e administrativas de suas cidades para fiscalizar as medidas tomadas por elas.
h) Objetivo 16 – paz, justiça e instituições eficazes: oferecer para toda população, principalmente
as de regiões mais carentes, meios de acompanhamento das medidas propostas e aprovadas pelo
governo, sociedade civil e outras instituições; capacitar as pessoas para que compreendam e
desenvolvam as habilidades necessárias para a utilização dessas informações; oferecer espaços para
que as pessoas possam se reunir e se organizar em movimentos com esses fins.
2.1 BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Frente a essas considerações feitas pela IFLA, torna-se evidente as funções das bibliotecas
públicas no Brasil de hoje – como as mais democráticas instituições de caráter cultural e
educacional as quais, sem dúvida alguma, tem a vocação nata para exercer um papel social de
grande relevância na inserção da sociedade brasileira na modernidade globalizada e informada. Em
Minas Gerais, não seria diferente. Diante desse panorama, a Biblioteca Pública Estadual de Minas
Gerais procura vincular suas atividades aos objetivos propostos pela Agenda 2030. Dentre os
objetivos já incorporados nas ações ali desenvolvidas, destacamos:
a) Objetivos 1, 4 e 8 – Erradicação da pobreza, Educação de qualidade e Trabalho decente e
crescimento econômico: existem projetos como o do Curso de Braille e o Bordados e Teatros que
são de cunho educativo que visam a capacitação da população gerando novas oportunidades de
emprego e de geração de renda, bem como os grupos de estudos de inglês, direito e português que
acontecem no Setor Braille.
b) Objetivo 5 – Igualdade de gênero: são organizadas exposições com o intuito de conscientizar e
empoderar mulheres e meninas, como a exposição “Violência: não se acostume com essa ideia” e as
exposições temáticas dos setores, por exemplo, a de “Protagonistas e Heroínas”, do Setor
Infantojuvenil.
�245
c) Objetivo 9 – indústria, inovação e infraestrutura: os dois prédios que compõem a Biblioteca
Pública Estadual de Minas Gerais, a Sede Luiz de Bessa e o Anexo Professor Francisco Iglésias, são
acessíveis a pessoas com deficiência; além disso, o Laboratório de Informática do Prédio Anexo
oferece à população computadores conectados à internet.
d) Objetivo 10 – redução das desigualdades: a Biblioteca desenvolve projetos de extensão que
levam acesso à leitura, informação e cultura a comunidades de regiões com vulnerabilidade social
de Belo Horizonte e a Região Metropolitana, como a Caixa Estante e o Carro Biblioteca.
e) Objetivo 13 – ação contra a mudança global do clima: promove hábitos mais sustentáveis e
conscientiza a população por meio de palestras, exposições com essa temática e ao dar
protagonismo a esse tema na elaboração de projetos.
f) Objetivo 16 – paz, justiça e instituições eficazes: é desenvolvido o projeto Jornada do Direito
que possibilita a interação entre pessoas leigas e profissionais e estudantes da área, levando essas
pessoas a adquirir noções básicas a respeito de conhecimentos jurídicos.
O alinhamento dos objetivos gerais das bibliotecas, em especial das bibliotecas públicas,
com as ações propostas pela IFLA para o cumprimento da Agenda 2030 e o desenvolvimento
sustentável se faz necessário, uma vez que suas ações de promoção cultural têm um caráter
universal, pois atingem todos os âmbitos da sociedade, a exemplo os projetos desenvolvidos pela
Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais que sempre visam à democratização do acesso ao
conhecimento.
Vamos, então, destacar as ações desenvolvidas pela Biblioteca Pública Estadual de Minas
Gerais realizadas em seus diversos setores, tais como: Setor Infantojuvenil, Coleções Especiais,
Setor Braille, Galeria Paulo Campos Guimarães e Passarela Cultural, Setor de Referência e Estudos,
Carro-Biblioteca e Caixa-Estante, assim como a Diretoria do Sistema Estadual de Bibliotecas
Públicas Municipais. Ao longo de seus 64 anos de existência, a Biblioteca vem atendendo
demandas bastante significativas que promovem a inclusão sociocultural de diversas camadas da
sociedade e cumprem importante papel no cenário cultural de Belo Horizonte, por meio de cerca de
400 atividades por ano. Algumas atividades já contam com recurso de acessibilidade. Elas já estão
consolidadas e têm mais de cinco anos de continuidade, fazendo parte da programação fixa da
instituição.
Aula na Biblioteca: criado em 2009, esse projeto tem por finalidade ser uma ponte entre a
universidade e a comunidade, em especial aos jovens em formação. Promove o encontro entre
professores e profissionais de diversas áreas do conhecimento, promovendo palestras e debates com
temas contemporâneos, a fim de despertar para a diversidade cultural existente no acervo da
Biblioteca e que está ao alcance de todos por meio da leitura.
�246
Jornada do Direito: ciclo de palestras e debates sobre vários temas ligados à área jurídica
em linguagem que possa atender a comunidade em geral. Os palestrantes convidados são
professores universitários especialistas nas áreas que vão abordar.
Em Destaque: exposição mensal temática de livros, entre outros materiais que forneçam
informações e referências sobre determinado tema, visando despertar o interesse e a curiosidade dos
usuários em um espaço pensado e organizado para permitir que se consultem livremente as obras
em exposição. Bimestralmente, são realizadas intervenções culturais que abordam o tema exposto
no mês em curso, como: palestra, mesa redonda, apresentação musical, cinema etc. O tema pode
estar ligado ao calendário cultural de Minas Gerais, mas permite a inserção de outros enfoques,
como: sugestões de leitores, instituições de ensino e do Comitê de Educação do Circuito Liberdade,
onde a Biblioteca está inserida.
MUMIA: a Biblioteca participa da Mostra Udigrudi Mundial de Animação – MUMIA,
desde 2012. O festival reúne diversos filmes de animação (cerca de 34 países participantes).
Visitas Guiadas: em atividade desde 2006, as visitas têm uma trajetória particular no campo
de ações ligadas à cultura; seu êxito deve-se à cooperação que se estabeleceu entre a Biblioteca
Pública e setores da sociedade interessados em participar de iniciativas em favor da leitura. O
visitante encontrará um espaço organizado, de acesso fácil aos livros e um ambiente estimulante de
promoção da leitura. A visita apresenta e situa o usuário potencial dentro do espaço da Biblioteca
Estadual de Minas Gerais, as dimensões do uso dos seus serviços e a importância de tudo que ela
oferece.
Clube de Leitura de Quadrinhos: encontro de leitores de uma mesma obra em quadrinhos
para expressarem suas opiniões e críticas sobre ela.
Encontros com a Leitura: ciclo de palestras com especialistas, pessoas de renome e
escritores com o objetivo de buscar, por meio da discussão, a reflexão e valorização do espaço da
biblioteca, do livro e da leitura. Destinado a profissionais que atuam com o incentivo à leitura e
literatura como professores, bibliotecários, mediadores de leitura, estudantes entre outros.
Hora do Conto e da Leitura: narração e leitura de histórias que visa dinamizar o uso do
acervo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, aproximando crianças e adolescentes do
universo literário e contribuindo para a formação de leitores. Setores: Caixa-Estante, CarroBiblioteca e Infantojuvenil.
Roda de Leitura: atividade conduzida por um leitor-guia (professor, escritor...) com o
objetivo de aproximar crianças, adolescentes e adultos de textos literários, por meio de um diálogo
que explore os aspectos vivenciais presentes na literatura. Uma troca de experiências de leitura
entre os participantes. Setores: Carro-Biblioteca e Infantojuvenil.
�247
Clube de Leitura: encontro de leitores de uma mesma obra para expressarem suas opiniões
e críticas sobre ela, explorarem o gênero literário em questão e conhecerem outros autores e livros
afins, com o intuito de incentivar o gosto pela leitura. Setores: Braille, Caixa-Estante, CarroBiblioteca e Infantojuvenil.
Encontro com o Escritor: bate-papo com escritores de literatura infantil, juvenil e adulta
com vistas a aproximar o leitor do autor, promovendo um diálogo sobre o processo de criação de
livros, bem como sobre a obra, estilo, motivações e experiências de leitura dos escritores. Um
encontro também que oferece a oportunidade de os leitores ouvirem dos próprios autores a leitura
de seus textos publicados. Setores: Braille, Caixa-Estante, Carro-Biblioteca e Infantojuvenil.
Apresentações Teatrais: apresentações teatrais inspiradas e livros de literatura
infantojuvenil e adulta existentes no acervo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais.
Setores: Braille, Caixa-Estante, Carro-Biblioteca e Infantojuvenil.
Livro Fora da Estante: exposições que destacam mensalmente um tema de interesse
cultural. As publicações relativas ao tema são retiradas de seus lugares nas estantes, e reunidas em
uma só prateleira temática, com o objetivo de chamar a atenção do leitor para o assunto proposto.
Setor: Carro-Biblioteca.
Exposição Temática: exposições de livros com o objetivo de divulgar o acervo e autores
específicos. Setor: Infantojuvenil, Empréstimo Domiciliar e Hemeroteca Histórica.
Exposições de Artes: exposições de artes visuais e literárias, selecionadas por meio de
Edital Público, contando ainda com escritores para lançamentos de livros, com o objetivo de
mostrar e divulgar trabalhos de novos artistas. Setor: Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães e
Passarela Cultural.
Painel Descobrindo o Autor: espaço destinado para destacar autores e ilustradores da
literatura infantojuvenil, cujos leitores têm a oportunidade de conhecer mais o seu autor/ilustrador
preferido, seus trabalhos, biografias, leituras, motivações, livros publicados e ampliar suas
possibilidades na escolha de livros. Setor: Infantojuvenil.
Oficina de Origami: após contação de histórias os participantes fazem personagens,
animais, flores e o que mais imaginarem com a técnica origami. Setor: Caixa-Estante.
Inventar e brincar: é só começar!: apresentação de repertório de brinquedos e brincadeiras
e abordagem da importância do brincar para o desenvolvimento da criança. Setor: Infantojuvenil.
Lançamento de Livros: os setores da DEAR oferecem a possibilidade de reserva de seus
espaços para receberem escritores em eventos de lançamentos de livros. Setores: Braille, CaixaEstante, Carro-Biblioteca e Infantojuvenil.
�248
Curso: promoção de cursos com temas de interesse para os leitores e também para os
servidores da Biblioteca. Os cursos são ministrados pela própria equipe da Biblioteca e também por
profissionais reconhecidos no mercado. Setores: Braille, Caixa-Estante, Carro-Biblioteca e
Infantojuvenil.
Desde a sua fundação, em 1954, a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais tem como
premissa a acessibilidade e a inclusão.
A década de 1960 foi muito importante para o fortalecimento da Biblioteca. Foram
instituídos os serviços de maior alcance social. Surgiram o Carro-Biblioteca, o setor Infantojuvenil,
as primeiras ações institucionalizadas do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais e o
Setor Braille. Esse foi criado em 1965 tornando-se um equipamento importante para a prática da
leitura acessível, não só na Capital, mas também em toda a região metropolitana de Belo Horizonte,
tendo como diferencial o fato de possuir em seu quadro funcional pessoas com deficiência visual,
aptas a melhor perceber as demandas dos usuários.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 6 de julho de 2015)
define:
Art. 3o Para fins de aplicação dessa Lei, consideram-se:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações
abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural,
por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem
usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os
recursos de tecnologia assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada
à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando a sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
�249
2.1.1 Setor Braille
O Setor Braille se caracteriza por ser um espaço de trabalho e convivência, cujos princípios
são fundamentados na promoção humana, no voluntariado e na inclusão social. O Setor possui
como objetivo oferecer às pessoas com deficiência visual o acesso irrestrito à cultura e informação,
por meio de livros acessíveis em braille, audiolivros, equipamentos adaptados, bem como pela
realização de atividades de incentivo à leitura e trabalho voluntário.
Configura-se numa referência em acessibilidade para bibliotecas e outros espaços culturais,
num trabalho caracterizado pela permanência e continuidade dos serviços oferecidos e por isso
mesmo garantindo uma credibilidade junto à comunidade como um todo.
Mensalmente, o Setor atende cerca de 1.000 pessoas com deficiência visual (cegos e baixa
visão). É um público muito heterogêneo, que abrange classes sociais variadas, múltiplas faixas
etárias (adolescentes, jovens, adultos e idosos), diversificados gêneros, tendo cada indivíduo desse
coletivo, demandas individuais bem distintas (estudo para concursos, leitura de materiais
científicos, leitura de textos em formatos digitais, gravação de apostilas, empréstimos de livros em
braille, audiolivros e filmes com audiodescrição, uso de tecnologias assistiva, inscrição para
concursos etc.).
O Setor Braille possui um acervo diversificado composto por obras literárias de autores
brasileiros e estrangeiros nos mais variados formatos (cerca de 2000 títulos em braille, 1800
audiolivros e, aproximadamente, 60 filmes com audiodescrição), abrangendo as diversas áreas do
conhecimento.
O Setor também promove atividades inclusivas de incentivo à leitura que estimulam o gosto
e o hábito de ler entre os seus usuários, norteadas pelos princípios da acessibilidade, a saber:
Cine Braille: atividade desenvolvida a cada dois meses, que tem como objetivo exibir
filmes com audiodescrição para pessoas com deficiência visual, no teatro da biblioteca
pública. No final de cada sessão, o voluntário do Setor, Ronaldo Toledo, conduz uma
discussão sobre os aspectos do filme. São realizados, mais ou menos, seis encontros por ano.
Curso de Braille: ministrado pelo servidor Alexandro Alves Lima, tem o objetivo de
proporcionar aos voluntários cadastrados no Setor e às pessoas com deficiência visual e seus
parentes a oportunidade de aprender a ler e escrever por meio do Sistema Braille. O referido
curso tem carga horária de 60 horas, com duração de seis meses. É promovido um curso por
ano.
�250
Serviço Voluntário: leitura viva voz de voluntários para os usuários do setor, de materiais
para estudos de educação continuada, concursos públicos e didáticos que não são
disponíveis em braille.
Café com Poesia: narração e leitura de poesias para pessoas com deficiência visual.
Tempo para Ler: apresenta textos curtos de determinado autor fomentando discussão sobre
literatura.
2.1.2 Carro-Biblioteca
O Carro-Biblioteca e a Caixa-Estante são os serviços de extensão da Biblioteca Pública
Estadual de Minas Gerais. Criado em 1960, o Carro-Bilioteca possui como maior premissa a
democratização do acesso à leitura para comunidades em condições socialmente vulneráveis que
não possuem bibliotecas ou equipamentos culturais. Por meio de sua atuação, são desenvolvidas
atividades de incentivo e mediação de leitura junto a cinco bairros de Belo Horizonte, atendidos
semanalmente no período da manhã. Conta com um acervo de aproximadamente 25.000 livros,
dentre eles literatura brasileira, estrangeira e infantojuvenil, além de revistas adultas e infantis.
Desde sua implantação, o Carro-Biblioteca atendeu as necessidades de leitura e informação
de diversas comunidades e promoveu ações culturais em vários formatos e temáticas. Foram mais
de 37 comunidades contempladas ao longo desses 58 anos de atuação. Por isso, o serviço do CarroBiblioteca tornou-se uma referência cultural, nesse cenário.
2.1.3 Caixa Estante
Já o serviço de Caixa-Estante foi criado em 1969 e, desde então, tem possibilitado o
convívio com os livros fora dos muros da Biblioteca, por meio do atendimento a instituições
públicas e não governamentais de Belo Horizonte e região metropolitana. Hoje, a Caixa-Estante
está presente em 15 instituições, tais como creches, penitenciárias, centros socioeducativos, casa de
semiliberdade, Lar dos Meninos e APAE.
Possui um acervo de aproximadamente oito mil títulos, contemplando literatura brasileira,
estrangeira e infantojuvenil, além de revistas adultas e infantis.
�251
A Caixa-Estante permanece nas instituições por três anos e, além da democratização da
leitura e do acesso à informação, tem como objetivo sensibilizar as instituições as quais atende, no
intuito de que elas criem suas próprias bibliotecas.
As ações voltadas para a promoção da leitura desses dois serviços de extensão estão em
consonância com as recomendações da UNESCO e do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura
e Bibliotecas de Minas Gerais, principalmente, em atendimento ao eixo 1, que trata da
democratização do acesso à leitura e ao eixo 2, o qual discorre sobre o fomento à leitura e à
formação de mediadores.
3 CONCLUSÃO
O espaço democrático da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, com toda sua
diversidade de público e de atividades, constitui um ambiente propício ao desenvolvimento social
dos indivíduos. O processo de inclusão sociocultural acontece quando, nesse ambiente, asseguramos
a democratização do acesso à informação, contribuindo com a diminuição das desigualdades sociais
e estimulando, cada vez mais, o uso da biblioteca como forma de ampliação de conhecimento.
Guimaraens (2018) reflete o trabalho desenvolvido na Biblioteca Pública Estadual de Minas
Gerais quando assegura:
A biblioteca pública é o centro local de informação, tornando prontamente acessíveis aos
seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os gêneros:
Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso
para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição
social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que,
por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes, como, por
exemplo, minorias linguísticas, pessoas deficientes, hospitalizadas ou reclusas. Todos os
grupos etários devem encontrar documentos adequados às suas necessidades. As coleções e
serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas apropriados assim
como fundos tradicionais. É essencial que sejam de elevada qualidade e adequadas às
necessidades e condições locais. As coleções devem refletir as tendências atuais e a
evolução da sociedade, bem como a memória da humanidade e o produto da sua
imaginação. As coleções e os serviços devem ser isentos de qualquer forma de censura
ideológica, política ou religiosa e de pressões comerciais.
REFERÊNCIAS
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Públicas. Sociedade de amigos da Biblioteca Nacional. Um olhar diferenciado sobre a
Biblioteca Pública: impactos da gestão inovadora: manual do participante. Rio de Janeiro:
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�252
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de março de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, 26 Ago. 2009. Disponível em:
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�254
PARTE IV
Práticas bibliotecárias
em face do movimento
associativo
�255
CAPÍTULO XVIII
POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E IGUALITÁRIA: O PAPEL DO MOVIMENTO
BIBLIOTECÁRIO NA DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Jorge Santa Anna
1 INTRODUÇÃO
A evolução da sociedade tem sido acompanhada pela manifestação de diferentes tendências
no decorrer da história humana que proporcionam a delimitação ou divisão do espaço social em
relação ao tempo ou momento histórico vivenciado, determinado por hábitos, culturas, formas de
organização social e política, dentre outros elementos que, em conjunto, caracterizam a
heterogeneidade das práticas humano-sociais.
A heterogeneidade é, talvez, o traço mais marcante e peculiar do ser humano e das relações
sociais que estabelece com seus semelhantes. E são essas diferenciações que possibilitam as
transformações, consideradas como impulsos promotores da mudança, em que concepções e
paradigmas vão sendo questionados e repercutem na ruptura desses e, por conseguinte, formação de
novas ideologias.
A ruptura de determinadas crenças e propósitos é fruto da inquietação do ser humano acerca
do sistema que rege a sociedade em um determinado momento, não sendo, portanto, uma atividade
simples e súbita. Contempla, normalmente, um longo período, em que as práticas sociais, sobretudo
no que tange ao sistema de controle social, vão sendo rejeitadas, determinando a formação de novas
ideologias, apoiadas por grupos e forças que acabam, em determinado momento, estabelecendo uma
forma de controle hegemônico sobre os demais grupos.
Sob uma perspectiva histórica, econômica e política, as sociedades buscam estabelecer
formas de organização social, e, para essa organização, manifestam-se as formas de controle, as
quais são geradas e conduzidas por meio de grupos que exercem, sob uma determinada condição, a
autoridade sobre o sistema social. Surge, especificamente, o sistema político, representado por
indivíduos que, por possuírem similaridades de pensamento sobre determinadas crenças, valores e
acepções, organizam-se para defender interesses em comum e estabelecer as formas de controle sob
o que acreditam para melhoria da sociedade.
�256
No âmago do sistema político da contemporaneidade, não resta dúvida acerca do papel
desempenhado pela democracia, em que a autoridade está no povo e para o povo, sendo os líderes
políticos, em quaisquer contextos, escolhidos mediante o direito de indicação de cada indivíduo. As
sociedades democráticas, portanto, possibilitam alternativas que tendem a eliminar opressões e
desigualdades. Isso é alcançado, certamente, mediante a universalização dos direitos e por meio da
ampliação de acesso à educação e ao conhecimento.
A democratização do conhecimento é uma das maiores conquistas das sociedades
democráticas, sendo acelerada, no decorrer das últimas décadas do século XX, por meio da
passagem de uma sociedade que restringia o conhecimento às classes elitizadas, para uma sociedade
que pluralizou as formas de acesso e, dessa maneira, abriu espaços para a participação de todos os
indivíduos, independente de condição social, na construção do conhecimento e, por decorrência, no
desenvolvimento intelectual e crítico dos cidadãos.
Democratizar o conhecimento não é, simplesmente, disponibilizá-lo, mediante estratégias de
divulgação. Trata-se de um fazer muito mais complexo, que envolve comprometimento de
profissionais, haja vista promover o controle e a gestão, permitindo, o uso efetivo e lícito do
conhecimento. Além do empenho e engajamento de profissionais, faz-se necessária a participação
dos agentes governamentais, no intuito de promover políticas de apoio e garantir maiores
investimentos para as classes envolvidas com essa causa.
O movimento político a favor dos direitos dos cidadãos e, especificamente, a defesa da
prática profissional se consolida por meio da formação de grupos envolvidos com os interesses das
classes profissionais. Os profissionais envolvidos com a democratização do conhecimento, como os
bibliotecários, merecem destaque nesse contexto de lutas e defesas de direitos, pois, são eles que
gerenciam o fluxo da informação que possibilita a geração de conhecimento.
Além de atuarem com as práticas de organização do conhecimento, normalmente realizada
em unidades e serviços de informação, como bibliotecas, arquivos, centros culturais, dentre outros,
os bibliotecários também possibilitam práticas de disseminação do que é produzido, permitindo, por
decorrência, o uso do conhecimento, para fins de desenvolvimento individual e social.
Essas difíceis e louváveis atividades, essenciais para consolidar a democratização do
conhecimento - considerada como o alvo das sociedades democráticas – a fim de serem melhores
realizadas, requerem maior valorização e reconhecimento por parte das autoridades políticogovernamentais e da própria sociedade, o que justifica a inserção dos bibliotecários no âmbito
político, uma causa urgente e necessária.
Discorrer sobre democratização do conhecimento permite reforçar a contribuição das
práticas biblioteconômicas na gestão e disseminação do conhecimento na sociedade. Com efeito,
�257
não é possível refletir sobre o papel desse profissional, sem destacar a contribuição do movimento
associativo, o engajamento de grupos, com propósitos semelhantes e que unem-se em defesa dos
direitos da classe, garantindo, portanto, melhorias ao fazer profissional, e, como consequência,
viabilizando condições adequadas para a prática cidadã, também considerada como fruto e essência
da democracia.
No âmbito bibliotecário, acreditamos ser de suma importância o discurso acerca da
participação desses profissionais com as causas sociais, sobretudo em sociedades democráticas. É
essa participação que possibilita o acesso e uso democrático ao conhecimento e a mudança de vida
das pessoas. Por sua vez, essa participação se intensifica por meio do engajamento de grupos ou
lideranças, ligadas à classe. Assim, é indissociável a relação estabelecida entre democratização,
movimento bibliotecário em defesa da classe e o alcance de uma sociedade mais justa e igualitária.
2 DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E O MOVIMENTO BIBLIOTECÁRIO:
LUTAS EM FAVOR DA CLASSE PARA UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA E
IGUALITÁRIA
A história e evolução do conhecimento na sociedade, ao longo dos tempos, têm revelado o
quanto esse elemento tem interferido nas formas de relacionamento e o estabelecimento do poder
entre os grupos sociais. Acontecimentos históricos marcantes, como a invenção da imprensa, a qual
possibilitou novas formas de socialização do conhecimento (BURKE, 2003), como também, o
desenvolvimento das tecnologias digitais, as quais promoveram o compartilhamento e participação
coletiva mais intensa na construção do conhecimento (BURKE, 2012), foram decisivos para
viabilizar o acesso universal e democrático ao saber humano.
A democratização do conhecimento não pode ser considerada, tão somente, como uma
prática ou fazer relativo à disponibilização ou disseminação do que é gerado com o conhecimento.
Trata-se de um processo mais abrangente, visto que permite garantir, de forma universal eliminando-se quaisquer limitações - o acesso ao conhecimento. Ademais, ao democratizar, são
oferecidas condições para que as pessoas possam participar, de forma interventiva, na construção de
novos conhecimentos e agregação de valor para a evolução da sociedade (TEIXEIRA, 2001).
O processo de democratizar o conhecimento envolve diversos agentes, pois sustenta-se em
práticas diversificadas, realizadas em inúmeros espaços da sociedade. Além do aparato tecnológico
que vem contribuindo, cada vez mais, para garantir o acesso ao conhecimento, é preciso que outros
�258
fazeres sejam realizados, envolvendo, também, ações pedagógicas que viabilizem a aprendizagem e
o desenvolvimento dos indivíduos (RAMOS; ROSSATO, 2017).
Em uma primeira instância, a democratização é promovida por meio do acesso à
informação, considerando os registros gráficos armazenados em acervos documentários, os quais
precisam ser gerenciados, a fim de tornarem-se passíveis de recuperação. Essa constitui a essência
dos serviços e das unidades de informação, em que o bibliotecário, na condição de agente
informacional, propicia condições para garantir a transferência do que está contido nos acervos para
os utilizadores (BARROS, 2003).
Como
agentes
de
disseminação
do
conhecimento,
os
bibliotecários,
atuantes
tradicionalmente em bibliotecas, centros de informação e em variados locais que demandem
serviços informacionais, cumprem o papel de promover a formação instrutiva e crítica dos sujeitos,
mediante práticas pedagógicas, comunicativas e de assistência às necessidades específicas dos
usuários. Em linhas gerais, essas funções realizadas por esses agentes possuem uma dimensão
social, que vai muito além de procedimentos técnicos e operacionais. Isso porque, no exercício da
função bibliotecária, independente do contexto de manifestação dessas funções, há necessidade de
promover o acesso e mediação da informação, em diferentes mídias, no intuito de que “[...] as
pessoas sejam capazes de refletir e desenvolver um senso crítico para exercer seus direitos, sua
cidadania e viver em uma sociedade mais justa e igualitária [...]” (LINDEMANN; SPUDEIT;
CORRÊA, 2016, p. 707, grifo nosso).
Em uma instância mais profunda, a democratização se concretiza quando são realizadas
intervenções que contribuem para o uso da informação e a transformação dela em conhecimento,
uma tarefa que acarreta melhorias no contexto de vida dos sujeitos. Isso envolve um conjunto de
ações promovidas pelo sistema social, haja vista desencadear oportunidades que viabilizem
melhores condições de vida. Logo, mediante ao uso da informação e seu valor para a cidadania,
desperta-se o crescimento econômico (ROCHA, 1999).
Acreditamos que os bibliotecários, nas múltiplas atividades que realizam, exercem
contribuições para a democratização do conhecimento, seja em termos de disseminação quanto ao
uso da informação para manifestação da cidadania. Por consequência desse processo, há relação
entre fazer bibliotecário e desenvolvimento pessoal e social. Mais que isso, em uma sociedade
altamente competitiva da pós-modernidade, e diante dos ideais democráticos e valores humanos que
visam a ordem mundial, para o progresso das nações futuras, é possível constatar o contributo do
fazer bibliotecário com o desenvolvimento sustentável da sociedade.
O aprofundamento acerca dessa relação tem sido acatado em âmbito internacional, tendo
destaque as ações e propostas acatadas pela Federação Internacional de Associações e Instituições
�259
Bibliotecárias (IFLA), a qual reconhece o papel das bibliotecas e dos profissionais, para o alcance
dos propósitos do desenvolvimento sustentável para o mundo, conforme proposto na Agenda 2030
da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com os ideais da ONU, para o
desenvolvimento futuro do planeta, a IFLA convoca toda a classe bibliotecária e as unidades e
serviços que envolvem os bibliotecários colocarem-se a serviço dessa causa. O quadro 1 expõe os
principais objetivos do desenvolvimento sustentável e as principais ações a serem desenvolvidas
pela prática bibliotecária.
Quadro 1 – A prática bibliotecária em favor do desenvolvimento sustentável
Objetivos do desenvolvimento sustentável
Principais ações bibliotecárias
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em - Acesso público à informação e recursos que geram
oportunidades para melhorar a vida das pessoas;
todos os lugares
- Capacitação para adquirir novas habilidades
necessárias para a educação e o emprego;
- Informação para apoiar o processo de tomada de
decisões para combater a pobreza por parte dos
governos, da sociedade civil e do setor empresarial.
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e - Pesquisas e dados agrícolas para que os cultivos sejam
melhoria da nutrição e promover a agricultura mais produtivos e sustentáveis;
- Acesso público para produtores agrícolas a recursos
sustentável
em rede, como, por exemplo, preços de mercado local,
informes meteorológicos e novos equipamentos.
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar Pesquisas disponíveis em bibliotecas médicas e
hospitalares que apoiem a educação e melhorem a
para todos, em todas as idades
prática médica dos provedores de cuidados médicos;
-Acesso público à informação sobre saúde e bem-estar
nas bibliotecas públicas para contribuir com que todas
as pessoas e famílias sejam saudáveis.
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de - Equipes dedicadas que apoiem a educação na primeira
qualidade,
e
promover
oportunidades
de infância (educação continuada); - Acesso à informação
e à pesquisa para estudantes em todo o mundo;
aprendizagem ao longo da vida para todos
- Espaços inclusivos onde os custos não sejam uma
barreira para adquirir novos conhecimentos e
habilidades.
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as - Espaços de encontro seguros e agradáveis; Programas e serviços pensados para satisfazer as
mulheres e meninas
necessidades de mulheres e meninas como direito e
saúde;
- Acesso à informação e tecnologias que permitam as
mulheres desenvolver habilidades no mundo dos
negócios.
Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da - Acesso à informação de qualidade sobre boas práticas
que permitam desenvolver projetos locais de gestão da
água e saneamento para todos
água e saneamento;
- Acesso livre e seguro à eletricidade e iluminação para
ler, estudar e trabalhar.
Construir infraestruturas resilientes, promover a - Uma ampla estrutura de bibliotecas públicas,
industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a especializadas e universitárias e com profissionais
qualificados;
inovação
- Espaços agradáveis e inclusivos;
- Acesso a tecnologias digitais, como por exemplo, com
internet de alta velocidade que não se encontra
disponível em todo lugar.
- Espaços neutros e agradáveis que permitam a
Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
aprendizagem para todos, incluindo os grupos
marginalizados, como os imigrantes, os refugiados, as
�260
Tornar as cidades e os assentamentos humanos
inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
minorias, os povos indígenas e pessoas com deficiência;
- Acesso equitativo à informação que promova a
inclusão social, política e econômica.
- Instituições confiáveis dedicadas a promover a
inclusão e o intercâmbio cultural;
- Documentação e conservação do patrimônio cultural
para as futuras gerações.
Fonte: Adaptado de IFLA (2016).
A Agenda 2030 da ONU tem sido acatada pela IFLA, como também vem sendo refletida no
âmbito brasileiro, sendo transmitida a todos os profissionais e demais agentes, a contribuição da
biblioteca para uma sociedade desenvolvida economicamente, instrutivamente, culturalmente,
enfim, socialmente. No Brasil, a Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB)
destaca-se como pioneira e incentivadora dessa causa para todas as instâncias do país.
A responsabilidade da Biblioteconomia, portanto, transcende as funções técnicas e
operacionais que há muito tempo permeou a profissão. Abrem-se, nesse contexto, um debate mais
profundo e fecundo, com vistas a consolidar o campo da Biblioteconomia Social, ou seja, como
descrito por Almeida Júnior (1997), esse campo contempla as questões sociais, que vão além dos
muros das instituições.
Todavia, é preciso considerar que essa abrangência nas práticas bibliotecárias não depende,
apenas, de profissionais da documentação e informação. É preciso engajamento da classe, o que
depreende o fortalecimento das questões políticas, as quais viabilizarão maiores investimentos
públicos, construção de políticas sociais, reconhecimento profissional, fiscalização, dentre outras
ações a serem realizadas pelos bibliotecários que se inserem nos movimentos defensores dos
direitos da classe, como: movimentos associativos, entidades de classe, conselhos de classe, dentre
outras entidades que promovem o fortalecimento e a jurisdição da prática profissional.
Confirmamos, aqui, o engajamento dos bibliotecários com as causas sociais,
especificamente, no âmbito daqueles que se inserem na luta pela democracia, considerando
propósitos em comum, haja vista, condições adequadas para o desenvolvimento da Biblioteconomia
na sociedade. Acerca dos agentes envolvidos com a causa política em defesa da profissão, não se
trata de anarquismo, mas do atendimento aos ideais e princípios norteadores do Estado Democrático
de Direito, que busca gerar condições para uma sociedade mais justa e igualitária a todos os
cidadãos.
Essas lutas nascem da percepção de que determinadas situações e práticas sociais são
desrespeitosas. Quando os sujeitos percebem que as condições de autorrealização, em
alguma de suas dimensões, são-lhes cerceadas pelos atos de outros seres humanos, tendem
a sentir-se indignados e esse sentimento pode desencadear ações políticas. Isso não
significa que o desrespeito conduza necessariamente à indignação e à luta [...]
(MENDONÇA, 2012, p. 121).
�261
Na Biblioteconomia, confirmamos o quanto faz-se necessário o engajamento com as
questões políticas, de modo que a profissão esteja resguardada juridicamente, como também, sejam
direcionados recursos para manutenção das bibliotecas e apoio aos serviços bibliotecários, os quais
visam, em linhas gerais, a democratização do conhecimento, com vistas a romper desigualdades e
alcançar o desenvolvimento sustentável.
Embora o engajamento político na área da Biblioteconomia seja necessário, no Brasil, a
vivência cotidiana permite constatar uma participação ainda pouco representativa. Como discorrido
na obra de Almeida Júnior (1997), acerca da Biblioteconomia e a relação com a sociedade, os
bibliotecários não podem ser apolíticos. Ou melhor, precisam formar grupos que denunciem
injustiças e cobrem investimentos e valorização por parte das autoridades. Ademais, “nós
precisamos atingir a população carente, a população carente de informações. Não será com essa
postura apática, passiva e reacionária da biblioteca de hoje que o conseguiremos [...]” (ALMEIDA
JÚNIOR, 1997, p. 92).
Trata-se de assumir uma postura pró-ativa, interventiva, de envolvimento com a sociedade,
que transcenda os limites físicos das bibliotecas e dos acervos. Esse deve ser o perfil almejado para
o profissional deste século. Isso quer dizer, também, que não basta apenas criar bibliotecas em toda
parte. Essa ação apenas é vazia, visto que atitudes de mudança e de gestão precisam ser instituídas.
Por fim, “[...] é preciso que o bibliotecário que atuar nessas bibliotecas [...] seja consciente da sua
real função social; [...] que saiba que o seu trabalho pode e deve alterar pensamentos e
comportamentos [...]” (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 92, grifo nosso).
[...] é preciso que ele vá até a população, que ele procure o povo, que ele trabalhe com a
comunidade. Nós precisamos de uma Biblioteconomia subversiva. Nós precisamos de uma
Biblioteconomia guerrilheira, que subverta a ordem das atuais prioridades; que procure,
busque, constantemente, os interesses populares, que esteja voltada para os oprimidos
(ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 92).
A difícil tarefa social direcionada aos bibliotecários justifica a participação dos movimentos
políticos em defesa da classe. No âmbito profissional, esse movimento representa formas de
organização social, pautadas em princípios comuns, e comungados pelos membros do grupo, que
estabelecem medidas de controle e intervenções que garantam a legitimidade, autoridade, jurisdição
e reconhecimento do fazer profissional na sociedade (ABBOTT, 1988).
No Brasil, destacam-se como principais grupos inseridos na causa política (órgãos de classe)
em defesa da profissão:
FEBAB: tem a missão de defender e incentivar o desenvolvimento da profissão, cujos
objetivos principais são: congregar as entidades para tornarem-se membros e instituições
�262
filiadas; coordenar e desenvolver atividades que promovam as bibliotecas e seus
profissionais; e apoiar as atividades de seus filiados e dos profissionais associados (FEBAB,
2018);
Sistema Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e Conselhos Regionais de
Biblioteconomia (CRBs): constitui uma estrutura administrativa criada para favorecer o
planejamento e a execução de ações articuladas dirigidas à fiscalização do exercício da
profissão de bibliotecário, no Brasil (CFB, 2018);
Associações profissionais: corresponde a uma sociedade civil sem fins lucrativos, de
âmbito regional, que congrega entidades e pessoas físicas, atuantes na área da
Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CFB, 2017);
Sindicatos: têm como alguns objetivos: defender os direitos dos bibliotecários, estimulando
a sua organização; participar das negociações coletivas de trabalho, garantindo o
cumprimento dos acordos coletivos; lutar pelo fortalecimento da categoria e pela
consciência da classe; colaborar com o poder público e o setor privado na solução dos
problemas da categoria. Esses objetivos podem variar de entidade para entidade (CFB,
2017).
A união de esforços desses órgãos - considerados como grupos sociais que se inserem em
prol da causa da profissão bibliotecária – representa, conforme mencionado na teoria abbottiniana,
forças emergentes do campo profissional, cujo objetivo é demonstrar, perante a sociedade,
sobretudo diante das demais profissões, o campo de atuação profissional, evitando forças
antagônicas, que ameacem a existência da profissão (ABBOTT, 1988).
O esquema representado na figura 1 demonstra a interação desses grupos em prol de um
objeto comum: viabilizar condições para o desenvolvimento da profissão bibliotecária.
�263
Figura 1 – Representatividade dos órgãos de classe em favor da causa bibliotecária
CRBs
FEBAB
Sindicatos
Bibliotecários,
práticas
bibliotecárias e
bibliotecas
Associações
CFB
Fonte: elaborado pelo autor (2018).
No âmbito do associativismo, há controvérsias acerca da concepção política propriamente
dita, visto que, como dito por Kerstenetzky (2003, p. 132), a participação associativa, por si só, “[...]
não seja capaz de neutralizar os efeitos negativos das desigualdades socioeconômicas sobre a
igualdade política, bem como seja em si mesma uma incubadeira de discursos politicamente
abrangentes [...]”. De qualquer forma, seja como for, acreditamos que, mesmo implicitamente, esse
movimento intensifica e fortalece o compromisso profissional e, portanto, insere-se nas causas
sociais, em prol da melhoria de grupos sociais, aqui, representados pelos bibliotecários. Além disso,
a cobrança junto aos órgãos governamentais, como também, as práticas de fiscalização exercidas
pelos órgãos de classe caracteriza uma missão política dos envolvidos, que viabiliza, diretamente, a
legitimação de uma profissão, como também, indiretamente, propicia a democratização do
conhecimento e, por conseguinte, a busca pelo desenvolvimento sustentável, como proposta da
Agenda 2030 da ONU.
Com o intuito de se alcançar a democratização do conhecimento, por tratar-se de um
processo complexo, como descrito por Ramos e Rossato (2017), as instituições, profissões, agentes
políticos, representantes governamentais, dentre outros personagens e entidades precisam trabalhar
de forma conjunta, para que a sociedade viabilize a prática cidadã, alcance o desenvolvimento
sustentável e a democracia atinja seus propósitos.
Bibliotecas são espaços de informação e conhecimento que sempre estiveram ligadas à
evolução das sociedades. Logo, o fazer dos agentes envolvidos com elas precisa, também, ser
respaldado e valorizado. O novo modelo de biblioteca, aberta, acessível, livre de censura,
direcionada a todas as classes sociais é uma conquista da sociedade moderna, a qual tem como mola
propulsora dessa conquista, o sistema social democrático (BURKE, 2003).
�264
Os espaços de informação e as práticas realizadas em prol da disseminação que vise gerar
conhecimento e agregar valor aos cidadãos é um dos maiores compromissos dos agentes públicos
que se colocam a serviço da democracia. Portanto, tanto a biblioteca e os personagens a ela
relacionados precisam estar engajados com a democratização do conhecimento e exercendo a
responsabilidade social almejada pela democracia (SOUSA et al., 2014).
Assim, reforçamos o papel desempenhado pela Biblioteconomia, no processo de
democratização do conhecimento, considerando, principalmente, o envolvimento e atuação
politizada de muitos grupos de bibliotecários. Essa atuação manifesta-se como uma prática
mediadora entre as necessidades do fazer bibliotecário e o compromisso da sociedade em viabilizar
condições adequadas para o fortalecimento da área e a melhoria contínua dos produtos, serviços,
práticas e unidades informacionais. Por meio da leitura à figura 2, é possível visualizar essa relação
entre os agentes de controle social (o Estado) e engajamento dos órgãos de classe bibliotecária para
benefícios da profissão, haja vista atingir a democratização do conhecimento e, por conseguinte, o
desenvolvimento sustentável das nações.
Figura 2 – Órgãos de classe atuando junto ao Estado para fortalecimento das práticas bibliotecárias
-Poder governamental
Recursos públicos
Administração pública
Políticas públicas
Legislação
- Entidades de classe
- Conselhos de classe
- Associações
- Democratização do
conhecimento
- Serviços de informação
- Centros de documentação
- Centros de referência
- Ações culturais
- Bibliotecas públicas
- Bibliotecas especializadas
- Bibliotecas acadêmicas
- Bibliotecas escolares
-Bibliotecas itinerantes
- Desenvolvimento
sustentável
Fonte: elaborado pelo autor (2018).
Conforme reforçado por Sousa et al. (2014, p. 37), os bibliotecários, como profissionais da
informação, tem uma participação acentuada com a gestão da informação para promoção e uso do
conhecimento. Esses profissionais têm a função de “[...] contribuir para a reversão das realidades de
exclusão, e assegurar a igualdade do acesso à informação, a promoção da cidadania e do
conhecimento a todos os cidadãos”.
O compromisso social é, portanto, o que sustenta o fazer dos bibliotecários. E esse
compromisso com a sociedade perfaz pela democratização do conhecimento, para garantir a
cidadania e o desenvolvimento sustentável. Essa responsabilidade atribuída à classe e todas as
estruturas e serviços a ela pertencentes somente é alcançada com a valorização, legitimação,
�265
reconhecimento e a oferta de recursos adequados advindos do Estado. E é nesse contexto que
grupos se formam, em prol de uma atuação política para mediar essa relação do Estado e da própria
sociedade com a classe bibliotecária.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A participação do bibliotecário na democratização do conhecimento é um compromisso
muito mais abrangente do que a mera gestão de acervos informacionais. Envolve a preocupação e
responsabilidade com as causas sociais, o que demanda, além da disseminação da informação,
desenvolver mecanismos para uso do conhecimento e transformação da vida dos cidadãos,
proporcionando, portanto, o desenvolvimento da sociedade.
O movimento bibliotecário promove inúmeras práticas profissionais, sendo que, na atual
conjuntura, a partir dos princípios democráticos, são cobradas ações mais abrangentes por parte da
classe, sobretudo no que tange à eliminação das desigualdades sociais e à consolidação da
cidadania. É nesse contexto de mudanças e, ao mesmo tempo, cobranças, que precisa surgir um
comprometimento mais politizado de alguns profissionais, com maior engajamento junto aos órgãos
de classe, de modo a fortalecer a classe bibliotecária, no intuito de que possa exercer as funções que
lhe são exigidas.
O movimento político direcionado aos bibliotecários envolve a participação desses
profissionais junto aos órgãos de classe, como também, em instâncias governamentais, ocupando
cargos políticos, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, ou atuando em ministérios e
secretarias do governo, com cargos de apoio às atividades públicas. Salientamos que essa
participação é necessária, pois, é dessa forma, que a profissão estará respalda, uma vez que é
representada politicamente, sendo direcionados recursos e demais benefícios que garantam a sua
sobrevivência, desenvolvimento e cumprimento de suas responsabilidades junto à sociedade.
Ao findar este texto, espera-se que ele seja capaz de promover uma reflexão mais profunda,
com vistas a despertar o engajamento dos bibliotecários com as causas sociais. A missão do
bibliotecário precisa ser revista e reformulada, de modo que as questões sociais sejam fundidas ao
fazer técnico e operacional, tornando-se uma prática mais abrangente que viabilize a transformação
individual e social, rumo a uma sociedade mais justa, igualitária e, por fim, que resulte no
desenvolvimento sustentável das nações. Também espera-se o aumento da participação nos
movimentos políticos, visto que a omissão a essa causa tende a comprometer o desenvolvimento da
área e o cumprimento das funções bibliotecárias exigidas pela sociedade democrática.
�266
REFERÊNCIAS
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The University of Chicago Press, 1988.
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Sociedade e Biblioteconomia. São Paulo: Polis;
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BARROS, Maria Helena. Disseminação da informação: entre a teoria e a prática. Marília: [s.n.],
2003.
BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro:
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classe. 2017. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/wpcontent/uploads/2017/01/1SlideInicial.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2018.
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histórico. 2018. Disponível em: <http://www.febab.org.br/sobre/historico/>. Acesso em: 07 nov.
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FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES BIBLIOTECÁRIAS
(IFLA). As Bibliotecas podem promover a implantação da Agenda 2030. 2016. Disponível em:
<https://www.ifla.org/files/assets/hq/topics/libraries-development/documents/sdgs-insert-pt.pdf>.
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KERSTENETZKY, Celia Lessa. Sobre associativismo, desigualdades e democracia. Revista
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TEIXEIRA, Adriano Canabarro. Internet e democratização do conhecimento: repensando o
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Educação - Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2001. Disponível em:
<http://usuarios.upf.br/~teixeira/livros/Livro.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2018.
�268
CAPÍTULO XIX
VIVÊNCIAS E PRÁTICAS NO ÂMBITO DO CONSELHO REGIONAL DE
BIBLIOTECONOMIA
Álamo Chaves de Oliveira Pinheiro
1 INTRODUÇÃO
As sociedades – nas idades antiga, média e moderna – desenvolveram formas de
organização para tornar possível a vida em grupo e a coexistência de diferentes grupos. As
sociedades se organizam em torno de interesses e aspectos comuns, visando a vida e a segurança
coletiva.
Se pensarmos historicamente, podemos dizer que a primeira forma conhecida de
organização da sociedade está descrita nos livros bíblicos. O personagem Abraão possuía um filho –
Ismael – gerado pela sua criada Agar e outro filho – Isaque – gerado pela sua esposa Sara. A certa
altura, Sara exige que o patriarca expulse a criada e o filho de suas terras, uma vez que Agar a tem
destratado. Abraão diz à criada que ela deve ir embora com o filho. Eles partem dali e se
estabelecem no deserto. A história diz que Isaque deu origem ao povo hebreu ao passo que Ismael
originou as nações árabes. A passagem bíblica que relata a construção e a destruição da Torre de
Babel é outra história que nos dá conta de formas de organização social: segundo o livro de
Gênesis, a humanidade falava um único idioma em toda a Terra. Após o episódio conhecido como o
Grande Dilúvio, parte da humanidade ruma para as terras do Oriente e, ali, decidem construir uma
grande torre que tornasse possível ao homem alcançar o céu. Para evitar esse tipo de
empreendimento humano, diz a história bíblica que Deus teria descido dos céus e misturado as
vozes dos homens para que eles se confundissem e não pudessem entender uns aos outros. Dessa
forma, os homens se dispersam por todo o mundo. Embora não esteja explícito no livro bíblico,
pressupõe-se que homens que falavam uma mesma nova língua se juntaram e formaram novas
comunidades baseadas nos novos grupos linguísticos.
Esses exemplos bíblicos mostram formas macro de organização da sociedade, uma vez que
estão ligadas à origem de povos e nações. Entretanto, quanto mais uma sociedade se desenvolve,
mais ela irá dispor de formas de micro organização, uma vez que estarão ligadas aos interesses dos
indivíduos em si, dentro de um plano maior, como um povo ou uma nação. Essas formas de
�269
organização em um ambiente micro podem se constituir em razão do interesse comum de um
ajuntamento de pessoas. Por exemplo: grupos de pessoas com pensamentos políticos similares
podem formar partidos políticos. Pessoas que seguem uma mesma fé podem se agrupar numa única
religião.
Alguns grupos são formados no século XIX, no Ocidente. Entretanto, outras formas de
organização social são formadas no início do século XX no formato pelo qual são conhecidos nos
dias de hoje. Algumas dessas formas de organização são conhecidas como movimentos
associativos. A partir de 1950, assistimos a um salto nos avanços tecnológicos. É quando se inicia a
era Moderna. É também quando as formas de organização da sociedade se fortalecem e se
expandem.
No Brasil, surgem sindicatos, grêmios, associações, entre outros movimentos associativos, e
instituições que já existiam – como os partidos políticos –, que se tornam mais robustas e se
multiplicam.
2 UM BREVE HISTÓRICO
Em 1808, D. João VI chegou ao Brasil fugindo das invasões napoleônicas que ocorriam na
Europa. Em sua comitiva estava a então Real Biblioteca. Um decreto expedido em 29 de outubro de
1810 determina a fundação da Real Biblioteca no Brasil, hoje denominada Fundação Biblioteca
Nacional (FBN) e localizada no Rio de Janeiro. Atualmente, a Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a considera uma das dez maiores bibliotecas
nacionais do mundo. A FBN também detém o título de maior biblioteca nacional da América Latina
(FBN, 20--?).
Criada por Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco e conhecida como Biblioteca Central dos
Barris, a Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BPEB), inaugurada em 1811, é considerada a
primeira biblioteca pública da América Latina (IPHAN, 2013).
Em 1821, o bibliotecário Luís Joaquim dos Santos Marrocos assume o cargo de prefeito da
Real Biblioteca, no qual permanece até 1825. Em 1822, frei Antônio de Arrábida é nomeado
autoridade máxima da Biblioteca, cargo que passa a ter o nome de bibliotecário (FBN, 20--?).
Também em 1822, a Real Biblioteca passa a receber um exemplar de todas as obras, folhas
periódicas e volantes impressos na Tipografia Nacional, fato precursor do que hoje é a Lei do
Depósito Legal. A Real Biblioteca passa a se chamar Biblioteca Nacional, em 1876 (FBN, 20--?).
�270
Em 1915, dentro das instalações da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, foi criado o
primeiro Curso de Biblioteconomia no Brasil. Considerado o primeiro da América Latina e o
terceiro no mundo, o curso seguia o modelo da École de Chartres, na França, tido como o melhor
existente à época (FBN, 20--?).
Outros cursos surgiram em São Paulo, nos anos de 1929 e de 1936, ensejando a criação, em
1932, da Associação Paulista de Bibliotecários (APB), a primeira entidade de classe da área de
Biblioteconomia no Brasil.
Em 1954, acontece, em Recife (PE), o primeiro Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e
Documentação (CBBD). Alguns dos temas do evento foram “A situação atual do leitor brasileiro e
ensino profissional”, “Processos técnicos”, “Bibliotecas públicas, infantis, de escolas primárias e
especializadas” e “Bibliografias, associações bibliotecárias e legislação profissional” (FEBAB, 20-?).
Uma grande conquista para a área foi a publicação, em 1958, da Portaria n.º 162 do
Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), que garantiu que a profissão de bibliotecário
fosse regulamentada no Serviço Público Federal e, posteriormente, incluída no 19º Grupo das
Profissões Liberais.
Com sede e foro na cidade de São Paulo, surge em 26 de julho de 1959, a Federação
Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), com
a missão de “defender e incentivar o desenvolvimento da profissão e com o objetivo de congregar
as entidades para se tornarem membros, coordenar e desenvolver atividades que promovam as
bibliotecas e seus profissionais, apoiar as atividades de seus filiados e dos profissionais associados”,
entre outros (FEBAB, 20--?).
Todos esses fatores irão culminar na consolidação de uma grande conquista para os
bibliotecários brasileiros no ano de 1962, quando a aprovação da Lei n.º 4084 coroou todo o
trabalho realizado por diversas entidades desde então, ao regular, até hoje, o exercício da profissão
no Brasil e estabelecer as prerrogativas dos portadores de diploma em Biblioteconomia no país.
Também em 1962, com sede e foro no Distrito Federal, foi criado o Conselho Federal de
Biblioteconomia (CFB), com jurisdição em território nacional, nos termos da Lei n.º 4.084/62, do
Decreto n.º 56.725/65 que a regulamenta e a Lei n.º 9.674/98. O CFB é uma autarquia federal
dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa, patrimonial e
financeira, atualmente constituído por quatorze membros efetivos e três suplentes, designados pelo
título de Conselheiros Federais, todos brasileiros natos, bacharéis em Biblioteconomia, com
mandato trienal, eleitos nos termos legais e na forma prevista do regimento interno da instituição
(CFB, 2002?). Laura Garcia Moreno Russo foi a primeira presidente do CFB.
�271
O CFB tem a missão de orientar, supervisionar e disciplinar o exercício da profissão de
bibliotecário em todo o território nacional, bem como o de contribuir para o desenvolvimento da
Biblioteconomia em todo o Brasil. Além disso, o CFB exerce ações administrativo-executiva,
normativa, regulamentar, consultiva, supervisora, disciplinar e contenciosa, como instância
originária ou recursal (CFB, 2002?).
Por volta de 1990, o CFB elaborou um Projeto de Lei que alteraria a Lei n.º 4084/62. Nesse
documento, a intenção era garantir que as atividades de tratamento, registro e recuperação da
informação, independentemente do suporte, fossem executadas exclusivamente por bibliotecários.
A Lei n.º 9.674 foi promulgada em 1998 para complementar a Lei n.º 4084/62 no que tange à
normatização de denúncias e o enquadramento de pessoas não habilitadas na Lei de Contravenções
Penais, bem como o pagamento de multa em caso de descumprimento do que está previsto no texto
legal (CFB, 2002?).
No dia 6 de outubro de 2017, o CFB publicou a Resolução nº 184/2017, que dispõe sobre a
obrigatoriedade da indicação do nome e do registro profissional do bibliotecário nos documentos e
fichas catalográficas sob sua responsabilidade. De acordo com a decisão, é obrigatório citar o
número de registro no Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB), após a assinatura de qualquer
trabalho relacionado com as atividades biblioteconômicas em quaisquer empreendimentos e por
quaisquer meios. Pela Resolução, o número do registro do profissional no CRB deve constar abaixo
das fichas catalográficas de publicações de quaisquer natureza e trabalhos acadêmicos.
Atualmente, o CFB é composto por 14 CRBs que abarcam todo o território nacional. São
eles: CRB-1 (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), CRB-2 (Pará, Amapá e
Tocantins), CRB-3 (Ceará e Piauí), CRB-4 (Pernambuco e Alagoas), CRB-5 (Bahia e Sergipe),
CRB-6 (Minas Gerais e Espírito Santo), CRB-7 (Rio de Janeiro), CRB-8 (São Paulo), CRB-9
(Paraná), CRB-10 (Rio Grande do Sul), CRB-11 (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima), CRB-13
(Maranhão), CRB-14 (Santa Catarina) e CRB-15 (Paraíba e Rio Grande do Norte).
Por deliberação do CFB, em 1º de março de 2010, o CRB 12ª Região, que compreendia o
Estado do Espírito Santo, foi transformado em uma delegacia vinculada ao Conselho Regional de
Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte. Dessa forma,
os bibliotecários que residem no Espírito Santo são registrados no CRB-6, juntamente com os que
vivem em Minas Gerais.
�272
3 O CRB-6
O CRB da 6ª Região (CRB-6), criado com a publicação da Resolução CFB nº. 4 de 12 de
julho de 1966, é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público,
autonomia administrativa e financeira, cuja sigla, jurisdição e sede são designadas em resoluções
específicas do CFB.
Sua estrutura atual é composta pelas comissões permanentes e obrigatórias de: Ética
Profissional, Licitação e Tomada de Contas e Fiscalização Profissional. Também compõem a
estrutura do Conselho as comissões de: Legislação e Normas e Divulgação. Existem, ainda,
comissões temporárias para atender demandas específicas do CRB-6. Algumas dessas comissões
são: Bibliotecas Escolares, Medalha Professora Etelvina Lima, Eventos, Recursos Humanos,
Patrimônio e Eleitoral.
A diretoria do Conselho é composta pelos seguintes cargos: Presidente, Vice-presidente,
Diretor Financeiro (antigo Tesoureiro), Diretor Administrativo e Diretor Técnico (antigos Primeiro
e Segundo Secretários).
Os diretores de escolas de Biblioteconomia bem como os coordenadores de cursos de
Graduação em Biblioteconomia de Minas Gerais e do Espírito Santo e os presidentes das
associações de classe mineiras e capixabas são membros natos do Conselho, de acordo com o
disposto no Art. 21 da Lei 4.048/62.
A gestão do Conselho é composta por 15 conselheiros efetivos e quatro conselheiros
suplentes, com três anos de mandato. A eleição de uma chapa ocorre por escrutínio secreto e
maioria de votos dentre as chapas registradas no pleito. Um conselheiro pode atuar em duas gestões
seguidas, sendo vedada a participação em um terceiro mandato consecutivo.
O trabalho realizado pelos conselheiros é totalmente voluntário, não cabendo quaisquer tipos
de remuneração direta ou indireta.
A bibliotecária Annaiz Maria Pereira Vial foi a primeira presidente do CRB-6, entre 1967 e
1969. Ela foi a primeira bibliotecária registrada em Minas Gerais, sendo, portanto, a portadora do
registro profissional CRB-6/0001. Vial também foi a segunda presidente da Associação de
Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG).
O Conselho é obrigado a cumprir os requisitos previstos na Lei de Acesso à Informação
(LAI), que exige a apresentação de balancetes – os quais incluem despesas com diárias e ajuda de
custo, entre outros. As informações podem ser consultadas com mais detalhes no site:
www.crb6.org.br.
�273
O CRB-6 tem a missão de fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as
infrações à legislação vigente em sua jurisdição, que são os estados de Minas Gerais e Espírito
Santo.
3.1 A VIVÊNCIA NOS CONSELHOS REGIONAIS DE BIBLIOTECONOMIA
Em geral, a sociedade e os próprios bibliotecários possuem uma ideia equivocada do que é e
para que servem os conselhos profissionais. Não é raro encontrar quem questione a existência dos
conselhos e mesmo a sua atuação.
É importante ter em mente que a função de um conselho é: 1) registrar os profissionais aptos
a exercer a profissão, na qual se graduaram, dentro da jurisdição do conselho; 2) fiscalizar a atuação
desses profissionais; 3) supervisionar a ética profissional; 4) disciplinar a classe; e 5) julgar os
profissionais inscritos nos respectivos quadros.
Para que isso ocorra, os conselhos profissionais, enquanto autarquias federais, cobram uma
anuidade dos bibliotecários registrados em suas jurisdições. Essa anuidade é um tributo estabelecido
pelo CFB e corrigido anualmente. O objetivo da cobrança da anuidade é a sustentabilidade da
instituição. Ou seja, serve para o pagamento dos salários dos funcionários, das diversas assessorias,
aluguéis, contas em geral, materiais de insumo e de papelaria, diárias, entre outras despesas. Toda a
estrutura logística e de material humano para que as atividades dos conselhos aconteçam demandam
custos. Custos esses supridos com a cobrança da anuidade.
O critério utilizado pelo CFB para o cálculo do valor da anuidade leva em consideração a
variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total do valor arrecadado com o pagamento da
anuidade pelos profissionais inscritos, 25% é obrigatoriamente direcionada para o CFB. Esse
percentual é denominado cota-parte e todos os conselhos no Brasil estão obrigados a enviar o valor.
Os 75% restantes permanecem no conselho de origem.
É importante ressaltar que o objetivo dos conselhos é proteger a sociedade dos maus
profissionais. Por exemplo, o Conselho Regional de Medicina, por meio do registro dos bacharéis
em Medicina e da fiscalização dos médicos registrados, pode garantir que determinado profissional
está apto a exercer sua profissão. Da mesma forma, o CRB-6, ao fiscalizar bibliotecas em todo
Estado de Minas Gerais e Espírito Santo, garante à sociedade que o bibliotecário ali presente está
apto a exercer suas funções. Logo, não é função dos conselhos proteger a classe profissional. Mas,
indiretamente, isso acaba acontecendo, uma vez que se uma biblioteca não possui bibliotecário, a
�274
instituição será autuada pelos fiscais do Conselho e terá um prazo para a contratação de um
profissional. Obviamente, a instituição irá contratar um bibliotecário com suas obrigações regulares
perante o CRB-6, que somente dará baixa no processo daquela instituição mediante comprovação
da contratação de um profissional. Dessa forma, a sociedade tem a certeza de contar com
bibliotecários habilitados ao passo que os bibliotecários em geral são beneficiados, indiretamente,
pelas vagas de emprego abertas pelas fiscalizações realizadas. Isso gera um círculo que se
retroalimenta.
Para fins de esclarecimento, a função primária de proteger a classe profissional compete aos
sindicatos. São os sindicatos que, entre outras ações, promovem a defesa dos direitos dos
bibliotecários, estimulam a organização da classe, participam das negociações coletivas de trabalho,
intercedem pelo cumprimento dos acordos coletivos, agem em prol do fortalecimento da classe e
colaboram com o poder público e o setor privado para solucionar problemas da área como um todo.
Já existiu um sindicato mineiro de bibliotecários, mas, atualmente, não existe sindicato.
Diversos movimentos, nos últimos anos, se engajaram na tentativa de restabelecer um sindicato em
Minas, mas, nenhuma tentativa prosperou.
Em São Paulo, o Sindicato dos Bibliotecários, Cientistas da Informação, Historiadores,
Museólogos, Arquivistas, Documentalistas, Auxiliares de Biblioteca e de Centros de Documentação
no Estado de São Paulo (SINBIESP), criado em 22 de agosto 1985, representa legalmente os
bibliotecários atuantes no Estado. Um de seus principais objetivos é a defesa da categoria
profissional liberal, composta de profissionais autônomos, servidores públicos, trabalhadores
assalariados e aposentados. O SINBIESP oferece assessoria jurídica, atendimento a empresas,
tabelas de recomendações salariais e convênios com outras instituições.
Coletivamente, existe um pensamento equivocado no qual essa função de proteção aos
bibliotecários cabe aos conselhos profissionais. Por isso, é importante ressaltar o papel de cada
entidade.
Da mesma forma, é creditada às associações de bibliotecários a luta pela proteção da classe.
O que também é um equívoco. As funções de uma associação podem variar. Em terras mineiras,
existe a ABMG, cuja missão é
[...] congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em biblioteconomia,
ciência da informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos
associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais,
aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o
desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros
(ABMG, 2018?).
Alguns estados do Brasil, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, possuem associações
de bibliotecários fortes e representativas. A Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB) edita a
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Revista ACB, indexada no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), e livros pela Editora ACB. Além disso, realiza desde 1982, o evento
estadual “Painel Biblioteconomia em Santa Catarina”, atualmente em sua 36º edição. A ACB
também possui uma loja virtual para venda de produtos personalizados. Em Porto Alegre, a
Associação Rio-Grandense de Bibliotecários (ARB) congrega bibliotecários, bacharéis e estudantes
de Biblioteconomia, técnicos e estudantes do curso técnico em Biblioteconomia do Estado do Rio
Grande do Sul. A ARB possui uma forte comunicação institucional, que atinge, inclusive, outros
estados do país.
Esses esclarecimentos sobre as diversas entidades de classe são importantes para que a
sociedade e também os bibliotecários direcionem melhor suas demandas. É direito de qualquer
pessoa reclamar junto aos conselhos a falta de bibliotecários qualificados na biblioteca da escola em
que seus filhos estudam, por exemplo.
Lançando um olhar para as instituições públicas de educação regular de ensino básico,
fundamental, médio e/ou técnico, é possível perceber a situação crítica e alarmante das bibliotecas
dessas escolas. O que deveriam ser bibliotecas, na verdade, são depósitos desorganizados de livros,
em sua maioria livros velhos, obsoletos, em mau estado de utilização e conservação, livros didáticos
fora do período de uso, ou livros sem qualquer relação com o ensino regular. Esses espaços,
normalmente, ficam a cargo de professores com os mais variados problemas físicos, psicológicos ou
outros que impedem seu aproveitamento em sala de aula. Na maior parte dos casos encontrados
pelos bibliotecários-fiscais, não há qualquer organização do acervo das escolas públicas, não há
prestação de serviços minimamente estruturados, bem como não há políticas de uso e de
desenvolvimento do que deveria ser uma biblioteca.
Nesses casos, quando o bibliotecário-fiscal identifica a ausência de um bibliotecário na
biblioteca, a instituição é notificada e recebe um prazo para regularizar a situação. Caso a
instituição não contrate um bibliotecário para sua biblioteca, a mesma é intimada para um
julgamento, no qual o responsável pela instituição tem a oportunidade de apresentar uma defesa
para a irregularidade e, consequentemente, propor a solução do problema, ou seja, assumir um
compromisso de contratar um bibliotecário e encaminhar as provas da contratação do profissional
dentro de determinado prazo. Caso a instituição não contrate um bibliotecário, o Conselho pode
aplicar uma multa, cujo valor será decidido pelos conselheiros.
Não é raro que prefeitos ou secretários de educação e/ou cultura dos municípios fiscalizados,
ou seus advogados, compareçam ao julgamento no plenário do Conselho. A justificativa dada,
normalmente, gira em torno de um problema comum a quase totalidade das cidades brasileiras: a
inexistência do cargo de bibliotecário. Para que haja o cargo no município, é necessário que os
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vereadores criem o cargo na Lei Orgânica Municipal. No Estado, a criação do cargo é uma
incumbência dos deputados. Além disso, é necessário definir valores que entrarão no orçamento
municipal ou estadual para custear o salário dos novos profissionais a serem admitidos via concurso
público.
Obviamente, o movimento para criar um novo cargo não é algo simples. Uma solução
encontrada por prefeitos em Minas Gerais foi a contratação de profissionais terceirizados
temporariamente até que a Câmara realize todos os trâmites para abertura de concursos.
E, no tocante a concursos públicos, um problema constantemente encontrado pelos
conselhos são as diferenças salariais existente entre bibliotecários e outras profissões de nível
superior. Muitas vezes, o salário oferecido para bibliotecários é inferior ao oferecido para as outras
profissões de nível superior. Não é raro também que a exigência para que se ocupe a vaga de
bibliotecário seja possuir Ensino Médio – em detrimento do Curso de Graduação em instituição
reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e o devido registro no CRB. Nesses casos, o
Conselho encaminha para a organizadora do concurso, bem como para a prefeitura municipal, um
ofício no qual se questiona o edital publicado. Na maioria das vezes, o edital é corrigido, seja
equiparando o salário oferecido para o cargo de bibliotecário aos demais cargos de nível superior,
seja especificando a exigência de diploma em curso superior em Biblioteconomia e o registro
profissional no CRB.
Lançando um olhar para as instituições privadas de ensino básico, fundamental, médio e/ou
técnico, a situação normalmente encontrada não é menos complexa. Escolas pequenas,
especialmente as de ensino infantil, não possuem bibliotecas ou possuem a chamada “sala de
leitura”. Em geral, essas escolas particulares utilizam as mais diversas justificativas para tentar
explicar a inexistência de uma biblioteca ou a administração da “sala de leitura” por professores.
Diante da falta de instrumentos legais, o CRB se vê, muitas vezes, de mãos atadas em relação à
melhor forma de proceder para com as escolas infantis de pequeno porte.
A Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, dispõe sobre a universalização das bibliotecas
escolares nas instituições de ensino do País. É sabido que a falta de profissionais suficientes para
atender a totalidade das bibliotecas nas escolas de todo o Brasil impedirá o cumprimento dessa meta
dentro do prazo. Um Projeto de Lei, apresentado pela deputada Laura Carneiro, propôs uma nova
definição de biblioteca escolar e a criação de um Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares
(SNBE), com vistas a tentar atender a Lei nº 12.244.
Entretanto, a própria Lei nº 12.244 é utilizada por diretores ou coordenadores pedagógicos
de escolas particulares, os quais alegam que somente a partir do ano 2020 são obrigados a
constituírem uma biblioteca em suas escolas. Em julgamentos ocorridos no plenário do CRB,
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alguns proprietários de instituições privadas de ensino afirmaram que iriam fechar as bibliotecas de
suas escolas até o ano 2020. O objetivo de fechar suas bibliotecas é o de não precisar contratar
bibliotecários. Nesses casos, se, realmente, a biblioteca é fechada, não há qualquer outra ação que o
Conselho possa realizar em prol do bibliotecário. Se não tem biblioteca, não há obrigatoriedade de
bibliotecários.
A Comissão Temporária de Bibliotecas Escolares do CRB-6, por exemplo, tem realizado
intensos trabalhos de esclarecimentos e conscientização em relação às bibliotecas escolares, infantis
e juvenis. Um dos parceiros da Comissão nessa empreitada é o Grupo de Estudo em Bibliotecas
Escolares (GEBE), da Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Além de campanhas e ações pontuais, foram realizadas diversas reuniões com o Governo
do Estado de Minas Gerais e com prefeituras, com o objetivo de tratar da situação das bibliotecas
nas escolas públicas.
Uma realidade desoladora que se apresenta em bibliotecas escolares e públicas ocorre em
pequenas cidades interioranas. Os salários oferecidos em cidades muito pequenas, em geral, são
baixos, seja em instituições privadas, seja na esfera municipal. Mas, essa é uma realidade
compartilhada por profissionais de outras áreas, como professores e pedagogos. Infelizmente, não
existe solução fácil. E, por isso, muitos bibliotecários não aceitam mudar para essas cidades por um
baixo salário. Isso acarreta a falta de profissionais em grande parte do interior do Brasil. Os cursos a
distância foram pensados como uma forma de suprir essa carência de profissionais, mas, ainda
assim, não será o bastante para sanar esse problema. Num primeiro momento, o País precisa tomar a
decisão de que Educação é uma prioridade institucional e, num segundo momento, essa situação
passa por questão econômica e de planejamento.
A situação só é um pouco acalentadora em três casos: nas empresas privadas, nas
universidades públicas e nas instituições particulares de ensino superior.
Nas empresas privadas, há uma crescente necessidade de organização e tratamento de
informações. É necessário criar ferramentas e sistemas que disponibilizem informações confiáveis
de forma rápida para que os gestores possam tomar decisões. Também é importante desenvolver
formas de registrar, disseminar e compartilhar o conhecimento dos profissionais como um todo.
Além disso, vive-se uma era de digitalização. Os arquivos estão cada vez mais em formato
eletrônico e não somente físico. Para atender a essas demandas, as empresas privadas buscam
profissionais aptos a trabalhar com informações e com a gestão do conhecimento.
As universidades públicas, especialmente as federais, por serem mantidas pelo próprio
Governo, conseguem manter um plano de carreira atrativo o bastante para atrair os melhores
profissionais. O próprio tamanho dessas universidades, que muitas vezes possuem campi em
�278
diferentes cidades, culmina na criação de um grande número de postos de trabalho para suas
bibliotecas. As bibliotecas universitárias oferecem diversos serviços especializados para seus
usuários. Logo, cada bibliotecário ou grupo de bibliotecários, possui uma função bem específica. E
isso requer um número grande de profissionais. Além disso, por ser uma instituição de ensino, os
profissionais são constantemente incentivados a se qualificar o que irá impactar em melhores
salários.
As instituições particulares de ensino superior são avaliadas permanentemente pelo MEC
para fins de credenciamento e reconhecimento de cursos. Embora os instrumentos de avaliação
utilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
tenham sido aperfeiçoados, uma grande parte dos itens avaliados se relacionam com a biblioteca.
Por exemplo, o site da biblioteca precisa conter uma relação de, no mínimo, dez títulos de
periódicos virtuais, relacionados a cada um dos cursos oferecidos pela instituição. Além disso,
tópicos como bibliografias básica e complementar por unidade curricular, acervos voltados para
educação a distância (EAD) e trabalhos de conclusão de curso (TCC) também sofreram alterações.
Por isso, as instituições privadas de ensino superior demandam a figura do bibliotecário para
atender os requisitos mínimos legais. Entretanto, cabe aqui uma observação: o objetivo de uma
instituição privada é o lucro. Logo, não é possível, principalmente dada a conjuntura econômica por
que passa o País, ter uma vasta equipe para realizar e gerenciar os serviços prestados por essas
bibliotecas. Prevalece aqui o conceito de “fazer mais com menos”, ou seja, prestar o máximo de
serviços com o menor número de profissionais possíveis. Não é raro uma instituição particular de
ensino superior com várias unidades ou campi deslocar o acervo, bem como os profissionais de uma
biblioteca, para outra no período de avaliação do MEC. Infelizmente, o bibliotecário se sujeita a
esse tipo de manobra por receio de demissão. Muitas instituições chegam ao ponto de contratar
bibliotecários apenas por um pequeno período correspondente ao tempo de avaliação do MEC e, em
seguida, demite o profissional, podendo até mesmo fechar a biblioteca, após o curso ser autorizado
a funcionar. Existe também uma realidade, na qual um único bibliotecário responde pela gestão de
várias bibliotecas de uma mesma instituição, algumas vezes, em diferentes cidades.
Essas são situações de difícil controle e solução em razão da falta de denúncias. Caberia, aí,
talvez, uma ação do Sistema CFB/CRBs junto ao MEC para garantir o pleno funcionamento dessas
bibliotecas e manutenção do posto de trabalho para o bibliotecário, após a autorização dos cursos
avaliados.
Em outros tipos de instituições como empresas de tecnologia, pesquisa e comunicação,
museus, bancos, empresas de engenharia e transporte, editoras, agências de fomentos e inovação,
autarquias, fundações, entre outras similares, o campo para atuação do bibliotecário vem se
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mostrando promissor. Em geral, esses trabalhos exigem conhecimentos interdisciplinares e atuação
transversal. É importante que o bibliotecário não leve a cabo os ensinamentos muitas vezes
ideológicos ensinados nas escolas de Biblioteconomia, mas que busquem outras qualificações
complementares em áreas correlatas, de acordo com o seu gosto pessoal. Um bom início é realizar
um curso de especialização, além de participar de eventos de porte nacional, como o eDOC, o
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD), o
Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU), entre tantos outros. Os conselhos
costumam participar ativamente desses e de outros eventos, seja na divulgação, seja na organização
e realização do evento em si.
É importante ressaltar, ainda, os trabalhos de divulgação realizados pelos conselhos. O
CRB-6, normalmente, tem o maior destaque nacional nessa área. A título de exemplo, entre 2012 e
2017, durante a 16º e a 17º gestões, foi publicado um Boletim Eletrônico Informativo com cinco a
seis notícias por edição, semanalmente, o que resultou em mais de 50 boletins eletrônicos, com mais
de 250 notícias, por ano. Isso totaliza 1.500 notícias institucionais produzidas nesses seis anos de
atuação. É um volume de material inédito entre os Conselhos de Biblioteconomia. Além disso, o
CRB-6 manteve um blog institucional, no qual foram publicadas mais de 7.000 matérias,
segmentadas da seguinte forma: 3.600 notícias gerais, além daquelas publicadas no Boletim
Eletrônico semanal, mais de 400 cursos divulgados, mais de 2.200 eventos, mais de 370 vagas de
empregos anunciadas, mais de 140 dicas de publicações técnicas, mais de 130 convites para defesas
de teses e dissertações, entre outros conteúdos de interesse dos bibliotecários. Ainda na área de
divulgação e comunicação institucional, o Conselho editou e publicou a Revista CRB-6
INFORMA, com assuntos atuais, regularmente, a cada seis meses. Todas as mais de 7.000 matérias
e todas as edições da Revista podem ser consultadas em: http://blog.crb6.org.br. O CRB-6 também
está presente e mantêm intensa divulgação nas redes sociais: Facebook, Instagram, YouTube, Flickr
e Twitter. O Facebook e o Twitter contavam com dois conteúdos diários, cada um, o que resultou
em aproximadamente 1.400 publicações por ano. Isso totaliza 8.400 publicações únicas nesses seis
anos de gestão. A conta no Twitter foi descontinuada em 2018, por decisão da 18º gestão do CRB-6.
Para ressaltar a importância da Biblioteconomia, das bibliotecas e dos bibliotecários para a
sociedade como um todo, foram realizados, aproximadamente, 25 eventos como palestras,
seminários e mesas-redondas, também entre 2012 e 2017, tanto em Minas Gerais, como no Espírito
Santo. Esses eventos, em sua maioria, eram direcionados, principalmente, à classe política, a
diretores de instituições de ensino, a empresas - sobretudo as privadas - que contratam
bibliotecários, a órgãos públicos e também para estudantes de Biblioteconomia, como forma de
aproximar a academia dos conselhos. Em algumas ocasiões, os eventos foram realizados em
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parceria com outras instituições, como a associação de bibliotecários, universidades e também com
empresas privadas.
Um tema doloroso para o CRB são as denúncias por motivação ética. Embora raros, é
possível denunciar um bibliotecário por infringir a ética profissional. Todo o trâmite do processo até
a ocorrência do julgamento que irá determinar a cassação ou não do registro do profissional acusado
é longo e desgastante, uma vez que envolve a avaliação minuciosa de documentos, relatórios,
provas, além da audição de testemunhas e advogados. O CRB-6, por exemplo, tem trabalhado,
intensamente, para orientar os bibliotecários mineiros e capixabas sobre questões éticas e de
moralidade na postura profissional. Em tempos de redes sociais e de fake news, o bibliotecário,
enquanto profissional que deve zelar pela informação de qualidade, não deve se aventurar por
caminhos que levem à propagação da desinformação. Tampouco deve ser um porta-voz de discurso
que preguem o ódio, a intolerância e o desrespeito. O bibliotecário tem aí a oportunidade de ser um
agente transformador da sociedade.
É preciso esclarecer, também, a questão do técnico em Biblioteconomia. Muitos
profissionais têm o entendimento de que o técnico em Biblioteconomia pode vir a tomar o lugar dos
bibliotecários. Mas isso não procede. A legislação é bem clara ao estabelecer que a coordenação e a
administração de bibliotecas são atividades privativas do bibliotecário. Um técnico não pode
responder pela gestão de uma biblioteca. O técnico deve ser visto como um auxiliar de biblioteca
super capacitado, e não como um concorrente.
Um ponto que merece atenção é o sentimento de pertença dos bibliotecários capixabas.
Desde 2010, quando o CFB transformou o então CRB-12 numa delegacia do CRB-6, houve quem
acreditasse que o tratamento dado às questões relacionadas à fiscalização no Estado do Espírito
Santo não atendessem plenamente os anseios dos profissionais daquele Estado. Ainda hoje, é
possível encontrar bibliotecários que acreditam que os profissionais capixabas estão “alojados
dentro do CRB de Minas”. Entretanto, esse pensamento está equivocado. E o empenho demonstrado
pelo CRB-6 nas questões que envolvem o Espírito Santo corrobora isso. A bem da verdade, é
correto dizer que o CRB-6 é um conselho, cuja jurisdição são os estados do Espírito Santo e Minas
Gerais, em igualdade de condições.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei específica, que dispõem
de patrimônio próprio e realizam atividades típicas do Estado, de forma descentralizada. O CRB-6,
�281
por ser uma autarquia federal, está sujeito ao controle do Tribunal de Contas da União (TCU). É
importante ressaltar que a entidade nunca foi alvo de intervenção desde sua criação.
Os conselhos profissionais são autarquias federais e, por isso, cobram dos profissionais neles
registrados uma anuidade para custear todas as despesas necessárias para fiscalizar o exercício da
profissão na sua área de jurisdição.
Assim como os primeiros grupos humanos se formaram em torno de interesses comuns,
como ocorre nas histórias bíblicas, os bibliotecários devem se organizar em movimentos
associativos, como os grupos de trabalho, os sindicatos, as associações e os conselhos, entre outros,
para fortalecer a área.
É importante que os bibliotecários enxerguem nos seus conselhos um aliado e não um
inimigo a ser combatido. Os conselhos precisam do apoio de todos os envolvidos: sociedade e
bibliotecários. Somente assim será possível construir um país em que todos tenham acesso a
informações de qualidade e ao conhecimento humano. Somente assim a Educação será de fato um
direito assegurado para todos.
O CRB-6, em particular, conta com uma equipe de servidores excepcionais, sempre prontos
para atender leigos, estudantes de Biblioteconomia e bibliotecários prontamente e da melhor forma
possível. Gerente, assistentes de diretoria, assistentes administrativos, bibliotecários-fiscais, auxiliar
de serviços gerais, estagiários e aprendizes dão o melhor de si diariamente para que o Conselho
possa cumprir bem o seu papel. Certamente, o mesmo se aplica a todos os demais CRBs do Brasil.
É papel dos bibliotecários, em geral, buscar apoio no seu Conselho, contribuir com
sugestões e material para divulgação, denunciar infrações à ética profissional, participar das
plenárias abertas, ler os comunicados oficiais, votar nas eleições para novos conselheiros e,
obviamente, estar em dia com suas obrigações financeiras.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO DE BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG). Missão. (2018?).
Disponível em: <http://abmg.org.br/sobre-a-abmg/missao/>. Acesso em: 20 nov. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA (CFB). Bibliotecário: legislação e órgãos de
classe. Brasília: CFB, (2012?).
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS, CIENTISTAS DA
INFORMAÇÃO E INSTITUIÇÕES (FEBAB). Missão e histórico. (20--?). Disponível em:
<http://www.febab.org.br/sobre/historico/>. Acesso em: 20 nov. 2018.
�282
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL (FBN). Histórico. (20--?). Disponível em:
<https://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>. Acesso em: 20 nov. 2018.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Biblioteca
Aloísio Magalhães. (2013?) Disponível em: <https://biblioam.wordpress.com/2013/04/25/primeirabiblioteca-publica-do-brasil/>. Acesso em: 20 nov. 2018.
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CAPÍTULO XX
PARTICIPAÇÃO NO MOVIMENTO ASSOCIATIVO: ASSOCIAÇÃO DE
BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS E O SEU GRANDE DESAFIO
Andrea de Paula Brandão Martins
Aurea Regina Guimarães Tomasi
1 MOVIMENTO ASSOCIATIVO E PARTICIPAÇÃO
Os movimentos associativos são processos políticos sociais que permitem articulações
interinstitucionais, a participação e a prática associativa como uma escolha para vida política,
buscando uma identidade de classe, sentimento de pertencimento, seja geográfico, seja cultural e
profissional, aqui especificamente de bibliotecários e áreas afins, como a Arquivologia e
Museologia, no universo da Ciência da Informação. O movimento associativo pressupõe a gestão
social, articulações para interação e ações integradas, sendo de fundamental importância ter como
princípio a participação. Um dos grandes desafios, hoje, em tempos de redes sociais e
“comportamentos líquidos e/ou fugazes” continua sendo estabelecer adesão, fortalecimentos dos
laços e convergência de interesses e objetivos na construção de bens coletivos. Também constitui
um desafio superar a desmotivação, a participação incipiente por valores que buscam a necessidade
de “Sermos Juntos” em uma sociedade tão desigual e opressora. Os espaços associativos precisam
ser vistos e entendidos como espaços das possibilidades e das oportunidades, sejam culturais,
político-ideológicas, profissionais-mercadológicas, sócio-culturais e desenvolvimento de valores
que agreguem importância às profissões, às pessoas e ao papel profissional enquanto sujeito social e
coletivo que contribui para o desenvolvimento regional e do país.
Entendendo
a
importância
desses
espaços
associativos,
vislumbram-se
infinitas
possibilidades de superação das causas já há muito apontadas por diversos autores como
determinantes para até passado recente esvaziamento das associações profissionais de classe, não
sendo, contudo, uma particularidade da Biblioteconomia, sendo esse fenômeno reconhecido em
outras profissões em nível nacional e internacional.
Podemos elencar pouco interesse em
participação coletiva de classe e associações de representação de classe profissional, falta de
formação política, questões culturais, isolamento em rotinas de trabalho incompatíveis, apesar das
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tecnologias disponíveis e a prática participativa ser muito desgastante, exigindo disponibilidade de
tempo, dedicação, continuidade de estudo como rotina etc.
1.1 O SENTIDO PARA A PRÁTICA ASSOCIATIVA POR MEIO DA GESTÃO SOCIAL E DA
PARTICIPAÇÃO
Para dar sentido ao engajamento da prática associativa na perspectiva dos bibliotecários, há
que se pensar sobre a importância da gestão social como referência para se pensar as relações
advindas das práticas associativas e voluntárias, carregadas de valores e ideologias. Relações
estabelecidas entre sujeitos individuais e/ou coletivos, entre sociedade civil e Estado, permeadas
pela busca de poder, pelos ideais de construção coletiva, por espaços de atuação pública, social e
profissional, estando presente nas relações de trabalho e classe social.
Desde a década de 1990, diversos autores vêm trabalhando o desenvolvimento do conceito
de Gestão Social, que começaria nos moldes da gestão pública evoluindo para a complexidade das
relações estabelecidas no tecido social, envolvendo políticas públicas, legislação, responsabilidade
social, transformação cultural, inclusão, ou seja, na perspectiva da interdisciplinaridade,
multidisciplinaridade, transdisciplinaridade. Cada vez mais, adotada para o entendimento da
participação para o desenvolvimento local, autores como Singer (1999), Dowbor (1999), Carvalho
(1999), Fischer (2002), Tenório (2002), Maia et al. (2005), entre tantos outros defendem a gestão
social como possibilidade de estabelecer e interpretar forças que se tencionam nesse tecido das
relações complexas, levando em consideração critérios e valores culturais, propósitos da ação, foco
das ações do cenário político, poder local, local dos empreendimentos. Nesse processo, também se
questionam quais atores sociais participam direta ou indiretamente das ações, quais objetivos e
metas se quer alcançar, com que instrumentos, técnicas e recursos, quais parâmetros a nortear o
desenvolvimento em qualquer área da sociedade e do conhecimento.
A participação em movimento associativo requer compreensão e entendimento desse
universo de termos importantes que se relacionam, bem como os transversais e suas funções no
processo histórico-social, a saber alguns muito importantes: construção coletiva, práticas
democráticas, direito e cidadania, justiça, bem-estar social, ética, qualidade de vida, acesso a postos
de trabalho, equidade na distribuição de renda e inclusão social, a importância dos atores sociais
como os trabalhadores, população, organizações sociais, universidades, associações de classe, a
sociedade civil, sindicatos, indivíduos, grupos e coletividades, organizações não governamentais, e
�285
a possibilidade de alcançar um protagonismo no processo de construção democrática de qualquer
movimento na defesa de intenções e interesses, sejam compreendido de forma imediata ou não.
Quais objetivos se buscam e que se pretende alcançar? Quais ações necessárias? Qual é o
foco para tanto investimentos de tempo, dinheiro. Qual o sentido para a participação?
Compreendendo a importância do associativismo, gestão social e autogestão, das forças que se
tencionam e das necessárias para mudanças efetivas, somente, assim, a partir dessa compreensão,
encontram-se respostas para a pergunta emblemática que muitos fazem diante da possibilidade de
ingressarem para um conselho regional de classe, para um movimento sindical ou para as
associações de classe profissional e, aqui, especificamente, de bibliotecários. Geralmente,
perguntam: “O que a instituição tem para oferecer ao profissional?”.
Ora, quando ouve as histórias de bibliotecários abnegados, e se entende gestão social como
dedicação, planejamento de ações estratégicas, planos de ação, usando instrumentos adequados a
cada processo social em um contínuo permanente, marcado pela presença de várias gerações,
surgindo, aí, como bem descreve Pedro Demo (1993, p. 67), “perspectiva de processo histórico
cultural de algo permanentemente em construção, uma vez que não se faz gestão social a fim de se
alcançar desenvolvimento, inovação ou até mesmo o desenvolvimento local sem participação”. A
participação é uma “conquista para a vida”, complementando com a ideia de que ela é “a
característica de uma política social centrada nos próprios interessados, que passam a autogerir ou
gerir a satisfação de suas necessidades”. A autopromoção, autogestão no sentido de emancipação e,
ainda, a participação “[...] não pode ser entendida como uma dádiva, algo ofertado, e sim como
processo histórico, uma conquista” (DEMO, 1993, p. 18).
Superação de crises político-financeiras foi bandeira quase que permanente dos movimentos
sindicais e associativos no Brasil, também vivenciada na Associação de Bibliotecários de Minas
Gerais (ABMG), como já registrado em estudo de caso de autoria de Borges e Romanelli (2011),
que estiveram por muitos anos à frente da associação. E ainda, para Borges e Romanelli (2011, p.
1), esse afastamento e isolamento das associações e não participação podem acontecer devido aos
inúmeros problemas de gestão, pelo desinteresse da classe trabalhadora em zelar pela mesma, pela
falta de comprometimento e muitas vezes falta de ousadia por parte dos bibliotecários. Uma vez
absorvidos em suas rotinas de trabalho, como refletir ou perceber outros espaços que precisam de
sua participação? Como se comprometerem? É preciso unir a qualificação à participação na
associação. O sujeito social vai imprimir o conhecimento, o status de sua persona na imagem da
associação, com sua presença e adesão. Foi assim no início da criação da Federação Brasileira das
Associações Bibliotecárias (FEBAB), das associações no Brasil e dos cursos de Biblioteconomia; e
com a ABMG, não seria diferente.
�286
Como a associação de bibliotecários ainda por muitos, é vista como local físico a ser
desenvolvido, é preciso em face das possibilidades tecnológicas refletir sobre isso, sobre
“desenvolvimento local”, que Dawbor (1999) vai imprimir uma importância na necessidade de
conhecer o local imediato de atuação, em que esteja inserido, definindo, ainda, a informação como
algo imprescindível ao desenvolvimento social, afirmando que “pessoas desinformadas não
participam, e sem participação não há desenvolvimento”. Dessa forma, há que se considerarem
estratégias de produzir conhecimento participando, sendo um processo de aprendizagem, como bem
referido por Demo (1993).
Para os autores Dallari (1983), Bordenave (1986) e Demo (1993), a participação deve ser
entendida como conquista para a vida, parte intrínseca da gestão social, demandando em sua
natureza a gestão das articulações entre os atores sociais em função de um desenvolvimento que
pode ser local, mais imediato, como pode também ser em nível regional, nacional ou global. Tendo
em vista as contribuições dos autores aqui citados sobre gestão social, participação e
desenvolvimento local, o associativismo e as práticas associativas podem ser tratados a partir das
contribuições desses mesmos autores.
De acordo com Boschi (1986), associar-se é uma arte, requer habilidades, senso de justiça,
ações e interesses coletivos. O universo associativo brasileiro, há muito estudado, tem seus limites
pautados pela legislação, impedindo que haja expansão das ações coletivas. Ganança (2006, p. 115)
salienta que o associativismo brasileiro tem sofrido o esvaziamento de seus espaços, bem como
crises financeiras, dificultando suas gestões. Tem também sofrido influências burocráticas do
Estado, inclusive ônus de taxas e impostos. Situação que pode ser muito agravada na atual
conjuntura política no Brasil em que tramitam projetos no Congresso Brasileiro para criminalização
de manifestações de práticas associativas, movimentos sociais e sindicais, mais uma vez a
importância da não obrigatoriedade de adesão aos movimentos, evidenciando a conscientização
para a importância dos mesmos e apoio por associação livre, expressando o amadurecimento
político dos bibliotecários independentes de qualquer ideologia partidária.
Entender isso é tão importante para a consolidação e até mesmo longevidade e alcance dos
movimentos,
desempenho
dos
profissionais
engajados
no
movimento
associativo,
e
desenvolvimento das associações, que apontamos critérios que foram estabelecidos por Demo
(1993) quanto à qualidade política das associações, como representatividade, legitimidade,
participação de base e autossustentação. Contudo, Ganança (2006, p. 116) pontua que o
associativismo brasileiro é muito diversificado em sua composição, distante do que se pauta em
busca da democracia e cidadania, em decorrência do próprio processo político cultural do país, e
hoje tendendo ao retrocesso das mentalidades, com o alinhamento dos atores de ideologias de
�287
extrema direita em nível nacional e internacional que não veem, nem demonstram apoio as práticas
democráticas e defesa do Estado de Direito, causando muita apreensão, principalmente no âmbito
universitário e externo a ele. E, ainda, em termos de representatividade, legitimidade,
autossustentação e participação de base, segundo o autor Ganança (2006), fica evidente tratar-se de
um fenômeno não encontrar esses quatro critérios propostos por Demo nos diversos tipos de
associação no Brasil.
Apesar das dificuldades, as associações, no Brasil, não deixaram de existir ou de serem
criadas, tampouco de crescer (BOSCHI, 1986), mesmo que minimamente, desde a década de 1990
(GANANÇA, 2006).
Contudo, há que se tratar da gestão da participação nesses espaços
associativos, podendo pensar em habilidades para exercê-la nas associações de classe profissional,
como afirmam em seus estudos Almeida Júnior (1997), Walter (2008) e Ferreira e Pereira (2011),
como já mencionado o trabalho corpo a corpo, a promoção dos encontros chamando os
bibliotecários a vivenciar esses espaços associativos como um processo de formação em práticas
associativas, de militância, a partir da experiência propositiva e concreta.
Na perspectiva da gestão social ainda em construção, recebendo significados instituídos a
partir de modelos políticos, econômicos, culturais, a participação é inserida na perspectiva de
processo histórico. Ela se configura e reconfigura também pelo mesmo processo histórico cultural
de cada época. Para a promoção do desenvolvimento local, é a partir das relações, dos nexos que
desses conceitos se estabelecem - indissociáveis, na medida em que a gestão social tende a ser
democrática em prol da cidadania, e da inclusão social, que valores políticos, éticos e morais vão
sendo mais bem compartilhados e entendidos por aqueles que querem fazer a diferença, como nos
ensina os autores Demo (1993), Tenório (1998), Fischer (2002) e Maia (2005).
A participação na perspectiva da gestão social deve ser apreendida em seus significados de
importância numa construção individual e coletiva, vista como aprendizado, exercida e planejada
como um projeto de vida para a ação individual ou coletiva em função de um desenvolvimento
local. Esse deve ser visto como parte ou resultado da gestão social, da ação coletiva, participação
associativa interdisciplinar entendida e aprimorada, sendo vista como parte integrante ou
consequência da outra. Intrinsecamente, ligados à gestão social, participação e desenvolvimento
local devem ser tidos como processo. Não há gestão social sem participação, assim como não há
desenvolvimento local sem a possibilidade de gestão social das práticas associativas participativas,
como destacado nos estudos de Dallari (1983), Bordenave (1986), Demo (1993), Tenório (1998),
Fischer (2002) e Maia, (2005). Em linhas gerais, esses autores, pela convergência de ideias, nos
ajudam nas reflexões de entendimento de que a participação é algo a ser estabelecido como
�288
processo contínuo de aprendizado. Os sujeitos sociais devem atuar como protagonistas de suas
próprias histórias individuais e coletivas.
Em seu trabalho, Demo (1993) apresenta a participação como algo a ser vislumbrado,
conquistado e exercido, sempre visto e delineado como processo histórico.
A participação supõe compromisso, envolvimento, presença em ações por vezes arriscadas
e até temerárias. Por ser processo, não pode totalmente ser controlada. [...] é preciso encarar
o poder, a partir dele e, então, abrir os espaços de participação numa construção (DEMO,
1993, p. 20).
A partir dessa citação, a participação deve ser entendida como algo a ser construído, sendo
importante para o desenvolvimento do sujeito social e coletivo, para o mundo do trabalho, suas
relações para com a comunidade da qual faz parte e a sociedade. O autor chama a atenção para
conflitos e embates que surgem das disputas pelo poder de participação, com sentido em um
processo histórico, atentando para os canais de participação, como esses são usados e como se
desenvolvem e devem ser vistos, ou seja, instrumentos importantes para a participação. Ressalta-se,
ainda, a importância da participação na organização da sociedade civil, no caso específico dos
movimentos sociais, bem como os sindicais e associativos, trazendo a dimensão do trabalho,
estando a associação de bibliotecários inserida nesse contexto.
Na perspectiva da construção coletiva, do processo histórico sociológico, a participação em
órgãos representativos se faz cada vez mais necessária e valorizada, na medida em que seja vista
[...] a participação enquanto resultado do processo de construção social, portanto, sujeito a
fatores históricos e culturais. Nesse sentido, a participação parece manter uma relação
direta com a capacidade individual ou coletiva de interagir, cooperar, associar-se e confiar,
isto é com o chamado capital social (MARTINS, 2002, p. 52).
A participação como um processo de aprendizagem “é empenho pessoal por um aprendizado
difícil das regras e meios de se fazer, ouvir, entender e atender” (MARTINS, 2002, p. 52). O autor
demonstra não se tratar de coisa simples, sendo, muito pelo contrário, parte da complexidade da
vida. Para superação dos desafios e limitações, demandas por habilidades e técnicas para mediação
de conflitos que advirão naturalmente das tentativas e empreendimentos que se fizerem necessários,
sejam em quaisquer áreas da vida do sujeito social. União da arte da técnica da atitude
interdisciplinar (BOSCHI, 1986; MARTINS, 2013; SANTOS, 2007).
Então, no processo participativo, existem planejamento e ações estratégicas, estabelecendose relações de reciprocidade, buscando uma identidade e objetivos comuns. A participação é algo
que requer investimento, seja de tempo, estudo, gestão e planejamento. Requer que o sujeito seja
intimamente engajado no processo, enquanto Demo (1993) se atém à postura do sujeito de estar
sempre buscando algo idealizado e inacabado. Bordenave (1986, p. 16-17) vem reforçar essa idéia,
�289
enfatizando que “participar é fazer parte, tomar parte, ter parte”; enfim, a participação é vista como
“autogestão”, seja em nível individual ou coletivo.
Na esfera individual, a participação como autogestão permite inferir que sujeitos sociais
participam de algo, consciente ou inconscientemente, procurando satisfazer suas necessidades
individuais ou coletivas. Bordenave (1986, p. 16-17) reafirma a ideia de que “a participação é o
caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si
mesmo e dominar a natureza e o mundo”.
A ideia de autogestão pode ser um meio, um instrumento para se alcançar a autopromoção.
Essa ideia é defendida por Demo (1986, p. 482), quando se refere à conquista competente dentro do
processo histórico. A vida moderna se dá principalmente na área do trabalho, pela capacidade de
fazer algo, gerir a carreira profissional, ser eficiente e competente. A mesma ideia deveria ser
aplicada por todos que querem ver a democracia consolidada, os direitos sociais garantidos, o
avanço das práticas associativas, das ações coletivas. Demo preconiza que a participação tem
também objetivos, sendo eles, além da autopromoção já apresentada, “a realização da cidadania, a
implementação de regras democráticas de jogo, controle de poder, controle da burocracia, o
estabelecimento da negociação e a construção de uma cultura democrática” (DEMO, 1986, p. 475).
Na perspectiva da participação para o desenvolvimento local, Martins (2002, p. 52)
demonstra a responsabilidade de cada um em buscar, construir, lutar defendendo seu direito pela
qualidade de vida. Tudo o que envolva o fazer humano, o estar no mundo já nos torna parte
integrante de algum “sistema ou complexidade de coisas”. Relações serão estabelecidas em maior
ou menor grau, sejam de livre escolha ou não. E ainda sobre participação:
[...] sua prática envolve a satisfação de outras necessidades [...] como a interação com os
demais homens, a autoexpressão, o desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de
criar e recriar coisas e a valorização de si mesmo pelos outros (afetiva e instrumental, fazer
coisas com os outros é mais eficaz e eficiente que fazê-las sozinho) (BORDENAVE, 1986,
p. 17).
Essa ponderação do autor chama a atenção para os dias atuais, em que mesmo com avanço
das tecnologias informacionais e de comunicação ainda há forte tendência ao individualismo, sendo
preciso repensar a vida, princípios e valores que norteiam as decisões, seja na esfera individual ou
coletiva. O autor direciona seu parecer para a importância das reflexões em torno dos poderes
instituídos, ética e incertezas:
O que fazemos e outras pessoas fazem podem ter consequências profundas, de longo
alcance e de longa duração, consequências que não podemos ver diretamente nem predizer
com precisão. Entre as ações e seus efeitos existe enorme distância – tanto no tempo como
no espaço – que não podemos sondar usando nossas capacidades inatas e ordinárias de
percepção, e sendo assim dificilmente podemos medir a qualidade de nossas ações
mediante pleno inventário de seus efeitos (BAUMAN, 2006, p. 24).
�290
Tanto Bordenave (1986) quanto Bauman (2006) fazem um chamado à participação
consciente, para que o sujeito reflita sobre suas decisões, ao falar sobre incertezas e ética. Pode-se
inferir que os autores incitam à participação coletiva, à interação, para que das relações possam
surgir novas formas de atuação, outras possibilidades de escolhas. Nesse sentido, em relação à ética,
e valores principalmente na contemporaneidade, destaca-se a participação política, porque essa
passa por um conjunto de regras e valores, princípios que darão condições para que os sujeitos
sociais façam suas escolhas individuais e coletivas.
Quanto à natureza associativa do ser humano, essa é vista por Dallari (1983, p. 36) como
uma necessidade da natureza humana, dizendo que “o direito e dever de participação política são
duas faces da mesma realidade”. E, ainda, que a “participação intensa e constante de muitos é
necessária para impedir que alguns imponham uma ordem injusta, que sempre acaba sendo
prejudicial para todos”. Dessa maneira, tanto Demo, Bordenave e Dallari como Bauman defendem a
construção conjunta, mostrando a impossibilidade do avanço se não houver empenho consciente,
diversidade de atores no processo e engajamento político.
Os autores ressaltam a importância do trabalho colaborativo, interdisciplinar, intersetorial e
defendem a importância da qualidade participativa do sujeito protagonista, contribuindo para o
desenvolvimento do próprio sujeito, das organizações, setores, grupos e movimentos sociais,
políticas públicas etc.
A partir das contribuições desses autores, juntamente com as contribuições de Martins
(2002, p. 52), sobre a participação para o desenvolvimento local, fica evidente que as pessoas
precisam estar atentas ao que possuem, onde estão, como participam. E devem refletir sobre suas
capacidades e habilidades em criar redes interativas e relacionais sobre o aprendizado coletivo,
sobre como as organizações aprendem, adotando postura consciente perante os desafios a serem
enfrentados localmente, no imediato. Sobre a importância da dimensão humana e o sentido de lugar,
ele acrescenta:
[...] esta é a escala humana, que se identifica pela relação entre as pessoas, entre estas e o
seu entorno (ambiente, empresas e instituições), pautada na interdependência e na
comunidade de interesses, mas também, e principalmente, no cotidiano conflitante e
solidário vivido em comum (MARTINS, 2002, p. 54).
Estabelecidas as redes e fortalecidas as relações, a busca por soluções dos problemas
individuais e coletivos torna-se possibilidade. Experiências felizes tendem a promover o grupo cada
vez mais para a aceitação de uma nova cultura, de uma mudança de paradigma rumo ao trabalho
colaborativo, integrado, com posturas mais propositivas e assertivas. E também com oportunidades
a partir das experiências, das práticas, de adquirir habilidades superando desafios e mediando
conflitos de interesses, tendo sempre como resultado, o aprendizado coletivo.
�291
A aprendizagem coletiva e o conhecimento construído a partir da gestão social poderão
explicar comportamentos individuais e coletivos no tempo presente, refletindo no desenvolvimento
local ou não. Para entender a complexidade da vida dos tempos atuais, requer-se uma prédisposição ao trabalho intersetorial, interdisciplinar. Para tanto, implica o entendimento dos
processos, ajuda mútua, descentralização da gestão, principalmente da gestão pública. Um sujeito
interdisciplinar é exigido a todo o momento para que as coisas possam avançar no sentido do
desenvolvimento, seja ele mais imediato, local, regional ou global.
Para Santos (2007), a atitude interdisciplinar deve ser compreendida como um
posicionamento face aos outros atores envolvidos nos processos, sejam eles de construção do
conhecimento, problemas a serem enfrentados tendo em vista um processo educativo. Pensando a
participação política como aprendizado para a vida, tanto movimento quanto atitude leva a crer na
relação que se estabelece entre o sujeito social e os espaços de participação, sejam quais forem. Há
que se buscar esse conhecimento do espaço de atuação, das regras, do cotidiano das pessoas, na
interação. Assim sendo, demandando do sujeito participativo uma atitude interdisciplinar que seria
um posicionamento frente a realidade da vida, procurando conhecer seu ambiente, principalmente
em face de tomada de decisões importante para si e para o coletivo.
Em questões de militância em prol de uma reconfiguração da realidade, o sujeito
interdisciplinar requer não perder a perspectiva de processo a médio e longo prazo para se obter
resultados. Saber esperar, ser capaz de ceder, negociar, ter reciprocidade, comprometimento,
dedicação, desapego do que já não serve mais. Humildade em assumir o que não sabe, buscar ajuda,
ser solidário, ter empatia para que seja possível um diálogo aberto e franco, assertividade e buscar
fazer o melhor possível. A atitude interdisciplinar requer maturidade.
A participação mais assertiva requer domínio de certos instrumentos, como bem pontua
Demo (1993), planejamento, ações estratégias bem pensadas e articuladas. Santos (2007), sobre o
aprendizado e o trabalho interdisciplinar, contribui no sentido de demonstrar que a discussão e as
recomendações já estão há muito colocadas no sentido da gestão das próprias atitudes e também
coletivas demandando entendimento e aplicabilidade do que está posto.
Sabe-se que o acesso e uso da informação e do conhecimento é algo imprescindível para que
se promova a inclusão social, o acesso a políticas públicas, aos direitos sociais, à cidadania, sendo
esse ideal perseguido pelo bibliotecário educador. É preciso avançar em direção à militância
política, ampliando os espaços de atuação para além das organizações do “trabalho”. Dar suporte ao
desenvolvimento em várias áreas do conhecimento, com relação direta com a educação;
participando dos processos educativos é uma premissa para o desenvolvimento. Há na literatura,
estudos que reconhecem o papel socioeducacional do bibliotecário, sendo aquele que:
�292
[...] promover a competência em informação torna-se a chave ao desenvolvimento
socioeconômico sustentado e porque está diretamente ligado à inclusão social. A
incorporação e mobilização de atitudes, conhecimentos e habilidades direcionadas ao
exercício pleno da cidadania é o coração da inclusão social e da sustentabilidade. Também
inclui a aceitação das diferenças, a valorização da diversidade, o direito de pertencer e
buscar a constante melhoria de si mesmo e da sociedade. Os bibliotecários tornam-se
mediadores pedagógicos e agentes educacionais de transformação social (DUDZIAK, 2007,
p. 88).
Juntamente a essa dimensão do papel social-educacional do bibliotecário, a contribuição de
Demo (1993, p. 70) relaciona a qualidade participativa ao exercício da cidadania. Diz-se que a
“cidadania é a qualidade social de uma sociedade organizada sob a forma de direitos e deveres
majoritariamente reconhecidos”. Assim, a reflexão passa não somente pela função social e
educacional do bibliotecário, mas também pela necessidade da qualidade participativa ao exercer a
sua profissão, a sua cidadania no mundo do trabalho, com o profissional consciente de seus deveres
e defendendo os direitos sociais e coletivos.
Para compreender um pouco a participação dos bibliotecários em espaços políticos, torna-se
necessário lançar mão do conceito da gestão social da participação em órgãos de representação de
classe. Sobre o campo da gestão social, Fischer (2002) propõe tratar-se do:
[...] campo do desenvolvimento social, que se constitui como um processo, a partir de
múltiplas origens e interesses, mediados por relações de poder, de conflito e de
aprendizagem. Para a autora, o entrelaçamento das dimensões praxiológicas e
epistemológicas já acumuladas apontam uma “proposta pré-paradigmática” da gestão
social. Nesta perspectiva da gestão social estão especialmente identificados como sujeitos
os indivíduos, grupos e coletividades interessadas, mediados por redes ou por
interorganizações (FISCHER, 2002 apud MAIA, 2005, p. 10).
Sobre a participação política em órgãos de classe, especificamente a ABMG, percebe-se que
há muito ainda por compreender e fazer, repensando a contribuição individual de cada um, e dos
grupos, demandando estudos que resgatem as personalidades que fizeram a história da
Biblioteconomia e o movimento associativo em Minas Gerais. Há poucos registros sobre os
bibliotecários que se destacaram no processo histórico, embora o que não quer dizer que não tenha
havido esses sujeitos empreendedores e dedicados ao longo de seus 58 anos. Enxergar para além
das estruturas burocráticas formais, se o bibliotecário é participativo ou apenas um associado é
importante. Como ficou registrado a participação e a contribuição de cada um na construção
coletiva de classe também torna-se relevante.
No que se refere à qualidade política das associações, Demo (1993, p. 117) afirma que,
embora não seja possível um “modelo pronto” a ser seguido, ainda assim, é preciso estabelecer
critérios de avaliação. Dentro dos processos participativos e dos movimentos associativos,
definimos os quatro critérios de qualidade política de associações: “representatividade,
legitimidade, participação da base, autossustentação”.
�293
Tendo em vista o campo da gestão social apresentado por Fischer (2002) na investigação
sobre a participação dos bibliotecários na associação, os critérios são parâmetros a serem
considerados; os bibliotecários com suas demandas também precisam ser cada vez mais ouvidos
sobre a sua atuação no mercado profissional, e o que esperam dos órgãos de participação, das
associações, como veem a atuação da mesma e se, se reconhecem como parte importante, nesse
processo.
Conhecer as lideranças, seu processo de engajamento e envolvimento com a associação é
fundamental para o reconhecimento identitário da classe bibliotecária com os movimentos de
interesse, as causas mais imediatas, projetos, mobilizações para ações coletivas etc. Assim sendo, a
qualidade política dos “gestores” da associação deverá indicar a expressão da representatividade,
sendo esse o primeiro critério a ser observado (DEMO, 1993).
O segundo critério a ser obedecido é a legitimidade, em que a importância estaria na
“qualidade política do processo participativo, quando estiver fundado em estado de direito”. Será
que todos entendem e veem no seu trabalho que têm o direito a se expressarem, participarem da
associação? E os objetivos buscados pela mesma contribuem para essa valorização da imagem e o
fazer bibliotecário? Ainda, segundo Demo, “no plano de uma associação, a legitimidade se forja
com base nos estatutos que, neste sentido, seriam uma obra-prima dos membros”. O autor destaca
que ser sócio é diferente de ser membro e completa sobre o estatuto:
[...] lá se coloca de comum acordo, como alguém se torna membro da associação, como se
desliga, como se fazem os chefes e se os impugnam, quais direitos e quais deveres são de
todos, como funciona no dia-a-dia, como praticam reuniões, como se legisla e se julga, e
assim por diante (DEMO, 1993, p. 119).
Há uma crítica do autor no que se refere à atenção culturalmente dispensada apenas à
dimensão, ao aspecto burocrático da construção dos estatutos de associações, ressaltando que há
preocupação somente com a formalidade legal, não se importando em aprofundar-se no aspecto que
seria o próprio “compromisso político”. Enfatiza, ainda, que ser membro de uma associação
significaria ser “parte integrante, consciente, compromissada, o verdadeiro dono e a autêntica
origem da associação”. O membro seria o ser cidadão exercendo a cidadania participativa, “é a
cidadania organizada que funda a legitimidade de todos os processos participativos”.
Como terceiro critério, pontua o autor a participação da base. Destaca-se que “a qualidade
política de uma associação se decide nesse parâmetro, porque na mobilização organizada da base
demonstra se existe ou se é uma farsa”:
[...] o que é indispensável é a intensidade participativa, a coesão organizada e
compromissada ideologicamente, a realização conjunta de um projeto comum, sentido e
definido como comum, na vibração da identidade de propósitos, de passado e de futuro
(DEMO, 1993, p. 21).
�294
O quarto critério é o que de fato vai dizer se a associação é emancipada, resultado da
autopromoção. A autossustentação é fundamental para o cotidiano e manutenção da associação,
sua liberdade de ação. Os associados têm que apreender o sentido educativo-participativo de
pertencer e participar, sentindo-se parte da associação e que ela é sua. Demo (1993, p. 124) acredita
que “os processos participativos não resumem sua qualidade política somente na face política”. Os
associados precisam comparecer financeiramente, assumindo compromissos socioeconômicos. As
associações não podem sobreviver somente com “ideias, compromissos, ideologias, mobilizações”,
precisando saber resolver a questão dos recursos materiais. Para isso, há que se lançar mão de muito
engajamento, trabalho colaborativo, inteligência e criatividade e buscando por recursos alternativos
e por atividades produtivas que possam capitalizar a associação, como bem defendido os cursos de
capacitação e educação continuada por várias gestões que passaram pela associação.
2 A ASSOCIAÇÃO DE BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG)
2.1 IDENTIDADE PROFISSIONAL: BIBLIOTECÁRIO PARTICIPATIVO
As reflexões sobre identidade profissional impactadas pelo advento das tecnologias e o
aprimoramento contínuo das mesmas despertam sentimentos ambíguos, contraditórios. Nos
primórdios, o profissional da informação lidava diretamente com o caos informacional e
instrumentos rudimentares; hoje, continuamos mergulhados no caos exponencial e ilimitado de
informações, há tecnologia de ponta e a falsa sensação de que tudo estaria sob controle caiu por
terra; é que hoje se domina e se conhece de tudo um pouco. Essa realidade impacta a identidade
coletiva se pensarmos a aldeia global e a rapidez com que temos que responder a situações em
tempo real. Hoje, nos falta o tempo necessário para a elaboração do pensamento, das ideias e o
reconhecimento da parcela de responsabilidades sobre os processos individuais e coletivos,
principalmente os de impacto nas transformações sociais e de visão de mundo. Com tanta
tecnologia, todos nós podemos nos sentir cidadãos do mundo, mas as mudanças locais de que
realmente precisamos não acompanham a quantidade de informação que estamos expostos. As
informações são desproporcionais e como podemos de fato utilizá-las em nosso cotidiano, em nossa
vida, em nossa comunidade, representa um dos maiores desafios da atualidade; sem contar,
também, que o sofrimento hoje passa pela síndrome do pensamento acelerado.
�295
Muito se fala sobre a identidade profissional do bibliotecário, os desafios apresentados a
esses profissionais, podendo a reflexão ser conduzida com expressivos trabalhos desde a década de
1990 por Almeida Júnior (1997), Castro (2000), Souza (2002, 2004), Dudziak (2007) e Lima e
Lima (2009). Desde a virada do milênio, Castells (2000), Sturt Hall (2002) e Bauman (2005)
colaboraram com suas reflexões sobre o estar no mundo na perspectiva da construção da identidade
coletiva e impactos tecnológicos, dos desafios que todos teríamos que enfrentar, seja como sujeito
participativo ou não, de algum movimento social. Assim, toda a reflexão passa por pensarmos o
mundo conectado por redes interativas e infinitas possibilidades de encontros virtuais após a queda
do paradigma tempo e espaço, muito embora, para tal inclusão digital, é preciso haver investimento,
disposição e letramento.
Muito se escreveu sobre o esvaziamento das associações e a falta de disposição para o
encontro físico presencial, fenômeno que atinge a sociedade como um todo e a pressão para a
produção e utilização de serviços virtuais digitais de acesso remoto. Na prática profissional,
percebe-se a tendência priorizando o encontro, por meio de conferências de acesso remoto, grupos
de estudos virtuais; enfim, tudo que a tecnologia possa proporcionar e, assim sendo, o encontro
presencial fica preterido e cada vez mais a desumanização, pois o instrumento que nos expõe a
todos é o mesmo também que afasta, nos inviabiliza e nos camufla em meio a tantas possibilidades
de recursos num mundo virtual.
2.2
O DESAFIO DO CONTATO E DA PERSUASÃO: O ENCANTAMENTO PELA
ORALIDADE
A fundação da ABMG partiu do desejo de alguns bibliotecários que levaram o curso para a
Universidade Federal de Minas Gerais, que antes era ministrado pelo Instituto Nacional do Livro
(INL), sendo criada em 17 de junho de 1960. A participação no processo para a fundação da
associação teve inspiração em nível regional, internacional e localmente, sendo um desejo e
proposta de Etelvina Lima.
Naquela época, Minas Gerais contava com poucos bibliotecários, mas a união de todos foi
importante para o crescimento e transferência do curso para a UFMG. Desde os primórdios da
profissão no Brasil, grande parte dos profissionais, por várias gerações, se interessou pela carreira
pelo gosto à leitura e por questões culturais. No início, os cursos eram bem marcados pela presença
feminina e em grande maioria pelo pouco conhecimento sobre a profissão. Há registros da vasta
�296
área de atuação da entidade, sejam em instituições públicas ou privadas, em carreira técnica,
docência e pesquisa, em gestão pública, cargos políticos e carreira jurídica.
Sobre a avaliação que podemos fazer hoje do patrimônio cultural (memória) e material
(sede, ensino e infraestrutura), a associação, nos seus 58 anos de vida ininterruptos, passou por altos
e baixos, contudo, sempre marcada pela livre associação e pelo encontro de pessoas e interesses.
Cada liderança teve seu perfil diferenciado dentro do que foi possível no contexto sócio, político,
ideológico e econômico.
Contudo, o maior patrimônio da associação sempre foi os bibliotecários, as pessoas que
dedicaram parte de suas vidas para que as coisas acontecessem ao longo do tempo de sua história.
Foram tantos bibliotecários, que os registros merecem estudo histórico à parte e aqui, como já
mencionado, com nome de Etelvina Lima, fica a homenagem às gerações de bibliotecários
comprometidas com a associação, não sendo possível citar todos, neste texto, devido à relevância de
cada um, por meio de suas ações individuais e coletivas para o movimento associativo.
Em 58 anos, a associação tem sido forte e com muita credibilidade entre os bibliotecários.
Há um reconhecimento de legitimidade e representação, contudo, ainda, assim, precisa ampliar seu
alcance junto às escolas de formação, sejam públicas ou privadas, mostrando de que maneira vem
atuando e toda a sua potencialidade de desenvolvimento em que a Biblioteconomia social tem muito
o que oferecer para a cidadania, informação estratégica para a inclusão social, para o
desenvolvimento de um povo/nação, para o desenvolvimento do país. O movimento associativo tem
muito o que contribuir para essa formação, podendo complementar a formação curricular que,
muitas vezes, não permite vivenciar processos inseridos na sociedade, como proposição de projetos
de leis, informações para movimentos sociais, informação utilitária, gestão social, dentre muitos
outros.
Os registros passam pela organização e participação de importantes Congressos Brasileiros,
sendo o Biblos 2000 (CBBD), trazendo retorno financeiro e visibilidade de entidade no mundo
bibliotecário, além de tantos outros cursos, palestras, workshops, oficinas, encontros, visando a
educação continuada dos bibliotecários, arquivistas e pessoas interessadas em Biblioteconomia e
Ciência da Informação. Dessa forma, a avaliação cultural é imensurável, além de ter contribuído
com muitas oportunidades de trabalho aos associados, não só preparando-os para o mercado, como
indicando para empresas que procuravam a ABMG, como referência de empregos e prestação de
serviços demandados.
A memória viva do movimento associativo nos leva a crer que, de fato, o maior patrimônio
cultural hoje da associação, são os profissionais bibliotecários e sua oralidade; precisamos ouvir os
profissionais que sempre estiveram presentes nos trabalhos da associação. Segundo Cléa Borges,
�297
bibliotecária que sempre esteve presente junto à associação, talvez “seja a única associação de
Bibliotecários do Brasil que tem maior patrimônio imobiliário, com sede própria”, sendo essa uma
conquista muito grande, resultado da participação de abnegados profissionais, muito empenho e
gestão estratégica. Hoje, a ABMG possui três salas bem localizadas no centro de Belo Horizonte:
duas no Edifício Hotary, próximo ao Museu Inimá de Paula; e uma no circuito histórico Praça da
Liberdade, com razoável infraestrutura.
A associação tem participação de profissionais ativos e principalmente aposentados. Os
profissionais ativos atuam em gerenciamento de bibliotecas públicas e privadas, na esfera
municipal, estadual e federal, escolares, universitárias, comunitárias e de saneamento, professores
de universidade, contadores de história, profissionais liberais, empresários, bibliotecas de órgãos
públicos etc. Geralmente, há demandas para cursos preparatórios para concursos públicos,
atualizações e formação continuada. Os aposentados são pessoas que têm perfil para trabalharem
em movimento associativo, e com vasta experiência por terem sido presidente de Conselho, de
associação, superintendente em órgão público, que gostam e queiram colaborar com a classe, pois o
trabalho é voluntário, demandando disponibilidade de tempo, habilidades diversas, perfil,
compromisso com educação continuada e atuação política; os aposentados em convergência de
interesses com os ativos demandam por oportunidades de lazer, entretenimento, viagens nacionais e
internacionais para conhecer bibliotecas e museus, espaços alternativos e encontros festivos para
confraternização etc.
A associação tem recebido demandas do profissional liberal de iniciativa privada, num
mercado cada vez mais concorrido e permanência nos postos de trabalho e valorização da profissão
e salários. Merece estudos, o fenômeno da valorização dos estágios, pois, enquanto ainda em
formação acadêmica e a desproporcionalidade no ingresso ao mercado após a formação com
salários compatíveis, os profissionais saem altamente qualificados de seus cursos. Há um
movimento dormente e renitente junto à associação pela criação de um sindicato de classe ou a
evolução da associação, transformando-a em sindicato.
Paralelo a essa situação reflexiva, diante das necessidades dos profissionais de lutarem por
inserção ao mercado de trabalho garantindo os postos e melhores condições de trabalho e salários,
podemos inferir, ainda, a pouca adesão e participação dos estudantes e profissionais da área de
Ciência da Informação, sejam técnicos de nível médio, ou graduandos ainda em formação e
profissionais já inseridos no mercado de trabalho.
Há os que defendam que a identidade para a formação associativa em movimentos de classe
precisa e deve passar pela formação acadêmica também; outros já defendem que se trata de perfil,
identificação com as causas coletivas; outros acreditam nas questões políticas ideológicas para o
�298
não envolvimento, bem como a questões financeiras e, hoje, talvez, se acentue com a legislação da
não obrigatoriedade em participação financeira em entidades de classe. Contudo, refletir sobre a
natureza das instituições coletivas quando estruturam em seus estatutos “a garantia para livre
adesão” já seria um indício da maturidade política, do uso da liberdade em escolher participar,
contribuindo para as causas coletivas.
A ABMG tem conseguido estabelecer alianças, difundindo a sua missão de congregar
bibliotecários e profissionais afins. Como toda instituição, a associação tem seus altos e baixos,
contudo, ainda assim, a baixa adesão sinaliza que é preciso investimentos na interação e ações
coletivas integradas, trabalhando a visibilidade e o sentido de pertencimento sem perder de vista a
importância da interdisciplinaridade com outras áreas de conhecimento.
O reconhecimento da legitimidade de representação se percebe sim, porque a ABMG vem
atuando há 58 anos ininterruptos. A maior parte de sua vida foi uma associação forte e com muita
credibilidade entre os pares e bibliotecários.
A articulação da associação com a categoria profissional precisa ser entendida e praticada de
todas as formas possíveis, em encontros festivos, corpo a corpo, site atualizado, telefonema, emails, redes sociais diversas e cada vez mais em alta, reuniões presenciais, participação da diretoria
nos cursos, palestras, network, workshops de outros órgãos, e mediante à divulgação dos trabalhos
de consultoria, assessorias, dos profissionais atuantes no mercado de trabalho, obviamente
acompanhando a evolução tecnológica, mas visando mais confiabilidade e agilizada nas
informações que se pretende divulgar.
Precisa buscar a interação da classe e o senso de voluntariado precisa ser ampliado para os
trabalhos e filiações, aumentando a rentabilidade que permitirá investimentos em áreas estratégicas
como marketing, estruturação de cursos, contratando pessoas para melhor gestão da associação e
isso somente será possível com a colaboração e com um contingente expressivo de profissionais
bem sucedidos e abnegados.
Atualmente, com a nova gestão recentemente empossada, permitiu sentir o prenúncio de
novos tempos na associação, com um trabalho mais planejado, reflexivo, colaborativo, buscando
assertividade, engajamento político, motivando a todos a pensar e valorizar a ascensão da
Biblioteconomia social. Nesse contexto, pressupõe ações junto àqueles que estão à margem social,
os mais necessitados de informações que venham transformar suas realidades de vida com projetos
sociais, e ações inovadoras que permitam, de fato, a inclusão social e o acesso à leitura, cultura,
artes e ao sistema educacional.
Desde sua fundação, no ano de 1960, na ABMG, encontram-se, ainda, hoje, associados que
se aproximaram da mesma na década de 1970 e empenharam-se para a sua consolidação e
�299
reconhecimento. São atores em destaque, cuja própria história de vida se confunde, entrelaçando-se
com a história da associação.
Com esse espaço de interação, perseguindo-se a ideologia da importância da participação
para a identidade coletiva do bibliotecário, persiste-se em mostrar o valor social da profissão de
bibliotecário. Esse milita exaustivamente, mesmo que, inversamente, o retorno do reconhecimento
da classe, às vezes, não seja na mesma proporção. “Preservar a memória”, promovendo a
aproximação do passado com a atualidade, por meio da oralidade, estimulada pela possibilidade do
encontro entre passado e presente torna importante o espaço físico da associação e, nesse sentido,
da oralidade somada à tecnologia. Para Almeida Júnior (1997),
uma associação [...] uma entidade de classe deveria surgir da necessidade de união de
pessoas vinculadas a uma área profissional comum, com um ou mais objetivos específicos
[...] deve ser construída a partir e com as necessidades das bases – entendida como a
totalidade ou uma parcela dos profissionais da área (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 109).
A princípio, o encontro de várias gerações deveria promover ou estimular bibliotecários a
conhecer as questões atuais com olhar sobre a experiência do passado. Estimula-se o engajamento na
associação como uma oportunidade de resgatar a memória, mesmo que seja na oralidade. A história
da Biblioteconomia mineira deve ser pauta permanente da agenda da associação.
Enquanto uns querem preservar a memória, outros, em face do advento das tecnologias,
querem o rompimento com o passado ampliando fronteiras, inclusive para o acolhimento na
associação de outros profissionais, como tem sido, nos últimos anos, de acordo com o Estatuto, os
arquivistas, museólogos, todos pertencentes à área de Ciência da Informação. Além do Estatuto,
quais ações são empreendidas? Os bibliotecários, por serem os fundadores da ABMG, têm
consciência dessa relação? Os arquivistas e museólogos têm conhecimento dessa possibilidade de se
associarem? Como percebem essa realidade?
Dessa relação, ainda não totalmente estabelecida, talvez seja possível identificar o sentimento
de pertencimento que os associados tenham para com a associação, como está sendo visto, e se existe
mesmo essa aproximação entre os profissionais dos primórdios da associação com a atualidade e
quais vínculos estão de fato estabelecidos.
Adotando os critérios sobre a qualidade política da associação, pode-se inferir sobre os “reais
motivos” de interesse pela participação ou não participação dos bibliotecários, arquivistas,
museólogos e analistas de sistemas informacionais.
Quais estímulos favorecem a aproximação dos mesmos com a associação são questões que
estimulam o encontro para a reflexão em busca de respostas, e de como agregar, de fato, pessoas para
o trabalho associativo. Ações que poderão funcionar como estratégias para avançar rumo à inovação
no sentido de uma nova reconfiguração da associação de bibliotecários, detectando as possíveis
�300
necessidades de mudanças de mentalidade e comportamentais, do profissional que lida com o caos
informacional, de modo geral, em relação à associação. Parte dos motivos para participação ou não
participação possivelmente estabelece “nexus” com o que os autores citados neste texto classificaram
como critérios de qualidade política de associações. O não reconhecimento desses critérios, por parte
das instituições ou pelos associados, pode dificultar o engajamento em ações coletivas, em
movimentos de interesse da classe.
Segundo Demo, é preciso participar conscientemente, acentuando que “a maior inteligência
da participação está em mostrar-se tão necessária quanto viável”, sublinhando-se a importância de
um planejamento considerado pelo autor como um “instrumento de participação”. “Entretanto, assim
o cremos, não somente no sentido de pelo menos não estorvar processos participativos, mas
igualmente no sentido de colaborar em sua motivação” (DEMO, 1993, p. 42).
Essa citação vem mostrar que a participação está para além do discurso, requer muito trabalho
e que a sua qualidade e planejamento dependem da autocrítica, da capacidade de autoavaliação de
cada sujeito social envolvido no seu fazer. Sobre o dever de participação política, pode-se concluir e
acrescentar aos apontamentos de Demo (1993):
[...] todo indivíduo exerce alguma influência sobre o meio social em que vive e sofre
influência desse meio por mais que procure isolar-se [...] a participação não depende de se
desejar ou não, pois mesmo aqueles que não tomam qualquer atitude são utilizados pelos
grupos mais ativos, visto que o silêncio e a passividade são interpretados como sinais de
concordância com as decisões dos grupos dominantes (DALLARI, 1983, p. 34).
Ou seja, a oportunidade do encontro valoriza os registros sobre o profissional e sobre a
Biblioteconomia, passando também pela oralidade, pela oportunidade de contar e preservando a
memória, no próprio espaço físico da associação. As ações planejadas estratégicas devem permear
iniciativas nesse sentido. Mas também a não participação pode deixar lacunas que outros grupos de
pessoas mais organizados e articulados poderão ocupar espaços, desde que queiram e não
encontrando resistências, já que há o esvaziamento das associações, de modo geral. É preciso
refletir sobre essa realidade, se seria esse o destino dos sindicatos, grêmios e associações de classe
com o impacto das tecnologias.
Finalizando, a ABMG, sendo parte integrante dos movimentos associativos do Brasil,
merece estudo histórico, resgatando sua documentação arquivística, suas histórias, principalmente,
por meio da oralidade de muitos bibliotecários atuantes desde o início de sua fundação.
�301
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�304
À GUISA DE CONCLUSÕES
BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: O FUTURO EM PERSPECTIVA
Jorge Santa Anna
1 MAS AFINAL, O QUE É BIBLIOTECONOMIA SOCIAL?
A Biblioteconomia é uma área de conhecimento, porque tem suas origens em tempos
remotos da sociedade e foi se desenvolvendo, ao longo dos períodos históricos, deixando de ser um
fazer técnico para se aperfeiçoar, a partir de métodos cientificamente construídos. Trata-se, como
dizia Shera (1977), de uma construção coletiva, pautada em ações concretas existentes no dia a dia
das instituições e dos profissionais, sem perder, contudo, o aspecto humano, social e
epistemológico, com base em princípios e argumentos teóricos que possibilitam a sua evolução.
Essa área de conhecimento tem um potencial extraordinário para a sociedade, como também
permeia todas as demais áreas do saber humano, uma vez que possibilita a “limpeza”, separando, ou
melhor, organizando o conhecimento produzido e tornando-o passível de ser recuperado. Como
dizia Andrade (1976), é ela que alimpa as escolhas dos estudiosos de toda suja confusão, o que
permite o desenvolvimento das demais áreas científicas, das profissões e da sociedade, em geral.
Com base nesses argumentos, a priori, é possível constatar a dependência da sociedade e do
mundo à Biblioteconomia. Ela sempre esteve presente e acompanha o desenvolvimento
tecnológico, mesmo que se reinventando, tornando-se mais fortalecida, “de cara nova”, sobretudo a
partir da incorporação dos recursos digitais nas práticas de organização, representação e
disseminação do conhecimento.
Trazemos à discussão, nosso ilustre professor Edson Nery da Fonseca (2007), ao proferir
que o significado da palavra, talvez, possa trazer uma concepção pejorativa e que, certamente, não
consegue representar a amplitude das funções e do louvor atribuído à Biblioteconomia, aos
bibliotecários e às bibliotecas. De qualquer forma, o referido teórico salienta que enquanto
existirem
sociedades
humanas,
haverá
bibliotecas,
e
é
de
fundamental
importância
considerar/valorizar o papel da leitura, do leitor e do profissional que proporciona o acesso à
informação.
É certo que o papel inestimável da biblioteca sempre existiu, mas, ao contrário do que
muitos, erroneamente, pensam, é a partir das últimas décadas, em face do crescimento dos
�305
movimentos sociais e dos princípios básicos que regem as sociedades democráticas que as
bibliotecas acabaram se fortalecendo. A tecnologia não inibe a atuação bibliotecária e o poder das
bibliotecas, nem, tampouco de outras instituições de informação e educação. É como salienta Lévy
(1999), é um novo tempo, em que as pessoas interagem de outra forma, por meio dos recursos
digitais, consolidando uma cultura interativa, uma sociedade integrada.
E, é nesse novo tempo, que o poder hegemônico e opressor que, durante séculos, conduziu a
sociedade, torna-se cada vez mais vulnerável, estimulando o desejo de uma sociedade libertadora,
em que os direitos humanos e democráticos ganham destaque, logo, a educação (FREIRE, 1996),
em conjunto com a informação (McGARRY, 1999), tornam-se os recursos mais almejados,
necessários para inibir as desigualdades e garantir o estabelecimento de sistemas sociais menos
opressores e mais pacíficos e libertadores.
A valorização atribuída à informação e à educação, como discorrido pelos teóricos citados,
estimula o desenvolvimento de uma nova sociedade, portanto, de uma nova Biblioteconomia, em
que velhos paradigmas passam a caminhar em paralelo com outros paradigmas. Observa-se a
transformação de uma biblioteca que tem como atividade básica a custódia, para uma unidade de
informação que prioriza o acesso e, mais recentemente, o uso para fins de desenvolvimento humano
e social.
Nessa discussão, é bem-vindo o discurso de Capurro (2003), acerca dos paradigmas que
sustentam a Ciência da Informação, e as proximidades dessa ciência com a Biblioteconomia
permitem garantir, ainda mais, o fortalecimento dessa última, como uma técnica, uma disciplina,
uma ciência, uma área de conhecimento essencial para a sociedade do futuro.
Capurro (2003) considera como principais paradigmas, o físico, o cognitivo e o social. O
primeiro diz respeito aos registros gráficos em que a informação se utiliza para ganhar forma, se
materializar. Nesse aspecto, associemos tal paradigma à formação dos acervos, atividade tradicional
das bibliotecas; o paradigma cognitivo é aquele em que a informação se dinamiza em fluxos e pode
ser recuperada por diferentes usuários, considerando as necessidades de cada um. Assim, os fazeres
bibliotecários que viabilizam o atendimento ao usuário, as estratégias de disseminação e
recuperação da informação podem ser um exemplo da ocorrência desse paradigma; por fim, o
paradigma social é aquele que se relaciona ao uso; ele vai além da materialidade da informação, na
forma documental, e alcança instâncias mais elevadas, em que os usuários agregam valor à
informação, à medida que fazem uso dela em seus contextos de vida. O paradigma social, portanto,
pode ser assimilado às tentativas das bibliotecas em elevar os serviços para além das instituições, de
modo a preocupar-se, não apenas, com a custódia e o acesso, mas o uso da informação, tendo uma
aplicabilidade prática e útil na vida dos indivíduos.
�306
No âmago da Biblioteconomia contemporânea, acreditamos que os paradigmas da Ciência
da Informação são incorporados à Biblioteconomia, não sendo eles excludentes, mas caminham
juntos, formando um conjunto que acaba por caracterizar uma área cada vez mais fortalecida e
diversificada. A Biblioteconomia não é a ciência da custódia, do acesso e nem, tão somente, do uso,
mas, podemos dizer, que, nos tempos atuais, ela contempla esses três aspectos, sendo, portanto, uma
ciência mista, uma ciência híbrida, e, por assim dizer, os profissionais e as unidades de informação
recebem essa mesma pluralidade de funções, sustentados por um paradigma híbrido.
É a partir do desenvolvimento das sociedades democráticas, em favor do exercício da
cidadania, resultado alcançado, sobremaneira, a partir das revoluções do século XIX e XX, tais
como Industrial, Francesa e Tecnológica (BELL, 1974) que assistimos, hoje, uma sociedade em que
somente sobrevive quem se adapta. Com efeito, para essa adaptação, é preciso conjugar o misto de
paradigmas, de modo a atender as diferentes necessidades e anseios da sociedade. No caso da
Biblioteconomia, uma ciência híbrida, que utiliza dos fundamentos teóricos da Ciência da
Informação e da Epistemologia Social (SHERA, 1977), entendemos que seja necessário comungar
dos aspectos físicos, cognitivos e sociais (figura 1).
Figura 1 - Conjugação dos paradigmas físico, cognitivo e social para uma ciência híbrida
FÍSICO:
COGNITIVO:
Acervos
Serviços
informacionais
informacionais
SOCIAL:
Questões e práticas
sociais
BIBLIOTECONOMIA CONTEMPORÂNEA:
bibliotecas e bibliotecários na sociedade
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
A Biblioteconomia na atual sociedade se apresenta como uma ciência e profissão mista,
plural ou híbrida, em que são conjugados os três principais paradigmas discorridos no âmbito dos
estudos da Ciência da Informação, como defendido na tese de Capurro (2003). Embora essa seja a
realidade, não há como negar as fortes tendências do ambiente tecnológico e a preocupação
premente dos Estados Democráticos com as causas sociais. Por isso, reforçamos os argumentos
propostos por Shera (1977), acerca do fortalecimento de uma área que tem seu espaço de ocupação,
tão somente, para o benefício da sociedade. Logo, nota-se a prevalência de um dos principais
campos inerentes à Biblioteconomia, a Biblioteconomia Social.
�307
A Biblioteconomia Social é a disciplina que se ocupa com as questões que não se limitam ao
ambiente da biblioteca. Podemos dizer que esse campo aproxima, cada vez mais a biblioteca da
sociedade, de modo que os serviços criados, tradicionalmente, para serem oferecidos em uma
unidade, passam a ser oferecidos em outras instâncias e contextos muito além dos muros das
instituições, como ensinado por Almeida Júnior (1997).
A Biblioteconomia Social tem como objetivo as causas, os problemas, as necessidades, as
tendências da sociedade. Ela se manifesta em contextos desinstitucionalizados, ou seja, não se
prende a um único espaço formal institucionalizado, mas torna-se autônoma, capaz de aproveitar
outras possibilidades a serem oferecidas fora do ambiente institucional (LANCASTER, 1983).
As questões e práticas sociais passam a ser o foco dos produtos e serviços bibliotecários.
Eles convergem os espaços sociais em suas múltiplas facetas, por meio de uma biblioteca pública,
democrática e de qualidade, que preza pela cidadania, pelos direitos humanos, pela igualdade social,
pelo respeito às diferenças, que adentra-se à cultura da nação e que conduz os projetos, políticas e
demais ações no âmbito político (ALMEIDA JÚNIOR, 1997).
Colocar-se a serviço das causas sociais tem sido uma das principais preocupações dos
Estados Democráticos. A agenda governamental, seja em âmbito de Brasil ou internacionalmente,
cada vez mais, tem como base a garantia de direitos e deveres, uma luta conjunta das nações em
prol da erradicação da pobreza e fortalecimento da igualdade. Essa tendência vem se aproximando,
também, da Biblioteconomia, sobretudo dos órgãos de classe. A Agenda 2030 da Organização das
Nações Unidas, em conjunto com outras ações que prezam pelo desenvolvimento sustentável das
nações, é a comprovação desse empreendimento por parte da classe bibliotecária.
Portanto, embora tenhamos como base os três paradigmas da Ciência da Informação
(CAPURRO, 2003), cabe afirmar que um desses se sobressai, ou seja, temos um paradigma
emergente (SANTOS, 2000), que é o paradigma social. Por conseguinte, a Biblioteconomia Social é
um campo emergente no decorrer das próximas décadas do século XXI. Além disso, há de se
considerar que o paradigma social é mais abrangente, logo, os demais paradigmas inserem-se ao
paradigma social, visto que os acervos e os serviços informacionais, conforme as necessidades dos
usuários, são elementos do ambiente social.
Em síntese, a Biblioteconomia Social é a disciplina que adentra-se às causas sociais,
considerando como causas sociais todos os elementos do ambiente social e todas as ocorrências da
sociedade. Dentre essas causas, destacam-se, principalmente, os serviços oferecidos que garantam a
consolidação dos princípios democráticos e dos direitos humanos, em busca de uma sociedade mais
justa e igualitária. Portanto, nesse aspecto, a Biblioteconomia Social perpassa diferentes contextos,
em que presenciam-se casos de desigualdades e/ou vulnerabilidades, injustiças, explorações,
�308
conflitos, situações de preconceitos, desrespeitos, ambientes propícios a sentimentos de angústias,
aflição, dentre outras muitas situações em que, por meio do acesso à informação, de alguma forma,
os problemas existentes nesses contextos possam ser solucionados ou minimizados.
Os bibliotecários que comungam da Biblioteconomia Social são aqueles que investem cada
vez mais nas causas sociais, seja por meio da elaboração de projetos que levem informação, cultura,
entretimento e educação a todos os cidadãos, sem qualquer tipo de limitação temporal ou espacial,
como também, sem qualquer tipo de discriminação, respeitando as peculiaridades de cada ser
humano. E essas atividades passam a ser oferecidas em ambientes que extravasam as paredes das
bibliotecas. Ou seja, a Biblioteconomia Social tem uma forte tendência de ir além, de ir ao encontro
dos usuários, de se fazer presente nos espaços sociais, ampliando os horizontes da unidade de
informação.
2 O QUE SE ESPERA DA BIBLIOTECONOMIA NO SÉCULO XXI?
A Biblioteconomia Social é a grande aposta para o século XXI, visto que contempla ou
abarca os demais paradigmas existentes nas unidades de informação da contemporaneidade. Formar
acervos, gerenciar serviços de acesso e garantir o uso desses serviços para fins de disseminação da
informação é a função central (ou deveria ser) de qualquer biblioteca. Portanto, a biblioteca é feita
pela e para a sociedade, devendo se tornar um ambiente cada vez mais democrático, dinâmico,
híbrido e inovador.
Está comprovada a contribuição da informação e da educação para o desenvolvimento da
sociedade. Também estão cada vez mais percebíveis, os esforços das nações em prol da construção
de sociedades mais democráticas e igualitárias, com base na cidadania. Diante dessa necessidade
social, ou melhor, dessa tendência da sociedade contemporânea, presumimos que a Biblioteconomia
Social tende a se fortalecer a cada dia.
Para que esse fortalecimento ocorra, é preciso a união de esforços de todos os envolvidos
com a área, seja os profissionais inseridos em qualquer modalidade de biblioteca, ou atuante em
qualquer tipo de serviço de informação; seja de docentes e pesquisadores; seja de estudantes ou
órgãos de classe, dentre outros agentes. A questão não é achar culpados para os problemas que
permeiam o fortalecimento da área, mas sim, cada um assumir o seu compromisso, em contribuir
para garantir o reconhecimento e valorização por parte da sociedade. Acreditamos que é por meio
do reconhecimento, que o fortalecimento se consolidará.
�309
Além do compromisso em expandir os serviços biblioteconômicos, em mostrar o potencial
da Biblioteconomia, compromisso esse dos envolvidos com a área, é preciso, por outro lado,
despertar a valorização por parte da sociedade, sobretudo dos gestores públicos, haja vista conceder
políticas públicas que garantam o desenvolvimento das bibliotecas e dos serviços informacionais.
Assim, conforme a figura 2, por meio do engajamento por parte dos envolvidos com a área e do
reconhecimento/valorização por parte da sociedade, a Biblioteconomia Social tende a ser
fortalecida.
Figura 2 - Fortalecimento da Biblioteconomia Social: engajamento + valorização
ENGAJAMENTO PROFISSIONAL
Agentes envolvidos com a área
FORTALECIMENTO
BIBLIOTECONOMIA SOCIAL
VALORIZAÇÃO/RECONHECIMENTO
Agentes sociais (empregadores,
gestores públicos etc.)
Melhorias à sociedade
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Conforme esquematizado na figura 2, é possível presumir um futuro esperançoso para a
Biblioteconomia Social. O futuro que se espera, e que, certamente, toda a sociedade quer e precisa,
é um futuro em que a informação - oferecida por meio dos serviços bibliotecários - tenha cada vez
mais utilidade prática na sociedade, e que esses serviços sejam realizados, principalmente, em
contextos onde as pessoas mais precisam.
Para que isso ocorra é preciso atender duas exigências: 1 - que os bibliotecários continuem
extravasando os muros das bibliotecas ao elaborarem serviços que vão além das instituições e que
lutem para demonstrar as potencialidades da área; 2 – que a sociedade, representada por
empregadores e gestores públicos - possa reconhecer o potencial desses serviços e criem/gerenciem
políticas que envolvam os profissionais e que utilizem dos serviços bibliotecários para
desenvolvimento das organizações e, por conseguinte, para o desenvolvimento da própria
sociedade.
No que se refere ao reconhecimento do potencial da Biblioteconomia Social para o futuro, é
esperada a participação cada vez mais intensa do poder privado e, especificamente, do poder
público. Assim, é preciso a oferta de recursos, infraestrutura e condições de trabalho adequadas para
os profissionais. É preciso diversificar os ambientes de atuação, permitindo que os profissionais
sejam inseridos nas diferentes secretarias e órgãos, atuando além das unidades. É preciso envolvê-
�310
los em equipes multiprofissionais, haja vista contribuírem com sugestões inovadoras, garantindo
melhoria contínua ao que é oferecido à população. Enfim, é preciso conhecer melhor e dar o devido
reconhecimento e oportunidade, para que o desejo de uma sociedade mais justa e igualitária possa
ser alcançado.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Biblioteconomia e Sociedade. São Paulo: Polis,
1997.
ANDRADE, Mario. Os filhos da Candinha. São Paulo: Martins, 1976.
BELL, Daniel. O Advento da Sociedade Pós-Industrial. São Paulo: Cultrix, 1974.
CAPURRO, Rafael. Epistemologia e ciência da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO - ENANCIB, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais...
Belo Horizonte: UFMG, 2003.
FONSECA, Edson Nery da. Introdução à Biblioteconomia. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos,
2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 1996.
LANCASTER, Frederic. A biblioteconomia futura: preparando para uma carreira nãoconvencional. Wilson Library Bulletin, p. 747-753, maio 1983.
LÉVY, Pierre. Cibercultrua. São Paulo: Editora 34, 1999.
MCGARRY, Kevin. O contexto dinâmico da informação: uma análise introdutória. Brasília:
Briquet de Lemos, 1999.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: Contra o desperdício da
experiência. São Paulo: Cortez, 2000.
SHERA, Jesse. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ciência da Informação,
Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977.
�311
EQUIPE
ELABORADORA
DADOS
BIOGRÁFICOS
�312
DADOS BIOGRÁFICOS
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte: Professora Associada do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Minas Gerais.
E-mail: <bogliolo@eci.ufmg.br>.
Álamo
Chaves
de
Oliveira
Pinheiro:
Bibliotecáriodocumentalista da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Especialista em Gestão de Pessoas pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Bacharel em
Biblioteconomia pela UFMG. Cursou disciplinas do Mestrado em
Ciência da Informação e do Mestrado em Gestão e Organização
do Conhecimento da UFMG. Foi Diretor de Informações
Estratégicas da empresa Praxis Softwares Gerenciais. Foi Vicepresidente e Tesoureiro do Conselho Regional de Biblioteconomia
6º Região (CRB-6).
E-mail: <o.arietino@yahoo.com.br>.
Alessandra Soraya Gino Lima: Graduada em Biblioteconomia
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós–
Graduação em Biblioteconomia e gestão. Atualmente, é diretora
da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, onde atua no
gerenciamento da organização de acervos bibliográficos,
promoção de atividades culturais de incentivo ao livro e à leitura,
na disseminação da informação e na preservação do patrimônio
bibliográfico relativo a Minas Gerais.
E-mail: <alessandragino@yahoo.com.br>.
Ana Carolina Silva da Cunha: Bibliotecária. Graduada pela
Universidade Federal do Espírito Santo (2018).
E-mail: <anacarolinacunha2003@yahoo.com.br>.
�313
Ana Karisse Valença Silva Azevedo: Graduada pelo Curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal de Alagoas (2018). Foi
pesquisadora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (PIBIC/CNPq) no Projeto "As relações étnico-raciais na
organização do conhecimento: uma análise no sistema de
Classificação Decimal de Dewey” e monitora da disciplina de
"Representação Temática 1" do Curso de Biblioteconomia.
E-mail: <karisseazevedo@gmail.com>.
Andrea de Paula Brandão Martins: Mestrado Profissional pelo
Centro Universitário UNA BH em Gestão Social Educação e
Desenvolvimento
Local
(2013).
Especialização
em
Gestão
Estratégica da Informação pela Escola de Ciência da Informação
(ECI), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2005).
Graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas
Gerais (1998). Bibliotecária documentalista lotada na Universidade
Federal de Minas Gerais – Sistema de Biblioteca Universitária da
Faculdade de Direito.
E-mail: <dedehbrandao@hotmail.com>.
Andreza Gonçalves Barbosa: Bacharela em Biblioteconomia pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre e Doutoranda
em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação ( PPGCI) da Escola de Ciência da Informação
(ECI), na UFMG .
E-mail: <goncalvesandreza@hotmail.com>.
Aurea Regina Guimarães Tomasi: Graduação em Ciências Sociais
pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - Universidade
Federal de Minas Gerais (1979); Pós-Graduação em Ciências Sociais
Aplicadas à Educação - Faculdade de Educação da UFMG (1982);
Mestrado em Ciências da Educação - Université René Descartes ParisV Sorbonne (1994) e Doutorado em Ciências da Educação Université René Descartes Paris, V Sorbonne (2005).
E-mail: <aureagt@gmail.com>.
�314
Claudialyne da Silva Araújo: Doutoranda e Mestra em Ciência da
Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB).
Docente do curso de Arquivologia da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB). Graduada em Biblioteconomia pela Universidade
Federal da Paraíba.
E-mail: <claudialynearaujo@gmail.com>.
Claudia Barbosa dos Santos de Souza: Bacharel em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (Unirio). Arquivista, graduada pela Universidade Federal
Fluminense (UFF). Pós-Graduação em MBA Gestão Empresarial e
Sistemas de Informação pela UFF. Atuou como estagiária de
Biblioteconomia: Sesc Departamento Nacional: 03/2017 a 11/2018;
Biblioteca da Alerj: Outubro/2016 a Fevereiro/2017; Biblioteca
jurídica da PGM-RJ: junho a setembro/2016; Biblioteca Central da
Unrio em 2016. Atuou como arquivista, Coordenadora de
Documentação em empresas privadas de médio e grande porte. –
Período:2008 a 2016.
E-mail: <claudia.bs.souza@gmail.com>.
Daniela Spudeit: Professora no curso de Graduação em
Biblioteconomia e no Programa de Pós-Graduação de Gestão da
Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
É doutoranda e possui Mestrado em Ciência da Informação pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em
Gestão de Unidades de Informação e em Didática do Ensino
Superior. Possui bacharelado em Biblioteconomia e licenciatura em
Pedagogia.
E-mail: <danielaspudeit@gmail.com>.
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva: Doutorando pelo Programa
de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento da
Universidade Federal de Minas Gerais (PPGGOC-UFMG). Mestre em
Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência
da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB).
Graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba.
Membro do Grupo de Pesquisa Informação, Aprendizagem e
Conhecimento (GIACO) do Conselho Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento (CNPq).
E-mail: <biblioebfs@yahoo.com.br>.
�315
Elaine
Meneguci
Gregório:
Bibliotecária,
graduada
pela
Universidade Federal do Espírito Santo (2013). Atuou como estagiária
em unidades de informação e documentação como: recursos humanos
e arquivo do Instituto Federal do Espírito Santo; Biblioteca
universitária - período junho de 2012 a agosto de 2015. Atua em
empresa de Comunicação na área de arquivo e catalogação e
descrição de imagens. Trabalha em consultoria de arquivo jurídico.
E-mail: <ellaine.grego@gmail.com>.
Eni Maria de Souza Pinto Zanetti: Graduada em Biblioteconomia
e Administração. Mestre em Engenharia de Produção. Atuante no
ramo educacional. Compõe o editorial da Revista Atalaia. Professora
e Coordenadora de Curso Técnico, Membro da CPA e Bibliotecária da
Faculdade Castelo Branco.
E-mail: <e.zanetti@oi.com.br>.
Edivanio Duarte de Souza: Doutor em Ciências da Informação
pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011). Mestre em
Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (2004).
Graduado em Direito pela Faculdade Estácio de Alagoas (2014) e
em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba (1999).
Professor do Curso de Biblioteconomia e do Programa de PósGraduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de
Alagoas, atuando na linha de pesquisa “Produção, Mediação e
Gestão da Informação".
E-mail: <edivanioduarte@gmail.com>.
Flávia Ferreira Abreu: Possui Graduação em Biblioteconomia pela
Universidade Federal de Minas Gerais (2010). Atualmente, é
mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação/UFMG. Tem experiência na área de Ciência da
Informação, com ênfase em Gestão da Informação, atuando
principalmente nos seguintes temas: leituras compartilhadas,
biblioteca itinerantes, mediação de leituras e em gestão de sistema
da informação.
E-mail: <flaviaabreu2911@gmail.com>.
�316
Gildete Santos Veloso: Graduada em Biblioteconomia pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É servidora da
Secretaria de Estado da Cultura (SEC), desde 1996, onde já
exerceu as funções de coordenadora do Setor Braille e
coordenadora do Serviço de Caixa Estante. Desde agosto de 2011,
ocupa o cargo de Diretora de Extensão e Ação Regionalizada
(DEAR) na Superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento
Literário (SUBSL).
E-mail: <dear.sub@cultura.mg.gov.br>.
Gleice Pereira: Doutora em Ciências da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Tecnologia
Educacional pela Universidad de Salamanca (1993). Especialista em
Documentação e Informação pela Universidade Federal do Espírito
Santo (1990) e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade
Federal do Espírito Santo (1989). Atualmente, é professora
assistente do Departamento de Biblioteconomia da Universidade
Federal do Espírito Santo.
E-mail: <gleicepereira@gmail.com>.
Helba
Aparecida
Borges:
Bibliotecária,
graduada
pela
Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiências nas
áreas de Bibliotecas Públicas e Escolares, com participação em
projetos sociais.
E-mail: <helba@yahoo.com.br>.
E-mail: paularenatamariano@gmail.com
Igor de Souza Bento: Bibliotecário, graduado pela Universidade
Federal do Espírito Santo (2018).
E-mail: <igorsouzabento@gmail.com>.
�Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia. Atua no ramo
da prestação de serviços informacionais, ministrando aulas de
Metodologia
Científica,
Normalização
Bibliográfica
e
Estruturação/Revisão de textos acadêmico-científicos, além de
orientações e consultorias diversas na área da Ciência da
Informação e Pesquisa e Estudos Acadêmicos. É membro do
comitê editorial e assessor do Periódico Pró-Discente, do Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES).
E-mail: <professorjorgeufes@gmail.com>.
Karla Karinne Alcoforado Pinho Costa: Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Especialista em Gestão de Bibliotecas Escolares pela Faculdade
Católica de Fortaleza/Acesso Educacional. Atualmente, atua como
Bibliotecária do Colégio Ari de Sá Cavalcante em Fortaleza.
E-mail: <karlakarinne@aridesa.com.br>.
Laiana Ferreira de Sousa: Graduada em Biblioteconomia pela
Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda em Ciência da
Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestra
em Ciência da Informação pela UFPB. Especialista em Educação à
Distância pela UFC. Especialista em Teorias da Comunicação e
Imagem pela UFC. Atualmente, atua como Supervisora Pedagógica
e de Monitoramento e Avaliação do Núcleo de Tecnologias e
Educação a Distância em Saúde da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará (NUTEDS/FAMED/UFC). Professora
de Pós-Graduação nas áreas de Gestão Estratégica e Unidades de
Informação e Gestão em Bibliotecas Públicas e Escolares.
E-mail: <laiana_ffsousa@hotmail.com>.
Maria Aparecida de Mesquita Calmon: Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). Pós-Graduação em Biblioteca Escolar. Graduanda em
Arquivologia pela UFES.
E-mail: <macalmom@hotmail.com>.
317
�318
Maria de Lourdes Franklin Maia: Bibliotecária, graduada pela
Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiências nas áreas
de Bibliotecas Públicas e Escolares, com participação em projetos
sociais.
E-mail: <lourdesfranklim@gmail.com>.
E-mail: paularenatamariano@gmail.com
Maria do Socorro Soares Rodrigues: Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Especialista em Gestão de Bibliotecas Públicas e Escolares pela
Universidade
Católica
de
Fortaleza/Acesso
Educacional.
Atualmente, é Bibliotecária da Universidade Estadual do Ceará –
Centro de Humanidades – Campus Fátima.
E-mail: <msoares425@gmail.com>.
Maria Elizabeth de Oliveira Costa: Bibliotecária do Sistema de
Bibliotecas da Universidade Federal de Minas Geria (UFMG). Possui
Mestrado em Tecnologia e Gestão em Educação a Distância pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do
Conhecimento, na Escola de Ciência da Informação da UFMG.
Presidente da Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais.
Exerceu o cargo de diretora do Sistema de Bibliotecas da UFMG, no
período 2006-2013. Atua principalmente em áreas temáticas que
abrangem as seguintes questões: Bibliotecas Universitárias Gestão de Pessoas, Gestão em Unidade de Informação, Biblioteca
Digital, Competência Informacional, Extensão Universitária e
Ensino a Distância.
E-mail: <mabethcosta@gmail.com>.
Paula Renata Mariano: Bacharel em Biblioteconomia pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em
Gestão Pública e em Gestão de Projetos Sociais. Atua há 14 anos
em biblioteca pública, elaborando e coordenando projetos
culturais, sociais e de inclusão, através do incentivo à leitura,
promovendo a democratização do acesso à informação.
E-mail: <paularenatamariano@gmail.com>.
E-mail: paularenatamariano@gmail.com
�319
Rafael Ribeiro Rocha: Aluno do 4º período do curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Possui Graduação em Comunicação Social – Habilitação
em Jornalismo pelo Centro Universitário Estácio de Sá de Belo
Horizonte (2012). Trabalhou como estagiário na Biblioteca do
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais –
Campus I. Atualmente, exerce o cargo de estagiário na
Gerência-Geral de Documentação e Informação (GDI) da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
E-mail: <ribrocc18@gmail.com>.
Sara Suyane de Sousa Rodrigues: Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Graduanda em Letras Português pela UFC/Universidade Aberta
do Brasil (UAB). Especialista em Gestão de Bibliotecas Públicas
e Escolares pela Faculdade Católica de Fortaleza/Acesso
Educacional. Atualmente, atua como bibliotecária escolar no
Colégio Santo Inácio em Fortaleza.
E-mail: <sarasuyane.00@gmail.com>.
Suelen de Oliveira Campos: Arquivista/Bibliotecária.
Complementação Pedagógica em História. Especialista em
Gerenciamento de Projetos/ História e Tecnologia em
Informática na Educação.
E-mail: <suelenoc@gmail.com>.
Taciane Gomes Rodrigues: Bibliotecária, graduada pela
Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-Graduação em
Gestão Estratégica da Informação. Atuou como estagiária em
unidades de Informação e documentação como: Arquivo do
Departamento De Pessoal/UFMG, 2009 a 2010; Biblioteca
Universitária UFMG – período outubro 2010 a março 2011;
Assembleia Legislativa de Minas Gerais no período de
fevereiro 2011 a dezembro de 2011. Trabalhou como
bibliotecária documentalista em Empresas como: Manabi S/A
e Construtora Andrade Gutierrez. Trabalha com Normalização
documentária.
E-mail: <tacianegomees@gmail.com>.
�320
Tatiana Soares Brandão: Graduada em Biblioteconomia e
Letras (UFMG). Especialista em Gestão de Projetos Sociais.
Atua na Biblioteca Pública da cidade de Lagoa Santa - MG,
onde cresceu e reside. Elabora e coordena projetos culturais,
sociais e de inclusão, através do incentivo à leitura,
fomentando a democratização do acesso à informação.
E-mail: <tatianasb10@gmail.com>.
E-mail: tatianasb10@gmail.com
Valéria Rodrigues de Oliveira Pozzatti: Mestre em
Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UniRio, 2016). Graduada em Biblioteconomia
pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES, 2001).
Especialização em Educação a Distância pela Universidade
Católica de Brasília (2006). Atualmente, é coordenadora da
biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo (IFES), Campus de Vila Velha.
E-mail: <valeriapozzatti@gmail.com>.
�321
Esta é uma obra editada pela:
ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício
Rotary, Sala 608
Como referenciar esta coletânea no todo:
SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria
Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para
construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. 320 p.
�322
�
Dublin Core
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A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
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A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Biblioteconomia social: possíveis caminhos para construção da cidadania
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Edcleyton Bruno Fernandes da Silva
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Identifier
An unambiguous reference to the resource within a given context
978-85-85259-01-3
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia Social
Cidadania
Description
An account of the resource
O livro está dividido em quatro partes e subdivido em vinte capítulos, abordando temas ligados à Biblioteconomia Social e à utilização da leitura, como meio transformador nos diferentes espaços físicos e contextos da sociedade, objetivando a democratização do acesso à informação como forma de conscientizar o cidadão, visando minimizar as desigualdades sociais
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ABMG
Livros
-
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ff845857d2710db98934f12fdbbbabd7
PDF Text
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O PAPEL DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS
Por Maria Elizabeth de Oliveira Costa
As bibliotecas são instituições milenares que acompanham a evolução humana, adequando às diferentes tecnologias,
necessidades e contextos. Desde os tabletes de argila, na antiguidade, às ontologias e metadados da era digital, essas unidades se
aperfeiçoam no sentido de preservar os registros do conhecimento e garantir o acesso e uso da informação contida nos
documentos.
Mesmo com esses objetivos e com a capacidade de se adaptar, algumas questões são levantadas acerca do potencial da
biblioteca com o surgimento das tecnologias digitais, sobretudo no âmbito do ensino a distância. Semelhante ao ensino presencial, a
Educação a Distância também requer o uso de materiais para subsidiar as atividades educativas, o que remete às bibliotecas
universitárias garantirem a expansão dos serviços bibliotecários para além dos muros das instituições, levando ensino de qualidade
a diversas partes da nação, conforme proposta da Universidade Aberta do Brasil.
Nas universidades brasileiras, os sistemas das bibliotecas precisam oferecer serviços aos usuários da Educação a
Distância, tendo como apoio, nesse processo, as Bibliotecas dos Polos de Apoio Presencial. Observa que embora haja predominância
de uso dos serviços oferecidos, ainda, observam-se alguns desafios, como distância do polo, falta de material adequado às
necessidades e maior divulgação dos serviços, sobretudo quanto à oferta de serviços digitais, remetendo à necessidade de ações
interventivas e mediadoras entre as Bibliotecas Universitárias, os Centros de Apoio a Educação a Distância e as Bibliotecas nos
Polos de Apoio Presencial.
É possível reforçar que o nascimento da EaD tem representado um esforço de garantir a democratização do ensino e da
informação no Brasil e as bibliotecas e universidades exercem um papel imprescindível, em parceria com outros órgãos públicos,
sobretudo no que tange à oferta de produtos e serviços informacionais nos polos de apoio presencial aos estudantes.
Considerando os problemas existentes nas universidades e os desafios que permeiam a gestão dos sistemas de bibliotecas,
remete-se à necessidade de ações interventivas e mediadoras, no intuito de instituir um serviço informacional adequado, a partir da
estruturação das Bibliotecas do Polos, de modo que os alunos dos cursos a distância tenham a seu dispor os mesmos produtos e
serviços informacionais necessários para suas atividades acadêmicas, e que os polos possam de fato ser considerados uma
extensão da Universidade.
Que a Educação a distância seja cada vez mais valorizada, no Brasil, e que as bibliotecas universitárias e seus profissionais
possam contribuir com a melhoria da qualidade da educação ofertada em todos os cantos da nação!
*Nota: O presente texto foi embasado, considerando o desenvolvimento da tese de Doutorado da autora, já em fase de qualificação,
junto à Escola de Ciência da Informação (ECI), da UFMG.
Espaço dedicado ao associado
Mande seu texto, sua arte, sua produção, seu
marketing para publicação neste espaço. Email: abmg.gestao21@gmail.com
Maria Elizabeth de Oliveira Costa: Bibliotecária do Sistema de
bibliotecas da UFMG, atuante na Biblioteca da Escola de Ciência da
Informação. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em
Gestão e organização do Conhecimento. Investiga temas
relacionados as bibliotecas universitárias, Educação a Distância e
Biblioteconomia Social. E-mail: mabethcosta@gmail.com
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A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
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The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
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A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
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Educação a distância e o papel das bibliotecas universitárias brasileiras
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Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
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The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
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2019
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The topic of the resource
Bibliotecas Universitárias
Bibliotecas da EaD
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An account of the resource
As bibliotecas são instituições milenares que acompanham a evolução humana, adequando às diferentes tecnologias, necessidades e contextos. Desde os tabletes de argila, na antiguidade, às ontologias e metadados da era digital, essas unidades se aperfeiçoam no sentido de preservar os registros do conhecimento e garantir o acesso e uso da informação contida nos documentos
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Relatório de divulgação
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77c4ca1ee7a1bea108af6e6faca7818a
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A INFINITUDE DAS BIBLIOTECAS
As bibliotecas são instituições milenares que acompanham a humanidade ao longo dos tempos. Sua presença e permanência na
sociedade tem sido de fundamental importância para o desenvolvimento intelectual dos indivíduos, como também tem contribuído
para a evolução da ciência e da vida social. Sua contribuição é tamanha que não existem sociedades sem bibliotecas, como também
não existiria ciência, tecnologia e desenvolvimento como um todo, se não houvesse a presença das bibliotecas.
Mas, o que chama a atenção em relação às bibliotecas não diz respeito, tão somente, à importância delas para a humanidade.
Destaca-se, também, a capacidade adaptativa dessas unidades, visto que elas conseguem se adequar às diferentes tecnologias,
necessidades e contextos. Desde os tabletes de argila, na antiguidade, às ontologias e metadados da era digital, essas unidades vêm
se aperfeiçoando, com o intuito de garantir a preservação dos registros que materializam o conhecimento, permitindo, dessa forma,
favorecer o acesso e uso da informação contida nos mais diferenciados acervos documentários.
Essa reflexão traduz muito bem a profecia do bibliotecário argentino Jorge Luiz Borges, acerca da longevidade da biblioteca e a sua
capacidade em armazenar, organizar e sistematizar as coleções, tornando-se um labirinto de conhecimento, que abre infinitas
portas para os leitores, com diferentes caminhos a serem seguidos, conforme as necessidades desses sujeitos. As infinitas formas
de se construir conhecimento provocam a expansão dos acervos, o que requer recursos, técnicas, métodos e, principalmente,
profissionais habilitados para permitir que esse ambiente não se transforme na Biblioteca de Babel.
O discurso de Borges, talvez, teve uma concepção utópica e provavelmente, para muitos foi considerado como literário. Mas,
atualmente, acaba por ganhar novas reflexões, se aproximando da verdade, sobretudo com a chegada das tecnologias digitais. A
Biblioteca Digital representa a expansão infinita do acervo bibliográfico, rompendo as limitações de tempo e de espaço, que durante
séculos permeou a sociedade humana. Assim, a partir dos recursos digitais, a Biblioteca de Babel não representa uma metáfora no
sentido de desordem, mas a configuração ou redefinição da biblioteca, a qual se torna um ambiente pleno e infinito.
Com efeito, as bibliotecas de hoje e as de amanhã não deixarão de ter os mesmos objetivos e concepções do que sempre tiveram,
tampouco deixarão de existir, visto que a Biblioteca Digital acaba de ser a prova viva da permanência da biblioteca para os próximos
milênios, continuando a exercer sua função de transformadora das realidades sociais. Portanto, não há como não aceitar que:
sempre tivemos, ainda temos, e sempre teremos bibliotecas em nossas vidas, cada vez mais plena, completa e infinita! Que
possamos fazer bom uso e valorizar as bibliotecas e os bibliotecários de nossas sociedades!!
Espaço dedicado ao associado
Mande seu texto, sua arte, sua produção, seu
marketing para publicação neste espaço. Email: abmg.gestao21@gmail.com
Jorge Santa Anna é bibliotecário atuante no ramo da
prestação de serviços de orientação, escrita, normalização e
lecionamento em trabalhos e pesquisas acadêmicocientíficos. Associado da ABMG desde outubro de 2017.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Telefone: (27)99268-1527
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ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
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A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
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A infinitude das bibliotecas
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Jorge Santa Anna
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2019
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História das Bibliotecas
Evolução das Bibliotecas
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As bibliotecas são instituições milenares que acompanham a humanidade ao longo dos tempos. Sua presença e permanência na sociedade tem sido de fundamental importância para o desenvolvimento intelectual dos indivíduos, como também tem contribuído para a evolução da ciência e da vida social. Sua contribuição é tamanha que não existem sociedades sem bibliotecas, como também não existiria ciência, tecnologia edesenvolvimento como um todo, se não houvesse a presença das bibliotecas.
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Relatório de divulgação
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http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4598/EspacodoassociadoPortaisPeriodicos.pdf
3668aa4dba980d8e79245d011fe56624
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PORTAIS DE PERIÓDICOS: AMBIENTES DE ARMAZENAMENTO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA PERIÓDICA
Por Jorge Santa Anna
Os periódicos científicos exercem uma contribuição substancial no desenvolvimento das ciências, sobretudo por permitir
que os resultados de pesquisas sejam expostos para análise da comunidade especializada, o que permitirá maior qualidade do que é
descoberto. Além de permitirem a avaliação das pesquisas, esses meios de comunicação permitem que elas sejam disseminadas,
garantindo maior visibilidade e uso dos achados de pesquisa.
Desde o século XVII, com o Journal des Sçavants, publicado na cidade de Paris (figura 1), o periódico veio se desenvolvendo.
Hoje, ele se manifesta como o meio de comunicação mais utilizado em todas as áreas de conhecimento e em todas as partes do
mundo. Prova disso, é o fato de que o número de periódico cresceu de forma exponencial, principalmente, com o surgimento das
tecnologias digitais e disponibilização desse meio de comunicação no ambiente web.
Figura 1 – Capa do primeiro
periódico
científico da humanidade,
impresso em 05 de janeiro de 1665
O crescimento do número de periódicos desencadeou iniciativas a serem tomadas pelas
instituições mantenedoras, com vistas a permitir maior visibilidade dessas publicações. Nas
últimas décadas, as universidades têm se destacado nessa empreitada, por meio da criação de
ambientes digitais ou repositórios que armazenam, especificamente, os periódicos por elas
mantidos. Nasce, portanto, neste contexto, os portais de periódicos.
Os portais de periódicos podem ser conceituados como repositórios ou ambientes digitais de
informação, que armazenam os periódicos científicos de um determinado contexto, seja em
nível mais específico ou mais abrangente, tais como um ou mais departamentos, uma ou mais
instituições, uma ou mais instâncias geográficas, dentre outras delimitações.
Fonte: Birn (1965) apud Santa Anna
(2018).
Especificamente, quanto aos portais de periódicos das Universidades Federais do Estado de Minas Gerais, das 11 instituições
existentes, apenas cinco delas possuem portais estruturados, que são: Universidade Federal de Minas Gerais, Ouro Preto, Juiz de
Fora, São João Del Rei e Triângulo Mineiro. Nessas universidades, os portais apresentam-se de forma desigual, há falta de políticas
específicas na maioria deles, preferência pelo software Open Journal Systems , falta de detalhamento da arquitetura informacional
do site, como também existem limitações quanto aos serviços prestados, grande parte exercendo a função única de diretório.
Essa realidade confirma a importância e contribuição das políticas de informação para subsidiar o trabalho de gestão dos
portais, como também recomendações para a realização de estudos de uso, principalmente com os editores dos periódicos e
gestores dos portais, no intuito de estabelecer melhorias contínuas a esses ambientes.
Além disso, é preciso maior aprofundamento do tema, de modo a aproximá-lo dos fazeres bibliotecários, valorizando a
presença de uma equipe de bibliotecários para atuarem na gestão dessas bibliotecas digitais. Que as potencialidades dos
bibliotecários possam ser melhores aproveitadas no âmbito da comunicação científica, especificamente em periódicos e
em portais!
*Nota: Os resultados aqui registrados é fruto da pesquisa de Mestrado, desenvolvida pelo autor deste texto, junto ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, na Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas
Gerais. Dissertação defendida em: 20 de dezembro de 2018.
�Jorge Santa Anna é bibliotecário atuante no ramo da
prestação de serviços de orientação, escrita, normalização e
lecionamento em trabalhos e pesquisas acadêmicocientíficos. Associado da ABMG desde outubro de 2017.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
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ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
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A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
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Portais de periódicos: ambientes de armazenamento da produção científica periódica
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Jorge Santa Anna
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The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
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2019
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The nature or genre of the resource
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The topic of the resource
Periódicos Científicos
Portais de Periódicos
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Os periódicos científicos exercem uma contribuição substancial no desenvolvimento das ciências, sobretudo por permitir que os resultados de pesquisas sejam expostos para análise da comunidade especializada, o que permitirá maior qualidade do que é descoberto. Além de permitirem a avaliação das pesquisas, esses meios de comunicação permitem que elas sejam disseminadas, garantindo maior visibilidade e uso dos achados de pesquisa
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Relatório de divulgação
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http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4597/PlanoProjetoAgenda2030.pdf
7dea54ddbebe92c355fc0092d4d127c9
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE
MINAS GERAIS – ABMG
PLANO DE PROJETO: AGENDA 2030 EM MINAS
GERAIS – O PAPEL DAS BIBLIOTECAS
Belo Horizonte
2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE
MINAS GERAIS – ABMG
Jorge Santa Anna
PLANO DE PROJETO: AGENDA 2030 EM MINAS
GERAIS – O PAPEL DAS BIBLIOTECAS
Plano do Projeto Agenda 2030 em MG: o
papel das bibliotecas, apresentado e
aprovado pela Diretoria da Associação de
Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), a
ser executado de abril de 2019 a
dezembro de 2019.
Coordenador: Jorge Santa Anna
Subcoordenadora: Maria Elizabeth de
Oliveria Costa
Belo Horizonte
2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 3
2 ESCOPO DO PROJETO ........................................................................ 4
3 OBJETIVOS ........................................................................................ 6
3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................... 6
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 6
4 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 7
5 PÚBLICO-ALVO .................................................................................. 8
6 RECURSOS E CUSTOS ENVOLVIDOS ................................................... 8
7 QUADRO SINÓTICO DO PROJETO ...................................................... 9
8 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ...........................................................11
REFERÊNCIAS ......................................................................................12
EQUIPE GESTORA DO PROJETO ...........................................................13
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�3
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
1 INTRODUÇÃO
As discussões em torno da Agenda 2030, instituída pela Organização das
Nações Unidas (ONU) e aderida pela Federação Internacional de Associações e
Instituições Bibliotecárias (IFLA), manifestam-se como uma oportunidade de
transformação para a Biblioteconomia, no atual século. É por isso que
acreditamos que a Biblioteconomia Social, um campo ou disciplina até então
obscuro aos olhos de muitos profissionais, pode ser considerada como um
tema emergente e que precisa ser inserido no fazer profissional, nesses novos
tempos. Não bastasse essa oportunidade surgida internacionalmente, no
contexto brasileiro, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
(FEBAB) aderiu às ações propostas pela IFLA, o que pode representar um
mecanismo de ascensão para o campo da Biblioteconomia Social, no Brasil.
No entanto, conforme proferido pela própria ONU, e como já é de praxe em
qualquer movimento que vise a mudança, ela somente ocorrerá quando a
diferença for realizada nas instâncias locais, que provoque modificações no
cotidiano das pessoas e das instituições. Ou melhor, como política pública que
visa a erradicação da pobreza e garanta o desenvolvimento das nações, a
Agenda 2030 somente alcançará essa proposta quando os objetivos forem
aderidos e transformados em atitudes práticas, sobretudo no âmbito local, com
envolvimento do Estado e das instituições, em especial na esfera municipal.
Em comunhão com as reflexões promovidas pelas instituições bibliotecárias de
cunho internacional e nacional, como a IFLA e a FEBAB, é que nasce o Projeto
Agenda 2030 em Minas Gerais: o papel das bibliotecas, cujo escopo principal
de abrangência é o Estado de Minas Gerais. O projeto pretende despertar o
envolvimento de toda classe bibliotecária, haja vista trazer à tona, práticas
inovadoras desenvolvidas por bibliotecários e bibliotecas que provoquem um
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
efeito benéfico na vivência das sociedades, por conseguinte, contribua com o
desenvolvimento humano e social.
O projeto é gerenciado pela ABMG, cujo objetivo principal é fortalecer a
discussão, em instância local, acerca da contribuição desempenhada pelas
bibliotecas na garantia do desenvolvimento sustentável das nações. O projeto
envolve um ciclo de palestras, cursos, oficinas, mesas redondas, dentre outros
eventos, com periodicidade não regular, e com temas relacionados à
contribuição das bibliotecas para o benefício das comunidades, haja vista a
construção de uma sociedade mais democrática, cidadã, igualitária e,
principalmente, inclusiva.
Projetado para se desenvolver ao longo dos meses de 2019, há pretensão de
se estender até o primeiro semestre de 2020. Esse desejo somente se
efetivará à medida que houver participação e aceitação por parte da classe
profissional. Portanto, a ABMG, ao longo do projeto, mediante estratégias de
identificação da satisfação e envolvimento dos profissionais, avaliará a
viabilidade (ou não) em estender o projeto para 2020.
2 ESCOPO DO PROJETO
A temática do Projeto Agenda 2030: o papel das bibliotecas em MG contempla,
em linhas gerais, a Biblioteconomia Social, considerada como um campo
promissor para o século XXI. Esse campo possibilita a realização de projetos
interventivos que impactam diretamente no cotidiano das pessoas, por
conseguinte, agregando valor para a sociedade.
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
Já nos anos 1990, Almeida Júnior (1997) reforçou que o fazer bibliotecário
precisa ter uma contribuição mais concreta no âmbito da sociedade, não se
restringindo a atividades técnicas realizadas em acervos, no interior das
bibliotecas. Se essa restrição continuar, segundo esse autor, os profissionais
podem estar fadados ao fracasso, o que viabiliza a necessidade constante de o
profissional se reinventar.
A relação entre bibliotecas e sociedade resulta na formação de um novo
conceito, a responsabilidade social dessas unidades, cujas ações realizadas
pelos profissionais da Biblioteconomia visam a busca de metas “[...] que sejam
boas para a instituição na qual ele atua e para a sociedade onde essa
instituição está inserida, atuando em conjunto com ela [...]” (MORAES, 2018,
p. 62).
Mais recentemente, Pozzatti (2018, p. 8) salientou que a preocupação com o
social é de suma importância e ao mesmo tempo instigante, pois envolve um
trabalho “[...] que vai além das instituições, sejam elas públicas ou privadas,
com ações e práticas voltadas aos diferentes cenários da sociedade como
hospitais, periferias, presídios, centros urbanos, dentre outros”.
Em síntese, comungamos com os dizeres de Santa Anna (2018, p. 15), ao
afirmar que:
acreditamos que compreender essas relações firmadas entre profissão e
sociedade é de suma importância para levantar denúncias sociais, como
também propor melhores condições de vida, tanto para profissionais
envolvidos com uma causa, como também aos cidadãos, de uma forma
geral. Isso, provavelmente, tende a desencadear a consolidação dos
direitos humanos e a promoção de uma sociedade cada vez mais
democrática.
Além de abordar essa temática, o Projeto Projeto Agenda 2030: o papel das
bibliotecas em MG coloca-se em sintonia com os objetivos do Desenvolvimento
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
Sustentável (ODS), visto que eles compreendem uma somatória de iniciativas
que viabilizarão a construção de políticas públicas adequadas para melhoria da
qualidade de vida das pessoas e, dessa forma, garantir o desenvolvimento
sustentável, considerando pessoas, instituições e o meio ambiente, em geral.
Portanto, o escopo principal do citado projeto compreenderá diferentes
temáticas, ancoradas no campo da Biblioteconomia Social e na política pública
internacional da Agenda 2030 da ONU. Assim, citam-se como principais temas
abordados
nos
eventos
Sustentável. Objetivos do
do
projeto:
Agenda
Desenvolvimento
2030.
Desenvolvimento
Sustentável. Biblioteconomia
Social e cidadania. Ações bibliotecárias inovadoras. Cidadania e democracia.
Políticas públicas. Sociedade inclusiva e igualitária, dentre outros.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Fortalecer a discussão, em instância local (Estado de Minas Gerais), acerca da
contribuição desempenhada pelas bibliotecas na garantia do desenvolvimento
sustentável das nações.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Ampliar o debate sobre o campo da Biblioteconomia Social.
Aproximar profissionais e instituições para práticas colaborativas e troca
de conhecimentos e parcerias.
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
Despertar
nos
profissionais a
necessidade
da inovação no
fazer
profissional.
Indicar possibilidades de aperfeiçoamento das bibliotecas e campos de
atuação bibliotecária.
Promover o debate acerca da inclusão social e o papel das bibliotecas.
Encorajar profissionais para a mudança, criatividade e engajamento.
Oportunizar o potencial, a visibilidade e o reconhecimento do fazer
bibliotecário para a sociedade, em geral.
4 JUSTIFICATIVA
A realização deste projeto é pertinente, a princípio, por estimular a reflexão e
praticidade das ações gerenciadas por bibliotecários que vão muito além do
trabalho técnico e operacional realizado em acervos. Isso tende a ampliar os
campos de atuação e estimular o reconhecimento pela sociedade acerca da
profissão, visto que essa se tornará mais presente no cotidiano das
comunidades e, especificamente, dos grupos que se encontram em contextos
de vulnerabilidade social.
Especificamente, em Minas Gerais, o projeto se justifica, pois manifestará
como uma oportunidade de fortalecimento da prática bibliotecária, sobretudo
por demonstrar projetos e ações inovadoras realizadas por bibliotecários e
bibliotecas mineiras, em vários contextos e instâncias desse Estado. Como
consequência, além da valorização e reconhecimento profissional, fortalece a
proposta da Agenda 2030, colocando o referido Estado em sintonia com
instituições defensoras da profissão, como IFLA e FEBAB.
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
Assim, percebe-se uma tripla contribuição à medida que este projeto for
executado: 1 - fortalecimento da classe bibliotecária; 2 - benefícios para a
sociedade, especialmente, de grupos marginalizados; e 3 – alcance dos ODS,
conforme a Agenda 2030, sobretudo dos objetivos de número: 1 (erradicação
da pobreza), 3 (saúde e bem-estar), 4 (educação de qualidade), 9 (indústria,
inovação e infraestrutura), 10 (redução das desigualdades) e 16 (paz, justiça e
instituições eficazes).
5 PÚBLICO-ALVO
O público-alvo deste projeto é diversificado, envolvendo tanto a instância da
formação profissional (estudantes de Biblioteconomia), do mercado de trabalho
(bibliotecários), das organizações (gestores públicos e privados) e da pesquisa
(docentes e pós-graduandos).
Descrito de outra forma, o público contempla estudantes, pesquisadores e
profissionais que buscam o fortalecimento da Biblioteconomia/Ciência da
Informação, na sociedade. Também envolve aqueles indivíduos que estão
preocupados com o bem-estar e qualidade de vida das comunidades, unindo
esforços em prol da construção de uma sociedade mais humana, democrática,
justa, igualitária, inclusiva e, de um modo geral, sustentável em todos os
aspectos.
6 RECURSOS E CUSTOS ENVOLVIDOS
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
A natureza social deste projeto o torna sem fins lucrativos. Por isso, requer a
adoção de métodos alternativos que não demandem a necessidade de grandes
recursos, principalmente os de cunho financeiro. Portanto, espera-se que não
haja custo (exceto para materiais administrativos), sendo reservado um valor
mínimo para custear despesas ocasionadas por intercorrências ou imprevistos.
O quadro 1 apresenta os recursos utilizados e o valor reservado para situações
emergenciais, valor esse fornecido pela ABMG.
Quadro 1 – Recursos do projeto
Tipo de recursos
Elementos dos recursos
Infraestrutura ambiental Sede da ABMG, salas de aula da
(espaço)
ECI ou outros espaços de
instituições públicas
Infraestrutura
Computador com internet e
tecnológica
projetor multimídia
Recursos Humanos
Pessoas envolvidas na comissão
organizadora de cada evento:
presidente, coordenadores e
monitores
Recursos
materiais/administrativos
Custo e justificativa
Sem custos, pois os locais são
de instituições apoiadoras
Sem custos, visto que a
ABMG possui esses recursos
Sem custos, pois a atuação da
comissão organizadora é de
natureza voluntária e se
beneficiará com a entrega dos
certificados para as funções
exercidas
R$50,00 reais
Certificados
da
comissão
organizadora do evento e lista
de presença
Valor
reservado
para Imprevistos, como: uso de táxi, R$100,00 reais
situações emergenciais
demais materiais de impressão,
necessidade de lanche etc.
Valor total
____
R$150,000 reais
Fonte: Dados do projeto (atualizado em: 14 de agosto de 2019).
7 QUADRO SINÓTICO DO PROJETO
Com o intuito de apresentar uma síntese do referido projeto, expõe-se o
quadro 2, o qual contém o detalhamento sistemático do plano do projeto.
Importante atentar que alguns eventos ocorrerão em paralelo com as edições
do Conversando Sobre, de modo que uma única ação seja realizada para
ambos os projetos. Portanto, entende-se que o Conversando Sobre (evento
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�10
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
com periodicidade bimestral e sem data de finalização) foi incorporado às
ações do Agenda 2030.
Quadro 2 – Plano do Projeto Agenda 2030 em MG
Projeto Agenda 2030 em MG
Título oficial:
Projeto Agenda 2030 em MG: o papel das bibliotecas
Escopo:
Agenda 2030. Desenvolvimento Sustentável. Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável. Biblioteconomia Social.
Ações bibliotecárias inovadoras. Cidadania e democracia.
Políticas públicas. Sociedade inclusiva e igualitária
Objetivo geral:
Fortalecer a discussão, em instância local, acerca da
contribuição desempenhada pelas bibliotecas na garantia
do desenvolvimento sustentável das nações
Objetivos específicos:
1 – Ampliar o debate sobre o campo da Biblioteconomia
Social
2 – Aproximar profissionais e instituições para práticas
colaborativas e troca de conhecimentos e parcerias
3 – Despertar nos profissionais a necessidade da
inovação no fazer profissional
4 – Indicar possibilidades de aperfeiçoamento das
bibliotecas e campos de atuação bibliotecária
5 – Promover o debate acerca da inclusão social e o papel
das bibliotecas
6 – Encorajar profissionais para a mudança, criatividade e
engajamento
7 – Oportunizar o potencial, a visibilidade e o
reconhecimento do fazer bibliotecário para a sociedade,
em geral
Justificativa:
Manifesta-se como uma oportunidade de fortalecimento
da prática bibliotecária, sobretudo por demonstrar
projetos e ações inovadoras realizadas por bibliotecários
e bibliotecas mineiras, em vários contextos e instâncias
do Estado de Minas Gerais. Como consequência, além da
valorização e reconhecimento profissional, fortalece a
proposta da Agenda 2030, colocando o referido estado
em sintonia com instituições defensoras da profissão,
como Ifla e Febab
Principais ações desdobradas Ciclo de palestras, cursos, oficinas, mesas redondas,
dentre outros eventos
Público-alvo principal:
Estudantes, pesquisadores e profissionais que buscam o
fortalecimento da Biblioteconomia/Ciência da Informação,
na sociedade
Locais
prováveis
de Sede da ABMG, ECI/UFMG, dentre outros locais
ocorrência:
apoiadores
Periodicidade:
Não regular. Estará condicionada à demanda requerida
pelos profissionais
Tempo de execução:
Abril de 2019 a 05 de dezembro de 2019
Abertura oficial:
26 de junho, em paralelo com a III Edição do
Conversando Sobre
Encerramento
oficial
(se 05 de dezembro, em paralelo com o evento de entrega da
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
houver):
Prorrogação (se necessário):
Encerramento
oficial
(se
houver):
Medalha da ABMG
Até junho de 2020
20 de junho de 2020, em paralelo com o lançamento dos
livros Mediação da Informação e O bibliotecário e as
redes sociais
Gênese/origem:
Desenvolvimento, publicação e lançamento dos livros:
Biblioteconomia Social e Empreendedorismo Bibliotecário,
no ano de 2018, pela ABMG
Coordenador
Jorge Santa Anna
Subcoordenadora:
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Monitoria:
Raíssa Yuri Hamanaka, dentre outros interessados
Apoiadores:
ECI - UFMG
Alguns
eventos - Preservação da memória institucional (paralelo com a
confirmados/previstos:
III edição do Conversando Sobre)
- Biblioteca pública e a inclusão de pessoas com
necessidades visuais
- Clubes de leitura (paralelo com a IV edição do
Conversando Sobre)
- Biblioteca e formação do sujeito crítico
- Ações de marketing para uso da biblioteca (paralelo
com a V edição do Conversando Sobre)
- Acessibilidade em bibliotecas
- Inovação na Biblioteca Escolar
- Serviço de referência em bibliotecas (paralelo com a VI
edição do Conversando Sobre)
Fonte: Dados do projeto (atualizado em: 14 de agosto de 2019).
8 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Este projeto não tem a intenção de ser exaustivo, tampouco, inflexível. Logo, à
medida que for sendo realizado, novas sugestões poderão ser acatadas, de
modo que outros eventos possam ser acrescentados ao seu planejamento,
possibilitando o enriquecimento da agenda de eventos a serem realizadas ao
longo dos meses de 2019. O quadro 3 apresenta o cronograma previsto, com
menção às datas e os eventos a serem realizados, durante a vigência do
projeto.
Quadro 3 – Cronograma de execução do Projeto Agenda 2030 em MG
Data
Tema do evento
Natureza/formato
Evento
do evento
Previsto Confirmado
26 de
Abertura do projeto
Palestra expositiva
junho
e demonstrativa
Executado
X
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
12
de
agosto
30
de
agosto
25
de
setembro
Preservação da
memória
institucional
A Biblioteca Pública
de Lagoa Santa
Clubes de leitura
Formação do sujeito
crítico
em
bibliotecas públicas
Ações de marketing
Palestra expositiva
e
relatos
de
experiências
Rodas de conversas
Palestra expositiva
X
X
X
31
de
Palestra e relato de
outubro
experiência
20
de Acessibilidade
em Mesa redonda
novembro bibliotecas
02
de Biblioteca escolar
Palestra expositiva
dezembro
05
de Serviço
de Mesa redonda
dezembro referência
Fonte: Dados do projeto (atualizado em: 14 de agosto de 2019).
X
X
X
X
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Sociedade e Biblioteconomia. São
Paulo: Polis; APB, 1997.
MORAES, Marielle Barros de. Responsabilidade social bibliotecária (RSB): o que
significa em tempos de rupturas democráticas? In: SPUDEIT, Daniela Fernanda
Assis de Oliveira; MORAES, Marilene Barros de (Org.). Biblioteconomia
social: epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN,
2018. p. 49-76.
POZZATTI, Valéria Rodrigues de Oliveira. Prefácio. In: SANTA ANNA, Jorge;
SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da
(Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para construção da
cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. p. 8.
SANTA ANNA, Jorge. Biblioteconomia e sociedade: resgatando o pensamento
de Jesse Shera. In: SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes
da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social:
possíveis caminhos para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG,
2018. p. 14-22.
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
EQUIPE GESTORA DO PROJETO
_____________________________________
Jorge Santa Anna
Gestão de Secretaria e Assuntos administrativos – ABMG
Coordenador do projeto
________________________________________
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Presidenta da ABMG
Subcoordenadora do projeto
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Plano do Projeto Agenda 2030 em Minas Gerais
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Agenda 2030
Projeto Social
Description
An account of the resource
Projeto gerenciado pela ABMG, cujo objetivo principal é fortalecer a discussão, em instância local, acerca da contribuição desempenhada pelas bibliotecas na garantia do desenvolvimento sustentável das nações. O projeto envolve um ciclo de palestras, cursos, oficinas, mesas redondas, dentre outros eventos, com periodicidade não regular, e com temas relacionados à contribuição das bibliotecas para o benefício das comunidades, haja vista a construção de uma sociedade mais democrática, cidadã, igualitária e, principalmente, inclusiva.
Source
A related resource from which the described resource is derived
Plano de Projeto Social
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4596/EspacodoAssociadoBibliotecasdigitaisevirtuais.pdf
c0fb071aef05dcefc355a1301461f9b2
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Text
BIBLIOTECAS DIGITAIS E VIRTUAIS: O QUE SE ESPERA PARA O SÉCULO XXXI?
Por Jorge Santa Anna e Célia da Consolação Dias
Os reflexos provocados pelas tecnologias digitais e o uso intensificado do ambiente web têm promovido uma mudança substancial na
sociedade como um todo, englobando usuários e instituições, nos mais diferenciados segmentos sociais. No âmbito informacional, profissionais e
unidades inserem-se em um ciclo de transformação, haja vista atender as necessidades e tendências que se apresentam, a cada momento, por
parte dos utilizadores dos produtos e serviços de informação.
Diante desse cenário, bibliotecas e bibliotecários se colocam em uma situação de adequação, visto que a permanência dessa instituição
e desse profissional está ligada à capacidade de acompanhar as novidades, atendendo e satisfazendo as necessidades do público-alvo. Essa é
uma característica da globalização direcionada a todas as áreas de conhecimento e profissões, sobretudo em virtude da instabilidade promovida
pela competitividade do mercado.
Logo, adequar-se não é uma exigência restrita apenas a bibliotecas e bibliotecários, mas configura-se como um paradigma social que
permeia todas as instâncias e contextos da sociedade. Ser competitivo e conseguir sobreviver em um mundo comandado pelas tecnologias
digitais vai muito além da adequação. Requer, também, a capacidade em oferecer algo que promova um diferencial, um engajament o nos
consumidores e/ou utilizadores de produtos e serviços, especialmente os de informação.
No âmbito específico das bibliotecas, a adesão às tecnologias digitais representou uma grande reviravolta nas tradicionais práticas
bibliotecárias realizadas nessas instituições no decorrer dos tempos. A passagem do século XX para o XXI foi marcada por discussões, previsões
e controvérsias a respeito da biblioteca do futuro. A realidade tem demonstrado que as bibliotecas vêm se adequando à realidade digital,
adquirindo inúmeras nomenclaturas, como digitais, virtuais, eletrônicas, dentre outros nomes. De qualquer forma, a adesão às tecnologias não
representa o fim das práticas tradicionais, visto que elas podem caminhar juntas, possibilitando o nascimento de um ambiente híbrido.
Boa parte dos estudos que versa sobre essa questão aborda que, nas primeiras décadas do século XXI, bibliotecas e bibliotecários
precisam valorizar quatro aspectos, ao se pensar em uma realidade ideal para as bibliotecas, que são: estruturação das bibliotecas, produtos e
serviços oferecidos, educação e formação, e acesso e usabilidade da biblioteca.
Estruturação de bibliotecas: demanda de um trabalho colaborativo, com profissionais capacitados e recursos adequados para
execução das atividades;
Produtos e serviços: precisam ser oferecidos em consonância com o perfil e necessidades dos utilizadores, estando esses serviços
em processo constante de avaliação, em prol da qualidade do que é ofertado;
Educação e formação: diz respeito à capacitação do profissional para atuar no ambiente das bibliotecas digitais. Isso exige a
formação continuada do bibliotecário, como também maior aprofundamento do tema e outras estratégias criadas, como a inserção do
tema em disciplinas do currículo formativo;
Acesso e usabilidade da biblioteca: importância em se realizar estudos de uso, a fim de identificar mecanismos mais adequados
para representação da informação nos sistemas de recuperação da informação das bibliotecas digitais.
Esses quatro aspectos precisam ser inseridos no dia a dia dos bibliotecários, constituindo a sustentação do trabalho realizado em
qualquer biblioteca. Acreditamos que o futuro seja cada vez mais digital; portanto, a atuação do bibliotecário precisa pautar-se na criatividade,
de modo a aproveitar, ao máximo, as potencialidades das tecnologias digitais e do ambiente web, diversificando a oferta dos serviços
informacionais.
* Notas: - Este texto é parte integrante do artigo intitulado “Bibliotecas digitais e virtuais à luz da literatura brasileira”, publicado na Revista e-Ciencias de la
Información, v. 10, n. 1 de 2020. Artigo completo para download: https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/eciencias/article/view/39882/40511
- O assunto discorrido está associado e constitui resultados preliminares da tese sobre Serviço de Referência Digital, pesquisa vinculada ao Programa de PósGraduação em Gestão e Organização do Conhecimento da UFMG. Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pelo financiamento da pesquisa.
�SOBRE OS AUTORES
Jorge Santa Anna é bibliotecário atuante no ramo da prestação de serviços de
orientação, escrita, normalização e lecionamento em trabalhos e pesquisas acadêmicocientíficos. Associado da ABMG desde outubro de 2017.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Célia da Consolação Dias é bibliotecária e professora no Curso de Biblioteconomia e no
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, na Escola de
Ciência da Informação da UFMG. Apoiadora e integrante das ações da ABMG.
E-mail: celiadias@eci.ufmg.br
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Bibliotecas digitais e virtuais: o que se espera para o século XXI?
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Célia da Consolação Dias
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Bibliotecas Digitais
Bibliotecas Virtuais
Description
An account of the resource
Os reflexos provocados pelas tecnologias digitais e o uso intensificado do ambiente web têm promovido uma mudança substancial na sociedade como um todo, englobando usuários e instituições, nos mais diferenciados segmentos sociais. No âmbito informacional, profissionais e unidades inserem-se em um ciclo de transformação, haja vista atender as necessidades e tendências que se apresentam, a cada momento, por parte dos utilizadores dos produtos e serviços de informação.
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de divulgação
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4595/PrincipaiscursosoferecidospelaABMG.pdf
78774ced767cd35be245cc175bc986d2
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
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2018 2019
CURSOS DE
CAPACITAÇÃO
PROFISSIONAL
- MÉTODOS E TÉCNICAS EM PESQUISA
CIENTÍFICA
- PREPARATÓRIO PARA CONCURSO
- MANUTENÇÃO E LIMPEZA EM
BIBLIOTECAS
- ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS PARA
VISITAS DO MEC
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
(Organizadores)
Belo Horizonte
Dezembro de 2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
CURSOS DE
CAPACITAÇÃO
PROFISSIONAL
- MÉTODOS E TÉCNICAS EM PESQUISA
CIENTÍFICA
- PREPARATÓRIO PARA CONCURSO
- MANUTENÇÃO E LIMPEZA EM
BIBLIOTECAS
- ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS PARA
VISITAS DO MEC
Belo Horizonte
ABMG
Dezembro de 2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
CURSOS DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL: MÉTODOS E TÉCNICAS EM PESQUISA
CIENTÍFICA, PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS, MANUTENÇÃO E LIMPEZAS EM
BIBLIOTECAS E ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS PARA VISITAS DO MEC
Escopo do relatório: Principais cursos de capacitação profissional oferecidos a bibliotecários
ou outros públicos que lidam com bibliotecas
Comissão organizadora: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Casa publicadora: ABMG
Local e data de realização do Curso Métodos e Técnicas em Pesquisa Científica: Belo
Horizonte, salas de aula da UFMG. Realizado em fevereiro de 2017
Local e data de realização dos Cursos Preparatórios: Belo Horizonte, salas de aula da
Escola de Ciência da Informação. Realizados em março e abril de 2018
Local e data de realização dos Cursos de Manutenção e Limpeza em Bibliotecas: Belo
Horizonte, Laboratório de Preservação da Escola de Ciência da Informação. Realizados em
março e outubro de 2019
Local e data de realização do Curso Organização de Bibliotecas para Visitas do MEC:
Belo Horizonte, sala de aula da Escola de Ciência da Informação. Realizado em abril de 2019
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Endereço: Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício
Rotary, Sala 608
Site: www.abmg.org.br
E-mail: abmg.gestao21@gmail.com
Telefone: (31) 99959-4087
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Alunos participantes do Curso Métodos e Técnicas em Pesquisa
Científica................................................................................................ 7
Figura 2 - Aulas demonstrativas e práticas no módulo III ........................... 8
Figura 3 - Processos de divulgação do curso .............................................13
Figura 4 - Materiais oferecidos pela associação ao longo do curso ...............20
Figura 5 - Aulas teóricas do curso, com professor, alunos e monitores .........21
Figura 6 - Aulas práticas do curso, com demonstrações e intervenções
práticas ................................................................................................22
Figura 7 - Visita ao acervo e confraternização ..........................................22
Figura 8 - Encerramento do curso, com entrega solene dos certificados .......23
Figura 9 - Principais momentos da segunda turma do curso de manutenção
em bibliotecas .......................................................................................25
Figura 10 - Abertura do evento, com saudações de boas-vindas .................32
Figura 11 - Espaço destinado à ABMG: apresentação da entidade e dos
principais projetos dela ...........................................................................33
Figura 12 - Condução da aula pelo bibliotecário Josuel Ferreira dos Santos ..33
Figura 13 - Intervalo para lanches e socializações .....................................34
Figura 14 - Reunião da comissão organizadora, após o evento ...................34
Figura 15 - Modelo de certificado impresso entregue aos participantes –
anverso e verso .....................................................................................35
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Divisão do curso em três módulos ........................................... 6
Quadro 2 - Elementos constituintes do curso ............................................11
Quadro 3 - Distribuição dos conteúdos abordados no curso por assuntos e
temas específicos ...................................................................................12
Quadro 4 - Principais elementos constituintes do plano do curso .................19
Quadro 5 - Dados da parceria firmada para ocorrência do curso .................28
Quadro 6 - Categorias de participantes ....................................................30
Quadro 7 - Cronograma de atividades do curso ........................................31
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
SUMÁRIO
1 ABMG EM AÇÃO: CAPACITANDO OS BIBLIOTECÁRIOS EM MINAS
GERAIS ................................................................................................ 3
2 CURSO MÉTODOS E TÉCNICAS EM PESQUISA CIENTÍFICA................. 5
3 CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS ......................................11
4 CURSO MANUTENÇÃO E LIMPEZA EM BIBLIOTECAS .........................17
5
CURSO
ORGANIZAÇÃO
DE
BIBLIOTECAS
PARA
VISITAS
DO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ................................................................27
6 PALAVRAS FINAIS: CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL EM FOCO ...........36
REFERÊNCIAS ......................................................................................37
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA ...............................39
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
1 ABMG EM AÇÃO: CAPACITANDO OS BIBLIOTECÁRIOS EM
MINAS GERAIS
Dentre as diversas finalidades de uma associação profissional, cita-se a
necessidade em oferecer, constantemente, atualização e/ou aperfeiçoamento
relativo a uma prática ou fazer demandado em uma determinada profissão ou
área de conhecimento. Em linhas gerais, os cursos e eventos oferecidos têm a
intenção de reforçar, complementar e/ou atualizar os ensinamentos oferecidos
na formação acadêmica, de modo que se propague a prática da formação
continuada entre os profissionais.
É como declararam Silva et al. (2015), ao discorrerem sobre os quarenta anos
da Associação Catarinense de Bibliotecários, de que as associações se colocam
a
serviço
dos
profissionais,
oferecendo
recursos
para
ampliação
das
competências e habilidades para melhorar o fazer prestado à sociedade.
Assim, é visada “[...] a educação continuada profissional, promovendo cursos,
eventos, palestras e socialização de boas experiências e práticas profissionais
para atualização permanente [...]”.
Além disso, é importante pontuar que o trabalho desenvolvido pelos órgãos de
classe e pelas associações tem um propósito que extravasa, a princípio, a
capacitação e o desempenho profissional. Há por trás dessa realidade, um
interesse hegemônico, haja vista garantir a defesa da profissão, evitando
“ataques” externos que possam enfraquecê-la, como teorizou Abbott (1988),
como também há intenções restritivas para proteção de indivíduos e grupos
com interesses similares e que se defendem para um bem maior, como sinaliza
suavemente a teoria de Bourdieu (1983).
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Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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O
aperfeiçoamento
de um
fazer pode
ser
direcionado a profissionais
especializados em uma área ou profissão, como também pode ser estendido a
outros contextos, considerando a necessidade de pessoas físicas ou jurídicas.
Com efeito, a oferta de cursos e eventos de aprimoramento precisa ser
planejada e executada, de acordo com as demandas do contratante, as quais
se manifestam a partir dos propósitos almejados pelo público-alvo.
Ciente
desse
compromisso
e
necessidade,
é
que
a
Associação
dos
Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), no início do ano de 2018, instituiu uma
comissão específica para tratar dos assuntos relacionados à gestão de cursos.
Foi, assim, criada a Gestão e Consultoria em Cursos, Treinamentos e Eventos
Diversos. Em linhas gerais, o objetivo principal dessa secretaria é planejar e
executar os projetos direcionados a eventos dos mais variados, que tenham
como foco central a capacitação dos bibliotecários e demais profissionais
envolvidos com as bibliotecas ou inseridos no contexto informacional.
Embora a capacitação seja o ponto principal da mencionada secretaria, há de
se considerar que, os eventos restritivos, de menor abrangência e que são
sustentados por discussões sobre a área, mesmo que não tenham a
capacitação como foco, também foram considerados como preocupação da
secretaria. Assim, projetos sociais e outros eventos diversos, muitos até sem
fins lucrativos, conduzidos por momentos instantâneos de discussão são de
extremo interesse por parte da atual diretoria da ABMG.
A diretoria acredita que, nos projetos sociais, nas rodas de conversa, nos
grupos de estudos, e até mesmo nas palestras, sempre haverá algo a
aprender. E esse aprender poderá estimular a habilidade ou competência
profissional, de modo a contribuir para o aperfeiçoamento do fazer bibliotecário
em diferentes contextos de atuação. Com efeito, pontuamos que nossa
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preocupação está com os eventos, de um modo geral, independente da
modalidade, da abrangência ou outras peculiaridades existentes, desde que se
manifestam como possibilidades de aprendizado para bibliotecários e melhorias
para as bibliotecas e demais unidades de informação.
Este relatório expandido compila os principais eventos na modalidade cursos
de capacitação, realizados pela ABMG, enquanto da atuação da atual diretoria
(gestão 2018-2020). Aqui, estão registrados, apenas, os principais, dentre
vários cursos que a entidade ofereceu nesses dois anos, sobretudo em
parcerias com outros profissionais e instituições. O relatório se restringiu,
também, aos cursos com fins lucrativos, visto a importância que eles exercem
para a manutenção da entidade, como também, por envolverem recursos
financeiros.
Assim,
o
presente
relatório
possibilita
a transparência
da
associação, ou seja, uma forma de prestação de contas das atividades
realizadas junto aos associados e à comunidade bibliotecária, como um todo.
2 CURSO MÉTODOS E TÉCNICAS EM PESQUISA CIENTÍFICA
O Curso Métodos e Técnicas em Pesquisa Científica: preparação para ingresso
na Pós-Graduação foi planejado com o objetivo de preparar os profissionais
que têm interesse em ingressar na Pós-Graduação. Esse curso foi pensado, à
medida que se percebeu que muitos bibliotecários, após anos de atuação no
mercado, decidiram especializar-se, ingressando na Pós-Graduação.
Esse desejo de muitos profissionais e a dificuldade em retornar os estudos, em
especial, os direcionados à metodologia de pesquisa, despertou a necessidade
e importância de um curso de capacitação que ensinasse conceitos e
aplicações do método científico. Sendo assim, o curso foi proposto por alguns
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membros da gestão da ABMG, sendo registrado como projeto de extensão,
junto à Escola de Ciência da Informação (ECI), da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Portanto, as duas primeiras turmas estiveram sob
responsabilidade da ECI, e a terceira turma foi gerenciada pela ABMG.
O curso teve como principais objetivos: preparar o aluno e/ou profissional para
a Pós-Graduação; introduzir os fundamentos do método científico; instruir
sobre a preparação de projeto de pesquisa; e orientar sobre a elaboração de
artigos científicos. Para execução desses objetivos, estabeleceu-se a carga
horária de 40h, mediante a realização de dez encontros, que foram distribuídos
em três módulos, conforme apresentado no quadro 1.
Quadro 1 - Divisão do curso em três módulos
Módulo
Conteúdos temáticos
Módulo I - Fundamentos
Contextualização da origem da ciência; tipos
de conhecimento; introdução ao método
científico; a formação e divisão das áreas
científicas;
principais
metodologias
de
pesquisa
nas
diferentes
áreas
do
conhecimento
Módulo II - Artigo científico Reflexões sobre a estrutura do texto científico;
o artigo científico e demais tipos e gêneros
textuais; apresentação das partes de um
artigo; publicação de artigos científicos
Módulo III - Projeto de
Conceitos
de
metodologia
científica;
pesquisa
classificação das pesquisas; instrumentos de
coleta e análise de dados; a estrutura do texto
científico; a escrita e normalização do texto;
as partes de um projeto de pesquisa
Fonte: Dados do curso (2017).
Número
de aulas
Duas
Três
Cinco
Após o planejamento do curso, com conteúdos programáticos definidos e
distribuição dos docentes, iniciou-se o processo de divulgação, o qual foi
realizado por meio de informativos textuais disponibilizados no site da ABMG e
no site da ECI. Os procedimentos de inscrições, como também, os recursos
arrecadados, o marketing, dentre outras ações de cunho administrativo, ficou
a cargo da Secretaria da ABMG.
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Com término das inscrições, foi computado um total de 18 alunos, contendo
perfis dos mais diversificados, desde servidores e alunos (Graduação e PósGraduação) vinculados à UFMG, até indivíduos de outras instituições públicas e
privadas,
pertencentes
Biblioteconomia,
a
diferentes
Arquitetura,
áreas
Psicologia,
de
conhecimento,
Direito,
Biologia,
como:
Teatro,
Administração, dentre outras. A figura 1 expõe os alunos em sala de aula.
Figura 1- Alunos participantes do Curso Métodos e Técnicas em Pesquisa Científica
Fonte: Dados do curso (2017).
A fim de ministrar as aulas, foram contratados professores atuantes na ECI,
como também docentes bibliotecários, que atuam na prestação de serviços. Ao
todo, foram quatro professores, sendo que o módulo III, por sua extensão, foi
conduzido por dois professores. Nos módulos I e II, pela natureza teórica,
apresentaram-se aulas expositivas, ao passo que, no módulo III, foram
aplicadas demonstrações e exercícios práticos.
Assim, o curso foi ministrado nas primeiras semanas de fevereiro, em salas de
aula da ECI, no horário noturno. Além das informações teóricas transmitidas
pelos docentes, em especial quanto aos conceitos de método científico,
evolução da ciência, tipos de métodos, classificação dos estudos, técnicas de
coleta e análise de dados, dentre outras, foram oferecidas várias aulas
práticas, com demonstrações de texto bem elaborado e da identificação de
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textos mal elaborados. A partir dessas demonstrações, os alunos realizaram
exercícios práticos, elaborando, em cada aula, uma parte do projeto de
pesquisa. A figura 2 demonstra uma aula demonstrativa, com diversos
exemplos apresentados pelo docente, no módulo III.
Figura 2 - Aulas demonstrativas e práticas no módulo III
Fonte: Dados do curso (2017).
Na última aula, os projetos elaborados pelos alunos foram entregues, de modo
impresso, ao professor, como também, cada aluno apresentou, para toda a
turma e convidados, o projeto que pretendia submeter ao processo seletivo da
Pós-Graduação. Essa atividade foi muito estimulante, visto que despertou nos
alunos a habilidade de escrita, a capacidade de defender as ideias por meio de
argumentos, como também receberam contribuições dos colegas presentes,
haja vista melhorar a qualidade da proposta apresentada.
Após a socialização dos projetos de pesquisa, na última aula, proferiu-se ao
encerramento do curso, por meio de um breve discurso da presidenta da
associação, como também a oferta de uma confraternização. Conforme
relatado pela presidenta, percebe-se que o curso rendeu bons frutos.
O curso que oferecemos foi promovido com o intuito único, de auxiliar vocês, bibliotecários e
demais profissionais que desejam ingressar-se na Pós-Graduação. Na verdade, esse curso
poderia ser oferecido por outra associação ou escola, em outro local da universidade. No
entanto, entendemos que ele é muito adequado à área da Biblioteconomia/Ciência da
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Informação,
possuem no
agradecer a
possam ser
ABMG).
considerando as competências e habilidades que os profissionais da informação
que tange ao auxílio nas ações de pesquisa. Por isso, a associação tem só a
todos vocês que fizeram parte desse momento e esperamos que novas turmas
formadas, em tempo futuro (Comentário de encerramento da presidenta da
Os resultados alcançados com o curso foram satisfatórios, não apenas, pelo
número
considerável
conhecimentos
entre
construção
novos
de
de
participantes,
mas
também,
os
participantes,
uma
oportunidade
laços
de
amizade
e
pela
colaborações
troca
ímpar
de
para
científicas
e
profissionais. O relato de uma aluna da área de Psicologia demonstra a
importância e necessidade dos cursos voltados à metodologia científica, tendo
os bibliotecários muito a contribuir com esses projetos:
Eu não esperava que o curso oferecesse essa interação e essa dinamicidade entre nós, alunos
e professores. Foi muito proveitoso esse momento, pois além de aprender, eu fui estimulada a
me dedicar mais aos estudos, e me foram demonstradas estratégias de como me dar bem em
um processo de seleção para o Mestrado. Acho que os bibliotecários possuem essa expertise
em estimular, como também mostrar para nós fontes de informação importantes para
fundamentarmos e alinharmos nossas propostas de pesquisa (Comentário de uma aluna, no
momento final do curso).
Nesses cursos, o aprendizado e a capacitação são os objetivos principais. Mas,
não se pode deixar de mencionar que eles também possibilitam a formação de
parcerias e estimula a colaboração. Isso foi constatado, em virtude da criação
de um grupo de whatsApp, o qual continuou em funcionamento com o término
do curso. Nesse grupo, constantemente, são postadas notícias sobre processos
seletivos, cursos e, principalmente, confirmações de aprovação de diversos
alunos que participaram do curso, conforme relatado, a seguir:
Queridos, que saudade do nosso curso e tenho uma ótima notícia para compartilhar com
vocês. Fui aprovado no Mestrado em Letras, na UFMG, e irei iniciar os estudos no primeiro
semestre de 2019. Sou muito grato aos professores, principalmente a você professor x, que
muito nos estimulou, além de ensinar excelentes dicas para aplicações do método científico.
Obrigado a todos! (Comentário de ex-aluno, um ano após o término do curso).
Pelas notícias veiculadas nesse grupo, dentre outras que chegaram de modo
informal, contabilizou-se, em pouco mais de um ano de realização do curso, a
aprovação em processos seletivos da Pós-Graduação de oito alunos, inseridos
em diferentes áreas do conhecimento. Nesse contexto, reafirmamos a
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importância dos cursos de metodologia, visto que eles, segundo Costa e Santa
Anna (2019), interferem ao potencializar os indivíduos inseridos em quaisquer
contextos da sociedade, para inserir-se no universo da ciência e da pesquisa.
Os resultados alcançados com o curso demonstram que os cursistas tiveram a
oportunidade de desenvolverem habilidades para realizar investigações mais
profundas e metódicas, se tornando mais capacitados para concorrer aos
processos seletivos da Pós-Graduação. Além disso, o sucesso do curso
possibilitou a publicação de um relato de experiência na Revista de Extensão
da UFMG1, cujos autores defenderam a ideia de que o curso também instigou a
participação
democrática,
desmistificando,
portanto,
a
ideia
de
que
ciência/pesquisa é algo inerente a classes elitizadas e que somente pode ser
realizada em ambientes com alto nível de desenvolvimento (COSTA; SANTA
ANNA, 2019).
Com o término dessa turma, no início de fevereiro de 2018, ao longo desse
ano e no decorrer do ano de 2019, houve novas tentativas de formação de
turmas. No entanto, não se atingiu um número mínimo suficiente para
ministrar uma nova turma. De qualquer modo, o sucesso alcançado com as
turmas anteriores instiga à comissão organizadora e toda a diretoria da ABMG
a continuarem unindo esforços no sentido de formar novas turmas e continuar
a oferta desse importante curso.
1
O relato de experiência foi publicado na Revista Interfaces, no volume 7, número 1, de 2019,
e está disponível para acesso em:
https://www.ufmg.br/proex/revistainterfaces/index.php/IREXT/article/view/416/pdf
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3 CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
O Curso Preparatório para Concursos Públicos: Cargo Bibliotecário, assim como
o Curso Métodos e Técnicas, também foi planejado a partir das demandas que
a ABMG recebeu acerca da necessidade de se preparar os bibliotecários para
ingresso nos serviços públicos. Em especial, nos primeiros meses de 2018, foi
divulgado o Edital Público para Concurso da UFMG, com vagas para
bibliotecários. Nessa ocasião, muitos profissionais recorreram à associação,
com o fim de formar uma turma que capacitasse os profissionais para esse
concurso.
Sendo assim, a Gestão e Consultoria em Cursos, Treinamentos e Eventos
Diversos, recentemente instituída pela atual diretoria, nomeou a comissão
organizadora, a qual realizou, ao longo do mês de fevereiro, reuniões
contínuas para elaboração do plano do curso. Ressalta-se que esse plano foi
integralmente alinhado à bibliografia do concurso. O quadro 2 expõe os
principais elementos constituintes do curso.
Quadro 2 - Elementos constituintes do curso
Título oficial do curso
Preparatório para Concurso da UFMG: Cargo
Bibliotecário
Instituição gestora
ABMG
Comissão organizadora
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da
Costa
Carga horária
40 horas
Número de aulas
10 aulas
Objetivo geral
Preparar os candidatos ao cargo de bibliotecário no
Concurso Público da UFMG, habilitando-os a atingir
bons resultados no certame
Objetivos específicos
- Oferecer aulas teóricas sobre os assuntos específicos
da Biblioteconomia contemplados no edital do concurso
- Apresentar técnicas, estratégias e metodologias que
possam garantir possibilidades de aprovação em
concursos
- Disponibilizar exercícios práticos, tal como a
resolução de questões abordadas em concursos
anteriores realizados na UFMG
Público-alvo
Bibliotecários que desejam realizar o concurso da
UFMG ou que desejam realizar concursos públicos em
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Metodologia
Temáticas dos módulos
outras instituições, sobretudo as de modalidade federal
Aulas teórico-práticas, ministradas por docentes e
profissionais especializados e experientes na área da
Biblioteconomia
- A biblioteca universitária
- O acervo da biblioteca universitária
- Uso e usuários da informação
Fonte: Dados do curso (2019).
Conforme informações constantes no quadro 2, percebe-s que o curso foi
destinado, especificamente, ao concurso da UFMG, embora muitas estratégias
apresentadas nas aulas, como também, muitos conteúdos, também são
destinados a capacitar o candidato para outros concursos realizados no Brasil,
sobretudo os da esfera público-federal. No que tange aos conteúdos, eles
foram distribuídos em três módulos, contemplando assuntos abrangentes e
mais específicos nas áreas de Biblioteconomia/Ciência da Informação. O
quadro 3 detalha os assuntos gerais dos módulos e os temas mais específicos
alinhados a cada um, como também o número de aulas para cada módulo.
Quadro 3 - Distribuição dos conteúdos abordados no curso por assuntos e temas específicos
Módulo - Assunto
Principais temas específicos
Número de
aulas
Módulo I – Biblioteca e a - Conceitos e características da biblioteca Duas aulas
universidade
universitária
- Gestão de bibliotecas
- Planejamento, organização e avaliação
Módulo II – Acervo da - Bibliotecas digitais
Seis aulas
biblioteca universitária
- Fontes de informação
- Formação e gestão do acervo
- Periódicos científicos
- Recursos informacionais
- Representação descritiva e temática
Módulo III – Uso e - Serviços de informação
Duas aulas
usuários da informação
- Usuários da informação
- Usabilidade da biblioteca
Fonte: Dados do curso (2019).
No que tange ao corpo docente do curso, foram convidados para ministrar as
aulas, um total aproximado de oito profissionais, alguns atuantes como
docentes na ECI e outros bibliotecários prestadores de serviço. A distribuição
do corpo docente levou em consideração a temática de formação e de pesquisa
de cada profissional. Em linhas gerais, as aulas com viés mais prático, por
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exemplo, catalogação/indexação, foram ministradas por bibliotecários atuantes
no processo técnico em bibliotecas, ao passo que as aulas com abordagem
mais teórica, sustentadas por fundamentos, ficaram a cargo dos docentes
vinculados à ECI.
Com o término das atividades de organização do plano curricular, iniciaram-se,
em março de 2018, os processos de divulgação. Foram disseminados fôlderes
eletrônicos em diversos espaços, como: site da ABMG, site da ECI e site do
Conselho Regional de Biblioteconomia. Além disso, o material de divulgação foi
enviado por e-mail para diferentes profissionais do estado de Minas Gerais, e
inserido para compartilhamento nas redes sociais da entidade, como no
Facebook e Instagram. Os materiais de divulgação são apresentados na figura
3.
Figura 3 - Processos de divulgação do curso
Fonte: Dados do curso (2019).
Finalizado o prazo de inscrição, foram computadas 15 inscrições, o que
possibilitou a formação da turma. Em virtude da sobra de vagas, foram
concedias duas bolsas, destinadas a profissionais apoiadoras das atividades da
ABMG. Além disso, foram oferecidas duas bolsas a dois candidatos que
deveriam exercer atividades de monitoria ao longo das aulas. Com efeito, a
turma foi formada com um total de 19 alunos.
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As aulas ocorreram do dia 15 a 28 de março em sala de aula da UFMG,
Campus Pampulha, no turno da noite. Todos os professores mostraram
domínio de conhecimento, cumprindo, fielmente, o plano do curso, sobretudo
no que tange ao conteúdo a ser abordado. Os professores foram orientados
para que, além dos conteúdos apresentados nas aulas expositivas, fossem
dedicados alguns minutos, ao final de cada aula, para prática de exercícios,
considerando a resolução de questões de concursos anteriores ocorridos na
UFMG.
Com o intuito de facilitar a troca de conhecimento entre os participantes, como
também, os comentários das aulas e, principalmente, a correção de exercícios
apresentados em sala de aula, foi criado um grupo de whatsApp, tendo um
professor e membro da comissão organizadora como mediador principal para
explicação das respostas dos exercícios. Esse grupo se manifestou com um dos
pontos mais forte do curso, haja vista as altas discussões e interações e,
principalmente,
a
exposição
de
exercícios
para
que
os
participantes
resolvessem e, logo em seguida, fossem corrigidos e comentados. Acerca do
uso do aplicativo de mensagens, segue um breve relato de aluno:
O curso como um todo foi ótimo. Mas, o que mais me surpreendeu e encantou foi a condução
do grupo de whatsApp, sobretudo no que tange ao empenho do professor, visto que não
poupava esforços e nem horários para postar exercícios e ir corrigindo, de modo que o
aprendizado fosse sendo compartilhado. O grupo de whatsApp apresentou-se como a
continuidade das aulas, ou seja, o curso preparatório foi muito além da sala de aula, nos
guiando até as vésperas das provas (Comentário de aluno participante do curso, postado em
grupo de whatsApp. Mensagem publicada em março de 2018).
A respeito dos cursos de capacitação oferecidos àqueles que desejam
ingressar-se na carreira pública, dialogamos com Albrecht e Krawulski (2011,
p. 215), quando afirmam que esses cursos são benéficos, pois além de
capacitarem
o
profissional
em
algum
aspecto
técnico,
também
“[...]
apresentam-se como uma alternativa preparatória àqueles que decidem
prestar concursos, na tentativa de vencer a competitividade acirrada [...]”.
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Quanto ao uso do aplicativo de mensagens nesses cursos, entende-se que ele
favorece o aprendizado, funcionando como uma forma de cobrar mais estudos
e empenho dos candidatos. De acordo com Silva e Rocha (2017, p. 171), a
aprendizagem baseada em tecnologias móveis, em nenhum sentido substitui
outras modalidades formativas. Porém, as redefine à luz das demandas
contemporâneas, uma vez que a aprendizagem baseada em tecnologias
móveis passa a ser uma dessas demandas. Portanto, na sociedade atual, “[...]
as pessoas estão cada vez mais conectadas umas com as outras por meio de
aplicativos de smartphone, as relações entre esses sujeitos tendem a estar
cada vez mais mediadas por esses dispositivos” (SILVA; ROCHA, 2017, p.
171).
Na última aula do curso, como forma de descontração, foi oferecida uma
pequena confraternização, com disponibilização de doces, salgados e sucos,
além dos votos de felicitações entre os participantes, visto que o certame
ocorreria em algumas semanas. Antes, porém, a presidenta da associação
agradeceu a participação de todos e mencionou que uma nova turma seria
formada
nas
próximas
semanas.
O
professor
membro
da
comissão
organizadora assim discursou:
Considero que esse curso foi uma iniciativa louvável da associação, pois, como entidade que se
ocupa com a capacitação dos profissionais, percebeu a necessidade de ofertar um curso
preparatório para concurso e o realizou em um curto período de tempo, com muito
planejamento, competência e empenho. Por isso, acho que todos, nesse momento, são
vitoriosos: a diretoria da ABMG, por apoiar essas iniciativas, a comissão organizadora, pelas
horas de trabalho dedicadas à concretização deste curso e, principalmente, vocês,
bibliotecários, que acreditaram no potencial das aulas e vieram fortalecer esse evento. Desejo
sucessos a todos na carreira pública e na vivência bibliotecária (Comentário de membro da
comissão organizadora e professor do curso).
Este curso também rendeu a elaboração de um material didático instrumental,
a partir da compilação das apostilas oferecidas aos alunos em cada aula. O
material compilado foi publicado, no formato de livro, estando disponível em
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acesso aberto2. A diretoria da ABMG tornou o material acessível, por acreditar
que
ele
muito
poderá
contribuir
no
planejamento
de
bibliotecários
concurseiros, além de servir como uma fonte de pesquisa, haja vista reforçar o
aprendizado, junto com as obras originais cobradas nos certames.
As semanas que se seguiram foram destinadas à divulgação de uma nova
turma, cujo plano do curso seria o mesmo da turma anterior, modificando-se,
apenas, o corpo docente, cujas aulas foram todas oferecidas pelo mesmo
professor. A segunda turma foi composta por dez participantes, mais dois
monitores das aulas. O período de realização foi do dia 09 a 20 de abril,
também no turno da noite, cujos resultados foram semelhantes ao da turma
anterior no que se refere ao empenho e satisfação, conforme relatado por
aluno no aplicativo de mensagem dessa nova turma:
As aulas foram fantásticas, em termos de conteúdo. Aprendi muito sobre a área, coisas que eu
nunca havia aprendido durante a formação e na atuação profissional. Além do mais, o que
encantou no curso foi a motivação do professor, nos colocando para cima. Isso faz toda a
diferença em um momento de tensão e estimula nosso psicológico, de modo que nos tornamos
mais confiantes em nós mesmos. Muito obrigada, ABMG! Obrigada, professor! (Comentário de
aluno participante do curso, postado em grupo de whatsApp. Mensagem publicada em abril de
2018).
Como se percebe, a oferta do Curso Preparatório para Concursos foi muito
satisfatória.
Os
resultados
alcançados
demonstram
a
satisfação
dos
participantes, como também, obtivemos, como retorno, a informação de que
duas alunas foram aprovadas e contratadas, e boa parte dos alunos obtiveram
bons resultados. Esses resultados evidenciam que o curso precisa continuar.
No entanto, ao longo do ano de 2019, foram abertas inscrições para dois
cursos dessa natureza: preparatório para Concurso da Universidade de Lavras
e preparatório para o Concurso do Conselho Regional de Minas Gerais/Espírito
Santo. Mesmo realizando a divulgação, não foi possível formar turmas.
2
Endereço
para
acesso
ao
material
compilado:
http://abmg.org.br/wpcontent/uploads/2018/08/MATERIAL-DID%C3%81TICO-CURSO-PREPARAT%C3%93RIO.pdf
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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A partir dos resultados satisfatórios com as duas turmas do curso preparatório,
a diretoria da ABMG comunga da ideia de que os cursos dessa modalidade, por
certo, irão beneficiar os bibliotecários que desejam ingressar-se na carreira
pública. Por isso, ao longo dos anos, dependendo do edital que for lançado, a
associação unirá esforços no intuito de se formar novas turmas.
4 CURSO MANUTENÇÃO E LIMPEZA EM BIBLIOTECAS
O referido curso manifestou-se como um evento restrito, direcionado aos
colaboradores de uma organização prestadora de serviços na UFMG, a
Conservo: Soluções em Serviços. Considerando a necessidade de capacitação
da equipe que realiza a limpeza de livros e estantes, nas bibliotecas da UFMG,
a empresa contratante solicitou a oferta de um curso específico que
apresentasse aos participantes conceitos básicos de preservação de acervos e
procedimentos práticos e demonstrativos. Tais procedimentos contemplaram
as práticas de limpeza de documentos e do acervo informacional das unidades
de informação do Sistema de Bibliotecas da UFMG, de modo a garantir a
segurança das coleções, das equipes que realizam o serviço e demais pessoas
que utilizam os espaços dessas unidades.
O contato inicial da ABMG com a contratante se manifestou em novembro de
2018, momento em que a diretoria da associação declarou como membros da
comissão organizadora e executora Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de
Oliveira da Costa, estando os demais membros convidados a contribuir/intervir
nos trabalhos dessa comissão, a qualquer momento. A princípio, a comissão
organizadora elaborou o plano do curso, considerando as necessidades da
contratante. Além do plano, outras questões de ordem administrativa foram
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apresentadas, o que viabilizou a oficialização do contrato de prestação de
serviços, devidamente assinado em dezembro de 2018.
No intuito de satisfazer as necessidades da contratante, no plano do curso foi
descrita a carga horária de 12 horas, distribuídas em quatro dias de aula (três
horas de aula diária), sendo seis horas de aula teórica e seis horas de aula
prática. As aulas foram previstas para acontecer de 11 a 14 de março de 2019,
haja vista o tempo discorrido com os trâmites administrativos no âmbito da
prestação de serviços em instituições públicas, como é o caso da UFMG.
A importância desse tipo de curso foi devidamente refletida por ambas as
partes e registrada no plano do curso. Assim, partiu-se do princípio de que
“[...]
a
adoção
de
medidas
preventivas
nos
acervos
das
bibliotecas
universitárias é responsabilidade de todos os atores envolvidos ou que
trabalham direta ou indiretamente com esses documentos [...]” (ABMG, PLANO
DE CURSO, 2018, p. 1).
No diálogo firmado entre ABMG e Conservo, considerou-se que os profissionais
que atuam nos serviços de limpeza exercem um papel fundamental na
preservação dos acervos das bibliotecas, pois são eles que viabilizam “[...] a
manutenção adequada das instalações e documentos, protegendo os acervos
da ação destrutiva de agentes externos [...]”. Por isso, destacou-se que é
preciso “[...] oferecer capacitações às equipes de limpeza e manutenção, de
modo a garantir a conservação do acervo, como também segurança aos
profissionais que exercem essas atividades” (ABMG, PLANO DE CURSO, 2018,
p. 1).
Nesse contexto, o Curso intitulado Manutenção e Limpeza em Bibliotecas teve
como objetivo capacitar e treinar profissionais que atuam com a limpeza e
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manutenção de bibliotecas, sobretudo nos acervos documentários dessas
unidades, cujo público-alvo contemplou profissionais integrantes das equipes
de manutenção das áreas internas dos prédios da UFMG, especificamente, os
envolvidos com a limpeza de livros e estantes. O quadro 4 apresenta o resumo
do plano do curso.
Quadro 4 - Principais elementos constituintes do plano do curso
Justificativa
Viabilizar a conservação dos acervos e segurança aos profissionais
que atuam nas atividades de limpeza e manutenção. Portanto, é
preciso oferecer treinamentos que visem capacitar a equipe de
trabalho, para que seja realizado um trabalho mais efetivo e com
contribuições tanto para profissionais e empresas responsáveis,
quanto para a biblioteca e a instituição como um todo
Objetivos específicos
- Conceituar sobre bibliotecas
- Apresentar o Sistema de Bibliotecas da UFMG
- Discorrer sobre noções básicas de preservação de acervos
- Apresentar procedimentos e técnicas de limpeza, segurança
pessoal e segurança dos acervos
- Realizar treinamento para a apreensão e domínio das técnicas
de limpeza dos materiais constitutivos dos acervos de bibliotecas
Metodologia
- Aulas expositivas sobre conceitos, histórico e importância das
bibliotecas, dos acervos documentários e das técnicas de
conservação dos documentos
- Aulas práticas, com demonstrações sobre pequenos reparos,
cuidados com os livros e demais documentos, técnicas de
higienização, contato e segurança ao lidar com os acervos
Recursos
- Sala de aula com projetor multimídia
- Apostila impressa
- Lousa e caneta para lousa
- Laboratório de conservação de documentos, com materiais para
higienização e demonstrações
Processo de avaliação
Os participantes serão acompanhados e avaliados pelo
coordenador do curso. A avaliação será feita considerando a
participação dos alunos nas atividades propostas, assiduidade e
empenho na execução dos treinamentos
Fonte: Dados do curso (2019).
Importante destacar, também, conforme registrado no plano, os principais
conteúdos programáticos de natureza teórica e/ou prática, que foram: Biblioteca: conceitos, estrutura, tipologias e serviços; - Sistema de Bibliotecas
da UFMG: missão, visão, valores, objetivos e estruturação; - Instalações de
bibliotecas: prédios, móveis e equipamentos; - Tipos de materiais constitutivos
dos acervos; - Noções básicas de Preservação; - Tipologias de acervos: uma
abordagem para a definição dos procedimentos de limpeza; - Procedimentos
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de limpeza e conservação; - Procedimentos em situação de emergência; Visitas à Biblioteca Central, Laboratório de Preservação e Divisão de Coleções
Especiais; - Atividades práticas de limpeza e manutenção de estantes.
Para execução do curso, a ABMG contou com a colaboração da Escola de
Ciência da Informação (ECI), da UFMG, a qual ofereceu sala, com recursos
adequados para realização das aulas teóricas, além do Laboratório de
Preservação utilizado nas aulas práticas. Ademais, como benefícios oferecidos
pela ABMG, foi firmado em contrato, o oferecimento de uma apostila impressa,
com sete páginas de conteúdo abordado nas aulas, sobretudo as teóricas.
Também é praxe da associação oferecer certificado de participação a todos os
inscritos no curso e uma pasta personalizada com materiais para anotações,
conforme exposto na figura 4.
Figura 4 - Materiais oferecidos pela associação ao longo do curso
Fonte: Dados do curso (2019).
Quanto à execução das aulas, no dia 11 de março, foi realizada a primeira
aula, de natureza teórica, cujo facilitador foi o professor Jorge Santa Anna. O
encontro foi introduzido pela organizadora do curso, Maria Elizabeth de Oliveira
Costa, a qual apresentou, de forma breve, a proposta do curso e o currículo
dos professores. Nessa aula, realizada das 09:00 às 12:00h, os participantes
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foram apresentados (sete alunos e dois representantes da Converso) e o
professor ministrou a aula de forma expositiva e participativa, discorrendo
sobre conceitos, tipos e estrutura das bibliotecas contemporâneas, com auxílio
de uma instrutora: doutoranda da ECI, a bibliotecária Jéssica Patrícia de Sá.
No dia 12 de março, aconteceu a segunda aula, das 12:00 às 15:00h, também
ministrada pelo professor Jorge, cujos assuntos abordados foram: riscos em
bibliotecas, agentes degradantes de acervo, conceitos de preservação e
conservação e preparação para procedimentos de limpeza em acervos. Na
presente aula, além da exposição dos conteúdos por meio de retroprojetor,
também foram assistidos vídeos de ações destrutivas sobre os acervos, com
destaque ao incêndio no Museu Nacional, ocorrido no final de 2018. Além do
professor, da coordenadora do curso e dos sete alunos, estiveram presente
nesta aula, a monitora, Andreza Gonçalves, doutorando na ECI e
a
bibliotecária do IPHAN e doutoranda na ECI, bibliotecária Mônica Elisque, a
qual contribuiu com relatos oriundos de sua experiência em acervos históricos.
A figura 5 apresenta a turma de alunos, conduzida por professor e monitores.
Figura 5 - Aulas teóricas do curso, com professor, alunos e monitores
Fonte: Dados do curso (2019).
Nos dias 13 e 14, concretizaram-se as aulas práticas, ministradas pela
professora Ana Panisset, em que os alunos foram submetidos aos processos ou
práticas de execução junto a materiais deteriorados, no intuito de realizarem,
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na prática, ações de pequenos reparos. Além disso, a professora apresentou
casos concretos de contaminação de fungos e bactérias nos acervos, como
também em seres humanos, resultando em perdas irreparáveis para as
instituições e para as pessoas que lidam com as coleções. A figura 6 ilustra
casos práticos refletidos pela professora e as atividades de pequenos reparos
realizadas pelos participantes, no Laboratório de Preservação da ECI.
Figura 6 - Aulas práticas do curso, com demonstrações e intervenções práticas
Fonte: Dados do curso (2019).
Ao final da última aula, no dia 14 de março, foi realizada visita técnica ao
acervo da biblioteca da ECI, em que foi apresentada além da estrutura da
unidade, a forma adequada de se proceder às atividades de limpeza dos livros
e estantes, especificamente, com uso do aspirador de pó. Ao final dessa aula,
houve uma pequena confraternização entre os participantes (figura 7).
Figura 7 - Visita ao acervo e confraternização
Fonte: Dados do curso (2019).
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Além da confraternização, outra atividade realizada no encerramento do curso
foi a entrega solene dos certificados aos cursistas. Esse momento foi permeado
por discurso de agradecimento por parte da comissão organizadora do curso, a
qual ressaltou a importância de novos cursos e parcerias que podem ser
estabelecidas, a posteriori (figura 8).
Figura 8 - Encerramento do curso, com entrega solene dos certificados
Fonte: Dados do curso (2019).
Com o intuito de finalizar as atividades, foi enviado comunicado (e-mail) à
Conservo, acerca do encerramento do curso, cuja comissão organizadora
avaliou o curso como muito adequado e proveitoso, em que os resultados
foram considerados como satisfatórios e atenderam os objetivos propostos,
conforme pode ser percebido na descrição da mensagem:
[...] o curso foi desenvolvido de acordo com o que constava no plano elaborado pela ABMG,
considerando as necessidades da Conservo. Salientamos, também, que o curso foi muito
produtivo, com boa interação dos participantes, tanto nas discussões teóricas,
quanto nos procedimentos práticos realizados no Laboratório de Preservação ou junto ao
acervo da biblioteca universitária. Anexamos algumas fotos para registro, caso tenham
interesse. Quaisquer dúvidas e/ou demais informações, nos colocamos à disposição.
Finalizamos, agradecendo pela oportunidade e nos colocamos à disposição para futuras
parcerias (ABMG, 2019, não paginado, grifo nosso).
Portanto, do ponto de vista da comissão organizadora o curso foi prestado
seguindo os padrões de excelência e qualidade. Essa mesma percepção é
constatada por uma das representantes da empresa contratante, ao responder
o e-mail enviado, da seguinte forma:
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Agradecemos a parceria firmada para o fim proposto que foi atendido com excelência.
Agradecemos a todos os envolvidos, em especial ao professor Jorge Santa Anna por se dispor
com tão boa vontade e profissionalismo, mesmo estando com o braço imobilizado. São esses
fatores como profissionalismo, comprometimento e criatividade que nos leva a
melhoria contínua na qualidade dos serviços prestados a essa UFMG (ANDRADE, 2019, não
paginado, grifo nosso).
A partir dos resultados alcançados com este curso, reforçamos que as
instituições e demais atores envolvidos com os acervos das bibliotecas
possuem uma responsabilidade fundamental, pois essa memória registrada
constitui o patrimônio cultural e intelectual das instituições e da sociedade.
Logo, o que está registrado nos livros, nos jornais, nas revistas de uma
biblioteca representa a memória do nosso país, do nosso estado, da nossa
cidade, do nosso bairro, da nossa rua, das nossas famílias. Portanto, danificar
e destruir esses objetos é o mesmo que apagar, de uma vez por todas, a nossa
herança cultural, o que pode levar à eliminação completa dos registros da
nossa história, impedindo que as gerações do futuro tenham conhecimento
sobre nossa existência, nossas práticas sociais e nossas vivências.
É como mencionou Ribeiro, Lima e Silva (2018), acerca da importância da
preservação de documentos em acervos, visto que esses se manifestam como
equipamentos de memória. Assim, o desejo é o de garantir a perpetuação dos
registros, tornando eles acessíveis às novas gerações. A preservação possibilita
o sentimento de pertencimento e identidade de uma pessoa ou de um grupo
(RIBEIRO; LIMA; SILVA, 2018).
O sucesso alcançado com o curso de Manutenção e Limpeza em Bibliotecas
despertou a importância em tornar público o material didático elaborado pelos
professores, para acompanhamento dos alunos, nas aulas (apostilas). Assim, o
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conteúdo das quatro aulas foi compilado, em uma única produção técnica, a
qual foi disponibilizada no site da ABMG, para acesso3.
Os resultados positivos alcançados com a primeira turma do curso estimulou a
oferta de uma nova turma, no final do ano de 2019. Dessa vez, a solicitação
veio de uma nova empresa atuante na prestação de serviços de limpezas na
UFMG, a Pluri: Segurança e serviços. A proposta da empresa contratante era a
mesma da empresa anterior, cujo formato do curso foi mantido, sem nenhuma
alteração.
Com efeito, a segunda turma para o curso de Manutenção e Limpeza em
Bibliotecas aconteceu entre os dias de 07 a 10 de outubro de 2019, no
Laboratório de Preservação da ECI, com total de 12 participantes. A figura 9, a
seguir, apresenta alguns momentos principais do curso, como: aula expositiva,
aula prática, entrega de certificado e confraternização.
Figura 9 - Principais momentos da segunda turma do curso de manutenção em bibliotecas
Fonte: Dados do curso (2019).
3
Endereço para acesso ao material: http://abmg.org.br/publicacoes-da-abmg/apostila-docurso-manutencao-e-limpeza-em-biblioteca/
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Os resultados dessa segunda turma também foram satisfatórios, pois, na
solenidade
de
entrega
dos
certificados,
os
participantes
mostraram-se
otimistas, seja em termos do acolhimento prestado no curso, como também, a
dinâmica das aulas, além do conhecimento adquirido. Isso se confirma, no
relato de uma das alunas do curso:
O curso foi muito bom, pois, nas aulas, o professor nos estimulava a discutir os assuntos,
fazendo perguntas e conversando com a gente. Isso faz toda a diferença, pois evita o cansaço,
pois a gente pega cedo no trabalho, e, no horário da tarde, estamos cansadas. Com aulas
alegres, desse jeito, tudo fica mais fácil. Vocês estão de parabéns! Adorei o curso! (Comentário
de aluna do curso).
A fim de finalizar as atividades, a presidenta da ABMG agradece a presença de
todos e aproveita para estimular as pessoas a continuarem nos estudos,
fazendo uma faculdade, pois estudar gera melhores possibilidades de emprego
e melhorias na vida. Finaliza, mencionando que a associação está muito grata
com a oportunidade, e se coloca à disposição dos alunos e da empresa
contratante, a fim de firmar novos diálogos e parcerias.
Em virtude dos bons resultados oferecidos com a oferta dessas duas turmas,
espera-se que novas demandas aconteçam nos anos seguintes. Em dezembro
de 2019, foi enviado e-mail da Empresa Conservo, solicitando a oferta do curso
fora da cidade de Belo Horizonte: dessa vez, o mesmo curso seria oferecido
nas cidades de Tiradentes e em Montes Claros. Nessa ocasião, a Secretaria da
ABMG respondeu os comunicados, e está aguardando o posicionamento da
empresa para atender essas novas demandas, se elas se concretizarem.
Além do valor que os cursos voltados à temática da preservação assumem, no
atual contexto, também salientamos a importância e necessidade em se
realizar os cursos de capacitação e aperfeiçoamento, de modo que a ABMG
consolide-se, cada vez mais, como uma instituição comprometida com as
causas sociais e profissionais e que fortaleça, constantemente, a formação
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profissional na área de Biblioteconomia/Ciência da Informação em todas as
instâncias do Estado de Minas Gerais e do Brasil.
5 CURSO ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS PARA VISITAS DO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Foi com surpresa que recebemos, ainda em período de recesso, um
comunicado via e-mail, propondo a realização de um curso voltado à
capacitação
de
profissionais
a
atuarem
na
organização
de
bibliotecas
universitárias para recebimento de visitas do MEC.
A mensagem foi enviada pelo bibliotecário Josuel Ferreira dos Santos da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), e assim foi registrada: “Prezados. Boa
tarde. Gostaria de realizar junto com vocês o curso organização de bibliotecas
para visitas do MEC em parceria”4. Na ocasião, como não conhecíamos esse
profissional,
solicitamos
maiores
esclarecimentos
sobre
o
curso
e
as
responsabilidades de cada parte envolvida, ABMG e proponente.
No decorrer das semanas, o diálogo foi se fortalecendo, tanto por e-mail,
quanto por telefone, a ponto de decidirmos pela realização do curso, conforme
decisão tomada em reunião da diretoria ocorrida em 19 de março de 2019.
Essa decisão demorou a ser tomada por dois motivos: 1 – o e-mail foi enviado
em período de férias de alguns membros, o que impossibilitou o contato
imediato com o proponente; 2 – pela inovação da proposta, sobretudo por
tratar-se de um curso oferecido por um profissional fora do estado de Minas
Gerais, algo, até então, pioneiro durante a gestão da atual diretoria.
4
Mensagem de e-mail recebida por abmg.gestao21@gmail.com, em 04 de janeiro de 2019
(ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS, 2019a).
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Importante reforçar que, em termos da temática do curso, a atual diretoria
entende que ela assume um papel fundamental na sociedade atual, em virtude
dos rigores estabelecidos nas avaliações para melhoria dos cursos formativos
oferecidos no Brasil. Conforme narrado por Maia e Santos (2015), é um desafio
que precisa ser superado o fato de que os acervos das bibliotecas acadêmicas
precisam
oferecer
materiais
condizentes
com
a
realidade
dos
cursos
oferecidos. Com esse alinhamento, tornar-se-á possível “[...] um melhor
atendimento às novas diretrizes estabelecidas pelo MEC e, consequentemente,
resultando em melhorias para a biblioteca universitária” (MAIA; SANTOS,
2015, p. 100).
À medida que as informações nos foram enviadas, elas foram devidamente
formalizadas em contrato, conforme modelo padrão adotado pela associação,
com as respectivas assinaturas eletrônicas do contratante (representado pelo
profissional) e da contratada (representada pela entidade). Os detalhes
firmados em contrato encontram-se expostos no quadro 5.
Quadro 5 - Dados da parceria firmada para ocorrência do curso
Nome do curso
Organização de Bibliotecas para Visita do MEC
Professor ministrante
Bibliotecário Josuel Ferreira dos Santos
Comissão organizadora
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da
Costa
Monitores e auxiliares
Equipe ABMG
Objetivo do curso
Preparar os profissionais para atuarem em
momentos de visita do MEC, atendendo as
exigências para melhorar a avaliação dos cursos
nas universidades e faculdades
Data de realização
08 de junho de 2019
Local
Escola de Ciência da Informação (ECI) – sala
1000
Vagas
- Número mínimo de inscritos: 15
- Número máximo de inscritos: 40 ou quanto o
espaço comportar
Fonte: Dados do curso (2019).
Além das informações principais pertencentes à proposta do curso, no
contrato, foram registradas as responsabilidades de cada parte envolvida,
como pode ser observado no quadro 6.
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Quadro 6 – Principais responsabilidades de
Responsabilidades do contratante
- Preparar a ementa e plano do curso
- Conduzir a aula, ministrando os
conteúdos contidos no plano
- Arcar com quaisquer
despesas
referentes à locomoção e estadia
- Disponibilizar materiais didáticos com
os conteúdos aos participantes
- Oferecer brindes para sorteio durante
o curso e custear as despesas com
lanche aos participantes
cada parte envolvida
Responsabilidades da ABMG
Providenciar
infraestrutura
ambiental
e
tecnológica para realização do curso
- Realizar as inscrições, conforme política de
inscrições e logística da ABMG (depósito em conta
e envio do comprovante por e-mail)
- Estabelecer comunicados com os participantes,
esclarecendo dúvidas, enviando recibos de
inscrição, dentre outras interações
- Gerenciar os materiais administrativos do curso,
como lista de presença, controle dos e-mails,
dentre outros
- Confeccionar os certificados
- Recepcionar os participantes e acolhê-los no dia
do evento, com o trabalho de monitores
Fonte: Dados do curso (2019).
Assim, a partir da assinatura do contrato, procedeu-se ao período de
inscrições, realizado de 20 de abril a 30 de maio. Os dias restantes com o
término das inscrições até a data de realização foram destinados para
resolução de questões administrativas, como confirmação da sala, elaboração
de certificados, elaboração do cronograma, envio de comunicado aos inscritos,
dentre outras questões.
Com o término das inscrições, foram computadas 23 solicitações, sendo quatro
na modalidade estudante. Considerando a sobra de 17 vagas, a comissão
organizadora optou por convidar profissionais que colaboraram, de forma
voluntária, na II edição do Conversando Sobre5, evento ocorrido na ECI, no dia
23 de abril de 2019.
Com essa intenção, foram enviados e-mails aos oito componentes da comissão
organizadora do citado evento. Portanto, no dia do curso, fizeram-se presentes
5
Esta edição do Conversando Sobre teve como tema “Os periódicos científicos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação: onde e como publicar”, reunindo um total de 15
participantes, com mediação realizada por seis bibliotecários/pesquisadores, além da
contribuição de duas monitoras. O relatório desse evento está arquivado no google drive do email
da
associação,
além
de
disponibilizado
para
acesso
no
endereço:
http://abmg.org.br/publicacoes-da-abmg/relatorio-expandido-conversando-sobre-ii-edicao-osperiodicos-cientificos-na-area-de-biblioteconomia-e-ciencia-da-informacao/
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os 23 inscritos e quatro convidados, cuja turma foi composta pelo total de 27
participantes, além do professor e os dois membros da comissão organizadora,
os quais atuaram, também, como monitores. Ressalta-se que, como todo
evento ou curso realizado pela associação, os membros da atual diretoria
foram convidados a contribuir na organização do evento, por conseguinte,
participarem do mesmo. No entanto, não houve membros presentes da
diretoria, além dos organizadores. O quadro 7 demonstra o número de
participantes, distribuídos por categorias e os respectivos valores arrecadados.
Quadro 6 - Categorias de participantes
Categorias de participantes
Profissionais
Estudantes
Bolsistas convidados
Comissão organizadora e monitores
Total
Fonte: Dados do curso (2019).
Número de
participantes
19
04
04
02
29
Acerca do convite realizado aos bolsistas, acredita-se que essa ação fez-se
necessária, pois além de demonstrar um gesto de justiça, potencializa o papel
social da entidade em prol dos profissionais, sobretudo os que contribuem ou
apoiam, de alguma forma, as atividades realizadas. A seguir, trecho de e-mail
enviado aos convidados:
“[...] considerando a contribuição dos (as) senhores (as) nas atividades promovidas, nos
últimos meses, pela ABMG (publicação dos livros, cursos diversos, Conversando Sobre, dentre
outros), temos a alegria de comunicar que foram concedidas bolsas para participação dos (as)
senhores (as) em um curso que ocorrerá, neste sábado. [...] Portanto, vocês estão convidados
(as) a participar (gratuitamente) do curso. Essa é uma forma de retribuirmos a nossos
colegas e parceiros pelos auxílios oferecidos para fortalecimento da ABMG e da
classe bibliotecária em Minas Gerais. Esperamos todos no próximo sábado e esperamos
que tenhamos um ótimo evento!6
Conforme programação prévia elaborada pela comissão organizadora, o evento
aconteceria das 12:00 às 19:00h. No entanto, por problemas de aulas
ofertadas na parte da manhã, na ECI, o curso iniciou-se às 12:30 h, sendo os
três intervalos de quinze minutos previstos para ocorrerem foram reduzidos a
6
Mensagem de e-mail enviada por abmg.gestao21@gmail.com, em 03 de junho de 2019
(ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS, 2019b).
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
dois intervalos. O quadro 8 explana as principais ocorrências relacionadas ao
cronograma do curso.
Quadro 7 - Cronograma de atividades do curso
Horário
Atividades realizadas
- Das 12:30 às 12:40 h
- Boa vinda aos participantes
e apresentação do docente
- Das 12:40 às 12:50 h
Espaço
da
ABMG
-- apresentação da entidade
-- site, e-mails e telefones de
contato
-- breve história da ABMG e
situação atual
-- convite para associar-se e
participar dos projetos
- Das 12:50 às 14:00 h
- Primeira parte do curso
- Das 14:00 às 14:10 h
- Intervalo
- Das 14:10 às 14:20
- Espaço da ABMG
-- apresentação dos projetos
da
entidade:
cursos
realizados
e
planejados;
Conversando Sobre; Agenda
2030 em MG etc.
- Das 14:20 às 16:00 h
- Segunda parte do curso
- Das 16:00 às 16:15 h
- Intervalo e lanches
- Das 16:15 às 18:00 h
- Terceira parte do curso
- Das 18:00 às 18:20 h
- Simulação de visita técnica
- Das 18:20 às 19:00 h
Agradecimentos,
homenagens,
sorteio
de
brindes
e
entrega
de
certificados
Fonte: Dados do curso (2019).
Responsável
Maria Elizabeth de Oliveira
Costa
Jorge Santa Anna
Josuel Ferreira dos Santos
---Jorge santa Anna
Josuel Ferreira dos Santos
---Josuel Ferreira dos Santos
Josuel Ferreira dos Santos
Maria Elizabeth de Oliveira
Costa
Conforme consta no quadro 8, o curso foi encerrado às 19:00 h, cumprindo a
carga horária exigida no programa curricular. Com o término da aula, a
comissão organizadora reuniu-se com o professor, a fim de realizar a
avaliação, a qual se baseou nas observações da comissão durante o evento,
como
também,
conversas
informais
com
participantes,
além
de
um
questionário aplicado pelo professor aos participantes, no final da aula. Em
linhas gerais, percebeu-se que o propósito do curso foi atendido, haja vista ter
possibilitado a satisfação da maioria dos participantes, os quais garantiram que
é preciso realizar outros cursos com esse mesmo tema. A partir da avaliação
positiva, o professor sugeriu a realização de uma segunda edição do curso, que
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Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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2018-2020
poderia ocorrer na última semana de julho. A comissão ficou de levar para
debate e decisão na próxima reunião da diretoria da ABMG.
Os trabalhos de avaliação e discussões com o professor foram encerrados às
20:00 h, sendo ele dispensado, visto que possuía viagem aérea marcada para
sua cidade (Salvador), às 21:00 h. A comissão organizadora ainda permaneceu
no local do evento, a fim de arrumar a sala destinada à secretaria do curso.
Pontualmente, às 21:00 h, as atividades foram encerradas, cujo local ficou
devidamente organizado, conforme estava antes da realização das atividades.
As figuras, a seguir, são fotos registradas das principais ocorrências do evento:
Figura 10 - Abertura do evento, com saudações de boas-vindas
Fonte: Dados do curso (2019).
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Figura 11 - Espaço destinado à ABMG: apresentação da entidade e dos principais projetos dela
Fonte: Dados do curso (2019).
Figura 12 - Condução da aula pelo bibliotecário Josuel Ferreira dos Santos
Fonte: Dados do curso (2019).
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Figura 13 - Intervalo para lanches e socializações
Fonte: Dados do curso (2019).
Figura 14 - Reunião da comissão organizadora, após o evento
Fonte: Dados do curso (2019).
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Figura 15 - Modelo de certificado impresso entregue aos participantes – anverso e verso
Fonte: Dados do curso (2019).
Por fim, a partir deste evento, constata-se que ele foi produtivo, sobretudo
pelo fato de ampliar a visibilidade do trabalho da associação, além de
oportunizar contribuições ao fazer profissional dos participantes. Mais uma vez,
percebe-se a consolidação do papel social da ABMG, sobretudo em prol do
fortalecimento e potencialização da classe bibliotecária em Minas Gerais.
Ademais,
destaca-se,
como
ação
pioneira,
a
oportunidade
em
trazer
profissionais de outros estados, o que garantiu a troca de experiências, e,
como consequência dessa iniciativa, a entidade assume o compromisso em
romper as fronteiras geográficas, indo muito além do estado de Minas Gerais.
Que outras iniciativas dessa natureza possam ser pensadas, planejadas e
executadas!
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Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
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2018-2020
6 PALAVRAS FINAIS: CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL EM
FOCO
Este relatório técnico e expandido apresentou os resultados de parte
integrante do trabalho realizado pela atual diretoria da ABMG, considerando,
em especial, uma das mais importantes funções das associações de classe:
oferecer capacitação aos profissionais. Ao longo de dois anos de gestão, qual
seja, 2018 e 2019, foram oferecidos quatro importantes cursos, e, como se
percebeu nos resultados de cada um deles, a classe bibliotecária foi
beneficiada, reforçando, de alguma forma, as habilidades e competências, para
melhoria e inovação no fazer bibliotecário.
Acreditamos que a capacitação é algo emergente para o século XXI, haja vista
a instabilidade promovida com os reflexos da globalização e das tecnologias
digitais. Os bibliotecários continuarão sendo, ao longo das próximas décadas,
agentes de tratamento e disseminação da informação. Para tanto, precisam se
adequar às novas tendências, criando meios que possibilitem o uso adequado
da informação para benefício das pessoas, das organizações e da sociedade,
como um todo.
É com essa nova realidade que as associações muito podem auxiliar os
bibliotecários,
oferecendo
cursos,
treinamentos,
oficinas,
palestras,
congressos, dentre muitos eventos ou ocorrências que, em comunhão com as
escolas de Biblioteconomia/Ciência da Informação, garantirão uma formação
mais integral, cada dia mais transversal. As associações desempenham esse
papel, que precisa ser entendido como complementar à formação acadêmica,
de modo a estimular a formação continuada dos profissionais.
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
Assim,
esperamos
que
as
associações
se
transformem
em
espaços
complementares de formação, planejados a partir das demandas oriundas do
mercado, de modo a aperfeiçoar a atuação bibliotecária, garantindo o
fortalecimento
e
valorização
da
área
no
contexto
individual,
cultural,
econômico e social. Que a ABMG não meça esforços no sentido de lutar por
essa causa, em Minas Gerais, em interação com as demais associações do
país, tornando a Biblioteconomia brasileira mais reconhecida e se tornando um
ponto de referência universal.
REFERÊNCIAS
ABBOTT, Andrew. The system of professions: an essay on the division of
expert labor. Chicago: The University of Chicago Press, 1988.
ALBRECHT, Pricila Anny Tomachski; KRAWULSKI, Edite. Concurseiros e a busca
por um emprego estável: reflexões sobre os motivos de ingresso no serviço
público. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 14, n. 2, p. 211226, 2011. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/v14n2/v14n2a05.pdf. Acesso em: 15 dez.
2019.
ANDRADE, Solange. Encerramento de Curso: Manutenção e Limpeza em
Bibliotecas [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
<abmgcursos@gmail.com>, em 15 mar. 2019.
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG). Curso
organização de Bibliotecas para visitas do MEC [mensagem pessoal].
Mensagem recebida por <abmg.gestao21@gmail.com>, em 04 jan. 2019a.
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG). Convite:
participação em curso [mensagem pessoal]. Mensagem enviada por
<abmg.gestao21@gmail.com>, em 03 jun. 2019b.
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG).
Encerramento de Curso: Manutenção e Limpeza em Bibliotecas [mensagem
pessoal]. Mensagem enviada para <solange.andrade@conservo.com.br>, em
14 mar. 2019.
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2018-2020
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG). Plano de
Curso. Belo Horizonte, 2018. 04 folhas.
BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero,
1983.
COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da; SANTA ANNA, Jorge. Da extensão
universitária à pós-graduação: relato de experiência sobre o curso Métodos e
Técnicas em Pesquisa Científica. Interfaces: Revista de Extensão da UFMG,
Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 92-107, jan./jun. 2019. Disponível em:
https://www.ufmg.br/proex/revistainterfaces/index.php/IREXT/article/view/41
6/pdf. Acesso em: 15 dez. 2019.
MAIA, Luiz Cláudio Gomes; SANTOS, Maria de Souza Lima. Gestão da
biblioteca universitária: análise com base nos indicadores de avaliação do MEC.
Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p.
100-119, abr./jun. 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/pci/v20n2/1413-9936-pci-20-02-00100.pdf. Acesso
em: 15 dez. 2019.
RIBEIRO, Josino de Carvalho; LIMA, Izabel França de; SILVA, Leyde Klebia
Rodrigues da. Memória institucional e preservação da informação: a
preservação digital da Revista do Fisco. Biblios, Lima, v. 73, 2018. Disponível
em: http://www.scielo.org.pe/pdf/biblios/n73/a01n73.pdf. Acesso em: 15 dez.
2019.
SILVA, Andreia Sousa da et al. Associação Catarinense de bibliotecários: 40
anos de serviços prestados na defesa e valorização da Biblioteconomia
Catarinense. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São
Paulo, v. 11, número especial, p. 472-485, 2015. Disponível em:
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/523/444. Acesso em: 26 mar.
2019.
SILVA, Ivanderson Pereira da; ROCHA, Fernanda de Burgos. Implicações do
uso do whatsapp na educação. Revista EDAPECI, São Cristóvão, v. 17, n. 2,
p. 161-174, maio/ago. 2017. Disponível em:
https://seer.ufs.br/index.php/edapeci/article/view/5615. Acesso em: 15 dez.
2019.
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2018-2020
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro editorial
da Revista Pró-
Discente.
de
Administra
a
gestão
secretaria
e
assuntos administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa: Bibliotecária
do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Doutoranda em
Gestão e Organização do Conhecimento, investigando
o papel das bibliotecas para melhoria da educação a
distância, no Brasil. Ocupa o cargo de presidenta da
atual diretoria da ABMG.
E-mail: mabethcosta@gmail.com.br
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Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Cursos de capacitação profissional
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Capacitação
Cursos profissionais
Description
An account of the resource
Métodos e técnicas em pesquisa científica. Preparatório para concurso. Manutenção e limpeza em bibliotecas. Organização de bibliotecas para visitas do MEC
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4594/Possedanovadiretoria.pdf
878e276aafbbea7c6237af090334fc1b
PDF Text
Text
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2018-2020
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ABMG – NOVA
GESTÃO – 20182020
POSSE DA ATUAL
DIRETORIA
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
(Organizadores)
Belo Horizonte
Março de 2018
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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2018-2020
ABMG – NOVA
GESTÃO – 20182020
POSSE DA ATUAL
DIRETORIA
Belo Horizonte
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Março de 2018
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Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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2018-2020
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
ABMG: NOVA GESTÃO – POSSE DA ATUAL DIRETORIA – 2018-2020
Escopo do relatório: Processo eleitoral, posse celebrativa e oficial da nova diretoria e
algumas expectativas da nova gestão
Comissão organizadora: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Casa publicadora: ABMG
Local e data de realização da posse celebrativa: Belo Horizonte, Auditório Azul da ECI.
Realizada em 14 de março de 2018
Local e data de realização da posse oficial: Belo Horizonte, Sede da ABMG. Realizada em
reunião da diretoria no dia 28 de março de 2018
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Endereço: Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício
Rotary, Sala 608
Site: www.abmg.org.br
E-mail: abmg.gestao21@gmail.com
Telefone: (31) 99959-4087
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Divulgação da abertura do processo eleitoral .............................. 5
Figura 2 - Programação da III Semana do Bibliotecário – posse da diretoria da
ABMG .................................................................................................... 9
Figura 3 - Posse celebrativa da nova diretoria da ABMG .............................10
Figura 4 - Parceira entre a ABMG e a ECI .................................................11
Figura 5 - Encerramento da posse celebrativa – confraternização ...............12
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Composição da chapa da nova diretoria da ABMG – gestão 20182020 ..................................................................................................... 6
Quadro 2 - Algumas ações emergentes propostas pela chapa para a nova
gestão da ABMG ..................................................................................... 7
Quadro 3 - Atividades primordiais a serem realizadas pela atual diretoria ....13
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SUMÁRIO
1 ABMG: EM BUSCA DE UMA NOVA GESTÃO .......................................... 3
2 A FORMAÇÃO DE UMA CHAPA E O PROCESSO ELEITORAL .................. 4
3 SOLENIDADE DA NOVA GESTÃO: POSSE CELEBRATIVA E OFICIAL .... 8
4 ABMG: NOVOS HORIZONTES E EXPECTATIVAS .................................14
REFERÊNCIAS......................................................................................16
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA ...............................17
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1 ABMG: EM BUSCA DE UMA NOVA GESTÃO
A história da Associação de Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG) revela o
compromisso que os bibliotecários assumem com a área, no intuito de unir
esforços em prol do fortalecimento da Biblioteconomia no Estado de Minas
Gerais. Isso porque, desde a institucionalização oficial da associação, em 17 de
junho de 1960, muitas conquistas foram alcançadas, e, mesmo
com
dificuldades e desafios, a entidade vem crescendo ao longo dos tempos.
No final de 2017, a associação completou 57 anos de existência, sendo
conduzida por, aproximadamente, 20 gestões, ao longo desse tempo, com
profissionais engajados com a causa bibliotecária. Dentre esses profissionais,
muitos nomes se destacam, a maioria com influência no contexto brasileiro, e
com perfis diferentes, tais como: docentes, prestadores de serviços, atuantes
em bibliotecas públicas, escolares, universitárias, especializadas, dentre outros
perfis.
Entendemos que o compromisso assumido por essas gestões tem como pauta
principal oferecer suporte ao trabalho bibliotecário, em especial, no que tange
à capacitação, aperfeiçoamento e inovação. O resultado desse trabalho é a
oferta de bibliotecários qualificados ao mercado de trabalho, de modo que o
exercício profissional possa ser melhor realizado. Com isso, almeja-se o
fortalecimento,
visto
que
profissionais
preparados
conquistarão
novos
horizontes, encantarão as organizações e os gestores públicos, concretizando,
assim, valorização e reconhecimento da profissão por toda a sociedade.
As associações são constituídas pelo aglomerado de profissionais, com
objetivos comuns, que visam possibilitar benefícios aos demais colegas que
integram uma mesma profissão. O intuito é o auxílio mútuo, como acontece na
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
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2018-2020
formação de um núcleo familiar, cujos membros comungam das mesmas
ansiedades, tristezas, alegrias e se sustentam pela colaboração. No caso das
associações de bibliotecários, ou demais órgãos de classe, como os conselhos,
por exemplo, segundo Pinheiro (2018), os profissionais precisam ter esses
institutos como aliados, vinculando-se “[...] aos movimentos associativos,
como os grupos de trabalho, os sindicatos, as associações e os conselhos,
entre outros, para fortalecer a área” (PINHEIRO, 2018, p. 281).
O trabalho incansável das associações de bibliotecários dentre outros órgãos
de classe justifica a renovação constante dos membros que formam as
comissões gestoras. Isso é praxe em quaisquer instituições, sobretudo as
públicas, incluindo-se as autarquias pertencentes ao movimento associativo.
Nesse contexto, no final de 2017, fez-se necessária a formação de uma nova
gestão para conduzir os trabalhos da ABMG, no decorrer dos próximos três
anos (gestão 2018 a 2020).
Assim, este relatório manifesta-se como uma produção técnica, elaborado por
membros da gestão 2018-2020, logo após a formação e vinculação dessa
gestão ao comando da ABMG. O objetivo do presente relatório é dar
transparência das ações ocorridas que possibilitaram a posse da atual
diretoria, como também servir como registro e memória que resguarde a
história da ABMG, ao longo dos tempos.
2 A FORMAÇÃO DE UMA CHAPA E O PROCESSO ELEITORAL
O processo eleitoral decorrido para vinculação de uma nova diretoria que
estará à frente dos trabalhos de uma associação profissional precisa ser
transparente e democrático como qualquer outro processo seletivo público. No
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caso das associações bibliotecárias do Brasil, cada uma dessas entidades
possuem seus estatutos, elaborados em consonância com o estatuto da
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB). A ABMG possui
o seu estatuto, e, portanto, as normas específicas que garantem a condução
do processo eleitoral precisam ser integralmente seguidas.
Conforme reza o estatuto da ABMG, nos últimos meses de uma gestão, faz-se
necessária a divulgação de que o processo eleitoral está aberto, o que
possibilita a formação de chapas, as quais apresentarão suas propostas e
serão submetidas a eleições, cujos eleitores são, tão somente, os profissionais
associados, no ano em questão. Consta no capítulo II, artigo 63 do citado
estatuto que:
[...] para as eleições será adotado o sistema de votação por chapas
contendo o nome dos candidatos a todos os postos eletivos. Parágrafo
único: as chapas completas serão registradas na ABMG até 15 (quinze)
dias antes da realização das eleições.
Dos votantes: poderão votar
todos os associados da ABMG que estão quites com suas obrigações
estatutárias [...] (ABMG, Estatuto, 2018a, não paginado).
Assim, em novembro de 2017, foi divulgada essa informação, no site da
ABMG, de que o processo eleitoral estava aberto, cabendo aos interessados,
enviar as informações dos membros a compor as chapas, como também o
plano de trabalho, decorridos trinta dias após a publicação do edital das
eleições. A figura 1 apresenta o post de divulgação.
Figura 1 - Divulgação da abertura do processo eleitoral
Fonte: ABMG (2018b).
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Decorrido o prazo para candidatura das chapas, houve, apenas, o interesse de
uma chapa, composta por sete profissionais. O quadro 1 expõe o nome desses
profissionais, as funções designadas como membros da diretoria da ABMG e
um breve currículo.
Quadro 1 - Composição da chapa da nova diretoria da ABMG – gestão 2018-2020
Nome do profissional
Cargo a
Breve currículo
ocupar
Maria Elizabeth de Oliveira da Presidenta
Graduada
em
Biblioteconomia.
Costa
Bibliotecária do Sistema de Bibliotecas da
UFMG
Cleide Aparecida Fernandes
Vice-presidenta Graduada
em
Biblioteconomia.
Bibliotecária na Biblioteca Pública de
Minas Gerais
Andrea Brandão
Conselho fiscal
Graduada
em
Biblioteconomia.
Bibliotecária do Sistema de Bibliotecas da
UFMG
Edcleyton Bruno Fernandes Tesoureiro
Graduado em Biblioteconomia. Atuante
da Silva
em bibliotecas públicas
Graciane Borges
Conselho fiscal
Graduada
em
Biblioteconomia.
Doutoranda em Gestão e Organização do
Conhecimento
Jorge Santa Anna
Secretário
Graduado
em
Biblioteconomia.
Bibliotecário atuante na prestação de
serviços e na docência
Maria Clea Borges
Diretora técnica Graduada em Biblioteconomia
Taciane Rodrigues
Conselho fiscal
Graduada em Biblioteconomia
Fonte: Dados do relatório (2018).
Assim, no final de dezembro de 2017, montou-se a comissão eleitoral, tendo
como membra organizadora a professora Dalgiza de Oliveira Andrade. Além da
divulgação dos nomes, foram disseminados os principais princípios e propostas
da presente chapa para a próxima gestão. Como princípios, citam-se:
transparência, ética, responsabilidade, respeito, dignidade e compromisso. Já
como proposta, a intenção é garantir o fortalecimento da ABMG, mediante um
conjunto de ações a envolver e integrar toda a classe bibliotecária, com o
intuito de oferecer capacitação profissional, fortalecendo, valorizando e
reconhecendo o potencial da Biblioteconomia. O quadro 2 apresenta algumas
ações colocadas como pontos urgentes a serem realizados pela chapa, ao
assumir a diretoria da ABMG.
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Quadro 2 - Algumas ações emergentes propostas pela chapa para a nova gestão da ABMG
Ação
O que se pretende realizar?
Ampliação da oferta de cursos
Divulgação e execução de cursos de
capacitação
para
bibliotecários,
contemplando necessidades emergentes,
como: Atualização em Biblioteconomia,
MARC21,
RDA,
Metodologia
científica,
Preservação, Preparação para concursos,
dentre outros
Repaginação do site
Contratação de um novo servidor para
abrigar o site, como também, melhorias na
arquitetura informacional, visibilidade e na
navegação
Plano de marketing
Aumentar as atividades de divulgação, com
o uso de materiais de divulgação, além de
maior envolvimento nas divulgações com
uso das redes sociais da entidade: Facebook
e Instagram
Boletim e Revista da ABMG
Lançamento de um boletim informativo,
sobre notícias da Biblioteconomia e do
movimento associativo. Criação de uma
revista científica para publicação de temas
relacionados
à
área,
sobretudo
as
experiências profissionais
Eventos e projetos sociais
Realização de projetos sociais, concretizados
na forma de palestras, oficinas, mesas
redondas,
seminários,
dentre
outras
ocorrências, que garantam a integração dos
profissionais para troca de conhecimentos
Comissões e secretarias
Criação de comissões, as quais ficariam
responsáveis por atividades específicas,
possibilitando um trabalho de mais eficiência
e qualidade
Aumento do número de associados
Campanhas que incentivem as pessoas a se
associarem,
em
comunhão
com
as
campanhas e propostas elaboradas pela
FEBAB
Fonte: Dados do relatório (2018).
A respeito do papel de uma associação, haja vista fortalecer e integrar a classe
profissional, Santa Anna (2018) destaca que o compromisso é muito mais do
que político, pois envolve, também, a garantia dos princípios democráticos.
Constitui um compromisso árduo voltado, sobremaneira, às causas sociais,
tendo em vista desenvolver “[...] mecanismos para uso do conhecimento e
transformação
da
vida
dos
cidadãos,
proporcionando,
portanto,
o
desenvolvimento da sociedade” (SANTA ANNA, 2018, p. 265).
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Após divulgação da chapa, a eleição ocorreu no dia 28 de dezembro, cujos
associados puderam votar mediante um link de acesso enviado por e-mail.
Terminado os trabalhos de votação, com os resultados apurados, a nova
diretoria foi considerada como eleita. Com efeito, o próximo passo seria o
processo da posse, que seria realizado nos primeiros meses de 2018,
especificamente, no contexto das comemorações do dia do bibliotecário, a
ocorrer nas primeiras semanas de março.
3 SOLENIDADE DA NOVA GESTÃO: POSSE CELEBRATIVA E
OFICIAL
Em decorrência do dia do bibliotecário, a Escola de Ciência da Informação
(ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou a III Semana
do Bibliotecário (de 12 a 16 de março), evento destinado à classe, cujo
objetivo foi o de possibilitar um espaço de discussão acerca das possibilidades
de atuação dos bibliotecários enquanto mediadores do acesso, da busca e uso
da informação atrelada aos planos da Agenda 2030 da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Considerando a parceria muito saudável entre ABMG e ECI, estabelecida na
gestão anterior, a atual diretoria considerou como muito válida a continuidade
dessa parceria. Sendo assim, decidiu que, na III Semana do Bibliotecário,
ocorreria um momento solene dedicado à atual diretoria. Assim, a intenção
era, nesse evento, realizar uma posse celebrativa, sendo que a posse oficial
aconteceria nas próximas semanas, em reunião da diretoria, na Sede da
ABMG, no centro de Belo Horizonte.
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Conforme a programação do evento, a posse celebrativa aconteceu no dia 14
de março, logo após palestra principal do dia, proferida pela presidenta da
FEBAB, a bibliotecária Adriana Ferrari. A figura 2 apresenta essa programação,
com destaque à posse da diretoria da ABMG.
Figura 2 - Programação da III Semana do Bibliotecário – posse da diretoria da ABMG
Fonte: Dados do relatório (2018).
No evento destinado à posse da diretoria, na palestra proferida pela presidenta
da FEBAB, discursou-se sobre o papel das bibliotecas na Agenda 2030, cujas
atividades dos bibliotecários precisam voltar-se para as causas sociais,
refletindo o compromisso dos bibliotecários com o desenvolvimento da
sociedade, com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a evolução
do planeta, como um todo.
Terminado esse momento, por volta das 21:00h, procedeu-se à formação da
mesa com os membros da atual diretoria, momento esse conduzido pela
servidora Eliedir Marcelina, que ocupou a função de mestra de cerimônia. Os
membros da diretoria foram chamados na seguinte ordem: presidenta, vicepresidenta, secretário, tesoureiro, diretoria técnica e conselho fiscal. A figura 3
demonstra a formação solene da mesa.
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Figura 3 - Posse celebrativa da nova diretoria da ABMG
Fonte: Dados do relatório (2018).
Após a formação da mesa, a palavra foi dirigida à presidenta, a fim de
discursar um pouco sobre a situação atual da ABMG, como também as
propostas a serem realizadas no decorrer dos três anos da nova gestão. No
discurso proferido, percebeu-se que a intenção é que a ABMG apresente-se
disponível para a classe, dialogando sobre eventuais problemas que permeiam
a atuação profissional, e, a partir desse diálogo, a diretoria formalizará planos
de cursos, que visem aprimorar o trabalho dos bibliotecários.
A nossa diretoria pretende unir esforços, congregando profissionais de todo o Estado de Minas
Gerais, convidando-os a se vincular à associação, como também oferecer cursos,
treinamentos, capacitações, palestras, encontros, dentre outros momentos que estimulem o
aprendizado em comum. Nossa diretoria comunga a ideia de que o objetivo de uma associação
é a capacitação dos profissionais, haja vista viabilizar o fortalecimento, reconhecimento,
valorização e desenvolvimento contínuo da Biblioteconomia, em nossa sociedade (Discurso
proferido pela presidenta da ABMG, no momento da posse celebrativa).
Além de proclamar esse discurso, a presidenta também aproveitou para expor
o plano de ação e as propostas que a atual diretoria pretende realizar ao longo
de sua gestão. Assim, demonstrou alguns projetos iniciados na gestão anterior
e que seriam continuados, visto que essa seria uma atitude mais democrática,
passível de render frutos a curto prazo e sem envolver gastos desnecessários.
Citam-se como ações em continuidade: repaginação do site, formação de
comissões, ampliação da oferta de cursos, parceria com instituições, como a
ECI, realização de eventos científicos, dentre outras.
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Outros projetos que são priorizados pela atual diretoria, segundo a presidenta,
é a construção do boletim informativo e da revista científica, de modo que as
experiências e pesquisas realizadas pelos bibliotecários em seus variados
contextos de atuação pudessem ser divulgadas em diversas instâncias, indo
muito além de Minas Gerais. A presidenta aproveita a oportunidade, antes de
finalizar o discurso, para reafirmar que a diretoria apoia a filosofia do trabalho
democrático e compartilhado. Assim, a classe bibliotecária pode participar das
atividades, opinando, avaliando, executando, dentre outras intervenções que
tendam a fortalecer a associação.
A ABMG não é da diretoria, não é minha, nem sua. Ela é de todos nós, de Minas Gerais.
Portanto, convido todos a virem participar de nossos projetos, a estarem em constante diálogo
conosco, a se associarem, enfim, a entidade está de portas abertas e, certamente, somente
realizaremos um trabalho de qualidade com a participação conjunta, integrada e recíproca de
toda a classe (Discurso proferido pela presidenta da ABMG, no momento da posse celebrativa).
A fim de finalizar o discurso, a presidenta agradeceu a parceria firmada entre a
associação e a ECI, reforçando que essa parceria precisa ser mantida, seja no
uso dos espaços físicos para os eventos, como também o auxílio dos
professores quanto à oferta dos cursos e demais eventos. A figura 4 ilustra
alguns membros da diretoria com professores da ECI.
Figura 4 - Parceira entre a ABMG e a ECI
Fonte: Dados do relatório (2018).
O discurso da presidenta foi finalizado com calorosos aplausos, sendo
procedido pelo discurso da coordenadora do processo eleitoral. A coordenadora
mencionou que o processo eleitoral foi realizado com ética, possibilitando a
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legitimação da posse da atual diretoria. Reforçou que todos os membros são
muito bem-vindos, visto que eles são profissionais atuantes na área de
Biblioteconomia e que, por certo, farão um trabalho árduo na entidade.
Finalizou o discurso, confirmando que a atual diretoria, a partir daquele
momento, estava empossada e que o processo eleitoral, portanto, finalizado.
A solenidade de posse celebrativa foi finalizada com uma confraternização
entre todos os presentes, com destaque os membros da diretoria da ABMG e
os servidores e professores da ECI, além de bibliotecários que estavam
presentes no evento (figura 5).
Figura 5 - Encerramento da posse celebrativa – confraternização
Fonte: Dados do relatório (2018).
A posse celebrativa foi abrilhantada por um clima de humanização, algo muito
saudável, pois, além de descontrair os presentes, possibilita a ampliação do
diálogo, troca de experiências e parcerias. Acerca dessas comemorações,
acreditamos que elas são eventos muito importantes, não apenas, como
formas de interação, mas como momento de comunicar o conhecimento
produzido pela área. Desse modo, “[...] as associações, comissões, grupos e
redes de bibliotecários especializados motivam os profissionais à participação,
à
capacitação
e
ao
trabalho
corporativo
e
colaborativo
para
maior
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desenvolvimento da comunicação científica na área [...]” (MOVIMENTO
ASSOCIATIVO, 2018, p. 4).
Finalizada a posse celebrativa, no dia 28 de março de 2018, realizou-se a
posse oficial, em reunião ordinária (primeira reunião da atual diretoria,
considerando o calendário de reuniões proposto para o ano corrente). A
princípio, esse momento oportunizou maior afinidade entre os membros.
Também foram discutidos os projetos e ações a ser executados no decorrer do
ano de 2018, cujas primeiras atividades a serem realizadas estão listadas no
quadro 3.
Quadro 3 - Atividades primordiais a serem realizadas pela atual diretoria
Cronograma de reuniões
Foi definido que a cada mês aconteceria uma
reunião, sempre nas segundas-feiras, mas que
outras reuniões poderiam ocorrer. O secretário ficou
responsável por realizar os comunicados
Formação de comissões
Para a próxima reunião, cada um apresentaria uma
proposta de trabalho a ser realizada, e seriam
formadas comissões para execução
Registro em cartório da atual diretoria No decorrer do próximo mês, a presidenta e vicepresidenta procederiam ao registro da chapa em um
cartório de Belo Horizonte
Curso preparatório para concurso
A comissão organizadora desse curso elaboraria, nos
próximos dias, o programa desse curso
Plano de curso
Na próxima reunião, os cursos seriam definidos,
como também um possível plano de execução dos
mesmos seria estabelecido
Boletim da ABMG
Formação de uma equipe para colocar o boletim em
atividade, visto que a primeira edição dele já estava
montada, precisando, apenas, de acabamentos e
pequenos ajustes
Fonte: Dados do relatório (2018).
Além dos assuntos constantes no quadro 3, foram debatidos outras ideias
inovadoras, tais como a criação de programas culturais, como viagens e
excursões por cidades históricas do Brasil, além da criação da revista científica,
que muito iria contribuir com a visibilidade do trabalho dos profissionais.
Também se mencionou o desejo de se realizar um evento de bibliotecários
mineiros, ou um evento com temática específica, como Bibliotecas dos Polos
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da Educação a Distância, por exemplo. Decorridas três horas de reunião, os
trabalhos foram encerrados, com uma pequena confraternização.
4 ABMG: NOVOS HORIZONTES E EXPECTATIVAS
Com a posse da atual diretoria, espera-se que o trabalho realizado pelas
gestões anteriores seja continuado, fortalecendo, cada vez mais, a profissão
bibliotecária em Minas Gerais. As propostas de trabalho da atual diretoria
vislumbram
inúmeras
contribuições,
em
especial,
no
que
tange
ao
aperfeiçoamento dos profissionais, além da busca por novos associados e
parcerias, tendo em vista fomentar um trabalho bibliotecário que preze pela
colaboração, integração e pelo auxílio mútuo.
O modo com que o processo eleitoral foi conduzido e as atividades que
permearam a posse, sobretudo a celebrativa, demonstram a seriedade e
comprometimento da atual diretoria, cujas expectativas são esperançosas
rumo a uma sociedade que valorize mais o potencial da classe bibliotecária.
Além disso, entende-se que a união de esforços é um dos pontos fortes do
trabalho a ser exercido pela atual diretoria. Nesse aspecto, é importante
considerar, como muito bem pontuaram Lanna e Badke, em 1985, que “[...] a
união, a agregação, a luta por um ideal comum não é nada mais do que o
engajamento no trabalho associativo, o comprometimento social e político de
cada um [...]” (LANNA; BADKE, 1985, p. 85).
O desejo futuro é que a ABMG não seja um espaço institucional fechado ou
estático, mas, sobretudo, um espaço acolhedor que, por meio da participação,
os próprios profissionais se beneficiem dando e recebendo contribuições.
Ademais, reforça-se que a atual diretoria tem a expectativa de transcender o
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papel atribuído às associações, se tornando espaços das possibilidades e das
oportunidades, além de instigarem novos valores “[...] que agreguem
importância às profissões, às pessoas e ao papel profissional enquanto sujeito
social e coletivo que contribui para o desenvolvimento regional e do país”
(MARTINS; TOMASI, 2018, p. 283).
Embora as propostas de ação sejam muito válidas para garantia do
fortalecimento e aperfeiçoamento dos profissionais, outra expectativa é o
investimento nos projetos sociais, de modo que a Biblioteconomia seja
reconhecida como uma profissão que contribui com a sociedade, com o bemestar e qualidade de vida das pessoas, dos cidadãos. Esse desejo almejado é
algo necessário, a partir das novas tendências da sociedade contemporânea,
que preza pela garantia dos direitos humanos e sociais.
Outra contribuição que também se destaca no trabalho a ser realizado pela
diretoria empossada é o benefício que bibliotecários bem treinados e
capacitados poderão promover às organizações. Desse modo, o profissional
terá seu lugar garantido no mercado de trabalho, por conseguinte, será mais
reconhecido e valorizado por outras profissões e também pelos agentes
governamentais.
Por fim, as expectativas são muitas e, certamente, para serem atendidas,
demandarão de muitos esforços, empenho, coragem e sacrifício da atual
diretoria. Somam-se a isso, os obstáculo e desafios que também não deixarão
de se manifestar, como escassez de recursos, políticas inconsistentes, dentre
outros. Mas, de qualquer forma, o amor pelo que se faz e a força de vontade
representam a solução para qualquer dificuldade. Que muito sucesso permeie
o caminho da ABMG e que Deus esteja nos protegendo!
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SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro
Discente.
Administra
editorial da Revista
a
gestão
de
Pró-
secretaria
e
assuntos administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa: Bibliotecária
do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Doutoranda em
Gestão e Organização do Conhecimento, investigando
o papel das bibliotecas para melhoria da educação a
distância, no Brasil. Ocupa o cargo de presidenta da
atual diretoria da ABMG.
E-mail: mabethcosta@gmail.com.br
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Este relatório manifesta-se como uma produção técnica, elaborado por membros da gestão 2018-2020, logo após a formação e vinculação dessa gestão ao comando da ABMG. O objetivo do presente relatório é dar transparência das ações ocorridas que possibilitaram a posse da atual diretoria, como também servir como registro e memória que resguarde a história da ABMG, ao longo dos tempos
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Relatório de evento
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ABMG
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
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BIBLIOTECONOMIA SOCIAL:
POSSÍVEIS CAMINHOS PARA
CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
EMPREENDEDORISMO
BIBLIOTECÁRIO NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO:
OUTROS CAMINHOS E
POSSIBILIDADES
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EVENTO DE LANÇAMENTO
Jorge Santa Anna
(Organizador)
Belo Horizonte
Dezembro de 2019
2018
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
PUBLICAÇÃO DE LIVROS
BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: POSSÍVEIS CAMINHOS PARA
CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
EMPREENDEDORISMO BIBLIOTECÁRIO NA SOCIEDADE
DA INFORMAÇÃO: OUTROS CAMINHOS E POSSIBILIDADES
EVENTO DE LANÇAMENTO
Belo Horizonte
ABMG
Dezembro de 2019
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Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
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�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
PUBLICAÇÃO DE LIVROS DA ABMG
Temas dos livros: Biblioteconomia Social e Empreendedorismo na Biblioteconomia
Comissão organizadora: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva e Maria
Elizabeth de Oliveira da Costa
Casa publicadora: ABMG
EVENTO DE LANÇAMENTO DOS LIVROS
Tema do evento de lançamento: Publicação de livros da ABMG – Evento de lançamento
Comissão organizadora do evento de lançamento: Andreza Gonçalves, Jéssica de Sá,
Jorge Santa Anna, Maria Elizabeth de Oliveira da Costa e Vinicius Alves
Local do evento: Escola de Ciência da Informação – Sala 1000
Data de realização: 20 de dezembro de 2018
Horário: 18:30 as 21:30 h
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Endereço: Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício
Rotary, Sala 608
Site: www.abmg.org.br
E-mail: abmg.gestao21@gmail.com
Telefone: (31) 99959-4087
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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2018-2020
SUMÁRIO
1 PUBLICAÇÃO DE LIVROS: O TRABALHO EDITORIAL DA ABMG ........... 3
2 O DESENVOLVIMENTO DAS PRIMEIRAS OBRAS ................................. 5
3 ESTRUTURA, ASSUNTOS ABORDADOS E AUTORES ENVOLVIDOS ....... 6
4 O EVENTO DE LANÇAMENTO .............................................................10
5 DISPONIBILIZAÇÃO PARA ACESSO ÀS OBRAS E PERSPECTIVAS
FUTURAS .............................................................................................15
REFERÊNCIAS ......................................................................................19
APÊNDICE A – ALGUMAS FOTOS DO EVENTO DE LANÇAMENTO ...........20
SOBRE O AUTOR DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA .....................................23
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
1 PUBLICAÇÃO DE LIVROS: O TRABALHO EDITORIAL DA
ABMG
A Associação de Bibliotecário de Minas Gerais (ABMG), no decorrer da gestão
2018-2020, percebeu a importância da atividade de publicação de estudos
científicos, sejam eles com viés acadêmico ou meramente profissional. A
diretoria acredita que, é por meio das publicações, sejam elas no formato de
livro, artigo de periódico ou comunicações de evento, que a Biblioteconomia se
fortalece, ao promover a visibilidade do que é realizado pelos profissionais e
apoiadores da área.
Foi com essa crença que a diretoria instituiu, no ano de 2018, uma comissão
direcionada à atividade de publicação, provisoriamente denominada de Gestão
de Publicações, tendo à frente os membros que participam dos trabalhos da
Secretaria da ABMG. Inicialmente, o objetivo dessa comissão foi elaborar
produções ou relatórios técnicos, originados a partir dos diversos cursos e
eventos promovidos pela associação, de modo que esses materiais não tenham
o fim, apenas, de registro administrativo, mas também adquiram uma
visibilidade maior, mediante a disponibilização no site da ABMG ou em suas
redes sociais.
O sucesso alcançado com a elaboração desses relatórios possibilitou um passo
mais avançado e audacioso, mas de extrema necessidade, sobretudo no que
tange ao aumento da visibilidade do que a instituição vem realizando. Surge,
portanto, a ideia de se publicar um livro com um tema emergente e muito
defendido pela atual diretoria: a Biblioteconomia Social. Essa discussão iniciouse no grupo de WhatsApp da diretoria, em junho de 2018, convergindo a
necessidade de se publicar, também, outro tema de muita relevância, o
Empreendedorismo na Biblioteconomia.
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2018-2020
Com efeito, definiu-se a proposta de organização de duas coletâneas, trabalho
esse realizado em um período pouco mais de cinco meses, contando com a
participação de bibliotecários espalhados por vários estados brasileiros, com
destaque a Minas Gerais e Espírito Santo. Como se tratava de um novo tipo de
publicação, muito mais avançada do que os relatórios e produções técnicas,
fez-se necessária a solicitação do Número Internacional Padronizado de Livros,
o ISBN, junto à Biblioteca Nacional.
A partir desse importante acontecimento, é que nasceu a Editora da ABMG, ou
seja, para solicitação desses registros, a entidade realizou um cadastramento
junto ao Banco de Dados da Biblioteca Nacional, adquirindo status de editora,
cuja atividade editorial não seria sua atividade fim, mas atividade secundária.
Portanto, no decorrer do mês de dezembro de 2018, a Editora ABMG é
instituída, solenemente, sendo registrada com o prefixo editorial: 85259.
Nesse contexto, a associação assume mais um compromisso com a classe
bibliotecária, garantindo aos profissionais e pesquisadores da área ou de
campos similares, a oportunidade de terem os trabalhos publicados no formato
de livro, aumentando, dessa forma, a visibilidade da profissão. Essa é, sem
sombra de dúvida, uma das grandes conquistas da atual diretoria da ABMG, e
acreditamos que representa um “presente” para os profissionais, em especial,
por estimular o fortalecimento da Biblioteconomia/Ciência da Informação no
contexto científico, profissional e social.
Nesta produção técnica, apresentamos a publicação dos primeiros livros
editados pela ABMG. A editora espera que esses sejam o iniciar de muitos
outros projetos desenvolvidos não apenas por comissões gerenciadas pela
diretoria, mas por profissionais de todo o Brasil, em suas atividades
profissionais ou de pesquisa. Logo, todos são bem-vindos ao disponibilizarem
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suas experiências e estudos para publicação científica por meio da Editora da
ABMG. O trabalho editorial é contínuo, diversificado e democrático.
2 O DESENVOLVIMENTO DAS PRIMEIRAS OBRAS
O primeiro trabalho a ser compilado e publicado no formato de livro não foram
as coletâneas organizadas no final de 2018. Na verdade, o registro editorial foi
solicitado alguns meses antes desse empreendimento, em virtude do material
didático
pedagógico
elaborado
pela
comissão
organizadora
do
Curso
Preparatório para Concurso Público da UFMG – Cargo Bibliotecário, material
esse publicado no formato de livro, com ISBN 978-85-85259-00-6, sendo o
documento
disponibilizado
no
site
da
associação,
disponível
em:
<http://abmg.org.br/wp-content/uploads/2018/08/MATERIALDID%C3%81TICO-CURSO-PREPARAT%C3%93RIO.pdf>.
Alguns meses depois, colocamos à disposição da sociedade, duas novas obras,
no formato de coletânea, uma sobre o tema Biblioteconomia Social e outra
sobre
Empreendedorismo
na
Biblioteconomia,
cujos
títulos
são,
respectivamente, Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para construção
da cidadania e Empreendedorismo Bibliotecário na Sociedade da Informação:
outros caminhos e possibilidades. Os números de registros dessas obras foram
solicitados à Biblioteca Nacional, sendo gerados os seguintes códigos: 978-8585259-01-3 e 978-85-85259-02-0, respectivamente.
O objetivo de ambas as coletâneas foi o de viabilizar maior fortalecimento da
área de Biblioteconomia, e maior engajamento e compromisso com as causas
sociais e empreendedoras a serem assumidas por bibliotecários em todas as
instâncias e contextos do Brasil.
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A obra sobre Biblioteconomia Social apresenta temas e assuntos que
contemplam as intervenções que a área biblioteconômica pode oferecer para o
bem-estar da sociedade. Já a obra sobre Empreendedorismo apresenta
reflexões que contemplam aspectos relacionados às práticas inovadoras
realizadas por bibliotecários, as quais possibilitam a formação de novos
campos de atuação desse profissional na sociedade contemporânea. Ambos os
livros tiveram uma intenção mais profissional do que acadêmica e foram
elaborados
por
professores,
bibliotecários,
alunos
e
pesquisadores,
pertencentes a diversos estados brasileiros, como Minas Gerais, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Paraíba, Amazonas, Ceará e Alagoas.
3
ESTRUTURA,
ASSUNTOS
ABORDADOS
E
AUTORES
ENVOLVIDOS
A princípio, os livros foram planejados para publicação do tipo coletânea,
organizada pelos seguintes membros da ABMG: Jorge Santa Anna, Edcleyton
Bruno Fernandes da Silva e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa e no formato
de e-book, não comercializável. No entanto, ao longo do desenvolvimento,
surgiu o convite, por parte de uma editora do mercado de Belo Horizonte, da
publicação impressa e comercializável. Assim, a versão eletrônica da ABMG foi
lançada no dia 20 de dezembro de 2018, sem disponibilização, ainda, para
acesso ao público. O acordo firmado com a editora foi o de publicar a versão
impressa até final de fevereiro de 2019. Assim, se essa proposta fosse
efetivada pela editora, a publicação eletrônica seria disponibilizada em acesso
aberto, apenas, a partir de meados de 2019.
O livro sobre Biblioteconomia Social foi formado por 20 capítulos, distribuídos
em quatro seções, a saber: seção 1 – Biblioteconomia Social: um fenômeno
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obscuro à realidade brasileira; seção 2 – Bibliotecas no fomento à leitura: o
poder transformador da leitura em diferentes contextos da sociedade; seção 3
– A Biblioteconomia em espaços e contextos de vulnerabilidade; e seção 4 –
Práticas bibliotecárias em face do movimento associativo. Além disso, o livro
também
possui
uma
introdução,
elaborada
pelos
organizadores,
uma
conclusão descrita por Jorge Santa Anna, e a obra foi prefaciada pela
bibliotecária Valéria Rodrigues de Oliveira Pozzatti, do Instituto Federal do
Espírito Santo.
Com o intuito de demonstrar os principais metadados da obra Biblioteconomia
Social, apresenta-se, por meio da figura 1, a ficha catalográfica, elaborada pela
bibliotecária Fátima Falci, da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais.
Figura 1 – Registro catalográfico do livro Biblioteconomia Social
Fonte: Santa Anna, Silva e Costa (2018a).
O livro Empreendedorismo Bibliotecário conteve um total de 18 capítulos, com
quatro seções, que são: seção 1 – Empreendedorismo e seus reflexos nas
profissões; seção 2 – Desinstitucionalização da Biblioteconomia; seção 3 –
Repensando a biblioteca e o bibliotecário; e seção 4 – As contribuições
bibliotecárias
inovadoras
e
incentivadoras
como
contribuição
para
o
profissional e para a sociedade. Além das seções, o livro apresenta introdução
e conclusão elaborada pelos organizadores e prefácio redigido pelo professor
Guilherme Alves, da Universidade Federal de Pernambuco.
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A figura 2 apresenta a ficha catalográfica do livro Empreendedorismo na
Biblioteconomia, registro esse elaborado, também, pela bibliotecária Fátima
Falci.
Figura 2 – Registro catalográfico da obra Empreendedorismo na Biblioteconomia
Fonte: Santa Anna, Silva e Costa (2018a).
No que se refere à composição dos autores dos capítulos, observou-se a
prevalência pela autoria múltipla, ou seja, poucos trabalhos foram escritos,
apenas, por um autor. Ambas as coletâneas reuniram um total de 52 autores,
distribuídos pelas regiões Sudeste, Sul, Norte e Nordeste, conforme apresenta
o gráfico 1.
Gráfico 1 – Número de autores por estados
Fonte: Dados do relatório (2019).
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Quanto à atuação profissional dos autores, ou seja, local em que atuavam ou
cargo que ocupavam no cenário da Biblioteconomia/Ciência da Informação, os
dados coletados ao longo do desenvolvimento das obras revelaram que a
maioria são estudantes de Pós-Graduação em Universidades Públicas, além de
autores
caracterizados
como
professores,
estudantes
de
Graduação
e
profissionais.
O
tema da Biblioteconomia
Social
é importante
porque
representa a
diversidade, já que está associado às questões sociais (SILVA, 2018). Além
disso, esse campo possibilita repensar a atuação profissional, além dos
padrões e normas, muito comum na área, de modo que “[...] o tecnicismo
exacerbado seja complementado pelas questões sociais, tornando a prática
bibliotecária mais abrangente e aproximada com a realidade social [...]”
(SANTA ANNA, 2018a, p. 21).
O empreendedorismo na Biblioteconomia é algo estimulador, haja vista o
descobrimento de novos nichos de atuação (SANTA ANNA, 2018b). Isso implica
que novas atividades sejam descobertas, aumentando o potencial dos
profissionais na resolução de problemas que permeiam o cotidiano da
sociedade. Por isso, empreender em Biblioteconomia é o mesmo que “pensar
fora da caixinha”, ou seja, descobrir novas oportunidades existentes fora do
recinto das bibliotecas (SPUDEIT; SILVA, 2018).
Após o recebimento dos capítulos enviados pelos autores, procedeu-se às
atividades de correção gramatical, normalização e diagramação, serviços esses
realizados pela Secretaria da ABMG. Antes, porém, de finalizar a diagramação,
com inserção das fichas catalográficas, fichas técnicas, dentre outros detalhes,
foi solicitada à empresa Norma Padrão, a confecção das capas das obras,
conforme demonstrado na figura 3.
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Figura 3 – Capas das obras confeccionadas pela empresa Norma Padrão
Fonte: Dados do relatório (2019).
Conforme idealizado pela comissão organizadora e devidamente apoiado pela
diretoria da ABMG, os livros foram lançados em um evento próprio, de modo
que possibilitasse um momento de interação e socialização de conhecimento
entre todos os participantes, com destaque os autores de cada capítulo.
4 O EVENTO DE LANÇAMENTO
No intuito de proporcionar maior visibilidade às obras, como também interação
entre todos os agentes envolvidos, sobretudo autores e membros da ABMG, foi
realizado o lançamento oficial, com um evento realizado no dia 20 de
dezembro de 2018, na Escola de Ciência da Informação da Universidade
Federal de Minas Gerais.
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O evento foi inserido no Projeto de Extensão da mesma universidade, com
título “Luz do Conhecimento” e contemplou o fechamento das atividades desse
projeto. Foi estabelecida uma comissão organizadora para o evento, composta
por: duas estudantes de Pós-Graduação (Andreza Gonçalves e Jéssica de Sá),
um estudante de Graduação (Vinicius Alves) e dois membros da comissão
organizadora, também membros da diretoria da ABMG (Jorge Santa Anna e
Maria Elizabeth Oliveira da Costa).
A comissão organizadora uniu esforços em planejar as atividades com
antecedência, investindo, principalmente, na elaboração da programação do
evento, como também nas atividades de divulgação. Para a divulgação, foram
elaborados fôlderes, convidando a comunidade em geral, sendo
esses
materiais disponibilizados nas redes sociais. A figura 4 ilustra os principais
materiais de divulgação.
Figura 4 – Materiais utilizados para divulgação nas redes sociais e demais canais de
comunicação
Fonte: Dados do relatório (2019).
A comissão organizadora, de forma estratégica, elaborou um grupo no
WhatsApp, inserindo os contatos dos autores, a fim de que cada um
registrasse o quantitativo de pessoas a participar da solenidade. Além de
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permitir a contagem dos participantes, o grupo também manifestou-se como
um canal de interação entre os participantes, de modo a propiciar a troca de
informações e mensagens de incentivo na concretização do evento e de outras
iniciativas dessa natureza que, porventura, possam vir a ocorrer.
O evento teve início, por volta das 19:00 h, com a entoação de músicas
natalinas. Contou com a participação de, aproximadamente, 100 pessoas,
envolvendo diferentes personalidades do meio acadêmico e profissional, tais
como: autoridades políticas da área, professores dos cursos da Escola de
Ciência da Informação e autores e seus convidados. Ademais, durante o
evento, ocorreu o lançamento de dois outros livros, um sobre documentos
históricos e outro sobre representação temática de conteúdos, com breve
discurso proferido pelos autores desses livros, em momento oportuno
concedido pela comissão organizadora do evento.
A mesa de abertura foi composta pelas autoridades: diretora da ECI,
presidente do CFB e CRB, diretora da ABMG, diretora da Biblioteca da ECI e
membro da comissão organizadora dos livros. Em linhas gerais, o discurso
desses membros contemplou aspectos da valorização em se publicitar textos
que versam sobre os temas das obras, como também agradecimentos a todos
que se envolveram com esse empreendimento.
Encerrada a mesa de abertura, iniciou-se o principal momento do evento, ou
seja, os autores de cada capítulo apresentaram, de forma breve, os assuntos
principais de seus artigos. Os trabalhos foram iniciados com as apresentações
dos capítulos do livro Biblioteconomia Social, cujos autores teriam um prazo
máximo de cinco minutos para discursar sobre os assuntos abordados e os
resultados alcançados com o estudo realizado.
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Dos 20 capítulos da obra, compareceram ao evento, autores de 12 capítulos. A
mediação esteve a cargo de um dos organizadores das coletâneas, Jorge Santa
Anna. Ao serem apresentados os capítulos da primeira seção, o trabalho de
Jorge Santa Anna é mencionado, a respeito dos conceitos de Biblioteconomia
Social na concepção de Jesse Shera; em seguida, o capítulo escrito por Sara
Suyane de Sousa Rodrigues, Laiana Ferreira de Sousa, Claudialyne da Silva
Araújo e Edcleyton Bruno Fernandes da Silva é explicitado por meio de vídeo
enviado pela autora principal, relatando a respeito da importância da contação
de história nas bibliotecas. Na seção dois do livro, destaca-se o trabalho de
Vinicius Alves sobre leitura e cidadania; Maria Aparecida de Mesquita Calmon e
Suelen de Oliveira Campos discorrem sobre a leitura em terminais de
transporte urbano; Rafael Rocha fala sobre a leitura e o letramento
informacional; Flávia Abreu destaca o perfil do leitor e sua formação como
papel do bibliotecário; Maria Elizabeth de Oliveira Costa e Taciane Gomes
Rodrigues destacam a criação de espaço de leitura em ambiente universitário.
Na seção três do livro, com trabalhos sobre a Biblioteconomia em contextos de
vulnerabilidade, o trabalho sobre práticas profissionais em presídios é
apresentado por Andreza Gonçalves Barbosa e Adriana Bogliolo Sirihal Duarte;
Paula Mariano e Tatiana Brandão discorreram sobre a construção da Sala
Braille na biblioteca pública de Lagoa Santa; Alessandra Soraya Gino Lima e
Gildete Santos Veloso discursaram sobre as atividades e projetos de inclusão
social realizados na Biblioteca Pública de Minas Gerais. Por fim, na última
seção, destinada aos movimentos associativos e órgãos de classe, Álamo
Chaves de Oliveira Pinheiro apresentou suas experiências vivenciadas no
âmago do Conselho Regional de Biblioteconomia e Andréa de Paula Brandão
Martins e Aurea Regina Guimarães Tomasi destacaram os desafios da
participação
no
movimento
associativo
com
menção
às
atividades
desenvolvidas pela ABMG, ao longo das últimas décadas.
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Concluída a apresentação desse livro, o mediador Edcleyton Bruno Fernandes
da Silva conduziu a exposição dos capítulos do livro sobre Empreendedorismo.
Dos 18 capítulos do livro, compareceram ao evento autores de 11 trabalhos.
Na primeira seção, com abordagem de conceitos e definições, foi apresentado
o
trabalho
de
Jorge
Santa
Anna,
sobre
a
transversalidade
do
empreendedorismo em todas as profissões e na sociedade em geral; seguiu-se
a
reflexão
a
respeito
do
potencial
do
empreendedorismo
na
prática
bibliotecária, discurso apresentado pelo autor Vinicius Alves. Na segunda parte,
Maria Aparecida de Mesquita Calmon e Suelen de Oliveira Campos expuseram
os resultados de estudo realizado com bibliotecários sobre as atividades
sociais, tais como ações culturais desenvolvidas em bibliotecas da cidade de
Vitória. A parte três é iniciada com as discussões sobre a nova Biblioteconomia
proposta por David Lankes, apresentação mediada por Emanuelle Ferreira; o
capítulo seguinte, de autoria de Rômulo Mansur Lauar Júnior, menciona a
necessidade de se pensar as bibliotecas como espaços de convívio; a
importância
da
formação
de
equipes
integradas
e
com
liderança
do
bibliotecário em bibliotecas universitárias é o tema do capítulo desenvolvido e
apresentado por Patrícia Maria de Melo. Por fim, na última seção, o foco esteve
nas práticas inovadoras realizadas em bibliotecas e outros contextos de
atuação bibliotecária: Beatriz Valadares Cendón e Maria Elizabeth de Oliveira
Costa
discorreram
informacional
sobre
programa
na universidade;
Marina
de
formação
para
Nogueira Ferraz
competência
apresentou um
trabalho, cujo tema principal são as pessoas, ou seja, a importância de o
bibliotecário valorizar os usuários que frequentam a unidade; em seguida, foi
apresentado o estudo sobre o papel das bibliotecas universitárias como
contributo para estágios de estudantes, trabalho apresentado por Maria
Elizabeth de Oliveira Costa, Rosemary Tofani Motta e Silvana Aparecida dos
Santos; a participação do bibliotecário na editoração de periódicos científicos é
o assunto do capítulo desenvolvido por Jorge Santa Anna; e, o capítulo que
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finaliza o livro é de autoria de Graciane Silva Bruzinga Borges, Mayara Silva
Gonçalves e Filipi Miranda Soares, cujo assunto principal é o bibliotecário como
microempreendedor independente.
Ao findar das apresentações, o evento é encerrado com um breve discurso de
agradecimentos por parte da presidenta da ABMG, como também é proferida a
mensagem final por Jorge Santa Anna, cujo discurso centrou-se na esperança
de que outras iniciativas dessa natureza sejam desenvolvidas em outros
contextos, de modo que a área da Biblioteconomia seja, cada vez mais,
divulgada, valorizada, reconhecida e interventiva, sobretudo em prol das
causas sociais.
Em virtude do clima festivo típico do mês de dezembro, o evento de
lançamento foi finalizado com uma confraternização, por meio da oferta de
doces e salgados para os participantes. Nesse momento, realizou-se o abraço
de Natal, ou seja, um momento de diálogo e alegrias, propiciando um clima
agradável, acolhedor, de muito carinho e humanizado. As atividades foram
encerradas às 22:00h, cuja comissão organizadora continuou no local, durante
os próximos 30 minutos, a fim de realizar a limpeza/arrumação do local, como
também solucionar as últimas pendências gerenciais.
5 DISPONIBILIZAÇÃO PARA ACESSO ÀS OBRAS E PERSPECTIVAS
FUTURAS
No que tange à disponibilização do livro em acesso aberto e sua publicação em
versão impressa, a equipe organizadora das obras ficou aguardando o
posicionamento da editora que ficou responsável em publicar a coletânea no
formato impresso e comercializável. Para não prejudicar os autores quanto ao
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
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Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�16
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registro no Currículo Lattes, a comissão enviou os metadados de cada capítulo
para os autores, de modo que pudessem inserir os registros no Lattes.
Em junho de 2019, a ABMG recebeu o comunicado da editora, de que não
realizaria a publicação no formato impresso, por motivos do alto número de
obras
que
ainda
estavam
em
processo
de
editoração.
Diante
desse
comunicado, de forma imediata, a Editora da ABMG disponibilizou ambos os
livros na aba “Publicações da ABMG”, no site da instituição. Por meio da
consulta a essa aba, é possível realizar o download das obras, de modo
gratuito, estando as obras em formato PDF. A figura 5 ilustra a plataforma de
publicação das obras.
Figura 5 – Disponibilização das obras no site da ABMG
Fonte: ABMG (2019).
Mesmo com a disponibilização das obras em acesso aberto, no site da
entidade, as atividades em prol dessas publicações ainda continuaram, no
decorrer do segundo semestre de 2019. Foram realizadas algumas campanhas
de divulgação das obras, por meio de avisos nas redes sociais. Além disso, a
Editora da ABMG, mediante autorização da diretoria, procedeu a uma primeira
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tiragem de exemplares impressos. Foram impressos um total de dez livros
cada obra. Esses exemplares foram levados para divulgação no XXVIII
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD), que ocorreu
em Vitória/ES, em setembro de 2019, sendo que alguns deles foram vendidos
a bibliotecários interessados.
Importante mencionar que a comissão organizadora do XX Encontro Nacional
de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), evento ocorrido em
Florianópolis, em outubro de 2019, convidou a Editora da ABMG a lançar os
livros no evento. Sendo assim, dois exemplares foram enviados para exposição
nesse evento, sendo eles doados como brindes para premiação em outro
evento realizado logo após o ENANCIB, o I Seminário Internacional de
Competência em Informação (SEICIn). Os exemplares impressos que restaram
estão sendo utilizados como sorteio de brindes nos cursos/eventos promovidos
pela ABMG, ou outros eventos que a entidade apoia, e novas tiragens podem
ocorrer, mediante serviço de encomenda.
Em suma, os resultados alcançados com essas atividades demonstram que
bons frutos estão sendo colhidos, em um curto período de tempo. Além da
exposição dos livros em dois importantes eventos da Biblioteconomia/Ciência
da Informação, até o momento, foram publicados três trabalhos, no formato
de artigo (relato de experiência): dois trabalhos foram publicados nos Anais do
XXVIII
CBBD 1
e
outro
na
Revista
Brasileira
de
Biblioteconomia
e
Documentação, na edição especial de 2019 (v. 15)2. Nesses trabalhos, foram
apresentadas as experiências com o desenvolvimento das obras e com o
evento de lançamento.
1
Disponíveis para acesso em: https://portal.febab.org.br/anais/issue/view/13/showToc
Artigo disponível para acesso em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/issue/view/92/showToc
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2
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Outro resultado importante que tende a fortalecer o trabalho editorial da
ABMG, sobretudo com as publicações de livros, diz respeito às novas
demandas que chegaram, a partir dos bons frutos alcançados com a publicação
das primeiras coletâneas. Assim, nos primeiros meses de 2019, a Editora
recebeu o convite de duas alunas de Pós-Graduação a desenvolver dois novos
livros, com uma filosofia muito parecida com a experiência das obras
anteriores. Dessa vez, os livros que se encontram em desenvolvimento têm
como temáticas centrais: “Bibliotecário e as Redes Sociais” e “Mediação da
Informação
em
diferentes
contextos”.
A
previsão
de
lançamento
e
disponibilização das obras no site da ABMG é para meados de 2020. Com essas
publicações lançadas e com novas publicações, só nos resta DESEJAR VIDA
LONGA PARA A EDITORA DA ABMG.
Por fim, o mais importante é que o objetivo maior dessas ações tende a se
concretizar, ou seja, é provável que, ao se tornar público um estudo ou relato,
a
área
tenha
mais
visibilidade,
por
conseguinte,
mais
valorização,
reconhecimento e fortaleza. Como mencionou Santa Anna, Silva e Costa
(2018b, p. 291), precisamos “[...] fortalecer o potencial da área e garantir o
seu desenvolvimento ao longo dos tempos. Portanto, que possamos ser
criativos, inovadores, audaciosos e comprometidos. O futuro está em nossas
mãos!”.
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS (ABMG). Livros
publicados pela ABMG . 2019. Disponível em:
http://abmg.org.br/publicacoes-da-abmg/boletim-da-abmg/. Acesso em: 05
nov. 2019.
SANTA ANNA, Jorge. A transversalidade do empreendedorismo no contexto
atual. In: SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA,
Maria Elizabeth de Oliveira da (Org.). Empreendedorismo Bibliotecário na
Sociedade da Informação: outros caminhos e possibilidades. Belo
Horizonte: ABMG, 2018b. p. 19-31.
SANTA ANNA, Jorge. Biblioteconomia e sociedade: resgatando o pensamento
de Jesse Shera. In: SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes
da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social:
possíveis caminhos para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG,
2018a. p. 14-22.
SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria
Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos
para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018a.
SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria
Elizabeth de Oliveira da (Org.). Empreendedorismo Bibliotecário na
Sociedade da Informação: outros caminhos e possibilidades. Belo
Horizonte: ABMG, 2018b.
SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas sociais em biblioteconomia:
percepções e aplicações. In: SPUDEIT, Daniela Fernanda Assis de Oliveira;
MORAES, Marielle Barros de Moraes (Org.). Biblioteconomia social:
epistemologia transgressora para o Século XXI. São Paulo: ABECIN, 2018. p.
25-48.
SPUDEIT, Daniela; SILVA, Pollyana e. A contribuição do empreendedorismo
para visibilidade do bibliotecário no Brasil. Revista Brasileira de
Biblioteconomia e Documentação, v. 14, n. 3, p. 170-192, 2018. Disponível
em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1075/1059. Acesso em: 3
dez. 2019.
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APÊNDICE A – ALGUMAS FOTOS DO EVENTO DE
LANÇAMENTO
Ambientação – Músicas natalinas
Abertura do evento – Mesa de abertura com autoridades
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Apresentação dos capítulos pelos autores
Apresentação dos capítulos pelos autores
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Apresentação dos capítulos pelos autores
Receptividade a autores de outros estados
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SOBRE O AUTOR DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro editorial
da Revista Pró-
Discente.
de
Administra
a
gestão
secretaria
e
assuntos administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
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�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG como Editora
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Associação de Bibliotecários
Publicação de livros
Description
An account of the resource
Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para construção da cidadania. Empreededorismo Bibliotecário na Sociedade da Informação: outros caminhos e possibilidades
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4592/ABMGemeventos.pdf
3ca7cbf8b9decd444f87084f7ae6661f
PDF Text
Text
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
R
E
L
A
T
Ó
R
I
O
E
X
P
A
N
D
I
D
O
2019
ABMG EM EVENTOS
- ENCONTRO REGIONAL DOS
ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA
- CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO
- ENCONTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
(Organizadores)
Belo Horizonte
Dezembro de 2019
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ABMG EM EVENTOS
- ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE
BIBLIOTECONOMIA
- CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO
- ENCONTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
Belo Horizonte
ABMG
Dezembro de 2019
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2018-2020
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
ABMG EM EVENTOS: V ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE
BIBLIOTECONOMIA, XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO E XX ENCONTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Escopo do relatório: Ações e experiências quanto à representação da ABMG em eventos
científicos
Comissão organizadora: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Casa publicadora: ABMG
Local e data de realização do V Encontro Regional dos Estudantes de
Biblioteconomia: Belo Horizonte, de 13 a 18 de novembro de 2018
Local e data de realização do XXVIII Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e
Documentação: Vitória, de 01 a 04 de outubro de 2019
Local e data de realização do XX Encontro de Pesquisa em Ciência da Informação:
Florianópolis, de 21 a 25 de outubro de 2019
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
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Site: www.abmg.org.br
E-mail: abmg.gestao21@gmail.com
Telefone: (31) 99959-4087
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SUMÁRIO
1 REPRESENTANDO A ABMG EM EVENTOS ............................................ 3
2 ATIVIDADES REALIZADAS NO ENCONTRO DOS ESTUDANTES............ 6
3
ATIVIDADES
REALIZADAS
NO
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO ...............................................11
4 ATIVIDADES REALIZADAS NO ENCONTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO ................................................................................20
5 ABMG: ALÉM DAS INSTÂNCIAS DE MINAS GERAIS ...........................22
REFERÊNCIAS ......................................................................................24
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA ...............................26
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�3
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
1 REPRESENTANDO A ABMG EM EVENTOS
Os eventos científicos e profissionais correspondem a importantes canais de
comunicação da ciência, sendo eles muito utilizados nas diversas áreas do
conhecimento. O grande diferencial desses canais de comunicação deve-se à
capacidade de integrar as pessoas, promovendo um ambiente de trocas de
conhecimentos, realizadas face a face, o que estimula as práticas de
humanização.
Além dos eventos possibilitarem o contato entre pesquisadores e profissionais,
o que resulta em futuras parcerias ou colaborações, ação muito saudável para
o desenvolvimento científico e profissional, eles também exercem o papel de
divulgação e promoção. A participação em eventos locais ou mais abrangentes,
sejam eles caracterizados como fóruns, congressos, encontros, dentre outras
nomenclaturas, é uma alternativa muito válida que pode aumentar a
visibilidade de uma experiência, de um projeto, dentre outras ações.
Em muitas profissões, como na Biblioteconomia, por exemplo, é muito comum
ações, experiências ou projetos desenvolvidos por bibliotecários, sobretudo os
que atuam em regiões distantes dos grandes centros urbanos, não serem
conhecidos mundo afora, por falta de divulgação e socialização. Nesse
contexto, os eventos manifestam-se como “uma janela que se abre”, ou seja,
a atividade realizada pelo profissional
em um contexto micro tem a
possibilidade de ganhar maior repercussão, sendo replicada por outros colegas,
em outras realidades, ou até mesmo criticada, a ponto de ser melhorada.
É com esse entendimento que a Associação de Bibliotecários de Minas Gerais
(ABMG),
em
especial
na
participação/representação
gestão
em
2018-2020,
grandes
iniciou
eventos
um
trabalho
de
na
área
de
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Biblioteconomia/Ciência da Informação realizados, no Brasil. No decorrer dos
anos de 2018 e 2019, considerando que alguns eventos aconteceriam em
cidades não muito longes da sede da ABMG (cidade de Belo Horizonte), a
diretoria enviou representantes para esses eventos, haja vista apresentarem
as ações e projetos de destaque que vinham sendo desenvolvidas pela
entidade. Foi proferido em grupo de WhatsApp da diretoria da ABMG, acerca
dessa ideia:
Estamos com a proposta de enviar um ou dois membros da diretoria para fazerem presença
em alguns eventos importantes da Biblioteconomia. Recebemos, recentemente, convite da
organização do Encontro dos Estudantes, a montar um stand no evento. Além disso, também
achamos válido participar de outros eventos de renome na área, como o CBBD e o ENANCIB,
de modo que possamos dar visibilidade ao trabalho que estamos desenvolvendo, além de
captar novos associados e apoiadores. É possível que, ao expormos nossas experiências,
teremos sugestões de melhorias, soluções para nossos problemas, como também poderemos
ajudar outros profissionais, que poderão replicar nossas ações em outras realidades
(Mensagem postada por membro da diretoria em grupo de WhatsApp no dia 10 de agosto de
2018).
A partir dessa sugestão proposta por alguns membros da diretoria, foi
aprovada em reunião a importância e necessidade de a associação se fazer
presentes nos eventos. Definiu-se que, em 2018, a entidade estaria presente
no V Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia (EREBD). Já em
2019, a participação poderia ser realizada no XXVIII Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia e Documentação (CBBD) e no XX Encontro de Pesquisa em
Ciência da Informação (ENANCIB). O quadro 1 apresenta o escopo de cada um
desses eventos, como também a cidade onde foram realizados e a data em
que aconteceram.
Quadro 1 – Eventos com presença da ABMG
Nome do
Escopo
evento
V EREBD
Abrangência
Cidade de
realização
Data de
acontecime
nto
13 a 18 de
novembro de
2018
Evento de caráter científico, Regional
Belo
profissional e social que visa
Horizonte
promover
a
integração
de
estudantes
e
egressos
da
Graduação,
Pós-Graduação
e
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profissionais.
Possibilita
o
estreitamento das relações entre
as universidades que oferecem os
cursos em Ciência da Informação,
bem
como
a
difusão
do
conhecimento
e
experiências
ligadas a ele (EREBD, 2018)
XXVIII
Tem como objetivo discutir o
CBBD
estado da arte da Biblioteconomia
e da Ciência da Informação e
integrar os profissionais das
bibliotecas brasileiras de todas as
tipologias: escolares, públicas,
comunitárias,
universitárias
e
especializadas (CBBD, 2019)
XX
É o principal evento de pesquisa e
ENANCIB
de Pós-Graduação da área de
Ciência da Informação do Brasil e
visa discutir e refletir a produção
de conhecimento na área, de
modo a estimular, por meio de
amplo
diálogo
entre
os
pesquisadores que nela atuam, a
realidade dos programas de PósGraduação (ENANCIB, 2019)
Fonte: Dados do relatório (2019).
Nacional
Vitória
01 a 04 de
outubro
de
2019
Nacional
Florianópolis
21 a 25 de
outubro
de
2019
Assim, no final de 2018, a ABMG se fez presente no evento de estudantes, ao
passo que em 2019 participou do CBBD e do ENANCIB. No primeiro evento,
além da presença dos representantes da entidade e da montagem de um stand
específico, ela se fez presente, também, como apoiadora do evento. No CBBD,
a participação se firmou mediante convite da Federação Brasileira de
Associação de Bibliotecários (FEBAB), para compor o stand dessa federação. Já
no ENANCIB, a organização do evento convidou a associação a expor os livros
publicados pela Editora da ABMG.
Portanto, esta produção técnica relata as principais atividades realizadas com a
participação da ABMG nos três eventos mencionados. Além de relatar as
atividades, são descritos comentários que expressam o ponto de vista da
diretoria da ABMG, acerca do que se vivenciou nos eventos com a presença da
associação.
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2
ATIVIDADES
REALIZADAS
NO
ENCONTRO
DOS
ESTUDANTES
O evento de estudantes foi realizado ao longo de uma semana, com várias
atividades típicas de um evento científico, como: palestras, mesas redondas,
apresentações de trabalhos, oficinas, dentre outras. A ABMG iniciou a
montagem do stand no dia 13 de novembro, à medida que outras instituições
apoiadoras também apresentavam-se ao local. Os stands dos expositores
foram montados logo após a entrada principal da Escola de Ciência da
Informação (ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No dia 14 de novembro, pela manhã, antes da abertura do espaço das
exposições, ocorreu a mesa de abertura do evento, com diversas autoridades
presentes, estando a ABMG representada pelo secretário (figura 1).
Figura 1 – Mesa de abertura do EREBD com autoridades
Fonte: Dados do relatório (2019).
Em linhas gerais, o discurso das autoridades contemplou aspectos sobre a
importância
da
realização
desses
eventos
para
o
fortalecimento
da
Biblioteconomia e a integração entre os profissionais. Nos comentários do
representante da ABMG, foram mencionados agradecimentos pelo convite,
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como também parabéns aos organizadores, haja vista a importância dos
eventos para o desenvolvimento da ciência e da profissão.
O representante expôs algumas ações realizadas pela ABMG, destacando como
principais: a repaginação do site, a elaboração de ciclos de palestras, cursos de
capacitação, dentre outras. Acrescenta que a associação possui uma história
de sucesso em Minas Gerais e que esse legado precisa ser preservado, para
que não se perca, nas próximas gerações. Aproveitou, com esse comentário,
para convidar a todos a se associarem e a participarem, com mais intensidade,
dos projetos da ABMG e do movimento associativo, como um todo.
Após o momento solene de abertura do evento, o espaço dos expositores foi
aberto. No stand da ABMG foram disponibilizadas cadeiras para acomodação
dos expositores e dos visitantes. A mesa principal foi composta por materiais
de
divulgação,
como:
fôlderes
da entidade,
formulário impresso
para
cadastramento de associado, brindes diversos (porta-canetas, mouse pad,
adesivos, lista de presença, dentre outros). Ao lado da mesa, foram expostos
dois bânneres, contendo informações sobre a associação e o convite para
todos conhecerem, participarem e se associarem. Destaque ao bânner
descrevendo as ações realizadas pela ABMG, ao longo do ano, sendo
mencionadas como principais:
Curso Preparatório para Concurso Público: diz respeito à oferta de
aulas teóricas acerca dos assuntos cobrados em principais concursos
públicos de Biblioteconomia ocorridos, no Brasil;
Curso
Normalização
Bibliográfica:
capacita
os
cursistas
a
conhecerem as principais normas para trabalhos acadêmicos e como
praticar essas normas, haja vista padronizar os trabalhos escritos;
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2018-2020
Curso Português Acadêmico: oferece diversas técnicas e estratégias
para se construir, de modo mais adequado, um texto acadêmico,
conforme as normas gramaticais da Língua Portuguesa;
Planejamento da Revista da ABMG: conjunto de atividades que visam
estruturar o periódico da ABMG, bem como pensar na composição das
comissões editoriais;
Repaginação do site: contratação de um novo servidor para abrigar o
site, além de melhorias na arquitetura informacional do espaço;
Espaço do Associado: criação de um ambiente, no site, para
divulgação de produtos, serviços, textos diversos e demais artes
realizadas pelos associados;
Banco de talentos e empregos: compreende o desenvolvimento de
um banco de dados para encaminhamento de profissionais ao mercado
de trabalho.
A figura 2 apresenta o bânner contendo essas ações e o convite para todos
associarem-se e se envolverem com as comissões organizadoras desses
projetos.
Figura 2 – Bânner contendo algumas das ações da ABMG
Fonte: Dados do relatório (2019).
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Também foi afixado, em local próximo, cartazes sobre o lançamento de livros
que a Editora da ABMG estava desenvolvendo, evento a ocorrer em 20 de
dezembro de 2018. A figura 3 ilustra parte do espaço reservado à ABMG, em
momento de interação entre a equipe expositora e os congressistas.
Figura 3 – Espaço reservado à ABMG para atendimento aos visitantes
Fonte: Dados do relatório (2019).
As atividades no stand se estenderam no decorrer dos dias 14, 15 e 16, cuja
equipe de expositores foi composta por cinco membros da ABMG: Edcleyton
Fernandes, Graciane Borges, Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da
Costa. Essa equipe se revezou ao longo dos dias, sendo concedida aos
integrantes uma camisa com estampa da ABMG para uso, como forma de
divulgação da entidade.
Dentre as atividades realizadas no stand, destacam-se: acolhimento aos
visitantes; apresentação da ABMG; entrega de brindes; registro dos visitantes
na lista de presença, com menção aos dados de contato; sorteios de brindes;
sorteio de bolsas em cursos; dentre outras.
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Nos três dias de exposição, contabilizou-se a presença de, aproximadamente,
55 pessoas, sendo 25 delas residentes no Estado de Minas Gerais. Todas essas
pessoas deixaram seus e-mails registrados na lista de presença, cujos
moradores de Minas Gerais tiveram o contato inserido na lista geral de
contatos da ABMG, que, no final de 2019, consta com um total de 300 contatos
cadastrados, os quais, certamente, recebem as mensagens divulgadas pela
entidade.
Portanto, entendemos que a participação da ABMG no EREBD foi benéfica,
visto que foram alcançadas algumas conquistas, sobretudo no que tange à
divulgação da entidade, a qual, na visão de muitos congressistas, não sabiam
da existência da associação em Minas. Acolher essas pessoas, dialogar com
elas e cadastrar o contato delas são formas humanizadas que as associações
encontram para romper o distanciamento entre a entidade e a classe
profissional.
Além da interação e troca de contatos e de conhecimentos, a ABMG conseguiu
duas inscrições de afiliação, além de pessoas que se interessaram em auxiliar
na execução dos projetos sociais e cursos a serem promovidos pela
associação, nos meses seguintes. Outro contributo dessa socialização é a
oportunidade de passar informação para essas pessoas, como também
aprender com elas. Um exemplo dessa troca de experiências é o relato de uma
estudante de Porto Alegre, que se mostrou interessada pela publicação dos
livros, mencionando que levaria a ideia para a Associação de Bibliotecários do
Rio Grande do Sul.
A respeito da contribuição oriunda da participação em eventos, em especial, no
que tange à visibilidade das ações, a atual diretoria confia muito nessa
estratégia. Segundo Barbosa, Sá e Santa Anna (2019, p. 220), os eventos vão
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muito além da apresentação de pesquisas, visto que se “[...] manifestam como
momentos oportunos para capacitação de profissionais, divulgação de produtos
e serviços, dentre outras possibilidades [...]”. Acerca da interação vivenciada
em um evento, dialogamos com Carmo e Prado (2005), quando reforçam que
os eventos são oportunidades de se conhecer novas pessoas, formar parcerias,
pensar em novos projetos, além de viabilizar a ampliação dos contatos
pessoais e profissionais.
3 ATIVIDADES REALIZADAS NO CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO
Ao contrário do stand montado no EREBD, no CBBD, a participação da ABMG
se fez no stand dedicado à FEBAB. Essa instituição enviou comunicado
antecipado, acerca da participação daquela, em dia e horário pré-determinado,
dia 02 de outubro de 2019. Assim, a diretoria da ABMG delegou os membros
Jorge Santa Anna (secretário) e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
(presidenta) à representação no citado congresso. Na semana anterior ao
evento, foram confeccionados materiais para exposição no stand, como:
impressão de livros publicados, bânneres sobre as ações da ABMG, formulário
para afiliação, brindes para distribuição.
Além das atividades a serem realizadas no stand da FEBAB, a presidenta da
associação foi convocada para reunião dos presidentes, seguida de uma
confraternização (jantar), no segundo dia do evento, no turno da noite. Outro
motivo que justifica o empenho da ABMG junto ao CBBD é a apresentação de
artigos, resultantes das experiências da entidade, nas modalidades pôster ou
comunicação oral. Ao todo, o evento contou com três publicações referentes às
atividades da associação, seguida de uma publicação na Revista da FEBAB,
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considerando que um desses trabalhos foi premiado como melhor trabalho do
GT 7 (Construção e Identidade Profissional); logo, foi enviado um texto mais
expandido para publicação na revista. O quadro 2 demonstra as características
desses trabalhos.
Quadro 2 – Trabalhos apresentados no CBBD referentes à ABMG
Título
Autores
Modalidade
de
Apresentação
Biblioteconomia
social
e Jorge Santa Anna, Maria Pôster
empreendedorismo
Elizabeth de Oliveira da
bibliotecário:
temas Costa e Edcleyton Bruno
emergentes para o século Fernandes da Silva
XXI
Ações
conjuntas
de Andreza Gonçalves Barbosa, Comunicação
bibliotecários
para
o Jéssica Patrícia Silva de Sá e Oral
fortalecimento
da Jorge Santa Anna
Biblioteconomia: um relato
de experiência
Participação do bibliotecário Andreza Gonçalves Barbosa,
na organização de eventos: Jéssica Patrícia Silva de Sá e
o caso do lançamento de Jorge Santa Anna
_____
livros da Associação de
Bibliotecários do Estado de
Minas Gerais
Fonte: Dados do relatório (2019).
Local de
publicação
Anais do CBBD
Anais do CBBD
Revista
Brasileira
de
Biblioteconomia
e
Documentação
Conforme exposto no quadro 2, percebe-se que os trabalhos foram escritos por
membros da diretoria e outros profissionais apoiadores da entidade. Também é
importante destacar que, todos os trabalhos manifestaram-se como relatos de
experiências acerca do desenvolvimento de duas coletâneas organizadas por
membros da diretoria e publicadas pela Editora da ABMG, no final de 2018 e
início de 2019. O livro sobre Biblioteconomia Social foi formado por 20
capítulos,
distribuídos
em
quatro
grandes
seções
e
o
livro
sobre
Empreendedorismo Bibliotecário conteve 18 capítulos, diluídos, também, em
quatro seções.
Ressalta-se que esses livros foram disponibilizados em acesso aberto, no site
da ABMG, e uma tiragem de dez exemplares cada obra foi elaborada, para fins
de apresentação e comercialização no CBBD e no ENANCIB. Esses resultados
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evidenciam que a organização e a publicação dessas coletâneas configuram-se
como uma das maiores conquistas da ABMG realizada pela gestão atual (20182020). Nas palavras de Santa Anna, Costa e Silva (2019, p. 6), acerca dos
temas das obras: “[...] a Biblioteconomia Social e o Empreendedorismo são
temas emergentes a serem explorados pelos bibliotecários, em seus variados
contextos de atuação, de modo a fortalecer o compromisso da área com o
desenvolvimento sustentável das nações [...]”.
No que se refere à importância em se conferir às associações o poder em
organizar e publicar livros, discute-se que:
Certamente, a organização e publicação dessas obras não é um trabalho isolado, mas
colaborativo e possibilita a divulgação da prática bibliotecária, além das bibliotecas. Além
disso, essas ações servem como estratégias de marketing e de fortalecimento, reconhecimento
e valorização da área pela sociedade. Esse momento não representa o fim, mas o despertar de
outras ações, desenvolvidas por outras instituições, instâncias e contextos. É uma conquista
dos profissionais, da área e da ABMG, que institui a sua editora (Informação verbal)1.
Assim, no primeiro dia do CBBD, seguindo a programação estabelecida pelo
evento, foi apresentado o manuscrito intitulado “Biblioteconomia social e
empreendedorismo bibliotecário: temas emergentes para o século XXI”. Em
virtude de indisponibilidade dos representantes da ABMG no evento, nesse dia,
o artigo foi apresentado por uma membra apoiadora e colaboradora da ABMG,
a doutoranda Andreza Gonçalves Barbosa2. Esse trabalho relatou o processo de
desenvolvimento e as características das obras, além de relacionar esse fazer
com o papel das associações para concretização da Agenda 2030.
O segundo trabalho também foi apresentado por Andreza Gonçalves Barbosa e
teve como principal objetivo relatar as atividades realizadas no evento de
1
Discurso proferido pelo secretário da ABMG, no dia 20 de dezembro de 2018, na mesa de
abertura do evento de lançamento dos livros.
2
Os autores e toda a equipe da diretoria expressam os sinceros agradecimentos à profissional
que, gentilmente, apresentou o trabalho.
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lançamento das obras, que ocorreu em 20 de dezembro de 2018, na ECI da
UFMG. Algumas semanas após o CBBD, os autores desse artigo receberam
comunicado de que o trabalho foi o melhor avaliado do GT 7, sendo premiado,
portanto, seria publicado na Revista da FEBAB, tendo os autores que enviar
uma versão ampliada do artigo, o que resultou no terceiro trabalho intitulado
“Participação do bibliotecário na organização de eventos: o caso do lançamento
de livros da Associação de Bibliotecários do Estado de Minas Gerais”.
No que se refere às atividades realizadas no stand da FEBAB, elas ocorreram
no dia 02 de outubro, das 12:00h às 13:30h. Nesse intervalo, o espaço foi
ornamentado com a exposição de três bânneres, descrevendo as ações e
projetos da ABMG e convidando as pessoas a se envolverem. A figura 4
demonstra esses materiais expositivos.
Figura 4 – Materiais expositivos sobre a ABMG
Fonte: Dados do relatório (2019).
Como se observa na figura 4, a ABMG, sobretudo no ano de 2019, tem se
apresentado como atuante, em favor do fortalecimento da classe bibliotecária,
em Minas Gerais. Isso porque diversos projetos sociais, como também cursos
de capacitação, vêm sendo realizados, de modo que os profissionais possam
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trocar experiências, haja vista enriquecer o aprendizado e, por conseguinte,
melhorar a atuação profissional. Dentre as principais atividades gerenciadas,
destacam-se:
Curso organização e manutenção de bibliotecas: é um curso
oferecido sob demanda, normalmente, direcionado a instituições que
desejam capacitar os colaboradores envolvidos com a preservação e
limpeza dos ambientes das bibliotecas;
Curso Metodologia Científica:
profissionais,
estudantes
e
tem
o objetivo de capacitar os
pesquisadores
à
prática
da
pesquisa,
demonstrando a forma de aplicação dos métodos de investigação, como
também, estimulando à habilidade de escrita e publicação;
Curso Organização de Bibliotecas - Visita do Ministério da
Educação: curso executado em parceria com bibliotecário especializado
nessa temática. O intuito é preparar os que atuam no ambiente
universitário, haja vista possibilitar uma avaliação satisfatória pelo MEC,
acerca do ensino oferecido para formação profissional;
Projeto Agenda 2030: projeto de cunho social, composto por um ciclo
de palestras, oficinas, mesas redondas, dentre outras atividades, de
modo a demonstrar o papel das bibliotecas para o desenvolvimento
sustentável das nações;
Conversando Sobre: constitui um projeto social de periodicidade
regular, que envolve a reunião de interessados para discutir um tema
específico;
Organização e
lançamento de livros:
compreende
o
trabalho
realizado pela Editora da ABMG, mediante o planejamento, organização e
publicação de livros, com temas ligados à Biblioteconomia e áreas
correlatas;
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Melhorias no site: atividades contínuas de repaginação, gestão de
conteúdo e melhoria do design do site, facilitando a navegação e acesso
aos serviços disponibilizados;
Planejamento
da
Revista
da
ABMG:
atividades
voltadas
ao
lançamento, no futuro, de um periódico da Biblioteconomia, gerenciado
pela Editora da ABMG.
As atividades listadas são apenas algumas, dentre as várias oferecidas. Em
virtude dessa variedade, os bânneres mencionam o convite das pessoas a se
associarem, ou se envolverem com as comissões para execução dos projetos
diversos que a entidade executa ou pretender executar em curto, médio ou
longo prazo. A disponibilização desses materiais foi benéfica, visto que facilitou
aos visitantes conhecerem as ações, de modo mais dinâmico e visual. Por meio
da figura 5, é possível observar os congressistas analisando os anúncios.
Figura 5 – Congressista oberva as ações da ABMG descrita em bânner
Fonte: Dados do relatório (2019).
Na mesa do stand foi disponibilizada a lista de presença, livros impressos para
divulgação e comercialização, fôlder e canetas, conforme apresenta a figura 6.
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Figura 6 – Membros da ABMG apresentando as ações da entidade
Fonte: Dados do relatório (2019).
Durante os 90 minutos que a ABMG esteve no stand apresentando suas ações,
contabilizou-se a presença de 20 pessoas, incluindo profissionais de diferentes
estados e atuantes de vários segmentos de mercado, a maioria em bibliotecas
escolares e universitárias de instituições públicas. Um dos maiores destaques
foi a apresentação dos livros, sendo quatro vendidos e dois de cada obra foram
sorteados, cujos ganhadores são residentes da cidade de Salvador/BA (figuras
7 e 8).
Figura 7 – Membros da diretoria com bibliotecária de Salvador
Fonte: Dados do relatório (2019).
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Figura 8 – Membros da diretoria com profissionais e professores de Teresina/PI
Fonte: Dados do relatório (2019).
A partir desses resultados, julgamos que a iniciativa foi satisfatória, visto que
possibilitou a troca de experiências entre profissionais, ou seja, ao mesmo
tempo em que ensinamos muito das nossas ações, aprendemos, também,
muito. Os livros, por exemplo, tiveram uma grande repercussão, cujos
professores de Teresina reforçaram a importância que as obras assumem e o
fato
triste
de
haver
poucas
publicações,
sobretudo
com
o
tema
da
Biblioteconomia Social. Segundo a professora que visitou o stand, a partir da
experiência da ABMG, ela estimulará a realização de eventos e da organização
de livros sobre esse tema, no contexto em que atua.
Novamente, salientamos a importância da interação que o evento promove aos
participantes. Daí, a participação das associações ou demais órgãos de classe é
de suma importância, principalmente, quando se vivencia tempos de crise
econômica, ou quando a área carece de políticas consistentes que assegurem a
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legitimação e o exercício da profissão na sociedade. Conforme proferido por
Santa Anna, Costa e Silva (2019, p. 6), as associações profissionais são
responsáveis com essa causa, o que evidencia a necessidade de articular os
bibliotecários nos estados e municípios brasileiros, “[...] a partir de eventos,
projetos e atividades inovadoras e mobilizadoras, incentivando à publicação
desses resultados, haja vista provocar maior visibilidade e reconhecimento por
parte da sociedade e dos próprios profissionais”.
Com o término das atividades no stand, a ABMG esteve representada,
também, na reunião dos presidentes das associações. Nessa reunião,
estiveram presentes o secretário, como apoio, e a presidenta, que prestou um
breve e conciso discurso acerca da situação atual da ABMG. Durante o
discurso, de aproximadamente, dez minutos, a presidenta apresentou os
desafios existentes e superados, os que ainda persistem e as conquistas
alcançadas, com destaque aos projetos sociais, cursos de capacitação
oferecidos e colaboração firmada com algumas instituições e profissionais.
[...] Semelhante ao que foi relatado pelos colegas das demais associações, a situação da
ABMG é muito parecida em alguns aspectos. Nos últimos anos, temos realizados muitas
atividades de sucesso, mas os desafios não deixam de existir, sobretudo com a escassez de
recursos, o que nos impede de realizar muitas atividades. [...] Como se percebe, temos
desafios e dificuldades, mas a atual diretoria tenta realizar um trabalho árduo, acreditando no
potencial da Biblioteconomia, e na tentativa de envolver toda a comunidade acadêmica e
profissional [...] (informação verbal)3.
Por fim, a participação da ABMG no CBBD foi encerrada, no encerramento do
evento, cuja presidenta compôs a mesa, ao lado de outras autoridades, a fim
de apresentar a mensagem final. Nessa ocasião, reforçou o papel da ABMG
3
Discurso proferido pela presidenta da ABMG, Maria Elizabeth de Oliveira da Costa, em reunião
dos presidentes das associações de bibliotecários, ocorrida no dia 03 de outubro de 2019, no
contexto do CBBD, na cidade de Vitória/ES.
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como entidade que ajuda a construir a história da Biblioteconomia em Minas
Gerais.
4 ATIVIDADES REALIZADAS NO ENCONTRO DE PESQUISA EM
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Em virtude de o ENANCIB configurar-se como um evento de cunho mais
acadêmico do que profissional, a participação da ABMG foi conduzida de modo
mais tímido, no comparativo com o CBBD. O estímulo à participação se deu à
medida que a entidade recebeu convite para apresentar e divulgar os dois
livros publicados no final de 2018, no decorrer desse evento.
Assim, em virtude de um dos membros da diretoria (o secretário) já ir ao
evento para apresentar os resultados preliminares de sua tese, ainda em
andamento, na forma de comunicação oral, aproveitou a oportunidade e
dedicou-se às atividades de divulgação das ações da ABMG, em um dia do
evento. Desse modo, no dia 22 de outubro, foi entregue na mesa de
exposição, os livros impressos Biblioteconomia Social e Empreendedorismo
Bibliotecário.
Nessa oportunidade, o secretário permaneceu ao lado do stand de livros,
durante toda a parte da tarde, conversando com pessoas que mostravam
interesse nos livros. Aproximadamente, no decorrer dessa tarde, dialogou-se
com quinze pessoas, a maioria estudantes de Pós-Graduação, em especial,
vinculados às universidades públicas dos estados da região Sul e Sudeste. Nas
discussões, o foco direcionou-se aos temas das obras, mas, em vários
momentos,
foi
reforçada
a
importância
das
associações
profissionais
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publicarem as vivências dos bibliotecários; e isso pode ser realizado por meio
do trabalho editorial da entidade.
Em um momento, um congressista relatou a dificuldade que existe em se
manter uma associação profissional, como também os desafios que permeiam
a gestão dos canais de comunicação, como os livros e os periódicos. Na opinião
desse sujeito, o problema maior não é a escassez de recursos financeiros,
mas, de recursos humanos, de mão de obra especializada, ou até mesmo, de
pessoas com boa vontade em ajudar ou estimular. Muitos problemas nas
publicações científicas estão relacionados ao próprio comportamento do ser
humano.
Concordamos com esse congressista, e salientamos que, em muitos casos,
podemos afirmar que os problemas que a classe enfrenta é consequência da
atitude dos próprios profissionais, visto a falta de empenho, engajamento e
audácia, rumo a uma sociedade que valorize mais o trabalho do bibliotecário. É
como afirmou Santa Anna (2018, p. 308), discursando que a questão não é
achar culpados para os problemas que permeiam o fortalecimento da área. O
que precisa ser feito é “[...] cada um assumir o seu compromisso, em
contribuir para garantir o reconhecimento e valorização por parte da
sociedade.
Acreditamos
que
é
por
meio
do
reconhecimento,
que
o
fortalecimento se consolidará”.
Outro congressista encantou-se com a ideia da publicação, mencionando que
pretende levar para seu Estado essa iniciativa a ser realizada pela associação
de bibliotecários. Nessa ocasião, solicitou mais detalhes de como a obra fora
idealizada, planejada e conduzida, para que os resultados fossem alcançados
em um período tão curto de tempo. O secretário relata os acontecimentos e se
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2018-2020
coloca à disposição para auxílios ou parcerias que possam ser necessárias e
saudáveis na realização de novos empreendimentos.
Nos demais dias do evento, o representante da ABMG passava no stand todos
os dias, permanecendo, em média, dez minutos, uma vez que precisava
participar da apresentação de outros trabalhos, para fins de aprendizado para
o desenvolvimento da tese. No último dia do evento, como os livros não foram
comercializados, a comissão do evento propôs a doação dele para um evento
que
ocorreria logo após o ENANCIB, o
I Seminário Internacional
de
Competência em Informação (SEICIn). Foi concedida essa doação, visto que
ela, certamente, seria uma estratégia de divulgar a associação e de contribuir
com o aprendizado de quem recebesse as obras.
5 ABMG: ALÉM DAS INSTÂNCIAS DE MINAS GERAIS
Ao finalizarmos este relatório, percebemos que bons frutos foram colhidos, a
partir da ideia de representar a ABMG em eventos relacionados à área de
Biblioteconomia/Ciência da Informação. Isso porque, como se notou, as
atividades realizadas promoveram a integração, a troca de contatos, de
experiências, o que constitui um trabalho recíproco de colaboração, atitude
necessária para se alcançar o fortalecimento de qualquer proposta.
Percebeu-se que as atividades se diferenciaram em cada um dos eventos,
considerando a peculiaridade de cada evento, como também a proposta do
serviço em si, com base no que tenha sido planejado, previamente, pela
equipe envolvida. Esse resultado demonstra a importância do planejamento e
da gestão, quando uma entidade pretende se fazer presente em um evento.
Desse modo, não basta apenas ir participar. É preciso, antes de tudo,
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2018-2020
estabelecer um plano, com objetivos claros, concretos e condizentes com as
atividades a serem executadas.
Dentre as atividades realizadas pela ABMG e socializadas nos três eventos, é
certo que a maior repercussão foi o lançamento dos livros. Isso reforça a
importância desse fazer, que, ao nosso ver, precisa ser inserido no dia a dia da
associação de bibliotecários. Ao executar atividades editoriais, as entidades
tornam-se editoras, embora com atividade secundária, mas realizando as
mesmas funções de organizar, planejar, avaliar, diagramar e publicar as
pesquisas e experiências dos profissionais em diferentes instâncias. Ao
disponibilizar os estudos, aumenta-se o número de profissionais que passam a
conhecer os trabalhos de sucesso de bibliotecários inseridos em diferentes
locais do imenso Brasil.
A experiência da ABMG, realizada no final de 2018 e ao longo de 2019, acerca
da participação da entidade em eventos, demonstra que essa é uma iniciativa
muito saudável, que pode ser replicada por outras associações brasileiras. É
provável que as associações ao se fazerem presentes nos eventos estarão
unindo esforços para fortalecimento da área e da profissão. Por conseguinte,
espera-se que haja maior valorização e reconhecimento por parte de outras
profissões e áreas e por parte da sociedade, como um todo.
A participação das associações em eventos é uma estratégia de romper o
isolamento
exagerado
que
permeia
muitas
realidades,
cujas
ações
bibliotecárias, muito bem pensadas, planejadas e executadas, acabam por
restringir-se a um contexto micro, o que resulta no engavetamento, ou ainda,
na “morte” desses projetos e ações. Algo que poderia ser divulgado mundo
afora - contribuindo com a vida de muita gente, ajudando bibliotecários a
solucionar muitos problemas ou a inovarem suas práticas, muitas das vezes,
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�24
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2018-2020
monótonas e vazias - acaba por não vingar, não se desenvolver, por falta de
visibilidade.
Por fim, as experiências aqui relatadas servem para mostrar a contribuição da
ABMG para o desenvolvimento da Biblioteconomia em Minas Gerais e também
no Brasil. Desejamos que a ABMG supere todos os desafios que enfrenta – e
que são inúmeros – e se fortaleça, rompendo, cada vez mais, as fronteiras
geográficas do estado de Minas Gerais.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Andreza Gonçalves; SÁ, Jéssica Patrícia Silva de; SANTA ANNA,
Jorge. Participação do bibliotecário na organização de eventos: o caso do
lançamento de livros da Associação de Bibliotecários do Estado de Minas
Gerais. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 15,
2019. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1345/1181.
Acesso em: 15 dez. 2019.
CARMO, João dos Santos; PRADO, Paulo Sérgio Teixeira do. Apresentação de
trabalho em eventos científicos: comunicação oral e painéis. Interação em
Psicologia, v. 9, n. 1, p. 131-142, 2005. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3293/2637. Acesso em: 15 dez.
2019.
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO (CBBD).
Desigualdade e democracia: qual o papel das bibliotecas? 2019. Disponível
em: https://www.cbbd2019.com/. Acesso em: 10 dez. 2019.
ENCONTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB). Sobre.
2019. Disponível em: http://www.enancib2019.ufsc.br/sobre/. Acesso em: 10
dez. 2019.
ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA (EREBD).
Sobre o EREBD. 2018. Disponível em:
http://www.erebdsecosul.com.br/belohorizonte2018/o-evento/sobre-o-erebdse-co-sul. Acesso em: 10 dez. 2019.
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2018-2020
SANTA ANNA, Jorge. Biblioteconomia social: o futuro em perspectiva. In:
SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria
Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos
para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. p. 304-310.
SANTA ANNA, Jorge; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira; SILVA, Edcleyton
Bruno Fernandes da. Biblioteconomia social e empreendedorismo bibliotecário:
temas emergentes para o século XXI. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 28., 2019, Vitória. Anais [...]. Vitória:
FEBAB, 2019. p. 1-6. Disponível em:
https://portal.febab.org.br/anais/article/view/2099/2100. Acesso em: 15 dez.
2019.
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2018-2020
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro editorial
da Revista Pró-
Discente.
de
Administra
a
gestão
secretaria
e
assuntos administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa: Bibliotecária
do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Doutoranda em
Gestão e Organização do Conhecimento, investigando
o papel das bibliotecas para melhoria da educação a
distância, no Brasil. Ocupa o cargo de presidenta da
atual diretoria da ABMG.
E-mail: mabethcosta@gmail.com.br
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�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
ABMG em eventos
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Associação de Bibliotecários
Eventos científicos
Description
An account of the resource
Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia. Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. Encontro de Pesquisa em Ciência da Informação
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4591/Mesadediscussaoacessibilidade.pdf
e4ce355493a9631c79f5ce76358fd3ba
PDF Text
Text
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
PROJETO
V Evento
A
G
E
N
D
A
MESA DE DISCUSSÃO
ACESSIBILIDADE EM
BIBLIOTECAS: AÇÕES
INCLUSIVAS
2
0
3
0
-
RELATÓRIO EXPANDIDO
V
E
V
E
N
T
O
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
(Organizadores)
Belo Horizonte
Dezembro de 2019
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MESA DE DISCUSSÃO
ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS:
AÇÕES INCLUSIVAS
RELATÓRIO EXPANDIDO
Belo Horizonte
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Dezembro de 2019
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© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
PROJETO AGENDA 2030 EM MG – V EVENTO
MESA DE DISCUSSÃO
Tema da edição: Acessibilidade em bibliotecas: ações inclusivas
Local do evento: Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais
Data de realização: 20 de novembro de 2019
Horário: 18:30 as 22:00 h
Comissão organizadora do evento
Presidentes do evento: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Coordenadora e moderadora: Andreza Gonçalves Barbosa
Facilitadores: Alessandra Gino e Gildete Veloso; Paula Mariano e Tatiana Brandão; Michelle
Assunção; Vera Lúcia Moreira Nunes; Vinicius Alves; e Sindier Antônia Alves
Monitores: Equipe ABMG
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
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SUMÁRIO
1 V EVENTO DO PROJETO AGENDA 2030 EM MG: DISCUTINDO A
ACESSIBILIDADE NAS BIBLIOTECAS.................................................... 3
2 INÍCIO DAS DISCUSSÕES .................................................................. 8
3 ACESSIBILIDADE: PROJETOS E AÇÕES PRÁTICAS PARA INCLUSÃO .. 9
4 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECA: AINDA MUITO A SE DISCUTIR ...18
REFERÊNCIAS ......................................................................................19
SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA ...............................21
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2018-2020
1
V
EVENTO
DO
PROJETO
AGENDA
2030
EM
MG:
DISCUTINDO A ACESSIBILIDADE NAS BIBLIOTECAS
O projeto Agenda 2030: o papel das bibliotecas, desde sua institucionalização,
em meados de 2019, vem crescendo ao longo dos meses, sobretudo no que
tange à oferta de discursos proferidos por profissionais e pesquisadores em
seus contextos de atuação. No quinto evento, temos a honra de receber uma
discussão
mais
integrada,
que
possibilitou
o
compartilhamento
de
experiências, a partir do relato de diversos profissionais, o que oportunizou um
momento propício de reciprocidade, com práticas de ensino e de aprendizado.
O quinto evento foi planejado no formato de uma roda de discussão, cujo tema
debatido foi a acessibilidade nas bibliotecas e nas instituições de ensino. A
comissão organizadora uniu esforços no sentido de promover um evento
participativo e mais dinâmico, rompendo o modelo tradicional de palestra, que
acabava gerando pouca interação, além de cansaço aos participantes.
A mesa de discussão, também denominada de mesa de conversas ou mesa
redonda, é um formato de evento que congrega mais de um expositor sobre
um mesmo tema ou temas relacionados. Diferente das palestras, cujo
conhecimento é controlado e transmitido por uma única pessoa, na roda de
discussão o conhecimento espalha-se na forma de rede, o que possibilita a
identificação das aproximações e distanciamentos entre os temas relatados.
Normalmente, os participantes que conduzem as discussões têm a liberdade de
expor os assuntos de forma livre, com tempo determinado e igual para cada
expositor. À medida que o conhecimento é socializado com o público, é
possível estabelecer as conexões entre um tema e outro, ação essa muito
válida para ampliar a discussão, gerando novas provocações/indagações, por
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2018-2020
conseguinte,
manifesta-se
um
clima de
compartilhamento, interação
e
participação coletiva.
O tema da acessibilidade foi selecionado para debate por contemplar um dos
temas emergentes para o século XXI, inserido nas ações do desenvolvimento
sustentável, conforme proposta da Organização das Nações Unidas (ONU).
Trata-se de um tema em voga, comungado em nível internacional e que vem
despertando interesse nos pesquisadores e nos projetos de lei em diversos
países, haja vista a tentativa de se instituir uma sociedade mais democrática,
e, para tanto, essa sociedade precisa, antes de tudo, ser inclusiva.
A busca por uma sociedade mais inclusiva acaba por ser uma das principais
preocupações
dos
países
democráticos
e
representa
um
fator
de
desenvolvimento social das nações. Incluir as pessoas é uma forma de garantir
a qualidade de vida e o bem-estar, possibilitando o acolhimento dos cidadãos,
de modo que possam ter seus direitos garantidos, no que tange à convivência
social, independente das limitações que possam apresentar, sejam elas de
natureza física, psicológica, comportamental, dentre outras.
O tema ganha força no meio acadêmico, profissional e social e repercute em
várias instâncias e contextos da sociedade, envolvendo governantes, gestores
públicos,
profissionais
e
organizações
do
ramo
público
e
privado.
A
Biblioteconomia abraça essa causa, ao acreditar que as bibliotecas são espaços
que precisam ser adequados às pessoas que possuem alguma limitação. Essa
crença não é nova, visto que o debate iniciou-se desde meados do século XX.
No entanto, a cada dia, novos estudos e experiências aparecem, haja vista
tonar as bibliotecas inclusivas e os bibliotecários gestores dessa inclusão.
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Por isso, o quinto evento do Projeto Agenda 2030 teve como título
“Acessibilidade em bibliotecas: ações inclusivas”. O quadro 1 demonstra as
características principais desse evento.
Quadro 1 – Detalhes da mesa de discussão sobre acessibilidade
Características principais
Nome do projeto de vinculação
Agenda 2030 em MG: o papel das
bibliotecas
Número da edição do evento
Quinta
Temática
Acessibilidade em bibliotecas
Título
Acessibilidade
em
bibliotecas:
ações
inclusivas
Conteúdo programático
- Acessibilidade nas bibliotecas: conceitos,
importância e perspectivas
- Projetos de acessibilidade nas bibliotecas e
nas instituições de ensino
- A biblioteca como ambiente democrático e
inclusivo
- O papel da biblioteca na concretização de
uma sociedade mais inclusiva
Público-alvo principal
Estudantes, pesquisadores e profissionais
interessados
pelas
temáticas
da
acessibilidade,
em
especial,
quando
abordada no âmbito das bibliotecas e
unidades de informação
Local, dia e horário de realização
Local de ocorrência
Escola de Ciência da Informação –
Universidade Federal de Minas Gerais –
Campus Pampulha
Dia
20 de novembro de 2019
Horário
Das 18:30 às 22:00 h
Comissão organizadora
Presidentes
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de
Oliveira da Costa
Coordenação
Andreza Gonçalves Barbosa
Monitoria
Equipe da ABMG
Apoiadores
Escola de Ciência da Informação
Fonte: Dados do evento (2019).
A discussão preliminar desse evento iniciou-se em grupo de WhatsApp1, no
mês de julho, quando um integrante do grupo postou comentários sobre
acessibilidade
nas
bibliotecas, e
houve
várias
opiniões
a respeito
do
comentário. Naquele momento, um membro da diretoria mencionou a
1
Diz respeito ao grupo de WhatsApp “Amigos da Biblio em Minas Gerais”, grupo gerenciado
por membros da diretoria da ABMG e profissionais apoiadores. O grupo foi criado a partir do
evento de lançamento dos primeiros livros publicados pela ABMG, evento que ocorreu em 20
de dezembro de 2018.
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importância de se realizar uma roda de conversas, o que foi muito bem aceito
por todos, com alguns profissionais colocando-se à disposição para compor a
mesa.
Logo no mês seguinte, considerando a abrangência do evento - visto que seria
abrilhantado
com
a
participação
de
seis
profissionais/pesquisadores
–
iniciaram-se as primeiras atividades de organização. Nessa ocasião, a Gestão
de Secretaria da ABMG providenciou a escolha dos facilitadores, como
também, o envio de convite formal, por e-mail, a fim de garantir a resposta
em tempo hábil às atividades de execução do evento.
Algumas semanas posteriores, com o retorno dos convidados, foi possível
planejar a programação das apresentações dos temas, seguida das atividades
de divulgação do evento, por meio de fôlderes disseminados nas redes sociais.
A figura 1 apresenta o modelo de convite formal e material de divulgação.
Figura 1 – Modelo de convite enviado aos facilitadores e fôlder de divulgação
Fonte: Dados do evento (2019).
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Conforme apresentado no material de divulgação constante na figura 1, notase a presença de seis momentos de discussão, com profissionais inseridos em
diferentes contextos, possibilitando um debate que unisse teoria e prática
acerca da acessibilidade nas bibliotecas e instituições de ensino. O quadro 2
expõe o nome dos facilitadores, o título da discussão e contexto de
atuação/vinculação dos convidados.
Quadro 2 – Aspectos relativos aos participantes e
Convidado(s)
Contexto de
vinculação/atuação
Alessandra Gino e Biblioteca Pública de
Gildete Veloso
Minas Gerais
Paula
Mariano
e Biblioteca Pública de
Tatiana Brandão
Lagoa Santa
Michelle Assunção
Programa
de
PósGraduação em Gestão e
Organização
do
Conhecimento/ECI
Vera Lúcia Moreira Núcleo
de
Nunes
Acessibilidade
e
Inclusão da UFMG
Vinicius Alves
Curso
de
Biblioteconomia/ECI
Sindier Antônia Alves Sistema de Bibliotecas
da UFMG
Fonte: Dados do evento (2019).
as discussões temáticas
Título da discussão
Biblioteca Pública de Minas Gerais: um
espaço para todos e todas
A Biblioteca Pública de Lagoa Santa e a
Agenda 2030: o papel do bibliotecário como
facilitador no processo de inclusão da
pessoa com deficiência visual na sociedade
da informação e do conhecimento
Gestão
inclusiva
em
bibliotecas
universitárias
Recursos tecnológicos e a inclusão dos
alunos com deficiência na UFMG
Realidade do usuário autista nas unidades
de informação: estudo de caso
Sistema de Bibliotecas da UFMG e
acessibilidade: algumas considerações
A leitura ao quadro 2 permite constatar que o evento foi proposto com um
aspecto diversificado em termos de contextos de atuação das ações inclusivas,
ou seja, a expectativa era apresentar projetos desenvolvidos em bibliotecas
universitárias, públicas, nos núcleos de inclusão das universidades, e também
apresentar discussões teóricas e práticas oriundas de trabalhos acadêmicos.
Participou como moderadora da mesa, a bibliotecária, doutoranda e professora
Andreza Gonçalves Barbosa, com intervenções realizadas no sentido de
promover
a
interlocução
entre
os
assuntos,
estimulando
o
debate
e
controlando o tempo de discussões, dentre outras tarefas. Destaca-se que foi
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estabelecido um tempo máximo de 30 minutos para cada expositor, e as
perguntas e intervenções da plateia foram deixadas para o momento final, com
o término de todas as apresentações.
2 INÍCIO DAS DISCUSSÕES
As boas-vindas aos participantes e a acolhida, em geral, ficou a cargo do
secretário da ABMG, o qual aproveitou o momento para contextualizar o
Projeto Agenda 2030 e reforçar a importância e relação desse projeto com o
tema da acessibilidade. Em seguida, proferiu o currículo da debatedora,
passando-lhe a palavra, a fim de iniciar as apresentações (figura 2).
Figura 2 – Iniciando as atividades – formação da mesa
Fonte: Dados do evento (2019).
A fim de iniciar as atividades, a debatedora agradeceu o convite e proferiu, de
forma breve, o contexto da acessibilidade para a Agenda 2030 da ONU,
articulando a contribuição das bibliotecas, nesse processo. A esse respeito,
dialogamos com Miranda (2017), ao proferir que as bibliotecas não precisam
esperar os usuários com limitações até elas chegarem. Ao contrário, precisam
romper esse perfil reativo, e atuar de modo proativo, adequando os espaços
com infraestrutura e recursos adequados às condições dessas pessoas.
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3 ACESSIBILIDADE: PROJETOS E AÇÕES PRÁTICAS PARA
INCLUSÃO
Iniciando a apresentação das discussões de cada expositor, as bibliotecárias
Alessandra Gino e Gildete Veloso apresentaram, de modo conjunto, as ações
desenvolvidas na Biblioteca Pública de Minas Gerais, acerca da acessibilidade.
No discurso das palestrantes, foi exposto um vídeo sobre o que a biblioteca
desenvolve e a participação de representantes da unidade e do poder público,
haja vista a construção de um espaço adequado para receber todas as
pessoas, rompendo qualquer tipo de limitação ou discriminação para acessar
os serviços oferecidos na biblioteca.
Foram destacados o acervo em Braille e as ações de leitura e práticas culturais
que permeiam esse espaço. Também discorreram acerca dos colaboradores da
unidade que possuem algum tipo de limitação e que contribuem muito na
adequação do espaço para acolhimento às pessoas com deficiência, seja ela de
qualquer natureza. O discurso é finalizado com a mensagem de que essa
biblioteca conhece e une esforços para executar as práticas inclusivas,
conforme proposto pela Agenda 2030, e com o fim de garantir a construção de
uma sociedade democrática, cidadã e igualitária, para todos. A figura 3 ilustra
o momento de compartilhamento das experiências promovidas pela Biblioteca
Pública de Minas Gerais.
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Figura 3 – Apresentação das ações pela Biblioteca Pública de Minas Gerais
Fonte: Dados do evento (2019).
A partir das discussões proferidas, percebe-se que a biblioteca precisa ser um
ambiente promotor da inclusão. Segundo Lima e Veloso (2018, p. 251), o
processo de inclusão sociocultural acontece quando, nesse ambiente, “[...]
asseguramos a democratização do acesso à informação, contribuindo com a
diminuição das desigualdades sociais e estimulando, cada vez mais, o uso da
biblioteca como forma de ampliação de conhecimento”.
Finalizando a discussão apresentada pela Biblioteca Pública de Minas Gerais,
foram convidadas para proferir o debate, as bibliotecárias da Biblioteca Pública
de Lagoa Santa, Paula Mariano e Tatiana Brandão. Nesse momento, a Agenda
2030, novamente, é contextualizada, o que reforça, segundo as palestrantes, a
importância que a Biblioteconomia Social assume, como também o papel das
bibliotecas e dos bibliotecários, em favor, principalmente, das minorias.
Ao longo da apresentação, é destacado o Projeto Sala Braille, projeto premiado
e muito discutido em nível nacional e internacional, e que constitui a oferta de
um espaço adequado para todos os portadores de necessidades visuais. Além
da sala ser equipada com tecnologias assistivas, são realizadas práticas de
leitura, ações culturais, além da disponibilização de transporte para locomover
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as pessoas de suas residências até a biblioteca. As palestrantes reforçam que
os resultados alcançados com o projeto demonstram o quanto a biblioteca
contribui com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, visto que os
usuários dessas salas, ao frequentarem o espaço, venceram muitos desafios,
como depressão, passaram a estudar, a usar as redes sociais, a se interagir,
dentre muitos outros benefícios. A figura 4 apresenta o momento da palestra
destinada à Biblioteca Pública de Lagoa Santa.
Figura 4 – Bibliotecárias da Biblioteca de Lagoa Santa proferindo as discussões
Fonte: Dados do evento (2019).
Importante considerar que, em vários momentos, as bibliotecárias mencionam
que, mesmo diante de muitos desafios existentes, tal como falta de recursos
financeiros, não se pode desistir de lutar por uma biblioteca inclusiva. Daí,
depreende-se acerca do papel que o bibliotecário exerce, nesse processo, não
podendo se redimir ou ficar estagnado a padrões e preconceitos. Para Mariano
e Brandão (2018, p. 225), os bibliotecários, no exercício de sua profissão,
podem contribuir de maneira efetiva para transformar essa realidade. “[...]
Eles
são
os
profissionais
responsáveis
por
disseminar
a
informação,
oportunizando a formação social do indivíduo de forma autônoma para o pleno
exercício de sua cidadania [...]”.
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A terceira discussão da noite trouxe fundamentos teóricos para se pensar a
acessibilidade e como ela é importante e faz toda diferença na vida das
pessoas, haja vista fomentar uma sociedade mais inclusiva. Conduzida pela
doutoranda Michelle Assunção, esse debate contemplou a experiência da
pesquisadora, tanto na vivência profissional quanto nos estudos realizados
para construção da pesquisa de Doutorado. Pelas reflexões, foi demonstrado
que as universidades possuem papel fundamental no processo de inclusão, ao
desenvolverem projetos direcionados a acolher profissionais, professores ou
estudantes com deficiências, com a oferta de infraestrutura adequada e
recursos adaptados, conforme as limitações de cada sujeito pertencente à
universidade. A figura 5 expõe os momentos de reflexão conduzidos pela
mediadora.
Figura 5 – Discussão sobre as ações inclusivas no meio universitário
Fonte: Dados do evento (2019).
A partir dos fundamentos da acessibilidade e sua aplicação nos ambientes
universitários, sobretudo nas bibliotecas, é possível entender que a inclusão de
discentes
com
deficiência
nas
universidades
brasileiras
“[...]
demanda
mudanças nos seus espaços, abrangendo as bibliotecas e o processo de
formação
dos
bibliotecários,
visando
maior
eficiência
e
equidade
no
atendimento e na prática profissional [...]” (COSTA; DUARTE, 2017, p. 161).
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A quarta discussão foi abrilhantada com as atividades realizadas pelo Núcleo
de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da UFMG, sendo mediada pela servidora
Vera Lúcia Moreira Nunes. No decorrer da discussão, foi apresentada a
influência do instituto para garantir a acolhida e permanência do aluno com
alguma limitação na universidade. O instituto se apresenta como um órgão
acolhedor que desenvolve estudos para concretização de projetos ou ações que
permitam garantir a adequação dos espaços físicos e a oferta de tecnologias
assistivas suficientes para possibilitar a inserção e o desenvolvimento das
atividades acadêmicas. Foi mencionado o percurso histórico do instituto, com
destaque o papel das bibliotecas nessa trajetória, e a modernização dele, o
qual vem unindo esforços, mediante um trabalho com equipe interdisciplinar,
capaz de acolher, cada vez mais, as pessoas com algum tipo de deficiência. A
discussão mediada pelo NAI é apresentada na figura 6.
Figura 6 – Palestra sobre as ações desenvolvidas pelo NAI no contexto da UFMG
Fonte: Dados do evento (2019).
A respeito dos núcleos de acessibilidade nas universidades, destaca-se que
eles são de muita importância, pois, conforme relatado por Melo e Araújo
(2018), ao discorreram sobre os resultados alcançados com o núcleo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, os estudantes tornam-se
conhecedores de seus direitos e lutam pela efetivação deles, além desses
estudantes não apenas realizarem as atividades acadêmicas, mas também
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tornam-se mais participativos nas questões políticas, enaltecendo, dessa
forma, a temática da inclusão no ensino superior brasileiro.
Com a finalização do discurso proclamado pela representante do NAI/UFMG,
iniciou-se a discussão sobre o usuário autista nas unidades de informação,
momento conduzido pelo estudante Vinicius Alves. O debate proposto pelo
aluno contemplou a apresentação de detalhes acerca do que caracteriza o
autismo, como também foram explorados os resultados alcançados com estudo
de caso aplicado a alguns alunos que se consideram com essa limitação. O
ponto forte do debate foi a informação de que muitos ainda possuem
dificuldades de aceitar o problema, como também as próprias instituições
criam “falsas” crenças do que seria o autismo e o que pode ser feito para
melhor atender o usuário que convive com essa realidade. A figura 7 apresenta
o discurso proferido sobre as características do autismo.
Figura 7 – Discussão sobre o autismo e suas características principais
Fonte: Dados do evento (2019).
A partir dos resultados alcançados com o estudo de caso aplicado pelo
estudante Vinicius, junto aos usuários autistas, foi possível inferir acerca da
importância do bibliotecário para atendimento e adaptação do espaço e oferta
de recursos acessíveis, haja vista incluir esse sujeito no ambiente das unidades
de informação. Logo, “[...] os bibliotecários carecem de assumir seu papel de
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gestor,
para
proporcionarem
um
ambiente
mais
integralizador
e
desenvolvimentista para as capacidades dos autistas” (SANTOS, 2019, p. 1).
A última discussão da noite foi abrilhantada pela bibliotecária Sindier Antônia
Alves, ao discursar a respeito da acessibilidade no âmbito do Sistema de
Bibliotecas da UFMG. Segundo o relato, o Sistema de Biblioteca vem unindo
esforços, nos últimos anos, no sentido de garantir melhorias às unidades
integrantes, com apoio, em especial, do NAI, haja vista eliminar as barreiras
que impedem o acesso à informação e aos serviços oferecidos pelas unidades
do Sistema. Mediante o envolvimento da diretoria do Sistema, ao acreditar
nessa causa, os bibliotecários estão sendo capacitados, de modo que possam
ser planejadas ações para adequação das unidades, considerando o perfil
específico dos usuários que se vinculam aos cursos da universidade. A partir
dessa crença e do planejamento realizado no Sistema, ficou evidenciado que a
acessibilidade precisa permear o contexto não apenas institucional, mas
também, social, visto que ela é um direito de todos, haja vista garantir a
concretização da prática cidadã. A discussão mediada pela bibliotecária do
Sistema de Bibliotecas da UFMG é apresentada na figura 8.
Figura 8 – Sistema de Bibliotecas da UFMG debatendo sobre a acessibilidade nesse contexto
Fonte: Dados do evento (2019).
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Em relação ao que foi discutido nessa última palestra, a respeito do
envolvimento dos Sistemas de Bibliotecas com a acessibilidade no ambiente
universitário, Diniz, Almeida e Furtado (2017, p. 1) afirmam que as bibliotecas
precisam
instituir
políticas
voltadas
à
inclusão,
de
modo
que
sejam
estabelecidas diretrizes para o acesso inclusivo de usuários, “[...] na
perspectiva de incluí-los em um único espaço com uma diversidade de serviços
comuns e acessíveis a todos”.
Ao findar da sexta discussão, a moderadora proferiu um breve discurso,
sintetizando e relacionando os temas apresentados em cada discussão.
Mediante os comentários da moderadora, entende-se que o tema da
acessibilidade vem ganhando força no cotidiano das bibliotecas e instituições
educacionais, cujo usuário tem sido colocado em primeiro plano e precisa ser
tratado, conforme suas limitações.
Segundo a moderadora, são as unidades de informação e as instituições que
precisam se adequar às necessidades específicas de cada usuário e não o
contrário. Além disso, o usuário com alguma deficiência, seja ela qual for,
precisa ser tratado com respeito e cordialidade, tendo a seu dispor todos os
recursos informacionais que garantam o seu aprendizado. Não se trata de “ter
pena”, pois o fundamento não é esse. Trata-se de se adequar, oferecendo aos
usuários o que lhes são garantidos por direito.
É somente com esse pensamento, que estaremos unindo esforços em prol de
uma sociedade inclusiva, conforme proposta formulada pela Agenda 2030,
haja vista garantir o desenvolvimento da sociedade, sustentada pelo respeito
às diferenças e fomentadora da prática cidadã. A moderadora considerou que
cada
discussão
apresentada
possui
a
sua
peculiaridade,
mas
estão
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integralmente relacionadas, ao comungarem do mesmo propósito, qual seja:
lutar por uma sociedade mais justa, humana, democrática e igualitária.
Após o debate da moderadora, em virtude do avançar do tempo previsto para
encerramento, foi concedida a palavra à presidenta da ABMG, Maria Elizabeth
de Oliveira da Costa. A presidenta agradeceu a presença de todos, reforçando
que o tema é de suma importância, o que estimula o desenvolvimento de
novas mesas de discussão, de modo que as ideias e os projetos voltados à
acessibilidade sejam colocados em prática, possibilitando o fortalecimento da
temática e das ações. A figura 9 apresenta o momento de encerramento, com
cumprimentos entre os participantes.
Figura 9 – Momento final – cumprimentos entre os participantes
Fonte: Dados do evento (2019).
Ainda no discurso final, a presidenta, ao mencionar que o debate é muito fértil
e que novas ações, projetos e ideias precisam ser pensados e concretizados,
aproveitou o momento para convidar todos que apresentaram as discussões, a
enviar um manuscrito sobre o relato, de modo que fosse desenvolvida uma
coletânea de textos sobre acessibilidade. Finalizou informando que, nos
próximos dias, a Editora da ABMG, responsável
pelas publicações da
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associação, entraria em contato, enviando o convite formal, como também o
cronograma para desenvolvimento do livro.
4 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECA: AINDA MUITO A SE
DISCUTIR
A mesa de discussão sobre acessibilidade reuniu profissionais atuantes em seis
diferentes contextos e que valorizam a causa da acessibilidade, considerando-a
como um fator estimulante para o desenvolvimento da sociedade e para a
consolidação da cidadania. Pelos relatos, foi constatado que essa causa vem
sendo
abraçada
pelos
bibliotecários
e
muito
incentivada
pela
gestão
universitária, embora muitos desafios ainda existam e ações estratégias
precisam ser adotadas, como também é requerido maior envolvimento da
classe bibliotecária com essa questão.
Conforme consta nos registros do evento, foi reunido um total de vinte
pessoas.
Mesmo
que
esse
quantitativo
considerando a importância do tema,
os
não
seja
resultados
muito
expressivo,
alcançados
foram
satisfatórios, visto que promoveram a integração, a troca de experiências e o
aprendizado entre os participantes. Isso foi confirmado, sobremaneira, com o
entusiasmo que os participantes apresentaram, ao final, no momento do
encerramento, reforçando que novos eventos precisam ser realizados pela
ABMG e que a ideia do livro é, sem sombra de dúvida, muito oportuna.
Com essa constatação, a atual diretoria da ABMG acredita que esse evento
tenha sido o despertar, o estímulo ou o início de muitos outros que poderão
ser realizados, tanto pela ABMG, quanto por outras instituições. Portanto, não
se pode inserir um ponto final, mas, ao contrário, a inserção de uma vírgula,
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de modo que, a pausa seja para planejar novas ações e, em breve, novas
oportunidades de socialização possam ser concretizadas.
Esses momentos de debate são muito benéficos, pois eles instigam a
“provocação” entre os participantes, além de estimularem a conquista de
adeptos ou pessoas interessadas com o tema abordado em uma discussão
coletiva. Além
disso, soma-se
o conhecimento que
é partilhado e o
aprendizado que é fortalecido, visto que diferentes ideias ao serem conectadas
se tornam fortalecidas, alavancando a produção do conhecimento.
Em síntese, afirmamos que a acessibilidade precisa ser muito debatida,
inserida como prioridade na formação acadêmica do bibliotecário, na prática
desse profissional e nas agendas institucionais e governamentais. Somente,
assim, em união de esforços, que o século XXI será mais inclusivo. Como
desejou Santa Anna (2018, p. 21-22), ao comentar sobre a Biblioteconomia
Social
e suas possíveis e diversas manifestações, que esse seja um
compromisso prioritário dos bibliotecários, “[...] o que tende a demonstrar o
potencial da Biblioteconomia para a evolução da sociedade e a consolidação e
permanência constante dos princípios e valores humanos nas gerações
vindouras”.
REFERÊNCIAS
COSTA, Michelle Karina Assunção; DUARTE, Adriana Bogliolo Sirihal. A
(in)acessibilidade nas bibliotecas universitárias: a interação entre o
bibliotecário de referência e o usuário com deficiência. Revista Brasileira de
Biblioteconomia e Documentação, v. 13, n. 2, jul./dez. 2017. Disponível
em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/479/647. Acesso em: 15 dez.
2019.
DINIZ, Isabel Cristina dos Santos; ALMEIDA, Ana Margarida Pisco; FURTADO,
Ana Margarida Pisco. Bibliotecas universitárias inclusivas: acessibilidade e
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2018-2020
oportunidades para os usuários com necessidades educativas especiais. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO, 28., 2019, Vitória. Anais [...]. Vitória: FEBAB, 2019. p. 1-5.
Disponível em: https://portal.febab.org.br/anais/article/viewFile/1877/1878.
Acesso em: 15 dez. 2019.
LIMA, Alessandra Soraya Gino; VELOSO, Gildete Santos. O papel social da
biblioteca pública estadual de Minas Gerais: uma biblioteca para todos. In:
SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria
Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos
para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. p. 241-253.
MARIANO, Paula; BRANDÃO, Tatiana. “O essencial é invisível aos olhos”: Sala
Braille da Biblioteca Pública de Lagoa Santa-MG. In: SANTA ANNA, Jorge;
SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da
(Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para construção da
cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. p. 215-226.
MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de; ARAÚJO, Eliana Rodrigues. Núcleos de
Acessibilidade nas Universidades: reflexões a partir de uma experiência
institucional. Psicologia Escolar e Educacional, p. 57-66, 2018. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/pee/v22nspe/2175-3539-pee-22-spe-57.pdf.
Acesso em: 15 dez. 2019.
MIRANDA, Sulamita Nicolau de. Acessibilidade em bibliotecas: de Ranganathan
à Agenda 2030. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação,
São Paulo, v. 13, 2017. Disponível em:
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/846/902. Acesso em: 15 dez.
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SANTA ANNA, Jorge. Biblioteconomia e sociedade: resgatando o pensamento
de Jesse Shera. In: SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes
da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social:
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2018. p. 14-22.
SANTOS, Vinicius Alves dos. Realidade do usuário autista nas unidades de
informação: estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 28., 2019,
Vitória. Anais [...]. Vitória: FEBAB, 2019. p. 1-5. Disponível em:
https://portal.febab.org.br/anais/article/view/2200/2201. Acesso em: 15 dez.
2019.
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SOBRE OS AUTORES DESTA PRODUÇÃO TÉCNICA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro editorial
da Revista Pró-
Discente.
de
Administra
a
gestão
secretaria
e
assuntos administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
Maria Elizabeth de Oliveira da Costa: Bibliotecária
do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Doutoranda em
Gestão e Organização do Conhecimento, investigando
o papel das bibliotecas para melhoria da educação a
distância, no Brasil. Ocupa o cargo de presidenta da
atual diretoria da ABMG.
E-mail: mabethcosta@gmail.com.br
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ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
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The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
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Acessibilidade em bibliotecas: ações inclusivas
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Coverage
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Belo Horizonte (Minas Gerais)
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Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Acessibilidade em bibliotecas
Sociedade Inclusiva
Description
An account of the resource
Acessibilidade nas bibliotecas: conceitos, importância e perspectivas. Projetos de acessibilidade nas bibliotecas e nas instituições de ensino. A biblioteca como ambiente democrático e inclusivo. O papel da biblioteca na concretização de uma sociedade mais inclusiva
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Relatório de evento
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C
O
N
V
E
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D
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III Edição
PRESERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO DOCUMENTAL
NAS INSTITUIÇÕES
AVANÇOS E DESAFIOS
Com Mônica Elisque do Carmo
RELATÓRIO
EXPANDIDO
Jorge Santa Anna
Gestão de Secretaria - ABMG
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AVANÇOS E DESAFIOS
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© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
CONVERSANDO SOBRE – III EDIÇÃO
Tema da edição: Preservação do patrimônio documental nas instituições: avanços e desafios
Local do evento: sala 1000 da Escola de Ciência da Informação. Universidade Federal de
Minas Gerais. Campus Pampulha
Data de realização: 23 de abril de 2019
Horário: 18:30 as 21:30 h
Comissão organizadora do evento
Presidenta do evento: Mônica Elisque do Carmo
Coordenadores: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Monitora: Raíssa Yuri Hamanaka
Apoio: ECI e equipe ABMG
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
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SUMÁRIO
APRESENTANDO A III EDIÇÃO ............................................................... 3
PLANEJANDO A III EDIÇÃO ................................................................... 4
EXECUTANDO A III EDIÇÃO ................................................................... 6
AVALIANDO A III EDIÇÃO ....................................................................12
APÊNDICE A – FÔLDER DE DIVULGAÇÃO DO EVENTO .......................... ..13
APÊNDICE B – LISTA DE PRESENÇA COM ASSINATURAS ..................... ..14
APÊNDICE C – MODELO DE CERTIFICADO CONCEDIDO AOS PARTICIPANTES
– ANVERSO E VERSO .............................................................................15
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APRESENTANDO A III EDIÇÃO
O tema da III edição do Conversando Sobre foi proposto na edição anterior do
evento, ocorrida em 23 de abril de 2019, acerca da discussão apresentada
sobre os periódicos científicos pertencentes à área da Biblioteconomia/Ciência
da Informação, no Brasil. Naquela ocasião, a participante Mônica Elisque do
Carmo sugeriu discutir sobre os meandros da memória institucional como
patrimônio das organizações, com foco nas atividades de preservação dos
acervos bibliográficos e arquivísticos.
Sendo
assim,
passados,
praticamente,
dois
meses,
a
Associação
dos
Bibliotecários concretiza a III edição do Conversando Sobre, edição essa
abrilhantada pela palestra da citada bibliotecária, intitulada: Preservação do
patrimônio documental nas instituições: avanços e desafios. Em linhas gerais,
durante o evento, foram apresentados os projetos e ações interventivas
realizadas pela palestrante ao longo de sua trajetória profissional junto ao
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O evento ocorreu no dia 26 de junho de 2019, das 18:30 as 21:30 h, na Escola
de Ciência da Informação, e manifestou-se como abertura de um outro
projeto, mais abrangente, intitulado “Agenda 2030 em MG: o papel das
bibliotecas”. A proposta desse projeto é fortalecer a discussão, em instância
local, acerca da contribuição desempenhada pelas bibliotecas na garantia do
desenvolvimento sustentável das nações. O projeto envolve um ciclo de
palestras, cursos, oficinas, mesas redondas, dentre outros eventos, com
periodicidade não regular e com temas relacionados à contribuição das
bibliotecas para o benefício da sociedade, haja vista a construção de uma
sociedade mais democrática, cidadã, igualitária e, principalmente, inclusiva.
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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2018-2021
Portanto, a III edição do Conversando Sobre representou o momento solene
de abertura do citado projeto, sendo que as demais edições do evento serão
incorporadas à agenda de palestras do projeto. Acreditamos que essa iniciativa
foi bem-sucedida, visto que, discorrer sobre a conservação de materiais
informacionais, sobretudo em instituições de memória e cultura, é um tema
que interfere na realidade social, pois é essa memória que mantém viva a
herança história e cultural de uma nação. Logo, refletir sobre tal temática é
uma estratégia de garantir o desenvolvimento sustentável das nações,
principalmente, no que tange às possibilidades de transmitir para os cidadãos
o acesso ao conhecimento registrado nos acervos institucionais.
PLANEJANDO A III EDIÇÃO
O planejamento da III edição do Conversando Sobre iniciou em maio, a partir
de reuniões e contatos mantidos com a palestrante. Além do dia e horário para
concretização do evento, foram definidos a forma de condução (palestra
expositiva), os recursos a serem utilizados e, principalmente, as estratégias de
divulgação.
Como estratégia de divulgação, foi elaborado pela presidenta da associação,
cartaz de divulgação (apêndice A), a ser enviado por meio de diferentes canais
de comunicação, via eletrônica, com apoio de todos os membros e parceiros da
ABMG, além da contribuição, também, da própria palestrante. As mídias
utilizadas para essa divulgação foram: e-mails, grupos de WhatsApp, redes
sociais (Facebook) e em menor proporção, cartaz impresso. Ressalta-se que
esse último foi afixado na sala onde aconteceu o curso Organização de
Bibliotecas para Visitas do MEC, curso ocorrido no início do mês de junho, com
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participação de quase 30 alunos. Na ocasião desse curso, o secretário
aproveitou, também, para convidar, verbalmente, os participantes do curso.
Quanto ao local de realização do III Conversando Sobre, a sala 1000 da Escola
de Ciência da Informação (ECI), da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Campus Pampulha, como já é de praxe, serviu de acomodação. O
espaço foi solicitado pela presidenta da associação, junto à diretoria da ECI,
com quinze dias de antecedência.
Por fim, a fim de facilitar as atividades a serem realizadas, estabeleceu-se a
comissão organizadora do evento, formada oito dias de antecedência. O
quadro 1 apresenta a equipe organizadora, como também outros dados que
resumem a concepção do evento, como principais características e locais e
horários de concretização.
Quadro 1 – Concepção do evento
Características principais do evento
Nome do evento:
Conversando Sobre
Número da edição do evento:
Terceira
Temática:
Preservação da memória institucional
Preservação do patrimônio documental nas
Título:
instituições: avanços e desafios
Público-alvo principal:
Estudantes, pesquisadores e profissionais
interessados pelas temáticas da conversação
e preservação da memória organizacional,
dentre outros aspectos inerentes ao
desenvolvimento sustentável e o contributo
da Biblioteconomia/Ciência da Informação,
nesse contexto
Local e horário de realização
Local de ocorrência:
ECI/UFMG – Campus Pampulha
Dia e horário:
26 de junho de 2019. Das 18:30 às 21:30 h
Comissão organizadora
Presidenta:
Mônica Elisque do Carmo
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de
Coordenação:
Oliveira Costa
Monitoria:
Raíssa Yuri Hamanaka
Apoiadores:
ECI e equipe ABMG
Fonte: Dados do evento (2019).
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Conforme exposto no quadro 1, uma semana antes da realização do evento,
ele já estava concebido. Salienta-se a importância do planejamento nas ações
realizadas em qualquer organização, seja ela de natureza corporativa ou não.
É mediante as práticas de planejamento, que os resultados tornam-se mais
possíveis de serem executados e alcançados, com satisfação.
EXECUTANDO A III EDIÇÃO
O evento teve início às 18:45 h, com breve apresentação e saudações de boasvindas
realizadas
pela
presidenta
da
associação.
Nesse
momento,
foi
enfatizada a importância do Conversando Sobre, como uma oportunidade de
compartilhamento de experiências e percepções dos bibliotecários de Minas
Gerais. Também agradeceu a presença dos participantes, da palestrante e
finalizou estendendo a palavra ao secretário da associação, a fim de
apresentar, brevemente, o tema da presente edição e o currículo da
bibliotecária ministrante.
Assim
como
proferido
pela
presidenta,
o
secretário
cumprimentou
os
presentes, enfatizando a satisfação da ABMG ao perceber que o evento estava
crescendo aos poucos, chegando em sua III edição em um período,
aproximado, de seis meses. Mencionou o tema da terceira edição e relacionouo ao desenvolvimento sustentável, conforme proposta prevista pela Agenda
2030 da Organização das Nações Unidades (ONU), destacando a importância
de as bibliotecas realizarem práticas que possibilitem a inclusão social e, por
conseguinte, o avanço econômico, cultural e social em todas as instâncias e
contextos da sociedade.
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Acerca da Agenda 2030, a Federação Internacional
Instituições
Bibliotecárias
(IFLA)
vem
estimulando
de Associações e
as
organizações
a
valorizarem a prática bibliotecária, sobretudo ao reconhecer o potencial da
profissão para a transformação das pessoas e da sociedade. Condizente com
essa proposta, no contexto brasileiro, a Federação Brasileira de Associações de
Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) tem estimulado
as bibliotecas, instituições de informação e cultura, escolas e centros de
formação, órgãos de classe, dentre outros agentes voltados à defesa da
profissão, em realizar ações práticas que estimulem o alcance dos objetivos
necessários ao desenvolvimento sustentável.
Ao contextualizar esse discurso sobre a Agenda 2030, o secretário declara que
a III edição do Conversando Sobre representava a abertura do Projeto Agenda
2030 em Minas Gerais: o papel das bibliotecas. Informa que o Agenda 2030 é
um
projeto
de
cunho
social,
voltado,
especificamente,
para
a
classe
bibliotecária de Minas Gerais, manifestando-se como uma possibilidade de dar
vez e voz para todos os que acreditam na Biblioteconomia. Com efeito, é um
projeto sustentado pela colaboração; logo, pertence a toda classe, cujos
profissionais poderão participar dos momentos de reflexão e práticas, seja
como facilitadores, organizadores, monitores e/ou participantes, em geral.
O secretário esclarece que o Agenda 2030 tem a intenção de ser executado no
ano de 2019, mas que, poderá ser estendido a 2020, caso os eventos se
fortaleçam ao longo dos próximos meses. Salientou que as edições do
Conversando Sobre – realizadas bimestralmente - seriam vinculadas a esse
projeto, com os seguintes temas previstos para ocorrer ao longo dos próximos
meses: Clube de Leituras, Ações de Marketing em Bibliotecas, Inovações no
contexto da Biblioteca Escolar e Serviço de Referência. Mencionou que todos os
bibliotecários estão convidados a enviarem propostas de palestras, cursos,
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oficinas, dentre outros eventos, que poderão ser inseridos no Agenda 2030 e
nas edições futuras do Conversando Sobre.
Após apresentar o tema da III edição e o contexto do Agenda 2030, o
secretário profere o currículo acadêmico e profissional da palestrante, a qual
foi convidada a conduzir o evento. Em um primeiro momento, após breve
apresentação e agradecimentos pelo convite, a bibliotecária esclarece os
assuntos contemplados em sua palestra, enfatizando o local em que atua
profissionalmente,
o
IPHAN.
O
quadro
2
apresenta
breve
conteúdo
programático abordado pela palestrante.
Quadro 2 – Síntese do conteúdo programático abordado
Tópico abordado
Descrição
Legislação
pertinente
à
proteção
do - Principais leis federais e estaduais que
patrimônio documental
versam sobre a preservação documental,
sobretudo em instituições de memória;
- O papel das instituições de cultura e
memória em face das adequações a essas
leis;
- O contexto de criação e objetivos
principais do IPHAN.
Conservação dos documentos arquivísticos e
bibliográficos
Estratégias contra a deteriorização de
coleções em arquivos, bibliotecas e museus
- A importância da prática da conservação;
- Os impactos causados quando da falta das
ações e projetos de conversação;
- Características e formas de organização de
documentos arquivísticos e bibliográficos.
- Ações práticas realizadas em acervos do
IPHAN;
- Demonstração dos efeitos promovidos com
as ações de conversação;
- Os projetos desenvolvidos no IPHAN para
conservação de seus acervos;
- O papel do bibliotecário nesse processo;
- Atitudes inovadoras e proativas do
profissional.
Fonte: Dados do evento (2019).
De acordo com o que consta no quadro 2, os primeiros assuntos discorridos
foram aspectos relacionados à legislação sobre guarda e preservação dos
acervos de memória, especificamente, leis que dispõem sobre a organização e
preservação
dos
materiais
informacionais
e
dos
bens
culturais
que
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representam a historicidade e memória de um povo. A figura 1 apresenta o
início das discussões.
Figura 1 – Início da apresentação da palestra
Fonte: Dados do evento (2019).
Após explanação das leis, foram apresentadas reflexões a respeito da
conservação dos documentos arquivísticos e bibliográficos, e as estratégias
que podem ser realizadas pelo bibliotecário para a conservação desse material,
atendendo, portanto, as exigências legais.
Importante mencionar que a palestra teve uma concepção mais empírica do
que epistemológica, cuja ministrante teve a oportunidade de expor aos
participantes os desafios, conquistas e estratégias inovadoras que permeiam o
seu fazer profissional na instituição onde atua. Em vários momentos do
discurso
proferido,
foi
enfatizada
a importância
e
necessidade
de
os
profissionais deixarem a “zona de conforto”, de modo a tornarem-se
profissionais inovadores, com espírito crítico que provoque a mudança no
contexto em que atuam. O discurso foi permeado por diversos comentários,
tanto de profissionais quanto de estudantes, os quais se mostraram adeptos
dessa necessidade, mudança essa que começa, a princípio, na formação
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profissional e precisa ser levada com intensidade e engajamento para o
mercado de trabalho.
A experiência relatada na palestra explorou as atividades de planejamento
acerca
da
organização
de
acervos
bibliográficos
e
arquivísticos,
especificamente quando se encontram em situação de deteriorização. Além do
tratamento técnico aos documentos, apresentaram-se as ações de elaboração
de projetos, as quais são consideradas como estratégias mais adequadas para
garantir a excelência do trabalho realizado, com otimização de recursos para o
instituto. A figura 2 apresenta dois momentos importantes de exposição dos
projetos realizados pela palestrante.
Figura 2 – Desenvolvimento da palestra, com apresentação dos projetos de intervenção
realizados pela palestrante
Fonte: Dados do evento (2019).
Após apresentar as atividades realizadas e os resultados alcançados, sobretudo
com a apresentação de fotos, a palestrante discorreu sobre os benefícios que o
instituto alcançou com a organização de seu centro de documentação.
Reforçou
que,
atualmente,
o
centro
está
devidamente
organizado,
manifestando-se como um local de acolhimento, tanto para os profissionais da
instituição, quanto para visitantes e pesquisadores que desejam acessar as
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fontes de pesquisa, resgatando, dessa forma, a memória institucional e, ao
mesmo tempo, memória do país.
Por volta das 21:00 h, já em fase de encerramento, a bibliotecária reforça que
sua experiência profissional, como é de praxe, em qualquer profissão e
contexto de atuação, perpassou por obstáculos, conquistas e aprendizado. É,
evidentemente, o esforço profissional, a busca por inovação, a capacidade em
perder o medo para enfrentar desafios e o apoio da instituição que farão toda a
diferença no sucesso dos resultados a serem atingidos.
Portanto, o evento foi encerrado com o discurso da presidenta da associação, a
qual agradeceu a presença da bibliotecária, mencionando que sua presença
sempre será muito bem-vinda nos projetos que a ABMG realiza. Como forma
de agradecimento, a monitora do evento fez a entrega solene do certificado à
palestrante, a qual foi procedida de calorosos aplausos.
Importante destacar, também, as atividades de monitoria realizadas ao longo
do evento. Dessa vez, essas atividades ficaram a cargo de uma aluna de PósGraduação
da
ECI,
que
concretizou
as
seguintes
práticas:
preparação/organização da sala antes e depois do evento; apoio aos
coordenadores e à palestrante; recepção aos participantes; coleta das
assinaturas deles, na lista de presença etc. A análise à lista de presença com
assinaturas possibilitou identificar a presença de 15 pessoas (apêndice B), com
os registros dos respectivos e-mails de cada participante. Na semana seguinte
ao evento, mensagem de agradecimento foi enviada para esses e-mails,
seguido do certificado eletrônico de cada participante. O modelo de certificado
enviado aos participantes consta no apêndice C.
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AVALIANDO A III EDIÇÃO
Com a finalização da palestra, após as 21:30 h, o secretário da associação
reuniu-se com a palestrante, a fim de receber o retorno da avaliação dela
sobre o evento. Constatou-se a satisfação da palestrante, a qual considerou
que suas expectativas foram atingidas, sobretudo pela receptividade que
recebeu do público.
Nessa discussão, foram refletidas a importância de dar continuidade aos
projetos sociais, sobretudo com temas que demonstrem o potencial da
Biblioteconomia para a sociedade. Na opinião da palestrante, também
comungada pelo secretário, a III edição trouxe como maior contribuição o
resgate do papel interventivo do profissional, não podendo ser ele um sujeito
limitado, mas inovador, crítico e dinâmico. Ademais, outro diferencial desta
edição foi a interação dos participantes e a diversidade no perfil deles,
congregando profissionais, pesquisadores e estudantes.
Outra vantagem que precisa ser mencionada é o contributo para as
organizações, visto que a memória não é algo relacionado à obsolescência; ao
contrário, a memória institucional traz o registro de uma história, de um
percurso trilhado por diferentes personalidades e que refletirá na construção
das futuras gerações. Além disso, a memória organizacional é um dos trunfos
que a instituição possui, haja vista fundamentar a tomada de decisões.
Por fim, como indicação de melhorias para as próximas edições, a palestrante em conjunto com o secretário - pontuou a importância de divulgar mais os
eventos, haja vista ampliar o número de participantes. Por volta das 22:00 h,
a reunião foi encerrada, por conseguinte, a III edição do Conversando Sobre,
como nas edições anteriores, cumpriu com a sua missão.
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APÊNDICE A – FÔLDER DE DIVULGAÇÃO DO EVENTO
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APÊNDICE B – LISTA DE PRESENÇA COM ASSINATURAS
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APÊNDICE C – MODELO DE CERTIFICADO CONCEDIDO AOS
PARTICIPANTES –ANVERSO E VERSO
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Preservação do patrimônio documental nas instituições: Avanços e desafios
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Preservação
Memória institucional
Description
An account of the resource
A Associação dos Bibliotecários concretiza a III edição do Conversando Sobre, edição essa abrilhantada pela palestra da citada bibliotecária, intitulada: Preservação do patrimônio documental nas instituições: avanços e desafios. Em linhas gerais, durante o evento, foram apresentados os projetos e ações interventivas realizadas pela palestrante ao longo de sua trajetória profissional junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4589/CursoPreparatorioConcursoMaterialDidatico.pdf
27b37454403e6a3f85b4c293f1173331
PDF Text
Text
0
Associação dos Bibliotecários
de Minas Gerais - ABMG
CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSO
PÚBLICO UFMG 2018
CARGO BIBLIOTECÁRIO
BELO HORIZONTE / BRASIL
1
�1
© 2018 Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
2018 Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais - ABMG
ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa
PROFESSORES COLABORADORES: Elisângela Cristina Aganette, Flávia Ferreira Abreu, Graciane Bruzinga Borges, Jorge
Santa Anna, Maria Elizabeth de Oliveira Costa e Mayara Silva Gonçalves.
DEMAIS PROFESSORES MINISTRANTES DAS AULAS: Filipi Soares, Janete Fernandes, Maria de Fátima Pinto Coelho,
Maria Helena Santos e Vilma Carvalho de Souza
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA E REVISÃO TEXTUAL: Jorge Santa Anna
MONTAGEM DA CAPA: Graciane Bruzinga Borges
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Presidente: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Vice: Cleide Fernandes
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Silva Bruzinga Borges, Jorge Santa Anna,
Maria Cleia Borges e Taciane Gomes Rodrigues
Gestão 2018/2020
ABMG
Dados Internacionais de da Catalogação na Publicação – CIP
C977
Curso Preparatório para Concurso Público na área de Biblioteconomia : Material didático
instrumental / Jorge Santa Anna, Maria Elizabeth de Oliveira Costa (Org.). Belo Horizonte: ABMG,
2018.
165 f.
Inclui Referências
ISBN 978-85-85259-00-6
1. Bibliotecas Universitárias. 2. Gestão de Bibliotecas. 3. Concurso Público Bibliotecário. I.
Costa, Maria Elizabeth de Oliveira. II. Santa Anna, Jorge. III. Título.
CDD : 020
�2
JORGE SANTA ANNA
MARIA ELIZABETH DE OLIVEIRA COSTA (ORG.)
CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSO
PÚBLICO NA ÁREA DE BIBLIOTECONOMIA:
MATERIAL DIDÁTICO E INSTRUMENTAL
Belo Horizonte
ABMG
2018
�3
APRESENTAÇÃO DA OBRA
Esta obra caracteriza-se como a compilação das onze aulas realizadas ao longo do Curso
“Preparatório para Concurso Público da UFMG – Cargo Bibliotecário”, curso promovido pela Associação
dos Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), no primeiro semestre do ano de 2018. Por contemplar
assuntos variados direcionados à prática pedagógica, visando ao ensino-aprendizagem para fins de
aprovação em um certame, o presente trabalho manifesta-se como um material didático/instrumental, o
qual poderá servir de base na organização de estudos futuros dos bibliotecários que desejam ingressar-se
na carreira dos concursos públicos.
Nosso sentimento é de extrema gratidão, e, ao mesmo tempo, dever cumprido, haja vista o
sucesso alcançado com o curso, o qual obteve um total de 30 alunos participantes, distribuídos em duas
turmas, e a colaboração de 11 docentes e bibliotecários especializados e conhecedores dos assuntos
contemplados nas aulas. Assim, ao mesmo tempo em que a ABMG fortalece-se na oferta de cursos a
profissionais, também cumpre o seu papel social, nesse momento, quando tornamos o material didáticoinstrumental de domínio público, de modo que possa auxiliar profissionais, estudantes e/ou
pesquisadores em outros contextos e circunstâncias.
A decisão da ABMG em publicitar este material reforça o compromisso social/profissional da
associação em prol do fortalecimento da classe bibliotecária, no intuito de que a área dos concursos
públicos possa ser ocupada pelos bibliotecários que optarem por esse segmento de atuação no mercado
de trabalho. Mesmo cientes de que este material não contemplará, na totalidade, os conteúdos
abordados nos concursos de outras instituições, percebemos que muitas bibliografias aqui resumidas
estão consagradas como clássicas, visto que têm sido adotadas pelas principais bancas examinadoras, nos
mais diferenciados concursos realizados no Brasil, na área de Biblioteconomia/Ciência da Informação.
Portanto, essa constatação fortalece a nossa percepção a respeito da utilidade e do valor que esta
obra poderá assumir para os bibliotecários concurseiros e para estudantes interessados nos temas aqui
abordados. Esperamos que o uso da obra - embora direcionada à preparação para concursos públicos não seja limitado a esse fim, unicamente, mas que possa servir como material de consulta, de apoio, de
orientação, dentre outras finalidades, junto ao diferentes públicos, seja em contextos acadêmicos e/ou
profissionais.
Considerando o contexto em que foi gerado, o presente trabalho está focado nos estudos para
concursos públicos, sem, contudo, perder sua contribuição em outras ocasições. Com vista a atender os
objetivos estabelecidos no plano do Curso “Preparatório para Concurso Público da UFMG – Cargo
Bibliotecário”, conforme consta no apêndice A, tanto as aulas, quanto o material aqui apresentado, estão
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em consonância com os conteúdos programáticos e a bibliografia do concurso da UFMG, de 2018, como
demonstrado no anexo A.
No entanto, salientamos que nossa intenção, ao elaborar essa coletânea de aulas, não se
restringe, tão somente, ao aspecto tecnicista que permeia os estudos para concursos públicos. Também
nos instiga o desejo de que, a partir da sistematização dos conteúdos aqui refletidos e das estratégias de
ensino-aprendizagem, novas provocações possam ser despertadas acerca de se melhorar continuamente
a prática pedagógica, com base na interação entre alunos e professor e do papel do docente na mediação
do conhecimento socializado e no despertar da motivação provocada nos alunos.
No que se refere à organização dos conteúdos abordados nas aulas e, agora sumarizados neste
trabalho, reforçamos que, embora a intenção fosse atender, ao máximo, o crivo da padronização,
optamos por respeitar a forma de organização, o estilo de escrita, dentre outras especificidades adotadas
por cada professor, na condução de suas aulas. Assim, ajustes de normalização e diagramação textual
foram realizados, na medida do possível, respeitando-se, essencialmente, o estilo adotado pelo docente.
Nesse contexto, são apresentados, ao longo dos capítulos (dez aulas diluídas em quatro módulos e
uma aula final de revisão geral dos módulos), assuntos que permeiam o fazer bibliotecário na
universidade, desde aspectos de gestão, perpassando pelas práticas de formação e tratamento das
coleções, até estudos de uso e usuários da informação. Ademais, à medida que os assuntos vão sendo
discorridos, com base nas bibliografias do concurso, são apresentadas diversas questões objetivas, as
quais já foram contempladas em outros concursos no país, de modo a treinar/preparar o aluno para o
modelo provável de questão a ser cobrada nos certames.
Não poderíamos deixar de agradecer os diversos personagens envolvidos na organização e no
apoio do “Preparatório para Concurso Público da UFMG – Cargo Bibliotecário”, especialmente os
membros da atual Diretoria da ABMG (gestão 2018/2021). Também agradecemos os professores e
bibliotecários que conduziram as aulas, e, principalmente, aos seis professores que contribuíram na
elaboração deste material didático.
Por fim, nosso desejo é que este material possa atender as necessidades específicas de
diferenciados públicos, contribuindo, de alguma forma, para a evolução do bibliotecário e o alcance dos
objetivos que esse profissional almeja. Desejamos boas leituras e uso efetivo deste material e nos
colocamos à disposição para quaisquer críticas e considerações, no intuito de viabilizar a melhoria dos
próximos cursos e treinamentos que a ABMG pretende oferecer no futuro.
Nossos agradecimentos e até os próximos cursos!
Belo Horizonte, 04 de julho de 2018.
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa (organizadores)
�5
Para início de conversa... Algumas reflexões!
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SUMÁRIO
MÓDULO I - A BIBLIOTECA NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE ......................................... 11
AULA I: A BIBLIOTECA E A UNIVERSIDADE ................................................................................................... 12
1 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: FUNÇÕES, OBJETIVOS, ESTRUTURA E RECURSOS ..................................... 12
1.1 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: FUNÇÕES ................................................................................................... 13
1.2 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: OBJETIVOS ................................................................................................ 14
1.3 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: ESTRUTURA E RECURSOS .......................................................................... 15
1.4 GESTÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ................................................................................................ 15
1.5 PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO ..................................................................................... 15
1.6 PLANEJAMENTO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ................................................................................... 16
1.7 ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ..................................................................................... 17
1.8 AVALIAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ........................................................................................... 17
1.9 DIREÇÃO E CONTROLE DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ......................................................................... 18
1.10 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................ 18
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 20
MÓDULO II - O ACERVO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ................................................. 21
AULA II: FORMAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E PRESERVAÇÃO DE COLEÇÕES .............................. 22
2 FORMAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E PRESERVAÇÃO DE COLEÇÕES.......................................... 23
2.1 A PERSPECTIVA SISTÊMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES – MODELO DE EVANS............ 23
2.2 POLÍTICAS, ROTINAS E PROCESSOS ......................................................................................................... 25
2.2.1 Política de Desenvolvimento de Coleções .......................................................................................... 25
2.3 AVALIAÇÃO DE COLEÇÕES ....................................................................................................................... 25
2.4 CONSERVAÇÃO, PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE COLEÇÕES ........................................................... 25
2.5 SELEÇÃO DE COLEÇÕES............................................................................................................................ 26
2.6 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 30
AULA III: FONTES DE INFORMAÇÃO E BIBLIOTECAS DIGITAIS .................................................................... 31
3 FONTES DE INFORMAÇÃO ......................................................................................................................... 32
3.1 A CIÊNCIA, O SISTEMA DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A LITERATURA CIENTÍFICA ............................ 32
3.1.1 Tipologias de fontes de informação .................................................................................................... 32
�7
3.2 ORGANIZAÇÕES COMO FONTES DE INFORMAÇÃO................................................................................. 33
3.3 PESQUISA EM ANDAMENTO .................................................................................................................... 33
3.4 ENCONTROS CIENTÍFICOS ........................................................................................................................ 34
3.5 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS ........................................................................................................................ 35
3.6 LITERATUZA CINZENTA ............................................................................................................................ 36
3.7 RELATÓRIOS TÉCNICOS ............................................................................................................................ 36
3.8 PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS .......................................................................................................... 36
3.9 TESES E DISSERTAÇÕES ............................................................................................................................ 37
3.10 OBRAS DE REFERÊNCIA .......................................................................................................................... 37
3.11 NORMAS TÉCNICAS................................................................................................................................ 37
3.12 PATENTES ............................................................................................................................................... 37
3.13 ÍNDICES DE CITAÇÃO .............................................................................................................................. 37
3.14 A INTERNET ............................................................................................................................................ 37
3.15 BIBLIOTECAS DIGITAIS ........................................................................................................................... 38
3.15.1 Conceitos e características ................................................................................................................ 38
3.15.2 Dimensões da BD ............................................................................................................................... 38
3.15.3 Bibliotecas digitais e web semântica ................................................................................................ 39
3.15.4 Gestão de coleções na biblioteca digital ........................................................................................... 40
3.16 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO – BIBLIOTECAS DIGITAIS ................................................................................ 42
3.17 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO – FONTES DE INFORMAÇÃO .......................................................................... 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 45
AULA IV: O PERIÓDICO CIENTÍFICO, OPEN ARCHIVES E RECURSOS INFORMACIONAIS ............................. 46
4 O PERIÓDICO CIENTÍFICO ........................................................................................................................... 47
4.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ................................................................................................................. 47
4.2 OPEN ARCHIVES ....................................................................................................................................... 48
4.3 OS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS ......................................................................................................... 49
4.4 RECURSOS INFORMACIONAIS: REPOSITÓRIOS DIGITAIS ......................................................................... 49
4.5 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 53
MÓDULO III - ORGANIZAÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO EM SUPORTES
VARIADOS.......................................................................................................................... 54
AULA V: SOFTWARE PARA GERENCIAMENTO DE BIBLIOTECAS – SISTEMA PERGAMUM ......................... 55
�8
5 SOFTWARE PARA GERENCIAMENTO DE BIBLIOTECAS: SISTEMA PERGAMUM ....................................... 56
5.1 QUESTÕES CONTEXTUAIS ........................................................................................................................ 56
5.2 PERGAMUM: GÊNESE E DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 56
5.3 COMPOSIÇÃO/ESTRUTURA DO PERGAMUM .......................................................................................... 57
5.4 FORMAÇÃO DA REDE PERGAMUM: A CATALOGAÇÃO COOPERATIVA EM EVIDÊNCIA .......................... 57
5.6 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................... 58
5.7 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................... 59
5.8 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 62
AULA VI: REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO – SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO CDD E CDU ... 63
6 REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO ....................................................................................... 63
6.1 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................. 64
6.1.1 Sistema de classificações bibliográficas .............................................................................................. 65
6.1.2 Classificação Decimal de Dewey - CDD ............................................................................................... 66
6.2 CONSIDERAÇÕES ...................................................................................................................................... 68
6.3 A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL - CDU........................................................................................ 68
6.4 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................... 70
6.5 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................... 71
6.6 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 74
AULA VII: REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO - INDEXAÇÃO .................................................. 75
7 ANÁLISE DE ASSUNTO ................................................................................................................................ 76
7.1 INDEXAÇÃO: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E LINGUAGENS................................................................. 76
7.2 INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA ...................................................................................................................... 79
7.3 O PROCESSO DE TRATAMENTO TEMÁTICO ............................................................................................. 83
7.4 A LEITURA DO TEXTO PELO INDEXADOR ................................................................................................. 84
7.5 EXTRAÇÃO DE CONCEITOS ....................................................................................................................... 85
7.6 DETERMINAÇÃO DA ATINÊNCIA .............................................................................................................. 85
7.7 LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS.............................................................................................................. 86
7.7.1 Classificação das linguagens documentárias ...................................................................................... 89
7.7.2 Sistema Nocional ................................................................................................................................. 90
7.7.3 Relações Linguísticas e Documentação ............................................................................................... 91
7.8 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO ......................................................................................................................... 93
�9
7.9 ELEMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ................................................................................. 93
7.10 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO ......................................................................................................... 97
7.11 WEB E INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA ......................................................................................................... 97
7.12 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................ 99
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 101
AULA VIII: REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA DA INFORMAÇÃO - CATALOGAÇÃO ....................................... 102
8 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: REFLEXÕES INICIAIS .............................................................................. 103
8.1 CATALOGAÇÃO: HISTORICIDADE ........................................................................................................... 103
8.2 O NASCIMENTO DA CATALOGAÇÃO COOPERATIVA ............................................................................. 104
8.3 A AUTOMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS: A CONVERSÃO RETROSPECTIVA ............................................ 105
8.4 VAMOS EXERCITAR? .............................................................................................................................. 106
8.5 CATALOGAÇÃO DE DIFERENTES MATERAIS: AACR2 .............................................................................. 108
8.5.1 Estrutura do Código de Catalogação Anglo-Americano e formas de descrição .............................. 108
8.6 VAMOS EXERCITAR? .............................................................................................................................. 109
8.7 METADADOS NO ÂMAGO DA CATALOGAÇÃO ...................................................................................... 110
8.8 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (FRBR) .................................................. 111
8.9 MACHINE READABLE CATALOGUING – CATALOGAÇÃO LEGÍVEL POR COMPUTADOR (MARC) ........... 112
8.10 RESOURCE DESCRIPTION AND ACCES (RDA) ....................................................................................... 114
8.11 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?............................................................................................................... 114
8.12 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ...................................................................................................................... 115
MÓDULO IV - ESTUDOS DE USUÁRIOS E USO DA INFORMAÇÃO .................................... 118
AULA IX: COMPETÊNCIA INFORMACIONAL, COMUT E NORMAS BIBLIOGRÁFICAS ................................. 119
9 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL ............................................................................................................ 120
9.1 PROGRAMA DE COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA – COMUT ..................................................................... 122
9.2 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................. 123
9.3 NORMAS DE TRABALHOS E PUBLICAÇÕES ............................................................................................ 125
9.3.1 NBR 14724 .......................................................................................................................................... 125
9.3.2 NBR 10520 .......................................................................................................................................... 125
9.3.3 NBR 6023 ............................................................................................................................................ 125
9.4 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?................................................................................................................. 126
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 127
�10
AULA X: USUÁRIOS, PRODUTOS, SERVIÇOS, NECESSIDADES E USOS ....................................................... 128
10 DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO ........................................................................................................ 129
10.1 O PAPEL DO PROFISSIONAL NA DISSEMINAÇÃO ................................................................................. 129
10.2 SERVIÇO DE REFERÊNCIA ..................................................................................................................... 130
10.3 SERVIÇO DE REFERÊNCIA PRESENCIAL ................................................................................................ 131
10.4 SERVIÇO DE REFERÊNCIA VIRTUAL ...................................................................................................... 131
10.5 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?............................................................................................................... 132
10.6 USUÁRIOS: NECESSIDADES E ESTUDOS ............................................................................................... 133
10.7 MODALIDADES DE SERVIÇOS DE REFERÊNCIA .................................................................................... 134
10.8 A QUESTÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS ........................................................................................... 134
10.9 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?............................................................................................................... 136
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................... 138
ENCERRAMENTO ............................................................................................................. 139
AULA XI: REVISÃO FINAL DO CURSO .......................................................................................................... 139
11.1 A BIBLIOTECA E A UNIVERSIDADE – AULA I ......................................................................................... 139
11.2 O ACERVO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA – AULA II ......................................................................... 141
11.3 FONTES DE INFORMAÇÃO – AULA III................................................................................................... 142
11.4 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS, OPEN ARCHIVES E REPOSITÓRIOS – AULA IV............................................ 145
11.5 SISTEMA PERGAMUM – AULA V .......................................................................................................... 146
11.6 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO: CDD E CDU – AULA VI ......................................................................... 147
11.7 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: AACR2 – AULA VII .............................................................................. 148
11.8 REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA – AULA VIII ............................................................................................ 151
11.9 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL, COMUT E NBRs – AULA IX ............................................................ 152
11.10 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO – AULA X ............................................................................................. 154
ANEXO A – BIBLIOGRAFIA DO CONCURSO................................................................................................. 156
APÊNDICE A – PLANO GERAL DO CURSO ................................................................................................... 160
APÊNDICE B – EQUIPE PARTICIPANTE NA ELABORAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO ................................. 164
�11
MÓDULO I
A BIBLIOTECA NO CONTEXTO
DA UNIVERSIDADE
AULA I: A biblioteca e a universidade
�12
AULA I: A biblioteca e a universidade
Docente responsável: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Bibliotecária da Escola Ciência da Informação da UFMG. Presidente da ABMG, gestão 2018/2021.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento. Tem
experiência na área de Biblioteca Universitária e Educação a Distância, tendo ocupado cargo de gestão do
Sistema de Bibliotecas da UFMG, por duas vezes.
CONTEÚDOS DA AULA
1 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: FUNÇÕES, OBJETIVOS, ESTRUTURA E RECURSOS
As bibliotecas são como organizações, as quais convergem um conjunto de elementos que
interligados produzem trabalho (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
�13
No caso das bibliotecas universitárias (BUs), elas manifestam-se como dependentes da sociedade
e de instituições a que estão vinculadas, devendo acompanhar as mudanças relativas ao campo do
conhecimento e da educação (LEITÃO, 2005).
As BUs são empresas e, como tal, constituídas por um conjunto de funções responsáveis, que vão
desde a localização, organização até a recuperação da informação para os usuários que delas necessitam
(VERGUEIRO; MIRANDA, 2007).
A sua estrutura organizacional está formada por departamentos denominados de divisões e
seções. A cada departamento cabe a responsabilidade pelo desenvolvimento de algum produto e/ou
serviço, formando uma cadeia até a sua execução final (VERGUEIRO; MIRANDA, 2007).
A tríade das Bus
A BU do futuro
Fonte: adaptado de Cunha (2000).
As mudanças ocorridas na sociedade atual promoveram a redefinição dos produtos e serviços
prestados pela BU. A oferta diversificada de materiais, em diferentes formatos e suporte, despertou o
nascimento de uma unidade com novas concepções e estruturas, consolidando um processo evolutivo
das bibliotecas, desde a era tradicional, até o nascimento da biblioteca digital e virtual, conforme figura 2.
Fonte: Cunha (2000).
Segundo Cunha (2000), manifestam-se novos cenários para as BUs: do professor ao aprendiz. Isso
provoca implicações variadas no contexto das Bus, tais como: a redistribuição do pessoal da biblioteca,
com um maior quantitativo voltado para o atendimento ao usuário, na terceirização de serviços e na
oferta cada vez maior de serviços educacionais a distância.
O autor citado menciona quatro principais mudanças nas bibliotecas, com a chegada das
tecnologias digitais e com os impasses do mercado globalizado. Dentre elas, citam-se: 1 - mudanças
estruturais (ênfase no atendimento, terceirização dos outros serviços); 2 - no financiamento (consórcios
visando à redução de custos); 3 - nos serviços (balcão de referência eletrônico, suporte a programas de
ensino à distância, agentes inteligentes); 4 - quanto aos públicos (o atendimento à demanda reprimida
por ensino superior implicará diversidade de clientela).
1.1 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: FUNÇÕES
�14
De acordo com Maciel e Mendonça (2006), as bibliotecas são consideradas organizações. Isso
porque, de modo geral, semelhantes às demais organizações inseridas nos mais diversos ramos do
mercado, elas convergem um conjunto de elementos que interligados produzem trabalho.
A divisão das atividades tem sido uma realidade constante, principalmente em grandes
bibliotecas, que demandem um fluxo mais intenso de materiais informacionais, o que requer a divisão
organizacional. Segundo Maciel e Mendonça (2006), as atividades básicas dos bibliotecários contemplam
quatro grandes funções que são: função de desenvolvimento da coleção, função organização das
coleções, função dinamização das coleções e funções gerenciais (figura 3).
Segundo descrito por Maciele e Mendonça (2006), a primeira função corresponde à “porta de
entrada” da biblioteca, ou seja, a função Formação e Desenvolvimento da Coleção (FDC) contempla os
procedimentos administrativos de aquisição de materiais que incorporarão o acervo, contatos com
fornecedores, pagamentos e conferências de notas fiscais e demais documentos gerados nas transações.
A segunda função representa o setor onde se realizam as atividades de processamento técnico, ou
seja, após ser adquirido, o material é catalogado, indexado e classificado, conforme regras de
representação existente na biblioteca. Após isso, o livro pode ser inserido na estante, passando a fazer
parte do sistema.
A terceira função compreende os serviços de referências, ou seja, o atendimento ao usuário,
objetivando encontrar uma obra no acervo. É nessa seção que a biblioteca realiza as atividades de
controle do acervo e a assistência prestada ao usuário, seja no manuseio do sistema, do acervo ou da
disponibilização de materiais para empréstimo.
A quarta função diz respeito às atividades de monitoramento, ou seja, contempla a atividade de
administrar todas as demais seções, realizando ajustes necessários e intervindo nas atividades e nos
colaboradores no sentido de conduzi-los com o intuito de atingir a essência nas atividades realizadas.
Importante entender, segundo Maciel e Mendonça (2006), que essas funções são
complementares, ou seja, uma depende da outra, não podendo se desenvolverem de forma isolada. À
medida que os materiais chegam à unidade, inicia-se um constante e contínuo fluxo ou processo de
trabalho que permite a preparação do item a fim de que seja incorporado ao acervo a fim de poder ser
recuperado no momento da busca.
1.2 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: OBJETIVOS
Os objetivos das bibliotecas, de um modo geral, visam a contribuir para a disseminação da
informação, transmissão de conhecimento, e ser o centro cultural de uma determinada comunidade
�15
(MACIEL; MENDONÇA, 2006). Ainda, segundo essas autoras, o objetivo da biblioteca varia conforme sua
comunidade de usuários e seus propósitos.
1.3 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: ESTRUTURA E RECURSOS
As bibliotecas universitárias são contempladas por recursos materiais, recursos financeiros e
recursos humanos. Esses recursos viabilizam a manutenção e ampliação da infraestrutura, que, através da
gestão dos recursos e com infraestrutura adequada será obtida a qualidade dos serviços prestados pela
comunidade usuária. Por fim, a BU realiza avaliação de desempenho, de modo a monitorar e melhorar
continuamente os produtos e serviços que oferece à comunidade acadêmica (LEITÃO, 2005).
Os desafios por que passam as BUs, na Sociedade do Conhecimento, fazem com que essas
unidades assumam novas competências. Assim, as BUs deixam de ser apenas repositório de informações
e passam a trabalhar com políticas que focam a satisfação do usuário e a contribuição das suas ações na
melhoria dos processos e dos resultados de formação dos alunos. Portanto, constituem-se em setores
estratégicos engajados na dinâmica institucional que precisam submeter-se aos processos avaliativos com
fins de melhoria contínua e de assegurar a qualidade dos seus serviços (LUBISCO, 2011).
1.4 GESTÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
A gestão da BU em tempos de mudança precisa considerar diferentes aspectos, que são: 1 - a
responsabilidade dos envolvidos com suas funções; 2 - o trabalho em equipe; 3 – a gestão adequada de
recursos financeiros e humanos; 4 – a integração entre todos os envolvidos: alunos, funcionários e
comunidade; 5 – a administração do tempo e da inovação (LEITÃO, 2005).
A relação entre biblioteca e universidade precisa considerar os seguintes aspectos, a saber: 1 –
armazenamento de documentos que apoiam, historiam e estimulam o saber; 2 - acompanhamento dos
rumos tomados pelo conhecimento; 3 - estreitamento dos laços com seus usuários; 4 - gestão de toda
espécie de recursos que essas atividades envolvem (LEITÃO, 2005).
De igual forma, as unidades documentárias, como em qualquer empresa, devem ser geridas tendo
como foco:
1 - o atendimento das necessidades de seus usuários;
2 - na identificação de requisitos de qualidade do produto ou serviço;
3 - no estabelecimento de um planejamento para que esse padrão seja atingido;
4 – na busca pela melhoria contínua, em todos os seus aspectos, visando à satisfação dos seus
clientes e à eficácia da organização (LUBISCO, 2011).
As bibliotecas estão ligadas as funções gerenciais de cunho administrativo e essas são
responsáveis pela ativação de todas as funções meio ou fim e pelo seu direcionamento e ajuste às metas
e objetivos do sistema. Funções estas que tratam-se de planejamento, organização, direção e controle
necessários para conduzir com sucesso uma organização (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
1.5 PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO
As bibliotecas universitárias não são organizações autônomas, e sim organizações dependentes de
uma organização maior - a Universidade, portanto sujeitas a receberem influências externas e internas
do ambiente que as cercam (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
Assim, o gestor precisa conhecer as teorias administrativas, e inseri-las no cotidiano das unidades,
considerando as contingências do mercado. Portanto, é preciso considerar, no processo de gestão,
especificamente na função gerencial, a importância do planejamento, da organização e da avaliação
(MACIEL; MENDONÇA, 2006).
O planejamento, a organização e a avaliação, em conjunto com a direção e o controle, são
elementos que sustentam a função gerencial das bibliotecas. Esses elementos são oriundos da Escola
�16
Clássica da Administração e devem estar inseridos no cotidiano do bibliotecário gestor. Os elementos que
sustentam a função gerencial da biblioteca podem ser visualizados na figura 4.
Fonte: adaptado de Maciel e Mendonça (2006).
1.6 PLANEJAMENTO NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
O planejamento é a preparação das ações que podem vir a ocorrer. Um bom planejamento está
preparado para ter soluções para todos os tipos de ações que podem acontecer, sejam boas ou ruins
(MACIEL; MENDONÇA, 2006). Não é um acontecimento, mas um processo contínuo, permanente e
dinâmico, que fixa os objetivos, define linhas de ação, detalha as etapas para atingi-los e prevê os
recursos necessários à consecução desses objetivos (ALMEIDA, 2005).
De acordo com Almeida (2005), o planejamento é oposto de improvisação e opera
economicamente, pois:
Reduz custos, pela ênfase em operações eficientes e compatíveis com as condições existentes;
Substitui atividades fragmentárias e não coordenadas por um esforço de grupo;
Substitui o fluxo desigual de trabalho por um uniforme;
Substitui julgamentos bruscos e irrefletidos por decisões premeditadas;
Traz segurança e favorece a produtividade;
Faz o tempo trabalhar a seu favor;
Possibilita o monitoramento das ações.
O planejamento em bibliotecas precisa ser sustentado por instrumentos específicos, resumidos
por Almeida em sete instrumentos, tais como:
Plano: linha de ação preestabelecida;
Objetivos: situação futura esperada;
Metas: resultados a serem atingidos;
Políticas: guias de raciocínio que orientam a decisão e ação;
Regras: procedimentos que orientam ações;
Programas: complexos de metas, políticas, procedimentos, regras, passos e recursos;
Projetos: menores unidades dentro do planejamento.
A autora supracitada menciona que existem três tipos de planejamento a serem realizados pelas
organizações, considerando os níveis hierárquicos em que são desenvolvidos. O planejamento estratégico
é aquele desenvolvido pela alta administração; o planejamento intermediário é executado pelo nível
intermediário da empresa, com a presença dos chefes das equipes de trabalho; por sua vez, o
planejamento operacional corresponde à parte prática e é realizado pelos membros das equipes, no nível
operacional da instituição. Em bibliotecas, segundo Almeida (2005), o planejamento ocorre nos níveis
intermediário e operacional.
O planejamento em bibliotecas manifesta-se de forma processual, permeado por cinco diferentes
etapas que se retroalimentam e se interagem constantemente, à medida que as atividades vão sendo
desenvolvidas (ALMEIDA, 2005). A figura 5 ilustra as cinco etapas integradas e a etapa da avaliação, a qual
permeia todas as demais etapas ao longo da execução do planejamento.
�17
Fonte: adaptado de Almeida (2005).
Almeida (2005) ensina que para o planejamento de serviços de informação, o bibliotecário precisa
conhecer bem: 1 - as fontes de informação na área; 2 - os serviços existentes; 3 - seus usuários; 4 - os nãousuários.
1.7 ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
A organização é a função de organizar, ou seja, a organização estabelece a estrutura para o uso de
todos os recursos existentes para que tenham um bom desempenho em suas atividades. Para se
organizar é preciso primeiramente planejar. Tendo-se o planejamento podemos criar a maneira de fazer
ele funcionar (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
A organização como elemento da gestão organizacional estabelece os planos de ação ou os
procedimentos práticos a serem adotados, para que o que foi estabelecido no planejamento seja
efetivamente concretizado (MACIEL; MENDONÇA, 2005).
A organização diz respeito à função desempenhada pela alta administração em consonância com
os gestores das equipes de trabalho, de modo que os planos de ação possam ser gerados e devidamente
cumpridos pelas equipes de trabalho (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
1.8 AVALIAÇÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Dentro do pressuposto da busca da melhoria contínua, a avaliação assume um papel primordial,
como valiosa ferramenta de auxílio ao planejamento e à gestão, fornecendo elementos para subsidiar as
decisões institucionais (LUBISCO, 2011).
A avaliação integra os ciclos de melhoria contínua das organizações, constituindo-se em etapa
posterior à execução do planejamento, atuando como meio de comparar os resultados alcançados com as
metas estabelecidas e fornecendo elementos para as ações corretivas, quando necessárias, ou para a
manutenção do padrão obtido (LUBISCO, 2011).
A avaliação é uma etapa ou processo do planejamento, a qual permite aferir o sucesso na
implementação do plano e traçar novos objetivos e metas (ALMEIDA, 2005).
Na prática, a avaliação das bibliotecas universitárias brasileiras vem há algum tempo atrelada às
avaliações oficiais do Ministério da Educação, nas quais a biblioteca é vista, parcialmente, como um dos
recursos de infraestrutura do processo ensino-aprendizagem (LUBISCO, 2011).
Avaliação é o ato de atribuir valor, julgar mérito e relevância, medir o grau de eficiência e eficácia
e o impacto causado pelas ações, políticas, programas e projetos informacionais (ALMEIDA, 2005).
A avaliação ocorre como parte do processo de planejamento e tomada de decisões e permite a
revisão de objetivos, metas, ações, estratégias etc., de modo a conferir subsídios para o planejamento e
mudanças (ALMEIDA, 2005).
�18
A avaliação deve determinar o que mudar em um serviço de informação e como mudar, auxiliando
o bibliotecário a fazer mudanças internas (rotinas, atividades, serviços) ou externas (relação com o
ambiente externo). Deve sempre partir de um problema identificado, de modo a propor melhorias e
buscar mudanças organizacionais, em prol do alcance de objetivos (ALMEIDA, 2005).
A avaliação pode ser realizada por meio das medidas de desempenho, determinadas pelos
conceitos de eficácia e eficiência. Uma organização eficaz é aquela que cumpre seus objetivos. Já
eficiência denota que a organização aplica, de modo produtivo, seus recursos (LUBISCO, 2011).
No que se refere aos tipos de avaliação a serem realizadas no planejamento bibliotecário, Almeida
(2005) enumera as seguintes classificações:
1 – Quanto à abordagem metodológica: 1.1 Avaliação quantitativa: análise estatística, mensuração e
quantificação; 1.2 Qualitativa: metodologias oriundas da Sociologia, Antropologia e na História Oral,
tendo sua ênfase nos processos e agentes; 1.3 Pluralista: mensura e também qualifica decisões,
processos, resultados e impactos sociais;
2 – Quanto aos avaliadores: 2.1 interna; 2.2 externa;
3 – Quanto ao momento: 3.1 marco-zero (diagnóstico); 3.2 ex-ante; 3.3 avaliação de processo; 3.4
avaliação de resultados (ALMEIDA, 2005).
1.9 DIREÇÃO E CONTROLE DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Na função gerencial, também têm-se os seguintes elementos: a direção e o controle.
A direção caracteriza-se pelo acompanhamento do desenvolvimento das atividades. A direção
designa as atividades, e as acompanha, de seu início ao final. É o gerenciamento da execução das
atividades.
O controle representa a verificação dos resultados. É a análise de como foram feitas as demais
funções da biblioteca. No contexto da biblioteca, o controle poderá avaliar a execução tanto de conjuntos
de atividades ou elas individualmente (MACIEL; MENDONÇA, 2006).
1.10 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1: Vistas como organizações, as bibliotecas possuem funções gerenciais ou administrativas,
que podem ser definidas como:
A) relacionadas com a formação, desenvolvimento e organização das coleções para fins de acesso e
utilização;
B) responsáveis pela ativação de todas as funções meio ou fim e pelo seu direcionamento e ajuste aos
objetivos e metas do sistema;
C) relacionadas com o atendimento aos usuários reais e virtuais e a decorrente dinamização do uso das
coleções;
D) de natureza social e legal, implicando o relacionamento do gerente com representantes da
organização, com os subordinados e com indivíduos ou grupos externos à empresa.
Questão 2: Em se tratando de administrar as unidades de informação, com vistas a satisfazer mais
facilmente as necessidades dos usuários, uma estratégia que deve ser evidenciada é a de:
A) conservação;
B) preservação;
C) cooperação;
D) depósito legal;
E) Indexação.
Questão 3: A biblioteca universitária tem objetivo específico relacionado aos objetivos da instituição à
qual está vinculada. O objetivo específico dela, portanto, é:
�19
A) apoiar os programas de ensino, pesquisa e extensão;
B) apoiar os programas de ensino oficial;
C) democratizar a informação para a comunidade local;
D) apoiar os objetivos e metas da instituição mantenedora.
Questão 4: Considere as afirmativas abaixo sobre Planejamento:
I. É o oposto da improvisação;
II. Não é um processo contínuo, mas um acontecimento;
III. Faz acontecer;
IV. Compensa incertezas, mas não mudanças.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Questão 5: O planejamento é um processo dinâmico e intera- tivo, que pode ser dividido em várias
fases. Assim,
a) o processo de planejamento inicia-se pela elaboração do plano;
b) o diagnóstico é a última fase do planejamento;
c) as formas de acompanhamento e controle estão relacionadas à elaboração do diagnóstico;
d) a definição de metas e prioridades é posterior à elaboração do plano, precedendo o diagnóstico;
e) a elaboração do plano é precedida pela análise dos dados e informações obtidos.
Questão 6: Considere:
I. O planejamento operacional decide "o que fazer" e "como fazer";
II. O planejamento global é a combinação de todos os planos existentes na organização;
III. O planejamento é um processo linear;
IV. O planejamento em bibliotecas e unidades de informação localiza-se, frequentemente, nos níveis
estratégico e intermediário;
V. O planejamento de longo prazo, em função de seu horizonte temporal mais amplo, é mais qualitativo
que quantitativo.
Está correto o que consta APENAS em:
a) I, II e V.
b) I, IV e V.
c) I, II e IV.
d) I, II e III.
e) II, IV e V.
Questão 7: Quanto à avaliação de serviços e produtos, sob a ótica da qualidade, oferecidos em
unidades de informação, é correto afirmar:
a) Avaliação se faz necessária quando se deseja definir propósitos, delimitar objeto, valorar a qualidade
do programa em sua totalidade ou em algumas de suas variáveis e elementos;
b) Há vários critérios que podem ser adotados para avaliar serviços bibliotecários, dentre eles pode-se
citar: atendimento, especificações dos dados coletados, relações dos dados com outros serviços;
c) A avaliação tem por objetivo verificar possíveis falhas nos serviços prestados e, a partir daí, traçar ações
para sua correção e consequentemente para sua desativação seqüencial;
d) Avaliação é um processo mediante o qual se colhe e interpreta-se, formal e sistematicamente, a
informação pertinente sobre suas atividades, permitindo produzir juízos de valor e tomada de decisão.
�20
Questão 8: A fase final do processo administrativo é o controle. À medida que a organização caminha
na realização de seus objetivos, os gerentes devem:
a) definir novas metas, buscando maximizar o investimento financeiro da organização;
b) aprimorar os mecanismos de controle e definição de responsabilidades, de maneira a evitar
retrocessos e substituição de funcionários inadequados;
c) ampliar os objetivos anteriormente definidos, de forma a adequá-los ao novo momento institucional;
d) rever as funções e a cadeia escalar, incorporando novas especializações e habilidades do capital
intelectual;
e) monitorar o progresso para se assegurar de que a empresa se comporta de modo a realmente alcançálos no período programado.
Questão 9: Uma biblioteca universitária “do futuro” terá de confrontar sua função, recursos e política
tradicionais com novas formas possíveis, decorrentes de mudanças tecnológicas, sociais e da própria
universidade. Alguns aspectos, contudo, serão cruciais para se construir uma nova biblioteca
universitária. Os principais aspectos que influenciarão nessa mudança são relativos:
A) ao financiamento, à organização da informação, ao ensino à distância e ao acervo;
B) à estrutura, ao financiamento, ao público e aos serviços e produtos;
C) ao público, à tecnologia, ao acervo informacional e à organização do acervo;
D) à tecnologia, à biblioteca digital, às instalações físicas e à organização do acervo.
Questão 10: Consiste no planejamento, na organização, no desenvolvimento, na coordenação e no
controle de técnicas capazes de promover o desempenho eficiente do pessoal, ao mesmo tempo em
que a organização representa o meio que permite às pessoas que com ela colaboram alcançar os
objetivos individuais relacionados direta ou indiretamente com o trabalho. Trata-se:
A. da administração de recursos humanos.
B. do setor de recursos humanos.
C. do processo de seleção e recrutamento de pessoal.
D. da análise de cargos.
E. da gestão estratégica do capital humano.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. C. B. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2. ed. Brasília: Briquet de
Lemos, 2005.
CUNHA, M. B. Construindo o futuro: a biblioteca universitária em 2010. Ciência da Informação, v. 29, n. 1,
2009.
LEITÃO, B. J. M. Avaliação qualitativa e quantitativa numa biblioteca universitária. Rio de Janeiro:
Interciência, 2005.
LUBISCO, N. M. L. (Org.). Biblioteca universitária: elementos para o olanejamento, avaliação e gestão.
Salvador: EDUFBA, 2011.
MACIEL, A. C.; MENDONÇA, M. A. R. Bibliotecas como organizações. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.
VERGUEIRO, V.; MIRANDA, A. C. D. (Org.). Administração de unidades de informação. Rio Grande: FURG,
2007.
�21
MÓDULO II
O ACERVO DA BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA
AULA II: Formação, desenvolvimento, gestão e preservação de
coleções
AULA III: Fontes de informação e Bibliotecas Digitais
AULA IV: O periódico científico, Open Archives e Recursos
informacionais
�22
AULA II: Formação, desenvolvimento,
gestão e preservação de coleções
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
CONTEÚDOS DA AULA
ASSUNTOS
1 – Formação,
desenvolvimento,
gestão e preservação
de coleções;
1.1 – Políticas, rotinas
e processos.
VERGUEIRO, W. Seleção de materiais
de informação: princípios e técnicas.
Brasília: Briquet de Lemos, 2010.
WEITZEL, S. R. Elaboração de uma
política de desenvolvimento de
coleções em bibliotecas universitárias:
Rio de Janeiro: Interciência, 2013.
MOTTAR, R.; CARVALHO, M. C.;
FERNANDES, C. A. A preservação de
acervos de bibliotecas e sua
importância na atualidade: a ótica dos
bibliotecários da UFMG, Informação e
sociedade, João Pessoa, v. 15, n. 1,
2005. Periódico
�23
2 FORMAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E PRESERVAÇÃO DE COLEÇÕES
A formação e desenvolvimento de coleções é um processo comumente realizado em bibliotecas,
embora não tenha o destaque e valor como acontece com outras atividades bibliotecárias (VERGUEIRO,
2010; WEITZEL, 2013).
A prática de formar e desenvolver coleções data dos primórdios (bibliófilos), mas a atividade
tornou-se científica a partir da década de 1979, sendo incorporada aos currículos acadêmicos
(VERGUEIRO, 2010; WEITZEL, 2013).
O desenvolvimento de coleções é visto por uma perspectiva que indica as atividades (etapas) do
processo como essenciais e ainda afirmam que cada uma das etapas não deve ser executada de forma
isolada, isto é, precisam ser consideradas como subsistemas – partes de um todo. Trata-se de uma
atividade processual, integrada e sistêmica, tendo como modelo principal de estudo, o modelo sistêmico
e integrado formulado pelo bibliotecário norte-americano, Edgard Evans, na década de 1970, conforme
demonstrado na figura abaixo:
2.1 A PERSPECTIVA SISTÊMICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES – MODELO DE EVANS
A perspectiva sistêmica atribuída ao desenvolvimento de coleções recebe características
adicionais importantes para o processo e política, isto é, o processo é visto como cíclico, ininterrupto e
contínuo (VERGUEIRO, 2010; WEITZEL, 2013).
Essas características revelam que o processo deve ser uma atividade rotineira e contínua da
biblioteca, executada por bibliotecários. Só assim o desenvolvimento de coleções garante sua efetividade.
ETAPAS DO MODELO DE EVANS
1 - estudo da comunidade;
2 - política de seleção;
3 - seleção;
4 - aquisição;
5 - desbaste, incluindo descarte;
6 - avaliação da coleção (VERGUEIRO, 2010; WEITZEL, 2013).
O processo de desenvolvimento de coleções, na abordagem sistêmica, é aquele que identifica
pontos fortes e fracos de uma coleção em relação às necessidades dos usuários, que visa corrigir as
fraquezas e que requer constante avaliação dos recursos da biblioteca e, ainda, o estudo das
necessidades dos usuários, o que servirá de base para o planejamento das mudanças que deverão ser
realizadas. A integração das etapas do Modelo de Evans é apresentada na figura, a seguir:
�24
1 - Formação, desenvolvimento, gestão e
preservação de coleções
ETAPAS DO MODELO DE EVANS
Estudo da
comunidade
Aquisição
Política de
seleção
Desbastamen
to
Seleção
Avaliação
(VERGUEIRO, 2010; WEITZEL, 2013)
Processo de desenvolvimento de coleções deve ser caracterizado como um processo heterogêneo,
uma vez que ele não se define da mesma forma em todas as bibliotecas, isto é, o processo se define de
um modo específico a partir do tipo, missão e funções de cada biblioteca (VERGUEIRO, 2010; WEITZEL,
2013).
A analogia do guarda-chuva pode ser útil para explicar conceitualmente a relação entre o processo
e política de desenvolvimento de coleções com suas respectivas etapas, bem como a relação da
interdependência entre elas. Cada etapa é formada por seu respectivo processo e política, e juntas,
formam o conceito de Desenvolvimento de Coleções (WEITZEL, 2013, p. 20-21).
O Desenvolvimento de coleções, segundo a metáfora do guarda-chuva de Simone Weitzel (2013),
contempla as seguintes etapas:
• 1 - Estudo da comunidade: é uma investigação de primeira mão, uma análise e coordenação dos
aspectos econômicos, sociais e de outros aspectos inter-relacionados de um grupo selecionado.
Um trabalho de pesquisa junto à comunidade, que exige equipe qualificada (WEITZEL, 2013, p.
27).
• 2 - Política de seleção: é um instrumento de trabalho primariamente destinado a dar suporte às
decisões de seleção e deve informar: a identificação dos responsáveis de seleção; os critérios
utilizados no processo; os instrumentos auxiliares; as políticas específicas; os documentos
correlatos (WEITZEL, 2013).
• 3 - Seleção: é o “processo de tomada de decisão título a título” (FIGUEIREDO, 1998, p. 84).
Aquisição “é o processo que implementa as decisões tomadas no processo de seleção”
(FIGUEIREDO, 1998, p. 84-85) (MACIEL; MENDONÇA, 2006, p. 20).
• Aquisição: etapa considerada como o processo operacional da seleção. Diz respeito ao momento
em que os materiais são devidamente adquiridos pela instituição, incluindo as modalidades de
aquisição, o contato com fornecedores, os primeiros registros de identificação dos itens, além de
uma série de procedimentos administrativos (VERGUEIRO, 2010)
• 5 - Política de aquisição deve reunir os seguintes elementos: “responsabilidade pela atividade;
definição das prioridades da aquisição; determinação de fontes de financiamento e captação de
recursos; estabelecimento de diretrizes para alocação dos recursos; detalhamento dos
procedimentos e rotinas para compra, doação e permuta; definição dos instrumentos auxiliares
aplicáveis para aquisição; orientações para a escolha dos fornecedores; definir os critérios para o
registro das diferentes coleções para fins de identificação de patrimônio; descrição da participação
da biblioteca em planos ou programas de aquisição cooperativa; adoção de programas para o
controle e acompanhamento dos processos de aquisição” (WEITZEL, 2013, p. 51-56).
• 6 – Desbastamento: é o ajuste do acervo às necessidades da comunidade e à missão institucional.
A implementação de suas ações trazem como consequência a renovação de espaços para o
armazenamento, contribuindo ainda mais para melhorar o acesso dos usuários ao material.
Importante considerar outro conceito de desbastamento e a relação com descarte, que é:
desbastamento consiste na retirada de documentos pouco utilizados pelos usuários, de uma coleção de
uso frequente para outros locais – os depósitos especialmente criados para abrigar este material de
�25
consultas eventuais. Já o descarte, consiste na retirada definitiva do material do acervo da biblioteca, com
a correspondente baixa nos arquivos de registro da mesma (MACIEL; MENDONÇA, 2006, p. 25).
• 7 - Política de desbastamento: deve considerar quatro elementos “responsabilidade pelo
processo; critérios; métodos; aspectos legais e administrativos” (WEITZEL, 2013, p. 68).
A política de desbastamento tem como principal função a definição de critérios que conduziram o
processo de desbastamento, incluindo o descarte. Portanto, é importante estabelecer os responsáveis
pelo processo, os métodos que serão aplicados e ainda atentar para os aspectos legais e administrativos.
Slote (1997 apud WEITZEL, 2013, p. 71), ao falar a respeito dos métodos para o desbastamento,
enumera estes métodos e afirma que eles devem ser baseados na avaliação sistemática de coleções,
principalmente levando em conta os dados que ilustram a baixa circulação de materiais e o próprio
desbastamento contínuo.
• 8 – Avaliação: Avaliação “é, efetivamente, uma avaliação dos seus métodos de seleção”
(FIGUEIREDO, 1998, p, 97-98).
• 9 – Política de avaliação: deve considerar três elementos: “quem será o responsável pelo
processo; definição de padrões e critérios e metodologias; métodos a serem empregados”
(WEITZEL, 2013, p. 61)
2.2 POLÍTICAS, ROTINAS E PROCESSOS
2.2.1 Política de desenvolvimento de coleções
Na visão de Weitzel (2013), uma política de desenvolvimento de coleções, no âmbito das
bibliotecas universitárias, deve ser conduzida/formalizada em obediência a doze passos, conforme
descritos no quadro a seguir:
2.3 AVALIAÇÃO DE COLEÇÕES
No que tange à avaliação, ela consolida-se como resultado concreto, o qual possibilita a
identificação das obras que apresentam um tempo médio aceitável ou não sem uso, denominado por
Slote (1997) de ‘tempo de estante’, bem como a busca de uma alternativa para estimular o uso, caso a
obra ainda seja de relevância, ou desbastá-la (WEITZEL, 2013, p. 65).
A avaliação permite a segurança na tomada de decisões e ainda pode melhorar o direcionamento
da formação e desenvolvimento de coleções, trazendo benefícios para os usuários e para a própria
biblioteca.
Qualquer avaliação a que a biblioteca seja submetida deve se preocupar em determinar em que
medida ela desempenha com êxito essa função de interface (LANCASTER, 1996 apud WEITZEL, 2013, p.
56).
2.4 CONSERVAÇÃO, PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE COLEÇÕES
�26
Além das etapas indicadas, a literatura especializada em coleções indica outros elementos e
aspectos que podem ser considerados correlatos e possuem uma relevância para a formação e
desenvolvimento de coleções, como: 1 - a conservação (medidas ou ações direcionadas a preservar ou
restauração dos documentos); 2 - a preservação (medidas ou ações que visam proteger, preservar e
manter a longevidade dos documentos); 3 - o compartilhamento de recursos; 4 - os direitos autorais; 5 o armazenamento, entre outros (WEITZEL, 2013).
Em diversas partes do mundo, é possível perceber estágios avançados de degradação de acervos,
tendo, como causas principais os fatores climáticos, dotação orçamentária insuficiente, locais
inadequados de armazenamento, utilização de materiais não tratados e de técnicas superadas nos
reparos e restauração, mas, também e, em grande parte, causados pela negligência na manipulação e
falta de pessoal especializado na área (CARVALHO; MOTTA; FERNANDES, 2005).
Há um baixo nível de sensibilização e conscientização por parte de profissionais da informação e
de usuários acerca do valor social do patrimônio documental mantido pelas bibliotecas (CARVALHO;
MOTTA; FERNANDES, 2005).
Contudo, para que se evitem distorções graves em investigações desse tipo, é necessário
contextualizar o olhar do indivíduo para os bens culturais do seu tempo colocando o valor atribuído a tais
bens como inter-relacionado a outras percepções (ou falta de) culturais e sociais (CARVALHO; MOTTA;
FERNANDES, 2005).
Há diferenças entre os termos preservação, conservação e restauração caracterizados, cada um,
como:
PRESERVAÇÃO: tem um sentido abrangente, incluindo todas as considerações administrativas baseadas
em políticas estabelecidas que devem prever desde o projeto de edificações e instalações, até a seleção,
aquisição, acondicionamento e armazenamento dos materiais informacionais, assim como o treinamento
de usuários e de pessoal administrativo;
CONSERVAÇÃO: implica em técnicas e práticas específicas relativas à proteção de materiais de diferentes
formatos e natureza física (papel, tecido, couro, registros magnéticos) contra danos, deterioração e
decomposição;
RESTAURAÇÃO: compreendam-se as intervenções técnicas sobre os componentes materiais de um
documento já deteriorado, praticadas por especialistas em laboratório.
Estudo realizado por Carvalho, Motta e Fernandes, em 2005, no âmago do Sistema de Bibliotecas
da UFMG, detectou que, na percepção dos bibliotecários entrevistados: 1 - a maior parte dos
bibliotecários participantes da pesquisa se mostrou hesitante entre a pretensa obrigação de fazer eles
próprios, os reparos de conservação; 2 - o papel gerencial de estabelecer e fiscalizar a aplicação de
políticas de preservação de acervos, de planejar e desenvolver programas de educação de usuários e de
funcionários, além de alocar recursos para a preservação; 3 - Reconhecem a universidade como lugar de
produção e de manutenção do patrimônio cultural de um país, mas contraditoriamente, não estão
suficientemente preparados como gerentes do acervo documental da Instituição.
Além disso, o estudo mencionado descreveu as principais práticas realizadas no SB da UFMG, que
são: 1 - limpeza dos documentos e estantes: apenas três informantes declararam no questionário ser
esta uma prática em suas bibliotecas; 2 - reparos gerais: mais da metade dos informantes apontou os
pequenos reparos em documentos como a prática mais frequente nas suas bibliotecas; 3 - encadernação:
executada na própria unidade foi apontada por dois informantes; 4 - educação/treinamento de
usuários/funcionários: apenas cinco respondentes apontem a educação de usuários como ação de
preservação praticada em suas bibliotecas (CARVALHO; MOTTA; FERNANDES, 2005).
2.5 SELEÇÃO DE COLEÇÕES
Descrevendo com mais detalhes a fase da seleção, é preciso considerar a importância da etapa de
seleção para qualquer biblioteca e aqui ela pode ser indicada como uma das etapas que mais
�27
complementam a avaliação e o desbastamento em bibliotecas especializadas, uma vez que essas etapas
encontram-se diretamente relacionadas, pois indicam o que deve entrar, permanecer, ser remanejado e
ser descartado do acervo. Afinal, a seleção é uma tomada de decisão que requer planejamento, é a
escolha de materiais que corresponde à necessidade informacional dos usuários da biblioteca
(VERGUEIRO, 2010).
Há um momento em que a decisão está nas mãos do bibliotecário, sobretudo quando da
incorporação de quaisquer itens no acervo, considerando a sistematização do item no conjunto
bibliográfico, quanto à satisfação das demandas institucionais e dos usuários (VERGUEIRO, 2010).
A seleção deve ser norteada por critérios pré-estabelecidos, para que o acervo possa ser
desenvolvido de forma racional, equilibrada e atenda as demandas. Para isso:
1 - o bibliotecário conhece, ou deveria conhecer, o acervo sob sua responsabilidade, sabendo
melhor do que ninguém em que aspectos ele está fraco, em que aspectos ele está forte, em que aspectos
ele atingiu um estágio ideal de desenvolvimento;
2) - o bibliotecário conhece, ou deveria conhecer, o usuário cujas necessidades informacionais
tem por obrigação procurar atender, sabendo avaliar objetivamente suas demandas e diferenciando as
que têm características mais duradouras, ligadas a necessidades reais, das que são ditadas por tendências
esporádicas, influência dos meios de comunicação de massa ou de modismo (VERGUEIRO, 2010).
A função decisória do bibliotecário manifesta-se - individualmente (responsável pela seleção); e coletivamente (coordenador da comissão de seleção). A comissão de seleção pode ser designada da
seguinte forma: - comissão deliberativa de seleção (bibliotecário participa como membro ou
coordenador); - comissão consultiva de seleção (visa a assessorar o responsável pela seleção); - o
bibliotecário faz a seleção dos materiais. Uma das maiores críticas no que tange à conduta do
bibliotecário é a de que nem sempre esse profissional conhece aquelas realidades (a coleção e a
comunidade usuária) (VERGUEIRO, 2010).
A objetividade constitui uma meta sempre almejada na seleção, de modo que não haja o risco de
surgir acusações de favoritismo ou ineficácia por parte dos usuários que, porventura, não se sintam
satisfeitos com os materiais selecionados (VERGUEIRO, 2010).
A fim de evitar isso, o bibliotecário deve demonstrar que os materiais foram selecionados segundo
parâmetros objetivos de qualidade ou de necessidade. Daí a importância das políticas devidamente
elaboradas e utilizadas no processo de seleção (VERGUEIRO, 2010).
Considerações gerais que influenciam a seleção – Critérios gerais. São critérios pré-determinados
segundo razões objetivas: 1 - o assunto (área de cobertura da coleção <=> estudo de comunidade); 2 - o
usuário; 3 - o documento (em si, sua relação com os demais itens da coleção <=> avaliação da coleção); 4
- o preço; 5 - outras questões complementares: material mais suscetível a furto, vandalismo ou
mutilações; assuntos polêmicos; qualidade do material (VERGUEIRO, 2010).
Por sua vez, são considerações específicas que influenciam a seleção – Critérios específicos: 1 Segundo o conteúdo: autoridade; precisão; imparcialidade; atualidade; cobertura/tratamento; 2 Segundo a adequação ao usuário: conveniência; idioma; relevância/interesse; estilo; 3 - Segundo os
aspectos adicionais: características físicas do documento; aspectos especiais; contribuição potencial;
custo (VERGUEIRO, 2010).
Existem mecanismos para identificação, avaliação e registro da Organização e do Processo de
Seleção. Esses mecanismos podem ser: 1 - formulários para indicação e seleção de títulos (sujeito da
indicação e o material indicado); 2 - instrumentos auxiliares da seleção: catálogos e listas de editoras,
dentre outros materiais para acesso às fontes; 3 - política de seleção: contempla os critérios e demais
diretrizes que determinam as ações (VERGUEIRO, 2010).
Destaca-se, no processo de seleção as chamadas Listas de desiderada, demanda reprimida e
sugestões, os quais são instrumentos quase sinônimos, pois se referem a materiais que a biblioteca está
considerando incorporar ao acervo. A lista de desiderata é a lista de materiais que a biblioteca deseja
adquirir, a maioria dos itens já selecionados; a Demanda reprimida manifesta-se como uma expressão
pouco simpática, indica títulos procurados pelos usuários e não possuídos pela biblioteca, mas também
�28
pode referir-se aos indicados pelos usuários; por fim, a lista de sugestões é a lista sugerida por usuários, a
qual ainda será levada para análise da comissão. Essas regras nem sempre são aplicadas em todas as
bibliotecas (VERGUEIRO, 2010).
No que se refere às funções dos instrumentos auxiliares da seleção, destacam-se que eles:
ampliam o conhecimento de bibliotecários e usuários sobre os materiais de informação correntes;
possibilitam a identificação e complementação de falhas no acervo; proporcionam juízos avaliativos dos
materiais disponíveis. Existem tipologias de instrumentos auxiliares da seleção, que são: Catálogos de
Editores, Folhetos etc., Resenhas, Bibliografias e listas de livros recomendado (VERGUEIRO, 2010).
No processo de seleção, devido à sua complexidade, é de suma importância estabelecer, também,
uma política específica de seleção. A importância do documento formal de política de seleção é: 1 administrativa: continuidade dos critérios além da presença física de um bibliotecário; 2 - comunicativa:
relações públicas entre a biblioteca e os usuários (VERGUEIRO, 2010).
A política representa o instrumento de resistência e gerência de conflitos em torno da coleção. É
composta pelos elementos: a identificação dos responsáveis pela seleção; os critérios adotados no
processo; os instrumentos auxiliares; as políticas específicas; os documentos correlatos (VEGUEIRO,
2010).
2.6 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 - O processo que implica o remanejamento de unidades do acervo para outros locais
controlados, como parte das atividades de formação e desenvolvimento de coleções, é denominado:
A) descarte. b) preservação. c) conservação. d) desbastamento. e) disseminação.
Questão 2 - O desenvolvimento de coleções é, acima de tudo, um trabalho de planejamento que exige
comprometimento com metodologias. Avalie as afirmativas e assinale a alternativa INCORRETA com
relação ao desenvolvimento de coleções:
a) Efetuar o processo de compra dos materiais é uma das atribuições básicas do trabalho de aquisição
para a biblioteca.
b) O processo do desenvolvimento de coleções é centrado no bibliotecário e apresenta as seguintes fases:
estudo da comunidade, políticas de seleção, seleção, aquisição, desbastamento, avaliação da coleção.
c) Entre os muitos instrumentos auxiliares à seleção, disponíveis aos bibliotecários, podemos destacar:
catálogos de editores, resenhas, bibliografias e livros recomendados.
d) O bibliotecário norte-americano Edward Evans, autor do modelo do processo sobre desenvolvimento
de coleções, salienta que o processo é descontínuo e possui começo/fim bem definidos.
e) As metodologias quantitativas, qualitativas e fatores de uso, classificadas por Lancaster, podem ser
utilizadas no processo de avaliação da coleção.
Questão 3 - Aquisição é:
A. a atividade especializada que, junto com a doação, constitui o processo de desenvolvimento de
coleções.
B. a administração dos recursos da biblioteca por meio dos procedimentos de levantamento, seleção e
compra de materiais.
C. o procedimento de compra de materiais, direta ou por licitação pública, de acordo com as normas da
instituição.
D. a etapa administrativa do desenvolvimento de coleções realizada por meio da compra, doação e/ou
permuta de materiais.
E. a política de desenvolvimento de coleções que avalia a necessidade de compra de materiais para o
acervo.
�29
Questão 4 - Desenvolvimento de coleções é:
A) um processo linear, com atividades regulares que busca criar mecanismos para o financiamento de
materiais informacionais.
B) um processo sistêmico, seguindo um único padrão para todas as bibliotecas ou unidades de
informação.
C) um processo cíclico, ininterrupto e com atividades regulares e contínuas, levando-se em conta a
especificidade de cada biblioteca ou unidade de informação.
D) um delineamento das seguintes etapas: estudo da comunidade, seleção, aquisição e
acondicionamento do material bibliográfico no contexto particular das bibliotecas ou unidades de
informação.
E) um plano de trabalho, entretanto, o desenvolvimento de coleções não é caracterizado como atividade
rotineira nas bibliotecas.
Questão 5 - Os processos de retirada de títulos ou partes da coleção para outros locais menos acessíveis e
de retirada para fins de doação, correspondem, respectivamente, às atividades de
(A) preservação e remanejamento.
(B) desbastamento e seleção.
(C) descarte e preservação.
(D) seleção negativa e desbastamento.
(E) remanejamento e seleção negativa.
Questão 6 - Um documento de política de seleção deve ter como componentes:
(A) identificação dos responsáveis pela seleção de materiais, critérios utilizados no processo de aquisição
e políticas específicas de conservação e preservação.
(B) critérios utilizados no processo, instrumentos auxiliares, políticas específicas para tombamento e
documentos correlatos.
(C) identificação dos responsáveis pela seleção de materiais, critérios utilizados no processo,
instrumentos auxiliares, políticas específicas para seleção e documentos correlatos.
(D) critérios utilizados no processo, instrumentos auxiliares, políticas específicas de conservação e
preservação e documentos relacionados à aquisição das obras.
(E) identificação dos responsáveis pela aquisição de materiais, instrumentos auxiliares, políticas
específicas de conservação e preservação e documentos relacionados à aquisição das obras.
Questão 7 - O desenvolvimento de coleções na biblioteca deve incluir:
(A) política da seleção, alocação de recursos e planejamento de compartilhamento, avaliação de coleções
para descarte, desbastamento e armazenagem em depósitos.
(B) avaliação da coleção atual para descarte, desbaste ou armazenagem em depósitos e distinção entre os
procedimentos financeiros, de aquisição e processamento técnico.
(C) alocação de recursos, reavaliação de coleções, descarte, armazenagem em depósitos, distinção clara
entre os procedimentos de aquisição e catalogação.
(D) análise de recursos de aquisição cooperativa, avaliação das necessidades dos usuários, reavaliação dos
formatos e processos de tratamento do material adquirido.
(E) pesquisa sobre práticas de doação, permuta, seleção e aquisição, reavaliação das aquisições
efetuadas, análise das práticas de formas de pesquisa e recuperação do material.
Questão 8 - Quanto à seleção de documentos eletrônicos, é correto afirmar que
(A) devem ser considerados aspectos de conteúdo de acordo com parâmetros de assunto definidos,
facilidade de acesso, compatibilidade, suporte e custo.
(B) em termos de acesso, os documentos devem apresentar mecanismos de busca complexos que
permitam atingir resultados mais completos.
�30
(C) para documentos de acesso aberto, deve-se verificar a autorização do fornecedor para acesso em
rede local e número de usuários.
(D) por serem recursos de interesse para os usuários nativos digitais, podem ter critérios de avaliação que
flexibilizem os padrões de qualidade da coleção.
(E) as considerações de conteúdo devem ser diferentes daquelas feitas para documentos impressos, na
medida em que se trata de outro suporte físico.
Questão 9 - Segundo Weitzel (2006), “[…] o bibliotecário selecionador deve investir em um trabalho de
prospecção de materiais de interesse para a biblioteca. […] Para que este trabalho de prospecção alcance
seu objetivo, é necessário definir quais são as fontes de informação que servirão de instrumentos
auxiliares”. Nesse trecho, o termo trabalho de prospecção refere-se a uma atividade da etapa do
processo de desenvolvimento de coleções denominada:
a) seleção.
b) aquisição.
c) estudo da comunidade.
d) desbastamento e descarte.
Questão 10 - Para a elaboração de uma política de desenvolvimento de coleções, Weitzel (2013)
apresenta elementos sob a forma de doze passos. Abaixo são citados alguns desses elementos. Numereos na sequência em que os autores que trabalham com política e desenvolvimento de coleções
recomendam.
• ( ) Avaliação da política
• ( ) Descrever a política de seleção
• ( ) Perfil da comunidade
• ( ) Descrever o processo e a política de aquisição
• ( ) Perfil das coleções
• ( ) Identificação da missão e objetivos institucionais
• Qual a sequência recomendada?
a) 6, 2, 5, 4, 1, 3 b) 6, 4, 2, 5, 3, 1
c) 4, 6, 2, 3, 1, 5 d) 4, 5, 1, 3, 2, 6
REFERÊNCIAS
VERGUEIRO, W. Seleção de materiais de informação: princípios e técnicas. Brasília: Briquet de Lemos,
2010.
WEITZEL, S. R. Elaboração de uma política de desenvolvimento de coleções em bibliotecas
universitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2013.
MOTTAR, R.; CARVALHO, M. C.; FERNANDES, C. A. A preservação de acervos de bibliotecas e sua
importância na atualidade: a ótica dos bibliotecários da UFMG, Informação e sociedade, João Pessoa, v.
15, n. 1, 2005.
�31
AULA III: Fontes de Informação e
Bibliotecas Digitais
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
CONTEÚDOS DA AULA
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3 FONTES DE INFORMAÇÃO
3.1 A CIÊNCIA, O SISTEMA DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A LITERATURA CIENTÍFICA
A confiabilidade é uma das características mais importantes da ciência, pois a distingue do
conhecimento popular, não científico. O sistema de comunicação científica comunica o conhecimento
científico produzido pelos pares e utiliza, como meios de transmissão do conhecimento, os canais formais
(periódicos e livros) e informais (comunicação de pesquisa em andamento, certos trabalhos de
congressos). Dentre os canais formais, o mais importante são os artigos de periódicos. Toda pesquisa
envolve atividades diversas de comunicação e produz pelo menos uma publicação formal (CAMPELLO et
al., 2003).
As características próprias da ciência e tecnologia modernas afetam e dificultam bastante o
trabalho profissional, entre as quais estão:
o fenômeno da explosão bibliográfica;
a diversificação de formatos de apresentação e divulgação;
a eliminação de barreiras no acesso (geográficas, hierárquicas e outras);
a aceleração do avanço do conhecimento e consequente obsolescência mais rápida das
publicações;
a intensificação da interdisciplinaridade (unindo áreas científicas antes isoladas) e
a tendência à pesquisa em colaboração (CAMPELLO et al., 2003).
Diferentemente da literatura científica ou acadêmica, a literatura tecnológica nem sempre recebe
divulgação ampla. Enquanto cientistas priorizam a divulgação e uso de seus trabalhos, nas empresas, o
interesse está no domínio de mercado (CAMPELLO et al., 2003).
O sistema de comunicação científica está amparado por diversos elementos e personagens,
inseridos em um amplo e complexo mercado editorial. O modelo proposto por Garvey e Griffith resume
esse mercado, conforme figura abaixo:
Em resumo, o modelo inicial proposto por Garvey e Griffith já não representa tão bem o processo
de comunicação científica moderno. Todas as fases desse processo foram e continuam sendo afetadas
pelo emprego da tecnologia (CRAWFORD, HURT e WELLER, 1996). O quadro geral está mudando e já se
anteveem formas de comunicação que provavelmente colocarão o periódico tradicional em choque, num
futuro próximo (CAMPELLO et al., 2003).
3.1.1 Tipologias de fontes de informação
A divisão mais utilizada no mundo que melhor contempla as diversas modalidades de fontes de
informação é aquela que divide os documentos em:
1 - Fontes primárias: produzidas com a interferência direta de seu criador;
�33
2 – Fontes secundárias: facilitam o uso do conhecimento disperso nas fontes primárias;
3 – Fontes terciárias: guiam o usuário para as fontes primárias e secundárias (CAMPELLO et al., 2003).
As figuras abaixo identificam alguns tipos de fontes de informação de natureza primária,
secundária e terciária.
Identificar, coletar, organizar e preservar constituem tarefas difíceis para os profissionais, pois: - o
volume de publicações é muito grande e continua a crescer, e - os formatos em que ocorrem estão
também em evolução, complicando a identificação do material pertinente. Faltam instrumentos de busca
adequados e abrangentes, especialmente quando a questão envolve pesquisas produzidas no Brasil
(CAMPELLO et al., 2003).
3.2 ORGANIZAÇÕES COMO FONTES DE INFORMAÇÃO
Organizações caracterizam-se como um espaço de ações econômicas no qual se concentram
capital, gerência, mão de obra e tecnologia, proporcionando um ambiente de convívio e de interações
constantes entre os diversos atores envolvidos em cada um dos setores acima mencionados. Constituem
um ponto de convergência da sociedade, pois geram empregos, desenvolvem tecnologia e atraem
investimentos (CAMPELLO et al., 2003).
Nas organizações, manifestam-se os processos formais, representados pelos diversos tipos de
documentos, tais como organogramas, regulamentos e normas internas; e os processos informais, que
são os processos sociais, dos relacionamentos humanos e das tendências culturais (CAMPELLO et al.,
2003).
As organizações constituem importante fonte de informação. O acesso às informações de uma
organização pode se dar através dos indivíduos a ela ligados ou dos documentos que ela gera. Algumas
organizações, por sua natureza, têm na divulgação de informações sua própria razão de ser. É o caso da
maioria das organizações não lucrativas que produzem uma variedade de documentos de acesso público
(CAMPELLO et al., 2003).
Os diretórios são as fontes tradicionais para a identificação de organizações: essas obras listam os
nomes das organizações fornecendo em geral informações tais como endereço, telefone, fax, e-mail,
produtos e serviços, nomes e cargos dos dirigentes e outros do gênero (CAMPELLO et al., 2003).
Segundo Campello et al. (2003), existem diversos tipos de organizações, como: organizações
comerciais, organizações educacionais e de pesquisa, organizações governamentais, organizações
profissionais e sociedades científicas, organizações internacionais e organizações não governamentais.
3.3 PESQUISA EM ANDAMENTO
O ritmo acelerado em que as mudanças científicas e tecnológicas e a morosidade de publicação do
periódico científico, viabilizam o nascimento das pesquisas em andamento (CAMPELLO et al., 2003).
Nesse contexto, surgem, portanto, o interesse pela publicação de resultados parciais de pesquisas
e o uso de relatórios técnicos como veículo de relatos de pesquisa (CAMPELLO, 2003).
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3.4 ENCONTROS CIENTÍFICOS
Os encontros manifestam-se como fontes primárias, as quais apresentam resultados de pesquisa
(integrais e/ou parciais), viabilizam o contato direto com pesquisadores, apresentam os resultados atuais
de pesquisa, e, por fim, podem ser categorizados como literatura branca ou cinzenta (CAMPELLO et al.,
2003).
A grande quantidade de eventos de caráter científico que ocorrem atualmente em todas as áreas
do conhecimento mostra que o encontro pessoal ainda é uma forma de comunicação que ainda muito
agrada a cientistas e pesquisadores (CAMPELLO et al., 2003).
A apresentação de trabalhos em encontros científicos constitui a oportunidade que o pesquisador
tem de ver seu trabalho avaliado pelos pares ou colegas, de forma mais ampla, diferentemente do que
ocorre com os periódicos quando submete um artigo ao periódico que é avaliado por uma comissão
editorial composta por um número restrito de membros e, que, normalmente, demora meses para
completar o trabalho de julgamento (CAMPELLO et al., 2003).
Os eventos podem se manifestar na forma de congresso, definido como um evento de grandes
proporções, de âmbito nacional ou internacional, que dura normalmente uma semana e reúne
participantes de uma comunidade científica ou profissional ampla. Também podem ocorrer eventos com
nomes variados, tais como simpósio, jornada, seminário, colóquio, fórum, reunião, encontro, que são
denominações dadas a eventos científicos de âmbito menor que o do congresso, tanto em termos de
duração, quanto de número de participantes, cobrindo campos de conhecimento mais especializados
(CAMPELLO et al., 2003).
As principais funções dos eventos científicos são:
• encontros como forma de aperfeiçoamento de trabalhos;
• encontros como reflexo do estado da arte;
• encontros como forma de comunicação informal.
As pesquisas apresentadas nos eventos são compiladas em fontes de informação denominadas de
anais. Assim, os anais correspondem à literatura produzida com os eventos. Esses documentos aparecem
numa variedade de formas que vão desde a publicação feita pela própria instituição organizadora, até a
publicação por editoras comerciais profissionais, caso em que o produto se apresenta na forma de
volumes de excelente qualidade editorial (CAMPELLO et al., 2003).
Como exemplo de um famoso congresso na área de Biblioteconomia, Campello et al. (2003) cita o
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, que teve sua primeira edição no ano de 1954, e veio ocorrendo,
ao longo dos tempos, em intervalos relativamente regulares. Em 2017, ocorreu a vigésima sétima edição,
na cidade de Fortaleza, conforme demonstra a logomarca apresentada abaixo:
Os eventos científicos apresentam como principais elementos ou composição: as conferências; as
palestras; os painéis; as mesas redondas, dentre outras (CAMPELLO et al., 2003).
A divulgação dos eventos, normalmente, é realizada por meio de boletins, publicações
especializadas, sítios de instituições promotoras; listas de discussão; imprensa em geral. No Brasil, existe
a Lista de Reuniões Técnico-Científicas Realizadas no Brasil e o Calendário de Eventos em Ciência e
Tecnologia, como também a Base de Dados de Eventos em C&T: Qualidade e Produtividade "«ea TMS
World Meetings Calendar^, os quais funcionam como canais especializados na divulgação dos eventos
(CAMPELLO et al., 2003).
O controle bibliográfico dos eventos, como também dos anais, é realizado por meio de diversos
canais, tais como: catálogos de editoras; boletins e revistas de associações que organizam eventos;
periódicos de indexação e resumo; e por meio da publicação em listas específicas para indexação desse
material (CAMPELLO et al., 2003).
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3.5 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS
Os periódicos são fontes primárias, que apresentam resultados de pesquisa (integrais).
Caracterizam-se como meios de comunicação de diferentes ideias, produção/propriedade intelectual;
pertencem à indústria editorial; e são categorizados como literatura branca (CAMPELLO et al., 2003).
Os periódicos científicos apareceram no século XVII na Europa, em uma época marcada por
mudanças em toda a sociedade, inclusive no campo científico. Constituem os primeiros periódicos
científicos da história: o Journal de Sçavans e o Philosophical Transactions, que era dedicado
exclusivamente ao registro das experiências científicas, não incluindo outras matérias (CAMPELLO et al.,
2003).
São quatro as funções dos periódicos apresentadas por Campello et al. (2003), a saber:
1 - comunicação formal dos resultados da pesquisa original;
2 - preservação do conhecimento registrado;
3 - estabelecimento da propriedade intelectual;
4 - manutenção do padrão da qualidade na ciência.
A mesma autora descreve cinco problemas inerentes aos periódicos:
1 – demora na publicação do artigo;
2 - custos altos de aquisição e manutenção;
3 - rigidez do formato impresso em pape;
4 – dificuldade em saber o que foi publicado;
5 - dificuldade em acessar o que foi publicado.
Campello et al. (2003) apontam como causas desses problemas, as seguintes ocorrências: 1 - a
proliferação de periódicos; 2 - dispersão de artigos sobre um mesmo assunto entre muitos títulos; e 3 –
elevada em demasia o custo de atualização de coleções.
Especificamente no âmago brasileiro, as autoras supracitadas descrevem os seguintes problemas:
custo dos periódicos foi agravado no início da década de 1990 por decisões políticas e circunstâncias
econômicas do País; áreas de ciências puras, engenharia e medicina costumam ser mais caros que o das
áreas de ciências sociais e humanidades; as bibliotecas se viram forçadas a fazer cortes significativos em
suas coleções, mas intensificou-se a busca por alternativas.
Como alternativas para os periódicos, as autoras enfatizam a importância advinda com o
nascimento dos periódicos eletrônicos, os quais podem estar no formato on-line como em CD-ROM.
Apesar das inúmeras possibilidades oferecidas pela tecnologia, a maioria dos periódicos científicos
eletrônicos ainda é muito parecida com os periódicos impressos.
Segundo Campelo et al. (2003), ainda há resistência na comunidade científica em aceitar o
periódico eletrônico como equivalente ao periódico tradicional. Mesmo assim, grandes investimentos
vêm sendo realizados em prol das bases eletrônicas de preprints, as quais publicam artigos ainda não
aprovados por pares, permitindo, dessa forma, que os resultados de pesquisas fiquem parado, haja vista
a demora dos periódicos no processo avaliativo e na publicação das edições. Como exemplo desse tipo de
base, cita a LANL Preprint Archive, na área de física, mantida pelo Los Alamos National Laboratory (LANL),
nos Estados Unidos.
Para Campello et al. (2003), existem também os periódicos técnicos e comerciais, que são
dedicados aos interesses da indústria e do comércio e, nesse sentido, seus conteúdos são menos
acadêmicos. Como forma de controle bibliográfico dos periódicos, Campello et al. (2003) mencionam as
listas de periódicos, tal como a Ulrich's International Periodicals Directory. No Brasil, o IBICT é responsável
pelas seguintes listas: Periódicos Brasileiros de Cultura; Periódicos Brasileiros em Ciência e Tecnologia e;
ISSN: Publicações Periódicas Brasileiras.
Por fim, como forma de controlar a publicação dos periódicos, Campello et al. (2003) mencionam
a criação do International Standard Serial Number, agência internacional do ISSN, localizado em Paris e
que, em parceria com institutos de controle de vários países, estabelece uma rede que registra os códigos
que identificam os periódicos existentes em cada país.
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3.6 LITERATUZA CINZENTA
Esse tipo de fonte caracteriza-se como publicações não convencionais, as quais não estão inseridas
no mercado editorial. Tratam-se de documentos semi-publicados, produzidos nos âmbitos
governamental, acadêmico, comercial e industrial. Esses documentos não são passíveis de receber
números normalizados e depósito legal. Exemplos: publicações governamentais, traduções avulsas,
preprints, dissertações, teses e literatura originada de encontros científicos, como os anais de congressos
(CAMPELLO et al., 2003).
O controle bibliográfico da literatura cinzenta é realizado por instituições específicas para esse fim,
tal como o National Technical Information Service (NTIS) e o System for Information on Grey Literature in
Europe (SIGLE), instituições presentes na Europa (CAMPELLO et al., 2003).
A internet propicia amplo acesso aos produtores da literatura cinzenta através de seus
mecanismos de comunicação: e-mail, chat (conversa em tempo real entre usuários conectados em salas
virtuais), as listas e os grupos de discussão (CAMPELLO et al., 2003).
3.7 RELATÓRIOS TÉCNICOS
São fontes primárias. Apresentam resultados de pesquisa. São considerados como meio de
comunicação confidencial, sobretudo ao contemplar pesquisas tecnológicas e científicas. Contemplam,
normalmente, áreas de defesa, aeronáutica e energia nuclear, mas, atualmente abrangem diversas
disciplinas. Os relatórios são caracterizados como literatura cinzenta (CAMPELLO et al., 2003).
Primeira empresa a publicar relatório em 1915, foi a Nasa. Em seguida, houve a criação do Office
for Scientific Research and Development (OSRD), como também agências especializadas como Defense
Documentation Center (DDC), o Technical Information Center da United States Atomic Energy Commission
(TIC/USAEC) e o NTIS (CAMPELLO et al., 2003).
Os relatórios são produzidos por empresas privadas, órgãos governamentais e instituições
controladas pelo governo. É fruto de um trabalho em equipe, normalmente com autoria coletiva,
possuindo um número reduzido de cópias. Os relatórios são produzidos, sobremaneira, nas pesquisas
tecnológicas nas áreas de ENGENHARIA. Mas também utilizados em Educação, Economia, Medicina,
Agricultura etc. (CAMPELLO et al., 2003).
Como formas de controle bibliográfico dessas fontes, citam-se o NTIS, que abriga uma coleção
formada por quase três milhões de relatórios; a base de dados Educational Resources Information Center
(ERIC), a qual indexa relatórios, artigos de periódicos, livros, anais e materiais instrucionais de Educação; a
Langley Technical Report Server: publicação da NASA; e, por fim, no Brasil, ainda não há formas de
controle dos relatórios técnicos (CAMPELLO et al., 2003).
3.8 PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS
As publicações governamentais são decorrentes de atividades públicas, funcionam como
“espelho” das atividades de um Governo e registram a atuação do Estado e orienta a população. Essas
fontes apresentam-se de forma desordenada e são caracterizadas como literatura cinzenta (CAMPELLO et
al., 2003).
Publicação oficial é qualquer item produzido por meios reprográficos ou outros, editado por uma
organização que é um o organismo oficial, e disponível para uma audiência mais larga que a daquele
organismo (CAMPELLO et al., 2003).
Essas publicações são documentos bibliográficos e não bibliográficos, produzidos por qualquer
processo, editados sob a responsabilidade, a expensas, por ordem ou com a participação dos órgãos da
administração pública, ou de entidades por ela controladas, com o objetivo de registrar a atuação do
Estado e de informar ou orientara opinião pública sobre a mesma (CAMPELLO et al., 2003).
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3.9 TESES E DISSERTAÇÕES
As teses e as dissertações caracterizam-se como fontes primárias, pois são documentos originados
das atividades dos cursos de pós-graduação, produzidos em instituições educacionais. Além disso, esses
documentos são caracterizados como literatura cinzenta e são direcionados a públicos especializados
(CAMPELLO et al., 2003).
Após a apresentação desses documentos por pares, eles podem ser fragmentados em artigos
científicos, de modo a garantir o acesso e divulgação para a comunidade científica. Na maioria das vezes,
esses documentos mantêm-se na sua forma original: impressão xerografada, número pequeno de
exemplares, normalização deficiente (CAMPELLO et al., 2003).
Quanto ao controle bibliográfico das teses e dissertações, tem-se, em nível internacional, a
instituição University Microfilms International (UMI), a qual dedica-se à venda de teses. No Brasil,
esforços para disseminação e guarda desse tipo de fonte tem sido realizado pelo IBICT, o qual criou
publicações que listam as teses defendidas no país, tal como o “Livro, do Jornal do Brasil”. Além disso,
também é produzido no Brasil, o Catálogo do Banco de Teses, pelo Ministério da Educação (MEC), como
também há o Sistema de Informação sobre Teses (SITE), gerenciado pelo IBICT e o serviço de comutação
bibliográfica (COMUT), coordenado pelo IBICT e realizado por grande parte de bibliotecas universitárias
brasileiras (CAMPELLO et al., 2003).
3.10 OBRAS DE REFERÊNCIA
Geralmente, contemplam as fontes secundárias. São publicações de uso pontual e recorrente.
Normalmente, não são disponibilizadas para empréstimo domiciliar em bibliotecas. Correspondem à
literatura branca e são obras apropriadas para consulta (CAMPELLO et al., 2003).
3.11 NORMAS TÉCNICAS
As normas técnicas podem ser consideradas como fontes primárias, que se referem à
padronização de uma tecnologia. As normas são permeadas por aplicação de regras, regidas por órgãos
nacionais e internacionais, cujo objetivo de sua aplicação, é simplificar o processo de produção em massa.
As normas estão em constante aprimoramento e são caracterizadas como literatura cinzenta (CAMPELLO
et al., 2003).
3.12 PATENTES
São instrumentos legais destinados a proteger a invenção industrial e que garantem ao inventor
um monopólio temporário. As patentes visam a recompensar o inventor por uma novidade técnica. Elas
devem ter uma aplicação industrial, produção independente (privada), respaldada por direitos autorais, e
são gerenciadas pelo Instituto da Propriedade Industrial (INPI) (CAMPELLO et al., 2003).
3.13 ÍNDICES DE CITAÇÃO
Permitem organizar o impacto que determinado trabalho concedeu à Literatura Científica. Servem
de base para fomentar estudos bibliométricos. Ordenam, controlam e preservam a literatura em ciência e
tecnologia. Por fim, esses tipos de fonte constituem obras de referências e são vistas como fontes
terciárias (CAMPELLO et al., 2003).
3.14 A INTERNET
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A informação na internet difere da informação disponível em outras fontes por sua acessibilidade
via redes de computadores, sua estrutura, seu dinamismo e seus métodos de publicação. As
peculiaridades da informação eletrônica em redes podem originar tanto vantagens como barreiras e
desafios (CAMPELLO et al., 2003).
3.15 BIBLIOTECAS DIGITAIS
3.15.1 Conceitos e características
A biblioteca convencional é aquela em que a maioria dos itens do seu acervo é constituída de
documentos em papel. Ela existe desde a invenção da escrita. Uma característica da biblioteca
convencional é que tanto a coleção como os seus catálogos utilizam o papel como suporte de registro da
informação. A biblioteca digital (BD) combina a estrutura e a coleta da informação, tradicionalmente
usada por bibliotecas e arquivos, com o uso da representação digital tornada possível pela informática
(CUNHA, 2008).
O acervo da BD precisa ter conteúdo, que pode ser material antigo, convertido no formato digital,
ou material novo, nascido digitalmente. Os itens que formam o seu acervo podem ser comprados,
doados, trocados ou digitalizados localmente, a partir de documentos que não mais estão sujeitos aos
ditames legais do direito autoral. O objetivo maior da biblioteca digital é consistente com aquele da
biblioteca convencional, isto é, organizar, distribuir preservar os recursos informacionais (CUNHA, 2008).
O quadro abaixo demonstra os documentos variados que podem compor o acervo de uma BD.
Segundo Cunha (2008), a BD contempla importantes aspectos, que são:
1 - organização da informação: a biblioteca digital tem um potencial informacional que dificilmente terá
sido alcançado pela biblioteca convencional;
2 - acesso à informação: este é o momento de se iniciar uma integração das fontes e materiais
eletrônicos nos acervos e serviços;
3 - o aspecto econômico: muitas bibliotecas procuram no ambiente externo aquelas fontes de
informação que poderão ser úteis, digitalizam seus conteúdos e os colocam à disposição de sua
comunidade;
4 - as ações cooperativas: houve um incremento das atividades de cooperação bibliotecária, não
somente para reduzir os custos, mas também para facilitar a sobrevivência da biblioteca como instituição
social.
3.15.2 Dimensões da BD
As BDs contemplam as seguintes dimensões, que são:
Dimensão contextual: significado econômico, social e cultural da web semântica e a recuperação
de informação: ontologias, agentes, metadados e publicações digitais;
Dimensão tecnológica: site de uma biblioteca, os componentes da URL: rede, servidor, roteador,
endereço IP, servidores de bancos de dados, motores de busca, interface com usuário;
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Dimensão do uso: papel das bibliotecas na comunicação científica, finalidades, mecanismos,
canais, filtros, o papel dos serviços de informação e das publicações eletrônicas, autopublicação,
auto-arquivamento e informação livre: Open Access e Open Archives.
Alguns conceitos inerentes à BD:
BDTD: missão de criar um consórcio de publicações eletrônicas, para acesso a teses e dissertações
brasileiras;
Ontologias: concepção de estruturas concebidas como um conjunto de relações entre elementos
com funções definidas;
Open Archives: interoperabilidade entre os sistemas das bibliotecas;
Open source: possibilita o usuário a alterar e adequar o software, segundo suas necessidades
(MARCONDES et al. 2006).
No que tange ao desenvolvimento das BDs no Brasil, importante citar como principais elementos
influenciadores: o IBICT, o Programa de informação e comunicação para a pesquisa – PROSSIGA, a BDTD,
os Arquivos abertos, os Repositórios institucionais, o Scielo, o Portal Capes, o Portal Domínio Público e as
BDs em Universidades brasileiras (MARCONDES et al. 2006).
3.15.3 Bibliotecas digitais e web semântica
A nova web depende do desenvolvimento de ferramentas que facilitem a geração e a gerência do
conjunto dos descritores, garantindo a criação de camadas semânticas por sobre os recursos disponíveis.
Os profissionais da informação têm muitas habilidades que outros profissionais procuram quando tentam
vislumbrar a web semântica, podendo contribuir decisivamente para sua própria etapa de
desenvolvimento. As técnicas biblioteconômicas muito podem contribuir para o desenvolvimento das BDs
(MARCONDES et al. 2006).
A biblioteca digital continua sendo uma biblioteca, com os mesmos propósitos, funções e metas
da biblioteca tradicional. A parte digital do termo indica meramente que os materiais são armazenados e
acessados digitalmente. Uma biblioteca digital é então muito mais que uma coleção digital,
particularmente uma coleção, como é ilustrado no número grandioso de sites da World Wide Web na
internet que consiste em informação atual relativamente volátil (MARCONDES et al. 2006).
No que se refere à Arquitetura da Informação, ela está relacionada às diversas formas com a
informação sobre ambientes urbanos poderia ser reunida, organizada e apresentada para públicos
distintos.
Elementos da Arquitetura informação no website da BD:
1 - Sistema de organização: cria estruturas sistemáticas;
2 - Sistema de rotulagem: guia usuário na navegação;
3 - Sistema de navegação e busca (MARCONDES et al. 2006).
Quanto ao uso dos metadados, um dos maiores objetivos do uso de metadados no contexto da
web é permitir não só descrever documentos eletrônicos e informações em geral, possibilitando sua
avaliação de relevância por usuários humanos, mas também permitir agenciar computadores e
programas especiais, robôs e agentes de software, para que eles compreendam os metadados associados
a documentos e possam então recuperá-los, avaliar sua relevância e manipulá-los com mais eficiência
(MARCONDES et al. 2006).
Um dos tipos de metadados de maior relevância na organização das coleções em BDs, diz respeito
ao padrão de metadados Doblin Core, o qual possui os seguintes elementos de descrição: Subject
(assunto); Title (título); Creator (autor, responsável pelo documento); Publisher (publicador, quem torna o
docum ento disponível na Internet); Contribuitor (outros colaboradores - porex. editores, tradutores, etc);
Description (descrição, resumo, sumário); Date (data de publicação); Type (tipo de recurso - homepage,
romance, poesia, software, dicionário); Format (formato do arquivo que contém o docum ento eletrônico
— texto, PDF, LaTex, HTML, W O R D ou outro); Indetifier (geralmente o URL de um docum ento
�40
eletrônico); Relation (relacionamentos com outros documentos, por ex. versões); Source (fonte ou
origem); Language (idioma do documento); Coverage (cobertura - espacial ou temporal, sobre que lugar,
ou sobre que época o texto se refere); e o Rights (texto livre especificando qualquer restrição referente a
direitos autorais) (MARCONDES et al. 2006).
Reforça-se que o Dublin Core é um padrão voltado principalmente para a descrição e a descoberta
de documentos eletrônicos. Caso a biblioteca digital, além de referenciar recursos eletrônicos, também
seja uma publicadora ou editora, terá que se preocupar, além de referenciar seus documentos com
metadados segundo padrões como Dublin Core, com questões como copyright, administração e gestão
destes documentos e a preservação digital dos mesmos. Para todas estas atividades, existem conjuntos
de metadados específicos (MARCONDES et al. 2006).
Nas BDs deve ser considerada a tríplice AA: acesso aberto, arquivos abertos e auto-arquivamento.
As BDs brasileiras usam o protocolo OAI-PMH, independentemente do software adotado. Todas se
baseiam em softwares livres. Alguns exemplos: o ePrint, para auto-arquivamento, o TEDE, para
repositório institucional, o SEER e o SOAC (MARCONDES et al. 2006).
Importante destacar que, no desenvolvimento de BDs, uma das questões primordiais a considerar
é a interface das BDs. Essa interface deve contemplar: 1 - componentes físicos - são os recursos tangíveis
compostos por dispositivos de hardware com os quais os usuários realizam as atividades motoras e
perceptivas; e 2 - componentes cognitivos - são recursos abstratos desenvolvidos pelo sistema a partir de
diretrizes, conceitos e valores pré-definidos (MARCONDES et al. 2006).
O desenvolvimento das interfaces possui diversos focos, tendo destaque aquele que foca no
usuário da BD. Assim, é preciso realizar estudos prévios de comportamento informacional, necessidades e
perfil dos utilizadores. Destacam-se como principais abordagens os estudos nessa direção: a abordagem
de Valor Agregado de Robert Taylor – usuário-sistema; a abordagem de Sense-Making de Brenda Dervin –
necessidade e comportamento; e a abordagem do Processo Construtivista de Carol Kuhlthau – busca e
recuperação (MARCONDES et al. 2006).
Com a expansão das bibliotecas convencionais para BDs consolidou-se o que se chama de
Bibliotecas híbridas, que se refere ao conceito para acomodar estes dois momentos paralelos que
estamos vivendo, o da “biblioteca híbrida”, aquela que contém não apenas material impresso e
magnético, mas também informação digital (em múltiplos formatos: mídias óticas on e off-line, como CDROMs e DVDs, terminais para acesso a catálogos, a bancos de dados e a alguns dos variados tipos de
documentos digitais) (MARCONDES et al. 2006).
Assim, as BDs das universidades brasileiras, em linhas gerais, oferecem os seguintes serviços:
Levantamento bibliográfico, COMUT, Pergunte à Bibliotecária, Fale conosco, Envio de cópias on-line,
Sugestões, Empréstimo entre bibliotecas, Sumários correntes, Fichas catalográficas, Normalização de
documentos, Dicionário, Enciclopédias on-line, Livros e periódicos on-line, Informativo: acervo, equipe e
serviços e Lista de periódicos eletrônicos (MARCONDES et al. 2006).
Na atualidade, as BDs viabilizaram novos conceitos, culturas e com profissionais competentes
quanto às habilidades profissionais. Desse modo, a formação do profissional que atua em BD deverá
contemplar as seguintes áreas: 1 - usuário da informação; 2 - Recursos informacionais, 3 - Processos de
agregação de valor; 4- Tecnologias da informação; e 5- Gestão da informação (MARCONDES et al. 2006).
3.15.4 Gestão de coleções na biblioteca digital
Na biblioteca digital continuam inalterados os objetivos, as funções básicas. O que muda é a
tecnologia. A gestão da coleção é a mesma da tradicional, contemplando os processos de:
1 – seleção e aquisição;
2 – catalogação;
3 – arquivamento (MARCONDES et al. 2006).
O modelo organizacional da coleção digital considera três funções:
Organização da mediação – imita o controle bibliográfico das bibliotecas físicas;
�41
Definição da coleção primária: materiais mais procurados;
Definição da coleção secundária: distribuidora da comunicação científica (MARCONDES et al.
2006).
O desenvolvimento de uma coleção digital é mais problemático do que o da coleção impressa. Os
dois problemas mais importantes na formação da coleção digital são os custos e a qualidade dos recursos
digitais. Portanto, no mundo digital, a autoridade do recurso digital é posta em xeque por duas situações:
1- proliferação de fontes que não são validadas; e 2 – possibilidade de manipulação dos documentos
(MARCONDES et al. 2006).
A fim de desenvolver as coleções das BDs, é preciso caracterizar as tipologias de fontes. Assim,
existem materiais dos mais diferenciados, como: materiais originalmente digitais; periódicos eletrônicos
de origem digital; periódicos com licença de uso; livro eletrônico e substitutos de obras impressas
(MARCONDES et al. 2006).
Tendo em vista a variação de conceitos e taxonomias atribuídas às BDs, convencionou-se
identificar três distintos elementos para essas bibliotecas, que são: os usuários, os conteúdos e os
serviços de acesso (MARCONDES et al. 2006).
Como benefícios oriundos com o desenvolvimento das BDs, podem-se destacar: 1 – informação
entregue diretamente; 2 – melhoramento da pesquisa; 3 – melhor colaboração; 4 – atualização das
informações; 5 – melhor uso das informações; e 6 – diminui o fosso digital (distância/limites)
(MARCONDES et al. 2006).
A participação dos governos na formação e gestão das BDs deve constituir um fazer típico da
Administração Pública. Portanto, no âmago governamental, deve-se considerar a rede comunitária, tendo
em vista: recursos e oportunidades culturais, recursos educativos, direitos e serviços da administração,
atividades econômicas e comerciais e a saúde e qualidade de vida (MARCONDES et al. 2006).
Segundo esses autores, na sociedade da aprendizagem, o governo precisa considerar a conexão
com a internet distribuída para todos, a presença de um rico conteúdo informativo e a capacidade de
saber utilizar a informação digital (MARCONDES et al. 2006).
A personificação dos serviços deve ser uma atividade constante na gestão das BDs. Assim, a
personalização dos serviços é um elemento constitutivo da BD, que, cada vez mais, deverá solicitar aos
usuários que se cadastrem e definam os serviços que lhes são prioritários. Devem-se valorizar os
seguintes atores: USUÁRIO – CLIENTE – PARTE INTERESSADA – PESSOA – COMUNIDADER DE USUÁRIOS –
AGENTE (MARCONDES et al. 2006).
No que tange à preservação e arquivamento dos documentos digitais, os autores enfatizam que a
preservação é a função da BD que compreende as atividades de armazenamento da informação em
suportes digitais, a manutenção das coleções, o acesso permanente e a difusão dos documentos
(MARCONDES et al. 2006).
Na preservação digital deve-se dar atenção às seguintes áreas: Estratégias de preservação;
Produtores e editores de informação; Direitos de propriedade intelectual; Gestão da coleção digital;
Metadados; Arquivos na rede; Atualização do pessoal; e, por fim, a colaboração (MARCONDES et al.
2006).
De qualquer forma, ressalta-se que a integridade da informação digital dependerá: do conteúdo;
da estabilidade; da consistência das citações; da procedência; e do contexto (MARCONDES et al. 2006).
No que tange à gestão e uso dos metadados, as funções dos metadados são: ajudar usuário
identificar os recursos digitais; ajudar usuários a conhecer as condições de acesso; ajudar os usuários a
utilizar os recursos; e ajudar o gestor do recurso na atividade de preservação (MARCONDES et al. 2006).
Os metatados têm sido muito utilizados na prática bibliotecária, sobretudo quanto à
representação da informação nas plataformas digitais. Os metadados na comunidade bibliotecária têm
contemplado, sobremaneira, as seguintes considerações: iniciativas do OCLC; apoio ao Projeto Marc;
utilização do padrão Doblin Core; e o uso do protocolo Z9.50 (MARCONDES et al. 2006).
No que tange ao acesso na BD, tem-se o que se chama de desintermediação. Os problemas de
acesso são os seguintes: interface de busca; interoperabilidade das BD; e a integração dos recursos
�42
digitais. As fases do processo de busca na BD contemplam: a formulação da busca; a ação; a avaliação dos
resultados; e o refinamento da busca (MARCONDES et al. 2006).
Por fim, após a criação, desenvolvimento e gestão das BDs, é preciso estabelece os mecanismos de
avaliação. A avaliação das BDs é mais complexa que as bibliotecas convencionais, sendo as medidas e
vaiáveis avaliativas também diferenciadas. A avaliação das BDs deve considerar diferentes orientações:
baseada nos conteúdos, nos serviços e nos usuários (MARCONDES et al. 2006).
O detalhamento de cada tipo de orientação para o processo de avaliação é demonstrado na tabela
abaixo:
3.16 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO – BIBLIOTECAS DIGITAIS
Questão 1 - Para ser plenamente competente no planejamento e na operação de bibliotecas digitais, o
profissional da informação, na visão de Marcondes et al. (2006) deve ter conhecimento em algumas
áreas. Assinale, a alternativa em que são indicadas corretamente essas áreas:
A) Gestão de documentos, processos de agregação de valor, recursos informacionais, tecnologias da
informação e usuários da informação.
B) Gestão da informação, processos de agregação de valor, recursos informacionais, tecnologias da
informação e usuários da informação.
C) Gestão de pessoas, processamento técnico, recursos informacionais, tecnologias da informação e
usuários da informação.
D) Gestão da informação, processamento técnico, recursos informacionais, sistemas de informação e
usuários da informação.
Questão 2 - Dadas as características seguintes, referente às Bibliotecas Digitais,
I. Acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador conectado a uma rede.
II.
Utilização
simultânea
do
mesmo
documento
por
duas
ou
mais
pessoas.
III. Existência de coleções de documentos correntes onde se pode acessar não somente a referência
bibliográfica,
mas
também
o
seu
texto
completo.
IV.
Serviço
de
auxílio
ao
usuário
por
meio
da
entrevista
de
referência.
V. Provisão de acesso em linha e outras fontes externas de informação (bibliotecas, museus, bancos de
dados, instituições públicas e privadas), por meio da utilização da comutação de dados e empréstimo
entre instituições.
É correto afirmar que: a) I e II estão corretas.
b) II, III e V estão corretas. c) III, IV e V estão corretas.
d) IV e V estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.
Questão três - Com relação à catalogação praticada na biblioteca digital é INCORRETO afirmar:
a) que, da mesma forma que a ficha catalográfica, a função dos metadados é oferecer aos usuários uma
série de informações úteis para a localização de informações que possam existir no interior do material
digital.
�43
b)que os registros MARC que possuem a etiqueta 856 são usados para a catalogação de periódicos
eletrônicos e recursos da internet.
c) que o metadado DOI (Document Object Identifier) é um identificador duradouro, destinado à gestão de
objetos digitais protegidos pelo direito do autor e foi desenvolvido pela Association of American
Publisher.
d) que o Dublin Core Metadata Element Set foi desenvolvido com o objetivo de melhorara recuperação
dos recursos informacionais da Rede por parte de bibliotecas, editoras, arquivos e autores. Seu objetivo é
colocar em ordem de relevância os recursos encontrados e, propositalmente, foi limitado a um pequeno
conjunto de dados.
Questão 4 - De acordo com a taxonomia dos modelos de avaliação de bibliotecas digitais de Tammaro
(2008), a abordagem centrada nos usuários considera como critérios:
a) eficiência, eficácia e perfeição;
b) qualidade, funcionalidade e custos;
c) impacto, benefícios e valor;
d) recursos, serviços e equipamentos;
e) infraestrutura, transparência e serviços.
Questão 5 - Com o advento das bibliotecas digitais alterou-se fundamentalmente:
a) o meio de produção e registro dos documentos.
b) a essência das mensagens veiculadas pelos documentos.
c) o conteúdo das mensagens veiculadas pelos documentos.
d) o volume de dados necessários para identificar os documentos.
Questão 6 - Tammaro (2003) considera a biblioteca digital um sistema cooperativo e apresenta uma
tipologia para os acordos necessários à integração de recursos heterogêneos. Relacione adequadamente
os tipos de acordo às suas respectivas características.
1. Acordo organizacional.
2. Acordo quanto a conteúdos.
3. Acordo técnico.
( ) Concordância quanto às regras de acesso, preservação, autenticação e pagamento.
( ) Consenso quanto a formatos, protocolos e sistemas de segurança que permitam a troca de
mensagens.
( ) Decisão quanto aos dados e seus metadados, inclusive os metadados semânticos.
A sequência está correta em: a) 1,2,3; b) 1,3,2; c) 2,1,3; d) 3,1,2; e) 3,2,1.
Questão sete - O protocolo desenvolvido pela Library of Congress, OCLC e RLIN, conhecido pelo número
de série Z39.50, tem por finalidade:
A - descobrir informações em rede e abranger todos os modos de acesso à biblioteca virtual, sejam
documentos ou pesquisas.
B - ajudar na recuperação e transferência de dados em formato bibliográfico entre processadores ligados
em rede.
C - definir todos os tipos de equipamento eletrônicos necessários ao seu funcionamento, na recuperação
da informação.
D - facilitar a interação entre usuários e documentos de bibliotecas digitais, podendo o usuário construir
sua própria base e criar novos documentos.
E - manter o controle bibliográfico de tudo o que é produzido na Rede e que possui alguma qualidade
informacional.
Questão 8 - Segundo Marcondes et al. (2006, p. 246), um dos pontos relevantes, ao se construir uma
biblioteca digital, é o acesso. A partir da sua implantação, se não houver restrições, o acesso será
universal e trará grandes vantagens, como as citadas a seguir, EXCETO:
a) preservação dos materiais impressos.
b) informação sem acesso hipertextual.
c) sem limitações de disponibilidade do número de volumes
�44
d) sem limitações geográficas.
e) integração, difusão e democratização do conhecimento.
3.17 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO – FONTES DE INFORMAÇÃO
Questão 1 - O resultado do trabalho intelectual de estudiosos e pesquisadores é comunicado,
geralmente, através de algum tipo de publicação. O conjunto desses registros vai formar:
(A) o guia de literatura
(B) a publicação técnica
(C) a literatura científica
(D) o índice de citação
Questão 2 - As cópias dos trabalhos aceitos pela comissão organizadora dos encontros científicos,
distribuídas antes do evento às pessoas inscritas, são chamadas:
(A) proceedings
(B) preprints
(C) anais
(D) resoluções
Questão 3 - O escritório brasileiro encarregado do controle e da concessão de patentes e registro de
marcas é a seguinte autarquia com sede no Rio de Janeiro:
(A) INSS
(B) INPI
(C) OMPI
(D) INEP
Questão 4 - As enciclopédias e os dicionários são obras de referência, por isso não figuram como fontes
de informação. ( ) certo ( ) errado
Questão 5 - Embora consolidado como fonte de informação científica e universalmente aceito, há
crescentes problemas com os periódicos científicos tradicionais. São fatores que costumam ser apontados
como causas desses problemas, EXCETO:
A) Custo de atualização de coleções.
B) Dispersão de artigos sobre determinado tema em vários periódicos.
C) Demora na publicação dos artigos.
D) Proliferação exagerada dos periódicos.
Questão 6 - O uso efetivo e regular de fontes impressas ou online de qualidade é um requisito que pode
levar ao sucesso na satisfação das necessidades de informação dos usuários. Considerando essa
afirmação, marque com a letra F as alternativas falsas e com a letra V as alternativas verdadeiras:
( ) O número de fontes de informação científica e tecnológica vem aumentando significativamente. Esse
fenômeno é atribuído às mitoses nos ramos da ciência, provocando o surgimento de novas disciplinas
científicas, bem como o aumento do número de usuários e a diversificação de seus interesses.
( ) Considerando o advento da internet, a literatura técnico-científica, antes denominada de “Literatura
Cinzenta”, deixou de existir.
( ) O serviço de comutação bibliográfica (Comut) foi extinto, pois as fontes de informação online são
livremente acessíveis.
( ) A Federação Internacional de Informação e Documentação (FID) é um dos organismos internacionais
de normalização da documentação científica.
( ) Diferentemente da literatura científica, a literatura tecnológica nem sempre é divulgada amplamente.
A) V, V, F, V, F B) V, V, V, F, V C) V, F, F, V, V D) F, V, V, V, F E) F, F, V, F, V
Questão sete - As fontes de informação não convencionais, utilizadas para a realização de pesquisas
especializadas, são conhecidas como literatura branca. ( ) Certo ( ) Errado
Questão 8 - Com relação às fontes de informação, periódicos de indexação, fontes históricas, patentes e
metabuscadores, são respectivamente exemplos de fonte:
�45
(A) primária, secundária, terciária e quaternária.
(B) secundária, primária, terciária e eletrônica.
(C) primária, terciária, secundária e eletrônica.
(D) terciária, secundária, primária e eletrônica.
(E) secundária, terciária, primária e eletrônica.
Questão 9 - A fonte para identificação de trabalhos de interesse do pesquisador que propicia o acesso ao
conhecimento em uma única fonte, fato ocorrido ou em curso periodicamente no campo estudado e
podendo substituir a consulta a uma série de outros trabalhos, é:
a) a revisão de literatura.
b) o relatório técnico.
c) o guia de literatura.
d) a literatura cinzenta.
Questão dez - Fontes de informação são geralmente classificadas como fontes primárias, secundárias e
terciárias, dependendo da sua originalidade e sua proximidade com a fonte de origem. Associe a primeira
coluna com a segunda coluna:
1. Primária
2. Secundária
3. Terciária
( ) Interpretações e avaliações de fontes primárias.
( ) São aqueles que se apresentam e são disseminados exatamente na forma com que são produzidos por
seus autores.
( ) Os documentos incluídos nessa categoria variam muito, entre os quais bibliografias de bibliografias,
diretórios e almanaques.
( ) Patentes, Periódicos.
a) 1 - 2 - 3 - 2
b) 2 - 3 - 1 - 2
c) 3 - 2 - 2 – 3
d) 2 - 1 - 3 – 1
e) 1 - 3 - 1 - 2
REFERÊNCIAS
CAMPELLO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e
profissionais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
CUNHA, M. B. Das bibliotecas convencionais às digitais: diferença e convergências. Perspectiva em
Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, jan./abr. 2008.
MARCONDES, C. H. et al. (Org.). Bibliotecas digitais: saberes e práticas. 2 ed. Salvador: UFBA, 2006.
TAMMARO, A. M.; SALARELLI, A. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
�46
AULA IV – O periódico científico, Open
Archives e Recursos Informacionais
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
Bibliotecária colaboradora: Flávia Ferreira Abreu
Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010), especialização
em Gestão Estratégica da Informação pela Federal de Minas Gerais (2012). Atualmente, é mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFMG. Tem experiência na área de Ciência da
Informação, com ênfase em Gestão da Informação, atuando principalmente nos seguintes temas: leituras
compartilhadas; bibliotecas itinerantes, mediação de leituras e em gestão de sistema da informação.
CONTEÚDOS DA AULA
�47
4 O PERIÓDICO CIENTÍFICO
4.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O periódico científico está inserido no universo da comunicação científica, a qual é analisada por
diversas áreas do conhecimento, mas para a Ciência da Informação o enfoque está direcionado para a
produção e uso, os quais se manifestam como os enfoques mais estudados (MUELLER; PASSOS, 2000).
O novo conhecimento deve ser submetido ao exame de outros cientistas (pares) que irão avaliar
sua qualidade e validade. Para que o conhecimento seja reconhecido como científico deve, também, ser
publicado, sendo o periódico o veículo mais utilizado para tal finalidade, embora ocorram variações de
uma área do conhecimento para outra (MUELLER; PASSOS, 2000).
O periódico científico é o veículo formal da ciência “autorizada”. É a fonte por excelência a ser
consultada e citada nos trabalhos científicos. Percebe-se, a importância do papel que os periódicos bemconceituados desempenham: NA FABRICAÇÃO DA CIÊNCIA E NA CARREIRA DOS CIENTISTAS (MUELLER;
PASSOS, 2000).
O periódico científico é considerado o veículo de maior visibilidade para resultados de pesquisa, o
qual tem sido considerado, para as CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS, assim como para parte significativa das
CIÊNCIAS HUMANAS e sociais e para parcela menor das ARTES E HUMANIDADES, o veículo mais
importante de comunicação da pesquisa. Representa, assim, um dos veículos que compõem o produto
final, formal, consolidado da disseminação de resultados de pesquisas realizadas por estudiosos de todo o
mundo (MUELLER; PASSOS, 2000).
Trata-se de um tipo de comunicação formal que perpassa por um longo e complexo fluxo. Como
exemplo desse processo, tem-se o Modelo de Garvey e Griffith desenvolvido a partir de estudos na área
da Psicologia sobre o fluxo da comunicação científica, o qual engloba desde o início do percurso de um
trabalho científico até o final do processo da comunicação científica (MUELLER; PASSOS, 2000).
O modelo proposto por Garvey e Griffith mostra de maneira esquematizada o processo da
disseminação cientifica, desde as fases iniciais da elaboração de um projeto de pesquisa até a aceitação
final de seus resultados, já como conhecimento científico certificado. [...] O modelo de Garvey e Griffith
mostra claramente a existência de dois tipos de comunicação: formal e informal (MUELLER; PASSOS,
2000).
Com o desenvolvimento tecnológico, principalmente com o início do acesso a computadores
pessoais e a utilização do correio eletrônico pelos pesquisadores, tornaram-se questionáveis os limites da
categorização de comunicação formal e informal (MUELLER; PASSOS, 2000).
�48
O formato tradicional do periódico científico, impresso em papel já começa a ser alvo de
tentativas de inovação e mudanças, não apenas de canal, mas de concepção, pois compreendem que
volumes e fascículos poderiam ser abolidos para que se usufruísse da rapidez e da capacidade de
interação dos meios eletrônicos (MUELLER; PASSOS, 2000).
Considerando a globalização da ciência, verificam-se limitações para sua universalidade. Isto,
oriundo das desigualdades econômicas e sociais presentes nos mais diferentes países. Como
consequência, a produção e utilização do conhecimento científico se restringem aos países do chamado
Primeiro Mundo. E as diferenças no acesso e uso dos periódicos também se manifestam entre ricos e
pobres. A periferia adota as preferências e os valores de centro, avaliando seu próprio desempenho com
os critérios desenvolvidos e aplicados na metrópole (MUELLER; PASSOS, 2000).
Mesmo com os impactos das tecnologias nos periódicos, o periódico persiste como instrumento
de atualização indispensável em qualquer profissão e provoca impactos significativos no fluxo da
informação científica e tecnológica, quer em sua versão impressa, quer em seu formato eletrônico
(MUELLER; PASSOS, 2000).
4.2 OPEN ARCHIVES
A comunicação científica é parte essencial dos estudos da ciência da informação, a qual constitui
uma disciplina cujas preocupações centrais estão focadas em questões relacionadas, direta ou
indiretamente, com o compartilhamento do conhecimento na sociedade (BAPTISTA et al., 2007).
Pesquisas, em todo o mundo, são primordialmente realizadas por pesquisadores em
universidades. Como consequência, mudanças no ambiente acadêmico das universidades tendem a ter
reflexo tanto na atividade da pesquisa propriamente dita quanto na sua disseminação (BAPTISTA et al.,
2007).
A ideia do acesso livre se deve, principalmente, a dois fatores: 1 - de uma reação dos
pesquisadores ao modelo de negócios de editoras comerciais de revistas científicas (e seus preços cada
vez mais altos - preços de assinatura); 2 - crescente conscientização do aumento de impacto provocado
pela disponibilização de documentos científicos livres de barreiras ao acesso (BAPTISTA et al., 2007).
O Open Archives é um movimento mundial em favor da disseminação ampla e irrestrita dos
resultados de pesquisas financiadas com recursos públicos. Os benefícios dessa filosofia são, entre outros,
a maior visibilidade das pesquisas e sua utilização pelo maior número possível de interessados, o que
promove, em última instância, o desenvolvimento da ciência (BAPTISTA et al., 2007).
Importante frisar que os impactos promovidos pelo modelo de acesso ao periódico científico ao
longo dos três últimos séculos devem-se ao modelo de negócios, o qual NÃO ATENDE AS ideais de
disseminação da pesquisa, como também referem-se aos PREÇOS DAS ASSINATURAS cobrados por
editores comerciais (BAPTISTA et al., 2007).
Com o modelo comercial vigente até o final do século XX desencadeou-se: pouca visibilidade das
pesquisas, no que tange às necessidades tanto de acesso quanto de disseminação, particularmente por
parte da comunidade dos países considerados periféricos (BAPTISTA et al., 2007).
Trajetória histórica do Open Archives: 1999 – Convenção de Santa Fé (Califórnia); Criação da OAI Protocolo OAI-PMH; 2001 – Reunião de Budapeste, organizada pela OSI; Documento: Budapest Open
Access Initiative (BOAI) (BAPTISTA et al., 2007).
Estratégias advindas do BOAI: via verde, por meio do depósito em repositórios
(autoarquivamento) e a via dourada, por meio da publicação em periódicos de acesso livre ao
conhecimento (BAPTISTA et al., 2007).
Em fevereiro de 2007 existiam mais de 2500 revistas de acesso livre e mais de 700 repositórios
institucionais em universidades e centros de investigação de todo o mundo. Acredita-se que a via verde é
a estratégia que pode conduzir de forma mais rápida à concretização do objetivo (utópico para alguns) de
ter 100% da literatura científica em acesso livre (BAPTISTA et al., 2007).
�49
4.3 OS REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS
Os materiais depositados nos repositórios são:
1 - artigos publicados em revistas científicas;
2 - teses e dissertações;
3 - relatórios técnicos de projetos;
4 - outros materiais resultantes da produção intelectual de uma instituição (SENA, 2000).
No que tange às políticas institucionais, elas podem ser de natureza voluntária, de natureza
compulsória e de natureza mista (política Patchwork Mandate). O depósito compulsório, portanto, visa a
solucionar a questão dos reduzidos índices de autoarquivamento. Muitos defendem e aderem à proposta
do depósito departamental em deprimento ao institucional (SENA, 2000).
O Repositório digital ArXiv deposita artigos e relatórios não publicados; é denominado de
repositório de e-prints ou e-prints archives; possui a presença de um moderador; representa um espaço
para comentários dos usuários; e, por fim, assemelha-se a colégios invisíveis (SENA, 2000).
O arquivo de e-prints precisa conter os elementos:
1 - mecanismo de submissão;
2 - sistema de armazenamento a longo prazo;
3 - uma política de gestão para a submissão e preservação de documentos;
4 - uma interface aberta que permita a terceiros coletar os metadados dos respectivos arquivos
(SENA, 2000).
Existem várias ferramentas de suporte ao Acesso Livre que implementam o protocolo OAI-PMH.
Grande parte destas ferramentas é de código aberto (ou Open Source, no original), o que significa não só
que são gratuitas, como que podem ser alteradas. O Open Journal Systems (OJS) constitui um sistema de
gestão de revistas: 900 revistas mundiais, sendo 140 brasileiras; e o Sistemas Eprints, DSpace e Fedora
representam tipos de repositórios (institucionais, temáticos, disciplinares ou outros) (SENA, 2000).
Existem várias ferramentas de suporte ao Acesso Livre que implementam o protocolo OAI-PMH.
Grande parte destas ferramentas é de código aberto (ou Open Source, no original), o que significa não só
que são gratuitas, como que podem ser alteradas (SENA, 2000).
A comunicação científica ampliou seus horizontes de troca de dados, informações e
conhecimentos com o aparecimento dos open archives, arquivos que congregam e-prints das diversas
áreas do saber e que são abertos à consulta pública, bem como à publicação automatizada dos trabalhos
por parte dos pesquisadores (SENA, 2000).
A experiência americana em áreas da física, matemática e ciência da computação, entre outras,
demonstra a viabilidade e utilidade dos arquivos abertos como ponto de convergência para comunidades
de pesquisadores que se veem sem fronteiras geográficas ou institucionais para o intercâmbio de seus
resultados de pesquisas (SENA, 2000).
Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, existe um número crescente dessas coleções de
e-prints (preprints e reprints). Os pares tornam-se seus próprios editores. A publicação desses
artigos/trabalhos é de inteira responsabilidade do autor/pesquisador, que o faz de forma automatizada
(SENA, 2000).
As publicações dos repositórios e-prints podem ser vistas como publicação acadêmica nãocomercial, viabilizando-se a vontade do autor de que haja a máxima distribuição possível do seu trabalho,
sem qualquer cobrança de royalties ou pay-per-view, resguardado, porém, o uso justo (fair use) da obra,
permitindo ao autor publicar onde quiser o seu trabalho (SENA, 2000).
Parte do futuro dos open archives depende dos avanços das tecnologias de informação e
comunicação, especialmente da indústria de software, que hoje busca implementações que tentam aliar
performance e interoperabilidade em diferentes ambientes. (SENA, 2000).
4.4 RECURSOS INFORMACIONAIS: REPOSITÓRIOS DIGITAIS
�50
Na segunda metade do século XX, há um deslocamento do regime de acumulação baseado na
grande indústria, para as atividades imateriais, deslocamento este, imposto pela globalização do mercado
com relação à produção intelectual e alterando, também, as relações sociais (SAYÃO et al., 2009).
Os repositórios institucionais manifestam-se como peças fundamentais de um futuro sistema
brasileiro de livre acesso à produção científica do país. Constituem bibliotecas digitais destinadas a
guardar, preservar e garantir livre acesso, via internet, à produção científica no âmbito de uma dada
instituição (SAYÃO et al., 2009).
São elementos de uma rede ou infraestrutura informacional de um país ou de um domínio
institucional destinados a garantir a guarda, preservação a longo prazo e, fundamentalmente, o livre
acesso à produção científica. Eles são uma retomada dos ideais iluministas quanto aos resultados da
atividade científica, na forma das diferentes publicações (SAYÃO et al., 2009).
Os Repositórios Institucionais (RI) constituem, hoje, uma das principais iniciativas para a
implantação do acesso livre no mundo. Os benefícios que essa iniciativa traz para os pesquisadores, as
instituições de ensino e pesquisa, assim como para os países são expressivos (SAYÃO et al., 2009).
O lançamento do Manifesto brasileiro de apoio ao acesso livre à informação científica em 2005 é o
primeiro desdobramento político no Brasil de um movimento internacional amplo de apoio ao livre
acesso à informação científica. O primeiro repositório digital de preprints surge em 1991, no laboratório
de física de Los Alamos. O primeiro periódico totalmente eletrônico, The Online Journal of Clinical Trials,
surge em 1992 (SAYÃO et al., 2009).
Os repositórios se proliferavam por diversos países e cobriam as diferentes áreas de
conhecimento. No bojo dessa iniciativa, foi criado o padrão de metadados Dublin Core e o Open Archives
Initiative Protocol for Metadata Harvesting (OAI-PMH), para propiciar a coleta automática e o reuso de
metadados de repositórios abertos (open archives) (SAYÃO et al., 2009).
Repositório institucional é uma base de dados na web na qual uma instituição de pesquisa
deposita sistematicamente sua produção acadêmica e a disponibiliza de forma ampla para as
comunidades interessadas (SAYÃO et al., 2009).
Os serviços oferecidos no repositório envolvem a captura, armazenamento, tratamento técnico,
organização, preservação e entrega de conteúdos digitais de toda a natureza – texto, imagens, vídeo,
áudio, apresentações, programas de computador, datasets etc. (SAYÃO et al., 2009).
Existe uma grande variedade de programas, como os gerenciadores de bases de dados
bibliográficos – por exemplo, o Micro-ISIS –, e ainda os softwares gerenciadores de banco de dados mais
genéricos, como o MS Access (SAYÃO et al., 2009).
As fases de criação dos repositórios são:
1 - a necessidade de se criar um repositório institucional;
2 – fixação das políticas de gestão e de uso do repositório;
3 – estabelecimento do elenco de serviços que serão oferecidos a uma comunidade definida de
usuários;
4 – Escolha dos softwares (SAYÃO et al., 2009).
Assim, devem-se considerar, na escolha dos softwares, os seguintes requisitos:
1 – Escalabilidade: crescimento do sistema;
2 – Extensibilidade: agregar novas ferramentas;
3 - Facilidade de implantação;
4 - Plataforma computacional;
5 - Implantações de sucesso;
6 - Suporte do sistema;
7 - Base de conhecimento das comunidades envolvidas;
8 - Perspectivas para o futuro;
9 – Limites do sistema;
9 - Documentação disponível/cursos/publicações (SAYÃO et al., 2009).
�51
Os modelos de licença e distribuição são: Software proprietários: - o cliente paga por uma licença
de uso do software; - Software de código aberto – tipicamente o cliente baixa gratuitamente o software
da internet e o instala por conta própria ou assistido por consultoria contratada (SAYÃO et al., 2009).
Para estabelecer a infraestrutura técnica, gerencial e metodológica, consideram-se como
elementos principais: o hardware, software, expertise técnica gerencial e metodológica e a
sustentabilidade (SAYÃO et al., 2009).
Por sua vez, para avaliação do software, considera-se como parâmetro de escolha: interface
default: prontas para uso; padrões de interface: padrões (abertos) apropriados; customização; lay-out,
cores, logomarcas etc.; ergonomia e usabilidade; acessibilidade; e multilíngue (SAYÃO et al., 2009).
Para organização da informação, são tidos como principais processos: a indexação: o software
pode ser configurado para apresentar texto completo, criar índices, vocabulários controlados etc.; a
recuperação da informação; e a interatividade entre usuários (SAYÃO et al., 2009).
No que tange aos softwares livres para instalação dos repositórios, tem-se o Dspace, definido
como um sistema de repositório digital inovador que captura, armazena, indexa, preserva e redistribui
materiais de pesquisa em formato digital produzidos por comunidades acadêmicas dentro do contexto de
organizações de pesquisa e de universidades (SAYÃO et al., 2009).
As funções dos repositórios institucionais são: 1 - criação de comunidades e de coleções; 2 cadastro de usuários; 3 - gerenciamento de políticas de conteúdos; 4 - autoarquivamento de documentos.
Atualmente, pode-se considerar que o repositório digital surgiu com propósitos de preservação da
memória e visibilidade institucional, porém, esses ambientes não precisam ser obrigatoriamente
científicos (SAYÃO et al., 2009).
As instituições de memória sempre tiveram a preocupação com a seleção dos objetos de suas
coleções, ainda que essa seleção fosse de natureza política, como as escolhas o são. O interesse das
bibliotecas, dos arquivos, dos museus foi e é o de criar coleções que possam simbolizar o conhecimento
acumulado, talvez visando a um coletivo que transcenda à singularidade da produção intelectual (SAYÃO
et al., 2009).
A Biblioteca Digital Mundial (BDM) é uma coleção de bens culturais mundiais que poderia contar
histórias e iluminar os acontecimentos de países e culturas, promovendo a troca e o entendimento
multicultural (SAYÃO et al., 2009).
Existe como estratégia de repositório para garantia da memória histórica da humanidade o
PROJETO DE NATUREZA EDUCATIVA, PATRIMONIAL E FILANTRÓPICA DA UNESCO, 2005, cujo objetivo da
criação desse projeto é instituir uma biblioteca universal, com o intuito de reduzir limites entre
hemisfério norte e sul (SAYÃO et al., 2009).
Para os documentos a serem incorporados no repositório, considera-se que o ciclo documentário
que permeia o processo de tratamento deva contemplar as fases demonstradas na figura abaixo:
�52
4.5 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 – Com relação à relevância dos canais informais de comunicação usados nos dias atuais, à
evolução do processo de comunicação científica em biblioteconomia e aos conceitos fundamentais dessa
área, é correto afirmar que:
a) os altos custos para publicação impressa e divulgação de trabalhos de caráter técnico-científico
estimulam o desenvolvimento da comunicação científica.
b) a comunicação científica consiste da troca de informações entre membros da comunidade científica
acerca de atividades associadas somente à análise, organização e aplicação da informação, desde o
momento em que o cientista decide o que pesquisar até que os resultados de sua pesquisa sejam aceitos
como constituintes do conhecimento científico.
c) o pesquisador, para garantir qualidade, confiabilidade e credibilidade à sua produção científica, deve
acompanhar, sistematicamente, a literatura publicada de suas áreas de interesse e, mediante a
publicação de suas ideias e resultados, buscar a avaliação de outros pesquisadores, mantendo constante
comunicação com seus pares.
d) o padrão de exercício técnico-profissional em comunicação técnico-científica, ao longo dos tempos,
tem variado de acordo com as características específicas de cada época.
e) a comunicação científica é prejudicial à organização do conhecimento científico que vise refutar os
resultados de pesquisas anteriores ou estimular novas perspectivas em diversas áreas.
Questão 2 – Sobre os Repositórios Institucionais, é CORRETO afirmar que:
a)Toda biblioteca digital pode ser considerada um tipo de repositório institucional. Entretanto, nem todo
repositório institucional de acesso aberto pode ser considerado uma biblioteca digital.
b)A avaliação por pares é uma das características dos repositórios institucionais, como também de outros
veículos de publicação científica. Portanto, a seleção do material que fará parte do RI deverá passar pela
avaliação dos pares.
c)Por lidar com a produção científica e acadêmica, os repositórios institucionais equivalem-se aos
sistemas de gerenciamento de bibliotecas, pois, servem para a manutenção, desenvolvimento e controle
do acervo como um todo.
d)Lidam com a produção científica de uma determinada instituição, contemplando a reunião,
armazenamento, organização, preservação, recuperação e, sobretudo, a ampla disseminação da
informação científica produzida.
e) Repositórios institucionais são semelhantes aos periódicos científicos, pois, têm a função de registrar,
certificar, arquivar e disseminar a produção intelectual da instituição.
Questão 3 – Um Repositório Institucional (RI) de acesso aberto constitui um serviço de informação
científica - em ambiente digital e interoperável — dedicado ao gerenciamento da produção intelectual de
uma instituição. Sobre Repositórios é correto afirmar:
a) O acesso aberto significa que os textos completos podem ser acessados através da Internet, para
leitura, download, cópia, distribuição, impressão, busca ou criação de links.
�53
b) Não existe nenhum controle sobre os direitos autorais, a partir do momento que o texto é publicado
no RI cessam os direitos autorais.
c) O maior benefício dos RI's é o fato de serem gratuitos.
d) Apesar de serem de livre acesso, os RI's não têm uma política de manter permanentemente seus
conteúdos.
Questão 4 – Publicação periódica é destinada a promover o progresso da ciência, geralmente noticiando
novas pesquisas. A maioria é altamente especializada, trata-se de:
a) Periódico científico;
b) Revista;
c) Trabalho de Conclusão de Curso;
d) Livro didático;
e) Artigo científico.
REFERÊNCIAS
MUELLER, S. P. M.; PASSOS, E. J. L. (Org.). Comunicação científica. Brasília: Departamento Ciência da
Informação, 2000.
BAPTISTA, A. A. et al. Comunicação científica: o papel do Open Archives Iniciative no contexto do acesso
livre. Encontros Bibli, n. esp., 2007.
SENA, N. K. Open archives: caminho alternativo para a comunicação científica, Ciência da Informação, v.
29, n. 3, dez. 2000.
SAYÃO, L. et al. (Org.). Implantação e gestão de repositórios institucionais: políticas, memória, livre
acesso e preservação. Salvador: EDUFBA, 2009.
�54
MÓDULO III
ORGANIZAÇÃO E TRATAMENTO DA
INFORMAÇÃO EM SUPORTES
VARIADOS
AULA V: Software para gerenciamento de bibliotecas Sistema Pergamun
AULA VI: Representação Temática - Sistemas de Classificação
CDD e CDU
AULA VII: Representação Temática da Informação - Indexação
AULA VIII: Representação Descritiva - Catalogação
�55
AULA V: Software para gerenciamento de
bibliotecas – Sistema Pergamun
Docente responsável: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Bibliotecária da Escola Ciência da Informação da UFMG. Presidente da ABMG, gestão 2018/2021.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento. Tem
experiência na área de Biblioteca Universitária e Educação a Distância, tendo ocupado cargo de gestão do
Sistema de Bibliotecas da UFMG, por duas vezes.
CONTEÚDOS DA AULA
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5 SOFTWARE PARA GERENCIAMENTO DE BIBLIOTECAS: SISTEMA PERGAMUM
5.1 QUESTÕES CONTEXTUAIS
A revolução tecnológica que vem acontecendo é evidente, ao considerar o desenvolvimento da
informática, comunicações e telecomunicações (TICs). Essas tecnologias provocam mudanças
significativas em todas as áreas do conhecimento, não sendo diferente na área da informação.
Assim, nas bibliotecas, houve a necessidade de reestruturação de serviços e produtos, em
conjunto com a redefinição da forma de atuar das bibliotecas, considerando o contexto social, com base
no perfil diferenciado e exigências dos usuários. O esquema a seguir demonstra essa relação:
Evidencia-se que, com o surgimento do microcomputador e internet, houve maior visibilidade
para os serviços e produtos oferecidos aos usuários, com seus acervos disponíveis em catálogos on-line
(Online Public Access Catalogue – OPAC), reservas, renovações, levantamentos bibliográficos etc.,
inicialmente em rede de intranet e, mais tarde, em redes nacionais e internacionais, com as bibliotecas
virtuais e digitais.
As bibliotecas há muito reconheceram a impossibilidade de isoladamente possuírem todos os
recursos necessários para atender as necessidades de seus usuários. Nesse sentido, participar em redes
cooperativas passa a ser praticamente obrigatório, pois traz inúmeras vantagens, tanto para o
profissional bibliotecário, quanto para os usuários.
5.2 PERGAMUM: GÊNESE E DESENVOLVIMENTO
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná foi pioneira no Estado do Paraná na informatização
de sua biblioteca, tornando-se referência nacional.
O Sistema Pergamum nasceu em 1988 de um trabalho final de graduação do Curso de Ciência da
Computação do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da PUC-PR, desenvolvido por alunos, com
colaboração de bibliotecários da instituição.
Inicialmente desenvolvido em MUMPS (linguagem de computação de alto nível, interpretada,
voltada para sistemas interativos), se mostrou viável chamando a atenção de outras instituições que ao
conhecê-lo manifestaram interesse em adquiri-lo.
O estudo para informatizar a biblioteca da PUCPR evidenciou que os softwares à disposição no
mercado eram estrangeiros e com custo de aquisição e manutenção muito alto, não existindo um
software no mercado nacional que atendesse nossas necessidades. Diante desta realidade, optou-se por
desenvolver um software compatível com a realidade brasileira.
Analisando a história de desenvolvimento desse software de gerenciamento de bibliotecas,
observam-se os seguintes acontecimentos: 1 – em 1988 foi implantando na BC; 2 - o processo de
informatização com cadastro do acervo; 3 - implantado o módulo de empréstimo; 4 - utilizava código de
barras para controle de empréstimo/devolução; 5 - adotava também o leitor ótico, além da emissão de
fichas catalográficas e etiquetas de lombada.
Em 1996, iniciou-se a comercialização e passou a se chamar Sistema Pergamum, como referência à
cidade de Pérgamo na Ásia Menor, que possuía uma grande e importante biblioteca na Antiguidade.
�57
Em junho de 1997, firmou parceria de cooperação técnica e científica com a PUC-Rio para
modificações da estrutura interna do software, passando a adotar o formato MARC (Machine Readable
Cataloging) desenvolvido pela Library of Congress.
Em novembro de 1998 foi implantado o módulo de aquisição e o sistema passou para o formato
MARC21. Em 1999 passou a usar os recursos da web disponibilizando o catálogo on-line e outras
facilidades como reservas e renovações pela internet. Em meados de 2004 termina a parceira para
desenvolvimento do software com a PUC-Rio, que permanece como usuária do software e membro da
Rede.
5.3 COMPOSIÇÃO/ESTRUTURA DO PERGAMUM
O estudo para informatizar a biblioteca da PUCPR evidenciou que os softwares à disposição no
mercado eram estrangeiros e com custo de aquisição e manutenção muito alto, não existindo um
software no mercado nacional que atendesse nossas necessidades. Diante desta realidade, optou-se por
desenvolver um software compatível com a realidade brasileira.
O Pergamum - Sistema Integrado de Bibliotecas - está entre os principais softwares pagos
disponíveis no mercado brasileiro. A Associação Paranaense de Cultura, mantenedora da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, é detentora dos direitos autorais e produtora deste software. Foi
desenvolvido com o objetivo de gerenciar todos os serviços de uma biblioteca de pequeno, médio ou
grande porte e implementado na arquitetura cliente/servidor, com interface gráfica, utilizando banco de
dados relacional SQL.
O sistema está dividido em nove grandes módulos, considerando os serviços realizados. Os
módulos são os seguintes: Módulo parâmetros; Aquisição; Catalogação; Circulação; Relatórios e
estatísticas; Consulta ao catálogo; Internet; Usuários; Diversos.
O sistema presta serviços de manutenção e suporte técnico a distância e in loco, treinamentos,
cursos de AACR2, MARC21 bibliográfico e autoridades. Os clientes comportam-se como parceiros da
equipe Pergamum. O sistema oferece atualizações das versões do software sem custo adicional aos seus
clientes. Por fim, permite aos usuários com deficiências visuais ter acesso aos serviços remotamente.
5.4 FORMAÇÃO DA REDE PERGAMUM: A CATALOGAÇÃO COOPERATIVA EM EVIDÊNCIA
A Rede Pergamum é formada por todos os clientes do software Pergamum, e tem por objetivo
principal promover a cooperação e intercâmbio de serviços entre as bibliotecas usuárias do sistema. Os
clientes atuam como parceiros integrantes da equipe, mantendo intercâmbio de conhecimento entre as
instituições e seus profissionais para atualização e melhoria contínua do software.
A rede Pergamum oferece encontros anuais entre as bibliotecas conveniadas, no intuito de trocar
experiências e propor melhorias ao sistema. Os encontros são realizados, um ano em uma instituição
conveniada e no ano seguinte no contexto do Seminário de Bibliotecas Universitárias.
O sistema está dividido em comissões, que são:
1 - Comissão Diretora
2 - Comissão Técnica de Catalogação
3 - Subcomissão Técnica de Catalogação de Periódicos
4 - Comissão Técnica de Estudos do Padrão MARC
5 - Comissão Técnica de Autoridades;
6 - Comissão Técnica de Informática.
Compreendem produtos e serviços da Rede Pergamum, dentre outros, a saber:
* Indexação Compartilhada de Artigos de Periódicos – ICAP: objetivo de indexar de forma
compartilhada os artigos dos periódicos editados pelas instituições da Rede;
* permuta de periódicos;
* empréstimo entre bibliotecas;
�58
*catálogo de autoridades padrão MARC21 disponível na web;
*catálogo coletivo de acervo das bibliotecas da Rede disponível na web.
Importante salientar que o princípio que desencadeou a formação da rede foi a necessidade
urgente em diminuir os estoques de materiais nas bibliotecas aguardando tratamento técnico. Esse
princípio sustenta-se na chamada catalogação cooperativa.
Desse modo, a catalogação cooperativa se manifesta por meio da disponibilização dos registros
das instituições participantes em sua própria base, a qual está integrada às bases de outras instituições,
permitindo, dessa forma, o compartilhamento dos registros. Essa ação compartilhada visa a elaborar o
acervo coletivo da rede, e que os registros podem ser copiados/importados por outra instituição para sua
base bibliográfica.
A ideia de compartilhar serviços foi lançada por Charles C. Jewett (1816-1868). Ele foi o pioneiro
da catalogação cooperativa. A formação de catálogos coletivos regionais ou nacionais é a base para o
Controle Bibliográfico Nacional (CBU).
A Rede Pergamum foi criada em 04 de outubro de 1999, no I Encontro dos Usuários do Sistema
Pergamum, realizado em Curitiba, na PUC-PR. Recebeu o nome de Rede Compartilhada do Sistema
Pergamum.
A rede é composta por duzentas e dezesseis instituições, com aproximadamente mil e cem
bibliotecas, um milhão e meio de usuários atendidos diretamente, que totalizam sete milhões de títulos
na rede e com aproximadamente trezentos e cinquenta profissionais bibliotecários (dados de junho de
2008).
5.6 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Segundo Anzolin (2009), a utilização das tecnologias digitais viabilizou o aparecimento dos
softwares de gerenciamento de bibliotecas ou sistemas informatizados de bibliotecas, os quais
promoveram:
a) A padronização, aumento da eficiência, interligação por redes e melhores serviços;
b) A integração dos profissionais em vários locais e o compartilhamento de recursos;
c) a melhoria do atendimento aos usuários, sobretudo quanto à cópia de documentos digitalizados;
d) A realização das atividades bibliotecárias, as quais passam a ser desempenhadas pelos sistemas
automatizados;
e) Facilitação no tratamento e no acesso à informação documentária
Questão 2 - Anzolin (2009), ao contextualizar os impactos das tecnologias, dialoga com Rowley (2002),
descrevendo que as funções das instituições responsáveis pelo fornecimento de informações vêm sendo
reavaliadas e reformuladas. Reforçam que ainda está em seu começo a era em que a tecnologia da
informação coloca desafios á nossa maneira de viver, às atividades que desempenhamos, ao processo de
criação de conhecimento e à forma como esses conhecimento são avaliados para domínio do público. A
que tipo de instituições as autoras fazem referência?
a) Centros de informação, em geral; b) instituições públicas e privadas; c) às bibliotecas; d) às
universidades; e) às instituições de informação pública
Questão 3 – No mundo moderno, as bibliotecas, a partir do uso da Internet “também mudaram suas
formas de atuação, possibilitando maior visibilidade para os serviços e produtos oferecidos aos usuários,
com seus acervos disponíveis em catálogos on-line” (ANZOLIN, 2009, p. 494). O texto se refere a que tipo
de catálogo?
a) OPAC b) RDF c) catálogo topográfico d) catálogo informatizado e) catálogo em registro Marc.
Questão 4 - Sobre o Sistema Pergamum, julgue as alternativas:
�59
1 – É um sistema integrado e permite o compartilhamento de recursos, integrando diversas bases de
dados, sobretudo de instituições que aderiram ao Open Archives;
2 – Representa um principais softwares pagos disponíveis no mercado brasileiro;
3 - Foi desenvolvido com o objetivo de gerenciar todos os serviços de uma biblioteca de pequeno, médio
ou grande porte e implementado na arquitetura cliente/servidor, com interface gráfica, utilizando banco
de dados relacional SQL;
4 – Teve sua gênese a partir de um Monografia de Graduação da área de Engenharia;
5 – Sua estrutura está dividida em dez módulos, cada uma com funções específicos no contexto da
unidade de informação.
Estão corretos os itens:
a) 1, 2, 3 e 5 b) 2,4 e 5 c) 2, 3, 4 e 5 d) todos os itens e) 2, 3 e 4.
Questão 5 – Dadas as afirmações abaixo:
1 - A flexibilidade do Sistema Pergamum pode ser percebida ao atender bibliotecas escolares, públicas,
universitárias, especializadas, unidades de informação da área privada e pública, como bancos, ONGs,
ministérios, tribunais etc.
2 - A Rede Pergamum cresce à medida que aumentam os clientes. O crescimento de clientes, bem como a
diversidade de tipos de bibliotecas e unidades de informação, tem demonstrado a flexibilidade e
efemeridade do software.
a) As duas estão corretas, pois demonstram o crescimento e a consolidação do Pergamum no Brasil;
b) As duas estão incorretas pois mesmo contemplando as diversas funções de uma biblioteca, o
sistema ainda perpassa por alguns desafios;
c) A primeira está correta e a segunda incorreta, visto que a aceitação e uso com intensidade do
sistema vilusbram a sua continuidade;
d) A segunda está correta e a primeira incorreta, pois, mesmo sendo dirigido a diversas unidades de
informação, o Pergamum é direcionado, especificamente, para serviços bibliotecários.
5.7 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Quanto à estruturação dos módulos do Pergamum, associe a primeira de acordo com a
segunda:
A – Módulo Parâmetros
B – Módulo Relatórios
C – Módulo Circulação
( ) possibilita que cada biblioteca utilize o sistema de forma personalizada
( ) cadastro de usuários, controle de visitantes, acompanhamento do processo de reserva, empréstimo e
renovação, consulta ao histórico de empréstimos, devoluções e multas
( ) levantamento do acervo por área de conhecimento, por bibliotecas e por disciplina, relatórios por
atividade, por grupo de atividades e por executante, boletim bibliográfico, estatísticas do acervo na
apresentação exigida pelo MEC
A sequência correta é: a) A, B e C b) A, C e B c) C, A e B d) B, C e A
e) C, B e A.
Questão 2 - O conjunto de unidades de informação, que agrupam pessoas e/ou organismos com as
mesmas finalidades, em que a troca de informações é realizada de maneira organizada e regular, por
meio de padronização e compartilhamento de tarefas e recursos, denomina-se:
(A) serviços de informação.
(B) sistemas de informação.
(C) redes de informação.
�60
(D) centros de informação.
(E) setores de informação.
Questão 3 - Com o objetivo de identificar, reunir e divulgar os trabalhos dos membros do Ministério
Público Federal, foi criado o campo 596 – Bibliografia, para que todos os integrantes da rede BMPF, ao
criarem um acervo, identifiquem se a obra em questão é de um membro do MPF. Esse campo poderá
sofrer alguma alteração, após avaliação pela:
(A) Comissão de Catalogação da Rede Pergamum.
(B) Gerência da Rede Virtual de Bibliotecas.
(C) Secretaria da Biblioteca.
(D) Rede de Bibliotecas do Ministério Público Federal.
(E) Biblioteca da Rede RBVI.
Questão 4 - Quanto à estruturação dos módulos do Pergamum, associe a primeira de acordo com a
segunda:
A – Módulo Internet
B – Módulo Usuários
C – Módulo Diversos
( ) Inclui malote, envio de e-mail, coleta de dados de material usado internamente, correção em lote de
acervo bibliográfico
( ) descreve os procedimentos utilizados no Sistema Pergamum para o controle dos usuários. Inclui dados
pessoais dos usuários e das unidades organizacionais (cursos e departamentos)
( ) acervo digital, facilitando o acesso à obra na íntegra, renovação, reserva, acompanhamento do
processo de aquisição pelo usuário solicitante
A sequência correta é: a) A, B e C b) A, C e B c) C, A e B d) B, C e A
e) C, B e A.
Questão 5 - Acerca da Rede Pergamum, seu principal objetivo é:
a) Viabilizar a integração de profissionais e usuários do sistemas, entre as unidades integrantes;
b) promover a cooperação e intercâmbio de serviços entre as bibliotecas usuárias do sistema;
c) Garantir a execução dos serviços bibliotecários compartilhados;
d) Integrar diferentes funcionalidades de uma biblioteca, considerando funções básicas: como:
catalogação, cadastro de usuários, circulação etc.;
e) Fomentar a formação de uma base de dados de registro catalográficos para compartilhamento.
Questão 6 - De acordo com Anzolin (2009), correspondem a produtos e serviços da Rede Pergamum,
exceto:
a) Indexação Compartilhada de Artigos de Periódicos – ICAP;
b) permuta de periódicos;
c) empréstimo entre bibliotecas;
d) catálogo de autoridades padrão MARC21 disponível na web e catálogo coletivo de acervo das
bibliotecas da Rede disponível na web;
e) Gestão e compartilhamento de registros catalográficos.
5.8 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 – A tecnologia da informação tem sido um recurso muito importante para auxiliar as
bibliotecas, especialmente as universitárias, na gestão dos dados armazenados em suas bases e que
�61
precisam responder as diversas questões demandadas pelos usuários. Julgue as afirmativas abaixo,
assinalando (V) para as VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS.
I. O sistema integrado de bibliotecas Pergamum oferece acesso simultâneo de usuários às bases de
dados, mas a oferta de treinamento para diferentes tipos de usuários está prevista apenas para a metade
do primeiro semestre de 2015.
II. A rede Pergamum foi criada com a filosofia de catalogação compartilhada. Para isso, a ideia é trabalhar
conjuntamente e cada instituição participante disponibiliza seus registros online, em um acervo coletivo
na home page da rede, podendo ser copiado/importado por outra instituição para sua base bibliográfica.
III. O Pergamum permite a emissão de diversos relatórios, tais como de entrada e recebimento de
documentos por período, de circulação e empréstimo, por período.
IV. ARede Pergamum é formada por todos os clientes do software Pergamum. Tem por objetivo principal
promover a cooperação e o intercâmbio de serviços entre as bibliotecas usuárias do sistema e,
atualmente, com o Módulo Internet, tem disponibilizado a todas as bibliotecas da rede o acesso às
informação sobre o acervo.
V. O Pergamum permite o uso de código de barras para fazer a avaliação e o controle do inventário do
acervo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
A) F, V, F, V, V. B) F, V, V, F, V.
C) V, V, F, F, F. D) V, F, V, F, V.
Questão 2 – No que concerne às características do processamento técnico do sistema informatizado de
gerenciamento
de
bibliotecas Pergamum é
correto
afirmar
que
esse
sistema
a)tem o objetivo de obter as melhores práticas de cada instituição a fim de manter-se atualizado e
atuante no mercado, tornando-se capaz de gerenciar qualquer tipo de documento, atendendo tanto
universidades, faculdades, centros de ensino fundamental e médio, quanto empresas, órgãos públicos e
governamentais.
b)contempla as principais funções de uma biblioteca com o objetivo de facilitar a gestão dos centros de
informação, melhorando a rotina diária de seus usuários.
c)é um sistema informatizado de gerenciamento de dados, direcionado aos diversos tipos de centros de
informação e presente em mais de 2.500 bibliotecas em todo o Brasil.
d)permite a consulta ao cadastro de autoridades, lista de editoras e lista de siglas durante o
cadastramento de um registro.
e)foi implementado na arquitetura cliente/servidor, com interface gráfica, programação em Delphi, PHP e
JAVA, utilizando banco de dados relacional SQL (ORACLE, SQLSERVER ou SYBASE).
Questão 3 – O software de gerenciamento de bibliotecas, que adota formato internacional de
intercâmbio bibliográfico utilizado na Rede Virtual de Bibliotecas - Congresso Nacional (RVBI) é o
(A) Virtua.
(B) Aleph.
(C) SophiA.
(D) OrtoDocs
(E) Caribed)
Questão 4 – A Rede Pergamum exerce um papel fundamental para as ações de promover a cooperação e
o intercâmbio de serviços entre as bibliotecas usuárias do sistema. As afirmativas abaixo estão corretas,
EXCETO.
A) Permuta de periódicos, empréstimo entre bibliotecas e catálogo de autoridades padrão MARC21
disponível na web são alguns dos serviços desenvolvidos pela Rede.
B) A rede foi criada com a filosofia de catalogação compartilhada, mas aproveitar registros bibliográficos
alheios na sua catalogação sempre foi vista com muita cautela pelos seus membros.
�62
C) A rede foi criada com a filosofia de catalogação compartilhada e uma de suas preocupações era
otimizar recursos humanos existentes nas bibliotecas, deslocando bibliotecários da catalogação para os
serviços ligados ao atendimento do público, ou ainda, implementando novos serviços e/ou produtos.
D) O que motivou a formação da rede foi a necessidade urgente de diminuir os estoques de materiais nas
bibliotecas aguardando tratamento técnico.
Questão 5 - Para a construção de bibliotecas digitais, o bibliotecário pode escolher entre os softwares:
(A) MultiTes, TCS ou TheXML;
(B) End Note, MORE ou Zotero;
(C) Dokmee, Powerdoc ou Verbis;
(D) Aleph, OrtoDocs ou Pergamum;
(E) Dspace, Emilda ou Greenstone.
Questão 6 – A Fundação Getúlio Vargas coordena uma rede de catalogação cooperativa baseada no
compartilhamento de informações, buscando minimizar esforços e padronizar as formas de descrição
físicaede conteúdo dos documentos presentes nas bibliotecas que integram a rede. Esta rede de
cooperação é conhecida como:
A) Bibliodata
B) Lilacs
C) Scielo D) Proquest E) Rede Pergamum
REFERÊNCIAS
ANZOLIN, H. H. Rede Pergamun: história, evolução e perspectivas. Revista ACB, Florianópolis, v. 14, n. 2,
2009.
PERGAMUN, Sistema Integrado de Bibliotecas: Características técnicas. Curitiba, 2010.
�63
AULA VI: Representação Temática da
Informação – Sistemas de Classificação
CDD e CDU
Docente responsável: Elisângela Cristina Aganette
Doutora em Ciência da Informação (UFMG-2015), Mestre em Ciência da Informação (UFMG-2010),
Especialista em Gestão da Informação e do Conhecimento (CEFET-2008) e Bacharel em Biblioteconomia
(UFMG-2005). Professora Ajunto da Universidade Federal de Minas Gerais. Mais de 15 anos de
experiência como Consultora em Gestão e Tecnologia da Informação, consultora especialista nas áreas de
organização da informação, representação da informação e do conhecimento, mapeamento de
processos, soluções de Enterprise Content Management (ECM), Business Process Modeling (BPM).
Pesquisa: representação da informação e do conhecimento, taxonomias corporativas.
Docente responsável: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Bibliotecária da Escola Ciência da Informação da UFMG. Presidente da ABMG, gestão 2018/2021.
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento. Tem
experiência na área de Biblioteca Universitária e Educação a Distância, tendo ocupado cargo de gestão do
Sistema de Bibliotecas da UFMG, por duas vezes.
CONTEÚDOS DA AULA
6 REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO
A área de tratamento e organização da informação tem a função de tratar e organizar tanto o
formato quanto a temática de um item informacional. O tratamento da forma refere-se às características
referentes à representação descritiva, física ou bibliográfica do item, com a descrição de campos como
autor, título, edição, editora, data, paginação, de acordo com o código de catalogação escolhido para tal.
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Já no que se refere ao tratamento temático, trata-se da definição do assunto do documento ou item
informacional, ou seja, da definição do assunto que tal item trata, para assim definir a notação de
classificação, os assuntos e o resumo.
De acordo com Guinchat e Menou (1994), o processo de tratamento da informação consiste na
aplicação de técnicas de maneira que o conteúdo do documento possa ser recuperado pelo usuário. Para
que isso aconteça, é preciso criar um sistema de classificação e recuperação da informação, considerando
elementos tais como as necessidades do usuário, o contexto temático, os recursos humanos e materiais
disponíveis, os produtos e serviços que serão oferecidos e a relação custo-eficácia. A recuperação de
informações (RI), segundo Calvin Mooers, em 1951, é uma operação dentro do sistema que pressupõe a
tentativa de relacionar a busca do usuário com os itens armazenados no SRI. Dessa forma, verifica-se que
a classificação do item informacional na entrada do SRI é essencial para que a recuperação seja possível.
A classificação na perspectiva da Biblioteconomia consiste em ordenar e dispor objetos ou ideias
em classes a partir de determinado critério. A ISO TR-14177 (1994) define classificação enquanto
(produto) como um conjunto de conceitos organizados sistematicamente de acordo com critérios ou
características pré-estabelecidas. Já Piedade (1977) define a classificação como um processo que
compreende “dividir em grupos ou classes, segundo as diferenças e semelhanças. Dispor os conceitos,
segundo suas semelhanças e diferenças, em certo número de grupos metodicamente distribuídos”. Ou
seja, o processo de classificação consiste na definição de classes de dados que tenham características
comuns, para assim poder ser agrupados e organizados segundo um ponto de vista ou características
classificatórias.
6.1 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
As primeiras abordagens classificatórias, no alvorecer dos esforços intelectuais do ser humano,
surgiram dentro do contexto filosófico. Foram, narram os estudiosos, quase unanimemente, os sábios da
antiguidade (filósofos), os primeiros a se preocuparem com discernir, distinguir, discriminar (o que
equivale a dizer classificar) os objetos materiais e, sobretudo, formais das diversas áreas da então ciência
única/saber único. Aristóteles teria sido o primeiro intelectual a não apenas se preocupar com dividir em
áreas (classificar) o saber (a ciência de então), mas até mesmo a iniciar a organização dos hoje
denominados suportes físicos da informação, os documentos em suas então pouco variadas formas de
apresentação: os pergaminhos, os papiros, as tabuetas enceradas, enfim, as mídias da época (SILVA,
2003).
A classificação se manifesta em atividades “[...] de nomeação, definição, análise, generalização,
discriminação, de marcação, amostragem, filtragem, padronização, distribuição, separação,
individualização, identificação, seleção, agrupamento, categorização, ordenação, posição, organização,
distinção, correlação, tabulação, mapeamento, correspondência, desenho, controle, estruturação e
coordenação [...]” (SATIJA, 1998, p. 32).
De acordo com Piedade (1977), os sistemas de classificação são sistemas verbais-simbólicos,
geralmente constituídos por algumas características básicas, tais como: i) um esquema de classificação:
estrutura de itens de classificação de uma classe da classificação; ii) um princípio de divisão: obedece a
um único critério pré-estabelecido de divisão; iii) classes da classificação: item de alto nível dentro de
uma classificação expressando um conceito principal; iv) definição de classes: identificação das
características essenciais de uma classe de classificação que ilustra uma clara fronteira entre ela e outras
classes de classificação, podendo ser (a) de classes simples (única característica, não cabem mais
subdivisões) e (b) de classes compostas (mais de uma característica, e podem caber mais subdivisões); v)
item de classificação: único conceito definido, unicamente dentro de uma classe da classificação; vi)
termo de classificação: designação de uma classe de classificação ou item de classificação por meio de
uma expressão linguística; vii) notação: um identificador alfanumérico. Trata-se de um sistema de códigos
expressando o arranjo de uma classificação.
Quanto à finalidade os sistemas de classificação podem ser filosóficos ou bibliográficos.
�65
1 - Classificações filosóficas: criadas por filósofos, com o intuito de dar ordem às ciências ou às coisas. Os
primeiros sistemas de classificação filosóficos foram: i) Platão, Aristóteles e Porfírio: o Universo é um
sistema harmônico, de causas, efeitos e princípios, e é possível criar uma hierarquia e relações entre
esses elementos; ii) Platão dividiu o conhecimento em: Física, Ética e Lógica; iii) Aristóteles introduziu a
divisão dicotômica das coisas e introduziu cinco predicáveis: gênero, espécie, diferença, propriedade ou
acidente; iv) Porfírio, inspirado em Aristóteles, apresentou dicotomias sucessivas, a partir de um atributo.
2 - Classificação dos seres ou classificações bibliográficas: desenvolvidas para estabelecer relações entre
os documentos de uma coleção, em bibliotecas e centros de informação ou documentação, para facilitar
a localização. Classificação dos saberes.
No presente estudo, a classificação dos seres ou classificações bibliográficas terá maior ênfase,
especificamente no que tange a Classificação Decimal de Dewey – CDD, conforme a seguir.
6.1.1 Sistema de classificações bibliográficas
Um sistema de classificação bibliográfica pode ser definido como uma linguagem estruturada, que
possui uma divisão por classes, que são divididas em subclasses, e assim, sucessivamente, até chegar ao
termo mais específico. Essa sequência, geralmente, respeita a ordem natural das coisas. Linguagem
documentária, sistema verbal-simbólico, artificialmente construído, a partir de signos normatizados, que,
geralmente, buscam cobrir todos os campos do conhecimento (TRISTÃO; FACHIN; ALARCON, 2004).
Já Piedade (1983) afirma que consiste em sistematizar documentos segundo os assuntos de que
tratam ou a sua natureza, como: ordenar os documentos nas estantes ou arquivos: a partir de diferentes
princípios; ordenar as referências nas bibliografias ou nas fichas dos catálogos. Classificações
bibliográficas procuram estabelecer as relações entre documentos para facilitar sua localização. Têm
como finalidades: ordenação dos documentos nas estantes o nos arquivos; ordenação das referências nas
bibliografias e das fichas nos catálogos (PIEDADE, 1983). Têm como principal característica serem
sistemas decimais, ou seja, tratam-se de sistemas que utilizam números decimais para símbolos de
classificação, subdividindo-se de 10 em 10, onde cada assunto é subdividido em 10 assuntos mais
específicos em cadeia. Os sistemas decimais de classificação mais utilizados mundialmente são:
Classificação Decimal de Dewey – CDD e Classificação Decimal Universal – CDU.
Quanto à estrutura de apresentação dos assuntos de um sistema de classificação bibliográfica,
estes podem ser: a) Enumerativo - apresentam todas as combinações de assuntos possíveis, e seus
respectivos símbolos, prontos. Exemplo: Classificação da Biblioteca do Congresso - LC; Classificação de
Rider; b) Semi-enumerativo - apresentam símbolos para alguns assuntos e permitem a síntese para
assuntos compostos. Exemplo: CDD; Brown; CDU; Bliss. c) Analítico-sintético - apresentam símbolos para
os assuntos simples, deixando livre a combinação de símbolos para os assuntos compostos. Exemplo:
Classificação de Dois Pontos (Colon Classification).
No que se refere à abrangência de um sistema de classificação bibliográfica, esse pode ser: a)
Classificações gerais (ou enciclopédicas) - sistematizam todo o conhecimento humano. Exemplo: CDD,
CDU, Bliss, Cutter, Colon Classification etc. b) Classificações especializadas - sistematizam conhecimentos
de um domínio específico. Exemplo: Classification for Medical Libraries, United Classification for the
Construction Industry (Uniclass) etc. c) Classificação Expansiva (Cutter-1891) - Cutter foi o primeiro a
utilizar subdivisões comuns de forma e geográficas em um sistema de classificação. Exemplo:
característica presente na Classificação Decimal Universal – CDU
No final do século XIX e início do século XX, alguns bibliotecários e classificadores como Dewey,
1876 e Brown, 1906, realizaram estudos para criar classificações bibliográficas para recuperação de
documentos, tais como: i) sistemas de classificações hierárquicos; ii) sistemas de classificação facetados.
i.
Sistemas de classificações hierárquicos
Têm sua origem no final do século XIX e início do século XX: Dewey, 1876; Brown, 1906 criam
classificações bibliográficas para recuperação de documentos. Os sistemas de classificações hierárquicos
baseiam-se nos princípios de Aristóteles, tais como: divisão dicotômica das coisas: gênero/espécie; nos
�66
cinco predicados (relações lógicas): gênero (classe), espécie (tipo), diferença (característica específica),
propriedade (atributo), acidente (qualidade); nas dicotomias sucessivas de Porfírio: Árvore de Porfírio.
Apresentam ainda uma estrutura de classes subordinantes-coordenadas-subordinadas.
Segundo Piedade (1983), sistemas de classificações hierárquicos se norteiam basicamente por três
conceitos: a) categorias: classes mais gerais; b) divisão lógica (gênero/espécie): distinguir classes e
subclasses e c) relacionamentos: hierárquicos e semânticos.
Dentre os diferentes sistemas que seguem esse princípio hierárquico, os mais conhecidos são:
classificação Decimal de Dewey (CDD), de 1876; classificação da Biblioteca do Congresso NorteAmericano, de 1902; e classificação Decimal Universal (CDU), de 1905.
ii.
Sistemas de classificação facetados
Têm sua origem no século XX, após os princípios estabelecidos por Ranganathan. Surgem da
necessidade de se criar um sistema que fosse mais especifico, uma vez que nem tudo poderia ser bem
representado pelos sistemas hierárquicos; fazia-se necessário a criação de mais atributos, aspectos e
relacionamentos, entre classes e conceitos.
Possuem a mesma estrutura e princípios de representação dos sistemas hierárquicos, no entanto
adiciona-se o elemento das categorias, manifestações das facetas. Os grupos ou classes abstratas são
organizados em categorias que reflitam os procedimentos mais consistentes dentro do domínio e vai
além da distinção entre semelhanças e diferenças entre os itens. Permitem que mais de uma categoria
possa ser utilizada por vez para caracterizar uma classificação. No entanto, não há classes préestabelecidas de assuntos, uma vez que ocorre análise do assunto e este é representado pela notação, a
partir de regras para a sua formação.
Quanto aos fundamentos que regem os sistemas de classificação facetados, existem as categorias
fundamentais desenvolvidas como uma ordem lógica e consistente por Ranganathan e “Classification
Research Group (CRG)”:
•
Ranganathan (1892-1972): Colon Classification: Personalidade, Matéria, Energia, Espaço e Tempo
(PMEST);
•
CRG: Tipos de Produto Final, Partes, Materiais, Propriedades, Processos, Operações, Agentes,
Espaço, Tempo e Forma de Apresentação.
Na classificação facetada, adiciona-se aos relacionamentos hierárquicos (gênero/espécie), a
abordagem analítico-sintética: assuntos (facetas) podem ser relacionados uns aos outros de diferentes,
complexas e imprevistas formas (todo/parte, ação/paciente, entre outros). Ranganathan classificou a “Era
da Classificação” em: período pré-facetado: 1876 a 1896; transição para período facetado: 1897 a 1932 e
período facetado: 1933 a 1975. Exemplos: Colon Classification (1933) e Classificação Bibliográfica de Bliss
(1935).
6.1.2 Classificação Decimal de Dewey - CDD
Melvil Louis Kossuth Dewey nasceu em 10 de dezembro de 1851 em Nova York, onde também
faleceu em 1931. Dewey era estudante e auxiliar de bibliotecário no Amherst College quando criou a CDD.
Na época os sistemas de classificação eram de “localização fixa”, ou seja, eram atrelados à localização dos
livros nas estantes. Em maio de 1873 teve a ideia de um sistema de classificação que seria a CDD.
A CDD baseia-se no sistema de Harris e no seguinte raciocínio: “O homem, sendo um animal
racional, faz uso dessa faculdade, donde a Filosofia; eleva seu pensamento em Deus, daí a Religião; vive
em sociedade, donde a Sociologia; comunica-se com seus vizinhos, Filologia, adquire conhecimento dos
fatos, dos problemas da vida, da matéria e da força, Ciências puras e aplicadas; com elas ganha meio de
descanso e recreação, Belas Artes e literatura; faz registros e viaja, História e geografia, reunindo todos
esses assuntos e o encabeçamento vêm as Obras gerais”.
O sistema de classificação mais difundido é a Classificação Decimal de Dewey (CDD). Nos Estados
Unidos, a CDD é usada por 95% das bibliotecas públicas e escolares, 25% das bibliotecas universitárias e
por 20% das bibliotecas especiais.
�67
A “localização relativa” de Dewey tornou possível o crescimento da coleção sem a necessidade de
renumerar os livros. No sistema decimal os livros são numerados de acordo com seu conteúdo intelectual
que não muda nunca. Dewey dividiu o conhecimento em dez classes principais que se subdividem
sucessivamente, de 10 em 10 dando maior especificidade ao conteúdo do livro. A CDD Foi a primeira
classificação bibliográfica a utilizar números decimais. Dewey dividiu a CDD em dez Classes de assuntos
com base nos estudos das classificações de Aristóteles, Bacon, Locke e outros filósofos estudiosos
(PIEDADE, 1983).
A 1ª edição da CDD foi publicada em 1876, com o título de “A Classification and Subject Index for
Cataloguing and Arranging the Books and Pamphlets of a Library” com 44 páginas. Em 1885 foi publicada
a 2ª edição, considerada uma das mais importantes, por ter estabelecido a forma e a política da CDD para
os próximos sessenta e cinco anos. A partir da 2ª edição de 1885 estabeleceu-se o padrão notacional. Em
1989, a 20ª edição foi publicada em quatro volumes. Em 1996, a 21ª edição foi publicada na versão
resumida e completa. Dewey percebeu que um esquema que sofresse muitas alterações não haveria de
prosperar. A 20ª edição foi traduzida para o italiano, espanhol e turco. De 1884 até 1971, ou seja, até a
18ª edição, foram publicadas nove versões abreviadas, com cerca de 10% da edição integral (SILVA,
2003).
As primeiras 15 edições foram publicadas em um volume. As edições 16 e 17 foram publicadas em
dois volumes. As edições 18 e 19 foram publicadas em três volumes. As edições 20 a 23 foram publicadas
em quatro volumes. A 22ª e 23ª edição da CDD possui: tabela principal; tabelas auxiliares e inúmeras
tabelas para subdivisão de grupos de números. A notação é numérica, com um mínimo de três
algarismos. Só utiliza um sinal gráfico: o [.] ponto, que é colocado após o terceiro número da notação
(PIEDADE, 1983).
A CDD utiliza recursos mnemônicos que consistem na repetição frequente de esquemas padrão,
que ajudam a fixar na memória a estrutura do sistema. É um sistema versátil, pois pode ser adotado por
bibliotecas gerais de qualquer tamanho e por bibliotecas especializadas. A CDD é, atualmente, o principal
sistema de classificação, presente em 135 países. A CDD adota a notação simples ou pura, de números
arábicos trabalhados em frações decimais. Adota também a notação hierárquica, o que significa que ela
descreve a coordenação e subordinação dos assuntos (SILVA, 2003). Na composição da notação, de
acordo com a CDD, os dígitos são tratados como frações decimais; têm no mínimo três dígitos; para
números com mais de três dígitos, coloca-se um ponto entre o terceiro e o quarto número.
Quanto a sua estrutura, a CDD possui em seu Volume 1: introdução, tabelas e outros assuntos;
Volumes 2 e 3: classes principais e sumários; Volume 4: índice relativo e manual. Nos Volumes 2 e 3,
apresenta-se o primeiro sumário que traz as dez primeiras classes principais; o segundo sumário que
inclui as dez primeiras subdivisões de cada uma das dez classes principais e o terceiro sumário que inclui
100 subdivisões de cada uma das dez classes principais. Os referidos sumários oferecem três níveis
diferentes de visualização geral e total da tabela.
No que se refere às Tabelas Auxiliares, Silva (2003) pondera:
•
Tabela 1 - Subdivisões Padrão: abrange um conjunto de ideias secundárias, quase todas associadas
ao conceito de forma;
•
Tabela 2 - Áreas: representam os aspectos geográficos dos assuntos;
•
Tabela 3 - Subdivisões para literaturas Individuais: representam os diversos detalhes próprios da
literatura como gêneros, períodos, as pessoas envolvidas com a criação literária, os leitores especiais a
que se destinam, estilos etc.; a Tabela 3 se subdivide em três tabelas específicas:
o
3-A - Autores individuais;
o
3-B - Dois ou mais autores, retórica de formas literárias específicas;
o
3-C - Detalhes da tabela 3-B e do 808/809.
•
Tabela 4 - Subdivisões para Línguas Individuais: representam as divisões, subdivisões, detalhes,
aspectos da Gramática Geral quando aplicados a uma língua específica;
•
Tabela 5 - Grupos raciais, étnicos, nacionais: representam aspectos de raça e nacionalidade;
�68
•
Tabela 6 - Línguas: são constituídas de números que representam as línguas e dialetos em que
podem estar redigidos os assuntos contidos nos documentos;
•
Tabela 7 - Pessoas: representam grupos de pessoas específicos, quanto a sua religião, profissão,
gênero etc.
Algumas críticas são feitas à CDD, segundo Piedade (1983), no que se refere à ordem das classes
definidas por Dewey: separação das Ciências Sociais da História; distância entre as Línguas e a Literatura.
Segundo Silva (2003), a concepção, estrutura e princípios do sistema de classificação de Melvil Dewey
denunciam sua origem filosófica, remontando aos clássicos da Grécia através de influências mais
recentes.
Como qualquer produto de uma época, ainda que genial, não poderia deixar de refletir, para bem
ou para mal, o ambiente cultural, os valores, as crenças, o estágio de desenvolvimento da ciência, da
tecnologia, das artes, à época de seu surgimento. A ênfase era maior nas Humanidades do que na Ciência
e nas tecnologias, menos abundante em Literatura, àquela época, mesmo nos Estados Unidos, que ainda
não era a potência tecnológica em que se veio transformar em seguida. O sistema reflete a concepção das
divisões do conhecimento correntes no século XIX, quando, por exemplo, ainda se incluía a Psicologia
entre as partes da Filosofia Racional (SILVA, 2003).
No fim do Século 19, Dewey autorizou o Instituto Internacional de Bibliografia, atual Federação
Internacional de Documentação, a expandir o seu sistema, trabalho que resultou na CDU. O
gerenciamento do sistema CDD é feito pela Lake Placid Education Foundation, cuja fundação o próprio
Dewey participou. A Library of Congress começou a vender suas fichas para outras bibliotecas e viu a
necessidade de incluir nelas a Classificação de Dewey. Atualmente, a Library of Congress em convênio
com a Lake Placid Education Foundation são responsáveis pela manutenção do sistema. A publicação de
novas edições acontece a cada sete anos e é a principal forma de atualizar o sistema (SILVA, 2003).
6.2 CONSIDERAÇÕES
A teoria da classificação agregou princípios analítico-sintéticos aos hierárquicos. A origem das
classificações hierárquicas está em Aristóteles, que entendeu a natureza como uma dicotomia: há o todo,
e esse todo pode ser dividido em partes.
Já as classificações facetadas oferecem elementos a mais, as sistematizações pelas categorias
fundamentais. Em ambos, os sistemas são representações do conhecimento e, na prática, têm a
finalidade de representar, organizar, localizar e recuperar informações. Sua elaboração sempre
dependente das interpretações e do conhecimento prévio de quem classifica.
A teoria da classificação, por meio de seus preceitos, auxilia a prática da classificação, e essa
prática a transforma e a faz evoluir, num processo de retroalimentação.
Bases teóricas do processo de classificação: promover uma classificação sistemática, lógica, que
reflita sobre os elementos de ligação que servem para indicar a reunião e os relacionamentos entre seus
conceitos. Para Foucault, a ciência somente pode existir a partir de estruturas classificatórias, que possam
ordenar e descrever um padrão da realidade, de modo que possa ser comunicada efetivamente. Na
contemporaneidade, os sistemas de classificação são mais versáteis. A classificação e a organização do
conhecimento são os alicerces dos sistemas de recuperação de informação, seja em uma biblioteca
tradicional ou digital, seja na construção de sistemas de hipertexto ou em sistemas de inteligência
artificial.
6.3 A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL - CDU
A CDU é um sistema de classificação também denominado de linguagem de indexação. Foi
elaborada por Paul Otlet e Henri La Fontaine, quando da ideia inicial em se instituir uma biblioteca
universal, por meio do Repertório Bibliográfico, de modo a contemplar todos os documentos produzidos
mundialmente.
�69
A CDU possui tabelas auxiliares, uma delas é composta por símbolos tais como (mais, travessão,
ponto e vírgula, parênteses entre outros), cada um correspondente a uma função determinada
como, por exemplo, (forma do item, linguagem, povos e raça, tempo etc.), e também símbolos
especiais para notação.
Com isso, a CDU supre a necessidade que se fez presente nos outros tipos de classificação
que era dar conta dos detalhes bibliográficos existentes. E assim, permite com que possa especificar mais
o assunto a ser classificado.
A CDU é uma linguagem de indexação e de recuperação de todo o conhecimento registrado
e na qual cada assunto é simbolizado por um código baseado nos números arábicos, e é
ainda uma classificação enumerativa, mas já com um pouco de facetação. A diferença entre CDD e
CDU está no modo como os assuntos podem ser correlacionados (SOUZA, 2009).
Apresenta-se em dois volumes: parte 1 - tabela sistemática e parte 2 - índice alfabético. A tabela
sistemática, por sua vez, subdivide-se em outras duas: a tabela principal e as tabelas auxiliares, as
quais exemplificam os elementos enumerativos e analítico-sintéticos em todas as classes da CDU.
A tabela principal contém todo o conhecimento humano, arranjado em dez classes e
hierarquicamente subdividido. É identificada como notação primária, constituída por nove classes
específicas e uma geral.
Os assuntos são subdivididos, sucessivamente, tornando-se cada vez mais específicos, ou seja,
quanto maior a extensão dos números de classificação, maior o detalhamento da informação.
As tabelas principais são divididas hierarquicamente, com a hierarquia numérica refletindo a
hierarquia conceitual. A extensão do número de classificação indica o grau de detalhe. Assim:
- Números simples como 3, 5 e 7: superordenados;
- 33, 55 e 77 ou 333, 555 e 777: coordenados;
- 316.626.2: subordinados – maior grau de detalhamento;
- Hospitaleiras: maiores desdobramentos em classes já existentes.
Também difere-se da CDD na pontuação de suas notações. A CDU acrescenta um ponto a
cada grupo de três dígitos para facilitar a leitura, não tendo, portanto, valor classificatório.
A ilustração, a seguir, demonstra as classes principais da CDU, que semelhante à CDD, pode ser
dividida em outras classes, as chamadas subseções, mantendo-se uma relação hierárquica entre as
classes, mas podendo ser adotados diferentes relacionamentos, com base na realidade da biblioteca.
Portanto, a CDU manifesta-se como um sistema mais flexível, o que justifica, também, ser chamada por
muitos de sistema semifacetado.
Além da tabela principal, a CDU é composta pelas tabelas auxiliares, considerando sinais de
pontuação. Assim, consideram-se as seguintes auxiliares:
Auxiliares de relação: indicam relacionamento entre dois ou mais números principais;
Auxiliares independentes: são os auxiliares de língua, forma, lugar, raça e tempo. Eles podem ser
utilizados em qualquer posição da notação;
�70
Auxiliares dependentes: são os auxiliares de ponto de vista comum, propriedade, materiais,
pessoas, asterisco e extensões alfabéticas. Eles são sempre sufixos, ou seja, são sempre acrescentados
aos números principais.
A numeração específica que norteia a formação das notações corresponde a:
A CDU engloba todos os tipos de documentos e continua se expandindo e se modificando,
através de suas novas edições e de sua publicação anual Extensions and Corrections to the
UDC, que foi estruturada pela Federação Internacional de Informação e Documentação (FID),
juntamente com outras instituições de informação e documentação, ou seja, outros cinco editores da
CDU (Bélgica, Espanha, Países Baixos, Reino Unido e Japão), que adquirem todos os direitos e
responsabilidades civis do sistema e passam a administrá-lo (SOUZA, 2004).
Línguas oficias da CDU: inglês, francês e alemão. Entretanto, a língua oficial do consórcio CDU é o
inglês.
Possui quatro tipos de edição: desenvolvida, média, abreviada e especiais.
A FID exerceu os direitos da CDU. Após 1992, os direitos passaram para o Consórcio CDU, formado
por instituições de informação situadas nos países: Bélgica, Espanha, Países Baixos, Reino Unido e Japão.
A edição em Língua Portuguesa, no Brasil, é de responsabilidade do IBICT;
Desde 1949 vem sendo atualizada, modificada, corrigida, sendo, inicialmente em intervalos
semestrais. De 1933 passou a ser anual.
1976: no Brasil, o IBICT publicou a 1ª ed. Média em Língua Portuguesa, traduzida da Ed.
Desenvolvida Alemã. Em 2007, o IBICT publicou a 2ª ed. Padrão Internacional em Língua Portuguesa, com
base nas atualizações feitas pelo Consórcio entre 1996 e 2004.
6.4 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Numere a primeira de acordo com a segunda:
A - Tratamento da Informação
B - Tratamento Descritivo
C - Tratamento Temático
( ) Processo realizado nas bibliotecas, cujo objetivo é descrever os dados dos documentos, criando
pontos de acesso, para fins de recuperação
( ) Trata-se do conjunto de operação realizadas em prol da representação dos conteúdos de que tratam
os documentos
( ) Contempla um conjunto de práticas que se baseia em códigos e linguagens, os quais permitem a
criação de dados para representar o conteúdo e a forma dos documentos tratados.
A sequência correta, de baixo para cima, é:
( ) B, C e A ( ) B, C e A ( ) A, B e C ( ) B, A e C ( ) A, C e B ( ) NDA
Questão 2 - De acordo com Souza (2004), a definição mais adequada para a prática da classificação
documentária é:
A - Arrumar livros nas estantes para facilitar a recuperação do usuários;
B - Dividir em grupos ou classes, segundo as diferenças e semelhanças;
C - Colocar os itens conforme suas especificidades, obedecendo um arranjo pré-definido;
D - Dividir o conhecimento em classe, seguindo a estrutura de um sistema de classificação
E - Agrupar os documentos em categoria, refletindo o assunto a que se referem e o contexto onde são
inseridos
Questão 3 - Souza (2004) estabelece um objetivo específico do processo de classificação. Tal objetivo é:
�71
A - identificar o assunto do documento, para que ele possa ser posto em local determinado nas
estantes, junto com outros documentos com assuntos semelhantes;
B – Estabelecer notações, as quais levam o usuário à localização do item nas estantes;
C – Determinar a incorporação do item dentro de um conjunto mais abrangente de documentos;
D – Individualizar o item em um acervo sistematizado;
E – Permitir que o documento seja recuperado, considerando a sistematização do acervo bibliográfico.
Questão 4 - A classificação criada por Ranganathan foi um marco na história da classificação em
bibliotecas. A versatilidade desse sistema, aliado à combinação dos assuntos permitiram novas acepções
quanto à sistematização de documentos em acervos mais complexos. O conceito “sistema de classificação
enumerativo, hierárquico e rigidez nas classes de assunto” refere-se:
A – Colon Classification ou classificação dois pontos;
B – Universal Classification System;
C – Decimal Classification;
D - Bibliographic Classification;
E - Subject Classification.
6.5 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Para formar as classes principais da CDD, Dewey baseou-se diretamente no sistema de Harris,
que tevepor base a ordem inversa do sistema filosófico de:
a) Paul Otlet.
b) Francis Bacon.
c) Porfírio.
d) Shiyali Ramamrita Ranganathan.
Questão 2 - Possui estrutura hierárquica e o conhecimento é dividido em dez partes que podem
sesubdividir em partes lógicas infinitamente. Essa compreensão conceitual refere-se a:
a) COMUT
b) CDD
c) Vaticana
d) Tesauro
e) CDU
Questão 3 - É dotada de uma estrutura inovadora e possibilita expressar por símbolos, não apenas os
assuntos simples, como também as relações entre diversos assuntos. Sua estrutura éhierárquica, na qual
o conhecimento é dividido em dez classes, podendo ser subdividido em partes lógicas, até o infinito. A
classificação definida é a
(A) CDD.
(B) CDU.
(C) Bliss.
(D) (D) Vaticana
Questão 4 - As atividades relacionadas à organização e representação da informação e do conhecimento
compreendem diversos processos na biblioteconomia. Julgue as afirmativas a seguir, assinalando (V) para
as VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS.
( ) A catalogação cooperativa foi proposta inicialmente pelo bibliotecário da Biblioteca do Smithsonian
Institution (EUA), em 1850, o qual tinha um projeto de transformar essa biblioteca em biblioteca nacional
�72
e criar um catálogo coletivo das bibliotecas cooperantes. Entretanto, a ideia só foi implementada pela
Library of Congress em 1901.
( ) No Brasil, a catalogação cooperativa teve início em 1942, com a distribuição de fichas catalográficas
pelo Instituto Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (IBBD). Porém, algum tempo depois, em
1972, apareceram algumas dificuldades, o que originou a sua interrupção. Tal situação foi regularizada
em 1972, com o surgimento do formato MARC e se consolidou com o projeto CALCO em 1973.
( ) A CDU contém as tabelas auxiliares que permitem a construção de números compostos, ou seja, a
atribuição de um número extraído de determinada localidade para unir aos números das tabelas
principais, especificando a determinação do assunto do item.
( ) A CDU é uma linguagem de indexação e recuperação da informação que abrange praticamente todos
os assuntos e que pode ser utilizada em acervos que lidem com qualquer tipo de suporte documental.
( ) O sinal de dois pontos serve para indicar uma relação entre dois ou mais assuntos por meio da conexão
de seu número da CDU, ampliando os assuntos que liga. Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA. A) V, V, F, V, F. B) F, F, V, F, V.
C) F, V, F, F, V.
D) V, F, V, V, F.
______________________________________________________________________________________
6.6 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 - As afirmativas abaixo sobre linguagens documentárias estão corretas, EXCETO:
A) A possibilidade do indexador não dominar o idioma do documento é um fator que não prejudica a
qualidade da indexação.
B) Os sistemas de classificação CDD e CDU são estruturados hierarquicamente, dividindo o
conhecimento em dez classes principais, subdivididas sucessivamente.
C) A CDU concilia e equilibra exigências dos esquemas hierárquicos com a multifacetação dos
sistemas em diversos aspectos de um mesmo assunto.
D) O processo de indexação automática é similar ao processo de leitura-memorização humano,
sendo seu princípio geral baseado na comparação de cada palavra do texto com uma relação de
palavras vazias de significado.
Questão 2 - Com base na Classificação Decimal Universal, considere as seguintes afirmativas:
1. A CDU, como vários esquemas gerais, é uma classificação por aspectos, na qual um fenômeno é
classificado segundo o contexto ou disciplina em que é considerado.
2. Em 1795, um novo passo para o progresso da classificação decimal foi dado por Paul Otlet.
3. A notação da CDU corresponde a uma linguagem artificial da qual foram eliminadas muitas das
ambiguidades da linguagem natural.
4. Desde agosto de 1949, as correções autorizadas têm sido publicadas nas
ExtensionsandCorrectionstothe UDC, editadas, a princípio, anualmente e agora semestralmente.
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Questão 3 - Em relação à Classificação Decimal Universal, avalie os dois agrupamentos abaixo.
Colchetes […]
Dois pontos duplos ::
Parênteses 0 (0…)
a. São utilizados para fixar a ordem dos números que compõem uma notação composta.
b.São usados para estabelecer subgrupos algébricos quando dois ou mais números principais se
encontram ligados por um sinal de adição ou dois pontos.
�73
c. Indicam a forma ou apresentação de um documento que trata de um assunto representado por um
número principal.
A correlação correta entre os agrupamentos é:
a) Ib; IIa; IIIc.
b) Ia; IIb; IIIc.
c) Ic; IIa; IIIb.
d) Ib; IIc; IIIa.
e) Ic; IIb; IIIa.
Questão 4 - Empregando a Classificação Decimal Universal, a equipe de bibliotecários do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região planeja separar os periódicos de direito do restante do acervo, porém
mantendo juntas as coleções de cada país. O bibliotecário I propõe agrupá-los por assunto, assim:
34(05)(73), 34(05)(81) e assim por diante. O bibliotecário II acha melhor reuni-los sob a sua forma, assim:
(05)34(73), (05)34(81) etc. Por fim, o bibliotecário III pensa em organizá-los segundo a forma e o
lugar,assim: (05)(73)34, (05)(81)34 etc.
Ocorre que:
a)os bibliotecários I, II e III estão corretos; a flexibilidade da ordem de citação torna possíveldiferentes
arranjos.
b)os bibliotecários I, II e III estão incorretos; a ordem de citação impõe que o lugar sejaseguido da forma,
e não o contrário.
c)o bibliotecário I está incorreto; os auxiliares devem ser agrupados usando-se a barrainclinada:
34(05/73), 34(05/81) etc.
d)o bibliotecário II está incorreto; o número principal não deve ser intercalado entre osnúmeros
auxiliares.
e)o bibliotecário III está incorreto; não se deve justapor dois auxiliares à frente do númeroprincipal, mas
apenas um.
Questão 5 - A classificação é a atividade de representação temática da informação voltada para a
organizaçãofísica dos documentos, atribuindo a estes uma notação de um sistema pré-coordenado. Dos
itens abaixo, identifique o sistema que não é considerado pré-coordenado:
A) Dewey Decimal Classification.
B) Universal Decimal Classification.
C) Colon Classification.
D) Library of Congress Subject Headings.
E) Bibliographic Classification.
Questão 6 - No caso de uma obra que contém resultados decorrentes de um trabalho de pesquisa, o
classificador tem como atribuição:
A.classificar de acordo com a área temática pertinente, independente do caráter da informação ou dos
meios empregados.
B.compor uma classificação que integre a classe generalidades à classe específica que representa o
assunto da pesquisa.
C.criar um número auxiliar para representar o método empregado na pesquisa.
D.unir, por meio do uso de dois pontos simples, a temática pesquisada e o método
Questão 7 - Utilizando a tabela de Classificação Decimal Universal (CDU), a notação que representa
corretamente o assunto “Educação Profissional” é
A) 377
B) 379.8
C) 37.013
D) 378
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Questão 7 - De acordo com a CDU, a notação que apresenta o auxiliar de forma é
A) 658.56:36
B) 658.56(81)
C) 658.012.2(035)
D) 658.012.2+658.56
Questão 8 - Um vocabulário controlado é essencialmente:
A) uma relação de publicações que o autor consultou para escrever sua obra.
B) um índice classificado de um trabalho ordenado alfabeticamente por temas específicos.
C) uma lista de termos autorizados para recuperação da informação.
D) Uma lista de letras ou números que representam o nome do autor e a classificação de uma obra.
Questão 9 - A Classificação também conhecida como Sistema Decimal de Dewey (SDD ou CDD) foi
desenvolvida por Melvil, Dewey em 1876. Assim chamada de decimal por:
A) Dividir o conhecimento humano em 10 classes
B) Possuir um caráter unitário
C) Utilizar um sistema que não usa números inteiros
D) Dividir os temas de assuntos em dígitos múltiplos
Questão 10 - A CDU (Classificação Decimal Universal) elaborada por Paul Otlet e Henri la Fontaine contém
um elemento facetado que é usado especialmente em bibliotecas:
A) públicas
B) comunitárias
C) especializadas
D) para deficientes visuais.
REFERÊNCIAS
SILVA, O. P. CDD: manual teórico-prático para os alunos da disciplina Classificação no Departamento de
Ciência da Informação da Universidade de Brasília, 2018.
SOUZA, S. CDU: como entender e utilizar a segunda edição internacional em língua portuguesa. Brasília:
Thesaurus, 2004.
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AULA VII: Representação Temática da
Informação - Indexação
Docente responsável: Graciane Silva Bruzinga Borges
Bibliotecária, Doutoranda e Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação, da Escola de Ciência da Informação (ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Membro do Grupo de Pesquisa Modelagem Conceitual para Organização Hipertextual de
Documentos (MHTX). Ampla experiência em Serviços de Referência de bibliotecas empresariais;
Consultoria e Gestão Documental em arquivos corporativos; Disseminação Seletiva da Informação (DSI);
Análise de Assunto de Publicações.
Bibliotecária colaboradora: Mayara Silva Gonçalves
Bibliotecária graduada pela Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais,
formatura: junho de 2016. Membro do Grupo de Pesquisa Modelagem Conceitual para Organização
Hipertextual de Documentos (MHTX), coordenado pela Profª. Dra. Gercina Ângela de Oliveira Lima.
Interesse em organização documental, representação descritiva da informação e serviço de referência.
CONTEÚDOS DA AULA
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7 ANÁLISE DE ASSUNTO
Dias e Naves (2007) definem ANÁLISE DE ASSUNTO (AA) como a 1ª Etapa do Tratamento de
Informação, sendo o processo de ler um documento para extrair conceitos que traduzam a essência de
seu conteúdo. Trata-se de uma tarefa sujeita à interferência de diversos fatores ligados à pessoa daquela
profissão, como: 1) nível de conhecimento prévio do assunto de que trata o documento; 2) formação e
experiência; 3) subjetividade; 4) fatores linguísticos, cognitivos e lógicos. Tem como 1ª FASE do processo
de AA a Leitura do Texto pelo indexador, sendo preciso uma leitura que: possibilite a extração de
conceitos que sintetizam seu conteúdo, devendo considerar: a importância do texto; a estrutura do texto;
os tipos de texto e a forma de leitura. Tem-se como 2ª FASE do processo de AA a Extração de Conceitos,
onde, para definir em termos adequados o assunto de um texto é preciso que: se extraiam os conceitos
nele contidos. Como 3ª FASE do processo de AA a Determinação da Atinência, quando é preciso
selecionar aqueles que realmente sintetizam o assunto do documento, considerando a atinência e o
significado. Para os autores, em síntese, AA tem um caráter interdisciplinar, sendo uma atividade
complexa, por sofrer interferências de fatores linguísticos, cognitivos e lógicos.
7.1 INDEXAÇÃO – CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E LINGUAGENS
Para Dias e Naves (2007), o conceito de INDEXAÇÃO está ligado a uma terminologia usada para
ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO PELOS SERVIÇOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO. Visa organizar informações
referentes, principalmente, a artigos de periódicos. Essas informações não são, normalmente,
organizadas em bibliotecas (que costumam se limitar à organização dos periódicos no todo). Tem como
produtos: índices e abstracts, disponíveis em forma impressa e em bases de dados. Já sobre as linguagens
de indexação, os autores esclarecem que essas fornecem termos padronizados para representar o(s)
assunto(s) identificado(s) no documento. Algumas características são destacadas, tais como haver
sentidos diferentes para o termo indexação: 1) um mais amplo, como uma atividade de criar índices, seja
de autor, título, assunto, tanto de publicações, quanto de catálogos ou bancos de dados, em bibliotecas e
centros de informação e 2) outro mais restrito, onde é realizada a indexação ou catalogação de assuntos
dadas as informações contidas nos documentos.
Na visão de Cintra et al. (2002), as linguagens são construções sociais e se apresentam de
diferentes formas, o que caracteriza a língua praticada em um contexto específico, podendo ela estar na
forma natural praticada pelos falantes, como na forma controlada – linguagem documentária. A língua
natural analisa dados da experiência segundo padrões que dependem da tradição cultural e do momento
social do povo que fala. Por conseguinte, essa língua é uma análise da sociedade, do homem praticante
de um grupo e de sua cultura. Na língua natural o elemento de troca é o signo linguístico, que associa um
SIGNIFICANTE – imagem acústica – a um SIGNIFICADO – conceito. Com os limites próprios de uma
linguagem construída, as linguagens documentárias se valem de quase todos os conceitos apresentados
para a língua natural, e constituem sistemas onde as unidades se organizam em relações de dependência.
Assim, nas linguagens documentárias não se processa uma comunicação no sentido estrito.
Processa-se, antes, uma decodificação pura e simples, à maneira de códigos estáticos e, semelhante à
linguagem natural, as documentárias não se livram completamente de interferências culturais que
acabam por exigir um trabalho quase permanente de atualização. Importante frisar que AS LINGUAGENS
DOCUMENTÁRIAS SÃO SISTEMAS CONSTRUÍDOS e, portanto, se caracterizam como sistemas econômicos,
que, ao contrário da língua natural, aplicam uma racionalização de escolhas e de procedimentos, que
permitam uma utilização eficaz do sistema. As linguagens documentárias são tributárias da linguagem
natural, à medida em que são construídas a partir delas. Sua função é tratar o conhecimento dispondo-o
como informação, ou seja, essas linguagens transformam estoques de conhecimentos em informações
adequadas aos diferentes segmentos sociais. Elas são consideradas como sistemas e como práticas
sociais, não se apresentando como uma construção universal, que seguem princípios únicos, mas
refletem práticas sociais distintas, considerando necessidades específicas de cada contexto.
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Na visão de LEIVA e FUJITA (2012), no capítulo 2 da obra, que aborda os aspectos conceituais da
indexação, contextualiza o tema da seguinte maneira:
1) O PROCESSO COGNITIVO E A INDEXAÇÃO. A indexação gera palavras-chave, índices ou os cabeçalhos
de assunto de um documento. Para obtê-los são necessários processos mentais que têm a ver com a
PERCEPÇÃO da informação, da MEMÓRIA e da COMPREENSÃO. As operações mentais realizadas pelos
seres racionais para a recepção seletiva de informação, a sua codificação simbólica e seu armazenamento
e recuperação, denomina-se PROCESSO COGNITIVO. A Psicologia Cognitiva é a disciplina que estuda os
processos cognitivos como a percepção sensorial da informação, a aprendizagem (linguagem, leitura e
escrita), a memória ou a capacidade de raciocínio. Passa-se pela ORGANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO (1.1),
por meio do DISCURSO TEXTUAL, considerando o Conceito de texto; os Critérios de textualidade; a
Estrutura do texto (micro e macroestrutura); Tipos de texto (1: argumentativo raciocínio argumentativo;
2: narrativo; 3) descritivo, dados espaciais de objetos, lugares, sentimentos; 4) expositivo; 5) instrutivo; 6)
dialogado, informação sequencial construída entre dois ou mais falantes de um assunto; 7) jornalístico.
Em seguida, passa-se para PERCEPÇÃO SENSORIAL DA INFORMAÇÃO (1.2), onde a informação pode
chegar ao indexador por três sentidos: visão, audição e tato. Após, passa-se para ATIVAÇÃO DA MEMÓRIA
(1.3); durante a indexação, a memória entra em jogo constantemente, uma vez que o indexador tem
muitos conhecimentos armazenados e os utiliza a cada momento, por meio da Memória sensorial (ou dos
sentidos registra dados de duração escassa) e da Memória de curto e longo prazo. Por fim, chega-se à
COMPREENSÃO (1.4), por meio dos Processos na compreensão (entende que compreender um texto
leva-nos a fazer seu significado); Elementos para a compreensão (os textos ou discursos (textuais, orais e
audiovisuais, mas principalmente os dois primeiros), para serem compreendidos devem ter coesão e
coerência); Coesão discursiva (se manifesta na superfície do discurso, ou seja, sob a forma da construção),
como exemplo o Tópico frasal (para falar de coerência textual global deve-se ter a coerência da frase e a
coerência entre os parágrafos) e o Tema textual (ou discursivo tem sido chamado pelos linguistas de
diferentes maneiras, assim, tem sido utilizadas expressões como alusão, plano global, tópico do discurso
ou macroestrutura textual).
2) A INDEXAÇÃO. Trata-se de um processo técnico documentário – de um conjunto de operações
realizadas para a SELEÇÃO, a AQUISIÇÃO, o REGISTRO e o TRATAMENTO dos DOCUMENTOS, a fim de
possibilitar seu armazenamento e, posterior recuperação. Em geral, a entrada dos documentos em um
centro de informação ocorre por meio de duas etapas sucessivas: a seleção e a aquisição. A política de
aquisições deve ser concebida em relação ao pressuposto, aos recursos e aos serviços prestados.
Caracteriza-se em um contexto onde os fundos vão aumentando pela compra ou pela troca de
documentos entre as instituições ou por doação de fundos privados. Além disso, como o nome sugere,
selecionar é escolher a documentação que deve ser incorporada. Portanto, a seleção do material e sua
posterior aquisição é a primeira etapa do processo que conduz a constituição dos fundos documentários.
Normalmente, cada instituição tem pessoal encarregado para essa tarefa e, uma questão chave no
processo de seleção, é verificar as necessidades, as características e as preferências dos usuários. Outra
fase do processo documentário é o TRATAMENTO TÉCNICO que recebem os documentos para que
possam ser utilizados. Este tratamento é dividido em ANÁLISE DA FORMA e ANÁLISE DO CONTEÚDO. A
análise da forma de um documento também é conhecida como descrição bibliográfica ou catalogação,
enquanto que a análise de conteúdo inclui a classificação, o resumo e a indexação. A última fase do
processo documentário é a saída da informação. Todas as operações desenvolvidas na fase de entrada e
de tratamento da informação têm um objetivo principal: a divulgação da informação. A razão das
operações descritas é a divulgação da informação que foi selecionada, adquirida ou recebida e analisada
anteriormente.
Conceito de indexação: as diferentes maneiras que os indexadores lidam com a indexação de
documentos podem ser agrupadas em três correntes presentes na literatura. A indexação centrada no
documento, no usuário e no domínio. 1) Indexação centrada no documento (os indexadores realizam uma
descrição precisa e fiel do documento, sem considerar o contexto ou as necessidades de informação dos
usuários que se utilizam dela (SOERGEL, 1985; LANCASTER, 1991); 2) Indexação centrada no usuário (os
�78
indexadores selecionam os conceitos e os convertem em termos controlados por uma linguagem de
indexação, levando em conta o conhecimento que tem dos usuários e suas possíveis necessidades de
informação (ALBRECHTSEN, 1993; FIDEL, 1994). A mesma norma ISO 5963:1985 estabelece que os
indexadores podem selecionar os conceitos que eles consideram úteis para um grupo de usuários; 3)
Indexação centrada no domínio (Jens-Erik Mai, 2005). O citado autor propôs essa terceira possibilidade
chamada indexação centrada no domínio. Esse método é baseado no conhecimento profundo da
organização (histórico, objetivos, metas, pessoas e relacionamentos, fluxos de informação etc.). E isso faz
com que o autor subdividida a indexação em quatro processos: análise do domínio, das necessidades dos
usuários, papéis desempenhados ou adotados pelos indexadores e, finalmente, a análise do documento,
tendo em conta os elementos acima referidos. Esses tópicos não são repetidos para cada documento,
exceto o último, quando vários deles mudam significativamente. Portanto, as diferenças de abordagem
entre a indexação centrada no documento e a centrada no domínio consistem em que enquanto a
primeira tem como única referência a informação contida no documento, a indexação centrada no
domínio gerencia outros elementos além do documento.
As Etapas de Indexação são: 1)ANÁLISE DOS DOCUMENTOS; 2) QUESTÕES PARA A SELEÇÃO DOS
CONCEITOS EXPLÍCITOS OU IMPLÍCITOS e 3) ARMAZENAMENTO DESTAS PALAVRAS-CHAVE COMO ESTÃO,
ou sua conversão numa linguagem controlada.
Em resumo, a indexação é um processo executado nos objetos suscetíveis de serem representados
e nas solicitações dos usuários para, em última análise, satisfazer as necessidades de informação. A
qualidade da indexação corresponde aos elementos que caracterizam tanto o processo quanto o
resultado da indexação, que são a EXAUSTIVIDADE, a CONSISTÊNCIA, a ESPECIFICIDADE e a CORREÇÃO.
A) Exaustividade na indexação: tanto a norma ISO 5963-1985 quanto sua tradução em espanhol (UNE 50121-91) indicam que a exaustividade na indexação está relacionada com a quantidade de conceitos que
caracterizam todo o conteúdo do documento e não com o número de descritores atribuídos a um objeto
indexado.
B) Especificidade: a própria norma ISO 5963-1985 sugere que a especificidade tem a ver com a precisão
com que um termo de indexação representa fielmente um conceito particular que aparece no documento
em análise.
C) Correção: ou a ausência de erros é de suma importância, porque a indexação pode ter dois tipos de
falhas: por omissão (quando um termo é omitido) e por inclusão (adição de um termo sem necessidade).
Por outro lado, a ausência de um termo que deveria estar presente e a atribuição de um mais genérico,
específico ou afim, é um tipo especial de erro de omissão e de inclusão.
D) Consistência: definida por Zunde e Dexter (1969, p. 259), dois pioneiros nesse assunto, como “[...] o
grau de concordância na representação da informação essencial de um documento por meio de um
conjunto de termos de indexação selecionados por cada um dos indexadores de um grupo”. A
consistência na indexação pode ser estudada como uma referência a um ou vários indexadores. Quando
um profissional indexa o mesmo documento em momentos diferentes falamos de intra-consistência ou
consistência intraindexador. E em segundo lugar, quando vários profissionais indexam um mesmo
documento de maneira diferente, falamos de inter-consistência ou consistência inter-indexador.
Para Feitosa (2006), a INDEXAÇÃO consiste na “análise temática da informação e ocorre no
processamento técnico da informação, mais especificamente na classificação, na indexação, na
disseminação, no resumo, na recuperação e na busca. A operação classificação consiste principalmente
na atribuição de um número ou outro símbolo para descrever o documento. A indexação consiste em
atribuir vários descritores, que podem ter ligações entre si, para descrever o conteúdo do documento. De
certo modo, uma lista de termos pode ser vista como uma espécie de minirresumo, uma vez que reúne os
termos em uma lista ou índice. Com relação à extensão do registro, a indexação pode ser seletiva (mais
restrita) ou exaustiva (mais completa). A operação de resumo consiste na condensação do documento em
linguagem natural. O principal objetivo do resumo é indicar de que trata o documento ou sintetizar seu
conteúdo. Conforme o nível de aprofundamento, o resumo pode ser classificado como resumo breve ou
resumo detalhado (ampliado). Esse grau de aprofundamento é também denominado extensão do registro
�79
de um resumo. De todas as operações do processamento técnico, a mais importante para o contexto
desta obra é, sem dúvida, a indexação, da qual pode depender em grande medida a qualidade dos
resultados advindos de uma operação de busca e recuperação” (FEITOSA, 2006, p. 21).
“A linguagem natural é formada pela reunião de sinais utilizados e reconhecidos facilmente pelo
homem. Quando empregada na indexação denominada ‘livre’, utiliza termos como se apresentam nos
documentos. A linguagem documentária compreende o conjunto de regras, símbolos e termos
previamente estabelecidos, formando uma linguagem artificial para a indicação do conteúdo temático
dos documentos” (FEITOSA, 2006, p. 23).
“A técnica da indexação necessita do uso de uma linguagem indexação, que compreende a
especialização de uma linguagem documentária. A linguagem de indexação é uma ‘linguagem artificial
utilizada para o registro ou indicação dos temas contidos nos documentos, dotada de vocabulário
controlado e regida por uma sintaxe própria’ (CAVALCANTE, 1982). Um vocabulário controlado relaciona
termos utilizados em sistemas de indexação, com vistas à uniformidade de armazenagem, bem como à
facilidade de recuperação. A sintaxe compreende um conjunto de regras necessárias à tarefa de
combinação dos elementos do vocabulário” (FEITOSA, 2006, p. 23).
“Segundo Harman (1994), o ponto chave para qualquer indexação é a escolha dos limites do
registro que identifica uma unidade pesquisável” (FEITOSA, 2006, p. 24).
7.2 INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA
Para contextualizar o processo de Indexação Automática, Dias e Naves (2007) citam Navarro
(1988), que afirma que: durante muito tempo trabalhou-se na base do bom senso e somente a partir da
necessidade de sistematizar as relações entre linguagem natural e as linguagens documentárias,
principalmente visando-se procedimentos automatizados, a interseção foi percebida e trabalhada a nível
teórico. Com a explosão bibliográfica, fez-se sentir a necessidade de um documento 'industrial' e
automatizada, surgindo o imperativo da explicitação das operações de indexação anteriormente
implícitas. A linguística tornou-se fundamental para a documentação automatizada. Sendo indexação, a
condensação (elaboração de resumos) e a busca atividades de que envolvem a extração do significado do
texto, a mecanização desses processos implicaria em que o computador possa compreender o significado
do texto. O estudo do significado contribui para a pesquisa em processamento automático de texto.
Dahlberg (1992) aponta para as bases linguísticas e filosóficas para ao organização do conhecimento;
estudos de bases filosófica que consideram: a lógica; a teoria da ciência; a epistemologia; a ontologia; a
fenomenologia; a aletiologia e a metafísica.
Para Feitosa (2006), “Técnicas de indexação automáticas ou semi-automáticas, normalmente
baseadas em processos estatísticos, linguísticos ou baseados na Inteligência Artificial, têm sido
pesquisadas e utilizadas especialmente para aqueles textos completos que não foram submetidos a
processos de indexação manual ou de resumo” (FEITOSA, 2006, p. 21).
“Definida por Robredo (1982) como ‘operação de representar o conteúdo dos documentos,
qualquer que seja o método utilizado’, a indexação utiliza-se de instrumentos para o tratamento da
informação, de modo a obterem-se termos que representem corretamente os conceitos contidos em
determinado documento. Assim, o principal propósito de um serviço de indexação é assegurar da forma
mais eficiente e econômica possível, que qualquer documento ou informação seja fornecido ao usuário
no momento preciso (CARNEIRO, 1985). Para a consecução desse objetivo, a técnica de indexação
necessita da utilização de instrumentos normativos (normas), bem como de instrumentos linguísticos
como a linguagem natural e as linguagens documentárias” (FEITOSA, 2006, p. 22).
Segundo Dias e Naves (2007), a grande área da Análise de Assunto (AA) é o TRATAMENTO DA
INFORMAÇÃO, que se divide em: 1) Tratamento Descritivo (dados físicos extraídos do documento) e 2)
Tratamento Temático (observa seu conteúdo - o assunto) (FIG. 1).
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FIGURA 1 – A área de Tratamento da Informação
Fonte: desenvolvida pela autora com base em Naves e Dias (2007).
O aumento da quantidade de informação no mundo e a necessidade de se produzir informação
sobre informação objetivou documentar os registros existentes nas várias áreas do conhecimento, suas
características, e onde podiam ser encontrados. Identificar e acessar a informação são tarefas cruciais,
porém, a identificação serve de etapa preliminar para a etapa fim desse processo, que é o acesso efetivo
à informação/documentos. Assim, acesso à informação/documentos é a questão básica de interesse da
Ciência da Informação. Sistemas de Recuperação da Informação (SRI) visam otimizar o acesso ao
conteúdo das informações, em bibliotecas ou não, pois, a biblioteca já é organizada para facilitar o
acesso ao conteúdo, porém, o catálogo - seu principal SRI - incrementa esse acesso. Os SRI e as
bibliotecas são constituídos de vários subsistemas, entretanto, o tratamento da informação na prática e
na literatura pode variar e ser referida como mostra na Figura 2.
FIGURA 2 – Subsistemas dos SRI
Fonte: desenvolvida pela autora com base em Naves e Dias (2007).
Entretanto, tratamento da informação na prática pode variar e ser referido como (FIG. 3).
FIGURA 3 – Variações do Tratamento da Informação
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1
2
3
4
5
�82
Fonte: desenvolvida pela autora com base em Naves e Dias (2007).
O conceito de Tratamento da Informação, para os autores, pode ser assim explicitado: expressão
que engloba todas as disciplinas, técnicas, métodos e processos relativos a: 1) descrição física e temática
dos documentos numa biblioteca ou sistema de recuperação da informação; 2) desenvolvimentos de
instrumentos a serem utilizados nessas descrições, como códigos, linguagens, normas, padrões e 3)
concepção/implantação de estruturas físicas ou bases de dados de armazenamento dos documentos e de
seus simulacros, como fichas, registros eletrônicos, etc. Compreende as disciplinas de: classificação,
catalogação, indexação, bem como especialidades delas derivadas, ou terminologias novas nelas
aplicadas, tais como metadados e ontologias, entre outras.
Especialidades da área: TRATAMENTO DESCRITIVO (ou representação descritiva), que são os
aspectos objetivos capazes de identificar extrinsecamente o documento, e TRATAMENTO TEMÁTICO (ou
representação temática), que apresenta forte carga subjetiva, caracterizando o documento sob o ponto
de vista de seu conteúdo! Agentes da área (profissional da informação): classificador; catalogador e
indexador.
Pontos de atenção: tendência de considerar as atividades de abordagem temática da informação
(classificação, catalogação por assunto, indexação temática) como uma única atividade. Equivalente a: 1)
identificar o assunto ou assuntos de um documento e 2) traduzir esse assunto(s) para a linguagem de
indexação. Porém, há diferenças: 1) classificar um documento para colocação nas estantes de uma
biblioteca, ou mais genericamente para situá-lo numa coleção (= único local para o documento na
coleção) e 2) catalogá-lo ou indexá-lo por um assunto (= possibilidades de várias entradas de assunto
num catálogo ou num índice. Tendo como limite a política de indexação do sistema, que por sua vez
incorpora princípios de recuperação da informação, mas, pode também ser afetada por questões de
ordem econômica).
FIGURA 4 – Os processos do Tratamento da Informação
Fonte: desenvolvida pela autora com base em Naves e Dias (2007).
No processo de tratamento da informação são utilizados alguns instrumentos, conforme descrito,
a seguir.
(TRATAMENTO DESCRITIVO):
�83
1)
CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO (Ex.: Código de Catalogação Anglo-Americano - 2ª edição - CCAA2);
2)
FORMATOS DE METADADOS (Ex.: Dublin Core);
3)
ELABORAÇÃO DE BIBLIOGRAFIAS (Índices/Abstracts): por meio de Referências Bibliográficas ou
Citações (Ex.: International Standards Organization (ISO) e Associação de Normas Técnicas (ABNT)).
(DESCRIÇÃO TEMÁTICA):
1)
LINGUAGENS DE INDEXAÇÃO (fornecem termos padronizados para representar o(s) assunto(s)
identificado(s) no documento). Tipos principais: 1.1) Alfabéticas (Ex.: Listas de Cabeçalho de Assunto
(p/bib. mais gerais) e Tesauros (p/bib. mais especializadas) e 1.2) Simbólicas: sistemas de classificação
bibliográfica (símbolos como letras e números para representar os assuntos) (Ex.: Classificação Decimal de
Dewey);
2)
TABELAS DE NOTAÇÃO: usadas em conjunto com os sistemas de classificação, auxiliam na
classificação quanto à sua tarefa de prover uma localização única e fixa para cada documento numa
coleção;
3)
NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE RESUMOS (Ex.: International Standards Organization (ISO) e
Associação de Normas Técnicas (ABNT));
4)
MANUAIS DE INDEXAÇÃO (usados nos serviços de indexação e resumo e em bibliotecas
especializadas/técnicas ou centros de documentação);
5)
MANUAIS DE CATALOGAÇÃO POR ASSUNTO (usados em todos os tipos de bibliotecas).
No processo de tratamento da informação são gerados alguns produtos, conforme descrito, a
seguir.
1)
REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (representações dos documentos a que se referem POR MEIO DE:
retratação dos elementos essenciais dos documentos por meio de número reduzido de informação) – Ex.:
Referência Bibliográfica;
2)
REGISTROS CATALOGRÁFICOS (representações dos documentos a que se referem POR MEIO DE:
retratação dos elementos essenciais dos documentos por meio de número reduzido de informação) – Ex.:
Ficha Catalográfica;
3)
RESUMOS (úteis para o profissional da informação, para identificação do assunto do documento e
úteis para o usuário, para identificação da pertinência do item);
4)
METADADOS (equivalentes aos Registros Bibliográficos e Catalográficos referentes aos
documentos eletrônicos);
5)
PONTOS DE ACESSO DE CATÁLOGO (elementos da descrição que poderão ser utilizados na
pesquisa do catálogo);
6)
PONTOS DE ACESSO DE BIBLIOGRAFIAS (elementos da descrição que poderão ser utilizados na
pesquisa do catálogo);
7)
ARRANJO SISTEMÁTICO DE COLEÇÕES DE DOCUMENTOS (organização da coleção de acordo com
algum tipo de classificação por assunto. Permite a função de browsing, importante nos sistemas
automatizados, como nos websites).
7.3 O PROCESSO DE TRATAMENTO TEMÁTICO
Apresentam dois sentidos do termo indexação: um mais amplo e outro mais restrito (FIG. 5).
FIGURA 5 – Os sentidos da indexação
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Fonte: desenvolvida pela autora com base em Naves e Dias (2007).
Pontos de atenção: o foco da obra é a indexação acadêmica, que tem como ETAPAS: 1) extração
de conceitos que possam representar o assunto de um documento e 2) tradução desses para termos de
instrumentos de indexação ou linguagens documentárias. Sobre a questão da subjetividade, de acordo
com Strehl (1998), a coerência da indexação é colocada em risco por: 1) o conteúdo real do documento;
2) a parte desse conteúdo que será suscetível de responder às necessidades (futuras) dos usuários; 3) os
conceitos importantes que devem ser conservados para representar esse conteúdo; 4) os descritores
definidos para representar esses conceitos. Assim, havendo a necessidade de uma política de indexação,
que considere: o perfil dos usuários; o sistema de recuperação de informação. Tal política tem como
ELEMENTOS: níveis de exaustividade e especificidade; capacidade de revocação e precisão do sistema;
estratégia de busca; tempo de resposta do sistema; e forma de saída e avaliação do sistema.
Consistência: manifesta-se na similaridade dos termos de indexação atribuídos a um dado
documento por diferentes indexadores. Grau de concordância na representação do conteúdo de
informação (essencial) do documento por certas listas de termos de indexação selecionadas
individualmente e independentemente por cada indexador (ROLLING, 1981). Uma das razões para a
inconsistência pode ser no momento da expressão de conceitos, que é feita de formas diferentes em
diferentes níveis de especificidades (SVENONIUS, 1981).
Relevância: contexto da Recuperação da Informação (RI). Refere-se ao julgamento feito pelo
indivíduo ao se confrontar com o resultado de sua busca em um sistema de RI. Tem por definição:
avaliação da satisfação do usuário com relação à representação de documentos.
7.4 A LEITURA DO TEXTO PELO INDEXADOR
Definição: meio, veículo que permite a comunicação de ideias entre o sujeito que cria e dissemina
informação (emissor, autor) e o sujeito que necessita e adquire informação (receptor, leitor). A palavra
texto é confundida com documento, discurso, informação, dado, conhecimento ou mesmo com leitura.
Pode ter qualquer extensão, desde uma simples palavra, até um conjunto de frases (ORLANDI, 1987). As
estruturas do texto são: microestrutura (estrutura superficial, correspondente à realidade física do texto);
macroestrutura (tópico representativo hierárquico e coerente da unidade textual, com mínima estrutura
da representação textual sintática-semântica) e superestrutura (estrutura teórico esquemática, sendo
transição entre estruturas de superfície e de profundidade).
A leitura é definida como a prática de dar sentido perceptivo e intelectual a um texto,
considerando o sujeito, e toda sua capacidade subjetiva de interpretar. Tem como características: ser
interdisciplinar, apresentando conexão com as ciências cognitivas e a semântica. Apresenta problemas,
tais como: Problemas Continentes (significado de uma palavra desconhecida); Problemas Táticos
(organização do texto entre os planos principal e secundário); Problemas Modais (dependem da
compreensão de um conceito ou teoria) e Problemas Ontológicos (provenientes de crenças ideológicas do
leitor) (CAVALCANTI, 1989).
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A prática da leitura técnica tem como definição a forma de leitura do conteúdo do documento
apropriada à realização das demais tarefas de AA: identificação dos conceitos; seleção dos conceitos; e
expressão do(s) documento(s) na forma de uma frase, ou frases, de indexação. Segundo Lancaster (1993),
trata-se de um misto de ler e passar os olhos pelo texto, devendo ser uma leitura direcionada a certas
partes do texto: título; subtítulo; sumário; resumo; introdução; prefácio; apresentação; títulos dos
capítulos e bibliografia.
7.5 EXTRAÇÃO DE CONCEITOS
A definição é de um conjunto de características, que são os elementos dos conceitos e traduzem
os atributos das coisas designadas, onde, a característica mais geral corresponde a uma categoria. Tem
como características processos mentais para formar um conceito: análise (operação mental para
decompor os elementos constituintes); síntese (operação mental para recompor os elementos
constituintes); abstração (operação mental de isolar para considerá-lo à parte); generalização (estender a
toda uma classe de objetos e fenômenos os elementos essenciais, gerais). São apontados os seguintes
problemas: 1) percepção (início do trabalho mental - material prima do pensamento); emoção
(sentimentos, alterações orgânicas e impulsos para a ação); atitude (tipos de predisposição para a ação:
opiniões, preconceitos e nível de abstração); linguagem (sistema de símbolos verbais, palavras,
elaboração: elaboração e uso pela comunidade para exprimir e comunicar sentimentos e pensamentos).
O assunto constitui o produto da extração de conceitos, que representa o conteúdo informacional.
Apresenta algumas características: termo ambíguo, impreciso, difícil de definir e ensinar. Há a
necessidade da presença do indexador humano para essa atividade, visto os avanços tecnológicos, a
atividade não pode ser feita pela máquina. Além disso, não se pode definir um assunto sem que se leve
em conta o contexto; ambos os conceitos (ASSUNTO & CONTEXTO) estão juntos nas teorias tradicionais e
indexação. Na literatura mais recente, aparece o uso do termo aboutness (neste livro traduzido por
atinência), como sinônimo do termo subject (assunto) de um documento.
O contexto tem por definição: aspectos observados na leitura técnica, que se faz inicialmente, ao
analisar um documento. Possibilita incluir informação sobre o ambiente de recuperação no qual o existe.
Aspectos situacionais ou contextuais correspondem à perspectiva pragmática que é estabelecida como a
dimensão prevalente na pesquisa do texto, de forma que uma teoria textual implica uma teoria do
contexto. Exemplo: Metcalfe (1977) quando um assunto não é um assunto? = quando uma porta não é
uma porta? RESPOSTA: quando ela não está inserida em uma parede!
7.6 DETERMINAÇÃO DA ATINÊNCIA
Tem por definição: termo traduzido do inglês aboutnes. Apresenta as seguintes características:
Baranov (1983), aboutnes = concernência, do verbo concernir; adjetivo concernente. Cesarino e Pinto
(1980) apontam dois momentos que se faz AA: quando se analisa o documento e quando se analisa
questões do usuário. Beghtol (1986) diferença entre atinência extencional (assunto inerente ao
documento) e intensional (razão ou propósito pelo qual ele foi adquirido pela biblioteca ou requerido
pelo usuário).
O significado tem por definição: considera-se o significado como a representação, na linguagem,
de um significante, correspondendo o primeiro ao conceito ou à noção, e o segundo à forma. O processo
de significação é aquele em que um significante e um significado são correlatos, e o produto é o sinal. A
significação impõe uma relação transitória entre expressão (significante) e conteúdo (significado). Uma
característica, segundo Beghtol (1986), é que um texto tem uma atinência relativamente permanente,
mas um número variado de significados.
Quanto aos aspectos linguísticos, Cunha (1987) menciona que a linguística é a ciência que estuda
as línguas naturais. Sua importância para a análise documentária não está só na fase de processos de
análise, mas também na fase de elaboração de instrumentos e produtos. Apresenta as características:
�86
Cintra (1983), disciplinas linguísticas que interessam para a indexação: semântica (sentidos ou
significação dos elementos); sintaxe (relações que se estabelecem a partir da organização sintagmática
dos elementos) e morfologia (sintetiza parcialmente aspectos da semântica e da sintaxe - identificação
das partes da palavra e de suas condições de ocorrência). Destacam-se alguns problemas: Baranov
(1983), dificuldade de interrelacionamento da CI com a Linguística e o não preenchimento de
expectativas. Smit (1987) afirma que a automação da problemática da análise documentária não se
limitava às questões de sintaxe e semântica, pois ultrapassava o limite da frase e passa a se preocupar
com o texto, sendo um outro componente necessário: a lógica. Interseções com a CI: feita por meio da
Indexação Automática, sendo que o estudo do significado contribui para a pesquisa em processamento
automático de texto.
Quanto aos aspectos Cognitivos e Lógicos, pode-se dizer que, juntamente com os aspectos
linguísticos, os aspectos cognitivos e lógicos formam o TRIPÉ de sustentação do processo de AA.
Considera os conceitos: Daniels (1986), a ciência cognitiva consiste em disciplinas como: psicologia
cognitiva, linguística, inteligência artificial; filosofia; educação e idealmente, ciência da informação.
Há interseções: Garcia Marco e Esteban Navarro (1993), a Psicologia Cognitiva (PC) interessa à CI
por duas razões: 1) CI & PC são ambas ciências cognitivas num sentido amplo; ambas se interessam na
maneira como a informação produz conhecimento, como a informação é processada e como é realizada a
melhor adaptação da realidade e 2) os processos psicológicos mediam o ciclo da informação,
acontecendo, principalmente, em todos os tipos de atividades lógica formal (lida com a forma =
significante de interface entre homens, e entre homens e máquinas. Os enunciados é a variação da lógica
geral (limita-se a um sistema de símbolos) relacionando o exercício de raciocínio lógico a um cálculo
algébrico.
7.8 LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS
De acordo com Cintra et al. (2002), a informação não é um dado. Ela se constrói no encontro de
duas dinâmicas, concretizadas por meio do agente que enuncia – o enunciador – para o agente que
recebe a informação – o enunciatário. Ela ocorre num espaço onde as posições desses agentes são
intercambiadas, em um jogo de forças permanente. Esse jogo de forças é sustentado pela cultura dos
agentes, em que, por meio do conjunto de signos – linguagem – consegue-se transmitir a informação.
Os significados de informação e conhecimento estão extremamente relacionados. Informação
constitui, ela mesma, um conhecimento potencialmente transmissível. A informação relaciona-se à
identificação de um sinal e supõe uma forma passível de ser interpretada como mensagem. A partir da
década de 1970, informação e conhecimento adquiriu novas relações, considerando a forma com que são
utilizados e interferem no desenvolvimento de diferentes disciplinas e áreas do saber. Assim, informação
e conhecimento são analisados sobre três diferentes aspectos complementares, a saber:
enquanto o conhecimento é estruturado, coerente e frequentemente universal, a
informação é atomizada, fragmentada e particular;
enquanto o conhecimento é de duração significativa, a informação é temporária,
transitória, talvez mesmo efêmera;
enquanto o conhecimento é um estoque, a informação é um fluxo de mensagem.
Assim, o estoque de conhecimento é alterado com o input de novas informações, em virtude de
adições, reestruturações ou mudanças. Mas, para que o conhecimento da sociedade não se perca e possa
ser compartilhado, ele é registrado num dado suporte: livro, imagem, foto, disco etc., passando a se
constituir em documento.
Com o desenvolvimento tecnológico, houve uma explosão de documentos, o que viabiliza a
importância das atividades de triagem, organização e conservação da informação, bem como a
necessidade em viabilizar o acesso a esse conjunto de informação gerada.
Esse crescimento documental é marcado, principalmente, com o surgimento das revistas
científicas, no ano de 1665, de natureza primária, aumentando-se, posteriormente, com o surgimento de
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revistas secundárias e terciárias. É a partir desse acontecimento que foi criado o Sistema Universal de
Informação Científica (UNISIST), com patrocínio da ONU, haja vista armazenar a informação científica em
um computador central, dotado de um sistema de busca.
Para que essa informação seja tratada e armazenada, são realizadas diferentes atividades, em um
extenso ciclo ou processo documentário. Assim, na primeira fase manifestam-se as atividades de
localização, triagem e escolha; na segunda, ocorrem as operações de controle e registro do material; e,
por fim, consolida-se a descrição do conteúdo, denominada de análise documentária. A análise
documentária utiliza operações de descrição das informações que trazem o documento, e a tradução
dessas informações numa formulação aceitável pelo sistema adotado.
O caráter científico deu à linguagem uma força tal que, hoje, pode-se dizer que ela é tomada como
chave de acesso do homem moderno às leis do funcionamento social. No intuito de conhecer a
linguagem, alguns aspectos que se sobressaem são a demarcação, significação e a comunicação. Assim, é
preciso considerar que todas as práticas humanas são tipos de linguagens, visto que elas demarcam,
significam e comunicam.
A prática da linguagem é marcada por uma tendência natural do homem: compreender, governar
e modificar o mundo. Assim, o homem situa-se em dois extremos: de um lado, situa-se a apreensão, e de
outro a compreensão. O primeiro esforço, o de fixação, equivale a uma catalogação do mundo. O outro
lado, o de coordenação, equivale a uma hierarquização do mundo.
Na prática da linguagem natural, as palavras chegam até as pessoas por intermédio dos sentidos
de forma organizada, isto é, são agrupadas de acordo com regras preestabelecidas, formando as frases.
De um lado a língua pode ser vista como um sistema cujas unidades se articulam no plano da expressão
de conteúdos, planos que se unificam com o único modo de ser do pensamento, a sua realidade e a sua
realização. Desse modo, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e atua como elemento
fundamental da comunicação social.
A língua é, pois, um sistema de signos e regras combinatórias que, de fato, não se realiza
completamente na fala de nenhum sujeito. Ela só existe completamente na massa, no conjunto de uma
sociedade. Mas também, é um sistema de relações virtuais em permanente disponibilidade para o
falante.
A língua não é função do sujeito falante nem sucessão de palavras correspondentes a outras
equivalentes. É um sistema-estrutura de valores e formas. Os sistemas de valores não são construções
particulares de um indivíduo; são, antes, o resultado de todo um contexto sócio-histórico que determina
as condições de produção do discurso.
A utilização de linguagens documentárias remete ao desenvolvimento científico e tecnológico
vivenciado nas décadas de 1950 e 1960, em que esforços foram realizados no sentido de garantir efetiva
recuperação de informação nos sistemas de informação. Assim, essas linguagens são construídas para
indexação, armazenamento e recuperação da informação e correspondem a sistemas de símbolos
destinados a traduzir os conteúdos documentais.
Os estudos sobre as linguagens documentárias envolveram pesquisadores interdisciplinares com
os campos da Estatística e da Linguística, a primeira considerou-se a determinação de frequências de
descritores, mapeamento de ocorrências e análise de citações, o que viabilizou o desenvolvimento da
Bibliometria. A segunda, por sua vez, preocupou-se com problemas de vocabulário, tendo em vista a
construção de instrumentos mais adequados.
Tal como as linguagens naturais, as documentárias são sistemas simbólicos instituídos que visam
facilitar a comunicação. Sua função comunicativa, entretanto, é restrita a contextos documentários, ou
seja, as documentárias devem tornar possível a comunicação usuário-sistema.
Grande parte das discussões teóricas sobre linguagens documentária inserem-se no âmbito da
Análise Documentária (AD) que, por sua vez, se define como uma atividade metodológica e específica no
interior da Documentação, que trata da análise, síntese e representação da informação, com o objetivo
de recuperá-la e disseminá-la. Nesse contexto, as linguagens documentárias são, pois, instrumentos
intermediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais se realiza a "tradução" da síntese dos
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textos e das perguntas dos usuários. Essa síntese é feita em unidades informacionais ou conjunto de
unidades aptas a integrar sistemas documentários. A formalização das perguntas dos usuários é feita na
linguagem do próprio sistema. É por esta razão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de
comutação documentária.
Mas diferentemente da LN, o sistema de relações das LDs não é virtual, nem como seus
mecanismos de articulação são extremamente precários, em face daqueles existentes nas línguas em
geral. Bem ao contrário, elementos dessa linguagem específica são selecionados de universos
determinados e seu sistema de relações é construído, sendo indispensável para utilizá-la, a existência de
regras explícitas. Por esse motivo, as LDs são linguagens construídas.
Uma LD deve integrar três elementos básicos:
• um léxico, identificado como uma lista de elementos descritores, devidamente filtrados e
depurados;
• uma rede paradigmática pronta para traduzir certas relações essenciais e, geralmente estáveis,
entre descritores. Essa relação lógico-semântica corresponde à organização dos descritores numa forma
que, lato sensu, poder-se-ia chamar classificação e;
• uma rede sintagmática destinada a expressar as resoluções contingentes entre os descritores,
relações que são válidas no contexto particular onde aparecem. A construção de "sintagmas" é feita por
meio de regras sintáticas destinadas a coordenar os termos que dão conta do tema.
Embora na LN haja diferença conceitual clara entre léxico, vocabulário, nomenclatura e
terminologia, observam-se usos sinonímios entre léxico e vocabulário, por um lado, e nomenclatura e
terminologia, por outro.
Embora mesmo nos estudos das ciências da linguagem haja, eventualmente, referência a léxico e
vocabulário como conjunto de palavras de uma língua ou de um autor, de uma arte ou de um meio social,
a rigor, léxico designa o conjunto de unidades reais e virtuais que formam a língua de uma comunidade,
algo como um depósito de elementos em estado virtual e de regras que permitem a construção de novas
unidades necessárias para as atividades humanas da fala. Já vocabulário refere-se ao conjunto de
ocorrências que integram um determinado corpus discursivo, como uma lista de unidades da fala.
Em termos de LD, não faz sentido falar em léxico, nem em vocabulário nas acepções de uma
Linguística, uma vez que esses elementos são específicos da LN. As LDs, linguagens construídas com
finalidades específicas de representação documentária, não são suficientemente articuladas, nem se
constituem em unidades geradoras de novos elementos.
Também não integram vocabulários propriamente ditos porque são formadas de palavras
preferenciais, combinando palavras de vocabulários de determinados domínios e palavras utilizadas pelos
usuários. Dessa forma, englobam vocabulários representativos de vários discursos. Assim, quando a
palavra vocabulário referir-se à LD, deve ser entendida segundo essa última acepção, que privilegia a
constituição a partir de origens diferentes. Urna nomenclatura, por sua vez, diz respeito à ação de chamar
algo por seu nome. Assim, se constitui em lista de nomes que supõem biunivocidade da relação
significado-significante. Diferentemente de uma nomenclatura, uma terminologia refere-se ao conjunto
de termos de uma área, termos relacionados e definidos rigorosamente para designar as noções que lhe
são úteis.
É bom lembrar que todo conhecimento técnico-científico desdobra-se num universo de linguagem
que condiciona o conhecimento objetivo, determina os limites e sua formulação. A representação
documentária é obtida por meio de um processo que se inicia pela análise do texto, com o objetivo de
identificar conteúdos pertinentes em função das finalidades do sistema – e da representação desses
conteúdos – numa forma sintética, padronizada e unívoca.
A síntese e a representação documentária oriundas do processo de análise podem se apresentar,
geralmente, sob duas formas: o resumo, que é feito sem a intermediação de uma LD e o índice, que, para
maior qualidade, deve ser elaborado a partir de uma LD. A operação de tradução de textos em LN para
uma LD denomina-se indexação. Inerente ao processo de indexação, estão as operações de classificação.
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As várias fases do processo analítico apresentam uma complexidade considerável, pois não se
trata de adquirir os documentos e armazená-los numa ordem lógica. A documentação é memória, seleção
de ideias, reagrupamento de noções e de conceitos, síntese de dados. Trata-se de criar, de avaliar, de
analisar, de "traduzir", de encontrar respostas para necessidades específicas.
Uma LD é utilizada na entrada do sistema, quando o documento é analisado para registro. Seu
conteúdo é identificado e traduzido, de acordo com os termos da LD utilizada e segundo a política de
indexação estabelecida. É da mesma forma utilizada na saída do sistema, quando, a partir da solicitação
da informação pelo usuário, é feita a representação para busca. Assim, seu pedido é analisado, seu
conteúdo identificado e devidamente "traduzido" nos termos da LD utilizada.
As LDs mais conhecidas são os tesauros e os sistemas de classificação bibliográfica. As diferenças
entre esses dois tipos reside no maior ou menor grau de reprodução das relações presentes na LN e no
universo de conhecimento que pretendem cobrir.
Os primeiros sistemas de classificação bibliográfica conhecidos são de natureza enciclopédica,
como a CDD – Dewey, a CDU - Classificação Decimal Universal, utilizada pela Biblioteca do Congresso, os
quais visam cobrir todo o espectro do conhecimento. Sistemas elaborados, posteriormente, como as
classificações desenvolvidas a partir do CRG - Class1fication Rcscarch Group, com base na Colon
Classfication, de Ranganathan, visam a domínios particulares. Os tesauros, por seu lado, originaram-se de
classificações facetadas com uma preocupação adicional: o controle do vocabulário.
7.8.1 Classificação das linguagens documentárias
As LDs mais consistentes para a representação documentária dispõem de um vocabulário que
integra elementos, de um lado da linguagem de especialidade e das terminologias e, de outro, da LN que
é a linguagem dos usuários. Essas unidades, acompanhadas ou não de uma notação, constituem o
''léxico" das LDs, denominadas, diferentemente, conforme o sistema e a época, como: palavras-chave,
descritores, cabeçalhos de assunto etc.
O vocabulário documentário tem por objetivo reunir unidades depuradas de tudo aquilo que
possa obscurecer o sentido: ambiguidade de vocábulo ou de construção, sinonímia, pobreza informativa,
redundância etc. Toda LD tem, também, uma sintaxe. Ela é bastante rudimentar nos sistemas de
classificação bibliográficos e mais desenvolvidos nos tesauros, com a utilização de operadores booleanos.
O esquema sintático de uma LD permite a delimitação mais precisa de um assunto, por meio de
combinações de seus elementos.
Nos sistemas de classificação convencionais não há grande preocupação com controle do
vocabulário. É frequente a utilização de frases, como ocorre, por exemplo, na CDU. Já nos tesauros, a
função de controle do vocabulário está mais presente. O conjunto nocional básico é apresentado em
hierarquias (na vertical), em torno das quais se agregam as unidades informacionais que se relacionam
horizontalmente. Nenhuma unidade pode se configurar numa LD sem que esteja relacionada a uma outra
unidade da mesma linguagem.
Nos tesauros, os diferentes tipos de relações entre as unidades são mais claramente apresentados
enquanto sistemas de classificação bibliográficos não raras vezes amalgamam, numa mesma hierarquia,
relações de natureza diferente.
A estrutura básica de uma LD é dada por relações hierárquicas, que podem ser genéricas ou
partitivas. O vértice representa o gênero ou o todo. As subdivisões constituem as espécies e/ou partes. As
relações hierárquicas proveem as unidades superordenadas e as unidades subordinadas. Unidades
subordinadas ao mesmo vértice, quando no mesmo nível da cadeia, denominam-se coordenadas. Nos
sistemas de classificação a estrutura hierárquica é dada pela notação (decimal, no caso da CDD e CDU). A
organização básica dos tesauros também é hierárquica, existindo tantos vértices, que equivalem a classes,
quanto forem os aspectos escolhidos para organizar o domínio de especialidade.
Além das relações hierárquicas, também se manifestam as relações não-hierárquicas,
denominadas de associativas. Enquanto as hierárquicas exprimem relações mais estáveis, as associativas
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viabilizam outros gêneros de proximidade. Também podem aparecer as relações por equivalência, as
quais permitem a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usuário, operando no nível da
sinonímia. Nesses casos, especificamente nos tesauros, são criadas as remissivas, representadas pelas
expressões: USE (use) e UP (usado para).
7.8.2 Sistema Nocional
O sistema nocional corresponde à organização de uma dada área, por meio de notações que
permitem a utilização de instrumentos eficazes para o tratamento e recuperação da informação. Tendo
em vista que as LDs, normalmente, funcionam a partir do controle do "vocabulário" de uma área, pode-se
facilmente depreender que o sistema nocional de uma área constitui-se em um parâmetro básico, ou em
uma viga-mestra de sustentação das LDs. Nesse sentido, a ausência de um sistema nocional compromete
não só a indexação, mas também, a economia da própria atividade documentária, fragmentando-a com
questões relativas ao significado e à compreensão dos termos.
O sistema nocional pode ser definido como o conjunto estruturado de noções que reflete as
relações estabelecidas entre as noções que o compõem e o compõem e no qual cada noção é
determinada pela sua posição no sistema. A noção ou conceito, por sua vez, define-se como a unidade de
pensamento constituído por propriedades comuns a uma classe de objetos.
As relações entre as noções materializam o sistema de noções, que se expressam,
documentariamente, em relações hierárquicas e relações não-hierárquicas. As relações hierárquicas são
aquelas que se definem entre noções subordinadas em um ou vários níveis. Dito de outra forma, as
relações hierárquicas são aquelas que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada termo é
superior ao termo seguinte, por uma característica de natureza normativa.
No conjunto de relações hierárquicas, há que se considerar os conceitos de ordem e de
subordinação. A ordem equivale a uma superordenação, que parte da subdivisão de uma noção
hierárquica mais alta em um certo número de noções de nível inferior, denominadas de subordinadas. É
esse processo de subdivisão que se chama subordinação. Inversamente, a noção subordinada é a noção
que pode ser agrupada com uma ou mais noções do mesmo nível, a fim de formar uma noção de nível
superior, ou seja, uma superordenação.
Das relações hierárquicas, manifestam-se relações genéricas, específicas e partitivas. As relações
genéricas definem-se como relações hierárquicas, baseadas na identidade parcial do conjunto de
características das noções superordenadas e subordinadas nelas envolvidas. O gênero, nesse sentido, é
entendido como noção superordenada que comporta as mesmas características das noções subordinadas
a partir dela. Já as relações específicas definem-se como relações hierárquicas subordinadas que, além de
compartilhar das mesmas características da noção que lhes é superordenada, apresenta, pelo menos,
uma característica a mais que as diferencia.
A relação partitiva é um tipo de relação hierárquica, na qual a noção superordenada refere-se a
um objeto considerado como um todo e as noções subordinadas a objetos considerados como suas
partes. As relações não-hierárquicas, por sua vez, definem-se pela negativa. Elas recobrem o conjunto de
relações que não são passíveis de serem descritas como hierárquicas. As relações que não se submetem a
uma hierarquia são aquelas que apresentam entre si contiguidade espacial ou temporal. Por essa razão,
tais relações também são chamadas de relações sequenciais.
São consideradas relações sequenciais: as de oposição, as de causa e efeito, as de contradição etc.
De certo modo, essa dificuldade em dividir as relações não-hierárquicas viabilizou a denominação das
relações associativas, as quais devem ser consideradas conforme o contexto que valide essas relações.
Nas relações hierárquicas, considera-se a divisão lógico-hierárquica, considerando pontos de vista
os quais são baseados em postulados de significado ou convenções culturais e ideológicas. Como
exemplo, pode-se citar a estruturação da CDD e da CDU, a qual foi criada com base nas dez classes
maiores, inerentes à classificação do conhecimento até então considerada à época.
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Esse tipo de relação também se manifesta na construção dos tesauros, os quais têm suas origens
na Colon Classification de Ranganathan (Classificação facetada) e no conceito de faceta que privilegia
determinados pontos de vista no arranjo dos domínios e subdomínios particulares, em função dos
objetivos específicos do sistema documentário em questão. Assim, a base dos termos construídos está no
conjunto de termos do domínio nuclear (a grande área de especialização) e domínios periféricos, ou áreas
complementares.
Em linhas gerais, a CDD e CDU referem-se ao universo global de conhecimento; já os tesauros
voltam-se para domínios cada vez mais particulares. Portanto, os tesauros acabam sendo mais flexíveis e
direcionados a atender demandas específicas.
Nas relações do tipo genética, supõe-se uma noção fundamental que inclui noções específicas
que, por sua vez, mantêm com ela relações hierárquicas. Assim, essas relações indicam que todo o
conceito que pertence à categoria do conceito específico (a espécie) é parte da extensão do conceito
amplo (o gênero). Um conceito específico possui todas as características do conceito mais amplo, mas,
pelo menos, uma característica distintiva adicional que serve para diferenciar conceitos específicos no
mesmo nível de abstração.
A extensão de uma noção corresponde ao conjunto de indivíduos aos quais uma noção pode ser
aplicada, e considera a totalidade de todas as espécies. A noção de extensão vem sempre associada à de
intenção ou compreensão, a qual diz respeito à totalidade das características desse conceito.
A relação partitiva expressa a relação entre o todo e suas partes. Nessa relação, o conceito da
parte depende do conceito de todo e não pode ser definido previamente à definição do conceito do todo.
Não se pode definir um motor de automóvel, antes de definirmos automóvel, por exemplo.
As diretrizes para elaboração de tesauros da UNESCO reconhecem quatro tipos principais de
classes que representam relacionamento todo/parte: sistemas e órgãos do corpo, localidades geográficas,
disciplinas ou áreas de estudo e estruturas sociais hierarquizadas.
Os conceitos que estão em uma relação partitiva podem formar séries horizontais e verticais
similares às séries horizontais e verticais formadas por relações genéricas. Essas relações estão presentes
nos sistemas de classificação bibliográfica como a CDD e CDU.
Relações sequenciais são relações que apresentam uma dependência resultante de uma
contiguidade espacial ou temporal, do tipo: causa/efeito, antes/depois, esquerda/direita, acima/abaixo,
produto/produto, material/produto. Tais relações podem, também, representar estágios de um processo
de desenvolvimento ou de produção, procedimentos legais, procedimentos administrativos. Conceitos
desse tipo, com alguma frequência, representam ações que podem ser subdivididas em ações
participativas, tomando lugar, consecutivamente ou simultaneamente.
As associações entre termos pertencentes a categorias diferentes são dadas a partir do universo
de referência individual. Para o controle de vocabulário, entretanto, é essencial conhecer e explicitar os
universos tidos como referência.
A experiência no desenvolvimento de LDs permitiu enumerar vários tipos de associações, segundo
a sua natureza. Podem-se citar como algumas relações: relação de atribuição, disciplina ou campo de
estudo, processo ou operação, relação de influência, matéria-prima/produto, coisa/aplicação, dentre
outras.
7.8.3 Relações Linguísticas e Documentação
Uma vez estabelecido um sistema nocional, existem condições para estabelecer relações entre
termos. O rigor com que tais relações se propõem determina o grau de controle de uma linguagem
construída. Dito de outro modo, uma linguagem construída é produto de uma operação nas palavras que
transforma em termos. De fato, a linguagem construída neutraliza as diferenças existentes na relação
entre a palavra e seus significados em LN.
Nela não podem coexistir, por exemplo, duas ou mais palavras que se refiram a um mesmo
conceito, ou uma palavra para designar vários conceitos, sem que o fato seja suficientemente registrado,
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e seja devidamente controlado. Assim, manifesta-se o que se denomina de controle do vocabulário, pois
a palavra precisa ser uma unidade "neutra", isto é, apta a se adequar a diferentes padrões culturais.
Assim, a LD se manifesta como um exercício de liberdade, visto que ela é dinâmica, já que, a cada
momento ela se transforma, se evolui. É um instrumento de representação da realidade que deve ser
caracterizado como múltiplo e plurissignificativo.
Portanto, quando se afirma que as linguagens documentárias supõem o controle do vocabulário
afirma-se, simultaneamente: a existência de mecanismos interpretativos próprios; a possibilidade de se
produzir linguagens de natureza monossêmica que participam da elaboração das LD; a existência de um
vocabulário próprio de uma LD que comporta vocabulários especializados.
Nesse contexto, tem-se o que se chama de polissemia e ambiguidade. Para a Linguística, a palavra
é sempre fonte de significação. Mas, há que se distinguir a plurissignificação, como fenômeno geral,
decorrente da organização sintático-semântico de enunciados e a polissemia, fenômeno específico da
área vocabular.
A ambiguidade, por sua vez, é entendida como a possibilidade de uma comunicação linguística
prestar-se a mais de uma interpretação e ocorre em função, tanto da plurissignificação como da
polissemia. De fato, a ambiguidade pode ser consequência, na área vocabular, da polissemia ou da
homonímia e, no plano mais geral, de deficiências na utilização de padrões sintáticos-semânticos.
Numa linguagem documentária, tanto a polissemia, quanto a ambiguidade devem ser
neutralizadas, para que seja garantida a monossemia entre a forma do significante e a do significado.
A ambiguidade evidencia, de maneira inequívoca, a divergência entre a aparência e a realidade do
sistema e nos permite dizer que a aparência não é sempre a vista interpretativa mais segura. Levados pela
aparência, operamos, normalmente, com os mecanismos interpretativos habituais e nos acostumamos
com significados repetitivos. Isso diz respeito aos nossos hábitos e não ao sistema linguístico.
A sinonímia é a relação de equivalência entre, ao menos, duas palavras. Por meio dela não se
afirma a identidade entre os elementos envolvidos na relação. A equivalência equivale como o recurso
normalizador importante para a compreensão de um LD. De um lado permite normalizar a polissemia,
indicando que várias palavras, uma vez que compartilham significados próximos, expressam-se por um
mesmo descritor. De outro modo, permite compatibilizar a linguagem dos usuários com a linguagem do
sistema, funcionando, assim, como operador de sentido.
A existência de sinônimos ou quase sinônimos nos leva a considerar relações de equivalência para
o trabalho documentário. A grande importância das relações de equivalência advém do fato de que elas
intensificam o processo de controle sobre a variação de significado, permitindo maior rigor no tratamento
da informação e eficácia na sua recuperação.
Já a categoria denominada hiponímia opera com a noção de inclusão, a mesma noção que permite
reunir unidades numa classe. A inclusão tem a ver com a inserção de um dado elemento numa classe.
Assim, a hiponímia expressa a relação existente entre um lexema mais específico ou subordinado, e um
lexema mais geral ou superordenado.
A relação de hiponímia/hiperonímia (ou subordinação/superordenação) permite verificar que um
termo pertence, ou subordina-se a um outro mais geral, o gênero, mas não permite identificar em que os
termos subordinados se diferenciam entre si.
Pode-se dizer que a relação de hiponímia representa uma operação de conjunção em face do
termo superordenado, bem como de disjunção, tomando-se a série de termos obtidos a partir da divisão
realizada.
Como na LN, nas documentárias a superordenação/subordinação representa um caso de
implicação unilateral, onde o termo superordenado implica termos subordinados, denominados
hipônimos.
A relação hiponímia colocada na Linguística permite explicar, nas LDs, vários tipos de
relacionamentos tomados como hierárquicos que não cabem dentro da classificação gênero/espécie (e
tão pouco nas relações todo/parte, parte/parte).
�93
7.9 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO
Leiva e Fugita (2012) apresentam as seguintes perguntas: Qual o interesse pela política de
indexação? Esta pergunta remete à outra: A quem interessa a política de indexação?
As duas perguntas colocadas emanam da relação estreita entre Indexação e Recuperação da
Informação. Podemos dizer de outro modo, da relação entre CAUSA E EFEITO. A indexação possui várias
características que causam efeitos na recuperação da informação. A ESPECIFICIDADE, por exemplo, é uma
das características que provoca efeitos. Podemos inferir que a recuperação da informação é o efeito e o
objetivo da indexação. Nessa perspectiva, a indexação necessita mais do que a definição do processo de
indexar e sua natureza, necessita do entendimento do contexto de gestão do sistema de recuperação da
informação composto por todos os requisitos – pessoas, comunidade usuária, domínios de assuntos,
infraestrutura física e material e funcionamento como sistema de informação – para a definição de
princípios, métodos e orientações quanto às características da indexação e efeitos na recuperação.
A política de indexação interessa a profissionais que realizam o tratamento temático de
documentos, aos gestores e dirigentes de sistemas de recuperação da informação, aos usuários e aos
próprios sistemas de informação.
Por isso, destina-se a “descortinar aos olhos” dos profissionais o processo de indexação e os
fatores que o influenciam de modo a instrumentalizá-lo no sentido da elaboração de uma política de
indexação que contemple a complexidade do contexto e da cultura organizacional dos sistemas de
informação no que se refere à recuperação da informação.
O livro tem a pretensão de realizar a aproximação da teoria com a prática, demonstrando quão
importante e colaborativa é essa união para o desenvolvimento e construção da Ciência da Informação
vista como uma Ciência Social Aplicada. O objetivo comum de todos os autores é apresentar estudo sobre
política de indexação sob três diferentes aspectos: teórico, metodológico e pedagógico.
7.10 ELEMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Alguns problemas [volume de informações] podem ser caracterizados como aponta Maedche
(2000), por fatores como: 1) crescimento acentuado das fontes de informação digitalizada; 2) acesso,
localização e resumo de informações tornam-se cada vez mais difíceis, tendo em vista a necessidade de se
filtrar informações (a esses fatores contrapõe-se a indisponibilidade de ferramentas que possibilitem a
filtragem); 3) existência de um hiato entre o conceito de informação e as atuais formas de
armazenamento. O autor argumenta que a falta do uso de formas padronizadas para o armazenamento
de informações na web prejudica o compartilhamento do conhecimento (FEITOSA, 2006, p. 14).
Apontam dificuldades na área [recuperação da informação], tais como: 1) baixa efetividade ou
elevado custo das técnicas de pré-processamento da linguagem natural, bem como de extração de texto
semântico em grandes quantidades de dados - na maioria dos casos essas técnicas só são efetivas em
textos bem estruturados com tesauros ou com outras informações contextuais; 2) informações
distribuídas em diferentes computadores, topologias, plataformas e larguras de banda diversas - esses
fatores podem tornar o acesso bem mais complexo do que em ambientes de rede local, por exemplo; 3)
acentuada volatilidade dos dados — os autores estimavam, em 1999, que cerca de 40% da informação
disponível na internet já era modificada mensalmente, o que indica a ocorrência de baixos níveis de
preservação da informação digital (preservação de originais); 4) acentuada volatilidade de endereços e
páginas — diversos sites e páginas mudam de endereço com elevada frequência; 5) grande volume de
informações - fator que torna cada vez mais complexa a tarefa de se recuperar informações na web; 6)
dados não estruturados e redundantes — muitos sites, além de não estarem estruturados rigorosamente
segundo os padrões da Hypertext Markup Language (HTML) — ou de outras linguagens de marcação —,
não apresentam conteúdos originais; os autores estimavam que naquela época, cerca de 30% das páginas
da web já eram “duplicações” e 7) baixa qualidade dos dados, seja por problemas de correção ortográfica,
digitalização ou de correção conceitual (BAEZA-YATTES; RIBEIRO-NETO, 1999 apud FEITOSA, 2006, p. 14).
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Ao lado desses problemas, são destacadas, ainda, as dificuldades do usuário na recuperação da
informação, seja pela falta de conhecimento ao elaborar questões que reflitam seus objetivos de busca,
seja pela sua inabilidade para interpretar, classificar, priorizar ou filtrar as grandes quantidades de
informação retornadas pelo sistema de busca, selecionando apenas aqueles documentos que lhe
interessam (FEITOSA, 2006, p. 15).
Assim, a web é provavelmente o mais rico repositório de informações na história humana, mas
como a maioria dessa informação é desestruturada, não se pode saber o que ela contém e com que
propósito ou que se pode esperar dela (FEITOSA, 2006, p. 15).
Para Feitosa (2006), documentos constituem um objeto que fornece um dado ou uma informação
e pode ser diferenciado entre outros documentos, de acordo com suas características físicas ou
intelectuais (FEITOSA, 2006, p. 17).
Características: as características físicas de um documento relacionam-se aos conceitos de material,
natureza, tamanho, peso, forma de produção, suporte, entre outras. As características intelectuais
relacionam-se aos conceitos de objetivo, conteúdo, assunto, tipo de autor, fonte, forma de difusão,
originalidade, entre outras. As características intelectuais de um documento permitem definir seu
interesse, público-alvo e valor (FEITOSA, 2006, p. 17).
Características Intelectuais: destacam-se:
Objetivo - refere-se à razão pela qual o documento foi produzido: para servir como prova, para preparar
outro documento, para expor ideias, para divulgar resultados de um trabalho, para o ensino, entre
outras;
Grau de elaboração - refere-se à autoria e à finalidade de um documento. Com base na noção de grau de
elaboração é possível estabelecer-se uma classificação dos documentos em: 1) primários - documentos
originais elaborados pelo autor; 2) secundários - documentos que descrevem documentos primários,
como, por exemplo, as bibliografias, os catálogos e os resumos e 3) terciários - documentos elaborados a
partir de documentos primários ou secundários e que reúnem, condensam e elaboram a informação
original na forma mais adequada às necessidades de um usuário ou grupo de usuários.
Conteúdo - o conteúdo pode ser avaliado a partir da identificação do assunto, da forma de apresentação,
ou exaustividade da análise, do nível científico do texto, da novidade das informações, representatividade
das informações para um dado grupo de leitores, entre outras características.
Tipo - refere-se ao nível de relevância do documento; há documentos essenciais, isto é, que tratam de
assuntos que possuem interesse direto para determinada comunidade de leitores e documentos
marginais, ou seja, que possuem nenhuma relevância para o usuário (GUINCHAT E MENOU, 1994 apud
FEITOSA, 2006, p. 17).
Feitosa (2006) menciona que, quanto ao ciclo documentário, esse tratamento relaciona-se a
operações de seleção, avaliação, análise, tradução e recuperação de documentos. O conjunto de
operações de tratamento dos documentos é organizado num ciclo conhecido como cadeia documentária
ou ciclo documentário. O ciclo documentário, como qualquer outro sistema, apresenta uma extremidade
na qual entra os documentos a serem tratados; e outra na qual são apresentados os produtos
documentários, que resultam desse processamento: referências bibliográficas, descrições de
documentos, índices, instrumentos de pesquisa, documentos secundários e terciários. Os produtos
documentários são utilizados em atividades de pesquisa e, novamente, transformados em documentos
que realimentam o sistema (FEITOSA, 2006, p. 18-19). Principais atividades do ciclo documentário: a
coleta, o registro, o tratamento intelectual, a pesquisa e a difusão (FEITOSA, 2006, p. 19).
Os produtos que recebem tratamento intelectual podem ser classificados, de acordo com o nível
desse tratamento em simples, elaborados, analíticos, analítico-críticos ou complexos (CAVALCANTI, 1982).
O tratamento intelectual da informação compreende operações como a catalogação e a análise temática
da informação (FEITOSA, 2006, p. 21).
Na visão de Feitosa (2006), a análise temática da informação ocorre no processamento técnico da
informação, mais especificamente na classificação, na indexação, na disseminação, no resumo, na
recuperação e na busca. A operação classificação consiste principalmente na atribuição de um número
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ou outro símbolo para descrever o documento. A indexação consiste em atribuir vários descritores, que
podem ter ligações entre si, para descrever o conteúdo do documento. De certo modo, uma lista de
termos pode ser vista como uma espécie de minirresumo, uma vez que reúne os termos em uma lista ou
índice. Com relação à extensão do registro, a indexação pode ser seletiva (mais restrita) ou exaustiva
(mais completa). A operação de resumo consiste na condensação do documento em linguagem natural.
O principal objetivo do resumo é indicar de que trata o documento ou sintetizar seu conteúdo. Conforme
o nível de aprofundamento, o resumo pode ser classificado como resumo breve ou resumo detalhado
(ampliado). Esse grau de aprofundamento é também denominado extensão do registro de um resumo.
De todas as operações do processamento técnico, a mais importante para o contexto desta obra é, sem
dúvida, a indexação, da qual pode depender em grande medida a qualidade dos resultados advindos de
uma operação de busca e recuperação (FEITOSA, 2006, p. 21). Técnicas de indexação automáticas ou
semiautomáticas, normalmente baseadas em processos estatísticos, linguísticos ou baseados na
Inteligência Artificial, têm sido pesquisadas e utilizadas especialmente para aqueles textos completos que
não foram submetidos a processos de indexação manual ou de resumo (FEITOSA, 2006, p. 21).
Definida por Robredo (1982) como “operação de representar o conteúdo dos documentos,
qualquer que seja o método utilizado”, a indexação utiliza-se de instrumentos para o tratamento da
informação, de modo a obterem-se termos que representem corretamente os conceitos contidos em
determinado documento. Assim, o principal propósito de um serviço de indexação é assegurar da forma
mais eficiente e econômica possível, que qualquer documento ou informação seja fornecido ao usuário
no momento preciso (CARNEIRO, 1985). Para a consecução desse objetivo, a técnica de indexação
necessita da utilização de instrumentos normativos (normas), bem como de instrumentos linguísticos
como a linguagem natural e as linguagens documentárias (FEITOSA, 2006, p. 22).
A linguagem natural é formada pela reunião de sinais utilizados e reconhecidos facilmente pelo
homem. Quando empregada na indexação denominada “livre”, utiliza termos como se apresentam nos
documentos.
A linguagem documentária compreende o conjunto de regras, símbolos e termos previamente
estabelecidos, formando uma linguagem artificial para a indicação do conteúdo temático dos documentos
(FEITOSA, 2006, p. 23).
A técnica da indexação necessita do uso de uma linguagem de indexação, que compreende a
especialização de uma linguagem documentária. A linguagem de indexação é uma linguagem artificial
utilizada para o registro ou indicação dos temas contidos nos documentos, dotada de vocabulário
controlado e regida por uma sintaxe própria (CAVALCANTE, 1982). Um vocabulário controlado relaciona
termos utilizados em sistemas de indexação, com vistas à uniformidade de armazenagem, bem como à
facilidade de recuperação. A sintaxe compreende um conjunto de regras necessárias à tarefa de
combinação dos elementos do vocabulário (FEITOSA, 2006, p. 23). Segundo Harman (1994), o ponto
chave para qualquer indexação é a escolha dos limites do registro que identifica uma unidade pesquisável
(FEITOSA, 2006, p. 24).
O citado autor destaca que os produtos originários da operação de indexação são os índices. A
principal função da elaboração desses índices, que são instrumentos utilizados para a representação do
conteúdo de documentos primários, é facilitar a recuperação de informações relativas ao documento
indexado ou resumido. Índices, bem como resumos, geralmente são incluídos em bases de dados que
podem ser impressas, armazenadas em fichas, ou em formato eletrônico (LANCASTER, 1993) ou, ainda,
assinala Harman (1994), em um arquivo invertido ou em outra estrutura de dados, de modo que
pesquisas possam ser realizadas no índice, utilizando operadores booleanos, ou algoritmos baseados no
peso dos termos, para se obter resultados ordenados de acordo com critérios estatísticos (FEITOSA, 2006,
p. 23).
Quanto ao processo de Indexação Automática, o autor acrescenta que a decisão depende, em
parte, da natureza do objeto a ser indexado. Importa aqui destacar que a escolha do tamanho do registro
não é tão importante para a exibição dos resultados, mas, principalmente, para realização da pesquisa.
Assim, um registro muito pequeno fornece pouco texto para os algoritmos de pesquisa, o que fornece
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resultados pobres; um registro muito grande, entretanto, pode diluir a importância das palavras
encontradas e causar falsas ocorrências. A segunda decisão chave para qualquer sistema de indexação é
a escolha do que constitui uma palavra e, por conseguinte, quais dessas palavras devem ser indexadas.
Nos sistemas de indexação manual, a escolha é facilmente feita por um indexador humano. Para a
indexação automática, entretanto, é necessário definir que pontuação deve ser utilizada como
separador entre as palavras e definir que palavras indexar.
Definidos os limites das palavras, outro problema a ser resolvido é a indexação de números, uma
vez que o conjunto de números únicos é infinito. Não indexar os números, entretanto, pode acarretar
problemas na recuperação, quando um número for imprescindível para a pesquisa, como é o caso de
datas, anos ou números de identificação de documentos. Outro problema para a indexação é relativo aos
caracteres individuais (a, b, c etc.). Se, por um lado, indexar esses caracteres pode representar um
aumento no tamanho do índice, por outro, não indexá-los pode representar perda de informação,
quando um caractere for imprescindível à pesquisa, por exemplo: vitamina C (FEITOSA, 2006, p. 25).
Como solução para definir que palavras devem ou não ser indexadas, Harman (1994) sugere os
seguintes “compromissos”, a serem estabelecidos com o usuário: 1) a pontuação deve ser estudada e
potenciais problemas identificados; 2) deve-se estudar o uso de letras maiúsculas e minúsculas; uma
técnica visual, relata a autora, é a conversão dos caracteres maiúsculos para minúsculos durante a
indexação, o que pode, entretanto, acarretar problemas para a recuperação de nomes próprios; 3) a
indexação de números depende profundamente da aplicação; datas, rótulos de seções e números
combinados com letras podem ser indexados; outros tipos de números não devem ser indexados; 4)
quanto à indexação de caracteres individuais, pode-se verificar o alfabeto, notando-se as letras que
possuem um significado particular para a aplicação; após essa operação, tais letras podem ser indexadas
(FEITOSA, 2006, p. 25-26).
Citam-se ainda outras técnicas [baseada na ocorrência dos termos] como: indexação de palavras
não significativas; uso de sufixos; e extensão da busca — essa última, segundo Harman (1994), muito bem
sucedida em pequenas coleções.
A técnica de indexação de palavras não significativas baseia-se na construção de listas de termos
que não possuem maior relevância ao campo daquele assunto específico.
Uma técnica mais apropriada é a produção de uma lista de termos não-significativos baseada no
próprio corpus do texto a ser indexado, com base na frequência com que determinadas palavras ocorrem
naquele texto, conforme, por exemplo, a sua classe gramatical ou outro critério definido por especialistas
(FEITOSA, 2006, p. 26).
Outros sistemas utilizam a sufixação ou derivação para substituir todas as palavras indexadas com
suas raízes. Os algoritmos utilizados para realizar essa tarefa normalmente possuem três partes: uma
especificação ou qualificação da terminação da palavra; uma lista de exceções e uma ação necessária. A
utilização de sistemas de sufixação ou derivação deve-se a dois fatores primordiais: a redução do
tamanho do índice armazenado e o aumento da performance, devido ao uso de variantes das palavras
(FEITOSA, 2006, p. 27).
Outra técnica conhecida e utilizada por diversos sistemas comerciais de indexação é a da
atribuição de pesos aos termos, que fornece a possibilidade de ordenar os documentos com base no
número de termos que correspondem à pesquisa do usuário e às ocorrências desses termos nos
documentos. Essa técnica utiliza ordenações estatísticas complexas e pode ser utilizada quando se
desejar aumentar a precisão em uma busca de três ou mais termos (FEITOSA, 2006, p. 27).
Alguns sistemas de medida que podem ser utilizados por essa técnica baseiam-se no Inverted
Document Frequency (IDF), que mede a escassez de um termo no texto. Outros utilizam algum tipo de
função de medida da frequência do termo no texto. Independentemente de todas essas técnicas e
metodologias, um dos maiores problemas encontrados nos sistemas de recuperação da informação é que
documentos relevantes são perdidos porque não contêm os termos da busca (FEITOSA, 2006, p. 27).
Um método de expansão de uma busca pode ser o uso de uma linguagem documentária como
um tesauro ou uma terminologia, como instrumento de controle de vocabulário incorporado
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automaticamente ao sistema. Por esse motivo, o uso de um gerenciador eletrônico de tesauros pode ser
uma alternativa mais viável no que se refere à obtenção de resultados mais precisos (FEITOSA, 2006, p.
27).
7.11 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Portanto, a principal função de um sistema de recuperação de informações é permitir que o
usuário localize o maior número possível de itens relevantes. É importante destacar-se, também, que
resultados satisfatórios na recuperação dependem diretamente da qualidade com que a indexação foi
realizada, isto é, da política de indexação utilizada, das regras usadas para a redação do resumo, da
qualidade do vocabulário, da qualidade das estratégias de busca, entre outros fatores (FEITOSA, 2006, p.
28).
Segundo Piedade (1977), os dois fatores que mais influenciam a revocação e a precisão, são a
exaustividade. Em resumo, o aumento da exaustividade aumenta a revocação e diminui a precisão. Por
outro lado, o aumento da especificidade diminui a revocação e aumenta a precisão. Tomando esse ponto
de vista, e lembrando que a revocação, que é definida por Lancaster (1993, p.4), como “a capacidade de
recuperar documentos úteis” tem menor importância em um sistema de indexação automática, então, o
ideal é que se aumente o nível de precisão, que o autor define como “a capacidade de evitar documentos
inúteis”, por meio do aumento da especificidade da indexação (FEITOSA, 2006, p. 29).
Os modelos de recuperação mais comuns são o booleano, o vetorial, o probabilístico e o de
atribuição de pesos. De acordo com a definição do MOLE Text Analysis Group (1991), o método de
recuperação booleana é o mais simples dos métodos de recuperação e, como diz o seu nome, baseia-se
no uso de operadores booleanos. O modelo de vetor-espaço pode ser dividido em três estágios: a)
indexação do documento, na qual os termos chaves são extraídos do documento; b) extensão dos termos
indexados para melhorar a recuperação dos documentos relevantes para o usuário; c) classificação do
documento com relação à busca, de acordo com uma medida de similaridade (MOLE, 1999b). A indexação
probabilística é baseada no pressuposto de que existe algum nível de diferença na distribuição do
conteúdo de termos-significativos e de termos não significativos. Segundo os autores, há três principais
fatores de ponderação dos termos: a) fator de frequência dos termos; b) fator da frequência da coleção; e
c) fator da extensão da normalização (FEITOSA, 2006, p. 30-31).
7.12 WEB E INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA
Os resultados são classificados por relevância e por data. A relevância é obtida com base na
localização e na frequência dos termos na página - classificação estática, correspondente à primeira
metade do algoritmo de busca, bem como pelo cálculo do número de ligações para uma página, isto é,
quanto mais ligações para uma página, maior sua relevância no contexto - classificação dinâmica,
correspondente à segunda metade do algoritmo de busca. O peso final é dado pela soma dos valores
estático e dinâmico. O sistema não utiliza meta marcações, pois são vulneráveis à intervenção dos
autores das páginas em busca de melhores classificações nos sistemas de busca (FEITOSA, 2006, p. 44).
Utilizar das metas tags para a descoberta de conteúdo de uma página, essa técnica passou a ter
menor importância na indexação automática da web e seu uso tem sido mais bem fiscalizado com
tecnologias anti-spam que, inclusive, apenam os sites cujo uso for considerado abusivo (FEITOSA, 2006, p.
45).
Nesse âmago, surgem os metadados. A palavra meta dados origina-se do prefixo metá, que
significa mudança, posteridade, além, transcendência e reflexão crítica sobre alguma coisa. A palavra
dado, no sentido informativo, refere-se à informação codificada (FERREIRA, 1996). Assim, juntando-se os
termos, pode-se chegar a uma noção de transcendência sobre a informação, ou de uma possível
descrição da informação que os dados representam. Nessa perspectiva, meta dado é todo dado físico,
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isto é, contido em algum software ou qualquer tipo de mídia, e que fornece informação sobre outra
informação. De uma maneira mais simples, é possível dizer, também, que meta dado é “dado sobre
dado”. O conceito de metadado está associado, ainda a conhecimento - contido em pessoas ou mídias dentro e fora de uma organização, incluindo informação sobre dados físicos, processos técnicos e de
negócios, regras e restrições sobre os dados e estruturas de dados usados por uma corporação. Assim,
falar sobre metadados é também, falar sobre conhecimento (MARCO, 2000) (FEITOSA, 2006, p. 47).
Historicamente, é a partir dos anos 1990, que o conceito de metadados foi se alterando e,
atualmente, o desafio com que se deparam os especialistas em informação é a habilidade para
diferenciarem repositórios de metadados de dicionários de dados. Os sistemas tornaram-se mais flexíveis
e não integrados; criaram-se os conceitos de armazéns de dados e mercados de dados; com o advento
dos negócios realizados em linha, muitas necessidades de informação dos usuários ficaram ainda a serem
preenchidas; com a popularização dos negócios realizados em linha, aumentou, proporcionalmente, a
necessidade de se implementar maior nível de segurança e de confiança aos dados envolvidos nas
transações (MARCO, 2000 apud FEITOSA, 2006, p. 50).
No sentido do saber biblioteconômico, metadado pode ser considerado como dado estruturado,
que compartilha diversas características similares para a catalogação, e que descreve as características de
um determinado recurso informacional (FEITOSA, 2006, p. 50).
Benefícios do uso dos metadados: a) metadados são estruturados e, desse modo: a) podem
formar a base para o desenvolvimento de sistemas de busca mais avançados; b) podem ser convertidos
para outros formatos, de modo que possam interoperar com diferentes protocolos de busca e
recuperação; c) em relação a documentos publicados na internet, pensando-se em recuperação
automatizada, torna-se mais fácil a extração de conteúdo de uma base de dados de descrição de
recursos, do que arquivos textuais em formato HTML; d) metadados administrativos podem ser utilizados
para facilitar o gerenciamento do sistema de informação, uma vez que ajudam a avaliar quando os
recursos devem ser revistos ou removidos da base de dados (DAY, 2000 apud FEITOSA, 2006, p. 52-53).
Em relação ao agrupamento dos elementos de metadados de um recurso informacional, Day
(2000) sugere uma classificação, segundo o uso, em: a) dados descritivos - são aqueles que contêm
informação passível de utilização por sistemas de busca, como: título; título abreviado; título alternativo
(em outro idioma, por exemplo); subtítulo; descrição; URI; autor; idioma; codificação do conjunto de
caracteres; organização (de criação e de hospedagem do documento); formatos de arquivo (por exemplo,
texto, imagem, áudio, vídeo), meio físico, propriedade intelectual ou copyright, disponibilidade (por
exemplo, indicação se o acesso à informação é gratuito ou sujeito a registro); software requerido para
acesso (navegadores específicos, software de MIDI); e público-alvo; b) dados do assunto - são aqueles
que descrevem o conteúdo do documento, como: palavras-chaves; código de classificação; sistema de
classificação; e termos do tesauro ou cabeçalho de assuntos; c) dados administrativos - são aqueles que
facilitam a organização e a administração do sistema de informações, como, por exemplo: responsável
pela manutenção do documento; data de adição do documento ao sistema; data da última modificação;
data de expiração (por exemplo, de um anúncio de conferência); catalogador do documento; origem do
registro; e proprietário dos direitos (FEITOSA, 2006, p. 53).
A escolha de um formato de metadados é uma das decisões mais importantes no
desenvolvimento de sistemas de informação, e é essencial que tal formato permita a integração com o
software que forma a base do sistema (FEITOSA, 2006, p. 54).
O formato Dublin Core é, na atualidade (2006), um dos mais importantes meios de descrição de
recursos da internet e é um exemplo das iniciativas que se propõem a definir um core (núcleo) de
metadados, isto é, um conjunto de dados essenciais que possam ser utilizados como padrão para
descrição de recursos na web. O esquema Dublin Core caracteriza-se pela sua utilidade e flexibilidade na
representação de dados (FEITOSA, 2006, p. 54).
A Dublin Core Metadada Iniciativi (DCMI) iniciou-se em 1995, com o workshop realizado em
Dublin, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, que congregou bibliotecários, pesquisadores especialistas
em Biblioteconomia e bibliotecas digitais, provedores de conteúdo e especialistas em técnicas de
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marcação de textos. O objetivo desse workshop era promover a melhoria dos padrões de descoberta da
informação na web (FEITOSA, 2006, p. 54).
O número de elementos [Dublin Cobre] foi elevado para quinze - título, criador, assunto,
descrição, editor, colaborador, data, tipo, formato, identificador, fonte, idioma, relação, cobertura e
direitos (FEITOSA, 2006, p. 55).
Os diretórios foram a primeira solução proposta para organização de conhecimento na web e
surgiram com uma intenção de se coletar manualmente, ou por meio de indicações de usuários, a maior
quantidade de informações possível, contando-se a grande variedade dos assuntos disponíveis na
internet. Segundo Wall (2004), o primeiro mecanismo de buscas a ser disponibilizado na internet foi o
Archie, criado em 1990, pelo estudante Alan Emtage, na Universidade McGill, em Montreal.
Com o advento da web, Matthew Gray introduziu o seu sistema World Wide Web Wanderer, mais
tarde conhecido como Wandex, que inicialmente tinha apenas a intenção de medir o crescimento da web
por meio da contagem dos servidores web ativos (FEITOSA, 2006, p. 34).
Segundo Wall (2004), 1998 foi o último ano de lançamento de super mecanismos, como o Google,
que introduziu a característica de classificação dos resultados com base nas ligações com outras páginas
(FEITOSA, 2006, p. 37).
Criado em 1996, como resultado de uma dissertação de mestrado, o Mamma foi um dos primeiros
serviços de busca a introduzirem o conceito de metabusca na internet (FEITOSA, 2006, p. 40).
A técnica de clustering difere de outras como a classificação, a construção de taxonomia e a
marcação de metadados, uma vez que é totalmente automatizada, dispensando a intervenção humana.
De acordo com informações obtidas no site do serviço, o maior desafio da técnica de clustering tem sido o
de buscar e organizar rapidamente os grupos de conhecimento relativos à pesquisa do usuário (FEITOSA,
2006, p. 41).
É importante conceituar a web semântica como uma estrutura de representação de dados na
World Wide Web, por meio de um esforço colaborativo liderado pelo W3C, com a participação de
pesquisadores e de empresas de desenvolvimento de software de todo o mundo (FEITOSA, 2006, p. 121).
No que tange às ontologias, definem-se como “[...] elemento basilar na construção da web
semântica, pois acredita-se que favorecerão um entendimento comum e compartilhado sobre um
determinado domínio de conhecimento, tanto entre pessoas como entre computador” (FEITOSA, 2006, p.
121).
XML fornece uma sintaxe básica para a estruturação de documentos, mas não possui elementos
que lhe permitam impor restrições semânticas ao significado de tais elementos (FEITOSA, 2006, p. 121).
O RDF “é um modelo de dados para objetos ou ‘recursos’ e tal modelo pode ser representado
utilizando-se a sintaxe da XML” (FEITOSA, 2006, p. 121).
O RDF-SCHEMA “é um vocabulário para a descrição de propriedades e classes de um modelo RDF,
com a utilização de elementos semânticos para generalização de tais propriedades e classes” (FEITOSA,
2006, p. 121).
O OWL fornece mais vocabulário para a descrição de propriedades e classes, por meio de: a)
relações entre classes – por exemplo: disjunção; b) cardinalidade – por exemplo: univocidade; c)
igualdade; d) maior riqueza de propriedades para a especificação de tipos de dados; e) propriedades
relativas a características – por exemplo: simetria; e) enumeração de classes (W3C, 2003). Esses são,
também, os objetivos da linguagem DAML + OIL (OUELLET; OGBUJI, 2002 apud FEITOSA, 2006, p. 121 122).
7.13 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 - Análise de assunto é a etapa que constitui o trabalho intelectual do indexador. Analise a
afirmativa a seguir. A _________________ se tornou a estratégia clássica de leitura para análise de
assunto. Consiste em uma leitura direcionada para certas partes do documento vai ao encontro de
�100
elementos especificamente importantes para identificação do assunto ou assuntos do documento.
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna.
a) Leitura técnica b) Consistência c) Relevância d) Leitura documentária
Questão 2 - No âmbito da indexação, a expressão “de que trata um documento", refere-se à
a) atinência. b) revocação c) especificidade. d) exaustividade e) precisão.
Questão 3 - As Linguagens Documentárias (LDs), assim como os vocabulários controlados, têm sido
ferramentas imprescindíveis para o bibliotecário, principalmente na representação da informação nas
rotinas de análise e síntese da informação. Diante desse contexto, observe:
___________________ permitem que se estabeleçam padrões de classificação e ordenação de
informações por meio de herança, ou seja, pelo relacionamento hierárquico (gênero/espécie) entre os
objetos. A conceituação proposta por ____________________ deve ser representada de maneira formal,
legível e utilizável por computadores, de maneira a permitir o compartilhamento e o reuso do
conhecimento entre os sistemas. ____________________ tem objetivo de controle terminológico,
utilizados em sistemas de informação para traduzir a linguagem dos documentos, dos indexadores e dos
pesquisadores numa linguagem controlada, usada na indexação e na recuperação de informações.
Para o preenchimento das lacunas, a ordem CORRETA consta apenas em:
a) Tesauros – Taxonomias – Ontologias. b) Ontologias – Taxonomias – Tesauros. C) Taxonomias –
Ontologias – Tesauros. D) Tesauros – Ontologias – Taxonomias.
Questão 4 - O processo que utiliza a operação de tradução de textos em Linguagem Natural (LN) para
uma Linguagem Documentária (LD) se denomina: a) automação.
b) normalização.
c) indexação.
d) recuperação.
Questão 5 - Uma Linguagem Documentária (LD) é utilizada na entrada de um sistema de informação
quando o documento é analisado para: a) registro.
b) empréstimo. c) aquisição. d) seleção
Questão 6 - A Análise Documentária (AD) se define como um conjunto de procedimentos metodológicos
para representar o conteúdo informacional de documentos e com o objetivo de:
a) recuperar e armazenar informação.
b) recuperar e disseminar informação.
c) organizar e
armazenar informação. d) organizar e coletar informação.
Questão 7 – Os primeiros sistemas de classificação bibliográfica considerados de natureza enciclopédica e
que visam abranger todas as áreas do conhecimento são: a) CDU, LC e tesauro.
b) CDD, CDU e LC.
c) CDD, CDU e tesauro. d) CDD, LC e tesauro.
Questão 8 - Uma das Linguagens Documentárias mais desenvolvidas que faz uso de operadores boleanos
para construção de novas relações entre os termos é o (a): a) CDD. b) CDU.
c) LC. d) tesauro.
Questão 9 - Na construção de um tesauro, é fundamental o emprego de relações conceituais. Nesse
contexto, se dois conceitos diferentes possuem características idênticas e um deles possui uma
característica a mais do que o outro, pode-se afirmar que entre eles se estabelece uma relação: a) de
equivalência. b) hierárquica. c) partitiva. d) de oposição.
Questão 10 - Na prática da indexação, utiliza-se vários conceitos que interferem na recuperação da
informação em um sistema. Em relação aos conceitos apresentados, marque V para as assertivas
verdadeiras e F para as falsas.
�101
( ) Especificidade é o nível de detalhe com que um tópico examinado num documento é abrangido numa
representação desse documento. O nível de especificidade possível é determinado pelas características
do vocabulário empregado na indexação.
( ) Exaustividade é a extensão com que a diversidade dos dados descritivos se acha abrangida numa
representação do documento. O nível de exaustividade corresponde ao número de termos atribuídos.
( ) Pertinência é a relação que existe entre uma fonte de informação e a necessidade de informação de
uma determinada pessoa num determinado momento. Somente a pessoa que expressa a necessidade de
informação é quem pode decidir sobre o que é ou não pertinente.
( ) Precisão é a extensão com que os itens recuperados durante uma busca numa base de dados são
considerados relevantes ou pertinentes. Uma busca que alcance precisão alta será aquela em que a
maioria dos itens recuperados forem considerados relevantes ou pertinentes.
Assinale a sequência correta: a) F, F, F, V - b) V, F, V, V c) V, V, V, F d) F, V, V, F.
REFERÊNCIAS
CINTRA, A. M. M. et al. Para entender as linguagens documentárias. 2. Ed. São Paulo: Polis, 2002.
DIAS, E. W.; NAVES, M. L. Análise de assunto: teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2007.
FEITOSA, A. Organização da informação na web: das tags à web semântica. Brasília: Thesaurus, 2006.
GIL LEIVA, I.; FUJITA, M. S. L. Política de indexação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.
�102
AULA VIII: Representação Descritiva da
Informação - Catalogação
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
CONTEÚDOS DA AULA
�103
8 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: REFLEXÕES INICIAIS
A catalogação tem seu fundamento em um conjunto de informações que simbolizam um registro
de conhecimento.
É preciso que sua representação não seja um trabalho mecânico, e sim se fundamente nos
relacionamentos entre os registros do conhecimento, que precisam ser estabelecidos e pensados para
que os usuários tenham alternativas de escolha em suas buscas, além de auxiliá-los na localização do item
buscado no acervo físico ou ciberespacial (GODINHO et al., 2014).
Catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens
existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir a intersecção entre as
mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários.
Catálogo é um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos itens, e
sobre os itens, de um ou vários acervos, apresentando-as sob forma codificada e organizada, agrupadas
por semelhanças, aos usuários desse (s) acervo (s) (CASTRO; SANTOS, 2009).
É um dos instrumentos mais antigos na história da descrição e organização da informação
registrada. Muitas vezes define-se o catálogo como lista ordenada dos documentos existentes em um ou
mais acervos (CASTRO; SANTOS, 2009).
O bibliotecário/catalogador elabora representações de itens documentários de uma determinada
organização ou unidade de informação, de forma a simplificar a busca e a recuperação dos mesmos.
Essas representações abrangem tanto o aspecto físico dos itens como seu conteúdo. Com essas
representações, criam-se instrumentos que serão utilizados como subsídios para as práticas
biblioteconômicas: bibliografias, catálogos, boletins de serviço de alerta, entre outros (CASTRO; SANTOS,
2009).
Cabe também ao profissional bibliotecário promover a divulgação dos itens documentários,
permitindo que os usuários encontrem itens novos.
8.1 CATALOGAÇÃO: HISTORICIDADE
SÉCULO XIX: SÉCULO DAS LUZES PARA A CATALOGAÇÃO
A primeira sistematização de um moderno corpo de regras de catalogação foi elaborado em 1840
pelo bibliotecário Anthony Panizzi, em conjunto com os seus colaboradores, o qual gerou 91 regras de
catalogação. Panizzi inovou ao pensar em um catálogo de autores e índice de assunto para o Museu
Britânicom (Inglaterra) em um momento onde havia um caos na instituição.
Em 1850, a ideia de catalogação cooperativa foi lançada por Charles Coffin Jewett, criando um
sistema uniformizado de catalogação, idealizado para funcionar como um catálogo coletivo. Além de
funcionar como uma central de catalogação, o serviço forneceria um instrumento de acesso às coleções.
Cabeçalhos de responsabilidade e obras anônimas de Jewett são seguidos até hoje (GODINHO et al.,
2014).
- Algumas conquistas – Ano de 1876: Criação da ALA - Lançamento da CDD - Código de Cutter.
Grande importância atribuída a Cutter, não apenas pela criação do sistema de classificação, com
destaque à notação de autor, mas pela criação de um código que continha 369 regras que incluem
normas não só para entradas por autor e por título, mas também para a parte descritiva, cabeçalhos de
assunto, e ainda alfabetação de arquivamento de fichas (GODINHO et al., 2014).
Novas conquistas – Século XX.
CRIAÇÃO DO CÓDIGO DA ALA
Inúmeras tentativas foram realizadas em prol de realizar a confecção das fichas de uma única vez,
por uma central de catalogação, mas essas tentativas não foram implementadas. No ano de 1901, na
tentativa de levantar a questão na Conferência da ALA, realizada em Winconsin, Melvil Dewey comprova
e justifica a imprescindível urgência da criação de um programa de catalogação cooperativa e
centralizada. No mesmo ano, a LC começou a imprimir suas fichas catalográficas para venda e a ALA
nomeou uma comissão encarregada de estudar as regras adotadas pela LC.
�104
O percurso histórico da catalogação, com destaque a alguns acontecimentos marcantes, a partir
de meados do século XX, pode ser visualizado na figura abaixo:
1 – Representação Descritiva: Catalogação Cooperativa
CONFERÊNCIA DE PARIS – 1961 – CONQUISTAS PRÉ E PÓSCONFERÊNCIA
RIEC
Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada (ISBD)
CRIAÇÃO DO AACR2
GRUPO DE ESTUDOS PARA ESTUDOS DOS FRBR
Catalogação cooperativa no Brasil – SIC – DASP - IBBD
(GODINHO et al., 2014)
Projeto Calco – Formato Marc - 1973
8.2 O NASCIMENTO DA CATALOGAÇÃO COOPERATIVA
Catalogação cooperativa é o trabalho realizado por várias bibliotecas e enviado a uma Central, que
se encarrega de normalizar e reproduzir suas fichas e distribuí-las a uma coletividade. A catalogação
compartilhada “Sharedcataloging” é um exemplo de catalogação cooperativa, efetuada pela Library of
Congress – LC (GODINHO et al., 2014).
No Brasil, a catalogação cooperativa está ligada ao nascimento do Projeto Calco, o qual propunha
os principais objetivos:
1 - elaborar um catálogo que arrole a maior parte da produção bibliográfica atual servindo de
instrumento para a pesquisa nos pontos mais distantes do país;
2 - obter bibliografias especializadas;
3 - fazer a permuta de informações no Brasil e fora do país;
4 - obter catálogos coletivos especializados;
5 - padronizar normas de catalogação e cabeçalhos de assuntos;
6 - acelerar a duplicação de fichas, e
7 - economizar tempo e mão de obra para bibliotecas que possuem as mesmas obras (GODINHO
et al., 2014).
A Library of Congress (LC) sempre se preocupou com a padronização e o intercâmbio de
informações bibliográficas, iniciando um programa de intercâmbio de fichas e integrando as facilidades da
automação aos trabalhos de representação descritiva.
Foi constituído, então, um projeto piloto denominado MARC (Machine Readable Cataloguing), que
iniciou a padronização de registros bibliográficos em meio magnético.
O uso do formato MARC 21 torna os dados bibliográficos legíveis por computador, possibilitando
seu compartilhamento por meio de diferentes sistemas (FURRIE, 2000).
A existência de redes de catalogação cooperativa possibilitou a criação de bancos de dados
bibliográficos e catalográficos que também fornecem registros, já existentes, às suas cooperantes.
Entende-se por base de dados cooperativa a reunião dos registros bibliográficos de diferentes
unidades de informação em meio magnético, constituindo-se em um catálogo coletivo onde os mesmos
podem ser consultados e aproveitados por qualquer uma das unidades de informação integrantes da rede
(SOUZA; MOSTAFÁ, 1999, p. 128).
No Brasil, muitas unidades de informação integraram-se à rede de catalogação cooperativa
BIBLIODATA contribuindo para o crescimento da base de dados central, para o compartilhamento de
recursos informacionais, aperfeiçoando o controle bibliográfico, bem como promovendo a divulgação da
coleção existente em cada unidade participante.
�105
O Banco de Dados Bibliográficos da Rede BIBLIODATA é composto por: Bases Bibliográficas
(Português e Outras Línguas) e Bases de Autoridade (Assuntos e Autores), distribuídas em dois CD-ROMS
de catalogação.
A Rede BIBLIODATA é uma experiência nacional na criação de uma rede de catalogação
cooperativa, que objetiva a difusão dos acervos bibliográficos do país, o aperfeiçoamento dos serviços de
documentação e informação das instituições participantes e o compartilhamento dos recursos
bibliográficos e catalográficos (GODINHO et al., 2014).
A Rede BIBLIODATA tem como missão a disseminação da informação por meio do
compartilhamento de dados e serviços entre bibliotecas, contribuindo para o desenvolvimento cultural e
socioeconômico do país. Como um dos objetivos da Rede BIBLIODATA tem-se o desenvolvimento e
manutenção do Catálogo Coletivo da Rede, construindo metodologias e instrumentos para a catalogação
cooperativa.
Vantagens da Catalogação Cooperativa
1 - auxiliar o trabalho de catalogação realizado pelos profissionais da informação;
2 - aponta para um trabalho de contribuição entre estes profissionais.
3 - não é apenas uma economia de tempo, mas a padronização de dados descritivos, a facilidade
na busca, na identificação de autoria da obra, na compra de livros, na compilação de bibliografias e na
confecção de catálogos de bibliotecas (GODINHO et al., 2014).
Desvantagens da Catalogação Cooperativa
1 - demora na confecção dos registros pela central;
2 - diferenças de formatos;
3 - desconfiança do trabalho alheio;
4 - adoção de diferentes níveis nas bibliotecas;
5 - custo para se filiar ao consórcio;
6 - a barreira linguística (GODINHO et al., 2014).
8.3 A AUTOMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS: A CONVERSÃO RETROSPECTIVA
Num cenário marcado por inovações tecnológicas, agilização dos meios de comunicação e
usuários de informações mais exigentes, surge a preocupação das bibliotecas em automatizar seus
acervos. Para tanto, utilizam um processo que agiliza a automação de bibliotecas, o de conversão
retrospectiva – retrospective conversion - RECON, que facilita a promoção do acesso às informações de
acervos de forma rápida e eficaz (GODINHO et al., 2014).
Não se pode pensar no processo de automação e na formação de catálogos on-line sem a
utilização do processo de conversão retrospectiva, pois esse é um processo preliminar que proporciona
uma maior rapidez ao acesso às informações até então, descritas na maioria das vezes, em suporte papel
e permitirá o intercâmbio de dados bibliográficos e catalográficos de modo digital (CASTRO; SANTOS,
2009).
A RECON consiste na transformação de fichas do catálogo em registros legíveis por máquina. O
princípio da RECON é o aproveitamento de registros existentes em outras bases na formação da base de
dados local, diminuindo o esforço de catalogar em máquina o material da biblioteca. Então, esse processo
contribuiu para a consolidação da CATALOGAÇÃO COOPERATIVA (CASTRO; SANTOS, 2009).
Ao falarmos em representação descritiva e conversão retrospectiva, não podemos nos esquecer
dos bancos de catalogação cooperativa, como por exemplo, a base OCLC (On Line Computer Library
Center), e a BIBLIODATA - Fundação Getúlio Vargas, pois é através deles que podemos compartilhar
informações bibliográficas e catalográficas de forma rápida (CASTRO; SANTOS, 2009).
No processo de informatização de acervos documentais (arquivos, bibliotecas e centros de
documentação), a simples disponibilidade de software e hardware não é condição suficiente para a
utilização, são também necessários os dados referentes ao acervo (CASTRO; SANTOS, 2009).
�106
A criação de arquivos de registros bibliográficos é considerada a parte mais difícil dos projetos de
automação de bibliotecas, mas também importante para qualquer projeto dessa natureza (ALMEIDA et
al., 1994, p. 43) (CASTRO; SANTOS, 2009).
Deve ser feito um levantamento do acervo que deve ser contemplado pelo projeto para
determinar claramente a quantidade e tipo de material a ser convertido; determinar a quantidade de
títulos catalogados e não catalogados, se existirem; qual o suporte em que se encontram, isto é, catálogos
de fichas, listagens, meio magnético etc. (CASTRO; SANTOS, 2009).
Deve-se relacionar e tabular todos os detalhes com os totais de cada caso. É importante
determinar a prioridade, ou seja, qual acervo deve ser tratado em primeiro lugar, pois caso os recursos
não forem suficientes, será tratado o que for mais necessário (CASTRO; SANTOS, 2009).
A conversão retrospectiva pode ser realizada de diversas formas, e a escolha do melhor método
para uma unidade de informação dependerá do tipo e tamanho da coleção, o orçamento será um fator
preponderante, bem como a qualidade da demanda, o tempo previsto e as necessidades dos profissionais
(CASTRO; SANTOS, 2009).
Nos estudos sobre o tema percebe-se que muitas vezes é possível, para as bibliotecas que já
contam com seus registros em meio magnético, adaptar suas bases de dados ao novo ambiente, ou seja,
converter seus registros para que sejam utilizados no novo sistema. A forma mais básica de conversão é
digitar as informações das fichas diretamente em uma planilha eletrônica, o que pressupõe,
naturalmente, a existência de um software específico para receber e tratar os registros (CASTRO;
SANTOS, 2009).
Um projeto de conversão retrospectiva, se bem planejado e executado, é altamente vantajoso
para a biblioteca, pois é uma forma rápida e eficiente para incorporar ao catálogo on-line centralizado os
registros que se encontram em catálogos manuais ou dispersos muitas vezes em diversas bases
provisórias de soluções locais (CASTRO; SANTOS, 2009).
8.4 VAMOS EXERCITAR?
Questão 1 - Definimos Catalogação de assunto:
a)Característica de uma entidade. Um atributo pode ser intrínseco a uma entidade ou ser-lhe
externamente imputado.
b)Qualidade de uma entidade, atributo ou relação que possui significado ou valor especial no contexto de
recursos bibliográficos.
c)Parte da catalogação que fornece termos de assunto controlados e/ou números de classificação.
d)A parte do processamento bibliográfico que fornece quer os dados descritivos quer os pontos de acesso
que não são de assunto.
e)Conjunto real ou virtual de duas ou mais obras combinadas ou publicadas conjuntamente.
Questão 2 - A Catalogação cooperativa é uma experiência internacional no intercâmbio de informações
bibliográficas que se iniciou nos Estados Unidos. O Brasil também possui diversas instituições que
trabalharam na implementação de uma rede de catalogação cooperativa. Analise as afirmativas a seguir e
assinale com V as VERDADEIRAS e com F as FALSAS.
( ) No início da Rede, os catálogos coletivos e os catálogos de Autoridades (nomes e assuntos) eram
distribuídos para as bibliotecas participantes em formato de fichas catalográficas impressas.
( ) A missão principal da Rede é disseminar a informação por intermédio de dados e serviços entre as
bibliotecas participantes contribuindo assim para o desenvolvimento de uma rede de bibliotecas
universitárias.
( ) Qualquer instituição pública ou privada que faz adesão por meio de um contrato com a Rede Bibliodata
pode participar da Rede Bibliodata.
( ) O CALCO foi um projeto elaborado para que houvesse uma relação entre bibliotecas, fazendo com que
fosse possível a permuta de informações dentro e fora do país e padronizar normas de catalogação.
�107
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA das letras.
A) (F), (F), (V), (V). B) (F), (V), (F), (V). C) (V), (F), (V), (F). D)(V),(V),(F),(V).
Questão 3 - Referindo-se ao tema objeto desta questão, Chaumier (1988) identifica nele “quatro estágios
distintos: conhecimento do conteúdo documental realizado por meio da leitura documental; escolha dos
conceitos representativos do assunto abordado por meio da identificação dos conceitos a partir do
conteúdo documental; tradução dos conceitos selecionados; e incorporação dos elementos sintáticos
eventuais”. O processo a que o autor se refere é denominado: A) processo de catalogação. B) processo
de representação e organização do conhecimento. C) processo de representação do conhecimento. D)
processo de indexação.
Questão 4 - A catalogação deve possuir as seguintes características:
a) Integridade, Clareza, Precisão, Lógica, Consistência;
b) Integridade, Definição, Precisão, Lógica, Consistência;
c) Integridade, Clareza, Precisão, Relatividade, Consistência;
d) Integridade, Clareza, Definição, Lógica, Consistência;
e) Relatividade, Clareza, Precisão, Lógica, Consistência.
f)
Questão 5 - O estudo, preparação e organização de mensagens, com base em registros do conhecimento,
reais ou ciberespaciais, existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir a
interseção entre as mensagens contidas nestes registros do conhecimento e as mensagens internas dos
usuários, refere-se à: A) Indexação. B) Catalogação. C) Recuperação da informação. D) Relevância. E)
Necessidade de informação.
Questão 6 - As redes e catálogos resultantes de catalogação cooperativa são:
a) Formato CALCO e Bibliodata, ambos da FGV.
b) Formato CALCO e Formato MARC 21.
c) Rede Bibliodata, OCLC e WordCat.
d) Formato MARC 21 e Protocolo Z39.50.
e) Rede Bibliodata e Formato MARC 21.
Questão 7 - Um dos mais importantes exemplos de cooperação bibliotecária existentes no Brasil é a Rede
Bibliodata. Sobre essa rede, considere os seguintes objetivos:
1. Difusão dos acervos bibliográficos do país.
2. Desenvolvimento de metodologias e instrumentos para a aquisição bibliográfica cooperativa.
3. Aperfeiçoamento dos serviços de documentação e informação das instituições participantes.
4. Compartilhamento dos recursos empregados.
A Rede Bibliodata visa: a) 1 e 2 apenas. b) 1 e 3 apenas. c) 2, 3 e 4 apenas. d) 1 e 4 apenas. e) 1, 3 e 4
apenas.
Questão 8 - Redes de serviços de apoio institucional visam o compartilhamento de dados, o
desenvolvimento de padrões comuns e a comutação bibliográfica entre bibliotecas. Qual das alternativas
refere-se a redes de serviços de apoio institucional?
a) MARC 21, AACR2, Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil.
b) Rede Bibliodata, COMUT, Catálogo Coletivo Nacional (CNN).
c) LILACS, MEDLINE, Science Citation Index.
d) Directory of Open Access Journal, COMUT, CDS/ISIS
______________________________________________________________________________________
�108
8.5 CATALOGAÇÃO DE DIFERENTES MATERIAIS: AACR2
8.5.1 Estrutura do Código de Catalogação Anglo-Americano e formas de descrição
O Código de Catalogação Anglo-Americano - 2ª edição (CCAA2, ou AACR2 a partir da sigla em
inglês) é um compêndio de regras para a criação de descrições bibliográficas e para a escolha, a
construção e a atribuição dos pontos de acesso (cabeçalhos) representando pessoas, localizações
geográficas e entidades coletivas, além de títulos uniformes representando obras e expressões (AACR2,
2002).
A PRIMEIRA EDIÇÃO: publicada em 1969, com adaptações do bibliotecário Abner Lellis Corrêa
Vicentini, responsável por sua tradução. Essa primeira edição resultou em fins didáticos para as entidades
do curso no país (AACR2, 2002).
Código de Catalogação Anglo-Americano - 2ª edição (CCAA2, ou AACR2 a partir da sigla em inglês).
Surgiu mais tarde, a segunda edição, que continha a nova forma de descrição bibliográfica, publicada
em 1978 (AACR2, 2002).
Traduzida paulatinamente para o português, a mencionada obra foi publicada em dois volumes,
contendo o primeiro a Parte I do AACR2, relativa à Descrição, além dos Apêndices A a D e do índice
correspondente ao texto (AACR2, 2002).
O segundo volume compreende a Parte II dessas regras, como: Cabeçalhos, Títulos Uniformes e
Remissivas, cujos capítulos, já traduzidos, devem sofrer acurada revisão (AACR2, 2002).
O AACR é oriundo da Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada (ISBDs) e segue a
normalização proposta por essa norma, tanto em termos de pontuação quando em termos dos
elementos da descrição, os quais são agrupados em oito grandes áreas, as quais formam a estrutura
completa de um registro bibliográfico, conforme visualizado na figura abaixo:
O AACR2 está composto por uma parte destinada à descrição dos diferentes tipos de recursos ou
materiais informacionais. Na descrição de um item, considerar todos os seus aspectos: se é publicado ou
manuscrito, suporte, conteúdo, tipo de publicação, relacionamento com outras obras. Usar sempre as
regras específicas aplicáveis ao item de preferência às regras gerais.
Apresenta parte introdutória, formada pelos elementos: Estrutura da Parte I – Descrição,
Introdução, Introdução geral, Regras 0.1. a 0.14., Introdução, Regras 0.21. a 0.29. Essas introduções
explicam o que é o código, sua finalidade, sua estrutura, estrutura das regras, cabeçalhos definidos como
entrada principal ou secundária, os apêndices (AACR2, 2002).
Ainda na Parte I manifestam-se os capítulos, tais como: 1 Regras gerais para descrição, 2 Livros,
folhetos e folhas soltas impressas, 3 Materiais cartográficos, 4 Manuscritos (incluindo coleções
manuscritas), 5 Música, 6 Gravação de som, 7 Filmes cinematográficos e gravações de vídeo, 8 Materiais
gráficos, 9 Recursos eletrônicos, 10 Artefatos tridimensionais e realia, 11 Microformas, 12 Recursos
contínuos, 13 Análise (AACR2, 2002).
A partir das áreas e dos elementos que as compõem, é possível formar o registro, conforme figura
a seguir. Além disso, importante que o catalogador assegure-se sobre qual parte do recurso (fonte de
informação) pode ser utilizada para seleção dos dados descritivos.
�109
Importante considerar algumas recomendações quando da realização do processo de catalogar:
não “reinventar a roda” o que significa: com o uso de normas e padrões vários catalogadores não
precisam mais catalogar um mesmo item. Compartilhamento de registros bibliográficos. Possibilidade de
integração em redes de catalogação cooperativa. Possibilidade de transferência de registros bibliográficos
on-line de redes de catalogação cooperativas nacionais e internacionais, como participantes dessas redes.
Possibilidade de transferência de registros bibliográficos via WORLDCat. Possibilidade de localização de
itens em bases de dados acessadas pela internet, por exemplo, a Library of Congress e transferência
desses registros (AACR2, 2002).
8.6 VAMOS EXERCITAR?
Questão 1 - Segundo orientação do AACR2 não se deve omitir a data de publicação, distribuição, etc. Se
nenhuma data for identificada, o código sugere que o catalogador registre uma data aproximada. Sendo
assim, marque a opção em que o catalogador indica uma data provável:
A) 1975? B) (1975?) C) [1975?] D)[197--.] E)(19-?)
Questão 2 - No que tange às normas, aos formatos e aos modelos conceituais para a catalogação
descritiva de um item, relacione a COLUNA II de acordo com a COLUNA I considerando as principais
características e objetivos das normas, dos formatos e dos modelos. 1.RDA 2.MARC 21 3.FRBR
4.AACR2
( )Construída com base na AACR2, oferece os princípios e as instruções para registro de dados sobre
recursos hoje conhecidos e os que ainda venham a ser desenvolvidos.
( )Faz uma abordagem centrada no usuário, analisa quais requisitos de dados o usuário utiliza para
realizar a busca e o que ele espera encontrar de informação no registro bibliográfico.
( ) Foi originalmente elaborada num ambiente de materiais majoritariamente impressos e de catálogos
em fichas; seu uso ativo durante décadas se deve ao seu efetivo processo de revisão.
( )Forma-se por conceitos relevantes presentes neste modelo conceitual: as entidades obra e expressão.
( )A forma como foi projetada proporciona uma estrutura coerente, flexível e extensível tanto para a
descrição técnica quanto de conteúdo de todos os tipos de recursos e conteúdos.
( )Instrumento indispensável ao catalogador que busca automação, este formato possibilita às bibliotecas
compartilharem recursos bibliográficos com, a garantia de que seus dados serão compatíveis, mesmo que
substituam seus sistemas
Assinale a sequência CORRETA. a)1 2 4 3 2 1 b)4 3 2 1 3 1 c)3 1 4 2 4 3 d)1 3 4 3 1 2
Questão 3 - Na catalogação, a “regra dos três" é o princípio que determina que:
�110
•
•
•
•
•
a)numa obra com mais de três autores, se um deles estiver destacado na página de rosto, será
feita entrada principal por este, e secundárias para todos os que o antecederam naquela página.
b)uma obra com até três autores terá entrada principal pelo primeiro citado e secundárias para os
demais; ou, se tiver mais de três autores, terá entrada secundária apenas para o primeiro.
c)toda a obra, com autoria conhecida ou atribuída, será recuperada pelos nomes de seus autores,
desde que sejam até três, através de cabeçalho principal ou secundário.
d)qualquer obra com responsabilidade compartilhada terá o primeiro autor citado como ponto de
acesso principal; e todos os demais como pontos de acesso secundários.
e)para a eficácia do catálogo gerado, o catalogador deve limitar-se a determinar, até três entradas
secundárias por obra catalogada, além da entrada principal pelo nome do autor.
Questão 4 - Conforme define o AACR2, o processo de preparação de um registro bibliográfico que
descreve parte ou partes de um item para o qual utilizou-se uma entrada mais ampla é a:
A) classificação facetada.
B) indexação.
C) análise.
D) catalogação secundária.
E) referência.
Questão 5 - Certa vez, nosso ilustre "bruxo das letras" usou seu nome verdadeiro, Joaquim Maria
Machado de Assis, em crônicas literárias e o bem conhecido pseudônimo, Machado de Assis, para assinar
obras satíricas. Ao definir o cabeçalho de entrada para o autor, usando o AACR2 − Revisão 2002, o
bibliotecário deve escolher:
a) o nome verdadeiro, pois este é base do cabeçalho para pessoas, fazendo remissiva do
pseudônimo para esta forma.
b) o pseudônimo, pois este é o nome pelo qual o escritor é geralmente conhecido, fazendo remissiva
do nome verdadeiro para esta forma.
c) o pseudônimo, caso esta forma seja determinada com base nas fontes de referência, fazendo
remissivas cruzadas entre os dois nomes.
d) as duas formas, pois se trata de identidades bibliográficas distintas, fazendo remissivas para
relacionar os nomes entre si.
e) o nome verdadeiro ou o pseudônimo, dependendo de qual foi usado com mais frequência,
fazendo remissiva da forma adotada para a outra.
_____________________________________________________________________________________
8.7 METADADOS NO ÂMAGO DA CATALOGAÇÃO
Metadados são um conjunto de dados-atributos, devidamente estruturados e codificados, com
base em padrões internacionais, para representar informações de um recurso informacional em meio
digital ou não digital, contendo uma série de características e objetivos (MORENO et al. 2005).
Quando pensamos em metadados, a primeira ideia que nos permeia é inspirada no seu uso no
ambiente da biblioteca; no seu papel de um esquema formal para descrição de todo tipo de objetos
informacionais, digitais e não digitais. A catalogação tradicional é uma forma de atribuição de metadados.
Relacionada à função de catalogação, existe outra importante razão para a criação de metadados:
facilitar a descoberta de informações relevantes, seja no ambiente da biblioteca, seja no ambiente web. O
exemplo mais ilustrativo é o Dublin Core Metadata Element, uma das mais importantes iniciativas na área
de metadados, cujo objetivo essencial é apoiar a descoberta de recursos no extenso e fragmentado
universo web, que apesar da sua riqueza informacional não foi pensado especificamente para a
recuperação de informação (MORENO et al. 2005).
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Atributos ou metadados são como os elementos de descrição bibliográfica propriamente ditos.
Nos FRBR, são categorizados de acordo com as entidades, incluindo os mais diferentes tipos de materiais
e suas características (MORENO et al. 2005).
Abrange desde registros sonoros tendo como atributos modalidade de captação, meio físico,
extensão do suporte, velocidade de execução (no caso de uma manifestação), até objetos cartográficos,
por exemplo, que possuem, na expressão, como atributos: escala, projeção, técnica de apresentação,
entre outros. Um recurso eletrônico de acesso remoto, por exemplo, apresenta como atributos as
características do arquivo, forma de acesso, endereço de acesso, e assim por diante (MORENO et al.
2005).
De acordo com o propósito a que são utilizados, os metadados podem ser classificados em
diferentes nomes, tais como: administrativos, descritivos, de preservação, técnicos e de uso. O quadro, a
seguir, ilustra essas modalidades de metadados, com as respectivas definições e exemplos.
8.8 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (FRBR)
É um modelo conceitual resultante do estudo realizado por um grupo de estudo da IFLA entre os
anos de 1992 e 1997. O FRBR foi publicado em 1998.
O FRBR é um modelo conceitual: não é um código de catalogação, não é um formato, não é uma
norma, não é um padrão, não é um código, não é um princípio de catalogação. Como modelo conceitual,
o FRBR resulta da abstração de uma realidade, no caso, a realidade é o “universo bibliográfico” (MORENO
et al., 2005).
Os FRBR foram ampliados posteriormente à sua publicação em outros dois modelos para dados de
autoridades e dados de assunto, os Functional Requirements for Authority Data (FRAD) – dados de
autoridade, e os Functional Requirements for Subject Authority Data (FRSAD)- autoridade de assuntos,
respectivamente (MORENO et al., 2005).
Esse modelo foi essencial para fornecer a estrutura subjacente e conferir forma à RDA (Recursos:
Descrição e Acesso). Tanto o FRBR e o FRAD representam modelos de entidade-relação. Estão centrados
no usuário e objetivam as seguintes ações: FRBR (registros bibliográficos): encontrar, identificar,
selecionar e obter (ou adquirir); e FRAD (dados/registros de autoridade): encontrar, identificar,
contextualizar e justificar (MORENO et al., 2005).
Os objetivos propostos pelo modelo conceitual FRAD são:
�112
1 - prover um quadro para a análise dos requisitos funcionais para o tipo de dados de autoridade que é
requerido no controle de autoridade e no seu compartilhamento internacional;
2 - fornecer um quadro estruturado de referência que relacione os dados elaborados pelos criadores do
registro de autoridade para atender as necessidades de seus usuários;
3 - e auxiliar na avaliação do potencial de cooperação internacional e utilização de dados de autoridade,
tanto em bibliotecas como em outras instituições (MORENO et al., 2005).
Os objetivos do estudo que deu origem ao FRBR foram:
1 - prover um quadro definido com clareza e estruturado para relacionar os dados que são registrados em
registros de bibliográficos às necessidades dos usuários desses registros; e
2 - recomendar um nível básico de funcionalidade para registros criados por agências bibliográficas
nacionais (MORENO et al., 2005).
Para o desenvolvimento do FRBR foi utilizada uma metodologia baseada na técnica de análise de
entidades, ou modelo Entidade-Relacionamento.
O FRBR define entidades, atributos e relacionamentos do universo bibliográfico. Entidade é aqui
entendida como uma ‘coisa’ ou um ‘objeto’ no mundo real que pode ser identificada de forma unívoca
em relação a todos os outros objetos. Uma entidade pode ser concreta ou abstrata. Por sua vez, atributos
são as diversas características que um tipo de entidade possui, ou propriedades descritivas de cada
membro de um conjunto de entidades. Um relacionamento é uma associação entre uma ou várias
entidades (MORENO et al., 2005).
Grupo 1 – entidades que são produto de trabalho intelectual ou artístico: obra (uma distinta
criação artística ou intelectual), expressão (a realização artística ou intelectual de uma obra),
manifestação (a materialização de uma expressão de uma obra) e item (um único exemplar de uma
manifestação). As entidades vinculadas ao grupo 1 são demonstradas no diagrama abaixo:
Grupo 2 – entidades responsáveis pelo conteúdo intelectual ou artístico, pela produção física e
disseminação ou pela guarda das entidades do Grupo 1: pessoa (um indivíduo) e entidade coletiva (uma
organização ou grupo de indivíduos e/ou organizações) (MORENO et al., 2005).
Grupo 3 – entidades que, juntamente com as entidades dos grupos 1 e 2, servem como “assunto”
da entidade obra: conceito (uma noção abstrata ou ideia), objeto (uma coisa material), evento (uma ação
ou ocorrência) e lugar (um local) (MORENO et al., 2005).
Alguns dos atributos definidos no FRBR são: título, forma e data da obra; forma, data e idioma da
expressão; título, edição, local e data de publicação, publicador e suporte da manifestação; identificador
e origem do item; nome, datas e títulos de uma pessoa; nome, locais e datas associadas a uma entidade
coletiva; termos representando conceitos, objetos, eventos e lugares (MORENO et al., 2005).
8.9 MACHINE READABLE CATALOGUING – CATALOGAÇÃO LEGÍVEL POR COMPUTADOR (MARC)
MARC quer dizer Machine Readable Cataloguing (catalogação legível por computador). Indica a
forma de como descrever os elementos de dados de forma legível por máquina. Os formatos MARC são
publicados pela LC de forma concisa ou completa (FURRIE, 2000).
O Mar é o padrão para representação de dados bibliográficos em formato legível por máquina.
Representa um conjunto de padrões para identificação, armazenamento e comunicação da informação
de catalogação. Um registro catalográfico significa um registro bibliográfico, ou a informação
tradicionalmente apresentada em uma ficha catalográfica. O registro inclui: 1 – descrição do item; 2 –
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entrada principal e secundárias; 3 – cabeçalhos de assunto; 4 – classificação ou número de chamada,
dentre muitos outros detalhes (FURRIE, 2000).
Uma ficha catalográfica não pode ser simplesmente digitalizada no computador. Ela precisa ser
normalizada, de acordo com um formato em que o computador possa entendê-la. Um registro em Marc
contém um guia para esses dados, ou pequenos sinalizadores, antes de qualquer elemento da informação
bibliográfica (FURRIE, 2000).
Um registro criado em formato MARC 21 é formado por três elementos:
1- Estrutura do registro: para controle do processamento;
2 - Indicação de conteúdo: os campos, indicadores e subcampos;
3 - Conteúdo dos elementos: que compõem um registro em MARC, o qual é definido por padrões
externos ao formato, como por exemplo o AACR2, entre outras convenções usadas pela instituição que
gera um registro (CASTRO; SANTOS, 2009).
Ainda podem ser identificados na estrutura de um registro, os seguintes elementos:
- Campo: um registro bibliográfico é dividido logicamente em campos, os campos em subcampos.
Ex.: campo publicação, distribuição, etc. é dividido em subcampos local, editora e data;
- Delimitadores: identificam os códigos de subcampos;
- Código de subcampo: caractere alfabético ou numérico que identifica o subcampo (FURRIE,
2000).
Para estrutura do formato MARC, a LC criou também um conjunto de regras para a descrição e
organização dos dados em fita magnética. A partir dessas regras, foram criados os protocolos Z39.50 e ISO
2709 que orientam sobre a estrutura de um registro e a transferência de dados bibliográficos,
respectivamente. Os dados em meio magnético são estruturados de forma a possibilitar o intercâmbio de
registros bibliográficos. A estrutura do formato, mesmo quando semelhante, não garante a
compatibilidade do registro. Há que se considerar o conteúdo dos registros que irão influenciar
fortemente na recuperação da informação (CASTRO; SANTOS, 2009).
Na nova geração de sistemas, os padrões são essenciais para garantir maior eficiência e
conectividade. O uso do formato MARC, por exemplo, garante que as bibliotecas substituam seu sistema
de automação por outro com a segurança de que os dados armazenados pelo antigo sistema não sejam
perdidos na conversão retrospectiva (CASTRO; SANTOS, 2009).
Os campos e subcampos estão relacionados em uma estrutura de descrição para cada dado
catalográfico em específico, conforme descrito: 0XX - Informação de controle, números e códigos; 1XX Entrada principal; 2XX Título e parágrafos do título; 3XX - Descrição física; 4XX - indicação da série; 5XX
– Notas; 6XX – Assunto ; 7XX - Entradas secundárias; 8XX - Entradas secundárias de série; 9XX Informações locais (FURRIE, 2000).
A representação do livro “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, por exemplo, em formato Marc,
pode ser visualizada abaixo:
AMADO, Jorge. Capitães da areia : romance. 110. ed. Rio de Janeiro:
Record, 2003 256 p.
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8.10 RESOURCE DESCRIPTION AND ACCES (RDA)
O Resource Description and Access (RDA) é um padrão para catalogação descritiva lançado
inicialmente em junho de 2010, o qual fornece instruções e diretrizes para a formulação de dados
bibliográficos. Destinado ao uso por bibliotecas e outras organizações culturais, como museus e arquivos,
a RDA é a sucessora das Regras de Catalogação Anglo-Americanas, Segunda Edição (AACR2).
A RDA surgiu da Conferência Internacional sobre os Princípios e Desenvolvimento Futuro da AACR,
realizada em Toronto em 1997. É publicado conjuntamente pela Associação Americana de Bibliotecas, a
Federação Canadense de Associações de Bibliotecas e o Instituto Chartered de Profissionais de
Biblioteconomia e Informação (CILIP) no Reino Unido. A manutenção da RDA é de responsabilidade do
Comitê de Orientação da RDA (RSC). A partir de 2015, a RSC está passando por uma transição para uma
estrutura de governança internacional, prevista para vigorar em 2019 (OLIVER, 2011).
As instruções e diretrizes do RDA estão disponíveis por meio do RDA Toolkit, um serviço de
assinatura on-line e em um formato impresso. Os materiais e textos de treinamento da RDA estão
disponíveis on-line e impressos (OLIVER, 2011).
O RDA esteve nas mãos dos mesmos responsáveis pelo AACR2, portanto, os dois códigos possuíam
a mesma governança. “Estrutura” é uma palavra tão ampla que pode ser utilizada para se referir a muitas
coisas do RDA: estrutura administrativa, estrutura das seções, capítulos, elementos, regras, estrutura.
Muitas instruções do RDA derivam das AACR2. A RDA nasceu de uma tentativa inicial de fazer uma
revisão radical das AACR (OLIVER, 2011).
Os princípios desse novo código são os seguintes:
- Diferenciação: os dados devem diferenciar um recurso de outro;
- Suficiência: os dados devem ser suficientes para que o usuário possa selecionar o recurso apropriado às
suas necessidades;
- Relações: os dados devem mostrar as relações bibliográficas significativas que existem entre os recursos;
- Representatividade: os dados devem refletir o recurso descrito;
- Precisão: os dados devem ser inequívocos;
- Uso comum: os dados usados, fora do previsto pelo próprio recurso, devem refletir o uso comum
(OLIVER, 2011).
A RDA introduz novos elementos descritivos, novas abordagens da descrição do suporte e do
conteúdo e novas formas para melhorar o acesso. A RDA aperfeiçoa e tem como base diversas normas
para descrição de recursos. A RDA é um modelo conceitual resultante do estudo realizado por um grupo
de estudo da IFLA entre os anos de 1992 e 1997 (OLIVER, 2011).
Antes de se optar pelo uso da norma RDA, faz-se necessária uma avaliação da instituição quanto
aos custos e benefícios gerados para os usuários na busca por recursos informacionais. Vale destacar que
o Brasil ainda não apresenta softwares com uma completa aderência aos modelos conceituais FRBR e
FRAD, base teórica da RDA. Assim, os benefícios promulgados por esses modelos nos relacionamentos
entre os registros e entidades ainda não podem ser verificados na recuperação da informação, que com
os novos conceitos será mais apropriadamente denominada ‘descobertas de recursos’ (OLIVER, 2011).
8.11 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) são um modelo conceitual do
universo bibliográfico e estão possibilitando transformações no campo da Representação Descritiva e de
modelagem de bancos de dados. Tendo em vista as entidades dos Grupos 1 e 2 dos FRBR, observe os
enunciados a seguir:
I. A publicação da primeira edição do livro “Ágata noturna”, de Emmanuel Tugny, pela editora Sulinas.
II. A tradução do livro “The bookman’s pomise” para o português, por Alvaro Hattnher. As entidades dos
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Grupos 1 e 2 dos FRBR que representam corretamente os relacionamentos apontados nos enunciados I e
II são, respectivamente,
A - Obra – Entidade coletiva e Expressão – Pessoa.
B - Manifestação – Pessoa e Item – Entidade coletiva.
C - Manifestação – Entidade coletiva e Expressão – Pessoa.
D - Obra – Entidade coletiva e Obra – Pessoa.
E - Manifestação – Entidade coletiva e Obra – Pessoa.
Questão 2 - O novo padrão voltado para o mundo digital, que tem em seu desenvolvimento as bases
estabilizadas pelo AACR2r e pela tradição anglo-americana em catalogação, na qual se baseia, é o:
(A) RDA (Resource Description and Access).
(B)FRAD (Functional Requirements for Authority Data).
(C)FRBR (Functional Requirements for Bibliographic).
(D)ISBD (International Standard Bibliographic Description).
Questão 3 – Observe excertos de um registro bibliográfico no formato MARC 21, transcritos a seguir, e
assinale a opção que apresenta uma leitura CORRETA do registro:
a)O segundo indicador do campo 245 indica que será gerada uma nota secundária de título.
b)O campo 650 não foi utilizado corretamente, pois o mesmo é dedicado à descrição de assunto
geográfico.
c)O campo 090 representa o número de chamada local adotado pela agência catalogadora.
D)O campo 240 informa que “Wuthering hights” é uma forma variante do título principal.
e)O campo 041 informa que a obra descrita apresenta textos em português e inglês.
Questão 4 - As principais características do padrão de metadados MARC 21 são:
a)estrutura descritiva simples, baseados em normas emergentes que descrevem e identificam o recurso
de forma estruturada com propósitos gerais.
b)estrutura descritiva complexa, altamente estruturada, com descrição específica, exaustiva, baseados
em normas e códigos próprios de domínio bibliográfico.
c)estrutura descritiva complexa, altamente estruturada, com descrição geral, simplificada, baseados em
normas do domínio web.
d)estrutura descritiva simples, não estruturada, de semântica reduzida, baseados em normas do domínio
web.
8.12 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 1 - A informação que descreve a estrutura de dados e sua relação com outros é dado o nome de
Metadados. Assinale a afirmação correta sobre metadados:
a)Registros bibliográficos não são considerados metadados.
b)Os metadados diferem dos dados bibliográficos ou catalográficos porque a informação de localização
acha-se contida no registro.
c)Metadados não fornecem localização de documentos que estejam em pontos remotos.
d)Os metadados seguem um padrão predeterminado.
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Questão 2 - Em uma biblioteca digital, os padrões de metadados incluem metadados com funções
distintas, que podem ser divididos em
I.
descritivos, usados na descrição de recursos informacionais.
II.
estruturais, utilizados na estruturação visual da biblioteca digital.
III.
administrativos, empregados na administração de recursos informacionais. I, II e III são exemplos,
respectivamente, de metadados para:
a) catalogação de registros, apresentação de documentos na Internet e controle de acesso.
b) digitalização de acervos, registro de exibição na base e conversão restrospectiva.
c) recuperação da informação, formatação de documentos digitais e preservação de recursos.
d) automação de coleções, composição de documentos eletrônicos e compartilhamento de aplicações.
e) identificação de materiais, publicação de documentos na web e localização de recursos eletrônicos.
Questão 3 - Os modelos conceituais Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR)
e Functional Requirements for Authority Data (FRAD) influenciaram na estrutura teórica que dá forma
à Resource Description and Access (RDA), na terminologia e nos conceitos, tendo como foco o:
(A)formato de apresentação e o de recuperação
(B)catálogo e o uso do dado bibliográfico
(C)conteúdo e a definição do escopo da norma
(D)registro bibliográfico e as normas de catalogação
(E)usuário e as tarefas que precisa executar
Questão 4 - Com o crescente aparecimento de materiais em formato digital, foi necessária uma revisão
do Código de Catalogação AACR2, surgindo o(a):
(A)ICP – Princípios de Catalogação Internacional.
(B)FRBR – Requisitos Funcionais para Registro Bibliográfico.
(C)FRAD – Requisitos Funcionais para Dados de Autoridade.
(D)ISBD – Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada.
(E)RDA – Recursos para Descrição e Acesso.
Questão 5 - Analise as afirmativas abaixo, em relação aos metadados, assinalando aquelas que estão
corretas.
I. Um registro de metadados consiste em um conjunto de atributos ou elementos necessários
especificamente para descrever recursos que estão disponíveis na internet.
II. Assim como o Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações, o padrão Dublin Core também
possui 15 elementos para descrição dos recursos.
III. O elemento Descrição do Dublin Core compreende uma exposição sobre o recurso.
IV. Diversos estudos e reuniões têm sido realizados para que seja feita uma total compatibilização entre o
código RDA e o padrão de metadados Dublin Core.
V. Os elementos descritivos do Dublin Core foram baseados nos campos variáveis mais importantes do
MARC para descrição de itens informacionais.
Assinale, a seguir, a alternativa em que foi indicada a sequência correta. A) I, II e III B) III, IV e V C) II, III e V
D) I, III e IV
Questão 6 - Em relação aos metadados, as afirmativas abaixo são verdadeiras, EXCETO.
A)Os metadados surgiram com a necessidade de se criar uma estrutura para a descrição padronizada de
documentos eletrônicos especificamente aplicados a bibliotecas digitais.
B) Os metadados são importantes para facilitar a interoperabilidade e integração de recursos.
C) O padrão Dublin Core de metadados foi elaborado em 1960 pela Library of Congress (LC) para atender
a necessidade de se ter um padrão para entrada de dados bibliográficos nos primeiros sistemas de
automação de biblioteca.
�117
D) MARC, Dublin Core e RDF são padrões de metadados.
Questão 7 - Em relação aos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) e aos Requisitos
Funcionais para Dados de Autoridade (FRAD), analise as afirmativas a seguir e assinale com V as
VERDADEIRAS e com F as FALSAS.
( ) Os modelos promovem uma mudança de perspectiva porque os dados são analisados segundo sua
utilidade para os usuários do sistema.
( ) O objetivo principal da RDA é atender às necessidades das bibliotecas.
( ) Os modelos FRBR e FRAD são modelos de entidade-relação.
( ) Uma Manifestação, que pertence ao segundo grupo do modelo FRBR, é a materialização de uma
expressão de uma obra, ou seja, seu suporte físico que é representada pelo Item, um único exemplar de
uma manifestação.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. A) (F), (V), (F), (V). B) (V), (F), (V), (F). C) (V),
(V), (V), (F). D) (F), (F), (F), (V).
�118
MÓDULO IV
ESTUDOS DE USUÁRIOS E USO DA
INFORMAÇÃO
Aula IX: Competência Informacional,
COMUT e Normas Bibliográficas
Aula X: Usuários, produtos, serviços,
necessidades e usos
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AULA IX: Competência Informacional,
COMUT e Normas Bibliográficas
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
CONTEÚDOS DA AULA
�120
9 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
Competência informacional (information literacy) é um termo que vem se adentrando ao contexto
de atuação dos profissionais da informação. Usado inicialmente nos Estados Unidos para designar
habilidades ligadas ao uso da informação eletrônica, ele foi assimilado pela classe bibliotecária e
atualmente insere-se de forma vigorosa no discurso dos bibliotecários americanos. Cabe também ao
profissional bibliotecário promover a divulgação dos itens documentários, permitindo que os usuários
encontrem itens novos (CAMPELLO, 2003).
No Brasil, o termo está em construção, sendo mencionado pela primeira vez, no ano 2000
Caregnato (2000), traduzido como alfabetização informacional. Referia-se, à expansão do conceito de
educação de usuários e ressaltava a necessidade de que as bibliotecas universitárias se preparassem para
oferecer novas possibilidades de desenvolver nos alunos habilidades informacionais necessárias para
interagir no ambiente digital (CAMPELLO, 2003).
O trabalho de Dudziak (2003) considera a competência informacional além da tecnologia. A
competência informacional é o mesmo que alfabetização informacional, letramento, literacia, fluência
informacional, competência em informação. Não há como negar o potencial desse conceito no papel da
Biblioteca Escolar (BE) quanto à educação no século XXI (CAMPELLO, 2003).
As discussões em torno do tema Competência Informacional, no Brasil, foram tomada como
estratégia pedagógica no âmago da biblioteca, de modo a construir um novo paradigma educacional para
a biblioteca e de se repensar o papel do bibliotecário (CAMPELLO, 2003).
Considerando o contexto peculiar do surgimento do termo competência informacional, no Brasil,
o conceito de letramento seria o mais adequado para embasar ações que busquem ampliar a ação
educativa da biblioteca (CAMPELLO, 2003).
No contexto da BE, é preciso considerar a função educativa da biblioteca, tendo em vista o
aparecimento do Serviço de Referência; a ampliação da Educação de Usuários (EU), a qual promoveu
características pró-ativas nos usuários de bibliotecas. Assim, educação de usuário é uma antecedente da
competência informacional (CAMPELLO, 2003).
No final da década de 1950, surgiu no EUA, a Bibliographic Instruction, cujo objetivo foi instruir o
leitor no uso da coleção, treinando-o para manusear fontes de informação consideradas apropriadas e
relevantes para a aprendizagem de determinado tópico do currículo (CAMPELLO, 2003).
Segundo Campello (2003), a fase inicial da educação de usuários centrou-se na abordagem da
fonte ou foco na coleção, e a segunda fase desse tipo de educação sustentou-se na abordagem guia ou
foco no programa. Todavia, novas abordagens permitem manifestar a valorização no aluno, tendo o
bibliotecário e a biblioteca papel fundamental no processo de mediação da aprendizagem, conforme
destacado no esquema abaixo:
Em 1975, foi percebida a necessidade de se ampliar o espaço da biblioteca no processo
pedagógico. Assim, novos padrões foram lançados, dessa vez recomendando a participação do
bibliotecário no planejamento curricular (CAMPELLO, 2003).
Nessa ocasião, o termo information literacy foi usado pela primeira vez. Em 1974, Paul Zurkowsky,
então presidente da Information Industries Association, mencionou-o em relatório submetido à National
Commission on Libraries and Information Science (CAMPELLO, 2003).
Sugeriu que o governo norte-americano se preocupasse em garantir que a população do país
desenvolvesse competência informacional que lhe permitisse utilizar a variedade de produtos
informacionais disponíveis no mercado (CAMPELLO, 2003).
�121
Assim, o termo passou a ter forte relação com a cidadania, pois cidadãos competentes no uso da
informação teriam melhores condições de tomar decisões relativas à sua responsabilidade social.
Na década de 1980, novas atribuições são direcionadas ao bibliotecário, sendo considerado como:
1 - professor, encarregado de ensinar não apenas as habilidades que vinha tradicionalmente ensinando
(localizar e recuperar informação), mas também envolvido no desenvolvimento de habilidades de pensar
criticamente, ler, ouvir e ver, enfim, ensinando a aprender a aprender;
2 - consultor didático, encarregado de integrar o programa da biblioteca ao currículo escolar,
colaborando no processo de ensino/aprendizagem e assessorando no planejamento e na implantação de
atividades curriculares (CAMPELLO, 2003).
As teorias da aprendizagem exercem influências marcantes no desenvolvimento da Competência
Informacional e o papel do bibliotecário nesse contexto. Assim: Teoria Construtivista da Aprendizagem e
Aprendizagem Baseada em Recursos viabilizou a Competência Informacional (CAMPELLO, 2003).
Em 1983, houve a divulgação do documento A Nation at Risk: the Imperative for Educational
Reform, que apresentou um diagnóstico da situação de deterioração em que se encontrava o ensino
público nos Estados Unidos. No entanto, esse documento não menciona o potencial das bibliotecas e dos
bibliotecários, o que promoveu uma REAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS (CAMPELLO, 2003).
Como formas de reação, a classe promove a Divulgação do Libraries and the Learning Society:
Papers in Response to A Nation at Risk, publicado em 1984 pela ALA, em que os autores demonstravam a
contribuição que a biblioteca escolar poderia oferecer para uma educação que ensinasse o aluno a
aprender a aprender e desenvolvesse habilidades para buscar e usar informação, consideradas essenciais
para viver em uma sociedade complexa e mutável (CAMPELLO, 2003).
Assim, o bibliotecário exerce a função pedagógica, assumindo os seguintes papéis:
1 - Caregiver: o ato educativo possui uma dimensão afetiva;
2 - Orientador (Coach): profissional estimula a aprendizagem;
3 - Elo (Connector): conectar alunos com os recursos informacionais;
4 - Catalisador (Catalyst): catalisador de mudanças. Visão global do aprendizado em todas as áreas
(CAMPELLO, 2003).
Além dessas conquistas, houve a publicação do Novo Information Power, em que foram incluídas
nove habilidades informacionais, divididas em três grupos que abrangem:
1) competência para lidar com informação;
2) informação para aprendizagem independente;
3) informação para responsabilidade social (CAMPELLO, 2003).
A competência informacional foi a bandeira erguida pela classe bibliotecária americana para tirar a
biblioteca do estado de desprestígio em que se encontrava. O tom do discurso do movimento é
claramente o de exortação e de urgência para as mudanças demandadas pela sociedade da informação.
É uma estratégia retórica que se centra na persuasão e que procura levar os praticantes a se
convencerem da necessidade de transformação inevitável que virá com as novas exigências da sociedade
da informação (CAMPELLO, 2003).
Os bibliotecários são incitados a tomar atitude proativa, a fim de participar do esforço educativo
que requer mais do que a visão ingênua e simplista do processo de busca e uso da informação.
A Competência Informacional manifesta-se, portanto, como um discurso de dupla face, quanto ao
trabalho do bibliotecário:
1 – fazer tradicional: lidar com uma variedade de formatos de informação e na sua sensibilidade para
entender as necessidades;
2 – fazer inovador: atitudes condizentes com o novo ambiente social.
Portanto, o foco da biblioteca tem de se deslocar dos recursos para o aluno, a fim de criar a
comunidade de aprendizagem (CAMPELLO, 2003).
Para Campello (2003), o ambiente da competência informacional é permeado pela (o):
1 – Sociedade da informação, visto que a “sociedade da informação” é o espaço mais abrangente por
onde trafega o movimento da competência informacional;
�122
2 – Tecnologia da informação, pois, se a sociedade da informação é ambiente de abundância
informacional, a tecnologia é o instrumento que vai permitir lidar com o problema, potencializando o
acesso à informação e conectando as pessoas aos produtos da mente;
3 – Teorias da aprendizagem, tendo em vista a consistência das teorias pedagógicas no discurso da
competência informacional que vai ocorrendo à medida que o movimento amadurece;
4 – Bibliotecário, o qual é a figura central no discurso da competência informacional. Visa desenvolver a
competência informacional, assumindo as mudanças e se transformando em membro ativo da
comunidade escolar, deixando para trás suas características de passividade e isolamento.
Mesmo que tenha alcançado muitos avanços no contexto norte-americano, críticas se
manifestaram em relação ao movimento. São algumas críticas: julgamentos de que o movimento era uma
tentativa de captar recursos para as bibliotecas; Imprudência no uso da palavra literacy; e, por fim,
dificuldades no entendimento da pergunta “O que significa dominar a leitura na Sociedade da
Informação?” (CAMPELLO, 2003).
No Brasil, o movimento tem acontecido, no entanto, as discussões se direcionam,
especificamente, para o Letramento Informacional. Isso porque, a competência informacional está
intimamente ligada à capacidade de leitura. Envolve a habilidade de ler e usar informação necessária para
a vida cotidiana. Envolve também o reconhecimento da necessidade de informação e sua busca para
tomar decisões bem embasadas (CAMPELLO, 2003).
Assim, percebe-se que há espaço para trabalhar a competência informacional no bojo das
questões do letramento, o que nos levaria ao letramento informacional. A questão está em aberto;
entretanto, é necessário mais do que uma discussão terminológica (CAMPELLO, 2003).
9.1 PROGRAMA DE COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA – COMUT
O Comut permite a obtenção de cópias de documentos técnico-científicos disponíveis nos acervos
das principais bibliotecas brasileiras e em serviços de informação internacionais. Podem-se solicitar os
seguintes tipos de documentos:
- periódicos técnico-científicos (artigos);
- teses e dissertações (na íntegra ou parte);
- anais de congressos nacionais e internacionais;
- partes de documentos (capítulos de livros), desde que sejam autorizados pela Lei de Direitos
Autorais (IBICT, 2013).
A Gerência do Comut oferece aos seus usuários o serviço de Busca Monitorada. Esse serviço
atende às solicitações de material bibliográfico existente no Brasil e no exterior e atende também a
usuários estrangeiros. O valor é diferenciado. A busca no Brasil custa 2 (dois) bônus, enquanto a busca no
exterior custa 4 (quatro) bônus (IBICT, 2013).
Para participar do Comut, o usuário deve cadastrar-se no Programa, via internet, adquirir Bônus
COMUT e preencher o formulário de solicitação (IBICT, 2013).
O Programa de Comutação Bibliográfica (Comut) é um esforço conjunto do Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), por intermédio do IBICT e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e do
Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) e da Secretaria de Ensino Superior (Sesu). O Comut tem por objetivo facilitar o acesso à
informação necessária ao desenvolvimento educacional, científico e tecnológico do País (IBICT, 2013).
O Programa foi instituído pela Portaria nº 456 de 5 de agosto de 1980, pelo então Ministério da
Educação e Cultura, tendo como responsável a Capes. No mesmo ano, em 5 de novembro, foi feito um
Termo de Ajuste em que o IBICT passou a compor com a Capes a corresponsabilidade pelo Comut.
Em 5 de março de 2002, a nova Portaria conjunta nº 590 do MEC e do MCT adapta o Comut às
novas estruturas administrativas e organizacionais de seus mantenedores. Esse novo marco legal instituiu
o Programa junto à Capes, à Sesu (MEC), ao IBICT e à Finep (MCT) (IBICT, 2013).
�123
O sistema foi automatizado em 1996, tendo como resultado a melhoria de todos os
procedimentos administrativos e operacionais, possibilitando maior agilidade em todo o processo de
comutação bibliográfica.
Em outubro de 1998, em continuidade à modernização das operações de comutação bibliográfica
no País, foi implantado, em âmbito nacional, um sistema de transferência eletrônica de documentos, com
o propósito de acelerar o processo de atendimento ao usuário e ampliar a capacidade de atendimento
das bibliotecas (IBICT, 2013).
Atualmente, encontra-se em fase final de desenvolvimento um novo sistema com o objetivo de
agregar novos produtos e serviços, adequando o Comut às novas tecnologias de informação e
comunicação (IBICT, 2013).
O Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN) é um catálogo de acesso público que
reúne informações sobre as coleções de publicações seriadas nacionais e estrangeiras disponíveis nas
bibliotecas brasileiras. Essas bibliotecas, que compõem a rede CCN, possuem acervos automatizados e
atuam de maneira cooperativa sob a coordenação do IBICT (IBICT, 2013).
Os objetivos do catálogo coletivo são difundir, identificar e localizar publicações seriadas
existentes no país; estabelecer políticas de aquisição de coleções; padronizar a entrada dos títulos
conforme critérios internacionais; promover o intercâmbio entre bibliotecas, por meio do COMUT (IBICT,
2013).
Criado, em 1954, pelo então Instituto Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (IBBD), o
CCN constituiu-se, até sua automação, em 1968, em um catálogo convencional em fichas, prestando
informações in loco, por telefone ou correspondência (IBICT, 2013).
De 1970 a 1978, o sistema automatizado possibilitou a divulgação impressa do CCN por grandes
áreas do conhecimento: Ciências Exatas e Tecnologia, Ciências Agrícolas e Veterinárias, Ciências da Saúde
e Ciências Sociais e Humanas. Em 1978, devido ao crescimento constante de novos títulos e acrescido do
inter-relacionamento entre as áreas do conhecimento, o IBICT optou pela divulgação do CCN em
microfichas reunindo todas as áreas (IBICT, 2013).
Inclui dados de publicações seriadas, nacionais e estrangeiras, e suas respectivas coleções que
compõem os acervos das bibliotecas participantes da Rede CCN. Cada registro contém os dados do título,
siglas das bibliotecas e os dados de coleções (IBICT, 2013).
O CCN também indica o endereço eletrônico das revistas que disponibilizam, gratuitamente, os
artigos em texto completo na internet (IBICT, 2013).
As referências bibliográficas dos títulos estão apresentadas segundo padrões internacionais,
utilizando-se para a definição dos elementos de dados o International Serials Data System (ISDS) e, para a
descrição bibliográfica do título, as regras do International Standard Bibliographic Description (ISBD(S).
O vocabulário utilizado na descrição temática de cada título é o Tesauro Science Policy Information
Exchange System (SPINES), desenvolvido pela UNESCO, acrescido de termos livres (IBICT, 2013).
Cada registro da base de dados contém um conjunto de informações que descrevem uma
publicação seriada e estão reunidas e estruturadas em campos de dados (metadados) (IBICT, 2013).
A Rede CCN está estruturada para desenvolver suas funções operacionais de forma
descentralizada a partir de uma coordenação central, localizada no IBICT (IBICT, 2013).
A alimentação dos dados de coleção é efetuada por meio da cópia da base de dados da biblioteca
que deve ser remetida via Internet de acordo com padrões previamente estabelecidos pelo IBICT. O
processamento dos dados é realizado diariamente pelo IBICT e a alimentação dos dados pelas bibliotecas
participantes, ocorre em uma periodicidade média trimestral (IBICT, 2013).
9.2 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - Segundo Campello (2009), o Information Power é um documento que foi desenvolvido pela
American Association of School Librarians, em conjunto com a Association for Educational
Communication and Technology, em 1998. As normas e parâmetros de letramento informacional
�124
apresentados no documento dividem-se em três segmentos: (1) _________, que enfatiza as habilidades
de acessar, avaliar e usar informação; (2) _________, que diz respeito à capacidade de buscar e usar
informação de maneira independente; e (3) __________, que explora o uso social da informação,
abordando a atitude ética com relação à informação e ao compartilhamento de práticas informacionais.
Assinale a opção que apresenta os termos que preenchem corretamente as lacunas acima, observando a
ordem na qual aparecem:
a) busca da informação - conduta independente - geração social do conhecimento
b) competência informacional - geração de informação - aprendizagem de tecnologias
c) competência informacional - aprendizagem independente - responsabilidade social
d) aprendizagem independente - responsabilidade social - conduta ética e) busca da informação aprendizagem independente - aprendizagem social
Questão 2 - Entre as décadas de 1980 e 1990, segundo Campello (2003), “as teorias educacionais exigiam
que se redesenhassem novas formas de mediação para o bibliotecário, em um modelo em que o usuário
ficaria no centro do processo de aprendizagem”. Nesse sentido, relacione os papéis do bibliotecário e as
funções pedagógicas sugeridas por Stripling (1996, citado por Campello, 2003):
1. Caregiver.
2. Orientador.
3. Elo.
4. Catalisador.
( ) O bibliotecário conecta os alunos com as ideias concretizadas no universo dos recursos informacionais
disponíveis.
( ) O bibliotecário estimula a aprendizagem, levando o aluno a buscar as fontes, estratégias e respostas
para suas necessidades.
( ) O bibliotecário colabora no planejamento curricular e facilita a aprendizagem, por estar em uma
posição privilegiada e por ter uma visão global do processo de aprendizagem em todas as áreas.
( ) O bibliotecário apoia a aprendizagem individualizada, auxiliando cada aluno em suas necessidades
específicas, respeitando seu estilo de aprendizagem. Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA.
A) 3, 4, 2, 1.
B) 3, 2, 1, 4.
C) 3, 2, 4, 1. D) 3, 1, 2, 4.
Questão 3 - O Programa de Comutação Bibliográfica COMUT, instituído pelo CAPES, no início dos anos 80
com a colaboração do IBICT, tinha por finalidade precípua facilitar o acesso aos documentos,
especialmente artigos de periódicos, nas tarefas de pesquisa bibliográfica. Esse Programa, inicialmente,
incluía apenas as bibliotecas: a) universitárias. b) públicas federais. c) especializadas. d) especiais.
e) ligadas à Biblioteca Nacional.
Questão 4 - O COMUT é um serviço oferecido pelo IBICT que permite:
A. fazer cópias de livros e teses disponíveis nas bibliotecas participantes do programa.
B. obtenção de cópias de documentos técnico-científicos disponíveis no acervo das principais
bibliotecas nacionais e em serviços de informação internacionais.
C. ao usuário cadastrado, cópias gratuitas dos documentos solicitados.
D. obtenção do documento original por meio de empréstimo solicitado via internet.
Questão 5 - No Brasil, a Comutação Bibliográfica pode ser realizada pelo COMUT, que se caracteriza
como:
(A) rede cooperativa nacional e internacional.
(B) rede de serviço de busca e recuperação da informação.
(C) rede e serviço de apoio institucional a sistemas de informação.
(D) sistema de recuperação da informação em linha.
(E) serviço de busca e recuperação da informação de distribuidores de base de dados.
�125
9.3 NORMAS DE TRABALHOS E PUBLICAÇÕES
9.3.1 NBR 14724
A NBR 14724 especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses,
dissertações e outros) visando sua apresentação à instituição (banca examinadora de professores,
especialistas designados e/ou outros). Essa norma aplica-se, no que couber, aos trabalhos intra e
extraclasse da graduação.
A citada norma delimita os elementos: 1 - pré-textuais, que são: Capa (obrigatório), Lombada
(opcional), Folha de rosto (obrigatório), Errata (opcional), Folha de aprovação (obrigatório), Dedicatória(s)
(opcional), Agradecimento(s) (opcional), Epígrafe (opcional), Resumo em língua vernácula (obrigatório),
Resumo em língua estrangeira (obrigatório), Lista de ilustrações (opcional), Lista de tabelas (opcional),
Lista de abreviaturas e siglas (opcional), Lista e símbolos (opcional), Sumário (obrigatório); 2 – Os
Elementos textuais: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão; e os 3 - Elementos pós-textuais:
Referência (obrigatório), Glossário (opcional), Apêndice (opcional), Anexo(s) (opcional), Índice(s)
(opcional).
9.3.2 NBR 10520
Essa norma especifica as citações em documentos. As citações são menção de uma informação
extraída de outra fonte. A citação de citação é a citação direta ou indireta de um texto em que não se
teve acesso ao original. A citação direta corresponde à transcrição textual de parte da obra do autor
consultado. A citação indireta é um texto baseado na obra do autor consultado.
Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título
incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses,
devem ser em letras maiúsculas.
9.3.3 NBR 6023
Essa norma estabelece os elementos a serem incluídos em referências. Fixa a ordem dos
elementos das referências e estabelece convenções para transcrição e apresentação da informação
originada do documento e/ou outras fontes de informação. Destina-se a orientar a preparação e
compilação de referências de material utilizado para a produção de documentos e para inclusão em
bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros.
São caracterizados como principais elementos de uma referência: autor(es): pessoa(s) física(s)
responsável(eis) pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento. Autor(es)
entidade(s): Instituição(ões), organização(ões), empresa(s), comitê(s), comissão(ões), evento(s), entre
outros, responsável(eis) por publicações em que não se distingue autoria pessoal. Capítulo, seção ou
parte: divisão de um documento, numerado ou não. Documento: Qualquer suporte que contenha
informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui
impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e eletrônicos, entre outros. Edição:
todos os exemplares produzidos a partir de um original ou matriz. Pertencem à mesma edição de uma
obra todas as suas impressões, reimpressões, tiragens etc., produzidas diretamente ou por outros
métodos, sem modificações, independentemente do período decorrido desde a primeira publicação.
Editora: casa publicadora, pessoa(s) ou instituição responsável pela produção editorial. Conforme o
suporte documental, outras denominações são utilizadas: produtora (para imagens em movimento),
gravadora (para registros sonoros), entre outras.
�126
9.4 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - De acordo com a seção 5.2.3 da NBR 14724:2011, que trata da apresentação de trabalhos
acadêmicos, os títulos sem indicativo numérico devem ser centralizados. Assinale a opção que apresenta
somente títulos que se enquadram nessa situação.
a) resumo, lista de ilustrações, referências, conclusão, apêndice
b) errata, agradecimentos, sumário, glossário, índice
c) folha de aprovação, abstract, introdução, referências, índice
d) folha de aprovação, agradecimentos, dedicatória, referência, apêndice e) epígrafe, lista de tabelas,
introdução, conclusão, glossário.
Questão 2 - Analise as afirmativas abaixo com base na NBR 10520, de agosto de 2002, que especifica as
características exigíveis para apresentação de citações em documentos e assinale (V) para as
VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS.
( ) Notas explicativas são aquelas usadas para comentários, esclarecimentos ou explanações, que não
possam ser incluídos no texto.
( ) Notas de referência indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra onde o assunto foi
abordado.
( ) A citação indireta é aquela baseada na obra do autor consultado.
( ) Notas de rodapé apresentam indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor,
tradutor ou editor. Assinale a alternativa em que foi indicada a sequência CORRETA. A) V, V, V, V.
B) V,
V, V, F.
C) V, V, F, F.
D) V, F, F, F.
Questão 3 - Analise os elementos pré-textuais da estrutura de trabalhos acadêmicos:
1. Folha de rosto 2. Errata 3. Folha de aprovação 4. Dedicatória 5. Agradecimentos 6. Epígrafe 7. Resumo
na língua vernácula 8. Resumo em língua estrangeira 9. Lista de ilustrações 10. Lista de tabelas 11. Lista
de abreviaturas e siglas 12. Lista de símbolos 13. Sumário.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA de números com os itens opcionais de acordo
com a NBR 14724 (2011):
A) 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 12.
B) 3, 4, 5, 8, 9, 10, 11, 12.
C) 2, 3, 4, 5, 6, 9, 11, 12.
D) 2, 4, 5, 6, 9, 10,
11, 12.
Questão 4 - De acordo com a NBR 6023, de 2002, que estabelece os elementos a serem incluídos em
referências, os elementos essenciais da publicação periódica como um todo são, EXCETO:
A) Editora.
B) Data de início.
C) Volume.
D) Local de publicação
Questão 5 - Em 2006, José Augusto Chaves Guimarães e Natália Bolfarini Tognolli apresentaram, no XXIX
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, o trabalho intitulado “Arquivística pósmoderna, diplomática arquivística e arquivística integrada: novas abordagens para a construção de uma
disciplina contemporânea”. O evento foi realizado na cidade de Maceió, Alagoas, e organizado pela
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, que também foi responsável pela publicação dos
anais. O trabalho foi publicado às páginas 125 a 140 dessa obra. Segundo a NBR 6023, a referência
bibliográfica do trabalho acima mencionado é:
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REFERÊNCIAS
CAMPELLO, B. S. O movimento da competência informacional: uma perspectiva para o letramento
informacional. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 3, 2003.
IBICT. Programa de Comutação Bibliográfica. Brasília, 2013.
ABNT. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.
ABNT. NBR-10520: informação e documentação: citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002.
ABNT. NBR 6023: informação e documentação: referências. Rio de Janeiro, 2002.
�128
AULA X: Usuários, produtos, serviços,
necessidades e usos
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
Bibliotecária colaboradora: Flávia Ferreira Abreu
Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010), especialização
em Gestão Estratégica da Informação pela Federal de Minas Gerais (2012). Atualmente, é mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFMG. Tem experiência na área de Ciência da
Informação, com ênfase em Gestão da Informação, atuando principalmente nos seguintes temas: leituras
compartilhadas; bibliotecas itinerantes, mediação de leituras e em gestão de sistema da informação.
CONTEÚDOS DA AULA
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10 DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO
A força da informação como elemento para o avanço do conhecimento; para conhecer o outro,
reconhecendo-se o homem como ser no mundo; e, ao conhecer o próximo, pode estabelecer uma interrelação de respeito e de equilíbrio social: de cidadania. Disseminar significa, em alguma medida, divulgar,
difundir, propagar, mediante condições e recursos de que se cerca o agente (BARROS, 2003, p. 14).
A construção da cidadania, como decorrente do direito à informação e à leitura, não deixa de ser
uma contribuição, embora nula se não for transformada pela ação diária de convencimento dos outros
segmentos intelectuais, sobre a necessidade de transformar a realidade concreta, passando do discurso,
da formulação legal, para a ação (SOUZA, 1994, p. 20).
Temas de discussão para bibliotecários no contexto da construção da cidadania:
• Identidade cidadã do bibliotecário;
• Poder de intervenção;
• Identidade profissional;
• Autonomia de sua profissão na sociedade;
• O que ele pensa com os compromissos de classe;
• O que a sociedade civil pensa (BARROS, 2003).
•
•
O processo de disseminar informações envolve dois aspectos fundamentais:
o pressuposto de que há informações a serem disseminadas;
e que o próprio processo envolve estratégias e técnicas de comunicação.
Assim, um serviço de disseminação de informação, planejado e funcionando em conformidade
com a estratégia e objetivos de acordo com o perfil de seus usuários, estimula a criatividade e a inovação,
contribuindo com o êxito do processo de aprendizagem e construção do conhecimento (BARROS, 2003).
10.1 O PAPEL DO PROFISSIONAL NA DISSEMINAÇÃO
O profissional da informação que, se tiver ele mesmo a consciência do conceito de cidadania,
deverá estar atento às suas competências e conhecimentos desde a organização da informação, o
desenvolvimento do acervo, as condições do acesso, do atendimento e a disseminação propriamente dita
(BARROS, 2003, p. 25).
O panorama concreto de virtualidade e instantaneidade da informação permite que o usuário da
informação – não mais apenas da biblioteca – conquiste cada vez mais sua autonomia no controle dos
processos de busca, de escolha e de satisfação das suas necessidades informacionais.
Informar continua sendo a função básica do bibliotecário; o que muda, ao longo do tempo, é a
maneira como ele assume (ou não assume) esse papel, qualificando-o pela formação continuada, pela
postura profissional, pelo posicionamento social, pelas estratégias e pelo instrumental adotado (BARROS,
2003, p. 30).
Por esse papel, o profissional consegue ajudar o usuário a encontrar-se como leitor.
Com sensibilidade, o profissional bibliotecário, pelos serviços que presta ao usuário, muitas vezes
dinamiza a informação disponível, entretanto, nesse papel, pesa bastante a falta de orientação para o uso
da informação, que pode inclusive, criar o desconforto de existir material ocioso, evidenciado pelas
estatísticas e desequilibrando na relação custo – benefício.
Por outro lado, a mediação não se restringe à leitura, mas estende-se aos serviços e desenvolve
para o usuário, em sua unidade de informação.
A função do bibliotecário, ao disseminar a informação, perpassa pelos âmbitos informacionais,
educacionais e culturais.
Para exercer essas funções, o profissional deve desenvolver atividades de promoção da cidadania
e o desenvolvimento social da comunidade a qual atende.
�130
O profissional precisa valorizar o exercício de atividades de cunho pedagógico que incentivem o
crescimento da intelectualidade. O profissional amplia sua integração e sua influência na sociedade e, por
conseguinte seu comprometimento político. Portanto, se o trabalho técnico do bibliotecário não estiver
ancorado na consciência política, a sua ação será inócua em termos de transformação social.
Faz-se necessário, no âmago da disseminação, que o profissional manifeste-se como mediador,
com nuances de tutor, professor, com uso de diferentes mídias para garantir a conexão do acervo com o
usuário.
A disseminação é uma das cinco linhas do Serviço de Referência. Contempla dois importantes
serviços, que são:
1 – DSI (tradicional e tecnológica): ordem especializada; perfis específicos de públicos e unidades;
2 – Serviços de alerta: divulgar o que é novo, como em: murais com notícias de eventos, novos
itens adquiridos, boletins, bibliografias, folhetos variados, em diferentes mídias.
As bibliotecas públicas se configuram em legítimo espaço público, voltado para atender as
demandas sociais, oferecendo oportunidade igualitária e democrática a todo cidadão que faz uso do seu
espaço, não apenas para buscar conhecimento ou cultura, mas também para fazer desse espaço, palco
para as reflexões diárias, para o debate participativo de todos os problemas sociais e necessidades de
cada cidadão (BARROS, 2003).
10.2 SERVIÇO DE REFERÊNCIA
Os serviços de referência surgem nas bibliotecas públicas norte-americanas, no final do século XIX.
A partir da década de 1990, a introdução das tecnologias da informação e comunicação (TICs) modifica a
concepção do serviço de referência presencial, doravante associado a um serviço de referência digital que
utiliza a internet (ACCART, 2012).
Surge então, a função “Ask a Librarian”, pergunte ao bibliotecário, e nos sítios das bibliotecas
universitárias são instalados chats para estabelecer contato direto entre o bibliotecário e o usuário
(ACCART, 2012).
Cada pessoa deve ter as competências para aproveitar plenamente a sociedade da informação. É
essencial, portanto, desenvolver as capacidades e garantir a familiarização com as TICs. Essas tecnologias
podem contribuir para a educação de todos no mundo inteiro (ACCART, 2012, p. 5).
O Serviço de Referência nas bibliotecas precisa ocupar posição que lhe permite ser imediatamente
identificável pelo usuário. Precisa contar com locais para consulta e com obras de referência.
Ao bibliotecário de referência nas universidades, incube ajudar os alunos nas pesquisas e na
compilação de suas bibliografias. Dá-se ênfase na entrevista de referência (reference interview) que
constitui vasta literatura.
1 – Primeira mudança nos SR: uso do telefone;
2 – Segunda mudança: uso da internet, a partir de 1990 (ACCART, 2012).
Uma das origens do conceito de mediação (ou intermediação) está no desenvolvimento das
tecnologias da informação que permitem orientar de forma diferenciada os serviços, oferecer capacitação
dos usuários na utilização dos recursos informatizados (consulta de catálogos em linha, a base de dados,
mecanismos de busca), auxílio na orientação dos serviços, criação de novos produtos, aplicação de
marketing, monitoramento da informação (ACCART, 2012, p. 15).
A mediação é o conjunto de relações públicas e de coleções, que resulta em uma transferência de
informação, através do fornecimento de informação, orientação, ajuda, busca por informações e
documentos. Também denominada de mediação da informação ou mediação documental. Essa mediação
pode ser:
a)
a mediação social, destinada a diferentes públicos-alvo de meios migrantes ou desfavorecidos de
acesso a livros ou cultura;
�131
b)
a mediação cultural, a qual se aplica à política cultural em consonância com a cidade, região,
universidade, país. Ela permite a organização de exposições, conferências e debates.
c)
a mediação digital, que leva em conta a dimensão virtual da rede e facilita o acesso à informação
digital. Importa ressaltar que os serviços que crescem com os usuários na vida real, também podem ser
desenvolvidos de forma virtual (ACCART, 2012).
As quatro missões do profissional da referência:
1 – ajudar os usuários a compreender o funcionamento da biblioteca;
2 – responder às perguntas dos usuários;
3 – ajudar os usuários a selecionar as obras boas;
4 – desenvolver competências para acesso e uso das fontes documentais e da informação, em geral.
No que tange à organização do Serviço de Referência, é preciso considerar as atribuições em
relação à equipe de referência, que são:
- Deontologia e responsabilidade jurídica;
- Responsabilidade jurídica;
- Qualidades do profissional de referência: habilidades técnicas, conhecimento teórico,
personalidade, qualidades intelectuais e comportamentais.
10.3 SERVIÇO DE REFERÊNCIA PRESENCIAL
Está relacionado ao lugar físico, local onde as pessoas são recebidas, onde são fornecidas
informações - na biblioteca, no arquivo, serviço de documentação, seja junto ou separado do serviço a
distância. O SR é um serviço completo que presta respostas personalizadas a uma consulta explícita
em busca de informações bibliográficas e documentais (ACCART, 2012).
Esse serviço compreende a assistência pessoal prestada aos leitores pelo bibliotecário. Essa
assistência deve sem completa, haja vista satisfazer as necessidades dos usuários (pessoalmente, por
telefone ou por correio eletrônico) (ACCART, 2012).
Nesse contexto inovador, surgem os serviços biblioteconômicos virtuais, norteados em um
ambiente estruturalmente e assistencialmente automatizado, em que convergem para um público
mais volátil, menos regular, e também, graças à presença da internet, acessível em qualquer instante
e em qualquer lugar (ACCART, 2012, p. 163).
10.4 SERVIÇO DE REFERÊNCIA VIRTUAL
Oferece um ponto de acesso único em linha que o usuário pode identificar imediatamente, ao
qual ele apresenta uma solicitação, entregue aos cuidados de profissionais qualificados, solicitação essa
que enseja uma resposta rápida, pertinente e de qualidade (ACCART, 2012).
O serviço de referência virtual – elementos do conceito:
1 – um serviço de informação identificado;
2 – quadro de pessoal para mediação humana;
3 – uma nova mídia;
4 – uma função de especialista;
5 – um funcionamento colaborativo;
6 – um contexto competitivo (ACCART, 2012).
O SRV é o fornecimento de referência tradicional por intermédio de mídia eletrônica. Representa uma
rede de competências, uma intermediação humana e recursos colocados à disposição dos usuários num
ambiente em linha. Três elementos se manifestam:
1 – O recurso a uma rede de competências;
2 – uma intermediação humana;
3 – recurso em linha à disposição dos usuários (ACCART, 2012).
�132
O SRV, no âmago do Open Archives, requer algumas funções do bibliotecário de referência, que são:
1 – Função de formação: mostrar a necessidade de saber usar fontes confiáveis;
2 – Função de comunicação: preparar as páginas iniciais dos documentos abertos ou dos ambientes
de armazenamento;
3 – Função de orientação: seleciona os recursos adequados e confiáveis e guia o usuário à localização
dessas fontes.
Implantação dos SRVs:
1 – Aspectos normativos e legais;
2 – Aspectos técnicos;
3 – Aspectos organizacionais.
O SR pode congregar-se por meio de uma rede. A REDE DE REFERÊNCIA VIRTUAL COLABORATIVA
corresponde a uma rede que reúne diversos serviços de referência virtuais em torno de uma ou várias
temáticas e que tem objetivos comuns: compartilhamento de recursos, sejam eles humanos ou
documentários.
A comunicação no SR:
- Ocorre: - junto aos usuários reais; - em geral, no meio profissional, nos usuários potenciais;
- entre a equipe de referência.
É preciso estabelecer um plano de comunicação, com os seguintes objetivos:
- Por que comunicar?
- Qual a mensagem divulgada no plano?
- Qual o público-alvo?
- Quais recursos utilizar?
- Quais ferramentas?
“Não perder a ligação com o usuário virtual”. Essa poderia ser o cerne (a mensagem) principal do
SRV. Se na rede é difícil captar um usuário virtual, as bibliotecas devem ser visíveis nas diferentes mídias e
na internet. A frase “O futuro é virtual” não é uma frase vazia, pois se inscreve na realidade atual e futura
dos serviços de referência.
10.5 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 - A disseminação da informação por meio da publicação de listas com novas aquisições
bibliográficas para fins de divulgação do acervo é chamada de
• A.provisão de documento.
• B.serviço de alerta.
• C.orientação de usuário.
• D.levantamento de bibliografia
Questão 2 - A forma de divulgação contínua e regular das informações ou materiais recebidos pelas unidades de
informação, por meio de serviços de alerta, elaboração de boletins informativos, e sumários correntes, com o
objetivo de levar ao conhecimento dos usuários as informações de seu interesse denomina-se
•
•
•
•
•
A.seleção da informação.
B.registro da informação.
C.tratamento da informação.
D.disseminação da informação.
E.armazenamento da informação.
Questão 3 - Analise as características da biblioteca universitária, segundo Accart (2012), e assinale (V) para as
alternativas VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS.
�133
( ) É geralmente especializada.
( ) O serviço de referência é concebido como uma ajuda secundária ao ensino e à pesquisa.
( ) Não se assemelha a um serviço especializado de documentação.
( ) Os bibliotecários realizam pesquisas “para ou em lugar de” estudantes e docentes. Assinale a
alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
A) V, F, F, F.
B) F, V, F, V.
C) F, V, F, F. D) F, F, F, F.
Questão 4 - De acordo com Accart (2012), o profissional de referência tem deveres (coluna II) em relação ao
usuário e à informação (coluna I). Relacione, abaixo, aqueles referentes ao usuário ou à informação.
1) Usuário 2) Informação
( ) As informações que o profissional detém sobre os usuários e suas pesquisas são confidenciais e não
podem ser divulgadas nem arquivadas por um longo período, o que caracteriza o respeito à
confidencialidade.
( ) Sigilo profissional no que se refere a certas informações que lhe são confiadas.
( ) A informação fornecida deve ser fiel às fontes, as quais devem ser identificadas. O profissional é
responsável pela informação fornecida, ou seja, pela conformidade com as fontes.
( ) Respeito aos direitos de autor no que se refere às fontes de informação citadas e utilizadas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência de números CORRETA. A) (1) (2) (2) (1).
B) (2) (1) (2)
(1).
C) (1) (1) (2) (2).
D) (1) (2) (1) (2)
10.6 USUÁRIOS: NECESSIDADES E ESTUDOS
O crescente volume de publicações gerado pelas sociedades científicas passou a exigir a criação de
bibliotecas para reuni-las, organizá-las e armazená-las. E foram assim, no campo das pesquisas científicas
e industriais do século XIX, que se desenvolveram os serviços de informações em bibliotecas e surgiram
os serviços formais de auxílio ao usuário em bibliotecas (PESSOA; CUNHA, 2007).
Com o passar dos anos, as bibliotecas e as informações tornaram-se cada vez mais especializadas e
os usuários passaram a exigir mais tempo e atenção dos bibliotecários, fenômeno percebido,
primeiramente, nas bibliotecas universitárias. Com o aumento de bibliotecas especializadas nas áreas
comercial, industrial e administrativa, também os serviços de referência se especializaram para satisfazer
as solicitações desses usuários (PESSOA; CUNHA, 2007).
Mudam as maneiras de se prestar os serviços conforme a realidade das bibliotecas, e, a cada dia,
cresce o número de ferramentas que auxiliam na organização documentária e na busca e recuperação de
informações.
Muitos recursos tecnológicos são resultados da revolução dos meios de comunicação e das
demandas altamente diferenciadas que os usuários propõem. Por isso, pressionadas pelo mundo
globalizado, as bibliotecas e unidades de informação acabam por modificar sua estrutura, seus processos,
e seus produtos e serviços. O advento da indústria on-line, na década de 1970, acelerou essa mudança
com a produção de catálogos que se constituíam de citações bibliográficas e de índices. A diminuição dos
custos de armazenamento e o consequente aumento do número de buscas permitiram acrescentar
resumos a muitos desses catálogos. Isso levou os usuários a buscarem o documento primário e essa é
uma tendência que ainda persiste: o texto completo da informação primária sendo oferecido on-line.
Novas necessidades e demandas: novos serviços
Serviços de referência
1ª Conferência da American Library Association, em 1876, quando o bibliotecário Samuel Swett Green
falou sobre a relevância do auxílio aos leitores, que necessitavam de orientação para fazerem bom uso
das coleções disponíveis.
�134
O serviço de referência abrange todo o espectro que inclui desde uma vaga noção de auxílio aos
leitores até um serviço de informação muito esotérico, muito abstrato e altamente especializado. Nesse
serviço, nota-se a interação entre o bibliotecário de referência e o leitor (hoje denominado
usuário/cliente), e essa interação constitui o foco central do serviço de informação.
Referência virtual é um serviço de referência iniciado eletronicamente, frequentemente em tempo
real, onde usuários utilizam computadores ou outra tecnologia da internet para se comunicarem com a
equipe de referência sem estar fisicamente presente.
O advento desses sistemas on-lines alterou o relacionamento entre a referência, a aquisição, a
catalogação, os empréstimos entre bibliotecas. Além disso, serviços on-line permitiram à biblioteca
oferecer um nível mais alto de serviço, por um custo aceitável, com grande presteza e pequeno trabalho
adicional para a equipe de pessoal.
10.7 MODALIDADES DE SERVIÇOS DE REFERÊNCIA
1 - Correio eletrônico: foi o primeiro a surgir devido ao seu custo praticamente inexistente, por ser
facilmente executado pelo pessoal da biblioteca e, também, por não requerer tecnologia especial nem
para o bibliotecário e nem para o usuário;
2 – Chat: mensagens instantâneas trocadas via web, ou seja, comunicação em tempo real entre
duas ou mais pessoas por meio da internet. Os serviços de referência via chat utilizam softwares básicos,
no entanto, é possível distinguir três tipos de tecnologias diferentes para esse serviço. São elas: softwares
de mensagens instantâneas, salas de bate-papo e softwares de chat;
3 – Web contact centers softwares: os softwares denominados de Web Contact Centers ou de
Real-Time Live Web Reference são, também, tecnologias de chat só que com um nível muito maior de
interatividade entre bibliotecários e usuários;
4 – Videoconferência: a tecnologia de videoconferência já está disponível há anos, porém,
anteriormente, eram necessários equipamentos e salas especiais para realizá-las, o que elevava
consideravelmente o seu custo. Nos últimos tempos, foram desenvolvidos alguns softwares de
videoconferência que podem ser utilizados no próprio computador do usuário;
5 – Projetos colaborativos de referência virtual: proporcionam uma série de benefícios, já que
permitem às instituições participantes o compartilhamento de suas habilidades e recursos específicos, a
expansão do horário de funcionamento dos serviços, bem como proveem o acesso ao conhecimento
resultante das consultas a outros serviços de referência digital (arquivos de perguntas/respostas
armazenadas).
Há dificuldades e desafios quanto à implantação do Serviço de Referência. Isso se deve, em grande
parte, por conta do desenvolvimento experimental do serviço de referência virtual, visto que se tem
pouca literatura sobre o seu funcionamento na prática e a sua administração, assim como sobre questões
relacionadas ao seu planejamento, execução e avaliação.
Orientações são necessárias para saber como incorporar o serviço de referência virtual ao
processo de planejamento da biblioteca como um todo.
Além disso, também são necessárias informações que expliquem como o serviço de referência
virtual se enquadra na série daqueles oferecidos pela biblioteca, assim como também são necessárias
informações para o desenvolvimento de políticas e procedimentos para o suporte do serviço.
10.8 A QUESTÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS
Estudos de usuários têm sido uma temática recorrente na literatura, tendo essa preocupação se
intensificado a partir da década de 1960. A essência tem sido a mesma: coletar dados para criar e/ou
avaliar produtos e serviços informacionais, bem como entender melhor o fluxo da informação.
�135
A tabela 1 demonstra o crescimento do número de pesquisa ao longo das últimas décadas,
considerando levantamento realizado na Base Lisa.
Os quadros abaixo ilustram a trajetória evolutiva dos estudos qualitativos nas últimas décadas.
2 – Usuários: necessidades e estudos
A pesquisa qualitativa:
Estudos de comportamento em detrimento à frequência e uso
Teoria das Ciências Sociais, com foco em teorias antropológicas
e sociológicas
A abordagem de Taylor é uma abordagem com valor agregado, em que transforma dados em
informação útil em um processo de busca. A informação encontrada esclarece, informa e contribui com o
crescimento pessoal, cultural e afeta o poder decisório e as ações pessoais do indivíduo.
Na abordagem de Kuhlthau, as pessoas buscam informação em diferentes sistemas e com
estratégias diferenciadas, o que amplia as dúvidas e incertezas. Assim, o processo de busca, nessa
abordagem, se dilui em meio às etapas: início, seleção, exploração e formulação.
Início do processo = aumenta incerteza
Final do processo = diminui a incerteza
�136
Como principais métodos utilizados para coleta de dados, nas pesquisas sobre estudos de
usuários, destacam-se:
Questionário: mais utilizado. Lista de questões a ser respondida, sem a presença do pesquisador.
Benefícios com o uso da internet. Técnica de Delfos (rodadas de entrevista);
Entrevista: mais utilizado após questionário. Permite reações, sentimentos, opiniões, hábitos e
maior interação entrevistado-participante. Estudo focal, com moderador;
Observação: não-estruturada. Participante não-estruturada e observação sistemática;
Análise de conteúdo: análise quantitativa de termos de um texto. Em seguida, realiza-se a
condensação dos conteúdos contextualizados e interpretados. É utilizado desde o início do século XX, e é
apropriada para medir a legibilidade de um texto ou comunicação e analisar questões relacionadas com
atitudes, interesses e valores culturais de um grupo.
10.9 VAMOS EXERCITAR JUNTOS?
Questão 1 – Analise as afirmativas abaixo sobre as dificuldades de implantação de um serviço de
referência virtual de acordo com Pessoa e Cunha (2007) e assinale (V) para as VERDADEIRAS e (F) para as
FALSAS.
( ) Pouca literatura sobre o seu funcionamento na prática e a sua administração.
( ) Pequeno número de pedidos recebidos pelas bibliotecas, denunciando mais um grave problema: a falta
de marketing.
( ) Falta de treinamento do pessoal escolhido para atuar no serviço de referência virtual.
( ) Custo demandado pelo serviço de referência virtual. Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA. A) V, V, V, F. B) V, V, F, F. C) V, F, F, F. D) V, V, V, V
Questão 2 – Em relação ao estudo de usuários, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso), as
afirmações abaixo.
( ) O estudo de usuários reflete a investigação que tem como objetivo identificar e caracterizar os
interesses, as necessidades e os hábitos de uso de informação de usuários reais e/ou potenc iais de
um sistema de informação.
( ) O estudo de usuários abrange pesquisas para verificar se as necessidades de informação por parte
dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira
adequada.
�137
( ) Os estudos de usuários da informação são orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de
informação e aos serviços de qualidade que são oferecidos.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo
a) V – F – V b) F – V – F c) V – F – F d) F – V – V e) V – V – F
Questão 3 – O que é método Delphi?
• A.Método através do qual o pesquisador capta a realidade observada. Vários tipos de
profissionais, entre eles o médico, o psicólogo e o publicitário, apesar de normalmente utilizarem
uma diversidade de métodos de coleta de informação, fazem uso frequente deste método.
• B.Método de pesquisa das ciências sociais que pode ser descrito como a obtenção de dados ou
informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado
como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, que pode
ser um questionário.
• C.Método que coleta dados sobre estudos de usuários sem interrogá-los ou observá-los de uma
forma direta. Nesse método, os dados são coletados através de documentos já existentes, como
estatísticas de bibliotecas, referência de obras citadas, anotações, textos etc. É utilizado em
estudo de usuários.
• D.Método que faz uso do questionário para obter um consenso de opiniões sobre determinado
assunto sendo sua principal área de aplicação a de previsão tecnológica; consiste em uma
sucessão de rounds em que são colhidas as opiniões de um grupo de especialistas, para levantar
seus conhecimentos e capacidade de julgamento.
• E.Método para mapear necessidade de informação sob a ótica do usuário; consiste em
pontuações de premissas teóricas e conceituais e outras metodologias relacionadas, para avaliar
como audiências, usuários, clientes e cidadãos percebem, compreendem e sentem suas interações
com instituições, mídias, mensagens e como usam a informação e outros recursos nesse processo.
Questão 4 - O estudo do usuário para a compreensão da natureza de suas necessidades informacionais e
padrões de busca de informação
(A) consiste na etapa final do processo de gestão de projetos e serviços de uma biblioteca universitária ou
especializada.
(B) auxilia a gerência da biblioteca a avaliar o sistema existente para iniciar, elevar ou diminuir ênfase,
aperfeiçoar ou promover um serviço.
(C) apresenta elevado custo para os procedimentos de estudo e análise com resultados ineficientes para a
gestão da biblioteca.
(D) indica requisitos de equipamentos, programas, formatos e fontes de informação sem relevância para
a definição de serviços na biblioteca.
(E) define fontes de informação, padrões de comunica- ção e interfaces de pesquisa de utilidade
irrelevante para o serviço de informática.
Questão 5 – Segundo Baptista e Cunha (2007), os métodos utilizados na coleta de dados em estudos de usuários
estão relacionados com o tipo de aprendizagem qualitativa ou quantitativa. Nesse trabalho, os autores citam os
principais métodos de coleta de dados para estudos de usuários, suas vantagens e desvantagens. São exemplos
desses métodos de coletas de dados em estudos de usuários, EXCETO.
A) Análise de conteúdo. B) Modelo de Kuhlthau. C) Observação. D) Questionário.
Questão 6 - Analise as características dos novos estudos de comportamento de usuários e assinale com V as
afirmativas VERDADEIRAS e com F as FALSAS, com base em Ferreira (1995).
( ) Empregar maior orientação quantitativa.
( ) Visualizar holisticamente as experiências do indivíduo.
( ) Focalizar os aspectos cognitivos envolvidos. ( ) Considerar o indivíduo como sendo orientado situacionalmente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras CORRETA.
�138
A) (F) (V) (V) (V).
B) (F) (V) (F) (V).
C) (F) (V) (F) (F).
D) (F) (V) (V) (F).
REFERÊNCIAS
ACCART, J. P. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília: Briquet de Lemos, 2012.
BARROS, M. H. T. C. Disseminação da Informação: entre teoria e prática. Marília: a autora, 2003.
PESSOA, P.; CUNHA, M. B. Perspectivas dos serviços de referência digital. Informação e sociedade, João
Pessoa, v. 17, n. 3, 2007.
BAPTISTA, S. G.; CUNHA, M. B. Estudo de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados.
Perspectiva em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, 2007.
�139
ENCERRAMENTO
Aula XI: Revisão final do curso
Docente responsável: Jorge Santa Anna
Bibliotecário atuante no ramo da Consultoria e Metodologia de Trabalhos Científicos. Professor de
Metodologia de Pesquisa e aulas particulares de Biblioteconomia e áreas correlatas. Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento, da UFMG. Atua há mais de oito
anos na Normalização Bibliográfica, com vasta produção bibliográfica publicada em periódicos científicos.
Membro do comitê editorial da Revista Pró-Discente.
Docente responsável: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Bibliotecária da Escola Ciência da Informação da UFMG. Presidente da ABMG, gestão 2018/2021.
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento. Tem
experiência na área de Biblioteca Universitária e Educação a Distância, tendo ocupado cargo de gestão do
Sistema de Bibliotecas da UFMG, por duas vezes.
11.1 A BIBLIOTECA E A UNIVERSIDADE – AULA I
A biblioteca e a
universidade – aula I
ISSO PODE
CAIR....
-Bibliotecas como organizações: As características do mundo moderno têm
influenciado substancialmente as organizações e vêm alterando as formas de
gestão das bibliotecas;
-BU e o futuro: As universidades freqüentemente têm estado mais
preocupadas com seus problemas do que com as demandas da sociedade, mais
preocupada com a autonomia como reivindicação do que com a sua
responsabilidade social;
-Avaliação das BUs: o caráter e eficiência da universidade podem ser medidos
no tratamento dado ao seu órgão central – a biblioteca;
-Avaliação como melhoria contínua: a avaliação assume um papel primordial,
como valiosa ferramenta de auxílio ao planejamento e à gestão, fornecendo
elementos para subsidiar as decisões institucionais;
- Planejamento bibliotecário: a atividade de planejar é uma tarefa pouco
executada pelos bibliotecários, os quais tendem a considerá-la uma perda de
tempo, fator este que influencia os gestores de bibliotecas a não planejarem.
�140
Questão 1 - Considere a frase do Prof. Murilo Cunha: “... a catalogação original, tanto para itens
impressos quanto para os digitais, não desaparecerá. Entretanto, essa tarefa provavelmente
ficará restrita a grandes bibliotecas ou àquelas muito especializadas, ou a serviços
bibliográficos on-line. Será comum o downloading do registro catalográfico para o catálogo local,
o qual terá ligações (links) para as bibliotecas hospedeiras dos documentos digitais.” Essa frase:
a) reflete uma situação anterior ao desenvolvimento exponencial da web 2.0 e nunca se tornou
realidade;
b) permanece atual e corresponde ao que já está acontecendo no mundo, inclusive no Brasil;
c) foi verdadeira durante o início do século XXI, mas já está caindo em desuso;
d) é totalmente incorreta, uma vez que a catalogação já não existe mais.
e) é parcialmente correta, uma vez que atualmente apenas as editoras de e-books estão
desenvolvendo esse trabalho.
Questão 2 - O processo de identificação dos pontos fortes e fracos de uma coleção de materiais
de uma biblioteca requer uma constante atenção por parte dos bibliotecários. Segundo Maciel &
Mendonça (2000), este trabalho é composto por vários processos, que não podem ser
considerados isoladamente, mas como parte integrante de um todo. Assinale a alternativa que
contem etapa que não faz parte deste processo.
a) Estudo da comunidade.
b) Políticas de seleção.
c) Armazenamento.
d) Aquisição.
e) Desbastamento e descarte.
Questão 3 - Por ser um processo contínuo, o planejamento de uma biblioteca requer metas e um
controle da natureza e da direção das mudanças. Acerca do planejamento marque a alternativa
correta.
a) O planejamento é um acontecimento que dispensa objetivos;
b) É um processo metódico de abordagem racional e científica;
c) Possui como característica uma ação permanente;
d) Por se tratar de atividade esporádica, dispensa orçamentos.
Questão 4 - No planejamento de bibliotecas, produzir conhecimentos relativos à unidade de
informação, à organização em que esta se situa e a seu ambiente, tanto na fase de elaboração do
plano, programa ou projeto, quanto na fase de implementação das ações corresponde à:
a) Avaliação
b) Seleção
c) Plano
d) Aquisição.
Questão 5 - Os serviços de informação, a partir de iniciativas de seus funcionários e dirigentes ou
mesmo por influência de suas instituições mantenedoras, estão investindo cada vez mais recursos
na modernização de suas práticas gerenciais, na melhoria de seus processos e na capacitação de
seus colaboradores, visando principalmente oferecer produtos e serviços mais adequados a seus
usuários, otimizando ao máximo os recursos disponíveis, sem perder naturalmente:
a) A melhoria contínua; b) o padrão de qualidade planejado; c) os objetivos previamente
estabelecidos; d) a satisfação às necessidades dos usuários; e) o suporte tecnológico.
�141
Questão 6 - Segundo Vergueiro e Miranda (2005), em uma economia cada vez mais baseada em
serviços, o conhecimento é um fator decisivo para a sobrevivência organizacional. Por outro lado,
existem determinadas formas de gestão, as quais estão intimamente relacionadas à estrutura da
organização, bem como a seu porte, diversidade, escala hierárquica e distribuição das pessoas
certas para os lugares certos. Isso não é mais sinônimo de controle, padronização ou rotina, ou
seja, esta gestão está ligada àquelas atividades relacionadas com o estímulo ao envolvimento e
com o desenvolvimento da estrutura organizacional. O texto refere-se a qual modalidade de
gestão? A) gestão estratégica;
B) gestão do capital financeiro
C) gestão institucional
D) gestão baseada em recursos
E) NDA.
Questão 7 – O primeiro enfoque do profissional da informação, na sua função de planejador,
consiste em:
a) adotar estratégias motivacionais e catalisadoras de ação.
b) promover o uso do acervo e os serviços oferecidos para melhor atender a comunidade.
c) elaborar manuais para melhorar o fluxo das atividades.
d) interpretar a missão institucional estabelecendo objetivos para o seu cumprimento.
11.2 O ACERVO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA – AULA II
O acervo da Biblioteca
Universitária – aula II
ISSO PODE
CAIR....
-Desenvolvimento de coleções: é um processo dinâmico, cíclico e integrado,
que não tem tanta preocupação como as demais práticas de tratamento;
-O ato de formar e desenvolver coleções: está presente em todo tipo de
biblioteca, mas de forma diferenciada;
-As etapas do processo: analogia ao guarda-chuva (nove etapas);
- Etapas da política: missão/objetivos; perfil usuários; perfil coleções;
cobertura das coleções; etapas do FDC; outros detalhes; documentos correlatos
e avaliação da política;
-Seleção da coleção: etapa decisória e aquisição etapa operacional;
-Critérios: - comuns: assunto, usuário, documento; - específicos: conteúdo,
usuário, aspectos adicionais;
-Preservação da coleção: práticas usuais: Limpezas de documentos/estantes;
reparos gerais; encadernação; educação usuário;
-Preocupação com o patrimônio documental: herança histórica da
universidade, o que requer maior responsabilidade do sistema para garantir a
preservação desses acervos.
�142
Questão 1 - Vergueiro (2010) em Seleção de materiais de informação afirma que algumas
editoras costumam notabilizar-se pela qualidade dos materiais que produzem, funcionando como
índice de confiabilidade do conteúdo dos documentos. É CORRETO afirmar que, nesse trecho, o
autor faz referência a um critério de seleção concernente à: a) autoridade.
b) conveniência.
c) imparcialidade.
d) relevância.
Questão 2 - Segundo Weitzel (2013, p.39), antes de começar a elaborar um primeiro esboço da
Política para Desenvolvimento de Coleções é necessário alguns preparativos. Informe verdadeiro
(V), ou falso (F), e em seguida, assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Identificação da missão e objetivos institucionais.
( ) Perfil da comunidade.
( ) Perfil das coleções.
( ) Perfil do administrador(diretor).
( ) Avaliação do comportamento do usuário.
(A) V – F – V – F – F. (B) F – V – V – V – F. (C) V – V – V – F – F. (D) F – F – V – V – V. (E) F – F
–V–V–F
Questão 3 - No âmago da preservação de acervos bibliográficos, há distinções entre os termos
preservação, conservação e restauração. Estabeleça as correspondências entre os termos
apresentados na primeira coluna com as respectivas definições expostas na segunda coluna:
a) Preservação ( ) implica em técnicas e práticas específicas
b) Conservação
( ) tem um sentido abrangente, incluindo todas as considerações
administrativas
(c) Restauração ( ) intervenções técnicas sobre os componentes materiais de um documento já
deteriorado
a) a, b e c;
b) c, b e a;
c) b, a e c;
d) b, c e a;
e) NDA.
Questão 4 - Para Vergueiro (2010), a avaliação de filmes para incorporação ao acervo das
bibliotecas deve considerar, além de questões básicas como adequação do material ao usuário,
sistema de vídeo mais apropriado para a biblioteca e implicações financeiras para a instituição,
um conjunto de critérios relacionados:
(A) à tematicidade do item.
(B) ao aspecto da autoridade.
(C) à perfeição das cores.
(D) à qualidade da cópia ou do exemplar.
11.3 FONTES DE INFORMAÇÃO – AULA III
�143
O acervo da Biblioteca
Universitária - aula III
ISSO PODE
CAIR....
-Fontes de informação: auxiliam o dia a dia de profissionais e pesquisadores e
podem ser armazenadas em diferentes locais.
-Tipologias de fontes: natureza primária, secundária e terciária. Contempla
desde os periódicos, a eventos, organizações, índices de citação, guias de
literatura etc.
-Bibliotecas digitais: a ideia dessa biblioteca não é nova: remete ao memex de
Busch e a Otlet e La Fontaine.
-O potencial da biblioteca digital em relação à biblioteca convencional;
-A biblioteca digital representa um modelo transformativo em larga escala,
centrada no usuário, movendo-se de forma integrada a seus componentes;
-No caso de periódicos eletrônicos, várias partes do documento podem ficar
hospedadas em diversos computadores;
-O paradigma da representação informacional era a de um livro, passando a
ser a de um capítulo, dentre tantas formas de representação;
-Repositórios são bancos de dados contendo conteúdos completos e
respectivos metadados;
Questão 1 – O acervo de uma biblioteca universitária é composto por fontes de informação que
apresentam características e finalidades distintas. Nesse contexto, assinale a alternativa correta.
A) O abstract é uma publicação de referência, que tem como finalidade indicar outras fontes de
informação.
B) O índex é uma publicação de referência, que tem por finalidade a recuperação da informação
nas estantes.
C) O periódico científico é uma publicação seriada, que tem como finalidade publicar edições
atuais de fontes esgotadas.
D) O dicionário especializado é uma publicação organizada em verbetes, que visa à descrição do
universo do conhecimento.
E) O relatório é uma publicação técnico-científica, que objetiva sistematizar o planejamento de
serviços e produtos diversos.
Questão 2 – Considere os tipos de fontes de informação apontados na primeira coluna (I-II) e os
exemplos de fontes arrolados na segunda (1-5).
I. fonte primária
II. fonte secundária
1 – Diário da Justiça
2 – Diário Oficial da União
3 – Cartilha do egresso [folheto eletrônico]
4 – Jus Navegandi [periódico eletrônico]
�144
5 – Revista dos Tribunais
As relações entre o tipo de fonte e seu(s) exemplo(s) estão indicadas em:
(A) I-1 e 2 ; II- 3, 4 e 5.
(B) I-2; II-1, 3, 4 e 5.
(C) I-2 e 5; II-1, 3 e 4.
(D) I-3 e 4; II-1, 2 e 5.
(E) I-4 e 5; II-1, 2 e 3.
Questão 3 - Os eventos científicos desempenhar diversas funções, resumidas em três principais.
Assinale a alternativa que demonstra a presença dessas três funções:
A) Aperfeiçoamento de trabalho, comunicação informal e reflexo do estado da arte;
B) Troca de experiências e vivências; contato pessoal entre pesquisadores e refletir o estado da
arte;
C) Contato pessoal entre pesquisadores, transmitir as inovações científicas e refletir sobre os
assuntos mais atuais;
D) Reflexo do estado da arte, comunicação informal e estabelecimento de uma rede de contatos;
E) Comunicação informal, formar parcerias e contatos e garantir maior confiabilidade a
autoridade científicas.
Questão 4 - A biblioteca digital se caracteriza por:
A) disponibilizar para acesso, basicamente, o resumo de livros e teses devidamente digitalizados.
B) oferecer aos usuários mais de 90% do acervo, documentos eletrônicos e digitais.
C) disponibilizar sua base informacional em servidores próprios e acessados via rede de
computadores.
D) permitir que os usuários da biblioteca aprendam a lidar com as tecnologias de informação.
Questão 5 - Constitui-se um marco na história do desenvolvimento da comunicação científica, da
publicação eletrônica e das bibliotecas digitais. Promoveu a elaboração e o estabelecimentos de
padrões e protocolos para interoperar bibliotecas digitais (MARCONDES, 2006). Assinale a opção
a que o enunciado faz referência. a ) FRBR b ) Iniciativa de open archive c ) RDA
d ) MARC21 e ) WorldCat
Questão 6 – A estruturação de uma biblioteca digital deve seguir diretrizes baseadas na
qualidade, visando estabelecer indicadores para que o projeto seja bem-sucedido, considerando
as categorias desempenho, conformidade e durabilidade. Na categoria conformidade, o nível de
organização da informação agrega a variável:
a) armazenamento de documentos.
b) mecanismo de busca.
c) controle de acesso.
d) arquitetura da informação.
e) cadastro de visitantes.
�145
11.4 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS, OPEN ARCHIVES E REPOSITÓRIOS – AULA IV
O acervo da Biblioteca
Universitária - aula IV
ISSO PODE
CAIR....
-Periódico científico: Principal meio de comunicação científica, sendo utilizado
em proporções diferentes nas diversas áreas de conhecimento;
-Open Archives: auto-arquivamento de trabalhos científicos em repositórios
(via verde) e os periódicos científicos eletrônicos de Acesso Livre (via dourada);
-Repositórios digitais: como elementos de uma rede ou infraestrutura
informacional de um país ou de um domínio institucional;
-Repositórios de e-prints: produção de uma instituição, seja ela publicada ou
não, com espaço para comentários por parte dos utilizadores;
-Qualquer repositório vai requerer criação de políticas, tomada de decisões e
as ações por parte das instituições acadêmicas e governamentais que garantam
o Acesso Livre;
-Tipos repositórios: disciplinar/temático e institucional. Normalmente, os
temáticos formam os institucionais.
Questão 1 – Os periódicos científicos são considerados como os principais meios de comunicação
científica. Considerando sua importância no desenvolvimento científico, assinale a alternativa
correta quanto ao século de surgimento desse tipo de fonte de informação, como também o
nome atribuído ao primeiro periódico de natureza científica:
a) Século XIX, Jornal de Sçavans;
b) Século XVII, Philosophical Transactions;
c) Século XIX, Philosophical Transactions;
d) Século XVII, Jornal de Sçavans;
e) Século XIX, Philosophical Transactions.
Questão 2 – No mundo contemporâneo, o uso das tecnologias de informação e comunicação
(TICs) tem impactado a comunicação científica em pelo menos dois aspectos: O primeiro, o
processo de comunicação científica baseado no meio eletrônico, resultado do uso de tecnologias
de informação e comunicação para disseminação da pesquisa. O segundo, os impactos que esse
uso provoca na própria comunicação científica e nas comunidades científicas (BAPTISTA et al.,
2007, p. 3). Contudo, o modelo de negócios para a publicação científica – notadamente os
periódicos científicos – não explora suficientemente as tecnologias no sentido de beneficiar, de
fato, a disseminação das pesquisas. Como reação a esse modelo têm surgido novos modos
alternativos para a produção, circulação e publicação de pesquisas, como os open archives, que
tecnicamente podem ser definidos como:
A) diretórios existentes em um computador que estão abertos para o acesso via ftp ou http,
armazenando uma coleção de séries de artigos ou uma coleção de dados sobre artigos
armazenados em outro local.
B) banco de dados de artigos científicos revisados pelos pares e disponíveis aos internautas.
�146
C) biblioteca digital de artigos científicos, acessíveis por meio de instituições tradicionais
(bibliotecas).
D) consórcio de pesquisadores, para publicação de suas pesquisas sem a mediação das editoras
científicas tradicionais.
Questão 3 - De acordo com Sayão et al. (2009), percebe-se uma série de equívocos e de
distorções relacionada aos repositórios institucionais de acesso aberto. Acerca dessa temática,
analise as afirmativas abaixo e marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso.
( ) Repositórios institucionais lidam exclusivamente com a produção científica e acadêmica da
instituição, em formato digital, para sua maior disseminação e visibilidade.
( ) A finalidade da informação a ser gerenciada deve ser fundamentar o avanço científico e
tecnológico e seu público alvo deve ser a comunidade científica e acadêmica.
( ) A plena adoção e funcionamento de um repositório não contribui em nada para composição da
memória institucional.
( ) Repositórios institucionais são iguais a portais de periódicos científicos, concorrendo com eles.
( ) Os repositórios dão maior garantia, pois inibem o plágio devido ao aumento da visibilidade.
A sequência correta é:
a) V, F, V, F, V.
b) V, V, F, F, F.
c) F, V, V, F, V.
d) V, F, F, V, V.
e) V, F, V, V, F.
11.5 SISTEMA PERGAMUM – AULA V
Sistema Pergamum –
aula V
ISSO PODE
CAIR....
-Pergamum: software de gerenciamento de biblioteca, criado pela PUC-Paraná,
no ano de 1988, por meio de um TCC na área de Engenharia;
-O software contempla as principais funções de uma Biblioteca, funcionando
de forma integrada, com o objetivo de facilitar a gestão dos centros de
informação, melhorando a rotina diária com os seus usuários;
Algumas funções relativas ao processamento técnico: Permite a catalogar de
acordo com as regras do Anglo american cataloguing rules - AACR2; Entrada de
dados on-line; Formato MARC 21 dos registros bibliográficos para exportação e
importação; Formato MARC 21 dos registros internos; Importação de dados de
centros de catalogação cooperativa on-line e CD-ROM via formato ISO-2709.
�147
Questão 1 - A Rede Pergamum exerce um papel fundamental para as ações de promover a
cooperação e o intercâmbio de serviços entre as bibliotecas usuárias do sistema. As afirmativas
abaixo estão corretas, EXCETO.
A) Permuta de periódicos, empréstimo entre bibliotecas e catálogo de autoridades padrão
MARC21 disponível na web são alguns dos serviços desenvolvidos pela Rede.
B) A rede foi criada com a filosofia de catalogação compartilhada, mas aproveitar registros
bibliográficos alheios na sua catalogação sempre foi vista com muita cautela pelos seus membros.
C) A rede foi criada com a filosofia de catalogação compartilhada e uma de suas preocupações
era otimizar recursos humanos existentes nas bibliotecas, deslocando bibliotecários da
catalogação para os serviços ligados ao atendimento do público, ou ainda, implementando novos
serviços e/ou produtos.
D) O que motivou a formação da rede foi a necessidade urgente de diminuir os estoques de
materiais nas bibliotecas aguardando tratamento técnico.
11.6 SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO: CDD E CDU – AULA VI
CDD e CDU– aula VI
ISSO PODE
CAIR....
-Representação Temática: refere-se à disciplina que estuda as formas de
representação do conteúdo documentários, viabilizando a recuperação;
-Classificação: atividade milenar relacionada à categorização do conhecimento,
iniciada na Filosofia;
-A classificação é arte de reunir coisas, ideias ou seres em grupos, conforme o
grau de semelhança;
-Introduzir ordem numa multiplicidade de conceitos, ideias, informações,
organizando-as em classes, em grupos de coisas que tem algo em comum;
-Classificações filosóficas e científicas não adequaram-se à classificação de
livros: Aristóteles, Bacon;
-Classificações documentárias (e não bibliográficas): CDD nasceu para
classificar o acervo da biblioteca e CDU é mais expandida;
-CDD e CDU: sistemas de classificação enumerativos. A CDU possui um pouco
de facetação.
Questão 1 - Para classificar uma obra usando a Classificação Decimal de Dewey, um Bibliotecário
deve aplicar o princípio norteador do sistema, o qual estabelece que uma obra deve ser
classificada:
a) no assunto que exercer influência sobre outro, de maneira que obras com mais de um assunto
sejam interrelacionadas.
b) na disciplina da qual deriva, de maneira que obras produzidas em uma mesma área apareçam
agrupadas.
�148
c) no assunto que aparecer primeiro nas tabelas, de maneira que obras de um mesmo assunto
permaneçam juntas.
d) na disciplina a que se destina, de maneira que obras utilizadas em conjunto sejam encontradas
juntas.
e) no aspecto mais genérico do assunto, de maneira que obras que tratam de um mesmo assunto
apareçam na mesma hierarquia.
Questão 2 - Em relação à Classificação Decimal Universal, considere os dois agrupamentos
abaixo:
I.
347.96-055.2 – Advogadas
II.
(520+81) − Japão e Brasil
III.
III. (=214.58) − Ciganos
a. Trata-se de um sinal usado para ligar dois ou mais números separados para indicar um assunto
composto para o qual não existe um número simples.
b. Trata-se de auxiliar passível de ser citado no final, no meio ou no início de um número
composto.
c. Trata-se de auxiliar aplicável às tabelas principais quando o aspecto pessoal é secundário em
relação ao assunto.
A correta correlação entre os agrupamentos é:
a) I-c; II-b; III-a.
b) I-a; II-b; III-c.
c) I-b; II-c; III-a. d) I-a; II-c; III-b.
e) I-c; II-a; III-b.
Questão 3 - Os sistemas de classificação documentárias foram influenciados pelas classificações
do conhecimento estabelecida pela Filosofia e pela Ciência, embora tenham o fim específico de
organizar acervos documentários. Dentre os sistemas CDD, CDU e Dois pontos. A alternativa que
representa os criadores desses sistemas é, respectivamente:
a) Paul Otlet, Dewey e Ranganathan;
b) La Fontaine, Paul Otlet e Ranganathan;
c) Dewey, La Fontaine e Ranganathan;
d) La Fontaine, Paul Otlet e Dewey;
e) NDA.
11.7 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: AACR2 – AULA VII
�149
AACR2 – aula VII
ISSO PODE
CAIR....
-Representação Descritiva: prática ou disciplina que representa os documentos
no que tange às características relativas à forma;
-Catalogação:
-conversão retrospectiva, retrospective conversion ou RECON: promoção do
acesso às informações de acervos de forma rápida e eficaz;
-Catalogação como uma prática milenar;
-Catálogo como produto da catalogação, definido como o instrumento mais
antigo na história da representação documentária;
-AACR2: código de catalogação idealizado com a Convenção de Paris e RIEC, a
partir da reformulação das ISBDs;
-Oito áreas da descrição bibliográfica, que compõem as fichas impressas: Área:
• Título e indicação de responsabilidade • Edição • Publicação, distribuição etc.
• Descrição física • Série • Notas • Números normalizados e modalidades de
aquisição.
-Pontuação: Cozinheiro demais / Rex Stout ; tradução: Celso Nogueira. -- São
Paulo : Companhia das Letras, 1991. 223 p. ; 18 cm. Tradução de: Too many
cooks. ISBN 85-7164-175-7.
Formatos de
catalogação – aula VII
ISSO PODE
CAIR....
-MARC: Machine Readable Cataloging que quer dizer catalogação legível por
computador;
-FRBR: Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos: é um modelo
conceitual resultante do estudo realizado por um grupo de estudo da IFLA
entre os anos de 1992 e 1997;
RDA: Resource Description and Access. Em português, Recursos: Descrição e
Acesso: novo código de catalogação, o qual comtém descrições para
documentos eletrônicos;
-Catalogação Cooperativa: realizada de forma mais colaborativa e
padronizada entre os profissionais;
-Pazzini e Jewett: idealizador do catálogo (autores e assuntos) e da
cooperação;
Formatos baseados no MARC em vários países, como nos Estados Unidos –
USMARC, na Inglaterra – UKMARC, na França – InterMARC e no Canadá –
CanMARC;
Estrutura geral do registro bibliográfico: líder, diretórios e campos de dados.
�150
Questão 1 - Em relação ao AACR-2, considere:
I. É possível afirmar que um dos princípios que norteiam o código é a homogeneidade; quanto
mais homogêneos forem os dados, maior será a qualidade do catálogo.
II. A determinação dos pontos de acesso compreende duas etapas: a primeira é a própria escolha
do ponto de acesso e, a segunda, a escolha da forma dos cabeçalhos.
III. Há três níveis para a descrição catalográfica, o que dá às bibliotecas certa flexibilidade para
determinar a sua política de catalogação. Os fatores que afetam a decisão sobre o nível de
catalogação a ser adotado incluem objetivo da biblioteca, necessidades dos usuários e
importância do acervo.
IV. Ao estabelecer os pontos de acesso secundários para vários tipos de responsabilidade, como
tradutor, ilustrador, coordenador etc., é preciso indicá-los segundo a ordem de importância que
têm na obra.
V. Na representação bibliográfica, integridade significa que a mesma solução deve ser sempre
usada para informações semelhantes.
Está correto o que se afirma APENAS em: a) II, IV e V. b) I e IV. c) I, III e IV. d) II e III.
e) III, IV e V.
Questão 2 - O AACR2, em relação à descrição de materiais, prescreve a seguinte regra geral:
A) as áreas da catalogação descritiva são sete, a saber: título e indicação de responsabilidade;
edição; publicação, distribuição etc; descrição física; série; notas; e número normalizado.
B) a indicação da edição, quando inserida no item, é transcrita na forma como aparece, sem
abreviar os elementos. (abreviada: ed.)
C) os únicos sinais de um título que o código manda substituir são reticências por travessão, e
colchetes por parênteses.
D) o nome do lugar, quando aparece de forma abreviada na fonte principal de informação, é
transcrito como aparece nessa fonte.
E) Está correto o que se afirma em: a) A, B e D; b) C e D; c) B e C; d) Apenas A
e) todas
as alternativas.
Questão 3 - Na catalogação, para responder às necessidades dos usuários, os Requisitos
Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) são definidos em relação às seguintes tarefas
genéricas, realizadas pelos usuários quando fazem buscas em bibliografias nacionais e catálogos
de bibliotecas, ou os utilizam, chamadas user tasks, EXCETO:
a ) uso dos dados para escolher um padrão.
b ) uso dos dados para encontrar materiais.
c ) uso dos dados recuperados para identificar uma entidade.
d ) uso dos dados para selecionar uma entidade.
e ) uso dos dados para obter acesso à entidade descrita.
Questão 4 - Segundo os Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos, a entidade que
representa o produto do trabalho intelectual ou artístico, que implica a representação de todos
os objetos físicos possuidores das mesmas características tanto de conteúdo intelectual como de
forma física e que abrange diversos materiais como livros, manuscritos, mapas, filmes e kits de
multimídia denomina-se:
a) obra.
b) item.
�151
c) conceito.
d) expressão.
e) manifestação.
Questão 5 –
No contexto da Catalogação, estas definições aplicam-se, respectivamente, a:
a) item e obra. b) fonte e registro. c) obra e formato. d) formato e item. e) registro e fonte.
11.8 REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA – AULA VIII
Representação
Temática – aula VIII
ISSO PODE
CAIR....
-Indexação: é uma atividade que compõe o serviço de tratamento da
informação nos centros de informação;
-Análise de assunto: primeira etapa do tratamento temático. Constitui o
processo de leitura dos documentos existentes em bibliotecas e sistemas de
recuperação da informação visando identificar os assuntos de que tratam
para que possam ser recuperados nos catálogos e índices;
-Etapas: leitura, o reconhecimento estrutural do texto, o levantamento dos
principais conceitos e informações, da seleção dos conceitos e informações
essenciais e, finalmente, a elaboração final de resumos e índices;
-Linguagens de indexação: linguagens padronizadas, controladas, que são
construídas para indexar, armazenar e recuperar a informação,
correspondendo a sistemas de símbolos destinados a traduzir o conteúdos
dos documentos;
-Indexação automática quanto manual: a ausência de termos de busca em
vocabulários controlados impede a recuperação de itens relevantes;
-Política de indexação: sintoniza as necessidades dos usuários e a
representação dos documentos dentro de seus domínios.
Questão 1 - Cintra et al. (2002) apresentam em seu livro os aspectos fundamentais das
linguagens documentárias. além de seu caráter organizacional, as linguagens documentárias
viabilizam o compartilhamento de informações produzidas por diferentes instituições. Em relação
às linguagens documentárias, analise as afrmativas a seguir e assinale com (V) as VERDADEIRAS e
com (F) as FALSAS.
�152
( ) Uma linguagem documentária é um conjunto de elementos utilizados para catalogar
conteúdos de materiais de qualquer natureza, inclusive os objetos digitais.
( ) Nos sistemas de classificação convencionais, não há grande preocupação com o controle do
vocabulário. Já nos tesauros, a função de controle de vocabulário está mais presente.
( ) As noções, devidamente relacionadas, constituem o arcabouço fundamental para a
organização de uma área, na medida em que possibilitam um ponto de vista materializado no
sistema de noções, para o tratamento documentário.
( ) As linguagens documentárias são construídas para indexação, armazenamento e recuperação
da informação e correspondem a sistemas de símbolos destinados a traduzir os conteúdos dos
documentos.
( ) As linguagens documentárias são instrumentos intermediários ou instrumentos de comutação,
através dos quais se realiza a tradução da síntese dos textos e das perguntas dos usuários.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras CORRETA: a) F, V, V, V, V;
b) V, V, V, F, V;
c) F, F, V, F, V;
d) V, V, V, V, V.
Questão 2 - A análise de assunto é a primeira etapa do tratamento temático da informação, de
acordo com Dias e Naves (2013). Sobre essa etapa, analise as afirmações abaixo:
I- A leitura técnica do documento é um tipo de leitura de conteúdo que se constitui em um misto
de ler e passar os olhos pelo texto, direcionada para certas partes do documento onde podem ser
identificados elementos importantes para a identificação do assunto do documento.
II- A análise de assunto, realizada em textos escritos, necessita de uma leitura que possibilite a
extração de conceitos que sintetizem o conteúdo desses textos.
III- Após a extração dos conceitos e a seleção dos que refletem melhor o assunto do documento,
partimos para a terceira fase da análise de assunto: a atinência.
IV- A indexação é uma operação simples e necessária para a análise de assuntos. É entendida
como processo básico na recuperação da informação.
V- Critérios de pertinência, exaustividade e especificidade impedem os indexadores de avaliar o
trabalho
de
indexação.
Estão corretas as afirmativas
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V..
11.9 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL, COMUT E NBRs – AULA IX
�153
Competência, Comut
e NBRs – aula IX
ISSO PODE
CAIR....
-Competência Informacional: é um movimento idealizado pela classe
bibliotecária dos EUA, em virtude da precariedade do sistema escolar;
-Competência informacional: foi uma evolução do serviço de referência que
atingiu níveis mais elevados, considerando os desafios da sociedade da inf.;
-A comutação bibliográfica viabilizou a expansão da cooperação bibliotecária;
-COMUT: permite a obtenção de cópias de documentos técnico-científicos
disponíveis nos acervos das principais bibliotecas brasileiras e em serviços de
informação internacionais;
-NBR 10520: especifica as características exigíveis para apresentação de
citações em documentos;
-NBR14724: especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos
acadêmicos (teses, dissertações e outros), visando sua apresentação à
instituição (banca, comissão examinadora de professores, especialistas
designados e/ou outros);
-NBR6023: fixa a ordem dos elementos das referências e estabelece
convenções para transcrição e apresentação da informação originada do
documento e/ou outras fontes de informação.
Questão 1
Questão 2 - Considere as informações abaixo sobre a NBR 10520 – Informação e Documentação –
Citações em Documentos – Apresentação:
I. As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem ser contidas entre aspas duplas. As aspas
simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação.
II. As citações diretas, no texto, com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm
da margem direita com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas.
III. Quando a citação incluir texto traduzido pelo autor, deve-se incluir após a chamada da citação,
a expressão tradução nossa, entre parênteses.
Assinale a alternativa em que (todas) a(s) afirmativa(s) está(ão) CORRETA(S):
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) I, II e III.
�154
11.10 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO – AULA X
Usuários da
informação – aula X
ISSO PODE
CAIR....
-Serviços e produtos nas BUs: foco na qualidade e melhoria contínua com
base nas necessidades dos usuários da BU (ensino, pesquisa e extensão);
- Serviços formais de auxílio ao usuário: reflexo da explosão informacional.
-Estudos de usuários: coletar dados para criar e/ou avaliar produtos e
serviços informacionais, bem como entender melhor o fluxo da transferência
da informação;
-Estudos de abordagem quantitativa e qualitativa: técnicas para coleta de
dados e estudos de comportamento, percepções e cognições.
-Estudos voltados para as necessidades cognitivas, afetivas, psicológicas e
fisiológicas;
-Disseminação Seletiva da Informação: garantir a possibilidade de
informações especializadas;
-Serviço de Referência: mediação realizada por profissional na interação
usuário e acervo;
-Serviço de referência virtual: correio eletrônico, chat, web contact centers
softwares, videoconferência e os projetos colaborativos de referência virtual;
Questão 1 - Os estudos que se inserem um paradigma centrado no usuário preocupam-se com a
percepção, com os sentimentos e com o modo como as pessoas aprendem. Enfim, com aspectos
que, segundo os teóricos da corrente cognitivista, interferem no comportamento de busca e de
uso de informação. Assinale a alternativa que não identifica argumento da abordagem cognitiva.
a) Aspectos cognitivos e afetivos, que interferem na busca e no uso da informação.
b) Relevância das experiências individuais.
c) Ferramentas de busca da informação.
d) A necessidade da informação é situacional e contextualizada.
e) A necessidade de informação muda à medida que o usuário avança no seu processo de busca
de informação.
Questão 2 - A respeito da disseminação seletiva da informação (DSI), considere as afirmações
abaixo.
I. Pode ser entendida como um serviço personalizado, de valor agregado e direcionado à
necessidade particular de cada usuário.
II. Foi idealizada em 1958, pelo pesquisador Hans Peter Luhn, da IBM Corporation, com o objetivo
de minimizar os esforços dos cientistas na busca de informações relevantes para o trabalho de
pesquisa.
III. Os primeiros estudos sobre DSI no Brasil surgem na década de 1980, ligados principalmente
aos centros de informação e às divisões de informação de órgãos públicos.
�155
IV. A difusão do computador e dos métodos eletrônicos alterou a estrutura do serviço de
disseminação seletiva da informação, permitindo, inclusive, a prestação desse serviço de forma
automática.
V. O serviço de DSI tem um alto índice de aceitação entre os pesquisadores, pois serve para
mantê–los informados sobre as recentes publicações de suas áreas de interesse.
Estão CORRETAS, apenas:
a) I, II, IV e V.
b)III, IV e V.
c)I, III e V.
d)II, III e IV.
e)I e V.
�156
ANEXO A – BIBLIOGRAFIA DO CONCURSO
�157
�158
�159
�160
APÊNDICE A – PLANO GERAL DO CURSO
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG
CURSO PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO – BIBLIOTECÁRIO UFMG
OBJETIVO GERAL: preparar os candidatos ao cargo de bibliotecário no Concurso Público da UFMG, habilitando-os a atingir
bons resultados no certame;
Objetivos Específicos: 1 – Oferecer aulas teóricas sobre os assuntos específicos da Biblioteconomia contemplados no edital do
concurso; 2 – Apresentar técnicas, estratégias e metodologias que possam garantir possibilidades de aprovação em concursos;
3 – Disponibilizar exercícios práticos, tal como a resolução de questões abordadas em concursos anteriores realizados na
UFMG.
PÚBLICO-ALVO: Bacharéis em Biblioteconomia que desejam realizar o concurso da UFMG ou concursos públicos em outras
instituições, sobretudo as de modalidade federal.
METODOLOGIA: Aulas teórico-práticas, ministradas por docentes e profissionais especializados e experientes na área da
Biblioteconomia.
PROGRAMA GERAL DO CURSO: 40 horas: dez aulas de quatro horas por dia, distribuídas em quatro módulos, os quais
apresentam assuntos referentes à biblioteca universitária, tratamento e organização da informação e produtos e serviços
direcionados aos usuários da informação.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO POR MÓDULOS
MÓDULO I– A UNIVERSIDADE E A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Aulas do
curso
Principais assuntos
Principais bibliografias
●
Funções, objetivos,
estrutura e recursos
ALMEIDA, M. C. B. Planejamento de bibliotecas e serviços de
informação. 2. Ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2005.
1
●A
biblioteca e a
universidade
Gestão da biblioteca
universitária;
CUNHA, M. B. Construindo o futuro: a biblioteca universitária
em 2010. Ciência da Informação, v. 29, n. 1, 2009.
Aula 1
●
LEITÃO, B. J. M. Avaliação qualitativa e quantitativa numa
biblioteca universitária. Rio de Janeiro: Interciência, 2005.
Planejamento,
organização e
avaliação
Docente
Dia: 15/03
Jorge
Anna
Santa
Maria
Elizabeth
LUBISCO, N. M. L. (Org.). Biblioteca universitária: elementos
para o Planejamento, avaliação e gestão. Salvador: EDUFBA,
2011.
MACIEL, A. C.; MENDONÇA, M. A. R. Bibliotecas como
organizações. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.
VERGUEIRO, V.; MIRANDA, A. C. D. (Org.). Administração de
unidades de informação. Rio Grande: FURG, 2007.
MÓDULO II – 0 ACERVO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Aulas do
curso
Principais assuntos
Principais bibliografias
O acervo da
●
Biblioteca
Universitária
Formação,
desenvolvimento,
gestão e preservação
VERGUEIRO, W. Seleção de materiais de informação:
princípios e técnicas. Brasília: Briquet de Lemos, 2010.
Docente
Maria
Fátima
de
�161
de coleções: políticas,
rotinas e processos
Aula 2
WEITZEL, S. R. Elaboração de uma política de desenvolvimento
de coleções em bibliotecas universitárias: Rio de Janeiro:
Interciência, 2013.
Dia 16/03
Sexta-feira
MOTTAR, R.; CARVALHO, M. C.; FERNANDES, C. A. A
preservação de acervos de bibliotecas e sua importância na
atualidade: a ótica dos bibliotecários da UFMG, Informação e
sociedade, João Pessoa, v. 15, n. 1, 2005. Periódico
O acervo da
●
Biblioteca ●
Universitária
Bibliotecas digitais;
Fontes de informação;
Aula 3
CAMPELLO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (Org.). Fontes
de informação para pesquisadores e profissionais. Belo
Horizonte: UFMG, 2003.
CUNHA, M. B. Das bibliotecas convencionais às digitais:
diferença e convergências. Perspectiva em Ciência da
Informação, BH, v. 13, n. 1, jan./abr. 2008.
Jorge
Anna
Santa
Dia 19/03
Segunda-feira
MARCONDES, C. H. et al. (Org.). Bibliotecas digitais: saberes e
práticas. 2 ed. Salvador: UFBA, 2006.
4 – O acervo
●
da Biblioteca
Universitária
●
Aula 4
●
O periódico científico:
características e
evolução;
Open archives;
Recursos
informacionais
tradicionais e
eletrônicos
TAMMARO, A. M. SALARELLI, A. A biblioteca digital. Brasília:
Briquet de Lemos, 2008.
BAPTISTA, A. A. et al. Comunicação científica: o papel do Open
Archives Iniciative no contexto do acesso livre. Encontros Bibli,
n. esp., 2007.
MUELLER, S. P. M.; PASSOS, E. J. L. (Org.). Comunicação
científica. Brasília: Departamento Ciência da Informação, 2000.
Jorge
Anna
Santa
Dia 20/03
Terça-feira
SENA, N. K. Open archives: caminho alternativo para a
comunicação científica, Ciência da Informação, v. 29, n. 3, dez.
2000.
SAYÃO, L. et al. (Org.). Implantação e gestão de repositórios
institucionais: políticas, memória, livre acesso e preservação.
Salvador: EDUFBA, 2009
MÓDULO III – ORGANIZAÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO EM SUPORTES DIVERSOS
Aulas do
curso
Principais assuntos
Software para
gerenciamento de
bibliotecas: Sistema
Pergamun
Principais bibliografias
Docente
ANZOLIN, H. H. Rede Pergamun: história, evolução e
perspectivas. Revista ACB, Florianópolis, v. 14, n. 2, 2009.
PERGAMUN, Sistema Integrado de Bibliotecas: Características
técnicas. Curitiba, 2010.
Quarta feira
21/03
�162
●
Organização ●e
Tratamento
de
Informação
em suporte ●
diversos.
Aula 5
●
●
ORGANIZAÇÃ
OE
TRATAMENTO
DA
INFORMAÇÃO
EM SUPORTES
●
DIVERSOS
Representação
Temática: princípios
gerais da classificação;
SILVA, O. P. CDD: manual teórico-prático para os alunos da
disciplina Classificação no Departamento de Ciência da
Informação da Universidade de Brasília, 2018.
Sistemas de
classificação;
CDD
ANZOLIN, H. H. Rede Pergamun: história, evolução e
perspectivas. Revista ACB, Florianópolis, v. 14, n. 2, 2009.
Prof.
Elizangela
Agannette
Quinta – dia
22/03
CDU
SOUZA, S. CDU: como entender e utilizar a segunda edição
internacional em língua portuguesa. Brasília: Thesaurus, 2009.
Prof.
Felipe
Soares
Quinta – dia
22/03
Metadados
Representação
Descritiva: catalogação
de diferentes materiais
e suportes; CCAA2
AACR2;
CASTRO, F. F.; SANTOS, P. L. V. A. C. Conversão retrospectiva
de registros bibliográficos. 2017.
Prof.ª Maria
Helena Santos
Código de Catalogação Anglo Americano. São Paulo: FEBAB,
2004.
Sexta-Feira dia
23/03
Formato MARC;
FRBR;
RDA;
Catalogação
cooperativa
FURRIE, B. O Marc bibliográfico: um guia introdutório:
catalogação legível por computador. Brasília: Thesaurus, 2000.
Vilma
Carvalho-
GODINHO, F. M. A.; FARIA, F. M. S.; FARIA, M. S.; Catalogação
cooperativa: história, vantagens e desvantagens. Múltiplos
olhares em CI, BH, v. 4, n. 2, 2014.
Dia 26/03
Segunda-feira
Representaçã
o Descritiva
da
informação
Aula 6
●
ORGANIZAÇÃ●
OE
●
TRATAMENTO
●
DA
INFORMAÇÃO
EM SUPORTES
DIVERSOS
MARC 21: formato condensado para dados de autoridade. São
Paulo: espaço-conhecimento, 2005.
2 – Formatos
de
catalogação
MORENO, F. P.; MÁRDERO ARELLANO, M. A. Requisitos
Funcionais para registros bibliográficos: uma apresentação,
Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Campinas, v. 3, n. 1, 2005.
Aula 7
OLIVER, C. Introdução à RDA: m guia básico. Brasília: Briquet
de Lemos, 2011.
Representaçã●
o Temática da
●
Informação
Aula 8
●
●
Análise de assunto;
Indexação (conceitos,
características,
linguagens;
Indexação automática
CINTRA, A. M. M. et al. Para entender as linguagens
documentárias. 2. Ed. São Paulo: polis, 2002.
DIAS, E. W.; NAVES, M. L. Análise de Assunto: teoria e prática.
Brasília: Thesaurus, 2007.
FEITOSA, A. Organização da informação ma web: das tags à
web semântica. Brasília: Thesaurus, 2006.
GIL LEIVA, I.; FUJITA, M. S. L. Política de indexação. São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2012.
MÓDULO IV – ESTUDOS DE USUÁRIOS E USO DA INFORMAÇÃO
Graciana
Bruzinga
Dia 27/03
Terça-feira
�163
Aulas
●
Serviço
informação
●
●
de
Principais assuntos
Competência
informacional;
Comut;
Normalização
de
trabalhos
e
publicações
Principais bibliografias
ABNT. NBR-10520: informação e documentação: citações em
documentos. Rio de Janeiro, 2002.
ABNT. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos
acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.
ABNT. NBR 6023: informação e documentação: referências. Rio
de Janeiro, 2011.
Aula 9
Docente
Maria
Fátima
Coelho
de
Pinto
Quarta-feira
Dia 28/03
CAMPELLO, B. S. O movimento da competência informacional:
uma perspectiva para o
letramento informacional. Ciência da Informação, Brasília, v.
32, n. 3, 2003.
IBICT. Programa de Comutação Bibliográfica. Brasília, 2013.
2 – Usuários
●
da
informação
Aula 10
●
Serviços e produtos
para
usuários
de
biblioteca
universitária;
Usuários: necessidades
e estudos.
ACCART, J. P. Serviço de referência: do presencial ao virtual.
Brasília: Briquet de Lemos, 2012.
BAPTISTA, S. G.; CUNHA, M. B. Estudo de usuários: visão global
dos métodos de coleta de dados. Perspectiva em Ciência da
Informação, BH, v. 12, n. 2, 2007.
BARROS, M. H. T. C. Disseminação Seletiva da Informação:
entre teoria e prática. Marília: a autora, 2003.
PESSOA, P.; CUNHA, M. B. Perspectivas dos serviços de
referência digital. Informação e sociedade, João Pessoa, v. 17,
n. 3, 2007.
Prof.ª Janete
Fernandes
Dia 29/03
Quinta-feira
�164
APÊNDICE B – EQUIPE PARTICIPANTE NA ELABORAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Elisângela Cristina Aganette: Doutora em Ciência da Informação
(UFMG-2015), Mestre em Ciência da Informação (UFMG-2010),
Especialista em Gestão da Informação e do Conhecimento (CEFET2008) e Bacharel em Biblioteconomia (UFMG-2005). Professora
Ajunto da Universidade Federal de Minas Gerais. Mais de 15 anos
de experiência como Consultora em Gestão e Tecnologia da
Informação, consultora especialista nas áreas de organização da
informação, representação da informação e do conhecimento,
mapeamento de processos, soluções de Enterprise Content
Management (ECM), Business Process Modeling (BPM). E-mail:
<elis@eci.ufmg.br>.
Flávia Ferreira Abreu: Possui graduação em Biblioteconomia pela
Universidade Federal de Minas Gerais (2010), especialização em
Gestão Estratégica da Informação pela Federal de Minas Gerais
(2012). Atualmente, é mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação/UFMG. Tem experiência na área de
Ciência da Informação, com ênfase em Gestão da Informação,
atuando principalmente nos seguintes temas: leituras
compartilhadas; bibliotecas itinerantes, mediação de leituras e em
gestão
de
sistema
da
informação.
E-mail:
<flaviaabreu2911@gmail.com>.
Graciane Silva Bruzinga Borges: Bibliotecária, Doutoranda e
Mestre em Ciência da Informação pelo Programa de PósGraduação em Ciência da Informação, da Escola de Ciência da
Informação (ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Membro do Grupo de Pesquisa Modelagem Conceitual
para Organização Hipertextual de Documentos MHTX. Ampla
experiência em Serviços de Referência de bibliotecas
empresariais; Consultoria e Gestão Documental em arquivos
corporativos; Disseminação Seletiva da Informação DSI; Análise de
Assunto de Publicações. E-mail: <gracianebruzinga@gmail.com>.
Jorge Santa Anna: Possui graduação em Biblioteconomia pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES, 2012). Mestrando
do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do
Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Membro do grupo de pesquisa Informação e sistemas de
informação: Estudos de usuários e usos, financiado pelo CNPQ.
Atua no ramo da consultoria informacional, com foco em
normalização, estruturação e revisão de projetos e pesquisas
acadêmico-científicas. Ministra aulas, cursos e treinamentos sobre
metodologia científica, e é revisor e editor do periódico PróDiscente. E-mail: <professorjorgeufes@gmail.com>.
�165
Maria Elizabeth de Oliveira Costa: Presidente da ABMG, gestão
2018/2021. Bibliotecária/documentalista da escola Ciência da
Informação da UFMG. Doutoranda do Programa de PósGraduação em Gestão e Organização do Conhecimento/UFMG.
Atua em áreas temáticas que abrangem as seguintes questões:
bibliotecas universitárias - organização e planejamento, gestão em
unidade de informação, competência informacional, extensão
universitária, educação a distância e as bibliotecas dos polos. Email: <mabethcosta@gmail.com>.
Mayara Silva Gonçalves: Bibliotecária graduada pela Escola de
Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais,
formatura: junho de 2016. Membro do Grupo de Pesquisa
Modelagem Conceitual para Organização Hipertextual de
Documentos - MHTX, coordenado pela Profª. Dra. Gercina Ângela
de Oliveira Lima. Interesse em organização documental,
representação descritiva da informação e serviço de referência. Email: <mayara.biblio@gmail.com>.
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Curso Preparatório para Concurso Público na área de Biblioteconomia: Material didático instrumental
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Identifier
An unambiguous reference to the resource within a given context
978-85-85259-00-6
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Concurso Público
Biblioteconomia
Description
An account of the resource
Esta obra caracteriza-se como a compilação das onze aulas realizadas ao longo do Curso “Preparatório para Concurso Público da UFMG – Cargo Bibliotecário”, curso promovido pela Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), no primeiro semestre do ano de 2018. Por contemplar assuntos variados direcionados à prática pedagógica, visando ao ensino-aprendizagem para fins de aprovação em um certame, o presente trabalho manifesta-se como um material didático/instrumental, o qual poderá servir de base na organização de estudos futuros dos bibliotecários que desejam ingressar-se na carreira dos concursos públicos.
Source
A related resource from which the described resource is derived
Apostila de curso
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – GESTÃO E
CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS
CURSO: MANUTENÇÃO E
LIMPEZA EM BIBLIOTECAS APOSTILA
GESTÃO E CONSULTORIA EM CURSOS,
TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
BELO HORIZONTE
2018
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala
608. Telefone: (31)99959-4087. E-mail: abmgcursos@gmail.com. Site: www.abmg.org.br
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CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
© 2018 Jorge Santa Anna
- Este material ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita dos autores ou
responsáveis.
- Material elaborado em consonância com o Projeto do Curso Profissional Manutenção e Limpeza em Biblioteca,
conforme proposta requerida pela Conservo e pela ABMG.
- Material elaborado por Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa
APOSTILA REFERENTE AO CURSO: Manutenção e Limpeza em Bibliotecas
- AULAS: teóricas e práticas
- Empresa solicitante: Conservo
- Empresa prestadora do serviço: ABMG – Gestão e Consultoria em Cursos, Treinamentos e Eventos Diversos
REVISÃO E EDITORAÇÃO DE TEXTO: Jorge Santa Anna, Jéssica Patrícia Silva de Sá, Andreza Gonçalves Barbosa
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão, Graciane Borges, Taciane
Rodrigues e Maria Clea Borges
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 3
2 AULA I - BIBLIOTECA: UM AMBIENTE DE INFORMAÇÃO, CULTURA E CONVÍVIO
.............................................................................................................................................................. 3
2.1 CONCEITOS DE BIBLIOTECA .................................................................................................. 4
2.2 TIPOS DE BIBLIOTECA E SERVIÇOS OFERECIDOS ............................................................ 4
2.3 SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG .................................................................................. 5
2.3.1 Missão, visão e valores .............................................................................................................. 6
2.4 INSTALAÇÕES DE BIBLIOTECA: PRÉDIOS, MÓVEIS E EQUIPAMENTOS...................... 7
2.5 TIPOS DE MATERIAIS CONSTITUTIVOS DOS ACERVOS .................................................. 8
3 AULA II - NOÇÕES BÁSICAS DE PRESERVAÇÃO ............................................................... 8
3.1 TIPOLOGIA DOS ACERVOS: UMA ABORDAGEM PARA A DEFINIÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA ................................................................................................. 10
4 AULA III – PROCESSOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO .............................................. 11
4.1 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA...... Erro! Indicador não definido.
5 AULA IV– VISITA TÉCNICA AO LABORATÓRIO DE PRESERVAÇÃO ....................... 12
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 123
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala
608. Telefone: (31)99959-4087. E-mail: abmgcursos@gmail.com. Site: www.abmg.org.br
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CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
1 INTRODUÇÃO
Esta apostila é composta por quatro aulas, sendo duas teóricas e duas práticas, cujo objetivo é
promover a discussão e conhecimento sobre o que é uma biblioteca, seus conceitos, características, tipos,
usuários que a frequentam e serviços oferecidos, com foco nas práticas de conservação e limpeza dos materiais
que compõem seus acervos, especificamente, os acervos das bibliotecas constituintes do Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Assim, a aula I apresenta os conceitos de uma biblioteca, suas principais características, serviços
prestados e a composição dos acervos. Além disso, apresenta o Sistema de Bibliotecas da UFMG,
mencionando as bibliotecas que o compõem, as quais estão distribuídas em diferentes unidades acadêmicas,
centros e escolas que formam a universidade, tanto o Campus Pampulha, os Campi Saúde e Direito - situados
em Belo Horizonte - como o campus situado no interior, na cidade de Montes Claros.
Na aula II, a partir do conhecimento de como funciona uma biblioteca e como está formado o Sistema
de Bibliotecas da UFMG, discutiremos sobre as principais técnicas e atividades que podem ser utilizadas para
garantir a conservação dos materiais que formam os acervos de todas as bibliotecas do Sistema. Portanto,
estudaremos sobre os procedimentos básicos para higienizar os livros, de modo a retirar os resíduos e demais
elementos que acabam por “sujar” os livros e as estantes. De modo geral, entenderemos a importância em se
realizar um processo de limpeza adequado, no intuito de garantir o bom uso e permitir que esses materiais
sejam conservados ao longo do tempo.
Na aula III, são descritos os conceitos das principais técnicas realizadas para higienizar os materiais; o
que pode ser feito para garantir uma limpeza adequada; o que não pode ser feito; as formas de se comportar no
momento da limpeza, visando a segurança do profissional responsável pela limpeza; o uso de equipamentos e
produtos específicos que garantam a preservação dos materiais e a segurança dos funcionários, dentre outros
procedimentos. Também apresenta breves considerações sobre como se comportar diante de casos
emergenciais, como incêndios, inundações etc. Nessa aula, as atividades serão realizadas em laboratório de
conservação, portanto, a parte escrita da apostila servirá, apenas, como material de anotação e revisão.
Por fim, na aula IV, é apresentada, brevemente, a estrutura do Laboratório de Preservação da Escola de
Ciência da Informação da UFMG, com destaque aos serviços realizados, materiais e equipamentos que
compõem esse acervo. Informamos que essa aula, por contemplar uma visita técnica ao laboratório, a parte
escrita, semelhante à aula anterior, servirá como material de anotação, servindo como apoio às atividades
práticas e, também, como material de revisão.
Desejamos bons estudos e um excelente curso a todos vocês! Sejam bem-vindos!
2 AULA I - BIBLIOTECA: UM AMBIENTE DE INFORMAÇÃO, CULTURA E CONVÍVIO
A biblioteca é um ambiente que, normalmente, pertence a uma organização maior, cumprindo,
portanto, as normas da organização a que pertence. Embora pertença e reflita a realidade da instituição que a
mantém, as bibliotecas acabam por possuir conceitos, características e estruturas muito semelhantes umas das
outras, como também, oferecem os mesmos serviços, a maioria deles ligados à consulta, leitura e empréstimos
de livros, jornais, revistas, dentre outros materiais (FONSECA, 2007).
As bibliotecas existem desde os tempos antigos e vêm acompanhando a evolução da sociedade. No
passado, elas eram vistas, apenas, como depósitos de livros, ou seja, lugares onde se armazenava os materiais
impressos, como livros, jornais e revistas. Mas, a partir do ano 2000, com o uso das tecnologias,
principalmente, com o uso da internet, as bibliotecas passaram a oferecer serviços muito além da consulta,
leitura e empréstimos de livro. Hoje, as bibliotecas são organismos dinâmicos, que oferecem diversos produtos
e serviços a seus usuários, o que permite caracterizar as bibliotecas como unidades de informação, um
verdadeiro centro dinâmico de informação para toda a sociedade (MILANESSI, 2002; MARTINS, 2002;
MORIGI; SOUTO, 2005; SANTA ANNA, 2016).
As bibliotecas oferecem informação que se materializa no formato de livros, jornais e revistas, tanto na
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CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
forma impressa ou eletrônica, oferecida por meio de CDs, DVDs ou disponibilizada na internet. Assim, embora
o trabalho principal da biblioteca esteja na formação e preservação dos livros, disponibilizados nas estantes,
formando o que conhecemos como acervo impresso, as bibliotecas também criam os ambientes na internet, de
modo que os acervos possam ser acessados pelo computador. Ao ser disponibilizada na internet, a biblioteca
adquire diferentes nomes, como bibliotecas eletrônicas, virtuais ou digitais (MORIGI; SOUTO, 2005).
Mas, a biblioteca, hoje em dia, não oferece apenas a informação, estando ela na forma impressa ou
eletrônica. A biblioteca também se ampliou, oferecendo cultura e lazer para as pessoas. Portanto, bibliotecas
são espaços dinâmicos que se apresentam como ambientes de convívio para a sociedade, sendo possível,
comparecer à biblioteca, não apenas para ler ou pegar um livro, mas também para visitar exposições, participar
de palestras, de cinemas, de encenações, dentre tantas outras atividades. As bibliotecas servem à sociedade,
acolhendo a todos sem qualquer tipo de discriminação ou preconceitos. Elas são ambientes democráticos, de
respeito às diferenças e possibilitam que as pessoas venham até elas para estudarem, se divertirem, trocarem
ideias, receberem instruções, enfim, as bibliotecas são os locais de encontro e de interação de uma dada
comunidade (SANTA ANNA, 2016).
2.1 CONCEITOS DE BIBLIOTECA
A palavra “biblioteca” tem sua origem do grego biblíon (livro) e teke (caixa, depósito), portanto, um
depósito de livros. Assim, bibliotecas são instituições que facilitam o acesso aos livros. Para além da sua
função básica, estas organizações também podem conservar outros tipos de materiais, como documentos
históricos, diários, fotografias, jornais, revistas, CDs, DVDs etc. (MORIGI; SOUTO, 2005).
Mas, conceituar biblioteca como depósito de livro é algo ultrapassado, visto que as bibliotecas, hoje
em dia, passaram a oferecer serviços diversos. Assim, na biblioteca, podem ser realizadas atividades culturais e
recreativas, tais como palestras, leituras de poesia, concertos e outras propostas (FONSECA, 2007).
Um conceito mais abrangente e que melhor caracteriza a biblioteca é aquele que a define como uma
organização, cujo objetivo principal é organizar coleções, atualizá-las e facilitar, através de pessoal
especializado, o acesso a documentos que respondam às necessidades dos usuários nos aspectos da informação,
educação e lazer (A BIBLIOTECA, 2018).
Considera-se como biblioteca, toda a coleção organizada de livros e periódicos impressos ou de
quaisquer outros documentos, nomeadamente gráficos e audiovisuais, assim como os serviços dos profissionais
que facilitam a consulta desses documentos pelos usuários, com fins de informação, investigação, educação ou
lazer (A BIBLIOTECA, 2018).
O foco principal de qualquer biblioteca ainda permanece nos acervos impressos, formado por coleções
bibliográficas, documentos históricos, fotografias, mapas, obras raras, dentre outras coleções. No entanto,
outros produtos e serviços passaram a ser oferecidos, de modo que a biblioteca vem se modificando, tornandose um espaço interativo, de troca de informações, onde as pessoas podem ajudar umas às outras. Assim, não se
deve apenas limitar a adquirir, reunir, organizar, tratar, armazenar e conservar os fundos bibliográficos; deve
também comunicar, difundir e estabelecer serviços aos leitores e usuários, para que eles entrem em contato
com as informações contidas nos fundos bibliográficos (A BIBLIOTECA, 2018).
Por fim, salientamos que as bibliotecas têm representado o tesouro do saber e da experiência humana
acumulado, a sua preservação e a sua transmissão de geração em geração. Além disso, na modernidade, uma
biblioteca é um local de descobertas no qual se pode buscar e encontrar respostas, pesquisas ou simplesmente
passar o tempo livre num ambiente acolhedor e descontraído (SANTA ANNA, 2016).
2.2 TIPOS DE BIBLIOTECA E SERVIÇOS OFERECIDOS
Existem muitos tipos de biblioteca. Em geral, elas são classificadas, conforme as propostas e objetivos
das instituições ou empresas que as mantêm. Também são classificadas de acordo com o tipo de material
específico que podem armazenar, como também, considerando o tipo de usuários que atendem. Assim, é
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CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
possível classificar as bibliotecas, por exemplo: em escolares e universitárias, considerando as instituições que
as mantêm, nesse caso, as escolas e as universidades, respectivamente. Também podem ser bibliotecas de obras
raras ou bibliotecas de jornais, considerando, nesse caso, o tipo de material que armazenam em seus acervos.
De acordo com alguns autores consultados, tais como Martins (2002), Milanesi (2002), Morigi e Souto
(2005) e Fonseca (2007), é possível descrever os seguintes tipos de bibliotecas:
Escolares: são unidades pertencentes às escolas e têm como objetivo servir de apoio às atividades de
ensino-aprendizagem, realizadas por professores e toda equipe pedagógica da escola. Servem para
abrigar a comunidade escolar, seja fornecendo livros e demais materiais de ensino e pesquisa, seja
realizando atividades de incentivo à leitura e ações culturais para alunos e professores;
Especializadas: compreendem centros de documentação ou acervos especializados que ajudam nas
atividades desenvolvidas por empresas. Abrigam acervos de literatura, obras históricas, que
demonstram a trajetória da empresa, como também documentos de arquivo, relativos às atividades
realizadas nos setores da empresa;
Comunitárias: normalmente, essas unidades são geridas por não bibliotecários e manifestam-se como
espaços construídos para atender diferentes pessoas de uma comunidade. Em geral, oferecem acervos
com obras literárias, literatura científica, além de acesso à internet para uso pelas comunidades
carentes, de um bairro ou região, geralmente, mais afastadas dos grandes centros urbanos;
Universitárias ou acadêmicas: são bibliotecas mantidas por universidades ou faculdades, cujo
propósito é apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão, atividades essas realizadas por alunos,
professores e servidores dessas instituições. Além disso, as bibliotecas universitárias promovem
atividades culturais e acesso à internet e acervos culturais para a comunidade universitária;
Públicas: visam o atendimento da comunidade, em geral, contribuindo para a oferta diversificada de
materiais informacionais, além de cultura e lazer para as pessoas da comunidade. É um espaço
democrático e acolhedor, que se coloca a serviço das causas sociais e da promoção da cidadania.
Dentre as diversas modalidades de bibliotecas, como descrito acima, destacam-se as bibliotecas
universitárias, as quais podem ser definidas como centros de informação, destinados a atender alunos,
professores e técnico-administrativos, de modo a subsidiar as atividades desses usuários e garantir o
crescimento da universidade. Dentre os citados tipos de biblioteca, a universitária é a que mais se destaca por
oferecer diversas atividades a seus usuários, tais como ações culturais, espaço para reuniões, espaço para
leitura, além de oferecer um enorme acervo impresso, com diferentes coleções, no intuito de atender todos os
cursos existentes na universidade. O acervo informacional da biblioteca universitária permite a oferta de
diferentes atividades aos usuários, tais como consulta e leitura das obras no recinto da biblioteca, empréstimo
domiciliar do material, serviços de fotocópia de livros, limpeza, conservação e restauração de materiais,
pesquisa a fontes históricas, dentre muitos outros (NUNES; CARVALHO, 2016).
Ainda sobre as bibliotecas universitárias, é comum, no Brasil, as universidades, considerando o grande
número de cursos e departamentos que possuem, criarem diferentes bibliotecas, em vários espaços da
instituição. Essas bibliotecas, mesmo estando separadas fisicamente, são geridas por um único sistema, de
modo a garantir a padronização das atividades. Assim, muitas universidades brasileiras adotam a criação dos
sistemas integrados de bibliotecas, podendo citar alguns casos, como: Sistema de Bibliotecas da Universidade
de São Paulo, Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Espírito Santo, Sistema de Bibliotecas da
UFMG, dentre outros.
2.3 SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG
O Sistema de Bibliotecas da UFMG é constituído por 25 bibliotecas setoriais nas seguintes áreas:
Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais
Aplicadas; Engenharia; Ciências da Saúde; Linguística, Letras e Artes (SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UFMG, 2018).
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala
608. Telefone: (31)99959-4087. E-mail: abmgcursos@gmail.com. Site: www.abmg.org.br
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – GESTÃO E
CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
Além das unidades presentes nos diversos cursos e escolas da UFMG, o sistema também possui
acervos vinculados a Unidades Especiais e a atividades de extensão como: Colégio Técnico; Centro
Pedagógico; Museu de História Natural; Carro Biblioteca; Espaço de Leitura da Biblioteca Central (SISTEMA
DE BIBLIOTECAS DA UFMG, 2018).
As Bibliotecas Setoriais e as Unidades Especiais estão vinculadas tecnicamente à Biblioteca
Universitária e são responsáveis pelo oferecimento, à comunidade universitária, de serviços e produtos de
informação necessários ao desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFMG, bem
como de acervos específicos em suas áreas de abrangência (SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG, 2018).
O acervo bibliográfico disponível para os usuários do Sistema de Bibliotecas gira em torno de um
milhão de exemplares contemplando, ainda, uma coleção de periódicos impressos de aproximadamente 18.000
exemplares e um acervo de materiais especiais – constituído de materiais audiovisuais, slides, partituras, fitas
de vídeo, documentos de arquivo, fotografias etc. – de cerca de 40.000 itens (SISTEMA DE BIBLIOTECAS
DA UFMG, 2018).
2.3.1 Estrutura, missão e valores
A missão do Sistema de Bibliotecas é prestar serviços de informação técnico-científica que
ultrapassem as expectativas da comunidade acadêmica, sustentando e colaborando com a UFMG para que ela
permaneça entre as mais bem conceituadas universidades do país. A visão do sistema é aprimorar cada vez
mais os produtos e serviços visando atingir um patamar de excelência no suporte informacional e disseminação
do conhecimento à comunidade acadêmica e à sociedade, proporcionando atendimento de qualidade condizente
com os anseios dos cidadãos. No que se refere aos valores, o sistema preza pela transparência administrativa,
eficiência gerencial e memória institucional (SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG, 2018). A figura 1
demonstra a estrutura do Sistema.
Figura 1 – Estrutura do Sistema de Bibliotecas da UFMG
Fonte: Sistema de Bibliotecas da UFMG (2018).
Conforme consta na figura 1, o Sistema de Bibliotecas da UFMG possui uma estrutura integrada,
gerenciada pelo Conselho Diretor da universidade, composto pelas 25 bibliotecas da instituição, pela diretoria
do sistema e pelas comissões temporárias formadas para resolver ou conduzir demandas específicas relativas ao
desenvolvimento do sistema e de suas bibliotecas.
Vinculadas diretamente à diretoria estão as divisões técnicas, as seções administrativas, o Cenex e a
Biblioteca Central, essa última, além de contemplar acervo diversificado, conforme os cursos da instituição,
também sedia em sua instalação as divisões técnicas e setores administrativos que gerenciam o Sistema como
um todo.
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608. Telefone: (31)99959-4087. E-mail: abmgcursos@gmail.com. Site: www.abmg.org.br
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – GESTÃO E
CONSULTORIA EM CURSOS, TREINAMENTOS E EVENTOS DIVERSOS
2.4 INSTALAÇÕES DAS BIBLIOTECAS: PRÉDIOS, MÓVEIS E EQUIPAMENTOS
As bibliotecas acompanham a evolução da humanidade, ao longo dos tempos. A importância dessas
unidades para o desenvolvimento da sociedade é substancial, haja vista os altos investimentos públicos
voltados para construção dos espaços adequados para abrigar os acervos e as múltiplas atividades
desenvolvidas pelas bibliotecas.
Os espaços físicos de uma biblioteca devem ter arquitetura, em conformidade com leis específicas,
especificamente, considerando normas para acomodação dos acervos impressos, no intuito de que esses
acervos sejam preservados contra ações internas e externas, tais como incêndios, inundações, radiações, dentre
outras ocorrências (CASSARES, 2000).
No caso específico das bibliotecas universitárias, os espaços reservados para construção delas variam
de universidade para universidade. Nos Sistemas de Bibliotecas, as bibliotecas são construídas ao redor das
unidades acadêmicas, dos departamentos, centros ou das escolas, dependendo da forma com que a universidade
esteja dividida. Na UFMG, por exemplo, além da biblioteca central, existem as bibliotecas situadas nos prédios
dos cursos ou escolas, ou próximos deles, de modo que seja facilitado o acesso da comunidade interna ao
recinto da biblioteca.
Por exemplo, a Escola de Ciência da Informação (ECI), formada pelos cursos de Arquivologia,
Biblioteconomia e Museologia e cursos de Pós-Graduação possui a biblioteca situada no terceiro andar do
prédio. A Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) possui o ambiente da biblioteca situado no
térreo do prédio, em frente à entrada principal. E assim manifestam-se o ambiente de instalação das demais
bibliotecas, em que, mesmo estando situadas em locais diferenciados, não perdem a centralização no que tange
às formas de gestão e planejamento, vinculadas a um sistema integrado.
No interior das bibliotecas, é comum haver a presença de mobiliários e equipamentos que possibilitam
o funcionamento das atividades bibliotecárias. Assim, o mobiliário de uma biblioteca é composto por: mesas,
cadeiras, estantes, guarda-volumes, balcões diversos etc. Quanto aos equipamentos, é comum a presença de:
computadores, ar condicionado, impressoras, dentre outros.
As bibliotecas, normalmente, são divididas em pequenos espaços, ou salas, nas quais se realizam
atividades diferentes nesses espaços internos. A divisão interna da biblioteca, normalmente, contempla sala da
chefia, sala de processamento técnico, sala de reuniões, sala de informática, balcão de empréstimo, cabines
para estudos individuais e coletivas, dentre outras.
Destaca-se, em qualquer biblioteca, a área destinada ao acervo impresso, normalmente, situada no
centro da unidade. A área do acervo é composta por estantes de ferro ou aço, acopladas de forma ordenada,
com prateleiras para acomodar os livros, em posição vertical, de modo que a lombada do livro fique exposta,
sendo possível a localização da obra pelo usuário. Destaca-se, também, no acervo impresso, a presença de
bibliocantos, equipamentos de ferro ou aço que possibilitam a rigidez e o posicionamento horizontal dos livros
nas estantes. A figura 2 demonstra a correta disposição de um livro em uma estante de biblioteca e a presença
de bibliocanto, pressionando os materiais.
Figura 2 – Exposição correta de livro em estante de biblioteca e presença do bibliocanto
Fonte: Universidade Federal do Ceará (2015).
Conforme apresentado na figura 2, percebe-se que a arrumação dos livros, nas estantes, obedece a um
sistema específico de localização das obras. Assim, as obras são arrumadas, considerando a ordem de
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classificação estabelecida pelos bibliotecários. A inserção dos livros, em seus devidos lugares, e a logística
geral das estantes demandam cuidados especiais para limpeza desses ambientes. Mesmo que a limpeza seja
realizada em intervalos regulares, é preciso cautela, para retirada de resíduos, tais como poeira, insetos etc.,
devendo o trabalho ser realizado por mais de uma pessoa, de forma colaborativa.
2.5 TIPOS DE MATERIAIS CONSTITUTIVOS DOS ACERVOS
Os acervos das bibliotecas universitárias e, especificamente, os das bibliotecas da UFMG são
compostos por diferentes tipos de materiais ou obras, estando eles no formato impresso quanto eletrônico.
Mesmo que, atualmente, há predominância na formação de acervos eletrônicos, disponibilizados na
internet para acesso aos usuários, os acervos físicos (impressos) não perderam o seu valor, estando localizados
em todas as unidades do Sistema, formados por diferentes coleções de materiais, sejam eles de natureza
bibliográfica, museológica ou arquivística.
1 - Materiais bibliográficos: nesse grupo, estão presentes os livros, revistas e jornais. Um material é
bibliográfico quando possui um número de registro, denominado de ISBN (para livros) e ISSN (para jornais e
revistas). Ressalta-se que, qualquer um deles pode possuir suporte físico, como eletrônico;
2 - Materiais arquivísticos: em geral, são os documentos produzidos na unidade e que demandam de uma
guarda específica, podendo formar os arquivos da unidade ou da instituição. Normalmente, são documentos
históricos, atas de reunião, regulamentos, políticas, fotografias, correspondências, dentre outros de ordem
administrativa. Esses documentos podem estar no formato físico, quanto eletrônico;
3 - Materiais museológicos: ao contrário dos anteriores, normalmente, apresentam-se na forma de ícones ou
objetos oriundos da imaginação, da arte e da cultura de um autor ou artista. Citam-se como documentos
museológicos: obras de arte, troféus, quadros, pinturas, artesanatos, dentre outros. Semelhante aos demais tipos
de materiais, os museológicos podem estar na forma física e eletrônica.
É importante esclarecer que, mesmo havendo essa diferenciação entre a natureza dos materiais, a
maioria das bibliotecas acomoda materiais do tipo bibliográfico, visto que documentos institucionais e obras de
arte possuem outras unidades de informação mais específicas para acomodação desses materiais, tais como os
arquivos e os museus.
Assim, os acervos informacionais das bibliotecas do Sistema da UFMG, em sua maioria, contemplam
uma diversidade de obras de natureza bibliográfica. Os tipos de obra pertencem a diferentes coleções, as quais
formam os acervos bibliográficos das bibliotecas, estando esses acervos abertos ao público em geral, para uso,
o que gera, consequentemente, maiores possibilidades de danos aos materiais. Os principais materiais que
formam as coleções são: livros, periódicos, obras de referência, obras raras e audiovisuais, conforme será mais
detalhado na aula seguinte.
VAMOS EXERCITAR?
- Com base nas discussões apresentadas nesta aula, descreva, com suas palavras, o que você acha que seja uma
biblioteca nos dias de hoje.
- Quais são os elementos que formam o acervo de uma biblioteca universitária?
- Em sua opinião, que atitudes são inadequadas ocorrerem em bibliotecas? Ao presenciar uma dessas situações,
como você agiria?
_________________________________________________________________________________________
3 AULA II - NOÇÕES BÁSICAS DE PRESERVAÇÃO
A preservação em acervos informacionais pode ser conceituada como um conjunto de procedimentos
realizados de forma planejada, que visem o desdobramento de muitas outras ações para garantir a permanência
ou sobrevivência dos materiais ao longo dos tempos. Em outras palavras, a preservação é um projeto
abrangente, regido por políticas e diretrizes específicas, que condicionarão as atividades de intervenção junto
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aos acervos, de modo que o patrimônio cultural, histórico e informacional de uma unidade ou instituição seja
preservado, ou melhor, seja salvaguardado (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995; CASSARES, 2000).
A preservação de acervos sempre existiu ao longo dos tempos. Essa atividade se intensificou, na Idade
Média, por meio da ação dos monges, nos castelos medievais, ao realizarem serviços de guarda dos livros
produzidos na Antiguidade. O uso de técnicas de reparos nos materiais já era realizado nesse período, sendo
que as técnicas foram se evoluído, à medida que os próprios materiais, como papiro, pergaminho e mais
recente, o papel foram sendo adotados como meios de registro das informações (MARTINS, 2002).
A área da preservação vem se evoluindo, principalmente, à medida que os procedimentos realizados
deixaram de centrar, apenas, na atividade do artesão ou restaurador, o qual possuía o domínio total de
conhecimento sobre como proceder para resgatar a forma original de um livro deteriorado com o tempo e fruto
da ação humana ou de agentes naturais, químicos, físicos e/ou biológicos. É a partir do século XIX, que estudos
científicos passaram a ser desenvolvidos, substituindo a atividade do artesão por equipes de trabalho, com uso
de instrumentos e equipamentos sofisticados, construídos para permitir o resgate original à obra deteriorada
(MARTINS, 2002).
Há de se considerar, também, que a partir do século XIX, com os estudos científicos, uma nova
consciência foi estabelecida: a de realizar ações que impedissem que a obra chegasse a se deteriorar. Ou seja,
nos dias de hoje, há uma tendência em se preservar os materiais, de modo que eles fiquem protegidos dos
agentes externos, permitindo que sua originalidade seja mantida. Nesse contexto, surgem, portanto, três
diferentes termos, definidos como:
1 - Preservação: conjunto de medidas de cunho abrangente, que visem garantir a permanência do material
contra agentes que possam comprometer o seu estado original. É um programa maior, que envolve ações de
gestão a serem estabelecidas na instituição, de modo que sejam realizadas atividades pró-ativas para que o
material permaneça sempre resguardado e protegido;
2 - Conservação: diz respeito às ações práticas realizadas sobre um material que sofreu ações de degradação,
ou seja, é um fazer reativo, pois intervém no material, depois que ocorreram os danos, quaisquer que forem.
Trata-se de técnicas, procedimentos e práticas, que podem ser simples e mais elaboradas, no sentido de reparar
os danos sofridos por um material;
3 – Conservação preventiva: a conservação preventiva é mais ligada à higienização e acondicionamento dos
materiais, com o propósito de evitar possíveis deteriorizações.
4 - Conservação curativa ou pequenos reparos: contempla um tipo de conservação, em que os materiais, ao
sofrerem danos de menor proporção, os quais não justificam um trabalho muito profundo de intervenção,
passam por pequenas ações, de modo que o material possa voltar a ser utilizado. É muito comum a presença
dessa prática em bibliotecas, tais como a colagem de um livro que perdeu a capa, ou a secagem de algumas
folhas que foram umedecidas, ou ainda, a retiragem de poeira inserida entre as páginas de um livro. Essas
atividades podem ser consideradas como “o pronto socorro” dos livros. São os primeiros cuidados oferecidos
ao material danificado;
5 - Restauração: nesse processo, o material sofreu danos muito profundos, o qual demandará ações também
profundas no material, de modo que ele volte ao seu estado original. Nesse processo, o material encontra-se,
totalmente mutilado, sendo impossível a realização de atividades de pequenos reparos. Livros com muitas
páginas soltas, com presença de fungos entre suas folhas, com imagens ou letras faltando ou em baixa
visibilidade requerem técnicas de restauro (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995; CASSARES, 2000).
Normalmente, os danos causados em livros são decorrentes de diferentes ações, causadas por agentes
diversos. A literatura considera como principais agentes que causam algum tipo de danificação em acervos
informacionais, a saber:
1 - Agentes biológicos: correspondem aos diversos tipos de microrganismos ou outros seres vivos que utilizam
dos livros, sobretudo aqueles que se encontram no formato de papel, para se alimentarem ou criarem suas
colônias nesses ambientes. Além dos microrganismos, como fungos e bactérias, é comum a presença de insetos
como traças, aranhas, besouros, formigas, dentre outros. Em conjunto, esses seres, além de furarem, cortarem
ou amassarem o material, também causam doenças e incômodos a quem utiliza os livros como: alergias e
infecções.
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2 - Agentes químicos: compreende a ação de substâncias químicas inseridas nos livros, tais como
derramamento de água e outros líquidos ou outras impurezas, como poeira etc. Normalmente, o contágio dos
materiais com essas substâncias advém da ação humana, seja pessoas ao realizarem os processos de limpeza,
seja pelos leitores, ao manusearem o material, consumindo alimentos e bebidas;
3 - Agentes físicos: correspondem às ações mecânicas ou movimentos que acabam por danificar os livros. A
pressão muito intensa de um livro a outro pode inibir a circulação de ar entre eles, logo, pode desencadear
formação de fungos, e outras ações químicas. A falta de manutenção nos acervos, em muitas vezes, pode
provocar a presença de aves, as quais fazem seus ninhos e trazem impurezas que estimulam os agentes
biológicos e químicos. Também é um exemplo de agente físico, o excesso ou escassez de luminosidade e
circulação de ar, a temperatura, dentre outros fatores, a maioria provocada com ajuda de agentes biológicos e
químicos;
4 - Ação antrópica: diz respeito ao mau uso por parte do ser humano. Manusear incorretamente os livros,
derramar produtos sobre eles, seja quando no processo de limpeza ou de leitura, submeter o livro a condições
inadequadas são atitudes humanas que provocam, mesmo que a longo prazo, o desgaste do material;
5 - Intempéries: diz respeito aos fenômenos da natureza. São agentes externos, que se manifestam,
normalmente, na forma de catástrofes, conforme as condições do meio ambiente. Assim, tempestades,
inundações e incêndios são alguns exemplos de intempéries, o que estimula aos gestores das bibliotecas,
equiparem as unidades, com estruturas adequadas, tais como a presença de ar condicionado, para redução do
calor; telas nas janelas, para evitar entrada de aves e outros animais; extintor de incêndio e portas corta fogo,
em caso de incêndios; construir o ambiente das bibliotecas sob alto relevo, evitando os estragos das enchentes,
dentre outras medidas (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995; CASSARES, 2000). A figura 3 demonstra
diferentes danos causados aos materiais bibliográficos.
Figura 3 – Diferentes danos causados por fatores adversos nos livros
1
2
3
4
Legenda: 1 – Lombada danificada por mau uso; 2 – Carimbado, rabiscado e molhado; 3 – Ação de fungos, bactérias e brocas; 4 –
Livro com folhas amassadas e rasgadas
Fonte: Tempo para cuidar (2011).
3.1 TIPOLOGIA DOS ACERVOS: UMA ABORDAGEM PARA A DEFINIÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA
Conforme já estudamos na aula anterior, os acervos das bibliotecas universitárias são compostos por
obras de natureza bibliográfica, obras essas agrupadas em coleções, que são:
Coleção de livros: constituem livros editados e publicados por diferentes editoras, estando eles
impressos na forma de brochura ou encadernados, com tamanhos e cores variadas. Essa coleção é
formada por livros de literatura científica, pertencentes aos cursos ofertados na universidade, além de
existirem também livros literários, e demais gêneros textuais publicados na forma de livro;
Coleção de periódicos: compostas por jornais e revistas, sejam eles de natureza meramente
informativa/jornalística, como também periódicos científicos, pertencentes aos cursos existentes na
universidade. A coleção de periódicos, em alguns locais, é denominada de hemeroteca, e pode aparecer
vinculada ao acervo de livros, anexa a ele ou em sala específica para acomodar esse tipo de material;
Coleção de obras raras ou materiais especiais: são livros ou periódicos que possuem um valor muito
especial para a instituição. Para ser especial, o material tem que possuir características específicas,
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estabelecidas pela biblioteca, tais como: ser uma obra muito antiga, ser apenas um único exemplar
existente na unidade, conter assinatura do autor, ser um material que retrata a história local (memória),
dentre outros critérios;
Coleção de Audiovisuais ou materiais multimeios: corresponde a recursos eletrônicos, do tipo CD,
DVD e Fita cassete, além de mapas, atlas, plantas arquitetônicas etc. Em linhas gerais, esses materiais
são acomodados em estantes específicas, na maioria das vezes, separadas do acervo impresso;
Coleção Obras de Referência: compreendem, tradicionalmente, as obras que não podem sair da
biblioteca, haja vista o número reduzido de exemplares, como também, a importância da obra para a
consulta local dos usuários. São obras de referência: dicionários, enciclopédias, mapas, tabelas etc.
Os tipos de materiais acima descritos compreendem o que se denomina de materiais informacionais de
uma biblioteca, sendo esses os elementos do acervo informacional ou bibliográfico. A divisão acima foi
estabelecida, com base na estrutura presente na maioria das bibliotecas do Brasil. A divisão proposta também
tem sua origem na classificação e estruturação proposta pela Federação Internacional das Associações
Bibliotecárias (IFLA), organismo internacional que estabelece recomendações para uma boa estruturação e
gestão de bibliotecas. Mas, é bom esclarecer que essa divisão pode variar de biblioteca para biblioteca,
considerando a realidade local.
Conhecendo os tipos de materiais dos acervos, é preciso definir o suporte que materializa a informação
(papel, papiro, pergaminho etc.), procedimento indispensável para definir possíveis técnicas ou procedimentos
para conservação, como também, definir quais serão os mais adequados processos de limpeza e como devem
ser realizados. Os processos mais adequados para limpeza e conservação dos materiais serão ensinados nas
próximas aulas.
VAMOS EXERCITAR?
- Com base nas discussões apresentadas nesta aula, quais são os agentes que podem danificar os materiais do
acervo de uma biblioteca? Qual deles, você considera como mais perigoso para a biblioteca e para as pessoas
que convivem com os livros?
- Em sua opinião, por que é importante realizar a limpeza, conservação e preservação do acervo de uma
biblioteca?
- Ao se deparar com um usuário comendo na biblioteca ou rabiscando um livro, qual a sua atitude?
4 AULA III – PROCESSOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
Como mencionado em nossas aulas teóricas, as bibliotecas da UFMG são compostas por acervos, cujos
materiais, em sua maioria, são de natureza bibliográfica (livros, jornais e revistas), e estão no formato
impresso, em papel. Por isso, é preciso apresentar alguns procedimentos de como manusear esses livros, para
proceder à limpeza deles e das estantes; é importante, também, conhecer os equipamentos de proteção a serem
utilizados e a adoção de medidas específicas para higienização, como também, medidas em caso de situações
inesperadas. Assim, apresentam-se, a seguir, alguns passos básicos:
1 – Uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs): antes de iniciar as atividades, é preciso
que os profissionais utilizem os EPIs, pois o objetivo desses instrumentos é a proteção do próprio colaborador,
evitando contaminações, infecções, alergias, dentre outros problemas decorrentes do contato com os livros e,
possivelmente, com os agentes de degradação dos livros. Destacam-se como alguns importantes EPIs, para
realização de limpeza de acervos bibliográficos: luvas e máscaras.
2 – Forma adequada de se retirar o livro da estante: o livro precisa ser retirado por meio da
inserção da mão da pessoa junto à parte central da lombada, evitando-se retirá-lo com o dedo indicador na parte
superior do material, pois esse uso tende a danificar a lombada do material;
3 – Após retirados, procede-se à higienização: limpeza das partes do item, de modo a eliminar as
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impurezas presentes no interior do livro. Esse processo é realizado por meio de uma vassoura pequena, não
sendo inserido tecido ou outro material umedecido. As estantes podem ser limpas com o uso de um tecido
umedecido ou outro apropriado;
4 – Recolocação e organização dos materiais nas estantes: após limpeza da estante, deve-se esperar
um tempo para evaporação da água, procedendo-se à ordenação do material, na estante, conforme estavam
antes da limpeza, de modo a permanecer seguindo o ordenamento de classificação;
5 – Após realizar a limpeza dos materiais informacionais: é importante realizar a limpeza de outros
mobiliários como mesas, cadeiras, balcões e outros móveis, garantindo, dessa forma, a limpeza geral do
ambiente.
Ressalta-se que todos esses procedimentos não podem ser realizados, apenas, por uma única pessoa,
mas por uma equipe preparada e que trabalhe de forma colaborativa, promovendo, portanto, segurança aos que
trabalham e garantindo a integridade e proteção dos materiais higienizados. Além disso, dependendo da
biblioteca onde esteja sendo realizada a limpeza e conservação, é preciso respeitar as normas locais do
ambiente, tais como: evitar barulhos ao arrastar mobiliários, conversar em tom baixo de voz, realizar a limpeza
afastada de leitores e demais usuários, preferencialmente, horários em que a unidade esteja fechada para o
público ou horários de reduzido movimento. Essas regras são essenciais para garantir uma boa relação e
convivência em qualquer ambiente de trabalho.
4.1 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Os procedimentos em situações de emergência são aqueles decorrentes de situações inusitadas,
normalmente, oriundas de fenômenos da natureza ou ações antrópicas como incêndios etc. Nesse contexto,
deve-se considerar técnicas adequadas para lidar com água, mofo, pragas e insetos, como também deve-se
garantir a proteção dos acervos durante obras/reformas.
VAMOS EXERCITAR?
- Demonstrações e exercícios práticos no laboratório de preservação da ECI.
5 AULA IV– VISITA TÉCNICA E PRÁTICA AO LABORATÓRIO DE PRESERVAÇÃO
Conforme mencionado nas primeiras aulas, a Biblioteca Central é um órgão do Sistema de Bibliotecas
da UFMG, responsável por acomodar as comissões técnicas e administrativas do Sistema, o que permite a
divisão do prédio que abriga essa biblioteca em diferentes setores.
Assim, fazem parte das divisões técnicas, o Setor de Intercâmbio, Tratamento da Informação,
Tecnologia da Informação, Apoio à Biblioteca Digital, Apoio a Bibliotecas dos Polos da EaD e Apoio ao
Usuário do Portal Capes. Compreendem os setores das seções administrativas: Contabilidade, Compras,
Serviços Gerais, Setor de Pessoal e Arquivo.
Nas divisões técnicas, destaca-se o setor de Coleções Especiais, o qual realiza atividades de pequenos
reparos em obras com pequenos danos, além de processos de restauração, em obras com danos mais profundos.
No referido setor, os trabalhos são realizados com apoio de alguns instrumentos indispensáveis para
reparar o livro, sobretudo no caso de a obra submeter-se à restauração. Os pequenos reparos realizados são
conduzidos com uso de materiais específicos demandados nas ações de conservação curativa, tais como cola,
papel japonês, papel capa, espátula, borracha, lápis, régua, compasso, dentre outros.
VAMOS EXERCITAR?
- Demonstrações e exercícios práticos no laboratório de preservação da ECI.
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REFERÊNCIAS
A BIBLIOTECA. A Biblioteca. 2018. Disponível em:
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e1/Microsoft_Word_-_Biblioteca.pdf>. Acesso em: 10
jan. 2019.
CASSARES, Norma Cianflone. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo:
Arquivo do Estado/ imprensa oficial, 2000.
FONSECA, Edson Nery da. Introdução à Biblioteconomia. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2007.
LUCCAS, Lucy; SERIPIERRI, Dione. Conservar para não restaurar: uma proposta para preservação de
documentos em bibliotecas. Brasília, DF: Thesaurus,1995.
MARTINS, Wilson. A palavra escrita. São Paulo: Atlas, 2002.
MILANESI, Luís. Biblioteca. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.
MORIGI, Valdir José; SOUTO, Luzane Ruscher. Entre o passado e o presente: as visões de biblioteca no
mundo contemporâneo. Revista ACB, v. 10, n. 2, p. 189-206, 2005.
NUNES, Martha Suzana Cabral; CARVALHO, Kátia de Carvalho. As bibliotecas universitárias em
perspectiva histórica: a caminho do desenvolvimento durável. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 21,
n. 1, p.173-193, jan./mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v21n1/1413-9936-pci-21-0100>. Acesso em: 03 mar. 2019.
SANTA ANNA, Jorge. A (re)definição da biblioteca no século XXI: de ambientes informacionais a espaços de
convivência. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 14, n. 2, p. 232246, maio/ago. 2016.
SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG. Sobre o sistema. 2018. Disponível em:
<https://www.ufmg.br/diarq/modules/wfchannel/index.php?pagenum=2>. Acesso em: 09 jan. 2018.
PEMPO PARA CUIDAR. 2011. Disponível em: <https://macacosabido.wordpress.com/tag/restauracao-delivros/>. Acesso em: 03 mar. 2019.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Como localizar livros na estante? 2015. Disponível em:
<http://www.biblioteca.ufc.br/wp-content/uploads/2015/09/tutorial-localizar-livros-estantes.pdf>. Acesso em:
03 mar. 2019.
Mensagem final: Os acervos das bibliotecas constituem o patrimônio cultural e intelectual das instituições e
da sociedade. Logo, o que está registrado nos livros, nos jornais, nas revistas de uma biblioteca representa a
memória do nosso país, do nosso estado, da nossa cidade, do nosso bairro, da nossa rua, das nossas
famílias. Portanto, danificar e destruir esses objetos é o mesmo que apagar, de uma vez por todas, a nossa
herança cultural, o que pode levar à eliminação completa dos registros da nossa história, impedindo que as
gerações do futuro tenham conhecimento sobre nossa existência, nossas práticas sociais e nossas vivências.
Preservemos os acervos e as bibliotecas com todo carinho! Pensemos nisso!
OBRIGADO POR SUA PARTICIPAÇÃO NESTE CURSO!
EQUIPE ABMG – Gestão e Consultoria em Cursos, Treinamentos e eventos diversos
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Curso: Manutenção e Limpeza em Bibliotecas
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Jorge Santa Anna
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Manutenção em Bibliotecas
Preservação de Documentos
Description
An account of the resource
Esta apostila é composta por quatro aulas, sendo duas teóricas e duas práticas, cujo objetivo é promover a discussão e conhecimento sobre o que é uma biblioteca, seus conceitos, características, tipos, usuários que a frequentam e serviços oferecidos, com foco nas práticas de conservação e limpeza dos materiais que compõem seus acervos, especificamente, os acervos das bibliotecas constituintes do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Source
A related resource from which the described resource is derived
Apostila de curso
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4587/Listadeperiodicosparapublicacao.pdf
cd818bdea21bdefae874c2628cba9543
PDF Text
Text
LISTA DE PERIÓDICOS PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS
CIENTÍFICOS NA ÁREA DE BIBLIOTECONOMIA/CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO (BRASIL)
Apresentação
Esta lista é uma produção técnica oriunda dos levantamentos realizados ao longo das atividades de
organização do II Conversando Sobre, que ocorreu no dia 23 de abril de 2019, das 18:30 às 21:00h,
na Escola de Ciência da Informação (ECI), cujo tema foi Periódicos Científicos da área de
Biblioteconomia/Ciência da Informação, no Brasil: onde e como publicar? A instituição promotora do
evento foi a Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), tendo como instituição apoiadora a
ECI da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Campus Pampulha, em Belo Horizonte.
O evento e, por conseguinte, a organização desta planilha é fruto da experiência dos autores no
âmbito da submissão de trabalhos profissionais e acadêmicos para os diversos periódicos existentes
em diferentes regiões do Brasil. Essa iniciativa também foi influenciada pelas constantes inquietações
�e dúvidas por parte de colegas, sobretudo da Pós-Graduação, sobre a tão imperiosa necessidade:
“onde publicar?”.
Em virtude da escassez de um instrumento atualizado que reúna, em um único local, os periódicos da
Ciência da Informação, com menção às suas principais características, principalmente, a página web
da publicação, temos o prazer de colocar à disposição de profissionais, professores e pesquisadores,
esta listagem. Importante ressaltar que ela não é exaustiva (e nem pretende ser), pois os
procedimentos utilizados na sua sistematização foram parte única e exclusivamente, do trabalho
prático dos autores na vivência em publicações periódicas.
Portanto, os periódicos listados neste documento não são resultados de processos de seleção, nem,
tampouco, de procedimentos metodológicos ou critérios de inclusão/exclusão que justifiquem a
escolha por um ou por outro. A inserção deles está ligada à experiência prática dos autores do
documento quanto à submissão de manuscritos em periódicos da área. Portanto, considera-se esta
listagem como fruto da experiência prática, o que justifica, provavelmente, que ela não contempla
todos os periódicos existentes no Brasil e relacionados às áreas de Biblioteconomia e Ciência da
Informação.
�Em virtude da incompletude da planilha, esperamos que novos documentos dessa natureza possam
ser produzidos, com possibilidades de contemplar muitos outros periódicos aqui não listados e, por
conseguinte, facilitar, cada vez mais, o trabalho dos profissionais e pesquisadores que desejam
submeter suas experiências e pesquisas para publicação em periódicos. Também aceitamos
sugestões, críticas e parcerias, as quais serão utilizadas na reformulação de possíveis edições deste
documento, no futuro. Desejamos boa leitura e bom uso!
REGIÃO CENTRO-OESTE
Nome
Ciência
Informação
Comunicação
Informação
Inclusão Social
Órgão gestor
da
&
IBICT
Programa
de
Pós-Graduação
em Comunicação
da Faculdade de
Informação
e
Comunicação
(FIC)
IBICT
Escopo principal
Publica trabalhos originais e
inéditos, relacionados com a
ciência da informação ou que
apresentem
resultados
de
estudos e pesquisas sobre as
atividades
do
setor
de
informação
em
ciência,
tecnologia e inovação
Divulga pesquisa de qualidade
na área. Trata-se de publicação
de trabalhos inéditos, podendo
aprovar
artigos
de
áreas
correlatas
Publica trabalhos no âmbito da
inclusão social, com temas
ligados a ações, programas,
projetos, estudos e pesquisas
sobre inclusão na sociedade
Qualis
*
B1
Sítio
Periodicidade
http://revista.ibict.br/ciinf/about/editorialPolicie
s#focusAndScope
Quadrimestral
B2
https://www.revistas.ufg.br/ci/about
Fluxo contínuo
–
Último
número
publicado
em
2018
B4
http://revista.ibict.br/inclusao/about/editorialPo
licies#focusAndScope
Semestral
�Nome
Órgão gestor
Liinc em Revista
IBICT
Revista
Gestão
do
Conhecimento e
Tecnologia
da
Informação
Escopo principal
Publica reflexão crítica sobre os
processos
de
produção,
circulação e apropriação da
informação e do conhecimento,
ante as transformações no
mundo contemporâneo
Veicula, prioritariamente, artigos
científicos inéditos nas áreas de
convergência da TI com a
dinâmica
social,
política
e
econômica, em especial da
Governança e da Inovação
Qualis
*
B1
Sítio
http://revista.ibict.br/liinc/index
Periodicidade
Semestral
Programa
de
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RGCTI
Quadrimestral
Mestrado
em
–
Último
Governança,
número
Tecnologia
e
publicado
em
Inovação (MGTI)
2017
da Universidade
Católica
de
Brasília
Revista
Ibero- Programa
de Disseminar trabalhos científicos B1
http://periodicos.unb.br/index.php/RICI/in Quadrimestral
Americana
de Pós-Graduação
originais, inéditos, resultantes
dex
Ciência
da em Ciência da de pesquisa em Ciência da
Informação
Informação
da Informação e áreas correlatas
Universidade de
Brasília
* O conceito Qualis está apresentado na listagem, considerando o registro existente na Plataforma Sucupira, na área de Comunicação e
Informação. Consultas realizadas de abril a junho de 2019.
REGIÃO NORDESTE
Nome
Analisando
Ciência
Informação
em
da
Órgão gestor
Escopo principal
Centro
de
Ciências
Biológicas
e
Sociais.
Universidade
Estadual Paraíba
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
Qualis
*
B5
Sítio
http://racin.arquivologiauepb.com.br/
Periodicidade
Semestral
�Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Archeion Online
UFPB
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
Bibliocanto
Biblioteca
Central
Zila
Mamede
(BCZM),
da
Universidade
Federal do Rio
Grande do Norte
(UFRN)
Departamento
de Ciência da
Informação
da
Universidade
Federal
da
Paraíba (UFPB)
Programa
de
Pós-Graduação
em Ciência da
Informação da U
niversidade
Federal
de
Alagoas
Programa
de
Pós-Graduação
em
Biblioteconomia
(PPGB),
mediante
o
Mestrado
Profissional em
Biblioteconomia,
da Universidade
Federal do Cariri
(UFCA)
Artigo,
ensaio,
relato
de
experiência, resenha, resumo,
resumo expandido em temáticas
relacionadas à Biblioteconomia,
Ciência da Informação e áreas
afins
Biblionline
Ciência
Informação
Revista
Folha de rosto
da
em
Qualis
*
C
Sítio
Periodicidade
http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ar
cheion
Semestral
-
https://periodicos.ufrn.br/bibliocanto
Anual – Último
número
publicado em
2018
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
B5
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio
Trimestral
Artigos, relatos de experiência,
relatórios,
resenhas,
dentre
outros trabalhos acadêmicos e
profissionais
B5
http://www.seer.ufal.br/index.php/cir/
Quadrimestral
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
B5
https://periodicos.ufca.edu.br/ojs/index.php/fol
haderosto/index
Semestral
�Nome
Informação
Pauta
em
Informação
Sociedade:
Estudos
e
Perspectivas em
Gestão
&
Conhecimento
Pesquisa
Brasileira
em
Ciência
da
Informação
e
Biblioteconomia
Ponto de Acesso
Revista
Informação
na
Sociedade
Contemporânea
Órgão gestor
Escopo principal
Departamento
de Ciências da
Universidade
Federal do Ceará
Programa
de
Pós-Graduação
em Ciência da
Informação
da
UFPB
Centro
de
Ciências Sociais
Aplicadas
da Universidade
Federal
da
Paraíba (UFPB)
Contribuições inéditas na área
de Ciência da Informação e suas
interfaces
UFPB
Instituto
de
Ciência
da
informação
(ICI),
da
Universidade
Federal da Bahia
Departamento
de Ciência da
Informação
e
Programa
de
Pós-Graduação
em Gestão da
Qualis
*
B5
Sítio
Periodicidade
http://www.periodicos.ufc.br/informacaoempaut
a
Semestral
Artigos,
com
viés
mais
acadêmico
e
metodologia
rigorosa. É preferível a presença
de doutor como coautor
A1
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies
Quadrimestral
Publicar trabalhos originais e
inéditos relacionados com as
temáticas
Gestão
e
Conhecimento sob abordagens
que
priorizem
diálogos
inter/pluri/multi/transdisciplinare
s e representem contribuição
para o desenvolvimento de
novos conhecimentos e/ou para
aplicação nos diversos setores e
organizações da sociedade
Contribuições inéditas na área
de Ciência da Informação e suas
interfaces
B1
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pgc
Quadrimestral
B1
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pbcib
Trimestra
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
B1
https://portalseer.ufba.br/index.php/revistaici
Quadrimestral
–
Último
número
publicado em
2018
Contribuições de artigos em
língua estrangeira, pois valoriza
e estimula a pluralidade de
abordagens e perspectivas, bem
como a autoria interinstitucional
e internacional.
_
https://periodicos.ufrn.br/informacao
Semestral
Último número
publicado em
2018
�Informação e do
Conhecimento,
da Universidade
Federal do Rio
Grande do Norte
(UFRN)
Promove também a publicação
de resenhas de livros e os
resumos de monografias, teses
e dissertações dos cursos de
Graduação
e
Pós-Graduação
vinculados ao Departamento de
Ciência da Informação da UFRN
* O conceito Qualis está apresentado na listagem, considerando o registro existente na Plataforma Sucupira, na área de Comunicação e
Informação. Consultas realizadas de abril a junho de 2019.
REGIÃO SUL
Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Ágora:
Arquivologia em
Debate
Arquivo
Público
do
Estado
de
Santa
Catarina/UFSC
A.to.Z:
novas
práticas
em
informação
e
conhecimento
Programa de
PósGraduação em
Gestão
da
Informação da
UFPR
Instituto
de
Ciências
Humanas e da
Informação da
FURG
Trabalhos
que
versem
sobre
Administração de Arquivos, Arquivos
digitais, Tecnologia da informação
aplicada aos arquivos, Ciência da
Informação, Documentação,
Paleografia, Diplomática, História e
Sociologia aplicada aos arquivos
Publicação de artigos derivados de
Teses, Dissertações, Monografias e
Trabalhos de Conclusão de Curso
nas áreas de Ciência, Gestão e
Tecnologia da Informação e Gestão
do Conhecimento
Trabalhos inéditos que apresentem
resultados de estudos e pesquisas
relacionados com as áreas da
informação, tecnologia e afins
Biblos
Qualis
*
B1
Sítio
Periodicidade
https://agora.emnuvens.com.br/ra
Semestral
B2
https://revistas.ufpr.br/atoz
Semestral
B3
https://periodicos.furg.br/biblos
Semestral
�Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Em Questão
PósGraduação em
Comunicação
e Ciência da
Informação da
UFRGS
Programa de
PósGraduação em
Ciência
da
Informação da
UFSC
Programa de
PósGraduação em
Ciência
da
Informação da
UEL
Programa de
PósGraduação em
Ciência
da
Informação da
UEL
Faculdade de
Biblioteconomi
a
e
Comunicação
da
Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul
(UFRGS)
Associação
Catarinense
de
Bibliotecários
Artigos, com viés mais acadêmico e
metodologia rigorosa. É preferível a
presença de doutor como coautor
Encontros Bibli
Informação
Informação
&
Informações
Profissões
&
Intexto
Revista ACB
Qualis
*
A2
Sítio
Periodicidade
https://seer.ufrgs.br/EmQuestao
Quadrimestral
Recebe originais inéditos de artigos
resultantes de pesquisa científica,
ensaios
de
caráter
teórico
fundamentados
em
revisão
de
literatura e estudos de caso
A2
https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/index
Quadrimestral
Contribuições inéditas na área de
Ciência da Informação e suas
interfaces
A2
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/inf
ormacao
Quadrimestral
Artigos, relatos de experiência,
relatórios,
resenhas,
com
viés
acadêmicos e profissionais
B5
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/inf
oprof
Semestral
Pesquisas
teóricas
e
empíricas
realizadas no campo interdisciplinar
da Comunicação,
tendo
como
objetivo constituir-se como espaço
para o debate e a difusão de ideias
capazes de configurar diferentes
cenários comunicacionais
B1
https://seer.ufrgs.br/intexto
Quadrimestral
Trabalhos inéditos relacionados na
área da Biblioteconomia e Ciência da
Informação,
abrangendo
especificamente a Biblioteconomia,
B2
https://revista.acbsc.org.br/racb
Quadrimestral
�Ciência da Informação, Arquivologia,
Museologia e Documentação, ou
textos que apresentem resultados de
estudos e pesquisas sobre atividades
relacionadas
ao
movimento
associativo
* O conceito Qualis está apresentado na listagem, considerando o registro existente na Plataforma Sucupira, na área de Comunicação e
Informação. Consultas realizadas de abril a junho de 2019.
REGIÃO SUDESTE
Nome
Acervo
Biblioteca
Escolar
Revista
em
Bibliotecas
Universitárias:
pesquisa,
experiência
e
expectativa
Órgão gestor
Escopo principal
Arquivo Nacional
Divulgar estudos e fontes
nas
áreas
de
ciências
humanas
e
sociais
aplicadas,
especialmente
História e arquivologia
Além de artigos e relatos de
pesquisa inéditos, a revista
publica resenhas de livros,
documentos
especiais,
entrevistas e traduções de
autoria
de
docentes
e
pesquisadores, desde que
aprovados em revisão cega
por pares
Difundir o conhecimento em
Biblioteconomia e Ciência da
Informação,
com
temas
pertinentes às bibliotecas
universitárias, abrangendo
as questões teóricas e
práticas das áreas, em seus
aspectos
tecnológicos,
humanos, sociais e afins
Universidade
São Paulo
de
Sistema
Bibliotecas
UFMG
de
da
Qualis
*
B2
Sítio
Periodicidade
http://revista.arquivonacional.gov.br/index.ph
p/revistaacervo
Quadrimestral
B3
http://www.revistas.usp.br/berev/about
Semestral
–
Último número
publicado em
2018
C
https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistarb
u/
Semestral
–
Último número
publicado em
2017
�Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Brazilian Journal
of
Information
Science:
research trends
Programa
PósGraduação
em
Ciência
da
Informação
da
UNESP
Conhecimento
em Ação
Faculdade
de
Administração e
Ciências
Contábeis
(FACC)
da
Universidade
Federal do Rio
de
Janeiro
(UFRJ)
Textos originais e inéditos
que contemplem temática
atual e relevante para o
universo
teóricometodológico da Ciência da
Informação, considerando a
literatura especializada da
área
Artigos,
relatos
de
experiência,
relatórios,
resenhas,
com
viés
acadêmicos e profissionais
INCID:
Revista
de Ciência da
Informação
e
Documentação
Departamento
de
Educação,
Informação
e
Comunicação da
USP
Informação
Arquivística
Associação
de
Arquivistas
do
Rio de Janeiro
Múltiplos Olhares
em Ciência da
Informação
Escola Ciência da
Informação
da
UFMG
Divulgação especializada da
área informacional, abrindo
espaço
a
discussões
interdisciplinares
e
interinstitucionais de temas
informacionais e possíveis
interfaces que permeiam as
temáticas exploradas
Publicação e a divulgação de
trabalhos
e
pesquisas
relacionadas ao campo da
Arquivologia e suas relações
interdisciplinares, no âmbito
nacional e internacional
Trabalhos
inéditos
relacionados à área de
Ciência da Informação, com
foco na Biblioteconomia,
Arquivologia e Museologia
Qualis
*
B1
Sítio
Periodicidade
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.p
hp/bjis/index
Trimestral
B5
https://revistas.ufrj.br/index.php/rca
Semestral
B1
https://www.revistas.usp.br/incid/about
Semestral
B5
http://www.aaerj.org.br/ojs/index.php/inform
acaoarquivistica/
Semestral
–
Último número
publicado em
2017
B5
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.ph
p/moci/issue/archive
Semestral
–
Último número
publicado em
2018
�Nome
Perspectiva
Ciência
Informação
Órgão gestor
em
da
Escola Ciência da
Informação
da
UFMG
Escopo principal
Qualis
*
A1
Divulga artigos científicos,
relatos
de
pesquisas,
estudos teóricos, revisões
de
literatura,
textos
didáticos,
relatos
de
experiências, traduções e
resenhas
Revista Brasileira FEBAB
Artigos,
relatos
de B1
de
experiência,
relatórios,
Biblioteconomia
resenhas,
com
viés
e Documentação
acadêmicos e profissionais
Revista Brasileira ANCIB
Artigos de pesquisa, de B5
de Educação em
revisão, estudo de casos,
Ciência
da
comunicações, relatos de
Informação
experiência/resenhas,
aplicadas
àEducação
em
Ciência da Informação
Revista
Digital Sistema
de Publica
artigos
inéditos, B1
de
Bibliotecasda
relatos
de
experiência,
Biblioteconomia
UNICAMP
pesquisas em andamento e
e
Ciência
da
resenhas relacionados com
Informação
a Ciência da Informação ou
que apresentem resultados
de estudos e pesquisas
sobre as atividades dessa
área
TransInformação Centro Ciências Artigos, com viés mais A1
Humanas
e acadêmico e metodologia
Aplicadas da PUC rigorosa. É preferível a
presença de doutor como
coautor
* O conceito Qualis está apresentado na listagem, considerando o registro
Informação. Consultas realizadas de abril a junho de 2019.
Sítio
Periodicidade
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.ph
p/pci
Trimestral
https://rbbd.febab.org.br/rbbd
Quadrimestral
http://abecin.org.br/portalderevistas/index.ph
p/rebecin/author/submission/119
Semestral
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.p
hp/rdbci/
Publicação
contínua
(rolling pass)
http://periodicos.puccampinas.edu.br/seer/index.php/transinfo
Quadrimestral
existente na Plataforma Sucupira, na área de Comunicação e
�PERIÓDICOS INTERNACIONAIS – ACEITAM
ARTIGOS EM PORTUGUÊS
Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Anales
de
Documentación
Facultad
de
Comunicación y
Documentación
de la Universidad
de Murcia
Biblios
Grupo
Biblios
International
Network for the
Development of
Library
and
Information
Instituto
de
Información
Científica
y
Tecnológica
Publica
trabalhos
originais,
traduções
e
revisões
de
qualquer um dos diferentes
setores e especialidades de
Informação, Documentação e
Comunicação
Revista eletrônica especializada
em Ciências da Informação que
publica artigos de investigação
e artigos de análise
Ciencias de
Información
la
e-Ciencias de la
Información
Universidade
Costa Rica
de
Publica
os
resultados
da
pesquisa
de
todos
os
profissionais ligados à indústria
da
informação
e
do
conhecimento. Abrange todos
os aspectos essenciais da
Biblioteconomia,
Documentação e Arquivologia
Disseminar os resultados da
pesquisa
nas
diferentes
disciplinas de conhecimento
relacionadas à Ciência da
Informação
Qualis
*
A2
Sítio
Periodicidade
https://revistas.um.es/analesdoc/issue/vi
ew/18071
Semestral
A1
https://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios
Trimestral
B1
http://cinfo.idict.cu/index.php/cinfo
Trimestral
–
Último número
publicado
em
2017
-
https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/eciencias
Semestral
�Nome
Órgão gestor
Escopo principal
Informatio
Instituto
de
Información
de la Facultad de
Información
y
Comunicación de
la Universidad de
la
República
(Uruguai)
Publica estudos originais e
inéditos,
resultados
de
pesquisas,
revisões
de
literatura
e
assuntos
acadêmicos
de
interesse
disciplinar,
que
contribuam
para o desenvolvimento da
Ciência
da
Informação,
Biblioteconomia, Arquivologia e
áreas afins
Investigación
Bibliotecológica:
archivonomía,
bibliotecología e
información
Páginas A & B:
Arquivos
e
Bibliotecas
Palabra-Clave
Instituto
de
Biblioteconomia
e Informação do
México
Artigos,
com
acadêmico
e
rigorosa
viés
mais
metodologia
Gabinetes A & B
- Porto
Revista
Interamericana
de
Bibliotecología
Departamento
de
Bibliotecología
de la Facultad de
Humanidades y
Ciencias de la
Educación de la
Universidad
Nacional de La
Plata
Escuela
Interamericana
de
Bibliotecología
Universidad
de
Antioquia
Qualis
*
-
Sítio
Periodicidade
http://informatio.eubca.edu.uy/ojs/index.php/
Infor/index
Semestral
A1
http://rev-ib.unam.mx/ib/index.php/ib/
Trimestral
Artigos, relatos de experiência,
relatórios, resenhas, com viés
acadêmicos e profissionais
Publica artigos de pesquisa
originais e inéditos, breves
notas de pesquisa, estudos de
caso, ensaios e artigos de
revisão ou estado da arte, em
espanhol, português e inglês
B4
http://ojs.letras.up.pt/index.php/paginasaeb/i
ndex
Semestral
-
https://www.redalyc.org/revista.oa?id=3505
Semestral
Publica
estudos
teóricos,
trabalhos
de
revisão
e
reflexões originais, que dão
conta
do
progresso
da
Biblioteconomia
e
suas
disciplinas
relacionadas,
especialmente na área latinoamericana
A2
http://aprendeenlinea.udea.edu.co/revistas/in
dex.php/RIB/index
Quadrimestral
�Nome
Revista Prefacio
Órgão gestor
Escopo principal
Qualis
*
-
Sítio
Periodicidade
Faculdad
de Artigos, ensaios, relatos de
https://revistas.unc.edu.ar/index.php/PREFAC
Semestral
Filosofía
y caso, entrevistas, resenhas,
IO
Humanidades
com
viés
acadêmicos
e
Universidad
profissionais
Nacional
de
Cordoba
* O conceito Qualis está apresentado na listagem, considerando o registro existente na Plataforma Sucupira, na área de Comunicação e
Informação. Consultas realizadas de abril a junho de 2019.
�DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE
PERIÓDICOS POR REGIÕES BRASILEIRAS
14
13
12
12
10
9
8
6
6
4
2
0
0
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sul
Sudeste
Percebemos, de forma preliminar, que o Brasil possui sua representatividade no âmbito das publicações periódicas na área de Ciência da
Informação e que, mesmo passando por diversos desafios, as equipes envolvidas na gestão dos periódicos unem esforços com o intuito de
garantir a permanência e melhoria contínua desses importantes meios de comunicação científica. Portanto, que possamos adotar iniciativas em
prol da valorização, divulgação e contribuição para fortalecimento dos periódicos científicos de nossa nação, seja na condição de autores,
editores, avaliadores, consultores, dentre tantos outros papéis que podemos exercer.
Os autores
Belo Horizonte, 05 de julho de 2019.
�AUTORES DESTA PRODUÇÃO
- Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira: Graduada em Biblioteconomia. Doutoranda e Mestra em Ciência da Informação pela
Universidade Federal de Minas Gerais, investigando a Nova Biblioteconomia de Lankes no contexto brasileiro. Pesquisadora do grupo
de pesquisa “Estudos em Práticas Informacionais e Cultura” (EPIC/UFMG) cadastrado no CNPq. Possui a trajetória acadêmica
orientada pela extensão, pesquisa e ensino. Seus interesses de pesquisa estão em torno da Biblioteconomia, com ênfase na Ciência
da Informação.
- Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia. Mestre em Gestão e Organização do Conhecimento. Doutorando na Escola de
Ciência da Informação, investigando sobre Serviços de Referências em Bibliotecas Universitárias. Atua na prestação de serviços
informacionais, no campo da organização, sistematização, normalização, orientação e lecionamento direcionados à metodologia de
pesquisa.
- Mônica Elisque do Carmo: Graduada em Biblioteconomia. Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (MACPS)
pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Doutoranda em Gestão e Organização do Conhecimento
da Escola de Ciência da Informação/UFMG, investigando sobre Preservação da Memória Institucional. Atua como bibliotecária e
documentalista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN.
Esta é uma produção técnica da:
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- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e outras ações promovidas
pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
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�
Dublin Core
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A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Lista de Periódicos para publicação de trabalhos científicos nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação
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Jorge Santa Anna
Mônica Elisque do Carmo
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ABMG
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The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
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ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Periódicos Científicos
lista
Description
An account of the resource
Esta lista é uma produção técnica oriunda dos levantamentos realizados ao longo das atividades de organização do II Conversando Sobre, que ocorreu no dia 23 de abril de 2019, das 18:30 às 21:00h, na Escola de Ciência da Informação (ECI), cujo tema foi Periódicos Científicos da área de Biblioteconomia/Ciência da Informação, no Brasil: onde e como publicar? A instituição promotora do evento foi a Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG), tendo como instituição apoiadora a ECI da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Campus Pampulha, em Belo Horizonte.
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A related resource from which the described resource is derived
Produto de evento
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A language of the resource
pt
ABMG
-
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149df9916ac6243b714c18a8b931418b
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2021
C
O
N
V
E
R
S
A
N
D
O
S
O
B
R
E
II Edição
OS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS
DAS ÁREAS DE
BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO NO BRASIL:
COMO E ONDE PUBLICAR?
RELATÓRIO EXPANDIDO
Celsiane Aline Vieira Araujo
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Mônica Elisque do Carmo
Raíssa Yuri Hamanaka
Rosaria Ferreira Otoni dos Santos
(Organizadores)
Belo Horizonte
Abril de 2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2021
Celsiane Aline Vieira Araujo
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Mônica Elisque do Carmo
Raíssa Yuri Hamanaka
Rosaria Ferreira Otoni dos Santos
(Organizadores)
OS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DAS
ÁREAS DE BIBLIOTECONOMIA E
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO
BRASIL:
COMO E ONDE PUBLICAR?
Belo Horizonte
ABMG
Abril de 2019
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2021
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
CONVERSANDO SOBRE – II EDIÇÃO
Tema da edição: Os periódicos científicos das áreas de Biblioteconomia e Ciência da
Informação no Brasil: como e onde publicar
Local do evento: sala 1000 da Escola de Ciência da Informação. Universidade Federal de
Minas Gerais. Campus Pampulha
Data de realização: 23 de abril de 2019
Horário: 18:30 as 21:30 h
Comissão organizadora do evento
Presidente do evento: Jorge Santa Anna
Facilitadores: Celsiane Aline Vieira Araujo, Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira, Jéssica
Patrícia Silva de Sá, Maria Elizabeth de Oliveira Costa, Mônica Elisque do Carmo e Raíssa Yuri
Hamanaka
Monitoras: Andreza Gonçalves Barbosa e Rosaria Ferreira Otoni dos Santos
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS - ABMG
Rua dos Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - CEP: 30180-912. Edifício Rotary, Sala
608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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2018-2021
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO EXPANDIDO ...................................... 3
O CONVERSANDO SOBRE...................................................................... 5
A segunda edição do Conversando Sobre ............................................. 7
As atividades de monitoria ..................................................................10
As revistas científicas em portais de periódicos ..................................11
REBECIN, Múltiplos Olhares, Folha de Rosto, Pesquisa Brasileira e
Páginas A&B........................................................................................13
Ciência da Informação em Revista, Informação & Informação, RBBD,
Biblios e Ciência da Informação ..........................................................17
Biblionline, RDBCI, Ibero-Americana, ACB e Ponto de Acesso .............21
Encontros Bibli, Em Questão, Informação e Sociedade, Perspectiva e
Transinformação .................................................................................26
Relato de casos práticos de pareceres dos processos avaliativos ........35
Mensagem final ...................................................................................37
APÊNDICE A – FÔLDER DE DIVULGAÇÃO .............................................40
APÊNDICE B – PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA II EDIÇÃO ...................41
APÊNDICE C – PRINCIPAIS FOTOS DA II EDIÇÃO ...............................42
APÊNDICE D – COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO .....................45
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2021
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO EXPANDIDO
Jorge Santa Anna
O presente documento registra as principais informações e ocorrências
relacionadas a um dos eventos gratuitos promovido pela Associação de
Bibliotecários de Minas Gerais (ABMG): o Conversando Sobre. Especificamente,
neste texto, a pretensão maior é de informar sobre as atividades que
permearam a II edição do citado evento, cujo tema abordado contemplou os
periódicos científicos direcionados à área da Biblioteconomia, no Brasil.
Convencionamos denominar o referido texto de relatório expandido, visto que
ele não se caracteriza, em nossa percepção, tão somente, como um relatório
de atividades administrativas. Ele vai além do registro das ocorrências
administrativas e meramente informativas, contemplando, também, questões
mais profundas e complexas, o que lhe confere, além de informativo, um
aspecto técnico.
Como informações de cunho administrativo, citamos, por exemplo, a menção a
datas, descrição do número de envolvidos, dos participantes, dos temas e
assuntos debatidos, dentre outras ocorrências que contribuem com a tomada
de decisões no processo gerencial da ABMG. Já os relatos de cunho técnico,
por sua vez, correspondem às informações técnicas sobre as revistas
científicas, as quais foram obtidas por meio de pesquisa documental e
bibliográfica realizada pela comissão organizadora do evento, e que foram
transmitidas pelos facilitadores, ao longo das discussões ocorridas no evento.
Portanto, o relatório expandido, no intuito de promover uma melhor
visibilidade
(consulta),
podendo
contribuir
nas
atividades
de
futuros
pesquisadores, manifesta-se como uma produção técnica da ABMG; logo, não
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ficará restrito aos arquivos da associação, como é de praxe realizar com os
relatórios administrativos referentes a outros eventos e cursos. Ele será, em
tempo futuro, disponibilizado para acesso ao público, por meio da inserção na
página web da entidade, no endereço: <www.abmg.org.br>, na aba destinada
a (e intitulada) Publicações da ABMG.
Ressalta-se que o estímulo à realização deste relatório de natureza técnica
originou-se a partir de um pedido realizado por participante da II edição do
Conversando Sobre, o qual solicitou que seria de suma importância ter acesso
para
consulta,
principalmente,
quanto
aos
dados
de
cada
periódico
apresentado pelos facilitadores, como resultados das pesquisas realizadas por
esses sujeitos.
Com efeito, esperamos, com essa iniciativa, que este relatório expandido possa
ser utilizado por diferentes profissionais inseridos no campo da Ciência da
Informação, de modo que possam ter subsídios de orientação sobre a
publicação em periódicos dessa área de conhecimento. De igual teor,
ressaltamos a necessidade de outros documentos dessa natureza, que possam
contemplar aspectos não abrangidos, aqui, como também aguardamos críticas
e sugestões de nossos leitores e/ou colegas de profissão, acerca de melhorias
em futuros eventos e relatórios que orientem sobre a publicação em
periódicos.
A seguir, são apresentadas informações básicas sobre o Conversando Sobre,
especificamente a II edição, além das informações técnicas dos periódicos
discutidas no evento, considerando a percepção dos organizadores desse
importante evento para o desenvolvimento científico e profissional da área de
Biblioteconomia/Ciência da Informação.
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O CONVERSANDO SOBRE
Apresentação
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Jorge Santa Anna
A ABMG, há mais de cinquenta anos, vem se colocando a serviço do
fortalecimento da área de Biblioteconomia no estado de Minas Gerais. Dentre
as diversas atividades, projetos, intervenções e demais ocorrências realizadas
em prol desta nobre causa, destaca-se o Conversando Sobre.
O Conversando Sobre é um evento bimestral que, a cada edição, aborda um
tema específico no âmbito da Biblioteconomia/Ciência da Informação, em
Minas Gerais. Embora o caracterizemos como um evento, o diferencial dele
está na flexibilidade de apresentação dos temas a serem debatidos, o que lhe
confere a configuração de um verdadeiro bate-papo entre interessados.
Foi com muito afinco que a atual diretoria da associação instituiu esse evento,
em meados de 2018, cujo tema debatido na primeira edição foi a questão da
acessibilidade
em
bibliotecas,
sendo
mediado
pela
bibliotecária
Cleide
Fernandes.
É provável que o crescimento do número de participantes e, certamente, o
envolvimento de diferentes profissionais na condução das edições seja uma
conquista louvável. Com isso, nos sentimos abraçados pela classe bibliotecária
ao aderir esse projeto, e esperamos que muitos e diferenciados temas possam
ser debatidos, nas próximas edições, com trocas de experiências, auxílios
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mútuos e ações práticas em favor da profissão bibliotecária. Desejamos vida
longa ao Conversando Sobre!
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A segunda edição do Conversando Sobre
Jorge Santa Anna
Na segunda edição do Conversando Sobre, o tema abordado foi Os periódicos
científicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação no Brasil: onde
e como publicar. A escolha por este tema justifica-se pelas constantes
inquietações de profissionais, sobretudo aqueles inseridos na Pós-Graduação,
acerca da dificuldade em identificar quais são os periódicos adequados para
publicação no âmbito dessas áreas de conhecimento.
Além dos desafios na localização dos periódicos, outro motivo que impulsionou
a escolha por essa abordagem temática diz respeito às dúvidas geradas no
processo de submissão, acompanhamento e entendimento dos pareceres
oriundos da avaliação ocorrida pelos pares. Portanto, o evento foi idealizado
com três propósitos principais: 1 – demonstrar os principais periódicos da área
existentes no Brasil; 2 – possibilitar uma melhor compreensão sobre os
meandros da comunicação científica; e 3 – estimular os profissionais à prática
da publicação em periódicos.
Acoplada aos objetivos do evento, essa edição também teve a ambição de
contribuir, em termos práticos, com o dia a dia daqueles que desejam
inserirem-se nesse processo. Logo, como produto do evento, foi elaborada
uma planilha, contendo alguns periódicos da área, planilha essa configurada
como a compilação e disponibilização, em um único local, das principais
revistas, facilitando, o trabalho de identificação pelos profissionais/autores.
Com essa intenção, a II edição teve como escopo: exposição das principais
revistas da Ciência da Informação e as peculiaridades de cada uma; passo a
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passo para submissão de um manuscrito; e casos práticos e reais de pareceres
advindos da avaliação, tanto de aceitação quando de rejeição do trabalho. Por
sua vez, o público-alvo principal foi projetado para ser composto por
estudantes, pesquisadores e profissionais interessados em publicar nas
revistas científicas da área de Ciência da Informação, no Brasil.
A II edição aconteceu no dia 03 de abril de 2018, na sala 1000 da Escola de
Ciência da Informação (ECI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
As atividades de divulgação do evento foram realizadas trinta dias de
antecedência. Como forma de divulgação do evento, foram utilizados os canais
formais de contato da ABMG, como: e-mails, rede sociais e grupos de
whatsApp, considerando o envio de fôlder de divulgação (apêndice A).
A
comissão
organizadora
foi
composta
por
nove
profissionais,
assim
distribuídos: um presidente, seis facilitadores e dois monitores. O evento
contou com a participação de 15 participantes, os quais assinaram a lista de
presença e receberam os certificados eletrônicos, nos dias seguintes.
O evento iniciou-se por volta das 19:00 h, com acolhida realizada pela
presidenta da ABMG, a qual passou a palavra ao presidente, responsável pela
mediação das apresentações. A cada facilitador foi designada a incumbência
em pesquisar e apresentar os dados de cinco diferentes periódicos da área,
escolhido de forma aleatória. Ao final do evento, foram apresentados exemplos
práticos de pareceres avaliativos, como também algumas dicas para publicação
em periódicos. A programação completa do evento encontra-se no apêndice B.
O evento foi encerrado às 22:00 h, com mensagens de agradecimentos e
entrega de certificados à equipe organizadora. A seguir, apresentam-se os
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relatos
de
cada
membro
da
comissão
organizadora,
considerando
as
discussões/experiências de cada um deles quanto à participação no evento.
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As atividades de monitoria
Rosaria Ferreira Otoni dos Santos
Participar como monitora da segunda edição do evento Conversando Sobre me
proporcionou crescimento pessoal e profissional. Por meio do networking com
meus pares, foi possível ampliar o meu aprendizado sobre a temática e ainda
me possibilitou a oportunidade de praticar algumas habilidades, das quais
tenho muito apreço.
Citam-se como algumas atividades mais genéricas que contemplam a função
de monitora a mim designada: cuidar dos detalhes, que fazem a diferença; e
verificar, antecipadamente, com o presidente do evento, o que seria necessário
durante as explanações.
Além dessas, outras atividades mais específicas requeridas durante o evento
foram as seguintes: chegar mais cedo para garantir a abertura da sala e
preparação do ambiente; providenciar caneta especial e coletar a assinatura
dos participantes para envio posterior do certificado eletrônico; acolhida dos
participantes; garantir a assinatura de todos os participantes na lista de
presença, além de esclarecer o convite aos presentes para participarem de
projetos futuros da ABMG, recebendo o registro de adesões a futuras
atividades; e permanecer até o encerramento, fechando e zelando pelo espaço
e economia de energia ao apagar das luzes.
Portanto, compreende-se que a atividade de monitoria vai além de uma
atividade com vistas a atividades extracurriculares, com certificado. Trata-se
de um momento gratificante de vivenciar experiências pedagógicas na vida
acadêmica.
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As revistas científicas em portais de periódicos
Celsiane Aline Vieira Araujo
As discussões técnicas relacionadas aos periódicos científicos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação iniciaram-se com uma breve
apresentação sobre a importância dos portais de periódicos para abrigar a
produção científica veiculada pelos periódicos científicos. Realizou-se o acesso
via web ao Portal Periódicos de Minas:
<https://www.periodicosdeminas.ufmg.br/>, sendo utilizados procedimentos
demonstrativos, acerca das principais funções disponibilizadas pelo Portal de
Periódicos do Estado de Minas Gerais.
Na ocasião, foi reforçada a importância de um portal de periódico, considerado
como um repositório de armazenamento da produção periódica de uma
instituição. O portal de periódicos reúne, em um único local, os periódicos de
uma instituição ou de uma área de conhecimento, cuja função principal é
facilitar a localização dos periódicos por parte dos pesquisadores e demais
interessados e, por conseguinte, garantir maior visibilidade dessas publicações.
Quanto ao Portal de Periódicos de Minas Gerais, ressalta-se que ele é uma
plataforma digital de acesso aberto com a presença aproximada de 400
revistas científicas sediadas em Minas Gerais. Trata-se de uma iniciativa
pioneira a nível estadual, implantado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), em parceria com a UFMG, despontando no
cenário brasileiro como uma política para o Portal de Periódicos que pode
tornar-se
via
estruturante
para
outros
Estados
no
Brasil,
devido
à
singularidade do projeto. Além disso, constitui uma de suas funcionalidades
divulgar informações sobre aspectos relativos aos periódicos e capacitação de
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editores. Dessa forma, é possível aos editores e gestores de periódicos
cadastrarem e editarem o perfil de suas revistas no portal desde que cumpram
os requisitos da política de periódicos.
Quando se fala de editores de periódicos, é importante fazer uma reflexão
quanto à formação desses e de suas equipes. Compreende-se a necessidade
de capacitações e reconhecimento desse trabalho sem liberação de horas por
parte da instituição para realização, e em sua maioria não remunerado ou
gratificado. Chama-se a atenção para a capacitação dos editores e a
necessidade de uma equipe interdisciplinar à luz da Biblioteconomia e Ciência
da Informação, mas também da Administração, do Jornalismo, da Publicidade
e Propaganda. Essa possibilidade viabiliza a interação entre os editores e
gestores de periódicos que precisam atuar com um público acadêmico, mas
também toda sociedade, visto que a linguagem e o engajamento, práticas de
Marketing Científico, deve ser menos técnica possível, características que
também devem ser adotadas pelos portais de periódicos.
Além das características do portal, foram discorridas algumas especificidades
da publicação em periódicos, tal como a modalidade Ahead Of Print,
considerada, grosso modo, como publicação avançada e contínua, evitando-se,
assim, que artigos aprovados não permaneçam mais em processo de espera
até sair um novo número. Ademais, essa nova modalidade de publicação torna
os resultados de pesquisa acessíveis o mais rápido possível, não se perdendo
no tempo da temporalidade das publicações.
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REBECIN, Múltiplos Olhares, Folha de Rosto, Pesquisa
Brasileira e Páginas A&B
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira
REBECIN
A Revista Brasileira de Educação em Ciência da Informação (REBECIN) é uma
revista com periodicidade semestral, publicada pela Associação Brasileira de
Educação em Ciência da Informação (ABECIN). Foi fundada em 02 de junho de
2001, mas só iniciou as atividades com a publicação do seu primeiro volume
no primeiro semestre de 2014. Mantém-se regular desde o seu primeiro
volume e a partir de 2017, iniciou a publicação de um número especial
temático, além dos dois números publicados, anualmente.
A REBECIN publica apenas textos originais como: artigos de pesquisa, artigos
de revisão, estudo de casos, comunicações, relatos de experiência e resenhas
relativas à área de Educação em Ciência da Informação. Aceita artigos escritos
em português, espanhol ou inglês. É indexada nas seguintes bases de dados e
diretórios nacionais e internacionais: Sistema regional de información en línea
para revistas científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal
(LATINDEX); DOAJ; Portal Capes; Base de Dados em Ciência da Informação
(BRAPCI); LIVRE; MELICA; Google Acadêmico; SEER; Diretório de Políticas
Editoriais das Revistas Científicas Brasileiras (Diadorim); e Oasisbr. De acordo
com a classificação de periódicos Qualis para o quadriênio 2013-2016, na área
de avaliação Comunicação e Informação, a revista possui conceito B5.
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2018-2021
Múltiplos Olhares em Ciência da Informação
A revista Múltiplos Olhares em Ciência da Informação é resultante do
seminário “Periódicos Científicos Eletrônicos: produção e uso”, ministrado para
o Curso de Biblioteconomia da Escola de Ciência da Informação (ECI) da
Universidade Federal de Minas Gerais e contou desde o início com a adesão e
apoio do Diretório Acadêmico. A revista foi criada em 2011, com o objetivo de
oferecer aos alunos de Graduação dos cursos de Biblioteconomia, Arquivologia,
Museologia e áreas afins, um espaço para divulgarem seus estudos, resultados
de pesquisa de iniciação científica e trabalhos acadêmicos. Desse modo, são
aceitos artigos oriundos de trabalhos de conclusão de curso, projetos de
pesquisa, projetos de iniciação científica, relatos de atividades de monitoria,
extensão, trabalhos de discentes apresentados em encontros científicos,
resenhas, resumos, esquemas de aulas, ensaios, dentre outros. A revista
possui periodicidade semestral. De acordo com a classificação de periódicos
Qualis para o quadriênio 2013-2016, na área de avaliação Comunicação e
Informação, a revista possui conceito B5.
Folha de Rosto: Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação
A revista Folha de Rosto: Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação
surgiu no contexto do Projeto de Iniciação à Docência “Prática Bibliotecária na
Unidade Curricular de Organização e Tratamento da Informação” do Curso de
Biblioteconomia, no ano de 2015. É publicada pelo Programa de PósGraduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Trata-se de uma publicação semestral que tem por objetivo divulgar trabalhos
inéditos que representem contribuição científica para o desenvolvimento de
novos conhecimentos na área de Biblioteconomia, Ciência da Informação e
áreas afins. Além dos números publicados, anualmente, publica um número
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2018-2021
especial
com
os
trabalhos
premiados
na
Semana
Acadêmica
de
Biblioteconomia e Ciência da Informação (SEABI).
As submissões são em fluxo contínuo. A revista aceita artigos científicos,
relatos de experiências e ensaios vinculados a processos de construção de
investigações de docentes, discentes e profissionais da área de informação. É
indexada nas seguintes bases de dados e diretórios nacionais: Sumários.org;
Diretório de Políticas Editoriais das Revistas Científicas Brasileiras (Diadorim);
Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI); e LIVRE. De acordo com a
classificação de periódicos Qualis para o quadriênio 2013-2016, na área de
avaliação Comunicação e Informação, a revista possui conceito B5.
Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia
A Revista Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia
(PBCIB) é editada pelo Grupo de Pesquisa Informação e Inclusão Social (CNPq)
e publicada no Portal de Periódicos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
em parceria com o Laboratório de Tecnologias Intelectuais. Inicialmente, a
revista era publicada, semestralmente. Em 2015, iniciou sua publicação em
tempo real, dinamizando sua atuação como periódico científico de referência.
Em 2019, iniciou-se a publicação com periodicidade trimestral, mantendo a sua
publicação em tempo real.
Trata-se de um periódico científico secundário que publica artigos originais
sobre pesquisas em andamento e revisão de literatura, bem como resumos de
artigos publicados
em periódicos
brasileiros do
campo
da Ciência
da
Informação e nos temas de interesse dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa
Informação e Inclusão Social. A revista está indexada nas bases de dados:
Sistema regional de información en línea para revistas científicas de América
Latina, el Caribe, España y Portugal (LATINDEX) e no Repositório Científico de
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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Acesso Aberto de Portugal. De acordo com a classificação de periódicos Qualis
para
o
quadriênio
2013-2016,
na
área
de
avaliação
Comunicação
e
Informação, a revista possui conceito B1.
Páginas A&B: Arquivos e Bibliotecas
A revista Páginas A&B: Arquivos e Bibliotecas iniciou a sua publicação em
1997.
Trata-se
de
uma
publicação
do
Gabinete
A&B/CIC.Digital
da
Universidade do Porto (Portugal). A revista possui periodicidade semestral e,
desde 2016, conta com um número especial, além dos dois números
publicados, anualmente. Até 2012, a revista publicava volumes impressos e a
partir de 2014, iniciou-se a terceira série, em formato eletrônico.
A Páginas A&B tem por objetivo promover e divulgar estudos de investigação
na área de Ciência da Informação, tendo como público-alvo privilegiado os
profissionais das bibliotecas, dos arquivos e dos serviços de informação em
geral e os docentes, investigadores e estudantes dos cursos universitários na
área da Ciência da Informação. A revista aceita artigos para publicação,
escritos em português, inglês, francês ou espanhol, de preferência originais, e
desde que os mesmos não tenham sido submetidos, simultaneamente, para
apreciação de outro editor. De acordo com a classificação de periódicos Qualis
para
o
quadriênio
2013-2016,
na
área
de
avaliação
Comunicação
e
Informação, a revista possui conceito B4.
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Ciência da Informação em Revista, Informação &
Informação, RBBD, Biblios e Ciência da Informação
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Outras cinco revistas foram destacadas e apresentadas as suas características
básicas ao longo do evento. Foram as seguintes: Ciência da Informação em
Revista, Informação & Informação, Revista Brasileira de Biblioteconomia e
Documentação (RBBD), Biblios e Ciência da Informação. A seguir, são
apresentados os dados principais de cada uma delas.
Ciência da Informação em Revista
O periódico Ciência da Informação em Revista está vinculado ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal de
Alagoas, objetivando promover a comunicação científica da Ciência da
Informação
e
sua
inter-relação
com
áreas
afins
como
Administração,
Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Computação, Comunicação Social,
Engenharia de Produção e Museologia. A revista existe desde 2014, com
periodicidade quadrimestral, com números publicados em abril, agosto e
dezembro de cada ano.
O fluxo de submissões é contínuo e a revista aceita as seguintes publicações:
artigos originais, artigos de revisão, pontos de vista, relatos de pesquisa,
relatos de experiência, resenhas, pesquisas em andamento, depoimentos e
entrevistas. O periódico aceita originais em português, espanhol e inglês. O
artigo deve ter de dez a 20 páginas. A revista é indexada em bases nacionais e
internacionais. Atualmente, a revista possui Qualis B5.
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Informação & Informação
A revista Informação & Informação existe desde 1996, estando vinculada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade
Estadual de Londrina (UEL). A revista foi publicada no formato impresso até
2002 e, a partir do volume 9 (2003), encontra-se, exclusivamente, no formato
eletrônico. Informação & Informação publica contribuições inéditas em Ciência
da Informação, Arquivologia, Biblioteconomia e áreas de interface, buscando
incentivar o debate interdisciplinar dos fenômenos concernentes à informação.
A revista, com periodicidade quadrimestral, aceita publicações inéditas e
originais: artigos,
relatos de
experiência, comunicações (pesquisas em
andamento), pontos de vista, documentos, resumos de teses e dissertações e
resenha de livros. Os artigos devem ter entre 15 e 25 páginas. Para serem
aceitas, as publicações devem estar em português, inglês ou espanhol. No site
da revista está disponível o template. O periódico é indexado em bases
internacionais e, atualmente, está avaliado com Qualis A2.
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
A Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação (RBBD) foi criada em
1973, sendo o órgão oficial de comunicação da Federação Brasileira de
Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB).
A RBBD tem como finalidades: a) constituir-se em periódico especializado da
área de Biblioteconomia, Ciência da Informação e conhecimentos afins; b) ser
um veículo noticioso e informativo de eventos e feitos de associações e de
outras instituições ligados à área; e c) preservar a memória profissional e
constituir instrumento para análises futuras.
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A revista tem periodicidade quadrimestral e só aceita publicações originais em
português. É possível submeter artigos, entrevistas, resenhas e notas e
registros. Os artigos devem ter, no mínimo, 12 páginas.
A partir de 2014, passou a publicar trabalhos aprovados nos eventos
promovidos pela FEBAB em números especiais. Atualmente, a revista possui
Qualis B1.
BIBLIOS
O
periódico
científico
Biblios
existe
desde
1999,
sendo
uma
revista
internacional, publicada na cidade de Lima, no Peru. A revista Biblios publica
artigos de pesquisas sobre Biblioteconomia e Ciência da Informação de vários
países da América Latina. São aceitas submissões de artigo, artigo de revisão e
estudo de caso. Para que o artigo seja publicado, esse deve possuir um
mínimo de oito páginas, devendo ser enviada também uma declaração de
originalidade. São aceitos trabalhos em espanhol, português e inglês.
O periódico é trimestral, sendo o tempo médio de publicação 120 dias, após a
submissão do trabalho. No site da revista, encontra-se disponibilizado o
template. A normalização do trabalho pode ser no formato APA, ABNT ou ISO.
A revista é indexada em bases internacionais e, atualmente, possui Qualis A1.
Ciência da Informação
A revista Ciência da Informação foi criada em 1972, vinculada ao Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Foi o primeiro periódico
científico brasileiro da América Latina dedicado, exclusivamente, a discutir
problemas de geração, controle e transferência de informação.
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A revista está voltada para a Ciência da Informação, publicando estudos e
pesquisas sobre as atividades do setor de informação em ciência, tecnologia e
inovação. O periódico entende o campo da Ciência da Informação como a área
interdisciplinar concernente ao estudo dos fenômenos ligados à produção,
organização, difusão e utilização da informação e do conhecimento em todos
os campos do saber.
A periodicidade da revista é quadrimestral. São aceitos para publicação
artigos, relatos de experiência, opion paper e revisão de literatura. Quanto aos
idiomas, podem ser submetidos trabalhos em português, espanhol e inglês. O
periódico exige que o autor principal tenha titulação de doutor. Atualmente, o
periódico está avaliado com Qualis B1.
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Biblionline, RDBCI, Ibero-Americana, ACB e Ponto de Acesso
Mônica Elisque do Carmo
Biblionline
A revista eletrônica Biblionline, ISSN 1809-4775, é destinada às áreas de
Biblioteconomia, Arquivologia, Ciência da Informação e Museologia. Encontrase vinculada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade
Federal da Paraíba, e vem sendo publicada, ininterruptamente, desde 2005.
Inicialmente, possuía periodicidade semestral; entretanto, devido à grande
demanda, passou a ter periodicidade trimestral a partir de 2017, normalmente
nos meses de abril, agosto e dezembro.
A revista adota o sistema de avaliação pelos pares e obedece aos preceitos do
acesso aberto ao conhecimento. Recebe submissões em fluxo contínuo e
publica artigos, artigos de revisão, pesquisa em andamento, relatos de
pesquisa, relatos de experiência e resumo de monografias.
Os trabalhos submetidos devem ser originais e inéditos e não estar sendo
avaliado para publicação por outra revista, devendo seguir as normas da
Associação
Brasileira
de
Normas
Técnicas
(ABNT).
De
acordo
com
a
classificação de periódicos Qualis para o quadriênio 2013-2016, na área de
avaliação Comunicação e Informação, a revista possui conceito B5.
Fonte: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio>. Acesso em: 23 abr.
2019.
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Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação
A Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, ISSN 1678765X, é uma publicação contínua vinculada ao Sistema de Bibliotecas da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) (SBU), tendo como foco
divulgar trabalhos da área da Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Publica artigos inéditos, relatos de experiência, pesquisas em andamento e
resenhas relacionados com a Ciência da informação ou que apresentem
resultados de estudos e pesquisas sobre as atividades dessa área.
Adota em seu processo editorial a avaliação cega por pares, cujos trabalhos
são encaminhados para especialistas para análise, atendendo aos critérios de
sua política editorial. A revista compreende, unicamente, as áreas da
Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Criada em 2003, desde 2016, adotou o idioma bilíngue nas suas edições, ou
seja, português e inglês.
Adota a política de uso de tesauros e vocabulários
controlados, recorrendo, como padrão para as palavras-chave, ao Tesauro de
Ciência da Informação, e para as keywords, ao Thesauro da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ou Tesauro
da Education Resources Information Center (ERIC), quando o termo não é
encontrado no tesauro da UNESCO.
Seus artigos estão indexados, depositados e cadastrados em diversas fontes
com o propósito de promover e dar uma maior visibilidade a seus conteúdos. A
partir do volume 17 de 2019, passa a adotar o sistema de publicação
contínua (rolling pass). Atualmente, não há fascículos, nem periodicidade e a
revista, também, possui tutorial para leitor, avaliador e autor.
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De acordo com a classificação de periódicos Qualis quadriênio 2013-2016, na
área de avaliação Comunicação e Informação, o periódico possui o conceito B1.
Fonte: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/>. Acesso em:
23 abr. 2019.
Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação (RICI)
A Revista Ibero-Americana da Ciência da Informação, ISSN 1983-5213, é um
periódico científico editado pela Faculdade de Ciência da Informação (FCI) da
Universidade de Brasília (UnB), por meio do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação.
Destina-se a disseminar trabalhos científicos originais, inéditos, resultantes de
pesquisa em Ciência da Informação e áreas correlatas. Existe desde 2008. Sua
periodicidade é quadrimestral, e os resumos devem ser submetidos em
português, inglês e espanhol.
Possui política de quarentena, não publicando colaborações do(s) mesmo(s)
autor(es) por edições consecutivas, mesmo que sendo com coautoria. O
manuscrito deverá aguardar o período de 18 meses para que seja publicada na
edição correspondente a esse período de espera. Além disso, salienta-se que
esse periódico realiza divulgação em catálogos, bibliotecas virtuais e índices de
métricas.
De acordo com a classificação de periódicos Qualis quadriênio 2013-2016, na
área de avaliação Comunicação e Informação, o periódico possui conceito B1.
Fonte: <http://periodicos.unb.br/index.php/RICI>. Acesso em: 23 abr. 2019
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Revista ACB
A Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, ISSN 1414-0594,
concebida pelo movimento associativo de bibliotecários, publica textos originais
e inéditos na área de Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e
Museologia.
Possui publicação quadrimestral de trabalhos inéditos relacionados à área da
Biblioteconomia e Ciência da Informação, abrangendo, especificamente, a
Biblioteconomia,
Ciência
da
Informação,
Arquivologia,
Museologia
e
Documentação. Aceita textos que apresentem resultados de estudos e
pesquisas sobre atividades relacionadas ao movimento associativo (classe dos
bibliotecários),
artigos,
relatos
de
experiências,
entrevistas,
palestras,
conferências e resenhas.
São aceitos para publicação, trabalhos nos idiomas português, inglês, espanhol
e francês que serão encaminhados aos membros do Conselho Editorial e
avaliadores ad hoc, pelo menos dois, para avaliação. Por fim, constatou-se que
a revista existe desde 1996 e tem periodicidade quadrimestral, desde 2015.
De acordo com a classificação de periódicos Qualis quadriênio 2013-2016, na
área de avaliação Comunicação e Informação, a revista ACB possui conceito
B2.
Fonte: <https://revista.acbsc.org.br/racb>. Acesso em: 23 abr. 2019.
Revista Ponto de Acesso
A Revista Ponto de Acesso, ISSN: 1981-6766, está vinculada ao Instituto de
Ciência da informação (ICI) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
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Seu objetivo é tornar acessíveis, livre e gratuitamente trabalhos acadêmicos
focados em temas no campo de estudos da informação, entre eles: Gestão da
Informação
e
Informacional;
do
Conhecimento;
Produção,
Inteligência
Tratamento
e
Competitiva;
Difusão
da
Letramento
Informação
e
do
Conhecimento; Sistemas e Redes de Informação; Políticas e Estratégias de
Informação; Teorias da Informação; Biblioteconomia; Arquivologia; Bancos de
Dados;
Comunicação
da
Informação
Científica;
Propriedade
Intelectual;
Tecnologias da Informação; Sociedade da Informação e do Conhecimento;
Economia da Informação; Informação, Poder, Democracia e Cidadania;
Periódicos Científicos; Imagem e Processo de Geração de Conhecimento;
Linguagem Subliminar e Geração de Conhecimento; dentre outros temas
correlatos.
No âmbito desses temas, a revista publica artigos, debates e entrevistas, e,
também, resenhas de publicações, de softwares e de modelos de gestão de
informação e conhecimento.
Reforça-se que a referida revista está no ar desde junho de 2007, com
periodicidade trimestral, e possui tutorial para avaliadores e autores.
Fonte: <https://portalseer.ufba.br/index.php/revistaici>. Acesso em: 23 abr.
2019.
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Encontros Bibli, Em Questão, Informação e Sociedade,
Perspectivas e Transinformação
Raíssa Yuri Hamanaka
Perspectivas em Ciência da Informação
Este periódico foi lançado em 1996, em substituição à Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG. É uma publicação trimestral pertencente à ECI da
mesma universidade, com classificação Qualis A1.
A revista aceita vários tipos de publicações, como: artigos científicos, relatos
de pesquisas, estudos teóricos, revisões de literatura, textos didáticos, relatos
de experiências, traduções e resenhas. As áreas de cobertura são: Ciência da
Informação, Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e áreas afins.
Como indexadores, a revista está em: Directory of Open Access Journals,
Infobila Base de Datos de Información y Bibliotecología Latinoamericana,
Information
Science
Abstracts,
INSPEC,
International
Bibliographie
der
Rezensionen Wissenschaftlicher Literatur/International Bibliographie of Book,
Reviews of Scholarly Literature, ISI Web of Knowledge, Latindex, Library and
Information Science Abstracts, Library Literature, Literatura de Ciência da
Informação (LICI), Pascal, Portal Capes, Scielo e Scopus.
Quanto ao direito autoral, ela é uma revista de acesso livre e imediato ao seu
conteúdo. Os artigos aceitos para publicação se tornam propriedade da revista.
No que tange aos critérios de submissão de trabalhos, citam-se: abrangência e
pertinência do conteúdo em relação à área; clareza e articulação dos conceitos
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e de ideais; atualização dos conceitos; originalidade; no mínimo 15 páginas e
no máximo 25; avaliação às cegas; e justificar trabalho não original ou não
inédito (ex.: resumos de anais; traduções) em “Comentários ao editor”.
Salienta-se que a revista não possui template de submissão.
A comissão editorial é composta por Terezinha de Fátima Carvalho de Souza,
Benildes Coura Moreira Santos Maculan, Fabrício José Nascimento da Silveira e
Lorena Tavares de Paula.
Link de acesso ao periódico:
<http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/index>.
Informação & Sociedade: Estudos
É publicada, ininterruptamente, desde 1991
- quando foi criada pela
Universidade Federal da Paraíba. Está vinculada ao PPGCI dessa universidade.
Possui periodicidade trimestral e é avaliada com Qualis A1, com fator de
impacto (JCR – Web Of Science) igual a: 0,086 (2016).
A
revista
publica
artigos;
vista/notas/comentários;
memórias
relatos
de
científicas
experiência;
originais;
relatos
pontos
de
de
pesquisa;
comunicações de trabalhos/pesquisas em andamento; entrevistas; resenhas; e
resumos de dissertações do Programa de Pós-Graduação da UFPB.
Quanto
às
áreas
de
cobertura,
abrange
a
Ciência
da
Informação,
Biblioteconomia e áreas afins, estando indexada em: Clase, Infobila, Latindex,
Lisa, Web of Science, Portal da Capes, OAister e Scopus/Elsevier.
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Os artigos aceitos para publicação se tornam propriedade da revista. É vedada
a reprodução total ou parcial de artigos sem a devida autorização da comissão
editorial, exceto para uso de estudo e pesquisa.
Os critérios de submissão de trabalhos são: originalidade; um dos autores
deve possuir titulação de doutor; preferência por submissões no formato DOC;
possui template de submissão; revisão por três pares; aceitam-se artigos em
português, inglês e espanhol e, em alguns casos, em francês (quando
autorizado pela comissão editorial); e publicações não inéditas ou não originais
devem estar justificadas em “Comentários ao editor” e acompanhadas de
devida autorização.
Constitui a comissão editorial: Gustavo Henrique de Araújo Freire (editor), Isa
Maria Freire (editora), Bernardina Maria Juvenal Freire Oliveira, Carlos Xavier
de Azevedo Netto, Emeide Nóbrega Duarte, Guilherme Ataide Dias, Izabel
França de Lima, Joana Coeli Ribeiro Garcia, Júlio Afonso Sá de Pinho Neto e
Maria das Graças Targino.
Link de acesso ao periódico:
<http://www.periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/index>.
Transinformação
Foi fundada em 1989, e é uma revista especializada, com periodicidade
quadrimestral, aberta a contribuições da comunidade científica nacional e
internacional, editada pelo Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas. É ligada ao PPGCI, possuindo a
avaliação Qualis A1 e fator de impacto de 0,352 (2016).
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A revista aceita vários tipos de publicações, como: original, revisão, tradução,
ensaio e relato de experiência ou pesquisa acadêmica. As áreas de cobertura
são Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e áreas
afins. Por sua vez, a revista está indexada em: Scielo, Web of Science, Portal
Capes, JCR Social Science, Scopus, DOAJ, Latindex, CLASE e ROAD.
Os artigos aceitos para publicação se tornam propriedade da revista. Não se
cobra dos autores qualquer tipo de taxa de submissão ou publicação.
Quanto aos critérios de submissão de trabalhos, citam-se: revisão às cegas; a
avaliação do manuscrito é feita com base na originalidade, pertinência,
qualidade acadêmica e relevância do mesmo, podendo ser rejeitados sem
comentários detalhados após análise inicial, se os artigos forem considerados
inadequados ou de prioridade científica insuficiente para publicação na revista;
indicar, opcionalmente, três revisores para o seu manuscrito; os manuscritos
modificados devem ser enviados, juntamente, com a carta-resposta que indica
quais alterações foram realizadas e, se não foram, o porquê; indicação de
autoria nos manuscritos; são aceitos manuscritos em português, inglês,
espanhol ou fracês; não serão aceitas citações bibliográficas na conclusão; não
serão aceitas citações/referências de monografias de conclusão de curso de
Graduação e de textos não publicados (aulas, entre outros); artigos não
publicados podem ser citados, desde que com a carta de aceitação da revista;
dados não publicados podem ser citados desde que com a carta de autorização
do pesquisador; recomendam-se 30 referências para todos os tipos de
publicação, exceto no caso de artigos de revisão que são recomendadas 50
referências; os títulos dos periódicos devem ser indicados por extenso; é
necessário escrever uma justificativa à comissão editorial sobre a principal
contribuição do estudo para a área em que se insere; quando for o caso, incluir
nome
da
agência
financiadora;
indicar
se
o
artigo
é
baseado
em
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tese/dissertação e incluir permissão de editores para reprodução de figuras ou
tabelas publicadas.
Compõem a comissão editorial da revista os seguintes membros: Rogério
Eduardo Rodrigues Bazi (editor), César Antonio Pereira (editor), Maria Cristina
Matoso (editora), Henriette Ferreira Gomes, Isa Maria Freire, José Augusto
Chaves Guimarães, Lígia Maria Arruda Café, Luís Fernando Sayão, Maria Inês
Tomaél, Maria Nélida González de Gómez, Raimundo Nonato Macedo dos
Santos, Rosali Fernandez de Souza, Cândida Fernanda Antunes Ribeiro,
Carmen Marta Lazo, Jorge Pedro Almeida Silva e Souza, Pierre Fayard e YvesFrançois Le Coadic.
Link de acesso ao periódico:
<http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/index>.
Em Questão
Publicada desde 2003, em continuidade à Revista de Biblioteconomia e
Comunicação, lançada em 1986, Em Questão tem periodicidade quadrimestral.
Periódico científico da área da Ciência da Informação publicado pelo Programa
de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Biblioteconomia e
Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O
periódico possui avaliação Qualis A2, e publica diversos tipos de documentos,
como artigos, entrevistas e resenhas.
A revista dedicou-se às áreas de Comunicação e Ciência da Informação até
2013. No ano seguinte, passou por uma importante mudança de escopo, a
receber apenas textos da Ciência da Informação e áreas correlatas.
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A revista está indexada em: Web of Science, BRAPCI, Findr, Clase, Dialnet,
DOAJ, Laptoc, Google Scholar, Latindex, Proquest Library Science, Redalyc,
Sumários.org, Bielefeld Academic Search Engine (Base), Diadorim, Diretório
Luso-brasileiro – Repositórios e Revistas de Acesso Aberto, Portal para
Periódicos de Acesso Livre (LIvRe), Oaister, Portal Capes, ROAD, Portal de
Periódicos da UFRGS, SHERPA/RoMEO e Univerciência.
Quanto ao direito autoral, a revista é de acesso livre e imediato ao seu
conteúdo. Os artigos aceitos para publicação se tornam propriedade da revista.
No que se refere aos critérios de submissão de trabalhos: aceita apenas
publicações
traduzidos
inéditas,
de
textos
mas,
que
excepcionalmente,
já
tenham
sido
serão
aceitos
publicados
em
trabalhos
periódicos
estrangeiros; avaliação às cegas; a média de tempo entre a submissão e a
primeira resposta é de 12 semanas; possui template de submissão; a
prioridade de publicação é para textos inéditos de resultados de pesquisas,
seguidos por descobertas científicas, metodológicas ou conceituais, havendo
prioridade aos autores com maiores titulações, a textos de diferentes regiões
do país e do exterior, e ao possível impacto sobre a Ciência da Informação;
necessária a coautoria com doutor ou doutorando; aceita textos em português,
inglês ou espanhol; artigos devem ter de 15 a 25 páginas, resenhas até cinco
páginas
e
entrevistas
financiadora;
o
até
manuscrito
12
páginas;
aceito
pode
conter
ser
informação
publicado
em
de
agência
repositório
institucional, desde que com reconhecimento de autoria e publicação inicial na
revista.
A comissão editorial é composta por: Samile Andréa de Souza Vanz (editora),
Sônia Elisa Caregnato, Armando Malheiro, Cristina Dotta Ortega, Caterina
Groposo Pavão, Daniela de Filippo, Douglas Dyllon Jeronimo de Macedo, Ed
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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2018-2021
Noyons, Eduardo Andres Vizer, Evelyn Goyannes Dill Orrico, Ely Francina
Tannuri de Oliveira, Fabiano Ferreira de Castro, Fabio Assis Pinho, Elias Sanz
Casado, Fábio Mascarenhas e Silva, Fernanda Ribeiro, Georgete Medleg
Rodrigues, Giulia Crippa, Jesús P. Mena-Chalco, Jose Eduardo Santarem
Segundo, Joana Coeli Ribeiro Garcia, Helena Crivellari, Helen Casarin, Leilah
Santiago Bufrem, Ligia Maria Arruda Café, Lillian Maria Araújo de Rezende
Alvares, Luciane Paula Vital, Luciano Antonio Digiampietri, Marcia Cristina de
Carvalho Pazin Vitoriano, Marckson Roberto Ferreira de Sousa, Marcos Galindo
Lima, Maria Cristina Piumbato Innocentini Hayashi, Maria de Fatima Santos
Maia, Maria Isabel Gomes de Pinho, Mariângela Spotti Lopes Fujita, Patrícia
Mallmann Souto Pereira, Moisés Rockembach, Nair Yumiko Kobashi, Rogerio
Mugnaini, Rosângela Schwarz Rodrigues, Suzana Pinheiro Machado Mueller,
Valdir Jose Morigi, Vera Dodebei e Yue Chen, da Dalian University of
Technology.
Link de acesso ao periódico: <https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/index>.
Encontros Bibli: revista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da
Informação
Criada em 1996, a publicação periódica do PPGCI da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) possui periodicidade quadrimestral que adota a
modalidade de publicação continuada. Essa publicação periódica é avaliada
com Qualis A2, índice H: 28 e índice i10: 109.
Publica os seguintes tipos de documentos: originais inéditos de artigos
resultantes de pesquisa científica, ensaios de caráter teórico fundamentados
em revisão de literatura e estudos de caso. As áreas de cobertura abrangem os
campos da Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e
áreas correlatas.
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
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Os indexadores da revista são: ANCIB, b-on - Biblioteca do Conhecimento
Online, Biblioteca Virtual USP, Catálogo Coletivo Nacional de Publicações
Seriadas,
Elektronische
Zeitschriftenbibliothek
(EZB),
Electronic
Journals
Library, Journal Info - Lund Universities Libraries, OAIster, Academic Journals
Database, BRAPCI, DOAJ, Google Scholar, Directory of Open Access Scholarly
Resources, Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas
de América Latina, el Caribe, España y Portugal (LATINDEX), Portal Capes,
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), Red de Revistas
Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal (Redalyc), Red
Iberoamericana de Información y Conocimiento Científico, Sherpa/Romeo,
Sumarios.org, Ulrichs Periodical Directory (ULRICHS), Base de Dados da Área
de Direito (vLEX) e World Wide Science.
Quanto ao direito autoral, a revista é de acesso livre e imediato ao seu
conteúdo. Os artigos aceitos para publicação se tornam propriedade da revista.
Não cobra taxas de submissão e processamento de artigos (APCs).
Os critérios de submissão de trabalhos são: submissão de artigos com um dos
autores doutor; originalidade e contribuição para a comunidade científica; não
aceita artigos já apresentados na íntegra em eventos científicos, apenas serão
aceitas aquelas comunicações não apresentadas na íntegra, como os “short
papers” ou resumos, sempre que os trabalhos sejam reelaborados, ampliados
e que as modificações sejam significativas (é necessário que essas informações
estejam nos “Comentários ao editor” e na nota de rodapé da folha de rosto);
avaliação às cegas; os critérios de prioridade da revista são originalidade,
contribuição, pertinência, vigência temática, estrutura geral e cumprimento
das políticas editoriais; artigos aceitos com modificações tem um prazo de até
21 dias para serem modificados; são enviados cartas sobre os motivos de
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recusa de um manuscrito; o tempo médio de resposta desde a aceitação do
original até a confirmação de publicação é de, aproximadamente, 120 dias; os
editores podem realizar alterações nos manuscritos, apenas, em relação a
aspectos gramaticais, ortográficos e de ordem normativa; os textos poderão
ser apresentados em português, espanhol, inglês ou francês; publicações com
oito a 20 páginas; possui template de acordo com o tipo de publicação e
template de notas da obra, ambos obrigatórios; adicionar pelo menos um
potencial revisor de artigos da temática apresentada no trabalho nos
“Comentários ao editor” (informando o nome, instituição, país e e-mail) e
reconhecer que na sua obra não há plágios, fabricação de pesquisa, nem
falsificação ou manipulação de dados.
A comissão editorial é formada por: Enrique Muriel-Torrado (editor), Edgar
Bisset Alvarez (editor), Camila Barros (editora), Ana Cristina de Albuquerque,
Audilio Gonzales, Carlos Alberto Ávila Araújo, Carlos Tejada, Gustavo Henrique
de Araújo Freire, Héctor Alejandro Paredes, José Antonio Moreiro González,
Juan Carlos Fernández-Molina, Luc Quoniam, Marco Antonio de Almeida, Mario
Barité, Rogério Mugnaini, Ruben Urbizagastegui, Suzana Pinheiro Machado
Müller e Waldomiro Vergueiro.
Link de acesso ao periódico: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb>.
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Relato de casos práticos de pareceres dos processos
avaliativos
Jorge Santa Anna
Após a apresentação das informações técnicas relativas a cada periódico,
partiu-se para a análise e reflexão de casos práticos de pareceres avaliativos.
Essa exposição foi conduzida mediante a experiência do facilitador no contexto
da submissão de manuscritos em diferentes revistas da área.
A princípio, foram discorridos, brevemente, alguns detalhes que permeiam os
“bastidores” da comunicação científica, tal como o cadastro dos autores e do
arquivo a ser submetido na plataforma do Open Journal Systems (OJS); o
status do manuscrito, à medida que entra no fluxo editorial; o envio do
trabalho a diferentes avaliadores e a decisão do editor, dentre outras
especificidades. A figura 1 expõe slide contendo demonstração da estrutura da
plataforma do OJS, com destaque aos procedimentos para submissão de
manuscrito.
Figura 1 – Estrutura do OJS e inserção de novo manuscrito
Fonte: Dados do evento (2019).
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Por sua vez, a figura 2 demonstra slide apresentado acerca da designação de
avaliadores para um manuscrito, considerando o parecer oriundo do processo
de avaliação.
Figura 2 – O fluxo avaliativo e os meandros da avaliação em periódicos
Fonte: Dados do evento (2019).
No intuito de finalizar a discussão, são expostos para apreciação dos
participantes, resultados verídicos de pareceres avaliativos, em que são
destacados comentários dos avaliadores, sejam eles de natureza estimulante e
positiva (aceitação do trabalho), até relatos mais críticos, com ou sem
fundamentos que justificam a rejeição do trabalho (figura 3).
Figura 3 – Três comentários distintos, de natureza positiva ou negativa do trabalho avaliado
Fonte: Dados do evento (2019).
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Mensagem final
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Com o propósito de finalizar as reflexões, o presidente do evento detalha os
procedimentos utilizados para condução dos assuntos apresentados na
presente edição. Também esclarece acerca da disponibilização de uma
planilha, contendo os nomes de diversos periódicos da área, produto esse que
está sendo elaborado por alguns membros da comissão do evento e que será
disponibilizado no site da ABMG, nas próximas semanas.
A planilha em elaboração representa, portanto, a coroação do evento,
configurando-se como um produto final, que poderia contribuir com o cotidiano
de muitos profissionais e pesquisadores, ao procurarem informações sobre
onde publicar e quais as principais características dos periódicos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação. Assim, a planilha vai conter diversos
dados como: nome do periódico, vinculação institucional, Qualis, periodicidade,
dentre outros. O gráfico 1 apresenta o total de periódicos a serem inseridos na
planilha, distribuídos por regiões brasileiras.
Gráfico 1 – Distribuição dos principais periódicos por regiões brasileiras
14
13
12
12
9
10
8
6
6
4
2
0
0
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sul
Sudeste
Fonte: Dados do evento (2019).
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Portanto, as atividades de pesquisa documental aliadas às experiências dos
organizadores permitiram identificar um total de 40 periódicos, presentes em
quase todas as regiões do país, pertencentes a instituições diferenciadas e com
variados
enfoques.
Além
desses,
a
planilha
também
contemplará
dez
periódicos internacionais que aceitam trabalhos no idioma português.
Por fim, a partir das discussões apresentadas pelos facilitadores, foi possível
perceber que a II edição do Conversando Sobre atingiu os objetivos a que se
propôs. Ao longo do evento, percebeu-se a integração, participação e
entusiasmos dos facilitadores e participantes. Portanto, ao findar do evento, a
mensagem de agradecimento foi acompanhada pelas sugestões de novas
edições, haja vista a amplitude do tema e a necessidade de se discorrer outros
aspectos e abordagens sobre a produção em periódico.
O presidente do evento, com auxílio da presidenta da ABMG, coloca-se à
disposição para receber críticas e sugestões de novos temas a serem
abordados em outras edições. Na ocasião, a bibliotecária Mônica Elisque
sugere palestrar sobre preservação da memória nas instituições, o que ficou
acordado, naquele momento, que essa seria a temática da III edição, a ser
realizada no mês de julho de 2019.
Ao findar do evento, foram expostas algumas dicas e sugestões para a
publicação em periódico, a saber:
Publicar em periódico é um processo surpreendente;
Ao mesmo tempo que é complexo, pode ser simplista;
Precisamos elaborar nossas pesquisas com consistência, com base no
conhecimento
que
construímos
e
submetê-las,
rompendo
medos,
angústias e dúvidas;
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Se
aprovados
ou
não,
os
pareceres
avaliativos
nos
conferem:
fortalecimento, conhecimento e perseverança! Portanto, mãos à obra!
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APÊNDICE A – FÔLDER DE DIVULGAÇÃO
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APÊNDICE B – PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA II EDIÇÃO
II EDIÇÃO DO CONVERSANDO SOBRE.....
"Os periódicos científicos da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação: onde
e como publicar"
Programação
- 18:30 as 18:40: Boas-vindas aos participantes e contextualização da
segunda edição do Conversando Sobre – por Maria Elizabeth de Oliveira Costa
- 18:40 as 19:00 h: apresentação do Repertório da Produção Periódica
Brasileira de Ciência da Informação – por Celsiane Aline Araujo
- 19:00 as 19:20 h: Breve apresentação das revistas REBECIN, Múltiplos
Olhares, Folha de Rosto, Pesquisa Brasileira e Páginas A&B - por Emanuelle
Geórgia Amaral Ferreira
- 19:20 as 19:40 h: Breve apresentação das revistas CI em Revista,
Informação & Informação, RBBD, Biblios e CI – por Jéssica Patrícia Silva de Sá
- 19:40 as 20 h: Breve apresentação das revistas Biblionline, RDBCI, Iberoamericana, ACB e Ponto de Acesso – por Mônica Elisque do Carmo
- 20:00 as 20:20 h: Breve apresentação das revistas Encontros Bibli, Em
Questão, Informação e Sociedade, Perspectiva e Transinformação – por Raíssa
Yuri Hamanaka
- 20:20 as 20:40 h: relato de casos práticos de pareceres dos processos
avaliativos – por Jorge Santa Anna
20:40 as 21:00 h: debates
- 21:00 h: Encerramento – por Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Facilitadores: Celsiane, Emanuelle, Jéssica, Jorge, Maria Elizabeth, Mônica e
Raíssa.
Monitoria: Andreza e Rosária.
BOM EVENTO A TODOS!
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APÊNDICE C – PRINCIPAIS FOTOS DA II EDIÇÃO
Preparação para acolhida: presidenta da
ABMG e presidente do evento
Início das
monitoria
atividades:
atividades
de
Pesquisadora
Celsiane
Aline
Araujo
discorrendo sobre portal de periódicos
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Pesquisadora Emanuelle Geórgia Amaral
Ferreira abordando as revistas: REBECIN,
Múltiplos Olhares, Folha de Rosto, Pesquisa
Brasileira e Páginas A&B
Pesquisadora Jéssica Patrícia Silva de Sá
apresentando as revistas: Ciência da
Informação em Revista, Informação &
Informação, RBBD, Biblios e Ciência da
Informação
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Pesquisadora Mônica Elisque do Carmo
discursando sobre as revistas: Biblionline,
RDBCI, Ibero-americana, ACB e Ponto de
Acesso
Pesquisadora
Raíssa
Yuri
Hamanaka
destacando as revistas: Encontros Bibli, Em
Questão,
Informação
e
Sociedade,
Perspectiva e Transinformação
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APÊNDICE D – COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO
Da esquerda para a direita: Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira, Rosaria Ferreira Otoni dos
Santos, Jéssica Patrícia Silva de Sá, Raíssa Yuri Hamanaka, Andreza Gonçalves Barbosa,
Mônica Elisque do Carmo e Jorge Santa Anna
Comissão organizadora da II edição do Conversando Sobre
Andreza Gonçalves Barbosa: Doutoranda na Escola de Ciência da Informação,
investigando sobre Bibliotecas Prisionais.
Celsiane Aline Araujo: Doutoranda na Escola de Ciência da Informação, investigando sobre
Dados Abertos.
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira: Doutoranda na Escola Ciência da Informação,
investigando a Nova Biblioteconomia de Lankes no contexto brasileiro.
Jéssica Patrícia Silva de Sá: Doutoranda na Escola de Ciência da Informação, investigando
sobre Leitura e Apropriação da Informação.
Jorge Santa Anna: Doutorando na Escola de Ciência da Informação, investigando sobre
Serviços de Referências em Bibliotecas Universitárias.
Maria Elizabeth de Oliveira Costa: Doutorando na Escola de Ciência da Informação,
investigando sobre Educação a Distância.
Mônica Elisque do Carmo: Doutoranda na Escola de Ciência da Informação, investigando
sobre Preservação da Memória Institucional.
Raíssa Yuri Hamanaka: Mestranda na Escola de Ciência da Informação, investigando sobre
Metodologias de BPM, aplicadas em meio acadêmico.
Rosaria Ferreira Otoni dos Santos: Bibliotecária pesquisando sobre BPM Acadêmico.
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Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Os periódicos científicos das áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação no Brasil: como e onde publicar?
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Celsiane Aline Vieira Araujo
Emanuelle Geórgia Amaral Ferreira
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Jorge Santa Anna
Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Mônica Elisque do Carmo
Raíssa Yuri Hamanaka
Rosaria Ferreira Otoni dos Santos
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Periódicos Científicos
Biblioteconomia
Description
An account of the resource
Exposição das principais revistas da Ciência da Informação e as peculiaridades de cada uma; passo a passo para submissão de um manuscrito; e casos práticos e reais de pareceres advindos da avaliação, tanto de aceitação quando de rejeição do trabalho.
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4585/Clubesdeleitura.pdf
555b613a6cf8e920617d6de6996a7554
PDF Text
Text
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
PROJETO
IV Edição do Conversando Sobre
A
G
E
N
D
A
CLUBES DE LEITURA EM
BIBLIOTECAS ESCOLARES E
ESPAÇOS PÚBLICOS
Com Flávia Abreu e Jéssica de Sá
2
0
3
0
-
RELATÓRIO EXPANDIDO
III
E
V
E
N
T
O
Flávia Ferreira Abreu
Geisa Mara Batista
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Jorge Santa Anna
Mônica Luiza Lages de Oliveira
Rosária Ferreira Otoni Santos
(Organizadores)
Belo Horizonte
Agosto de 2019
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
CLUBES DE LEITURA EM BIBLIOTECAS
ESCOLARES E ESPAÇOS PÚBLICOS
Com Flávia Abreu e Jéssica de Sá
RELATÓRIO EXPANDIDO
Belo Horizonte
ABMG
Agosto de 2019
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Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
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�ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
PROJETO AGENDA 2030 EM MG – III EVENTO
CONVERSANDO SOBRE – IV EDIÇÃO
Tema da edição: Clubes de Leitura em Bibliotecas Escolares e Espaços Públicos
Local do evento: Espaço de Leitura da Biblioteca Central da UFMG
Data de realização: 30 de agosto de 2019
Horário: 18:30 as 21:30 h
Comissão organizadora do evento
Presidentas do evento e palestrantes: Flávia Ferreira Abreu e Jéssica Patrícia Silva de Sá
Coordenadores: Jorge Santa Anna, Rosária Ferreira Otoni Santos e Maria Elizabeth de Oliveira
da Costa
Monitoria: Patrícia Maria de Melo
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
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2018-2020
SUMÁRIO
1 III EVENTO DO PROJETO AGENDA 2030 EM MG E IV EDIÇÃO DO
CONVERSANDO SOBRE: A LEITURA EM CENA ....................................... 3
2 ABERTURA DO EVENTO: BOAS-VINDAS E APRESENTAÇÕES............... 9
3
ATIVIDADES
DE
MONITORIA
AO
EVENTO:
DESNUDANDO
OS
BASTIDORES .......................................................................................11
4
LEITURA
AO
LONGO
DOS
SÉCULOS:
DIFERENTES
PRÁTICAS,
CONTEXTOS E AMBIENTES ..................................................................13
5 LEITURA E SEUS PORMENORES: ESTÍMULO, PROMOÇÃO E MEDIAÇÃO
...........................................................................................................20
6 CLUBES DE LEITURA: DESAFIOS, CONQUISTAS E PERSPECTIVAS ....23
7 MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO DOS LEITORES: RELATOS PRÁTICOS .........32
8 A LEITURA COMO FORTALECIMENTO PARA A VIDA ..........................36
REFERÊNCIAS ......................................................................................39
APÊNDICE A – MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DO EVENTO ......................42
APÊNDICE B – FOTOS DO EVENTO .......................................................43
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira da Costa
Demais membros: Andrea Brandão, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Graciane Borges,
Jorge Santa Anna, Maria Clea Borges e Taciane Rodrigues
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ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG – Gestão
2018-2020
1 III EVENTO DO PROJETO AGENDA 2030 EM MG E IV
EDIÇÃO DO CONVERSANDO SOBRE: A LEITURA EM CENA
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia. Professor e
consultor em trabalhos acadêmicos e científicos. Conselheiro editorial da
Revista Pró-Discente. Administra a gestão de secretaria e assuntos
administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
O propósito de concretizar ações que promovam mudanças práticas no
cotidiano das populações, sobretudo no âmbito dos municípios, é uma
iniciativa
da
Federação
Internacional
de
Associações
e
Instituições
Bibliotecárias (IFLA), ao comungar da política pública da Agenda 2030 da
Organização das Nações Unidas (ONU). Essa política tem como principal
objetivo possibilitar o desenvolvimento sustentável das nações, incluindo essa
evolução sob a perspectiva econômica, humana e social.
Tal proposta precisa ser inserida nas diversas instâncias e contextos,
envolvendo
todos
os
países
e
mobilizando
agentes
governamentais
e
instituições de qualquer natureza. Pensando nessa necessidade, é que o
Projeto Agenda 20301, em seu terceiro evento - em paralelo com o evento
Conversando Sobre2 – em sua quarta edição, apresentam à classe bibliotecária
mineira o evento intitulado Clubes de Leitura em Bibliotecas Escolares e
Espaços Públicos.
1
Projeto gerenciado pela Associação de Bibliotecários de Minas Gerias, com o objetivo de
fortalecer a discussão, em instância local (Minas Gerais), acerca da contribuição
desempenhada pelas bibliotecas na garantia do desenvolvimento sustentável das nações.
2
Evento bimestral que, a cada edição, aborda um tema específico no âmbito da
Biblioteconomia/Ciência da Informação, em Minas Gerais. Caracteriza-se como um bate-papo
entre interessados do assunto.
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Por certo, o tema abordado neste evento é acolhido com louvor pela diretoria
da ABMG, como também por pesquisadores e bibliotecários, em geral. Para os
bibliotecários, em particular, a leitura constitui uma prática que precisa ser
desenvolvida nas pessoas, sendo a biblioteca o espaço especial para esse
fazer. Mas, é errôneo considerar que a leitura está limitada aos recintos das
bibliotecas.
Pelo contrário, a leitura é algo que vai muito além das linhas de um texto
escrito ou que se desenvolve, apenas, em escolas e locais de alfabetização.
Como dizia Chartier (1998, p. 7), “[...] do rolo antigo ao códex medieval, do
livro impresso ao texto eletrônico, várias rupturas maiores dividem a longa
história das maneiras de ler [...]”. Ou ainda, conforme proferido por Paulo
Freire (1989, p. 13), “[...] a leitura da palavra não é apenas precedida pela
leitura do mundo, mas por uma certa forma de ‘escrevê-lo’ ou de ‘reescrevêlo’, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente [...]”.
Ao comungarmos da ideia de que a leitura é objeto de transformação e que se
manifesta em diferentes contextos, é que elegemos com vigor o tema
específico dos Clubes de Leitura, considerados como possibilidades (dentre
muitas outras) de fortalecimento da prática leitora. Acreditamos que, ao
refletirmos sobre os clubes, temos a possibilidade de demonstrar que a leitura
é dinâmica, que vai se modificando, ao longo dos tempos, recebendo
contribuições das tecnologias e sendo influenciada por preferências, modismos
e
tendências
culturais
variadas.
Mas,
o
seu
papel
de
transformação
permanece.
O papel transformador da leitura e a importância dela para o desenvolvimento
do indivíduo, por conseguinte, a evolução da sociedade, é inegável. Com
efeito, a preocupação em estimular o hábito da leitura precisa ser contemplada
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nas práticas profissionais de educadores, pesquisadores, bibliotecários, dentre
outros
profissionais,
além
de
estar
inserida,
também,
nas
agendas
governamentais, cujos maiores investimentos precisam ser realizados, haja
vista garantir a formação de uma sociedade mais leitora.
No âmbito dos investimentos realizados pelo poder governamental, destaca-se
a importância das políticas de fomento à leitura, tal como o Plano Nacional do
Livro e Leitura (PNLL), que, embora não tenha alcançado objetivos práticos,
possui uma base teórica muito bem fundamentada. Esse documento reza que
o Brasil precisa assegurar e democratizar o acesso à leitura e ao livro a toda a
sociedade, “[...] com base na compreensão de que a leitura e a escrita são
instrumentos indispensáveis na época contemporânea para que o ser humano
possa desenvolver plenamente suas capacidades, seja no nível individual, seja
no âmbito coletivo” (BRASIL, 2011, não paginado).
O desejo de transformar o País em uma sociedade leitora é complexo e não
pode estar, apenas, expresso nas políticas, ou constituir um fazer ou
responsabilidade de alguns; ao contrário, é preciso a união de esforços, entre
profissionais e instituições. Como pontuou Santa Anna (2017, p. 34), faz-se
necessária a participação de todos os elementos sociais, sejam instituições,
organizações e profissões “[...] as quais necessitam ser sustentadas por
políticas públicas gerenciadas e mantidas pelo Estado, realizando atividades
que despertem o gosto pela leitura entre todos os grupos da sociedade [...]”.
Para que a leitura seja adotada como uma prática cotidiana a ser realizada por
indivíduos, grupos e comunidades, é necessário, primeiramente, romper
alguns mitos e inverdades, tais como: - leitura como prática limitada a salas
de aulas e bibliotecas; - leitura como responsabilidade somente de educadores
e bibliotecários; - leitura como ação que permeia, apenas, a biblioteca escolar;
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- leitura como ato único de decodificação de sinais gráficos, dentre outros.
Rompendo essas limitações, fica mais fácil entender a contribuição da leitura,
os efeitos dela no desenvolvimento individual e coletivo, haja vista fomentar a
cidadania, e, por conseguinte, a participação de profissionais e instituições
rumo a uma sociedade leitora. A figura 1 demonstra o quanto essas relações
são indissociáveis.
Figura 1 – A união de esforços para a construção de uma sociedade leitora
Instituições: escolas, bibliotecas, centros
culturais, empresas, governo etc.
Indivíduo
Sociedade
leitora
Leitura
Profissionais: educadores,
bibliotecários, empresários, gestores,
governantes etc.
Fonte: Adaptado de Santa Anna (2017).
A análise à figura 1 permite inferir que a leitura é uma habilidade e, como tal,
precisa ser desenvolvida nos indivíduos, de modo que a prática cidadã seja
concretizada, o senso crítico estimulado e, como consequência, tem-se a
formação de uma sociedade leitora, processo esse considerado como um
avanço rumo ao desenvolvimento das nações.
É por meio dessas crenças que o III evento do Projeto Agenda 2030 em MG e
a IV edição do Conversando Sobre foram planejados, cujo objetivo foi o de
constituir um momento de discussão a respeito dos efeitos da leitura na vida
das pessoas e o que profissionais e instituições podem fazer em prol dessa
causa, sobretudo no que tange à formação e gestão dos Clubes de Leitura. O
quadro 1 apresenta os detalhes constitutivos desse evento.
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Quadro 1 – Detalhes do evento sobre Clubes de Leitura
Características principais
Nome do projeto de vinculação
Agenda 2030 em MG: o papel das
bibliotecas e Conversando Sobre
Número da edição do evento
III e IV, respectivamente
Temática
Leitura e Clubes de Leitura
Título
Clubes de leitura em bibliotecas escolares e
espaços públicos
Conteúdo programático
- O histórico e a formação de clubes de
leitura
- Mediação de leitura e formação do leitor
- Relatos de pesquisa em clubes de leitura
em bibliotecas escolares e espaços públicos
Público-alvo principal
Estudantes, pesquisadores e profissionais
interessados pelas temáticas do incentivo e
mediação de leitura, dentre outros aspectos
inerentes à formação do leitor e o contributo
da Biblioteconomia/Ciência da Informação,
nesse contexto
Local, dia e horário de realização
Local de ocorrência
Espaço de Leitura da Biblioteca Central da
UFMG – Campus Pampulha
Dia
30 de agosto de 2019
Horário
Das 18:30 às 21:30 h
Comissão organizadora
Presidentas e palestrantes
Flávia Ferreira Abreu e Jéssica Patrícia Silva
de Sá
Coordenação
Jorge Santa Anna, Rosária Ferreira Otoni
Santos e Maria Elizabeth de Oliveira da
Costa
Monitoria
Patrícia Maria de Melo
Apoiadores
ECI e Biblioteca Universitária da UFMG
Fonte: Dados do evento (2019).
As atividades de organização do evento iniciaram-se com dois meses de
antecedência, cuja equipe organizadora se mobilizou em prol dos processos de
divulgação, mediante elaboração de um fôlder (apêndice A). Além disso, o
evento também foi divulgado na TV Educativa da UFMG, por meio de entrevista
concedida por uma das palestrantes.
No que diz respeito aos conteúdos apresentados, importante reforçar que eles
se originaram a partir do desenvolvimento das pesquisas de Pós-Graduação
das palestrantes, em que as dissertações apresentaram os seguintes temas: Práticas de leituras em blogs (Jéssica de Sá) e Mediação, estímulo e promoção
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de leitura em bibliotecas escolares (Flávia Abreu). Ao longo do evento, a fim de
efervescer as discussões, foram convidadas duas professoras para relatarem
suas experiências e crenças acerca do processo de mediação de leitura. O
detalhamento acerca do conteúdo desse evento é apresentado nas próximas
seções deste relatório.
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2 ABERTURA DO EVENTO: BOAS-VINDAS E APRESENTAÇÕES
Rosaria Ferreira Otoni Santos: Graduada em Biblioteconomia.
Empreendedora e Personal Organizer. Organiza fotos, livros,
residências. Atualiza currículos. Assistente virtual Administrativa.
E-mail: santosrosariaferreiraotoni@gmail.com
Participar do evento Conversando Sobre, IV edição, com o tema Clubes de
leitura em Bibliotecas escolares e espaços públicos, foi muito instigante. Ao
conhecer o histórico e a formação de clubes de leitura, percebi a força da
vontade além das adversidades. A leitura aproxima as pessoas. Chamou-me a
atenção a afirmativa: “Existem diversos tipos de leitura. Não existe o certo ou
errado no tipo de mídia, formato ou gênero que se lê”. O fato real é que cada
leitor traça o seu perfil, de acordo com sua experiência de vida!
Os relatos de pesquisa explorados no evento foram muito bem apresentados
pela Flávia e Jéssica. Conheci contextos sociais diferentes, mas com resultados
semelhantes.
Mediar
a leitura
e
promover
eventos
que
proporcionam
compartilhamento de informações foram vivenciados com muita dedicação.
Também foi muito enriquecedor a presença de parceiras e representantes de
outros clubes de leitura e reencontro com colegas bibliotecários.
Neste evento, como coordenadora de cerimônia, fiz a abertura e fechamento,
bem como registrei os momentos em fotos. Aprecio essas tarefas e me
empenhei para fazer o melhor possível. Quanto à organização administrativa,
percebi que as atividades foram muito bem organizadas e conduzidas. O
cuidado com cada detalhe fez toda diferença. Emissão de certificados, lista de
presença, organização do local e o lanche foram perfeitos. Deixou um desejo
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de novo encontro para novas parcerias. Sou grata à ABMG, em especial à
pessoa do Jorge Santa Anna, pelo convite e por acreditar no meu potencial.
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3 ATIVIDADES DE MONITORIA AO EVENTO: DESNUDANDO
OS BASTIDORES
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consultor em trabalhos acadêmicos e científicos. Conselheiro editorial da
Revista Pró-Discente. Administra a gestão de secretaria e assuntos
administrativos da ABMG.
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A organização de eventos não constitui uma atividade fácil, visto que demanda
muito empenho, esforços e dedicação dos organizadores, os quais realizam
atividades variadas, normalmente agrupadas em comissões, haja vista facilitar
o andamento do processo de organização.
Dentre essas atividades, destaca-se a monitoria. A equipe de monitores presta
um trabalho árduo, “ao vivo” e, na maioria das vezes, os auxílios dessa equipe
se desenvolvem nos bastidores. No entanto, isso não desmerece o trabalho da
monitoria, pois é dela que vem todo apoio técnico/operacional para que o
evento se manifeste, se concretize, com o intuito de possibilitar melhor
comodidade aos participantes e facilitar o fluxo das atividades.
Na IV edição do Conversando Sobre, a atividade de monitoria esteve a cargo
da bibliotecária Patrícia Maria de Melo, que muito bem conduziu as atividades
básicas, como: acolhida aos participantes, coleta de assinatura dos presentes,
apoio de infraestrutura tecnológica, dentre outros.
O que mais chamou a atenção na atividade de monitoria foi a preocupação
com a organização do espaço. Em conjunto com as presidentas do evento, a
monitora teve o cuidado com a ornamentação, expondo objetos ligados à
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leitura e à cultura, além de expor uma canção para recepcionar os
participantes, o que promoveu um clima muito agradável e acolhedor no
ambiente.
Acreditamos que o cuidado com a preparação do espaço é um dos principais
fazeres na organização de evento, embora em muitas vezes, isso é colocado
em último plano. Criar um espaço ou contexto de ambientação é uma forma de
convocar os participantes a entrarem em clima de concentração, deixando suas
angústias diárias, a fim de se envolverem ao máximo com as atividades que
serão oferecidas ao longo do evento.
Nós, seres humanos, somos movidos por emoções e sentimentos e esses vêm
de nossas percepções, as quais se manifestam não apenas por meio de belos
discursos, mas, e, talvez, principalmente, por meio de gestos, de objetos, de
sons, dentre outros elementos implícitos.
Portanto, no evento sobre Clubes de Leitura, aprendemos muito acerca da
importância dos objetos e das atitudes que nos rodeiam, pois elas também
expressam significados, por conseguinte, instigam o despertar de atitudes
humanas, que podem ser benéficas ou não. A partir disso, pensemos na
importância que o ambiente e as atividades de monitoria interferem em nossas
vidas!
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4
LEITURA
AO
LONGO
DOS
SÉCULOS:
DIFERENTES
PRÁTICAS, CONTEXTOS E AMBIENTES
Jéssica Patrícia Silva de Sá: Graduada em Biblioteconomia. Mestra e
Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Atua como bibliotecária na Biblioteca Pública Municipal
Professor Francisco Tibúrcio de Olveiria na cidade de Santa Luzia (MG).
Tem interesse em pesquisas sobre leitura literária e compartilhamento
de leituras.
E-mail: j.jessicadesa@gmail.com
No contexto das leituras compartilhadas em espaços sociais, a retomada de
aspectos históricos sobre o surgimento das comunidades de leitores se mostra
relevante. Ao pesquisar historicamente sobre os hábitos de leitura, Darnton
(2010) afirma que a leitura não evoluiu numa única direção; ela assumiu
formas diferentes entre diferentes grupos em épocas diversas.
Vittorio Reggianini (Itália, 1858–1938). The storyteller.
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Darnton (2010) constata que, no Início da Idade Moderna, a leitura já se
constituía como atividade social na Europa. A leitura popular acontecia nos
celeiros, oficinas e tavernas. A instituição mais importante da leitura popular
era uma reunião ao pé do fogo.
No século XIX, artesãos, como charuteiros e alfaiates, revezavam-se para ler
ou contratavam uma pessoa para ler em voz alta e os entreter durante o
trabalho.
Os livros utilizados na leitura destinavam-se aos ouvidos, começando a
narrativa com expressões como “o que vocês vão ouvir?...”. Dessa forma, os
livros eram mais ouvidos do que vistos, contando mais com ouvintes do que
com leitores.
Knut Ekwall (Suécia, 1843 - 1912).
Charles Moreau (França, 1830 - 1891).
The Reading Lesson.
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Cafeterias
Assim como as classes populares, a elite também tinha suas formas de
vivenciar a leitura como atividade social. De acordo com Rebollar (2002, citado
por ALMEIDA, 2008), os primeiros pontos de encontros literários surgiram na
França no início do século XVI; eram os primeiros cafés e salões literários,
frequentados pela elite burguesa e pelos intelectuais da época.
Para Darnton (2010), a cafeteria foi uma instituição de leitura importantíssima,
que se difundiu pela Alemanha no século XVII. As cafeterias ofereciam jornais
e revistas, mostrando-se como ambiente propício para discussões políticas. Em
1760, Viena tinha, no mínimo, sessenta cafeterias desse tipo. Em Londres e
em Amsterdã, esses espaços de leitura nos cafés permaneceram por mais de
um século.
John Arthur Lomax (1857 - 1923). In the Library.
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Nos salões aristocráticos, grandes damas, cavalheiros e pessoas letradas
recebiam implicitamente uma educação literária. Uma rua inteira de Paris
torna-se, no século XVIII, um ponto de encontro literário. Nessa época, os
salões literários tornaram-se locais onde os convidados fumavam, bebiam,
jogavam cartas, liam poemas, ouviam música, riam, discutiam literatura e
participavam de debates calorosos sobre diversos temas.
Já no século XIX, com o aparecimento das indústrias, das redes de transporte,
das organizações operárias e do comunismo, os salões literários perdem ao
pouco seu espaço para discussões mais populares com assuntos como dinheiro
e política, transformando esses ambientes em locais de troca de interesses.
Com isso, é deixado para trás o glamour dos períodos anteriores, o que
empobreceu a vida cultural europeia (REBOLLAR, 2002, citado por ALMEIDA,
2008, p. 37-39).
“No Salão de Madame ‘Geoffrin’, em 1755”. Óleo sobre tela por Anicet Charles Gabriel
Lemonnier (1743 – 1824, França).
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Além dos cafés e salões literários, outra instituição de leitura importante foram
os Clubes de Leitura. Para um pequeno número de pessoas cultas que podiam
comprar livros, a leitura constituía uma experiência mais privada. Ainda assim,
muitas delas participavam de Clubes de Leitura, onde podiam ler quase tudo
que quisessem, numa atmosfera social. Por um pagamento mensal, tinham
acesso a livros, jornais e salas especiais destinadas à socialização.
A proliferação desses clubes em Paris aconteceu no século XVIII. Muitas
livrarias eram convertidas em gabinetes de leitura, cobrando-se uma taxa pelo
direito de frequentá-las. Nesses locais, os leitores tinham acesso a um
ambiente com boa iluminação, cadeiras confortáveis e a assinatura de meia
dúzia de jornais. Na Alemanha, os Clubes de Leitura cresceram numa
velocidade espantosa no século XVIII, fornecendo as bases sociais para uma
variedade distinta da cultura burguesa (DARNTON, 2010).
Guglielmo Zocchi. What happens next (Itália, 1874).
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Contexto Brasileiro
Broca e Barbosa (2005) descrevem que, no Brasil do início do século XX, a
vida boêmia centralizava-se não somente nos clubes, mas também nos salões
literários da época. Os tradicionais salões literários aconteciam no Rio de
Janeiro e também em São Paulo, reunindo intelectuais.
Os cafés literários, como a Confeitaria Colombo no Rio, eram ponto de
encontro de escritores, como, por exemplo, João do Rio e Lima Barreto. Além
dos cafés, as livrarias também eram locais de reunião dos escritores, sendo a
primeira e mais frequentada, a Garnier. Na livraria Revista Brasileira, reuniamse Machado de Assis, José Veríssimo, Lúcio de Mendonça, Coelho Neto,
Taunay, Nabuco e outros. “Dessas tertúlias acompanhadas de um chá e
torradas nasceu, como se sabe, a Academia Brasileira” (BROCA; BARBOSA,
2005, p. 81).
Confeitaria Colombo (1919).
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Livraria Garnier (Rio de Janeiro, 19-?).
Feiras Literárias
Por volta dos anos 1940, consolidam-se as primeiras feiras do livro. Surgida
nas cinzas da Segunda Guerra Mundial, a feira do livro de Frankfurt aconteceu
pela primeira vez em 1949. Seguindo a tendência alemã, surgem feiras do
livro em toda a Europa, como as de Londres, Paris, Belgrado, Berlim e Lisboa.
Aparece também a Feira de Guadalajara, no México, e as de Quebéc e Toronto,
no Canadá. São instituídas, no Brasil, “[...] a Bienal do Livro, a Feira Nacional
do Livro de Ribeirão Preto e a Festa Literária Internacional de Parati (FLIP),
considerada hoje como um dos mais importantes festivais literários do mundo”
(ALMEIDA, 2008, p. 42).
Ainda no século XX, acontece a ruptura radical dos tradicionais ambientes
literários com o aparecimento das novas tecnologias.
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5 LEITURA E SEUS PORMENORES: ESTÍMULO, PROMOÇÃO E
MEDIAÇÃO
Flávia Ferreira Abreu: Bacharela em Biblioteconomia (2010).
Especialista em Gestão Estratégica da Informação (2012). Mestra em
Ciência da Informação (2019) pela Universidade Federal de Minas
Gerais. Possui experiência na área de Ciência da Informação, com
ênfase em Gestão da Informação, atuando, principalmente, nos
seguintes temas: leituras compartilhadas, biblioteca itinerantes,
mediação de leituras e em gestão de sistema da informação. É servidora
do Sistema de Bibliotecas da UFMG, no setor de Referência da
Biblioteca Central.
Email: flaviaabreu2911@gmail.com
As pesquisas sobre leitura se preocupam em identificar a efetividade e
introjeção de conhecimentos pela leitura, entendida aqui como apropriação da
leitura, a partir da subjetividade do leitor permeado pelo seu contexto. Dumont
(2007)
salienta
que,
nas
últimas
décadas,
surgiram
indagações
para
compreender o contexto social e, assim, o fluxo de informações, o sujeito e a
diversidade da leitura nas diversas áreas de conhecimento.
Para a Ciência da Informação e a Biblioteconomia, a leitura é visualizada a
partir das necessidades dos usuários, segundo o perfil do leitor e o contexto
que está inserido. Baseando-se em estudo teórico, observa-se que o conceito
de mediação da informação evidencia a simbologia e dialética da informação e
da mediação, assim como o movimento que caracteriza as relações entre as
duas instâncias, determinando o sentido da realidade social (REIS; MARTINS,
2009).
O repertório intelectual conta muito, pois essa diversidade de leituras está
subordinada ao seu poder de interpretação, juntamente com os seus
conhecimentos acumulados, que são decisivos para a pluralidade de leituras.
Nesse sentido, “um mesmo texto pode ser lido distintamente por leitores de
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graus de conhecimentos diferentes e, de acordo com o ponto de vista de cada
um, podem chegar a conclusões diferentes” (NASCIMENTO, 2014, p. 33).
Campello (2009) alerta para o número significativo de pesquisas que têm
revelado os equívocos das políticas e das atividades de práticas da leitura, que
partem do princípio de que o importante é ler, não importa o quê; sem se
estudar e planejar o que ler, é criar o “gosto” da leitura por meio de técnicas
de animação, “possíveis”, e não direcionadas ao texto. Para a autora, a
biblioteca pode ser um espaço no qual se forma o leitor, desde que seja um
espaço de criação e de compartilhamento de experiências, um espaço de
produção cultural e que os bibliotecários e mediadores sejam leitores críticos,
aptos para o confronto com os usuários, por meio da literatura sem cobranças
mecânicas de compreensão de texto lido e sem fórmulas rígidas de indicação
por idade.
É recente, no Brasil, o uso do termo “mediação de leitura” por alguns autores
da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Bicheri e Almeida Júnior
(2013, p. 48) atestam que um dos requisitos para mediar a leitura “é ser leitor
e dar testemunho disso aos alunos; não só disponibilizar leitura aos seus
usuários, mas também propor-lhes leituras”. O mediador é o leitor atento,
respeitoso e desprendido de preconceitos (ALMEIDA JÚNIOR; BORTOLIN,
2009).
Mediar a leitura é mais do que ler um livro e indicá-lo para outros leitores. É
tornar a história interessante para o leitor, discuti-la, fazer questionamentos,
mostrar os benefícios que a leitura oferece e o poder de transformação que ela
tem na vida das pessoas (ALMEIDA; COSTA; PINHEIRO, 2012, p. 477).
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A mediação de leitura deve ir ao encontro dos interesses do leitor como
passaporte para novas leituras, interpretações e desdobramentos. Tem que
gerar inquietações, pois ao compartilhar a leitura, cada indivíduo irá
experimentar um sentimento de pertença, de apropriação, possibilitando abrirse para o outro, introduzindo-o no mundo (PETIT, 2008).
Acredita-se que o papel dos mediadores é buscar várias formas de mediar e
incentivar a leitura para além do texto, levar a reflexão por meio do diálogo do
que foi lido e das informações constantes nas entrelinhas. Todavia, deve-se ter
a ciência que o texto, mesmo oferecendo uma gama de probabilidades de
leitura, não pode ser lido arbitrariamente, de qualquer maneira, já que o
sentido não está apenas no leitor, nem no texto, mas na interação autor-textoleitor, cabendo ao mediador literário e ao leitor traçarem caminhos possíveis
de interpretação baseados no texto.
Nesse sentido, a pesquisa de Mestrado de Abreu (2019) buscou compreender
que ações de mediação e incentivo à leitura têm sido utilizadas pela equipe de
profissionais das bibliotecas escolares, com o intuito de formar leitores mais
capacitados a compor uma sociedade de cidadãos pensantes, formadores de
opinião e críticos, tendo o suporte e o domínio da leitura e, consequentemente,
a apropriação da informação. Nessa investigação, o clube da leitura foi
identificado como ação efetiva para se compartilhar a leitura.
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6
CLUBES
DE
LEITURA:
DESAFIOS,
CONQUISTAS
E
PERSPECTIVAS
Flávia Ferreira Abreu: Bacharela em Biblioteconomia (2010).
Especialista em Gestão Estratégica da Informação (2012). Mestre em
Ciência da Informação (2019) pela Universidade Federal de Minas
Gerais. Possui experiência na área de Ciência da Informação, com
ênfase em Gestão da Informação, atuando, principalmente, nos
seguintes temas: leituras compartilhadas, biblioteca itinerantes,
mediação de leituras e em gestão de sistema da informação. É servidora
do Sistema de Bibliotecas da UFMG, no setor de Referência da
Biblioteca Central.
Email: flaviaabreu2911@gmail.com
Clubes de Leitura em bibliotecas escolares
De
acordo
com
Campello
(2016),
um
dos
espaços
de
trabalho
dos
bibliotecários são as bibliotecas de formação básica escolar, onde é realizada a
orientação dos usuários na utilização efetiva desse ambiente de aprendizagem.
Para que a biblioteca escolar possa cumprir sua função, é necessário, além de
espaço e acervo, um bibliotecário “competente e engajado na escola como um
todo. [...] O bibliotecário deve ser competente, comunicativo, interessado e
criativo” (BICHERI; ALMEIDA JÚNIOR, 2013, p. 43).
Clube do Livro - Escola Municipal Aurélio Pires
Fonte: Acervo da pesquisadora (2018).
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O Clube do Livro foi implementado no início do ano de 2014, sob a supervisão
da bibliotecária que lá trabalhava na ocasião, com a participação da auxiliar de
biblioteca e da professora em readaptação funcional. Esse projeto gerou o
Prêmio Carol Kuhlthau para uma das fomentadoras do Clube. O objetivo dessa
ação é incentivar a leitura e formar leitores, além de criar um espaço em que
alunos, profissionais da biblioteca e professores pudessem interagir e
compartilhar experiências literárias, atribuindo um novo sentido à relação que
possuem com os livros, intensificando o gosto pela leitura. O Clube do Livro
visa educar os discentes para a literatura independentemente de notas
atribuídas pelo professor, contribuindo, dessa forma, para a formação do aluno
sem excluir a autonomia e o prazer dele com a leitura.
O Clube do Livro visava, também, apropriar-se do ambiente da biblioteca,
qualificado para promover a conjugação entre os elementos que permeiam a
prática da linguagem: oralidade, leitura e escrita (SÁ; PENA, 2015). Os
encontros do Clube são bimestrais para troca de experiências das leituras
realizadas. As mediadoras recebem os comentários escritos das leituras
realizadas pelos estudantes para conversarem nos encontros presenciais.
Apresentam-se, aqui, alguns depoimentos sobre o Clube do Livro, pelo viés das
mediadoras desse projeto.
A maior parte do tempo foi destinada aos comentários sobre as obras anteriormente lidas de
modo solitário. Ocorreu a troca de experiências literárias entre os colegas, consistindo no
intercâmbio de informações sobre os temas e ideias apresentados nos livros, relacionando-os
com os diversos aspectos da vida. A participação e a fala foram facultativas. À medida que o
participante se permitiu falar e ser ouvido, sendo essencial o respeito entre opiniões diferentes
ou contrárias, percebeu-se que sua autoestima foi aumentada (SÁ; PENA, 2015, p. 5).
A Sá sempre atuante, colaborativa, dando mais ideias e eu aprendendo com ela. [...] Nós
retomamos com o Clube do Livro e aí o professor, auxiliando, os auxiliares de biblioteca, os
professores de Língua Portuguesa, da [...]. Apesar disso, eu acho que conseguimos alcançar
alguns objetivos, sim, de alguns alunos que leem mais no Clube do Livro, mas acho que
precisa tempo para acompanhá-los, com um intervalo menor de encontros, o que ainda não
conseguimos fazer (EP1MA).
Esse projeto é o melhor que já vi. Eu não deixo ele morrer. [...] Não quero que morra e meus
alunos ficarão estimulando. É um projeto que assim, começou com muitos alunos; em geral,
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os meninos menores são mais propícios. A gente tinha dois encontros com os meninos do
sexto, sétimo, oitavo e nono ano. E, depois, foi enxugando e todos juntos. É muito livre! O que
é importante, que os meninos escolhem; é o que faço com meus alunos quando eu peço para
eles escolherem os livros que eles querem, em geral. Mas, a biblioteca, ela tem essa questão;
as meninas estão sempre preocupadas com o que os meninos estão lendo [...]. Eu acho que
nossa biblioteca só tem gente boa. [...] Nós temos muitos alunos que gostam de ler (EP3MA).
O ideal para esse processo seria a parceria mais efetiva entre biblioteca e sala
de aula. No entanto, essa integração tem acontecido em um nível de
coordenação, ou seja, a participação de professores ainda é restrita e o
trabalho é individualizado. Recomenda-se um nível de currículo integrado, cuja
atividade principal é a criação de um ambiente colaborativo, em que a
cooperação entre os profissionais da biblioteca e os professores seja definida
pelo currículo (PEREIRA; CAMPELLO, 2016). Foi possível constatar, no decorrer
do projeto, a emergência de diversas indagações que pressupõem estudos
teóricos por parte dos profissionais da biblioteca, a fim de que a prática leitora
seja aperfeiçoada.
Clube da Leitura
É um projeto criado há dez anos por iniciativa das professoras de Produção de
Texto e História em junção com a bibliotecária. Mesmo com a troca de
bibliotecárias nesse período, o projeto se manteve ativo com ações efetivas,
como retrata uma entrevistada.
Eu sempre entendi a biblioteca como o ponto central da escola [...]. Eu sempre tive muita
sorte com os profissionais da biblioteca, com os bibliotecários, porque, assim, sempre
acolheram muito bem minhas ideias. [...] A biblioteca teve a sorte de terem bibliotecárias
modernas no sentido de permitir que as ações aconteçam lá, de serem dinâmicas, chamativas
para os jovens e adolescentes, serem atrativas (EP1EP).
Os encontros com a leitura ocorrem nas sextas-feiras, a cada quinze dias entre
as mediadoras para discutir e planejar estratégias de mediação da leitura
dentro do ambiente da biblioteca. O diálogo com os membros do Clube é
quinzenalmente, por duas horas, às sextas, depois do horário das aulas, das
11:40h às 13:40h, para compartilhar as leituras.
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As mediadoras do Clube da Leitura, sensibilizadas pelo gosto de ler, ainda
restrito a um grupo de alunos da instituição EP, apesar de resistentes às
leituras obrigatórias a outros livros indicados pelos professores de Português,
mantiveram-se solícitas e desejaram diversificar e estimular as leituras.
Clube da Leitura – Dez anos de existência
Fonte: Acervo da pesquisadora (2019).
Dentre as principais ações que acontecem no Clube da Leitura, como também
os objetivos do Clube, destacam-se: a prática da leitura prazerosa e
comumente marginalizada,
convertida em uma leitura a ser realizada e
discutida no ambiente da biblioteca (isso implica em aproximar as ideias de
literatura-escola-prazer) (ABREU; BATISTA; OLIVEIRA, 2014); romper mitos e
derrubar preconceitos que envolvem a literatura, fazendo com que os alunos
descubram o prazer do texto no Clube da Leitura; leitura no cinema,
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relacionando a arte cinematográfica com a literatura; leitura em espaços
sociais, como asilos (a leitura se torna terapia para seus leitores); encontros
com autores para aproximar o leitor do contexto do autor, dentre outras
práticas e finalidades.
Integrantes do Clube da Leitura
Fonte: Acervo da pesquisadora (2018).
Observou-se que os projetos Clube da Leitura são elaborados e escritos
formalmente pelas equipes. Isso proporcionou a efetividade e longevidade da
ação. Assim, como em qualquer contexto organizacional, o planejamento, a
formalização e a colaboração entre os envolvidos são elementos essenciais
para garantir o melhor desempenho das atividades de mediação e incentivo à
leitura.
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Clubes de Leitura em Espaços Públicos
Jéssica Patrícia Silva de Sá: Graduada em Biblioteconomia. Mestra e
Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Atua como bibliotecária na Biblioteca Pública Municipal
Professor Francisco Tibúrcio de Olveiria na cidade de Santa Luzia (MG).
Tem interesse em pesquisas sobre leitura literária e compartilhamento
de leituras.
E-mail: j.jessicadesa@gmail.com
Durante o período de coleta de dados da pesquisa de Mestrado “Ler e
compartilhar na web: práticas informacionais de blogueiros literários”, a
pesquisadora teve a oportunidade de participar de dois Clubes de Leitura que
ocorrem em espaços públicos. Eventos que tiveram a observação participante
da pesquisadora: #Clube do Livro BH e Clube do Livro de Ribeirão das Neves.
#Clube do Livro BH
O #Clube do Livro BH é realizado no Centro de Referência da Juventude,
recinto público vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte. O evento acontece
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cerca de cinco edições por ano, ocorre aos sábados, das 14h às 18h, no
auditório do local, com capacidade para 300 pessoas.
O evento é realizado por duas organizadoras, conhecidas como irmãs Pimenta.
Elas relatam que a necessidade de trocar ideias sobre livros foi o que
impulsionou a criação do #Clube do Livro BH. No início, o projeto acontecia em
shoppings e parques da cidade com a participação de poucas pessoas, até que,
com uma quantidade maior de participantes, conseguiram a parceira com a
Fundação Municipal de Cultura para utilizar o Centro de Referência da
Juventude.
Cerca de 50 livros são destinados para sorteio entre todos os participantes.
Esses livros são oferecidos pelas editoras parceiras do evento. Há também a
participação de autores e editores convidados. As organizadoras conduzem o
evento com muitas brincadeiras, como o momento da dança.
O público é, majoritariamente, feminino, contando com a presença de muitas
mulheres jovens e adultas, algumas crianças e poucos homens. Em vários
momentos, ocorreram pausas para realização de sorteio de livros. Dentre as
atividades paralelas que ocorrem, no decorrer do evento, citam-se: leitura
coletiva diferentona, tambor vip, venda de camisas e canecas com logotipo do
clube, dentre outras.
Clube do Livro de Ribeirão das Neves
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O projeto é realizado por três blogueiros literários, administradores dos blogs
DNA Literário e Cultura Pocket: Rita Lima, Jussara Ferreira e Fábio Souza. O
Clube consiste em uma pequena reunião de cerca de 20 leitores, que se
encontram, mensalmente, para fazer um piquenique e conversar sobre os
livros que leram. Alguns livros são destinados ao sorteio.
Cada encontro tem um tema específico: Terror, Romance, Livros que viraram
filmes, dentre outros. O encontro sempre é iniciado pela fala de uma das
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organizadoras que discute o tema do mês. Cada participante é convidado a
falar
sobre
os
livros
que
leu.
Não
é
estabelecida
nenhuma
ordem,
possibilitando que cada leitor possa tomar a iniciativa de falar no momento em
que sentir vontade. Alguns leitores levam os livros que leram para mostrar ao
grupo, enquanto contam a história e falam das impressões.
Na maior parte das vezes, os leitores recomendam os livros, mas também há
momentos em que criticam alguns livros de forma negativa. Os membros do
grupo se sentem à vontade para comentar as falas dos demais.
Entre os comentários dos participantes, os organizadores sorteiam alguns
livros que conseguem por meio de editoras ou por doações. Cerca de 10 livros
são sorteados e há também o sorteio de marcadores de livros. O Clube
acontece de forma descontraída, informal e, principalmente, intimista. Em sua
maioria, o Clube é composto por adolescentes e mulheres, estando presente
alguns homens e crianças.
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7
MEDIAÇÃO
E
FORMAÇÃO
DOS
LEITORES:
RELATOS
PRÁTICOS
Geisa Mara Batista: Doutoranda em Estudos Linguísticos. Mestra em
Filosofia. Graduada em Filosofia e Letras. Professora da Faculdade
Senac – MG e da Rede Estadual de Educação. Coordenadora do Clube
da Leitura do Colégio ICJ. Atua no Ensino de Filosofia, Letras e na
formação de professores.
E-mail: geisamara.batista@gmail.com
Mônica Luiza Lages de Oliveira: Mestra em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014). Graduada em
Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010),
atuando principalmente nos seguintes temas: história da leitura,
formação do leitor, bibliotecas escolares, leitura na escola, literatura
infantil e juvenil. Atualmente, atua como bibliotecária e contadora de
histórias na Escola da Serra.
E-mail: monicafazhistoria@yahoo.com.br
Após a apresentação da palestra de Flávia Abreu acerca da mediação, estímulo
e promoção de leitura em bibliotecas escolares, foi aberto o espaço para livre
manifestação e questionamentos do público e demais participantes. A
professora e mediadora do Clube da Leitura do Colégio ICJ, Geisa Batista, e
Mônica Lages foram as primeiras a pedir a palavra. A participação das
mediadoras
pode
ser
dividida
em
três
seções:
1
-
mensagem
aos
bibliotecários; 2 - detalhamento da experiência do Clube; e 3 - respostas a
questionamentos do público e demais participantes. A seguir, precedemos aos
relatos.
1. Aproveitando
a
oportunidade
de
estar
diante
de
um
grupo
de
bibliotecários, as mediadoras abriram sua participação afirmando a
importância desse profissional para a fundação e manutenção de um
Clube da Leitura. Como as professoras relataram, a experiência do Clube
é replicável em vários outros ambientes. Essas mesmas professoras
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fundaram outros clubes nas instituições públicas em que atuam.
Contudo, não obtiveram o mesmo sucesso. Segundo as mediadoras,
ambas as escolas possuíam biblioteca e contavam com bom acervo.
Também tinham um grupo de alunos interessados em compartilhar suas
experiências e professores interessados em mediar. No entanto, não
havia um elemento fundamental na equação, o bibliotecário. A falta do
conhecimento técnico do bibliotecário tornava a simples tarefa de
localizar um livro e tomá-lo emprestado uma missão quase impossível.
Mas a participação do bibliotecário como membro do Clube vai além: é o
bibliotecário que os alunos buscam para encontrar o livro que alguém
acabou de indicar; é o bibliotecário com escuta sensível o que mais
conhece o comportamento do leitor e observa mais de perto seus
interesses, os quais vão estimular e tematizar as melhores discussões; é
ele quem primeiro recebe as novidades literárias e comunica aos demais
membros, despertando o interesse para novas descobertas; enfim, é o
bibliotecário quem mantém unificado o Clube mesmo quando ele não
está
fisicamente
reunido.
Lamentavelmente,
a
experiência
das
professoras constata que, de modo geral, escolas públicas da rede
estadual não contam com profissional qualificado, o que acaba por
transformar as bibliotecas em grandes depositárias de livros, cuja
presença do estudante não é estimulada.
2. O Clube da Leitura do Colégio ICJ existe há 10 anos, tendo em média 30
membros, ao longo dos anos. Ele surgiu quando, observando o interesse
de um grupo de alunos, as professoras Monica e Geisa propuseram a
então
bibliotecária
Elisteia
Maia
a
criação
de
um
momento
de
compartilhamento de leitura. Contudo, as mediadoras fazem questão de
afirmar que o sucesso do projeto não implica em menores problemas. A
definição do número de membros ideal, o volume de leitura para
mediadoras acompanharem os membros e a definição de regras podem
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ser geradores de conflitos a serem tratados.
Como pontos que as
mediadoras julgam essenciais para o sucesso do Clube, estão:
a) superar o estigma “os alunos/jovens de hoje não gostam de ler, eles não
leem”. Todos leem, podem não ler o que você espera, mas leem. Cabe ao
mediador se aproximar, ouvir e oportunizar novas experiências;
b) garantir participação livre e democrática: o clube é espaço de liberdade de
expressão. Toma-se muito cuidado com possíveis preconceitos literários.
Segundo as mediadoras, uma frase sempre dita é “você pode não gostar de
um livro ou um texto, mas deve lê-lo para ser capaz de emitir sua opinião de
maneira qualificada, ou talvez, descobrir que estava enganado”. Os membros
são sempre estimulados a transitar por diferentes gêneros e autores;
c) capacitação e perfil dos mediadores: além da referida importância do
bibliotecário,
como
mediador,
assim
como
os
demais
mediadores,
os
profissionais que atuam em prol da leitura devem ser pessoas que gostam de
ler e com bagagem de leitura. O gosto pela leitura é o verdadeiro estímulo,
afinal, nenhuma palavra é mais poderosa que o exemplo. Tão importante
quanto gostar de ler e ter bagagem de leitura é ter a capacidade e técnica de
promover a experiência de leitura interativa e a intertextualidade. É esse
movimento entre interação/intertextualidade que garante a diversificação de
gêneros e ampliação do gosto de ler.
d) por fim, o Clube é um espaço intimista. Deve-se garantir que permaneça
como tal. Daí a relevância de se definir um número ideal de membros, bem
como um ambiente de confiança e liberdade de expressão sem julgamentos. O
ambiente do Clube é um ambiente de catarse, experimentação e fruição. O
texto deve ser livremente fruído por todos e eu posso compartilhar meus
próprios textos. As mediadoras relatam que não raro os membros se tornam
autores.
3) Uma das primeiras perguntas feitas às mediadoras foi justamente acerca
da
possibilidade
de
relação
entre
ler
e
escrever.
As
mediadoras
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responderam que a experiência delas mostra que, à medida que se ganha
mais intimidade com a palavra escrita, por meio da leitura, essa intimidade
parece naturalmente conduzir a vontade de também expressar suas
próprias palavras, a vontade de ser autor. Outro questionamento feito
referiu-se ao ato de mediar. Uma participante relatou às mediadoras certa
dificuldade em atuar como mediadora em relação a suas filhas e pediu
conselho. A resposta foi: Ouça! Primeiro ouça o que o leitor tem a dizer,
sem expectativas iniciais. Ouça seus interesses, gostos e conhecimentos e
dialogue com esses gostos, interesses e conhecimentos. Permita que
escolha com liberdade o que quer ler e leia junto. Compartilhe e se abra
para a troca; se fizer isso, estará mediando o próprio caminho dela como
leitora, não o que você traçou, o que pode, inclusive, te surpreender. Por
fim, um participante do Peru compartilhou a experiência de escrita de um
Clube de Leitura de crianças e um professor em sua terra natal, o qual
produziu um livro. Relatou, ainda, que a biblioteca de sua cidade foi
durante a ditadura um lugar de proteção e refúgio. O participante pediu
que as mediadoras comentassem sobre o que contou. As mediadoras,
primeiramente, falaram com interesse sobre a bem-sucedida experiência e
apresentaram o livro “Hoje tem Clube?”, livro esse produzido pelos
membros do Clube do Colégio ICJ. Sobre o emocionante relato da biblioteca
como refúgio, acrescentaram: “Se pensar bem, nada mais natural. O livro
não nos oferece apenas a segurança do conhecimento, mas a passagem
para novos mundos e perspectivas. Ainda que esteja a portas fechadas e
ao redor o ambiente seja inóspito, ninguém está verdadeiramente preso se
está com um livro. O livro é sempre uma janela aberta”.
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8 A LEITURA COMO FORTALECIMENTO PARA A VIDA
Flávia Ferreira Abreu: Bacharela em Biblioteconomia (2010).
Especialista em Gestão Estratégica da Informação (2012). Mestra em
Ciência da Informação (2019) pela Universidade Federal de Minas
Gerais. Possui experiência na área de Ciência da Informação, com
ênfase em Gestão da Informação, atuando, principalmente, nos
seguintes temas: leituras compartilhadas, biblioteca itinerantes,
mediação de leituras e em gestão de sistema da informação. É servidora
do Sistema de Bibliotecas da UFMG, no setor de Referência da
Biblioteca Central.
Email: flaviaabreu2911@gmail.com
Jéssica Patrícia Silva de Sá: Graduada em Biblioteconomia. Mestra e
Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Atua como bibliotecária na Biblioteca Pública Municipal
Professor Francisco Tibúrcio de Olveiria na cidade de Santa Luzia (MG).
Tem interesse em pesquisas sobre leitura literária e compartilhamento
de leituras.
E-mail: j.jessicadesa@gmail.com
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia. Professor e
consultor em trabalhos acadêmicos e científicos. Conselheiro editorial da
Revista Pró-Discente. Administra a gestão de secretaria e assuntos
administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
As atividades realizadas no III evento do Projeto Agenda 2030 e IV edição do
Conversando Sobre demonstraram as contribuições da leitura, considerando a
evolução do sujeito em sua individualidade, ou enquanto elemento pertencente
a um contexto social (coletividade). Também reforçaram a necessidade em se
desenvolver iniciativas que provoquem o hábito da leitura, uma vez que ela
constitui uma habilidade adquirida; logo, precisa ser estimulada.
Quando a prática da leitura é realizada no meio social, aumentam-se as
possibilidades de formação de leitores mais críticos, além do compartilhamento
de
conhecimento
entre
os
que
mediam
essas
práticas.
Portanto,
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apresentaram-se os exemplos dos Clubes de Leitura: Clube do Livro da Escola
Municipal Aurélio Pires, Clube da Leitura do ICJ, Clube do Livro BH e Clube do
Livro de Ribeirão das Neves.
Ao
ser
realizada
nos
ambientes
das
bibliotecas,
especificamente,
nas
instituições de ensino, como nas bibliotecas escolares, a leitura servirá como
alavanca na produção de novos conhecimentos, enriquecendo, portanto, o
aprendizado
e
também
a
criticidade.
Com
efeito,
paralelo
à
leitura,
desenvolvem-se as atividades de mediação, promoção e incentivo. Essas ações
são
complementares
e
possibilitam
a
transmissão
de
conhecimento
enaltecendo o valor que a leitura assume na sociedade humana.
Após o término do evento, a partir dos resultados, é possível perceber que os
objetivos foram alcançados, a ponto de extravazar as expectativas da
comissão organizadora. Isso porque os participantes tiveram a oportunidade
de conhecerem e compartilharem um pouco mais sobre o universo da leitura,
sobretudo no que tange à necessidade de se implementar projetos que
fomentem essa prática, nos mais diferentes contextos e espaços.
O evento obteve uma avaliação positiva, haja vista a satisfação dos
participantes ao final do evento. Como proferido por um dos membros da
comissão organizadora:
Parece que a leitura tem o poder mágico de ir muito além da produção de conhecimento. Ela
tem o poder, também, de nos encorajar para a vida, fortalecendo nossa cidadania, como
também ela nos fortalece, alivia os nossos cansaços, angústias e sofrimentos. Em pleno final
de sexta-feira, chegamos a esse evento cansados com as fatigas da semana, e, ao final do
evento, saímos aliviados, pronto para novas aventuras da vida (Comentário de um membro da
comissão organizadora).
Nas redes sociais, o sentimento também foi de satisfação e realização, em
virtude das postagens e compartilhamentos de fotos, curtidas e comentários
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diversos. A satisfação foi percebida, conforme palavras registradas por parte
dos participantes, em aplicativo de mensagem:
“O evento foi muito bom. A galera se empolgou tanto que, se deixassem, estariam lá até
agora!”. “É verdade! Falar da leitura é algo que nos cativa, nos encanta”.
Por fim, ao findar deste relatório, concluímos que a leitura manifesta-se como
a chave que abre as portas para o conhecimento, para a cidadania e para o
desenvolvimento individual e coletivo. A leitura é muito mais do que a
decodificação de códigos linguísticos; vai muito além do auxílio à alfabetização
e ensino-aprendizagem. Ela também envolve questões subjetivas profundas,
capaz de tocar nossos sentimentos e emoções, servindo, portanto, como ponto
de fortalecimento para a vida.
A importância da leitura confirmada neste evento evidencia a necessidade de
maiores investimentos e engajamento, tanto de profissionais, quanto de
instituições, do poder público ou privado, em busca de uma sociedade leitora
no Brasil. Assim, esperamos que a leitura deixe de ser um desejo e torne-se
uma realidade, um fazer cotidiano, ao longo do século XXI.
Para que se alcance a efetividade dessas ações com a leitura, é fundamental
conhecer os meninos, a escola e a literatura, sendo leitores que vão formar o
leitor pelo exemplo, pelo diálogo e por praticar aquilo que se acredita. Os
projetos Clube da Leitura são elaborados e escritos formalmente pelas equipes.
Isso proporciona a efetividade da ação.
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REFERÊNCIAS
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Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/c civil_ 03/_ato20112014/2011/decreto/d7559.htm. Acesso em: 16 set. 2019.
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Palestra proferida na Escola de Ciência da Informação – UFMG para a turma da
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http://periodicos.ufes.br/PRODISCENTE/article/view/18614/12627. Acesso
em: 16 set. 2019.
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APÊNDICE A – MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DO EVENTO
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APÊNDICE B – FOTOS DO EVENTO
Abertura do evento – Mensagem de boas-vindas
Início da palestra sobre Clubes de Leitura – relatos da dissertação da palestrante
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Apresentação das práticas de leitura ao longo dos tempos: dos ledores aos blogueiros
Palestrante apresentando os processos de mediação, promoção e incentivo à leitura, conforme
resultados da dissertação
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Palestrante contextualizando a leitura no âmbito da Ciência da Informação e Biblioteconomia
Participantes da plateia atentos aos debates
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Momento de discussão e socialização entre os participantes
Solenidade de entrega dos certificados entre a comissão organizadora
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Equipe ABMG e diretoria da Biblioteca Central da UFMG
Momento de confraternização – Encerrando as atividades
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Confraternização de encerramento
- OBRIGADO A TODOS E ATÉ
O PRÓXIMO EVENTO!
- Ações de Marketing em Bibliotecas
- Com Elisa Dobrillovich e Yuri Martins
- 30 de outubro de 2019
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Clubes de Leitura em Bibliotecas Escolares e Espaços Públicos
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Flávia Ferreira Abreu
Geisa Mara Batista
Jéssica Patrícia Silva de Sá
Jorge Santa Anna
Mônica Luiza Lages de Oliveira
Rosária Ferreira Otoni Santos
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Clubes de Leitura
Bibliotecas Escolares
Description
An account of the resource
O histórico e a formação de clubes de leitura. Mediação de leitura e formação do leitor. Relatos de pesquisa em clubes de leitura em bibliotecas escolares e espaços públicos
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG
-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/41/4584/BibliotecaPublicaLagoaSanta.pdf
fff93eb84aa754ec2290910fedd398af
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Text
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2018-2020
PROJETO
A
G
E
N
D
A
A BIBLIOTECA PÚBLICA DE
LAGOA SANTA E A AGENDA
2030
Com Tatiana Brandão e Paula
Mariano
2
0
3
0
-
RELATÓRIO EXPANDIDO
II
E
V
E
N
T
O
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
Jorge Santa Anna
(Organizadores)
Belo Horizonte
Agosto de 2019
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2018-2020
A BIBLIOTECA PÚBLICA DE LAGOA
SANTA
O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO COMO FACILITADOR NO PROCESSO DE
INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
Com Tatiana Brandão e Paula Mariano
RELATÓRIO EXPANDIDO
Belo Horizonte
ABMG
Agosto de 2019
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© 2019 Editora ABMG
- Este documento constitui uma produção técnica elaborada a partir dos eventos, projetos e
outras ações promovidas pelos membros da diretoria e demais colaboradores da ABMG.
- O documento ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita dos autores e da devida instituição.
PROJETO AGENDA 2030 EM MG – II EVENTO
Tema da edição: A biblioteca Pública de Lagoa Santa e a Agenda 2030: o papel do bibliotecário
como facilitador no processo de inclusão da pessoa com deficiência visual na sociedade da
informação e do conhecimento
Local do evento: sala 1000 da Escola de Ciência da Informação. Universidade Federal de
Minas Gerais. Campus Pampulha
Data de realização: 12 de agosto de 2019
Horário: 18:30 as 21:30 h
Comissão organizadora do evento
Presidentas do evento: Tatiana Soares Brandão e Paula Renata Mariano
Coordenadores: Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Monitoria: Equipe ABMG
Apoio: ECI/UFMG
NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
REVISÃO TEXTUAL E NORMALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA: Jorge Santa Anna
PROJETO GRÁFICO: Jorge Santa Anna
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SUMÁRIO
1 O PROJETO AGENDA 2030 EM MG: O PAPEL DAS BIBLIOTECAS ......... 3
2 SEGUNDO EVENTO DO AGENDA 2030: A BIBLIOTECA PÚBLICA DE
LAGOA SANTA E A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.. 9
2.1 A BIBLIOTECA PÚBLICA DE LAGOA SANTA E A SALA BRAILLE ................13
2.2 A BIBLIOTECONOMIA SOCIAL AOS OLHOS DA BIBLIOTECA E DOS
BIBLIOTECÁRIOS ...................................................................................15
2.3 O PROJETO SALA BRAILLE .................................................................17
2.3.1 Desafios e conquistas que permeiam o Projeto ..........................18
3 A CONTRIBUIÇÃO DO SEGUNDO EVENTO E PERSPECTIVAS FUTURAS
...........................................................................................................21
REFERÊNCIAS ......................................................................................23
APÊNDICE
A
–
PROGRAMAÇÃO
DO
AGENDA
2030
–
SEGUNDO
SEMESTRE DE 2019 .............................................................................24
APÊNDICE B – MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DO II EVENTO ..................25
SOBRE OS AUTORES DO RELATÓRIO ...................................................26
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�3
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1
O
PROJETO
AGENDA
2030
EM
MG:
O
PAPEL
DAS
BIBLIOTECAS
Jorge Santa Anna
Os desafios enfrentados pela Biblioteconomia, ao longo dos tempos, têm
ocasionado inúmeras inquietações a diversos personagens envolvidos com a
área, seja na instância das escolas de formação ou no exercício profissional e
de pesquisa. É premente o discurso acerca da necessidade de se “reinventar”,
haja vista garantir o desenvolvimento e a consolidação dessa área de
conhecimento na sociedade, discurso esse
comungado por estudantes,
professores e profissionais de Biblioteconomia e áreas correlatas.
Esse discurso não é recente e tem se fortalecido ainda mais, com a chegada da
Sociedade da Informação e do Conhecimento, mergulhada em uma tendência
paradoxal ou dialética, mediante os conceitos de vivência x sobrevivência,
aperfeiçoamento x desaparecimento, evolução x extinção, dentre outros.
Evidentemente, não há como negar, em todas as profissões, a necessidade de
recorrer à criatividade e inovação, com o fim de romper essa dicotomia, por
meio da superação das ameaças, que precisam ser transformadas em
oportunidades.
As oportunidades somente serão alcançadas quando o fazer profissional
possibilitar
mudanças
concretas
que
agreguem
valor
para
pessoas,
organizações e instituições. Dessa forma, a contribuição profissional terá um
efeito mais direto no cotidiano da sociedade, o que possibilitará maior
reconhecimento e valorização, principalmente, por parte do Estado. É nesse
contexto, que precisam ser identificadas tendências emergentes para a atual
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sociedade do século XXI, e de que forma a prática bibliotecária poderá
contribuir com as novas demandas que surgem.
Não é preciso muito esforço para identificar temas emergentes que precisam
ser inseridos no cotidiano de bibliotecas e bibliotecários. Em instância
internacional,
por
exemplo,
tem-se
a
Agenda
2030
promovida
pela
Organização das Nações Unidas (ONU), a qual se desdobra em 17 objetivos
norteadores na construção de uma sociedade mais sustentável para as
próximas décadas. Com toda sorte para a área da Biblioteconomia, é que a
Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA)
aderiu tal projeto, elencando ações a serem realizadas pelas bibliotecas que
possam contribuir para o alcance desses objetivos.
Portanto, a adesão da IFLA se manifesta como uma oportunidade de
transformação para a Biblioteconomia, no atual século. É por isso que
acreditamos que a Biblioteconomia Social, um campo ou disciplina até então
obscuro aos olhos de muitos profissionais, pode ser considerada como um
tema emergente e que precisa ser inserido no fazer profissional, nesses novos
tempos. Não bastasse essa oportunidade surgida internacionalmente, no
contexto brasileiro, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
(FEBAB) aderiu às ações propostas pela IFLA, o que pode representar um
mecanismo de ascensão para o campo da Biblioteconomia Social, no Brasil.
No entanto, conforme proferido pela própria ONU, e como já é de praxe em
qualquer movimento que vise a mudança, ela somente ocorrerá quando a
diferença for realizada nas instâncias locais, que provoque modificações no
cotidiano das pessoas e das instituições. Ou melhor, como política pública que
visa a erradicação da pobreza e garanta o desenvolvimento das nações, a
Agenda 2030 somente alcançará essa proposta quando os objetivos forem
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aderidos e transformados em atitudes práticas, sobretudo no âmbito local, com
envolvimento do Estado e das instituições, em especial na esfera municipal.
Em comunhão com as reflexões promovidas pelas instituições bibliotecárias de
cunho internacional e nacional, como a IFLA e a FEBAB, é que nasce o Projeto
Agenda 2030 em Minas Gerais: o papel das bibliotecas, cujo escopo principal
de abrangência é o Estado de Minas Gerais. O projeto pretende despertar o
envolvimento de toda classe bibliotecária, haja vista trazer à tona, práticas
inovadoras desenvolvidas por bibliotecários e bibliotecas que provoquem um
efeito benéfico na vivência das sociedades, por conseguinte, contribua com o
desenvolvimento humano e social.
O Projeto é gerenciado pela ABMG, cujo objetivo principal é fortalecer a
discussão, em instância local, acerca da contribuição desempenhada pelas
bibliotecas na garantia do desenvolvimento sustentável das nações. O projeto
envolve um ciclo de palestras, cursos, oficinas, mesas redondas, dentre outros
eventos, com periodicidade não regular, e com temas relacionados à
contribuição das bibliotecas para o benefício das comunidades, haja vista a
construção de uma sociedade mais democrática, cidadã, igualitária e,
principalmente, inclusiva.
Projetado para se desenvolver ao longo dos meses de 2019, há pretensão de
se estender até o primeiro semestre de 2020. Esse desejo somente se
efetivará à medida que houver participação e aceitação por parte da classe
profissional. Portanto, a ABMG, ao longo do projeto, mediante estratégias de
identificação da satisfação e envolvimento dos profissionais, avaliará a
viabilidade (ou não) em estender o projeto para 2020.
O quadro 1 apresenta o detalhamento do citado projeto.
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Quadro 1 – Plano do Projeto Agenda 2030 em MG
Projeto Agenda 2030 em MG
Título oficial:
Projeto Agenda 2030 em MG: o papel das bibliotecas
Escopo:
Agenda 2030. Desenvolvimento Sustentável. Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável. Biblioteconomia Social.
Ações bibliotecárias inovadoras. Cidadania e democracia.
Políticas públicas. Sociedade inclusiva e igualitária
Objetivo geral:
Fortalecer a discussão, em instância local, acerca da
contribuição desempenhada pelas bibliotecas na garantia
do desenvolvimento sustentável das nações
Objetivos específicos:
1 – Ampliar o debate sobre o campo da Biblioteconomia
Social
2 – Aproximar profissionais e instituições para práticas
colaborativas e troca de conhecimentos e parcerias
3 – Despertar nos profissionais a necessidade da
inovação no fazer profissional
4 – Indicar possibilidades de aperfeiçoamento das
bibliotecas e campos de atuação bibliotecária
5 – Promover o debate acerca da inclusão social e o papel
das bibliotecas
6 – Encorajar profissionais para a mudança, criatividade e
engajamento
7 – Oportunizar o potencial, a visibilidade e o
reconhecimento do fazer bibliotecário para a sociedade,
em geral
Justificativa:
Manifesta-se como uma oportunidade de fortalecimento
da prática bibliotecária, sobretudo por demonstrar
projetos e ações inovadoras realizadas por bibliotecários
e bibliotecas mineiras, em vários contextos e instâncias
do Estado de Minas Gerais. Como consequência, além da
valorização e reconhecimento profissional, fortalece a
proposta da Agenda 2030, colocando o referido estado
em sintonia com instituições defensoras da profissão,
como Ifla e Febab
Principais ações desdobradas Ciclo de palestras, cursos, oficinas, mesas redondas,
dentre outros eventos
Público-alvo principal:
Estudantes, pesquisadores e profissionais que buscam o
fortalecimento da Biblioteconomia/Ciência da Informação,
na sociedade
Locais
prováveis
de Sede da ABMG, ECI/UFMG, dentre outros locais
ocorrência:
apoiadores
Periodicidade:
Não regular. Estará condicionada à demanda requerida
pelos profissionais
Tempo de execução:
Abril de 2019 a 05 de dezembro de 2019
Abertura oficial:
26 de junho, em paralelo com a III Edição do
Conversando Sobre
Encerramento
oficial
(se 05 de dezembro, em paralelo com o evento de entrega da
houver):
Medalha da ABMG
Prorrogação (se necessário): Até junho de 2020
Encerramento
oficial
(se 20 de junho de 2020, em paralelo com o lançamento dos
houver):
livros Mediação da Informação e O bibliotecário e as
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redes sociais
Desenvolvimento, publicação e lançamento dos livros:
Biblioteconomia Social e Empreendedorismo Bibliotecário,
no ano de 2018, pela ABMG
Coordenador
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Monitoria:
Raíssa Yuri Hamanaka, dentre outros interessados
Apoiadores:
ECI - UFMG
Alguns eventos previstos:
- Preservação da memória institucional (paralelo com a
III edição do Conversando Sobre)
- Biblioteca pública e a inclusão de pessoas com
necessidades visuais
- Clubes de leitura (paralelo com a IV edição do
Conversando Sobre)
- Biblioteca e formação do sujeito crítico
- Ações de marketing para uso da biblioteca (paralelo
com a V edição do Conversando Sobre)
- Acessibilidade em bibliotecas
- Inovação na Biblioteca Escolar
- Serviço de referência em bibliotecas (paralelo com a VI
edição do Conversando Sobre)
Fonte: ABMG. Plano do Projeto Agenda 2030 em MG (2019).
Gênese/origem:
Conforme exposto no quadro 1, percebe-se que o projeto foi planejado para
ser executado até o final de 2019, com possibilidade de ser prorrogado, até
meados de 2020, caso haja demanda e aceitação por parte da classe
bibliotecária e demais agentes apoiadores. Salienta-se, também, que o evento
intitulado Conversando Sobre (periodicidade bimestral) foi incorporado ao
Agenda 2030, sendo três edições realizadas em paralelo, no decorrer do ano
de 2019.
A respeito dos eventos, até o momento, foi realizada a palestra de abertura,
com o tema Preservação do patrimônio documental nas instituições: avanços e
desafios, ocorrida na ECI/UFMG, com presença da bibliotecária do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no dia 26 de junho. Além
disso, foi definida uma agenda prévia, contendo o cronograma de eventos
(previstos e confirmados) para o segundo semestre de 2019, conforme consta
no apêndice A. Com efeito, no dia 12 de agosto de 2019, concretizou-se o
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segundo evento do projeto, também no formato de palestra, com exposições
de casos práticos, realizados pela Biblioteca Pública de Lagoa Santa.
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2 SEGUNDO EVENTO DO AGENDA 2030: A BIBLIOTECA
PÚBLICA DE LAGOA SANTA E A INCLUSÃO DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
Jorge Santa Anna
O tema e as propostas do segundo evento do projeto Agenda 2030 em MG
foram pensados a partir dos resultados satisfatórios alcançados com o
desenvolvimento de um dos capítulos da obra Biblioteconomia Social: possíveis
caminhos para construção da cidadania, a partir do capítulo intitulado: O
essencial é invisível aos olhos. Nessa ocasião, as autoras Tatiana Soares
Brandão e Paula Renata Mariana discorreram, na forma de relato de
experiência, as contribuições oriundas de projeto para inclusão de pessoas com
necessidades visuais na Biblioteca de Lagoa Santa.
No evento de lançamento do citado livro, ocorrido em 20 de dezembro de
2018, as autoras apresentaram o capítulo, na forma oral, em um curto período
de tempo, haja vista as circunstâncias do evento de lançamento. Percebeu-se
o anseio dos participantes em conhecer mais essa iniciativa inovadora das
bibliotecárias, por conseguinte, planejou-se o evento intitulado A biblioteca
pública de Lagoa Santa e a Agenda 2030: o papel do bibliotecário como
facilitador no processo de inclusão da pessoa com deficiência visual na
sociedade da informação e do conhecimento.
Além da relevância do projeto de inclusão realizado pela Biblioteca de Lagoa
Santa, a escolha por esse tema para o segundo evento do Agenda 2030 em
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MG deve-se ao fato da inclusão contemplar uma necessidade instituída por lei
e que, em muitos contextos, ainda não atende os requisitos legais, infringindo,
portanto, direitos humanos, haja vista garantir o alcance de uma sociedade
inclusiva.
O evento direcionado às ações de inclusão realizadas pela Biblioteca de Lagoa
Santa foi realizado no dia 12 de agosto de 2019, na sala 1000 da ECI/UFMG, e
teve como presidentas, as bibliotecárias Tatiana Soares Brandão e Paula
Renata Mariano. Os demais pormenores desse evento são apresentados no
quadro 2.
Quadro 2 – Concepção do segundo evento do Agenda 2030
Características principais do II evento
Nome do projeto de vinculação:
Agenda 2030 em MG: o papel das
bibliotecas
Número da edição do evento:
Segunda
Temática:
Inclusão das pessoas com necessidades
visuais na sociedade e a contribuição das
bibliotecas
Título:
A biblioteca pública de Lagoa Santa e a
Agenda 2030: o papel do bibliotecário como
facilitador no processo de inclusão da
pessoa com deficiência visual na sociedade
da informação e do conhecimento
Conteúdo programático
- A função social da Biblioteca Pública e o
papel do bibliotecário
- Agenda 2030: objetivos 3, 4, 8 e 10 na
Biblioteca Pública
- Uso de recursos de Tecnologia Assistiva na
promoção da inclusão social da pessoa com
deficiência visual
Público-alvo principal:
Estudantes, pesquisadores e profissionais
interessados pelas temáticas da inclusão e
acessibilidade em bibliotecas públicas,
dentre outros aspectos inerentes ao
desenvolvimento sustentável e o contributo
da Biblioteconomia/Ciência da Informação,
nesse contexto
Local, dia e horário de realização
Local de ocorrência:
Sala 1000 da ECI/UFMG – Campus
Pampulha
Dia:
12 de agosto de 2019
Horário:
Das 18:30 às 21:30 h
Comissão organizadora
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Presidentas:
Coordenação:
Monitoria:
Apoiadores:
Fonte: Dados do evento (2019).
Tatiana Soares Brandão e Paula Renata
Mariano
Jorge Santa Anna e Maria Elizabeth de
Oliveira Costa
Equipe ABMG
ECI/UFMG
Ao longo do evento, além dos relatos acerca da criação do espaço destinado às
pessoas com necessidades visuais, muito foi enfatizado acerca da importância
de envolvimento do bibliotecário nessas ações de inovação. Conforme
proferido pelas palestrantes, na sociedade da informação e do conhecimento, é
essencial que o profissional de Biblioteconomia busque proporcionar aos
leitores com deficiência a inclusão educacional, informacional e cultural para
alcançar os objetivos da Agenda 2030. Assim, deve-se assegurar a educação
inclusiva e equitativa de qualidade, promover oportunidades de aprendizagem
ao longo da vida para todos assegurando o acesso à informação de qualidade e
de maneira igualitária.
A garantia da inclusão para atendimento aos objetivos dos ODS é assegurada
pela Biblioteca de Lagoa Santa. O quadro 3 descreve como a Biblioteca Pública
de Lagoa Santa busca assegurar o cumprimento desses objetivos.
Quadro 3 – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Biblioteca Pública de Lagoa Santa
OBJETIVO 3
Na Biblioteca Pública de Lagoa, as pessoas com deficiência
Assegurar uma vida saudável visual atendidas, que antes viviam reclusas e isoladas em
e promover o bem-estar para suas casas, afastadas de atividades sociais, alguns em
todos, em todas as idades
depressão, sem opções de lazer, hoje contam com um espaço
adequado para promover encontros semanais, inserindo-se
em um ambiente coletivo; elas não estão mais sozinhas; têm
uma vida mais ativa e saudável.
OBJETIVO 4
A Biblioteca Pública de Lagoa Santa oferece além de livros
Assegurar
a
educação acessíveis, oficinas de inclusão digital para pessoas com
inclusiva e equitativa de deficiência visual e capacita o grupo para utilizar algumas
qualidade
e
promover ferramentas de tecnologia assistiva. Antes de frequentar o
oportunidades
de projeto, nenhum integrante do grupo sabia utilizar
aprendizagem ao longo da
computador; hoje, os usuários acessam a internet para fazer
vida para todos
pesquisas de assuntos diversos, para ampliarem seus
conhecimentos. Atualmente, eles possuem mais autonomia;
podem usar e sabem usar o computador de forma
independente.
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OBJETIVO 8
Promover
o
crescimento
econômico
sustentado,
inclusivo
e
sustentável,
emprego pleno e produtivo e
trabalho decente para todos
OBJETIVO 10
Reduzir
a
desigualdade
dentro dos países e entre eles
OBJETIVO 16
Promover
sociedades
pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável;
proporcionar o acesso à
justiça para todos e construir
instituições
eficazes,
responsáveis e inclusivas em
todos os níveis
Fonte: Global taskforce (2019).
Ao terem o acesso à informação e serem capacitados, os
frequentadores dos projetos são colocados em igualdade de
condições com as outras pessoas na busca de colocação no
mercado de trabalho. Antes, a probabilidade de eles
conseguirem emprego era nula, tanto por não terem
formação quanto por não conhecerem seus direitos e as leis
que regulamentam a colocação obrigatória do deficiente
dentro de empresas privadas e instituições públicas. Alguns
estão trabalhando, outros se preparando para inserção no
mercado de trabalho, seja no setor público (concursos) ou
empresa privada.
Ao incluir as pessoas com deficiência visual na sociedade,
tanto por meio do conhecimento como interação social, o
Projeto contribui para reduzir a desigualdade social. Desse
grupo que se encontra em situação muito vulnerável em
todos os aspectos, especialmente econômica, alguns não
tinham nenhuma renda, viviam de doações da comunidade,
recebiam apenas cestas básicas de organizações não
governamentais. Após o Projeto, eles tiverem acesso aos
benefícios do governo, sendo inscritos nos programas sociais
disponíveis.
A Biblioteca Pública de Lagoa Santa adequou seu espaço,
serviços e os profissionais se capacitaram para atender as
pessoas com deficiência visual.
A partir do quadro 3, nota-se que, dentre os 17 ODS propostos na Agenda
2030 da ONU, a Biblioteca Pública de Lagoa Santa vem comungando desses
objetivos, concretizando ações que atendam aos objetivos de número 3, 4, 8,
10 e 16. Essas ações estão vinculadas, principalmente, ao projeto de
desenvolvimento da Sala Braille, cujo intuito é assegurar um espaço de
atividades para as pessoas com deficiência visual dessa cidade.
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2.1 A BIBLIOTECA PÚBLICA DE LAGOA SANTA E A SALA BRAILLE
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
A Biblioteca Pública Municipal Padre Agenor de Assis Alves Pinto, localizada no
município de Lagoa Santa - uma das cidades que compõem a região
metropolitana de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais – está sediada em
um prédio de 4 andares, ocupando uma área geográfica de 192 m2, cujo
endereço é Rua Cecília Dolabela n. 25, centro.
A figura 1 apresenta a
estrutura externa da Biblioteca.
Figura 1 – Prédio da Biblioteca Pública de Lagoa Santa
Fonte: As palestrantes (2019).
Essa unidade de informação vem se destacando pelas ações de inclusão
desenvolvidas especialmente na Sala Braille. Tal setor é resultado do empenho
de sua equipe para ofertar livros acessíveis e serviços para as pessoas com
deficiência visual da cidade.
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Os recursos existentes na biblioteca e na prefeitura foram direcionados para o
Projeto Sala Braille, e recursos junto à iniciativa privada também foram
levantados.
Uma sala na biblioteca foi disponibilizada para abrigar o acervo
acessível e para receber as pessoas com deficiência. A figura 2 apresenta o
interior da sala, com destaque ao mobiliário, equipamentos eletrônicos e
acervo informacional para uso das pessoas com necessidades visuais.
Figura 2 – O espaço destinado à Sala Braille da Biblioteca
Fonte: As palestrantes (2019).
Além do empréstimo de livros acessíveis, são oferecidas diversas atividades
visando à inclusão social e à acessibilidade na biblioteca: sessões de cinema
com recurso acessível (audiodescrição), roda de leitura, inclusão digital para
pessoas com deficiência visual (Dosvox, NVDA e internet), oficina de iniciação
ao alfabeto braile e excursões a instituições culturais.
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2.2 A BIBLIOTECONOMIA SOCIAL AOS OLHOS DA BIBLIOTECA E
DOS BIBLIOTECÁRIOS
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
Atualmente, um dos maiores desafios dos bibliotecários diz respeito ao seu
papel como agente transformador na sociedade.
Por meio do enfoque
informacional e das mudanças ocorridas na sociedade, o profissional da
informação assume suas competências adotando e disseminando práticas
transformadoras na sociedade. O bibliotecário é, então, dentro da sua área de
atuação profissional, agente transformador da sociedade, uma vez que
contribui de maneira efetiva para uma formação social dos indivíduos,
disseminando a informação, sendo um facilitador no processo de construção do
conhecimento do indivíduo.
Nesse cenário, surge uma nova disciplina que confere um aspecto mais
humanizado à profissão: a Biblioteconomia Social. Acerca da relação dessa
disciplina com a área da Biblioteconomia, Santa Anna (2018, p. 21) discorre
que
a preocupação com o social precisa inserir-se no cotidiano dos
profissionais, como também deve fazer parte do fundamento teórico e
prático dessa ciência. A questão social, no âmbito da Biblioteconomia
contemporânea, perpassa por inúmeros contextos, sustentada por
projetos sociais inovadores e que não se limitam aos espaços físicos das
instituições, desde que objetive a construção da prática cidadã,
rumo a uma sociedade integralmente inclusiva. Assim, múltiplas
atividades podem ser pensadas com esse propósito, perpassando desde
o potencial da leitura e da educação para as pessoas, até contextos de
vulnerabilidade, junto aos grupos mais desfavorecidos e/ou em
situações de risco, como também, abranger as intervenções realizadas
no âmbito político, haja vista o fortalecimento, legitimidade e
reconhecimento da profissão na sociedade (SANTA ANNA 2018, p. 21,
grifo nosso).
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Contextualizando a tese de Santa Anna (2018), percebe-se que o Projeto Sala
Braille é uma iniciativa que enaltece o trabalho do bibliotecário e da biblioteca
em favor das causas sociais, colocando o papel desses agentes como
facilitadores da inclusão, logo, responsáveis por ajudar na execução dos ODS,
conforme proposta da Agenda 2030 da ONU. O bibliotecário é agente de
transformação da realidade, ao cumprir com as determinações estabelecidas
pelos órgãos internacionais, haja vista as melhorias que podem ser realizadas
nos contextos dos municípios onde exercem sua profissão.
A esse respeito, apresenta-se a figura 3, a qual registra um momento de
prática de leitura conduzido por bibliotecários, no espaço da Sala Braille da
Biblioteca de Lagoa Santa.
Figura 3 – Atividade de leitura conduzida por bibliotecário na Sala Braille
Fonte: As palestrantes (2019).
Nesse contexto, a Sala Braille é uma iniciativa de transformação na vida das
pessoas, o que demonstra o potencial do campo da Biblioteconomia Social,
conforme defendido por Santa Anna (2018). Com efeito, a Sala Braille é fruto
da atuação do bibliotecário, profissional que se caracteriza como um agente
disseminador de informação e transformador social, exercendo papel na
formação de leitores, de modo a viabilizar “[...] o acesso à informação para
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indivíduos
totalmente
à
margem
da
sociedade
da
informação
e
do
conhecimento. Foi oferecido um ambiente favorável ao gosto pela leitura,
tornando-os leitores reais [...]” (MARIANO; BRANDÃO, 2018, p. 217).
2.3 O PROJETO SALA BRAILLE
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
A Sala Braille da Biblioteca Pública atende crianças, jovens e idosos com
qualquer
grau
de
deficiência
visual
da
comunidade. Semanalmente,
a
Biblioteca disponibiliza o serviço de transporte, que busca e leva o aluno com
deficiência visual (ou qualquer usuário cadastrado para acesso ao local) em
casa para participar das atividades desenvolvidas no espaço.
O trabalho
desenvolvido é individualizado, pois buscamos atender as necessidades
específicas de cada um dos usuários da Sala Braille.
Cada frequentador tem acesso a um computador com o software DosVox1
instalado. No início de implementação do Projeto, foi apresentado o sistema,
manual, comandos, seus recursos e funções. Foi ofertado treinamento para a
utilização do programa. Os usuários também foram treinados a digitar,
imprimir e acessar a internet de maneira autônoma. Esses treinamentos, na
maioria das vezes, foram conduzidos por meio de oficinas, ministradas por
profissionais capacitados ao uso desses recursos. A figura 4 demonstra a
realização de uma oficina, com destaque aos usuários com deficiência
1
Constitui um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário
por meio de síntese de voz, viabilizando, desse modo, o uso de computadores por deficientes
visuais, que adquirem, assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho
(DOSVOX, 2019).
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monitorando os equipamentos e recebendo suporte dos instrutores das
oficinas.
Figura 4 - Sala Braille: oficina de inclusão digital para uso do Sistema Dosvox
Fonte: As palestrantes (2019).
Após dominar o uso do software, os frequentadores passaram a utilizar o
sistema de acordo com seus interesses e necessidades. Por meio desses
recursos, eles conseguem ler livros em PDF, fazer pesquisas na internet e
utilizar as redes sociais.
2.3.1 Desafios e conquistas que permeiam o Projeto
À medida que o citado Projeto começou a funcionar, foram realizadas
avaliações constantes, com o intuito de comparar os benefícios alcançados,
com a utilização do espaço pelos usuários com deficiência devidamente
cadastrados. Assim, apresentaremos alguns casos dos frequentadores mais
assíduos da sala, apontando como evoluíram durante o projeto (quadro 4).
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Quadro 4 – Alguns resultados alcançados
CASO 1:
Diagnóstico: 2011
Eliane
Cegueira total: retinose. Nível de
Idade:
40 escolaridade:
fundamental
anos
incompleto. Depressão. Não saía de
casa.
Sem noção de informática.
Sem acesso aos benefícios sociais,
mesmo tendo direito.
CASO 2:
Maria
Fernanda
Idade:
10
anos
Diagnóstico: 2011
Cegueira total.
Não utilizava
computador,
não
conhecia
o
programa Dosvox. Aluna do ensino
público de nível fundamental.
CASO 3:
João
Idade:
39
anos
Diagnóstico: 2011
Cegueira.
Causa: retinose. Não
conhecia o programa.
CASO 4:
Isabel
Idade:
65
anos
Diagnóstico: 2011
Cegueira total. Causa: diabetes.
Não utilizava computador; não
conhecia o programa Dosvox.
Aposentada.
com o Projeto Sala Braille
Evolução: 2019
Mais comunicativa e mais integrada
na sociedade. Recebe benefício da Lei
Orgânica
de
Assistência
Social
(LOAS). Utilizou o serviço oferecido
pela Biblioteca Pública de tecnologia
assistiva como ferramenta para seu
aprendizado
enquanto
estava
matriculada na Educação de jovens e
adultos (EJA). Concluiu o ensino
fundamental e médio; foi aluna
destaque na turma. Atualmente, em
2019, está estudando para prestar o
Exame Nacional do Ensino Médio.
Evolução: 2019
Leva livros em Braile, semanalmente.
Digita e imprime textos e acessa a
internet para escutar vídeos no
Youtube. O uso dos recursos de
tecnologia assistiva tem contribuído
para que Fernanda, aluna do ensino
fundamental, assimile melhor os
conteúdos
na
sala
de
aula,
desenvolva melhor sua escrita e seus
conhecimentos
específicos
de
ortografia. Apresenta seus trabalhos
na escola impresso em tinta e escrito
em braille.
Evolução: 2018
Frequentador da Biblioteca desde o
ensino
médio.
Estudou
para
concurso; foi aprovado, e hoje é
funcionário
público
municipal.
Atualmente, é aluno do curso de
jornalismo
na
UFMG;
continua
fazendo uso dos recursos disponíveis
na Biblioteca como ferramenta para
seus estudos acadêmicos.
Evolução: 2018
Digita, imprime, envia e recebe emails
e
pesquisa na internet.
Escreveu um livro utilizando o
programa
Dosvox.
Frequenta
diariamente
a
Sala
Braille.
Atualmente, está aprendendo a
utilizar as redes sociais. Aprendeu a
utilizar o programa. Faz curso técnico
de Teologia e utiliza os recursos de
tecnologia assistiva ofertados como
suporte para seus estudos.
Rua Guajajaras, 410, Centro - Belo Horizonte, MG - Cep: 30180-912. Edifício Rotary, Sala 608
Presidenta: Maria Elizabeth de Oliveira Costa
Demais membros: Jorge Santa Anna, Edcleyton Bruno Fernandes da Silva, Andrea Brandão,
Graciane Borges, Taciane Rodrigues e Maria Clea Borges
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2018-2020
CASO 5:
Anísio
Idade:
35
anos
Diagnóstico: 2015
Baixa visão, perda progressiva:
meningite.
Nível
médio.
Aposentado. Não tinha noção de
informática. Saía pouco de casa.
Evolução: 2018
Aprendendo
digitação.
Mais
comunicativo, interage bem com os
demais frequentadores. Conhece e
utiliza o Dosvox.
Fonte: Dados do Projeto Sala Braille (2019).
Os resultados até então alcançados demonstram a contribuição do Projeto na
inclusão das pessoas com deficiência na sociedade contemporânea. Por meio
de entrevista realizada a um dos usuários da Sala, observa-se a satisfação
desse frequentador, conforme relatado:
"Aqui convivi com pessoas com a mesma deficiência que eu, tive acesso à informação e soube
meus direitos. Aprendi a mexer no computador. Já tinha visto computador quando enxergava,
mas nunca pensei que ia aprender, ainda mais depois que perdi a visão. Aqui aprendi a usar
o computador sozinha, mandar e-mails, imprimir, escrever e usar sozinha o computador" (Sra.
Isabel, 63 anos, usuário do projeto).
Esses resultados reforçam a viabilidade do Projeto, a concretização dos ODS e,
principalmente, o papel do bibliotecário, nesse processo. Consideramos que a
prática
bibliotecária não
se
resume,
apenas,
ao
trabalho fechado
de
organização de acervo, no interior das bibliotecas. A função do bibliotecário é,
antes de tudo, humana; logo, tem a preocupação com o social. Portanto, ao
realizar ações de inclusão e bem-estar para as pessoas, esses profissionais e
as bibliotecas que gerenciam tornam-se “[...] facilitadores no processo de
construção do conhecimento, dentro da sua área de atuação profissional, cujo
objetivo principal é a democratização do acesso à informação para todos”
(MARIANO; BRANDÃO, 2018, p. 225-226).
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3 A CONTRIBUIÇÃO DO SEGUNDO EVENTO E PERSPECTIVAS
FUTURAS
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
Jorge Santa Anna
Vivemos em uma sociedade que, infelizmente, não é inclusiva, nem acessível.
Grupos minoritários vivem marginalizados, enfrentam ainda mais obstáculos
do que a maioria para terem acesso a direitos básicos. Os bibliotecários, no
exercício de sua profissão, podem contribuir de maneira efetiva para
transformar essa realidade. Eles são os profissionais responsáveis por
disseminar a informação, oportunizando a formação social do indivíduo de
forma autônoma para o pleno exercício de sua cidadania (MARIANO;
BRANDÃO, 2018).
Ao conhecer as diferentes formas de acesso à informação, o leitor com
deficiência visual ganha condições de igualdade em relação ao leitor vidente,
tendo, por exemplo, à sua disposição, os mesmos livros, realizando a leitura
na mesma dinâmica e tempo equivalente aos demais usuários por meio dos
recursos que a tecnologia existente permite. O bibliotecário tem o papel de
mediador, nesse processo, cabendo a ele conhecer e disponibilizar os recursos
para o leitor com deficiência visual.
É importante que cada vez mais os bibliotecários se atentem e estudem sobre
esses recursos e suas possibilidades, e que mais casos e relatos de experiência
sejam divulgados para inspirar novas ações inclusivas e aprimorar as já
existentes em bibliotecas. É importante também que as bibliotecas públicas
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assumam seu papel dentro dos objetivos da Agenda 2030, em prol do
desenvolvimento sustentável, em especial o de assegurar a educação inclusiva
e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos.
A partir das contribuições alcançadas com o Projeto Sala Braille, as quais
estimularam a condução do II Evento do Projeto Agenda 2030, confirmamos o
quanto as bibliotecas podem fazer, haja vista fortalecerem o direito dos
cidadãos, em uma sociedade que, muitas vezes, gera possibilidades de
marginalização das pessoas, ao invés de acolhê-las. Reiteramos que bibliotecas
e bibliotecários são personagens protagonistas dos ODS, sendo que as
unidades e profissionais, inseridos, principalmente, no contexto dos municípios
- muitos deles situados em regiões longínquas dos grandes centros – estão à
frente nessa causa, pois são eles que possibilitam a concretude do que está
expresso nas políticas, nos princípios e nas determinações normativas e legais
estabelecidas por órgãos e representantes governamentais.
O encanto do Projeto desenvolvido pela Biblioteca de Lagoa Santa instiga a
necessidade de que seja replicado em outros contextos, disseminando, cada
vez mais, o potencial das bibliotecas e dos bibliotecários, a exemplo do ilustre
trabalho realizado pelas gestoras desse Projeto. Nossos cumprimentos a todos
os envolvidos no Projeto e que muitos frutos ainda sejam colhidos a partir do
espírito inovador e da atitude humana dos profissionais dessa biblioteca!
Este relatório manifestou-se como o registro do II Evento do Agenda 2030 em
MG, que ocorreu no dia 12 de outubro, na ECI/UFMG, com participação de
bibliotecários, estudantes e pesquisadores. A partir do relato do Projeto Sala
Braille da Biblioteca Pública de Lagoa Santa, as atividades foram encerradas a
partir das 21:30, com mensagem de agradecimento por parte da equipe da
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ABMG, e breve apresentação do III evento do citado projeto, com tema sobre
Clube de Leituras, a realizar no dia 30 de agosto próximo. Assim, que muitas
inovações e provocações sejam conduzidas pelos bibliotecários em favor das
causas sociais!
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DE MINAS GERAIS – ABMG. Plano do
Projeto Agenda 2030 em MG. Belo Horizonte: ABMG, 2019. 01 manuscrito.
DOSVOX. O que Dosvox. 2019. Disponível em:
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/intro.htm. Acesso em: 11 set. 2019.
GLOBAL TASKFORCE. Guía para localización de los ODS: implementación y
monitoreosubnacional. 2016. Disponível em:
http://www.ods.gub.uy/images/GUIA-GLOBAL-TASKFORCE---ODSSubnacional-1.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019.
MARIANO, Paula; BRANDÃO, Tatiana. “O essencial é invisível aos olhos”: Sala
Braille da Biblioteca Pública de Lagoa Santa-MG. In: SANTA ANNA, Jorge;
SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da
(Org.). Biblioteconomia Social: possíveis caminhos para construção da
cidadania. Belo Horizonte: ABMG, 2018. p. 215-226.
SANTA ANNA, Jorge. Biblioteconomia e sociedade: resgatando o pensamento
de Jesse Shera. In: SANTA ANNA, Jorge; SILVA, Edcleyton Bruno Fernandes
da; COSTA, Maria Elizabeth de Oliveira da (Org.). Biblioteconomia Social:
possíveis caminhos para construção da cidadania. Belo Horizonte: ABMG,
2018. p. 14-22.
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APÊNDICE A – PROGRAMAÇÃO DO AGENDA 2030 – SEGUNDO
SEMESTRE DE 2019
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APÊNDICE B – MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DO II EVENTO
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SOBRE OS AUTORES DO RELATÓRIO
Tatiana Soares Brandão: Graduada em Biblioteconomia
e Letras (UFMG). Especialista em Gestão de Projetos
Sociais. Atua na Biblioteca Pública da cidade de Lagoa
Santa - MG, onde cresceu e reside. Elabora e coordena
projetos culturais, sociais e de inclusão, por meio do
incentivo à leitura, fomentando a democratização do
acesso à informação.
E-mail: tatianasb10@gmail.com
sto
Paula Renata Mariano: Bacharel em Biblioteconomia
pela UFMG. Especialista em Gestão Pública e em Gestão de
Projetos Sociais. Atua há 14 anos em biblioteca pública
elaborando e coordenando projetos culturais, sociais e de
inclusão, mediante ao incentivo à leitura, promovendo a
democratização do acesso à informação.
E-mail: paularenatamariano@gmail.com
e rosto
Jorge Santa Anna: Graduado em Biblioteconomia.
Professor e consultor em trabalhos acadêmicos e
científicos. Conselheiro editorial da Revista Pró-Discente.
Administra a gestão de secretaria e assuntos
administrativos da ABMG.
E-mail: professorjorgeufes@gmail.com
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
ABMG - Associação dos Bibliotecários de Minas Gerais
Subject
The topic of the resource
A ABMG tem como principal missão congregar bibliotecários, instituições e pessoas interessadas em Biblioteconomia, Ciência da Informação e áreas afins. Defender os interesses e apoiar as reivindicações dos associados. Representar os associados junto aos órgãos da classe nacionais e internacionais, aos órgãos públicos e privados e incentivar o aprimoramento da profissão e o desenvolvimento cultural através de cursos, congressos, seminários, palestras e outros.meuip.co
Text
A resource consisting primarily of words for reading. Examples include books, letters, dissertations, poems, newspapers, articles, archives of mailing lists. Note that facsimiles or images of texts are still of the genre Text.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
A Biblioteca Pública de Lagoa Santa e a Agenda 2030
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Tatiana Soares Brandão
Paula Renata Mariano
Jorge Santa Anna
Contributor
An entity responsible for making contributions to the resource
ABMG
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belo Horizonte (Minas Gerais)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
ABMG Editora
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Biblioteca Pública
Agenda 2030
Description
An account of the resource
A função social da Biblioteca Pública e o papel do bibliotecário. Agenda 2030: objetivos 3, 4, 8 e 10 na Biblioteca Pública. Uso de recursos de Tecnologia Assistiva na promoção da inclusão social da pessoa com deficiência visual.
Source
A related resource from which the described resource is derived
Relatório de evento
Language
A language of the resource
pt
ABMG