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1
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA & EMPRESA: UM POTENCIAL A SER
EXPLORADO
Adalberto do Rego Maciel Filho (e-mail: admaciel@nlink.com.br), Professor Titular Faculdade
das
Ciências de Administração de Pernambuco - FCAP- Universidade de Pernambuco - UPE.
Miriam Cunha de Aquino- Professora assistente aposentada do Departamento de Ciência da Informação
da UFPE.
Priscila Mendes Cândido (e-mail: priscillamc@zipmail.com.br), Bolsista de Iniciação Cientifica, FCAP
– UPE.
Juliana Gomes(e-mail: julianagomes@nlink.com.br), Bolsista de Iniciação Cientifica,
FCAP – UPE.
RESUMO
Interligam-se resultados de três pesquisas exploratórias sobre informação empresarial no
Recife. São analisados o perfil da demanda de informação em dez bibliotecas (seis
universitárias), as estruturas físicas e condições de oferta dos serviços bibliotecários, bem como
estudou-se a consulta ao banco de dados do CDI- SEBRAE/PE e identificou-se o perfil dos
usuários: sexo, escolaridade, motivo da procura, natureza da informação solicitada, número de
visitas e procedência. Discutem-se tendências, oportunidades e perspectivas no atendimento a
empresários e candidatos a empresários. Apresentam-se propostas para elevar a participação
desse segmento dentre os usuários das principais bibliotecas universitárias. Sugere-se tal política
face à importância da informação para o desenvolvimento econômico e do papel dos empresários
das pequenas e microempresas na geração de empregos e renda.
INTRODUÇÃO
Este trabalhos 1 tem a preocupação de investigar o perfil da demanda empresarial de informações
e discutir ainda diversas possibilidades de atendê-la. A importância das questões ligadas ao
conhecimento/informação e desenvolvimento tem sido objeto de diversos trabalho recentes
como o da OCDE (1996) e o do Banco Mundial (2000)2.
O presente trabalho compõe-se de quatro partes. Na primeira, se discutem as metodologias
adotadas em três estudos sobre informação empresarial no Recife. Na segunda, se analisa o
1
Este estudo não poderia ter sido realizado sem o auxílio e a colaboração dos técnicos do SEBRAE: Tereza
Brito, Andréia Moraes, Paulo Magalhães, Gilane Lima, Tereza Tenório, Catarina Valentin e Daniel Vieira.
Fundamental, no entanto, para consecução deste trabalho foi o apoio do Dr. Oswaldo Ramos. É importante
destacar, ainda, o apoio recebido da FACEPE através do PUBLIC, como também, das bolsas recebidas
pelos estagiários da FACEPE e da FCAP - UPE.
2
Vide também nesta questão Maciel Filho 2000.
�2
perfil da demanda dessa informação empresarial através de dados
oriundos de dois
levantamentos realizados em 2001 e 2002. O primeiro, uma pesquisa direta em dez bibliotecas
(Maciel, Aquino,Gomes, Lapa, 2001). O segundo, uma análise do banco de dados da biblioteca
do SEBRAE-PE ( Maciel, Aquino, Gomes e Mendes), que decorreu da mencionada pesquisa
direta. A terceira parte trata da estrutura para oferta de informação das mesmas bibliotecas do
primeiro estudo(Maciel, Aquino,Gomes, Lapa, 2001). Na quarta e última, comentam-se algumas
estratégias para atendimento pelas bibliotecas universitárias
da demanda de informação
analisada.
PARTE 1- CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
A pesquisa dos serviços prestados a empresários e candidatos a empresário abrangeu seis
bibliotecas universitárias (a Central da Universidade Católica de Pernambuco – BC/UNICAP, a
Central da Universidade Federal de Pernambuco-BC/UFPE3, do Centro de Tecnologia e
Geociência- CTG/UFPE, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas -CCSA/UFPE, do Centro
de Ciências Exatas e da Natureza -CCEN/UFPE, e da Faculdade de Ciência da Administração
da Universidade de Pernambuco -FCAP/UPE), a Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
e três especializadas(do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas –SEBRAE/PE e da Fundação Instituto
Tecnológico de Pernambuco –ITEP).
No primeiro estudo, utilizou-se questionário 4 para coleta de dados, posto à disposição do usuário
no serviço de referência de cada biblioteca, no período de abril e agosto de 2001. Todas as
bibliotecárias receberam orientação sobre como aplicá-los. Houve acompanhamento constante,
através de monitoração, para auxiliar o processo de coleta. Empregou-se o software Excel da
Microsoft na tabulação dos resultados desse trabalho.
3
Foram escolhidas no sistema de bibliotecas da UFPE aquelas setoriais que poderiam, potencialmente, ter
uma maior aproximação com o público pesquisado.
4
Os questionários podem ser solicitados via e -mail. Ainda, por falta de espaço, algumas tabelas e quadros
foram convertidos em textos na apresentação dos resultados das pesquisas.
�3
O segundo levantamento se realizou no Centro de Documentação e Informação (CDI), nome
atribuído às unidades de informação do SEBRAE de janeiro de 2001 a novembro de 2001. No
banco de dados do CDI de Pernambuco CDI/SEBRAE-PE, estão registradas informações
pessoais (escolaridade, endereço, profissão) dos clientes e os tipos de recursos da biblioteca
usados, assim como os assuntos por eles requisitados. Com a ajuda de técnicos5 de Informática
do SEBRAE/PE, elaborou-se um software em um formato compatível com as necessidades da
pesquisa. Assim, tornou-se possível o cruzamento das informações com o aplicativo
disponibilizado e a utilização de outros softwares, como o Access.
O universo se constituiu de 11.414 atendimentos registrados no banco de dados CDI/SEBRAEPE, no período de janeiro de 2000 a novembro de 2001 , feitos a 8.761 usuários.
No terceiro levantamento, utilizou-se um questionário elaborado a partir do modelo do MINC
para pesquisa sobre biblioteca universitária realizada em 1988. O mesmo foi preenchido pelas
bibliotecárias de cada unidade pesquisada. Nas quatros bibliotecas da UFPE , no entanto,
houve auxílio dos pesquisadores, buscando reduzir o tempo de coleta em função da
complexidade das mesmas.
Os bolsistas participaram das diversas etapas das três pesquisas: na atualização da bibliografia
através da Internet; na realização de busca em banco de dados específicos; na elaboração no
teste, na aplicação, no acompanhamento e na tabulação dos questionários; e na redação dos
relatórios parcial e final.
PARTE 2 – PERFIL DA DEMANDA EMPRESARIAL DE INFORMAÇÃO.
Discutem-se os resultados da pesquisa direta e, em seguida, os da análise do banco de dados
do CDI/SEBRAE-PE.
5
Paulo Magalhães e Catarina Valentin
�4
2.1 Pesquisa Direta
.
Comentam-se os resultados referentes às bibliotecas do SEBRAE e do SENAC e os das
demais bibliotecas pesquisadas.
Dos 101 questionários preenchidos por usuários nas bibliotecas do SEBRAE (84,16%) e do
SENAC (14,84%), 85,15% foram de candidatos a empresário, 9,9 % de empresários (todos
provenientes do SEBRAE) e 4,95% de empregados a serviço de suas empresas.
Os dados encontrados nessa pesquisa não serão aqui discutidos por dois motivos: o primeiro a
absoluta falta de espaço; o segundo é que
os resultados encontrados são similares aos
resultados obtidos na análise do banco de dados do SEBRAE e, portanto, estão analisados na
seção 2.2.
Nas demais bibliotecas pesquisadas: BC/UNICAP,
ITEP, Pública Estadual, BC/UFPE,
CTG/UFPE, CCEN/UFPE, CCSA/UFPE e FCAP/UPE em contraste com o observado no
SENAC e SEBRAE, não houve preenchimento de nenhum questionário devido, possivelmente, a
algum dos motivos comentados na seção 4.1.
A falta de interação entre as empresas e a biblioteca foi mencionada em entendimentos verbais
pelas próprias bibliotecárias. Disseram que, praticamente não existem usuários que sejam
empresários ou candidatos a empresário, entre aqueles que as procuram pessoalmente para
solicitar informação.
2.2 Estudo do Perfil da Demanda do CDI/SEBRAE-PE
Tendo em vista que dados referentes à demanda de informação empresarial não se encontravam
disponíveis nas bibliotecas universitárias, na pública estadual e em duas das especializadas, os
�5
11.414 atendimentos prestados a 8.761 usuários, de janeiro de 2000 a novembro de 2001, pelo
SEBRAE/PE constituem a única fonte que possibilita uma melhor compreensão do perfil dessa
demanda em Pernambuco.
No banco de dados do CDI, o termo tipo é uma classificação adotada para especificar a
natureza da publicação passível de ser consultada. Constataram-se as seguintes quantidades
demandadas de título por tipo de publicação, em ordem decrescente de consulta: perfil de
negócios 25,43 %; revistas 23,45%; anuários 12,53 %; manual 12,39 %; livros técnicos 10,87
%; oportunidades de negócios 8,95 % ; lista telefônica 4,60 %; fitas de vídeo 1,13 % e guias
0,54%.
Os quatros primeiros tipos alcançam 70% do total da quantidade demandada. O SEBRAE, de
acordo com informações colhidas junto às técnicas do CDI, é responsável pela maioria dos Perfis
de Negócios (80% a 90%), bem como pelas Oportunidades de Negócios. Desta forma, é
possível inferir que as publicações do SEBRAE atendem a um percentual, relativamente, grande
da quantidade demandada das informações empresariais.
O termo anuário agrega uma série de tipos de fonte de informação: anuários da indústria,
catálogos de fornecedores e bancos de dados disponibilizados pelo SEBRAE na intranet do
Sistema SEBRAE Nacional. Portanto, o percentual de atendimento pelo SEBRAE, mediante
publicações próprias, torna-se ainda mais elevado. Estima-se, a grosso modo6, que um
percentual superior a 50% dos atendimentos sejam realizados com o apoio de fontes de
informações geradas pelo Sistema SEBRAE, conforme entrevistas com as bibliotecárias do
Centro.
O número de consultas de títulos por assunto e os respectivos percentuais em relação ao total da
quantidade demandada estão listados em ordem decrescente a seguir7 : oportunidades de
negócio 26,49; anuário das indústrias do Brasil 6,41; indústria 6,24; plano de negócios – serviços
6
As informações contidas no banco dados do CDI não possibilitam fazer essa diferenciação e, portanto,
calcular , precisamente, esse valor. O percentual do trabalhos editados pelo Sebrae em relação ao total
corresponde a 46%.
7
São apresentados aqueles assuntos cujo percentual foi igual ou superior a 1%.
�6
5,25; pequenas empresas 4,80; indústria, comércio e serviços 4,34; plano de negócios –
comércio 3,17; plano de negócios – indústria 2,65; cooperativa 2,06; franchising 1,50;
oportunidades de agronegócios 1,47; serviços – escritórios 1,44; e turismo 1,41.
De um total de 36.428 informações, os itens com mais de 100 solicitações(53) correspondem a
85,49 %. A soma dos tipos de consulta com ocorrência superior a 0,5 % (23 itens) representa
67,23%. O total dos tipos de consulta com ocorrência superior a 1 % (13 itens) perfaz 74,81%.
Os dez primeiros correspondem a 62,91%.
A quantidade de assuntos demandados, individualmente, é muito extensa, chega a 280. Os
assuntos oportunidades de negócio, anuário, plano de negócios (serviços- comércio- indústria),
pequenas empresas (termo que representa a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios PEGN) e
oportunidades de agronegócios atingem a 50% da quantidade demandada. A
participação das publicações do SEBRAE, no atendimento por assunto, também é elevada.
Cabe destacar que a revista PEGN, sozinha, satisfaz a 4,8 % da quantidade demandada total de
informação.
Do total de 28 profissões declaradas, 24 delas atingiram percentual superior a 0,5% e
correspondem a 48,54% das indicações. Um grande percentual de usuários (27,92%) não
informou sua ocupação principal.
As 13 primeiras profissões correspondem a 40,78 % do total. É significativo o número de
estudantes (10,18 %)que utilizam o CDI. Destacam-se, também, os comerciantes(7,77%),
engenheiros(3,73 %), vendedores(3,23 %), administradores de empresa( 3,09 %) e professores(
2,82 %) que representam 20,64 % da demanda total. Outras que alcançaram mais de 1 %:
autônomos 2.21 %; funcionários públicos 1,67 %; empresários 1,51 %; economistas 1,28 %;
do lar 1,18 %; e representantes comercias 1,16%.
Os atendimentos, segundo o nível de escolaridade do usuário do CDI, estão assim distribuídos:
segundo grau completo mais superior incompletos 39,54%; nível superior 31,54 % (graduados
30,57 % e pós-graduados 0,97 %); primeiro grau completo mais segundo grau incompleto
�7
4,19%; 24,8 % não informaram a escolaridade. Vale ressaltar que 71,08% têm, pelo menos, o
segundo grau concluído.
O número de clientes que visitam, apenas uma vez, o CDI correspondem a 80,8% do total. Os
que visitam duas vezes
13,6%. Mais de duas atingem 5,6% do total dos 8761 usuários. A
maioria dos usuários ( 80,8%) procuram o CDI apenas uma vez. Esse comportamento, do
ponto de vista do atendimento, apresenta ,no entanto, um perfil de custo por usuário mais baixo.
O município de Recife, sozinho, representa 62,27% do total da quantidade demandada de
informação. Ele mais os municípios de Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Camaragibe
e Cabo totalizam 93,29 %. Logo, a demanda é bastante concentrada na região metropolitana do
Recife. Neste caso, uma diminuição da distância de 10% corresponde a um aumento na
quantidade demanda de serviços de, aproximadamente, 6,36% 8 . Como em outros estudos
(Maciel, Padilha, 2001), a demanda é sensível à distância, assim como ao número de habitantes
do município.
PARTE 3 - ANÁLISE DA ESTRUTURA DA OFERTA DE INFORMAÇÃO
Buscando analisar o que poderia influenciar o aumento ou a diminuição da interação
biblioteca/empresas, elaborou-se um questionário, denominado de oferta de serviços, com o
objetivo de obter informações sobre a estrutura das bibliotecas pesquisadas. Procurou-se, assim,
avaliar o potencial de oferta das informações de cada uma delas.
Trabalhou-se com o mesmo universo de bibliotecas da pesquisa Perfil da Demanda Empresarial
de Informação – parte 2 deste estudo.
O total de horas de atendimento oferecidas pelas bibliotecas pesquisadas estão assim
distribuídas: as especializadas oferecem uma média de 9h e 42min: SEBRAE (9h); SENAC
(12h); ITEP (8h). As universitárias disponibilizam uma média de 13h: BC/UFPE (13h e 30min);
8
Esse valor foi calculado utilizando um modelo gravitacional (em sua forma logarítmica) em que os
coeficientes estimados foram todos, estatisticamente, significat ivos e o R2 ajustado alcançou o valor de 0,89.
�8
CCEN/UFPE (12h e 30min); CTG/UFPE(13h); CCSA/UFPE (13h); BC/UNICAP (13h e
30min); FCAP/UPE (13h). A Pública estadual oferece l1h de atendime nto. Observou-se que
as especializadas oferecem em média um horário de atendimento menor que as demais. Porém,
todas oferecem serviços ao público por pelo menos oito horas diárias.
Tabela 1
ESTRUTURA FÍSICA DAS BIBLIOTECAS
BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS
ÁREA
OCUPADA (M2 )
CADEIRAS
((UNID.)
192
197.1
58
30
3.31
5244
1525.84
1700
1540
7110.29
432
192
120
120
220
700
100
27.31
12.75
14.17
7.70
10.16
4.32
4800
485
9.90
SEBRAE
SENAC
ITEP
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
BC/UFPE
CCEN/UFPE
CTG/UFPE
CCSA/UFPE
BC/UNICA P
FCAP/UPE
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
PÚBLICA ESTADUAL
M2 /CADEIRAS
6.57
As universitárias, em função do tamanho do seu acervo como também da necessidade de
oferecerem áreas para estudo, dispõem, em média, uma maior quantidade de assentos e espaço
físico. As especializadas apresentam uma área relativamente menor comparadas com as
universitárias e a pública estadual.
Os dados da Tabela 1 parecem indicar, ainda, que o atendimento a empresários e a candidatos
a empresários não requer maiores investimentos em termos de área e assentos, utilizando-se a
biblioteca do SEBRAE- PE como referência.
O Quadro 1 mostra o acervo das bibliotecas pesquisadas. As bibliotecas especializadas
possuem acervos menores que as demais. Possivelmente, por cobrirem assuntos mais específicos
�9
e terem potencialmente menor número de usuários. Fatores esses que também podem justificar
disporem de menor área física e quantidade de assentos.
Quadro 1
LIVROS, PERIÓDICOS CORRENTES, CD-ROM E BANCO DE DADOS ON LINE
BIBLIOTECAS
BIBLIOTECAS
ESPECIALIZADAS
SEBRAE
SENAC
ITEP
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
BC/UFPE
CCEN/UFPE
CTG/UFPE
CCSA/UFPE
BC/UNICAP
FCAP/UPE
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
PÚBLICA ESTADUAL
LIVROS E
FOLHETOS(A)
PERIÓDICOS
CORRENTES
NACIONAL
ESTRANGEIRO
CD-ROM
3056
4848
5080
24
47
-
01*
58391
27146
20498
47550
180510
23690
25
19
36
128
598
130
12**
491
100
111
132
2
185916
-
-
-
BANCO DE
DADOS
ON-LINE
21
37
39
11
-
73
108
13
194
-
12
6
15
6
2
-
74
2
* Existe no SEBRAE um sistema intranet que possibilita o acesso a um banco de dados que vende serviços de consultoria.** Os
valores apresentados para bibliotecas setoriais e central da UFPE foram calculados a partir dos dados disponibilizados no “site”
daquela instituição.
A maioria dos periódicos correntes das especializadas são nacionais. Nas bibliotecas
universitárias ocorre a mesma situação, com exceção das bibliotecas da UFPE, com mais de 100
% de periódicos correntes estrangeiros.
As bibliotecas universitárias (excetuando-se a FCAP/UPE) têm um diferencial em relação às
demais, a existência de bancos de dados, que são cada vez mais necessários à pesquisa e um
diferencial competitivo para tomada de decisão como mostra a literatura estrangeira
(Matarazzo, Connolly,1999). Esses bancos de dados, por sua vez, substituem de forma
crescente as assinaturas de periódicos internacionais como é o caso do portal de periódicos da
CAPES. As três modalidades de bibliotecas apresentam uma boa quantidade de cd-rom,
destacando-se as bibliotecas CCEN/UFPE e a BC/UNICAP.
�10
TABELA 2
RECURSOS HUMANOS
BIBLIOTECAS
BIBLIOTECÁRIOS
(A)
OUTROS DE
NÍVEL SUPERIOR
ESTAGIÁRIOS
02
01
01
02
02
13
04
06
04
15
02
13
BIBLIOTECAS
ESPECIALIZADAS
SEBRAE
SENAC
ITEP
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
BC/UFPE
CCEN/UFPE
CTG/UFPE
CCSA/UFPE
BC/UNICAP
FCAP/UPE
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
PÚBLICA ESTADUAL
ADMINISTRATIV
OS(B)
B/A
02
01
02
1
-
0.5
-
01
-
17
10
08
06
02
08
28
01
04
03
38
02
2.15
0.25
0.67
0.75
2.53
1
46
11
25
1.92
As bibliotecas centrais e a pública estadual dispõem de um número razoável de bibliotecárias por
exercerem atribuições específicas, como por exemplo, aquisição e catalogação de todo o
acervo e centralização de algumas atividades. O número de auxiliares administrativos, excluindose as centrais, é relativamente baixo. A razão empregados administrativos/bibliotecários é igual
ou menor que um, exceto nas centrais e na pública estadual.
Essa situação é, parcialmente, atenuada com a presença dos serviços dos estagiários. Fica
evidenciado, também, que uma unidade especializada poderia funcionar com uma equipe de uma
a duas bibliotecárias.
PARTE 4- ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1 Avaliação dos Resultados
Na pesquisa direta ficou constatada a baixa interação entre as bibliotecas e as empresas, com
exceção da biblioteca do SEBRAE e a do SENAC, ambas diretamente ligadas à classe
empresarial que as mantém.
As possíveis razões para a baixa interação biblioteca e empresa podem ser: a falta efetiva de
visitas de empresários e candidatos a empresários às bibliotecas como foi dito em depoimento
�11
por algumas bibliotecárias; a dificuldade de identificação da categoria do usuário (empresários e
candidatos a empresário ou qualquer outro tipo) por parte das bibliotecárias e atendentes; o
sistema de livre acesso às coleções, aos catálogos e aos terminais adotados pelas
bibliotecas
pesquisadas; a inexistência de um bureau de triagem dos usuários logo na entrada da biblioteca
ou da instituição que a mantém, como há no SEBRAE, que caracteriza todos que nela adentram;
o layout da maioria das bibliotecas pesquisadas que privilegia o livre trânsito; a ausência de uma
preocupação maior ou de condições de identificar o perfil dos
usuários que consulta
catálogos e acervos( há identificação precisa dos que retiram obras por empréstimo).
Constatou-se que o cliente típico do CDI é residente na Região Metropolitana do Recife,
concluiu o segundo grau, realiza uma única visita ao CDI, está interessado em perfis, planos e
oportunidades de negócio e encontrará tais informações, primordialmente, em fontes de
informações geradas pelo SEBRAE. Ainda, em sua maioria, é candidato a empresário.
A análise do potencial de prestação de serviços indicou que as bibliotecas universitárias dispõem
de boa infra-estrutura para atendimento da demanda empresarial de informação em termos de
área, quantidade de assentos, acesso a banco de dados nacionais e estrangeiros e de periódicos
nacionais e estrangeiros.
4.2 Outras Considerações
As questões acima discutidas dizem respeito, de certo modo, à demanda de informação
empresarial de pequenas e microempresas nacionais. A necessidade de informação para
tomada de decisão empresarial também pode ser constatada na análise do perfil da demanda de
informação e estrutura das bibliotecas empresariais.
Os resultados, recentemente publicados (Matarazzo, Connolly, 1999), de levantamento feito
através de entrevistas com diretores de 103 empresas internacionais sobre a importância das
bibliotecas empresariais conduziram às seguintes conclusões: 71% das bibliotecas empresariais
pesquisadas tinham uma equipe constituída de menos de 5 empregados; os serviços mais
�12
solicitados se referiam à utilização de banco de dados (48%) e em segundo lugar, serviços de
bureau de referência (22%); aproximadamente 1/3 afirmaram que os serviços prestados pelas
bibliotecas proporcionam informações básicas para o planejamento estratégico. De uma forma
geral, 3/4 dos entrevistados afirmaram a importância das bibliotecas como apoio à formulação de
decisões estratégicas; ainda, somente 14% dos entrevistados afirmaram que seria necessário o
crescimento da equipe das bibliotecas.
Esses resultados podem ser vistos como indicadores de tendências das grandes empresas, como
também da importância dos serviços das bibliotecas no processo de transmissão de informação
(Maciel Filho, 2000).
4.3 Oportunidades de Intervenção Local
Quais seriam as dificuldades para a biblioteca universitária atender a esse segmento de uma
forma mais explícita?
Os interessados em informação empresarial, em sua maioria, já possuem o segundo grau,
semelhante aos atendidos pela universidade em seu dia -a-dia. Há disponibilidade de espaço
físico para atendê-los por ser pequena a demanda de espaço requerida por esse tipo de
serviço. Em seu acervo, possivelmente, já deve existir uma grande parte do acervo do
SEBRAE, daqueles publicados por editoras comerciais. Quanto aos periódicos, também, deve
haver títulos comuns. No tocante às publicações do SEBRAE, o acervo adicional necessário
seria relativamente pequeno. 9 As universidades oferecem, ainda, horário de atendimento mais
longo que as especializadas.
Em alguns casos, a maior dificuldade, possivelmente, seria a da necessidade de deslocamento
interno ou contratação de um bibliotecário para o atendimento dessa nova demanda.
9
Segundo levantamento recentemente realizado pelos autores( maio, 2002) no SEBRAE-PE, o valor médio
das publicações perfil de negócio e oportunidade de negócio são respectivamente de 6,44 reais e 6,10 reais.
�13
Quais seriam as vantagens? A universidade teria a possibilidade de oferecer serviços de
informação bem mais específicos, se assim se fizer necessário, tendo em vista o seu acervo e a
disponibilidade de banco de dados nacionais e internacionais pertinentes às diversas áreas.
A universidade teria acesso à demanda de informação empresarial o que lhe possibilitaria realocar
os seus esforços de pesquisa para as áreas identificadas como pouco estudadas ou de interesse
para os empresários, como também, oferecer cursos de extensão
e consultoria para esses
mesmos segmentos. Oferecer, ainda, os serviços em áreas geográficas não atendidas tendo em
vista a sensibilidade à distância na demanda de informação.
A universidade, além disso, teria a possibilidade de vir a atender as grandes empresas que,
como Matarazzo, Connoly( 1999) afirmaram, são grandes usuárias dos serviços de bancos de
dados (48%) e serviços de referência (22%). Passando a atender esse segmento, a mesma teria
uma vantagem estratégica, caso as empresas, como vem ocorrendo em todo mundo, optarem
pela terceirização também dos serviços de informação. Nesse caso, seria possível oferecer um
produto de maior valor agregado.
As vantagens indiretas seriam alcançadas no possível incremento no número de
empresários/empresas e no aumento da competitividade e/ou crescimento das já existentes,
com os seus reflexos na renda, no emprego e no desenvolvimento da região.
Possíveis Formas de Intervenção Local
A universidade, naturalmente, não precisaria atuar de forma isolada. Essas instituições têm uma
longa experiência em convênios e parcerias. Ainda, com o advento da internet, as possibilidades
se multiplicaram e, mais uma vez, as bibliotecas universitárias já têm um longa tradição nesta área.
A parceria poderia, primeiramente, envolver o SEBRAE em termos de aquisição ou doação de
livros específicos. Estabelecer, ainda,
um sistema de atendimento complementar ao do
SEBRAE, caso o cliente precise de informações mais específicas não disponíveis naquelas
�14
bibliotecas. Por exemplo, o caso das médias e grandes empresas que, geralmente, não são
atendidas pelo SEBRAE. Seria, ainda, possível também estabelecer parcerias com o SENAC
ou SENAI ou SENAR e demais órgãos ligados à classe empresarial.
Poderia, além disso, fazer convênio com as bibliotecas públicas municipais que, com o programa
do FUST/biblioteca, passarão a dispor de computadores e internet e, assim, poderão participar
de
intercâmbios de informações a custos reduzidos. Também, com
as diversas ONGs
preocupadas com essa área, que serão contempladas com computadores do programa do
FUST/bibliotecas10.
Em estudo 11, recentemente, concluído foi mensurado a disposição a pagar (DAP) dos usuários
da biblioteca do SEBRAE. A primeira aproximação do valor estimado ficou entre 235 e 246
reais por usuário, por ano. Este valor ou uma percentual do mesmo poderia ser cobrado do
usuário para, parcialmente, ajudar a financiar os salários das bibliotecárias adicionais, assim
como, o acervo complementar necessário.
Deveria ser escolhida uma biblioteca no campus de fácil acesso onde fosse centralizado todo o
atendimento empresarial e com um nome específico como por exemplo: bureau de atendimento
empresarial, centro de informações empresariais, balcão empresarial etc. Deveria ainda ser
pensando, no processo, alguma forma de divulgação dos novos serviços. Experiência recente
com bibliotecas empresariais indica que a demanda de serviços é, relativamente, sensível à
publicidade (Maciel et al 2002b).
Espera-se, com este trabalho, ter contribuído para dar uma visão inicial de um novo espaço a
ser ocupado por bibliotecas universitárias que estejam interessadas na prestação de serviços
para o setor empresarial e que não tenham, ainda, uma estratégia definida de como fazê -lo.
10
No caso de Pernambuco, por exemplo, o Pólo Digital
FUST/bibliotecas para as ONGS.
11
será a cabeça de sistema
do programa
Os valoras acima forma calculados utilizando–se o método de valoração contingente e a forma de
eliciação dicotômica( referendo). As informações foram colhidas através de entrevistas realizadas por telefone.
O modelo estatístico de estimação utilizado foi o logístico. Foram consultados 148 usuários em um universo
�15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTONELLI, Cristiano. The evolution of the industrial organization of the production of
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 12 - Ano: 2002 (UFPE - Recife/PE)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Bibliotecas universitárias: espaços de (r) evolução do conhecimento e da informação.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFPE
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2002
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Recife (Pernambuco)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Biblioteca Universitária & empresa: um potencial a ser explorado.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Maciel Filho, Adalberto do Rego
Aquino, Miriam Cunha de
Cândido, Priscila Mendes
Gomes, Juliana
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Recife (Pernambuco)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFPE
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2002
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Interligam-se resultados de três pesquisas exploratórias sobre informação empresarial no Recife. São analisados o perfil da demanda de informação em dez bibliotecas (seis universitárias), as estruturas físicas e condições de oferta dos serviços bibliotecários, bem como estudou-se a consulta ao banco de dados do CDI- SEBRAE/PE e identificou-se o perfil dos usuários: sexo, escolaridade, motivo da procura, natureza da informação solicitada, número de isitas e procedência. Discutem-se tendências, oportunidades e perspectivas no atendimento a empresários e candidatos a empresários. Apresentam-se propostas para elevar a participação desse segmento dentre os usuários das principais bibliotecas universitárias. Sugere-se tal política face à importância da informação para o desenvolvimento econômico e do papel dos empresários das pequenas e microempresas na geração de empregos e renda.
Language
A language of the resource
pt
snbu2002