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PROJETO ARQUITETÔNICO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E A
QUESTÃO DA CONSULTORIA TÉCNICA
BIBLIOTECAS: Universidade Federal de Rondônia
Universidade Federal do Maranhão
Universidade Federal de Uberlândia
Luís Antônio Reis
Arquiteto
Tendo em vista a experiência de nossa equipe com três projetos de bibliotecas universitárias, para as universidades federais de Rondônia, Maranhão e
Uberlândia, foi-nos reservado, neste simpósio, o tema relativo à questão da consultoria técnica para tais projetos. Neste âmbito, protanto, procuraremos identificar
o modo ideal de relacionamento entre arquiteto e consultor bibiiotecário, no sentido
de localizar a reciprocidade das contribuições.
Quando se trata de projetar bibliotecas, o arquiteto deve preocupar-se, imediata e especificamente, com 3 itens: a localização do edifício no núcleo do campus universitário, o oferecimento de condições de segurança e conservação para
o acervo e o oferecimento de condições ideais de conforto para os usuários. Estes
são pressuposto de natureza genérica, porque participam da elaboração de qualquer projeto para bibliotecas.
Relativamente aos projetos por nós desenvolvidos, a metodologia adotada
pela equipe previu a participação de um consultor já para as fases iniciais de elaboração dos trabalhos, isto é, o dimensionamento do edifício a partir de índices
como: relação acervo/n9 alunos, n9 posto/n9 de alunos, e a montagem do programa de necessidades. Além disso, foi considerado indispensável o acompanhamento, por parte do consultor, de todas as demais fases do projeto, no sentido de
indicar os pontos passíveis de "ajustes finos".
Na Universidade Federal de Rondônia, e em função das características climáticas particulares da região, houve a preocupação inicial de que a biblioteca se
caracterizasse como na "ilha de conforto", proporcionando aos alunos um local
agradável e adequado às atividades de leitura e pesquisa.
Localizado na praça central do campus, ao lado de outros edifícios de uso
coletivo (restaurante, auditório, etc), o prédio da biblioteca foi planejado para contribuir de forma marcante na constituição de dois importantes espaços públicos: a
�praça central e o calçadão que liga todos os edifícios do campus.
Decidiu-se pela adoção de dois pavimentos, que criassem um volume bem
proporcionado, a definir com segurança o lado sul da praça. Além disso, houve a
preocupação de que o edifício representasse um marco visual no interior do campus, compatível com a relevância e o prestígio das atividades que iria abrigar.
A opção pela utilização de dois pavimentos justificou-se pelas seguintes
vantagens: mantêm os ambientes administrativos e de atendimento ao público, localizados no térreo, em relação de contiguidade; proporciona tranqüilidade e isolamento aos ambientes de estudos, e oferece maior segurança ao acervo, localizado
no pavimento superior.
A articulação entre os dois pisos foi estabelecida por uma rampa, cuja localização em área de pé direito duplo ocasionou a criação de um belo espaço destinado ao hall de atendimento.
A utilização de rampas favorece, ainda, o acesso de deficientes físicos a todas as dependências do edifício.
Em termo de distribuição, os diversos setores da biblioteca organizaram-se
de modo a agilizar o funcionamento geral da biblioteca. Nesse momento, a colaboração do especialista foi indispensável, no sentido de evidenciar os problemas
mais comuns de locomoção, descarte e de movimentação acervo, a serem previstos no projeto em elaboração.
Assim, a metade do pavimento térreo voltada para a praça abriga as seções
de referência e multimeios, além dos espaços destinados ao acesso geral, balcão
de empréstimos, reprografia, guarda-volumes, sanitários e o hall de acesso ao pavimento superior. Nessa porção, localizam-se, portanto, as áreas onde predominam a circulação e os serviços básicos de atendimento ao público.
Já na metade norte, que dispõe de acesso exclusivo, encontram-se as áreas
destinadas às atividades administrativas, técnicas e de manutenção.
Finalmente, o pavimento superior abrigou o acervo geral e a sessão de periódicos, bem como a maior parte dos postos de leitura. Verificou-se, pois, que as
áreas de acesso imediato foram reservadas as atividades de atendimento e maior
movimentação de usuários criando maior privacidade para as atividades que exigem silêncio e ausência de movimentação por parte do público.
Atendendo mais uma vez às recomendações do especialista, no sentido de
estimular a utilização mais intensa da biblioteca, considerou-se imprescindível a
adoção de sistema de condicionamento de ar, que transformasse o edifício numa
espécie de "refúgio climático", invulnerável à agressividade do clima amazônico.
Afinal, é evidente que a associação das altas temperaturas às altas taxas de umidade relativa do ar favorecem, não só o desconforto dos usuários, como também a
�rápida deterioração do acervo.
É importante frisar que, além de dotar o edifício de tal sistema, foram adotadas todas as soluções de condicionamento passivo do envelope, tais como: isolamento térmico entre telhado e laje do forro, proteção solar das fachadas por meio
de brises e beirais, etc.
A área total desta biblioteca é de 2.000 m2, abrigando um acervo de 43.500
volumes, e permitindo a presença de 250 usuários simultâneos.
Quanto ao projeto da biblioteca da Unversidade Federal do Maranhão, este
foi interpretado pela equipe como uma oportunidade de reiterar os princípios urbanísticos estabelecidos no Plano Diretor do campus. Segundo tais princípios, o
campus deveria resgatar a "urbanidade de certa forma perdida nos campi de concepção racionalista". 1
Nesse sentido, o projeto do edifício procura contribuir para a criação de um
repertório de espaços públicos, como praças, passeios, calçadões, etc, que correspondesse às expectativas de interação social da comunidade.
A forma e a localização da biblioteca foram pensadas, portanto, em termos
de sua articulação com os prédios existentes, objetivando a criação de uma praça
central; tanto por sua escala, forma e tratamento paisagístico, como por sua "porosidade" (resultante das portas e corredores que lhe dão acesso), essa praça favorece e intensifica o convívio e o encontro informal entre os membros da comunidade acadêmica. Além disso, a natureza dos edifícios que a circundam (biblioteca,
restaurante, centro de vivência, salas de aula, etc) garantem sua utilização como
importante espaço gregário do campus.
O programa elaborado por técnicos da universidade foi analisado por nossa
equipe com a colaboração do consultor especializado Prof. Antônio de Miranda,
que enriqueceu o documento com importantes sugestões.
A distribuição das atividades em quatro pavimentos reflete claramente o modo de funcionamento da biblioteca, considerando-se, principalmente, que tais pavimentos foram desdobrados em oito entrepisos, a abrigarem gradativamente os
espaços mais movimentados (pisos, inferiores) e os mais privados (pisos elevados). Tais pisos permitiram, ainda, um melhor lançamento das rampas, que constituem o principal sistema de circulação vertical do edifício.
No nível do térreo, e a partir da entrada principal, encontra-se um grande hall
com pé direito de 12m, onde se localizam as rampas superpostas e os serviços de
atendimento ao público, como balcão de empréstimos e de informações. Nesse piso situam-se ainda os serviços administrativos e de apoio técnico, que se estendem pelo piso imediatamente inferior, onde se encontra a entrada de serviço.
O primeiro entrepiso elevado e destinado às seções de reserva e referência,
�em função da facilidade de acesso nesses casos exigida.
Essa localização permite também que o funcionamento dessas seções seja
mantido independentemente do acionamento do restante do edifício, permitindo sua
utilização segura e econômica durante a noite e os fins de semana.
O acervo geral e suas respectivas áreas de leitura distribuem-se entre os
níveis 4, 5 e 6. Os níveis 7 e 8 abrigam as coleções de periódicos, microformas e
obras raras, com suas respectivas áreas de apoio e de leitura.
Como importante contribuição da interação arquiteto/consultor bibiiotecário,
destacamos a decisão tomada pela equipe no sentido de desagregar do prédio da
biblioteca os equipamentos considerados de interesse comunitário (auditório), confina, livraria, etc). Tais equipamentos foram dispostos ao longo de sua marquise,
que limita a praça ao sul, e constitui interessante área de convívio e animação.
Este prédio resultou em 8.500 m2 de área construída, e pode abrigar um
acervo de 260.000 volumes e 1360 usuários simultâneos.
A UFU apresenta, de início, uma característica particular: suas atividades se
desenvolvem em três campi distintos, todos inseridos na malha urbana.
A organização espacial desses três campi é, hoje, objeto de estudo específico, tanto no sentido da criação de espaços para convivência da comunidade acadêmica, como na da expansão de suas atividades. Tais estudos indicam o remanejamento de áreas, sob o critério da compartimentação por área de conhecimento.
Desse modo, o campus de Umuarama passará a abrigar exclusivamente, as
atividades relacionadas com as ciências da vida (Medicina, Biologia, Veterinária),
ao passo que o de Santa Mônica reuniria as Ciências Humanas. Artes, Ciências
Exatas e Tecnologias.
Diante desse fato, qualquer discussão envolvendo a opção entre biblioteca
central ou biblioteca setorial seria irrelevante, já que, obrigatoriamente, o atendimento aos usuários teria de se fazer em local próximo aos departamentos. Desse
modo, a equipe mobilizou-se para projetar duas bibliotecas.
Iniciados os trabalhos pelo levantamento das necessidades, a área total
construída foi prevista para ser ocupada total e gradativamente em um prazo de 5
anos.
Sobre este ponto, vale destacar a intervenção do consultor especialista. Os
índices que então orientavam o dimensionamento dos edifícios indicavam um acervo de 1 milhão de volumes, para atender a uma população universitária em torno
de 10.000 pessoas. Considerando, entretanto, o tamanho das bibliotecas hoje
existentes, que abrigam um acervo de 100.000 volumes, verificou-se que aquela
era uma meta muito ambiciosa, principalmente numa época onde são escassos os
�recursos para investimentos no setor público. Lembre-se, a propósito, que a compra de outros 900.000 volumes no valor médio de US 20/volumes representaria um
despesa de ordem de US 18 milhões.
A experiência pessoal do consultor, além das projeções estipuladas pela
equipe técnica da universidade, trouxeram tais valores para um patamar mais realista - a meta a ser atualmente atinginda é de 300.000 volumes, enquanto que a
área total construída para as duas bibliotecas não ultrapassaria a marca de 10.000
m2 aproximadamente.
Em termos gerais, a solução arquitetônica posteriormente adotada buscou
atender nos seguintes requisitos: utilização de ventilação natural, proteção física
contra furto de volumes, proteção acústica (em razão da proximidade das vias urbanas), criação de espaços de apropriação coletiva racionalização de custos, e
utilização de materiais duráveis e de fácil manutenção.
Tendo em vista que está sendo desenvolvido um plano diretor físico para os
campi da UFU, e que tal plano privilegia a criação de espaços públicos a partir da
correta distribuição dos edifícios, para ambas as bibliotecas foram escolhidos terrenos centrais dentro dos campi. Observe-se ainda que, no caso se Santa Mônica,
o prédio da biblioteca inicia a ocupação de uma praça central, projetada para receber os edifícios de maior significação na vida universitária.
Ainda em obediência ao parâmetro de racionalização dos processos construtivos, as duas bibliotecas se apresentam como fruto de um único partido arquitetônico, cuja descrição sucinta pode ser a seguinte:
Os edifícios terão três pavimetos cada um, desenvolvendo-se em plantas
quadradas, que obedecem a um inter-colúnio de 7,5 metros. A fim de atender aos
preceitos de segurança e conforto ambiental, projetaram-se placas perfuradas revestidas de elemento cerâmico (a formar um grande muxarabi) e colocada a 2,5 m
das janelas dos pavimentos Entre as janelas e estas placas, existem espaços reservados aos jardins suspensos. Esta solução resolve, satisfatória e simultâneamente, os problemas relacionados a segurança da biblioteca, necessidade de ventilação das fachadas e a imperiosa necessidade de sombreá-las.
A ventilação interna dos edifícios será o resultado de dois recursos distintos:
primeiramente, a laje de cobertura foi "perfurada" em toda sua extensão por meio
de inúmeros lanternins.
Além disso, um grande espaço vazado, protegido por clarabóia, corta verticalmente todos os pisos, terminando em pátio central interno, no nível do chão.
Neste pavimento, e ao longo de um generoso espaço de pilotis, voltado em
ambos os casos para as praças centrais dos campi, localizar-se-ão as áreas de
apropriação eminentemente pública, tais como auditórios, salões de leitura livre,
�cantinas e acesso geral às bibliotecas.
Também no térreo, mas já no interior dos edifícios, estão os ambientes destinados aos acervos de reserva e banco de livros, além de hall de exposições e
balcão de empréstimos.
No primeiro pavimento, estão as coleções de referência e parte da coleção
geral, que também se distribui pelo segundo pavimento juntamente com os periódicos e a administração das bibliotecas.
Em termos quantitativos, vale lembrar que a biblioteca de Umuarama terá
4.000 m2 de área, abrigando 110.000 volumes e 400 usuários. Já a de Santa Mônica,s tendo em vista a maior diversificação de atividades, terá 6.000 m2, guardará
um acervo de 200.000 volumes e garantirá o atendimento a 900 usuários simultâneos.
A descrição sucinta de todos esses edifícios, realizada sob o ponto de vista
básico de distribuição de ambientes, conforto e manutenção do acervo, objetiva
demonstrar que o papel do consultor é fundamental para a racionalização do projeto. Sua experiência pessoal fornece ao arquiteto todos os dados relativos a movimentação periódica de acervo, ao fluxo diário de pessoas com interesses diversos, e a necessidade de equipamentos e serviços próprios de uma biblioteca. É,
pois, a partir de sua intimidade com as virtudes e deficiências de sua biblioteca, e a
partir de seu conhecimento genérico sobre a estrutura ideal de uma biblioteca, que
o arquiteto propõe soluções especiais adequadas.
Tratando-se, contudo, de uma interação entre profissionais de áreas distintas, é essencial que o arquiteto seja sensível às exigências próprias de uma biblioteca, tendo o cuidado de não subordinar os aspectos funcionais específicos a
opções estéticas, de valor estritamente arquitetônico.
Seu papel é o de interpretar e valorizar as propostas do especialista, criando
espaços interessantes que cumpram bem as suas funções. Qualquer iniciativa
neste sentido será certamente aproveitada, seja em termos de eficiência dos serviços, seja em termos da capacidade de concentração e aprendizado dos usuários.
Restaria ressaltar, aqui, a necessidade de ver publicados trabalhos desenvolvidos sobre este assunto, onde fossem discutidos, por exemplo, a relação
existente entre acervo e número de usuários potenciais, entre área construtída e
mobiliário utilizado, enfim, dados pertinentes às bibliotecas universitárias brasileiras, para que projetos futuros ao mesmo tempo reflitam e aperfeiçoem a nossa
realidade.
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 06 - Ano: 1989 (UFPA - Belém/PA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Automação de bibliotecas e serviços aos usuários.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFPA
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belém (Pará)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Projeto arquitetônico de Bibliotecas Universitárias e a questão da consultoria técnica. Bibliotecas: Universidade Federal de Rondônia, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal de Uberlândia (II Simpósio sobre Arquitetura de Bibliotecas Universitárias)
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Reis, Luís Antônio
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belém (Pará)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFPA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
1989
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Relato da Consultoria Técnica dos projetos de construção das Bibliotecas das Universidades Federais de Rondônia, Maranhão e Uberlândia.
Language
A language of the resource
pt
snbu1989