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O papel dos profissionais da biblioteca escolar no combate a
violência doméstica no brasil: precarização da leitura/escolaridade
pode influenciar no perfil do agressor
Marcos Pastana Santos (IFRJ) - marcos.pastana@ifrj.edu.br
Resumo:
A biblioteca escolar é o espaço para a criança ter acesso as obras disponíveis e criar hábitos
de leitura. O gosto pela leitura desperta interesse nos alunos a curiosidade, a descoberta de
mundos que só podem ser imaginados através da sua própria experiência com a leitura da
obra. Este trabalho de cunho bibliográfico propõe-se a reflexão dos profissionais da biblioteca
escolar a respeito de formarem jovens leitores e cidadãos. Compreendemos que a escassez de
leitura/escolaridade pode influenciar no perfil do agressor que comete violência contra a
mulher. Na sociedade contemporânea em que o mercado de trabalho encontra uma crise
financeira, o desemprego possui dados alarmantes. A escolaridade precária é um entrave para
o acesso ao mercado de trabalho formal. A falta de perspectiva de trabalho pode criar um nível
de estresse para o agressor. Indicadores comprovam que a falta de leitura pode interferir no
comportamento humano. A cultura do imediatismo aos bens de consumo, está também
atrelada a forma como lidamos com a informação, essa fragmentação do saber que recebemos
diariamente nos smartphones, deve ser consumida rapidamente e descartada para estar
pronto para obter novidades. A miserabilidade do conteúdo informacional e a baixa crítica do
cidadão pode possibilitar a construção de uma geração zumbi.
Palavras-chave: Violência doméstica. Leitura. Biblioteca escolar.
Eixo temático: Eixo 3: Cultura do privilégio
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
�XXVIII Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia e
Documentação
Vitória, 01 a 04 de outubro de 2019.
Eixo temático: 3 – Cultura do Privilégio
1. Introdução
Esta pesquisa de cunho bibliográfico pretende analisar a importância da
leitura para a formação do cidadão brasileiro. Buscamos traçar o perfil do agressor
de violência contra a mulher1. Indicadores demonstram que o baixo índice de
escolaridade pode ser um dos componentes para a agressividade. A falta de
leitura entorpece a capacidade de diálogo do homem, a sua competência de
enxergar o mundo se torna mais rarefeita. Os mecanismos de exclusão social que
estão expostos os indivíduos de baixa escolaridade aumenta a possibilidade do
homem se tornar violento. Propor uma reflexão dos profissionais da biblioteca
escolar na promoção de ações de incentivo à leitura, que as atividades neste
ambiente não sejam apenas se cunho pedagógico, que vão além, propondo
projetos de formação humana e lidando com as diferenças. Compreendemos que
a biblioteca é um espaço favorável a prática de ações reflexivas e de
empoderamento das mulheres. Para isso, é necessário desmistificar os preceitos
arraigados da nossa sociedade machista.
2. Violência
doméstica
no
Brasil
e
a
importância
da
leitura
no
comportamento humano
Nos últimos anos temos acompanhado o crescimento da violência
doméstica no Brasil. Indicadores da violência contra a mulher tem apresentado
que muitas relações conjugais passam pelo crivo do homem pela manutenção do
1
A violência contra a mulher compreende atos praticados em ambiente público ou privado e, em
diversos contextos do cotidiano, porém, é no ambiente doméstico que, fundamentalmente, ela
ocorre. É praticada quase sempre por homens da família que exercem relações de poder sobre as
vítimas e, ao serem protegidos pelos laços afetivos, podem levar ao extremo as relações de
dominação, originadas na cultura patriarcal que ainda se perpetua. (MADUREIRA, 2014, p.601).
�relacionamento, tendo o comportamento misógino. O desprezo ao sexo feminino
está em todas as classes. Pesquisas apontam que um dos perfis do agressor, está
atrelado a baixa escolaridade, como podemos observar na tabela 1 abaixo.
Tabela 1 – Autores de violência denunciados
Fonte: GOMES; CUNHA; FERREIRA (2016)
De acordo com Gomes, Cunha e Ferreira (2016, p.27) o Centro Integrado
da Mulher de Uberlândia, identificou que em 2015, 1.277 homens cometeram
violência contra a mulher. Aqueles que possuem somente o ensino fundamental
correspondem a 34,3% dos casos de violência doméstica. Apesar dos indicadores
sinalizarem que as maiores vítimas são mulheres que vivem em situação de
vulnerabilidade social, isso não descarta que outras mulheres que estão numa
situação econômica mais alta não sofram violência. Toda mulher está sujeita a
passar por uma situação de desprezo, simplesmente pelo fato de ser mulher. Não
ter hábito de leitura, embrutece o homem. A jornalista Fachini (2019) destaca o
momento de agonia que passa o cenário brasileiro.
"E para quem nunca leu, ou mesmo diz odiar leitura, eu só tenho a dizer
que está perdendo uma das maiores chances de… conhecer, reinventar,
transcender, cultivar, enfim... realizar no instante de uma página, uma
vida tão atrevida, que parece tão vivida e aquecida, a ponto de nos
abduzir da realidade embrutecida." (FACHINI, 2019).
Observamos a falta de pensamento reflexivo que atinge a sociedade, que
se encontra entorpecida pelos meios de consumo que lhe forneçam mecanismos
de alcançar a felicidade, nem que seja efêmera. Compreender o comportamento
humano vai além de investigar a cultura violenta do homem em uma sociedade
�machista. Está atrelada também aos mecanismos de poder e opressão sobre a
mulher.
Formar cidadãos conscientes e que tenham uma formação sólida não
apenas em disciplinas formativas do currículo escolar, perpassa a formação do
indivíduo além do aspecto acadêmico, inclui a formação para o mundo, o respeito
a mulher, as minorias, a diversidade, respeito à dignidade humana, pois é alicerce
fundamental para a solidificação de uma verdadeira sociedade democrática e livre.
Abaixo a charge de Carlos Lantuff que ilustra a violência contra a mulher
(ilustração 1).
Ilustração 1 – Violência contra a mulher
Fonte: Carlos Latuff (2011)
Enquanto não avançarmos no processo de formar uma sociedade que
realmente se aprofunde no conhecimento, que o respeito ao diferente comece
desde cedo, que os responsáveis pelos filhos, não transfiram o seu
comportamento familiar para a escola, que dialoguem com os profissionais de
educação meios de socializar a criança num ambiente agradável, de respeito aos
colegas de classe, que entenda as diferenças como um processo da diversidade
humana e não como um preconceito. A comunidade escolar pode contribuir muito
para evitarmos no futuro, que hoje as crianças, se tornem amanhã, adultos,
algozes de mulheres.
3. O papel dos profissionais da biblioteca na formação de cidadãos leitores
Os profissionais que atuam na biblioteca devem ter formação de
Bacharelado em Biblioteconomia e cursos de educação continuada para trabalhar
�com o público infanto-juvenil. A falta de formação profissional especializada neste
espaço infelizmente é realidade na maioria das escolas brasileiras. Para Brito
(2010) a leitura precisa ser resgatada pelos jovens e adultos como um hábito que
possibilita uma visão crítica sobre os acontecimentos sociais e políticos.
Na verdade, a leitura está relacionada não só a estes questionamentos,
mas a inúmeros outros. O ato de ler é representado por meio da escrita,
do som, da arte, dos cheiros. Cada leitor possui uma experiência própria,
cotidiana e pessoal, tornando a leitura única, incapaz de se repetir, e este
é o seu grande encanto. Através deste recurso fabuloso, conseguimos o
total domínio da palavra, traçando ideias e conhecimentos, sendo
possível entender o mundo que nos cerca, nos transformamos e, ao nos
transformar, abrimos nossas mentes para o desconhecido, passando
assim a construir um mundo melhor para cada um de nós. Por meio da
leitura resgatamos nossas lembranças mais especiais, que fazem parte
da nossa cultura. Essa cultura que nos foi dada tem como finalidade a
formação de cidadãos críticos e conscientes de seus atos, porém essa
cultura se dilui e se perde diariamente, e é este saber, esta cultura que
precisa ser recuperada. (BRITO, 2010, p.3).
Compreender a cultura a ser recuperada é não permitir que as crianças de
hoje percam o interesse pela leitura, que cada dia fica mais difícil dos profissionais
da biblioteca despertarem interesse frente o poder de sedução que os jogos
eletrônicos, a internet, redes sociais e qualquer outro meio de informação visual
e/ou sonora possa ter. Ler está cada dia mais escasso, principalmente num país
que a população já não tinha o hábito de leitura antes da internet. Com a geração
Z, que ficou conhecida como a geração de nativos digitais, que é o indivíduo que
nasceu com o advento da internet, seja capaz de se formar na geração de zumbi,
escravos da tecnologia que Steve Cutts ilustra abaixo.
Ilustração 2 – Geração Zumbi
Fonte: Steve Cutts (2016)
�A biblioteca escolar através dos seus profissionais pode contribuir
oferecendo atividades de leitura para as crianças que enriqueça a visão de mundo
dos leitores, e ao mesmo tempo que auxilia para a erradicação do preconceito e
estereótipos contra a mulher.
Conclusão
A informação imagética é mais fácil de assimilar do que a informação
textual. Mais fácil não significa ser mais informativa, que o indivíduo possa se
tornar um ser crítico. É necessária uma profunda discussão no processo de
aprendizagem escolar. A biblioteca escolar é um local que precisa incentivar o
hábito leitura e contribuir para a formação de cidadãos que respeitem as mulheres
e as diferenças. A leitura tem uma contribuição essencial no processo formativo do
comportamento humano.
REFERÊNCIAS:
BRITO, Danielle Santos de. A importância da leitura na formação social do
indivíduo. Revela, v. 4, n. 8, p.1-35, jun. 2010.
FACHINI, Sônia. Livros que aquecem, enquanto a realidade embrutece. Jornal
Ágora, v.7, n. 291, 05 mar. 2019.
GOMES, D. C.; CUNHA, S.; FERREIRA, J. Indicadores de violência doméstica:
dados do registro de ocorrências do Centro Integrado da Mulher - CIM e
outras fontes. Uberlândia: UFU/PROEX, 2016.
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
CBBD - Edição: 28 - Ano: 2019 (Vitória/ES)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Publisher
An entity responsible for making the resource available
FEBAB
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Vitória (Espírito Santo)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
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Title
A name given to the resource
O papel dos profissionais da biblioteca escolar no combate a violência doméstica no brasil: precarização da leitura/escolaridade pode influenciar no perfil do agressor
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Marcos Pastana Santos
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Vitória (Espírito Santo)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
FEBAB
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2019
Subject
The topic of the resource
Eixo 3: Cultura do privilégio
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An account of the resource
A biblioteca escolar é o espaço para a criança ter acesso as obras disponíveis e criar hábitos de leitura. O gosto pela leitura desperta interesse nos alunos a curiosidade, a descoberta de mundos que só podem ser imaginados através da sua própria experiência com a leitura da obra. Este trabalho de cunho bibliográfico propõe-se a reflexão dos profissionais da biblioteca escolar a respeito de formarem jovens leitores e cidadãos. Compreendemos que a escassez de leitura/escolaridade pode influenciar no perfil do agressor que comete violência contra a mulher. Na sociedade contemporânea em que o mercado de trabalho encontra uma crise financeira, o desemprego possui dados alarmantes. A escolaridade precária é um entrave para o acesso ao mercado de trabalho formal. A falta de perspectiva de trabalho pode criar um nível de estresse para o agressor. Indicadores comprovam que a falta de leitura pode interferir no comportamento humano. A cultura do imediatismo aos bens de consumo, está também atrelada a forma como lidamos com a informação, essa fragmentação do saber que recebemos diariamente nos smartphones, deve ser consumida rapidamente e descartada para estar pronto para obter novidades. A miserabilidade do conteúdo informacional e a baixa crítica do cidadão pode possibilitar a construção de uma geração zumbi.
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