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LEITORES DE TELAS: ferramenta de documentos acessíveis
PASSOS, J. R.1
VIEIRA, R. Q.2
SAHEKI, Y.3
RESUMO
As tecnologias de acessibilidade possibilitam a produção e a disseminação de novos
formatos de documentos, seja em braille, áudio, ampliado ou digital, à pessoas com
deficiência visual. Em especial, o princípio do uso de voz em programas de leitores
de tela, que força a volta positiva do acesso sonoro à informação na história cultural
do deficiente visual. Apresentam-se as características principais dos leitores de telas
e comparam-se pontos positivos de cinco programas mais conhecidos. Discute-se a
mudança, ou até mesmo, a perda de informação quando se muda do formato
tradicional (papel e tinta) para o formato acessível, e quais medidas podem
minimizar esta perda.
Palavras-chave: Deficientes visuais. Leitores de tela.
ABSTRACT
The accessibility technologies enable the production and dissemination of new
documents - braille, audio, digital or magnified formats - to people with visual
impairments. In particular, the principle of the use of voice in screen readers, which
forces the back of positive sound access to information on the cultural history. This
work presents the main characteristics of the readers of screens and compares the
positive points of five best-known programs. It discusses the change, or even the loss
of information when it changes the traditional format (paper and ink) for the
accessible
format,
and
what
measures
can
minimize
this
loss.
Keywords: Visually Impaired. Screen Readers.
�2
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de trazer discussão sobre o uso do leitor de
telas, programa destinado a pessoas com deficiência visual, uma ferramenta que
pode ser usada em ambientes de bibliotecas. Através da tecnologia de acesso ao
áudio, principalmente pelo computador, pode-se acessar a informação contida em
formatos de livros em papel e tinta, antes inacessíveis a este usuário. Acredita-se
que a biblioteca, em especial a universitária, tem muito a contribuir, através da
acessibilidade à informação, com a inclusão do deficiente visual à comunidade do
ensino superior.
Para desenvolver esta discussão, trabalha-se com duas linhas principais.
A primeira baseia-se nos leitores de tela como ferramentas tecnológicas de acesso à
informação. Para isso faz-se um estudo comparativo entre os principais leitores de
tela disponibilizados com o objetivo de entender o quanto cada leitor de tela pode
colaborar com o trabalho do bibliotecário e com a inserção do usuário na vida
acadêmica. A segunda discussão traz os problemas e algumas considerações
envolvidos no uso do leitor de telas no que diz respeito a desconstrução do texto e
sua reconstrução num novo formato acessível, cujas mudanças devem ser
monitoradas para que o oferecimento de informações tenha o mínimo de qualidade e
sentido ao usuário.
Com este trabalho espera-se compartilhar e colaborar com os colegas
bibliotecários e demais profissionais, que atuam direta e indiretamente com os
deficientes visuais, a experiência no oferecimento de formatos acessíveis.
2 LEITORES DE TELA E DEFICIÊNCIA VISUAL
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
cerca de 14,5% da população possui alguma deficiência (cerca de 24 milhões de
pessoas), sendo a maior parte formada por pessoas cegas ou que tenham alguma
dificuldade de enxergar (NERI, 2003). Já se discutiu no trabalho de Bazante e Vieira
(2006), o crescimento do número de pessoas com deficiência no ensino superior no
Brasil e seu impacto em bibliotecas universitárias. Existem três formatos principais e
�3
acessíveis que podem auxiliar o deficiente visual em seu desenvolvimento na vida
acadêmica, não só em seus materiais de estudos, como também em outros
documentos como provas, certificados, regulamentos etc. Estes três suportes podem
se combinar para formar outros formatos híbridos, como o LIDA (Livro Digital
Acessível)1. Os três formatos mais comuns são apresentados a seguir:
• Letras ampliadas: recomenda-se, segundo Maskort (2005), a fonte Helvética
ou Arial. Usuários do Espaço Braille do Campus Senac - São Paulo, também
demandam pela fonte Arial Black, cujo tamanho varia de acordo com a
capacidade de visualização individual. Como este tipo de formato exige muito
papel, recomenda-se retirar as margens do papel e inserir hifenização do
texto (usando-se o processador de texto).
• Braille: a impressão tátil demanda uma impressora de braille, papel adequado
que, segundo Lemos (2006), deve ser de gramatura 120. Há necessidade
também de um transcritor de braille2 e conhecimentos básicos da escrita para
correção e conferência da impressão. Recomenda-se que a impressora tenha
a opção de impressão interpolada, ou seja, que imprima os dois lados da
folha. Assim, é possível diminuir em 50% o tempo de impressão, folhas,
volume e peso do documento.
• Áudio: é o formato gerado automática e instantaneamente por leitores de telas
ou ainda registrado, através de ferramentas especiais, em formatos de
arquivo digital ou Cds (em diversos formatos como o áudio e o MP3, por
exemplo). Pode-se produzir livros com voz humana, através de gravações em
estúdios.
O oferecimento dos diversos formatos pode ajudar o deficiente visual a
acessar documentos antes inacessíveis, trazendo novas perspectivas de inclusão.
Houve um tempo na história da humanidade em que as informações eram
transmitidas de pessoa a pessoa, substancialmente via linguagem, em detrimento do
visual (ainda assim através da linguagem corporal). Segundo McGarry (1999, p.65),
a sociedade ágrafa utilizava a memória humana como principal fonte de informação.
1
2
Livro Digital Acessível. Projeto LIDA. Disponível em:<http://www.lida.org.br>. Acesso em: 20/05/2008.
Programa que traduz o alfabeto comum em escrita braille. Existem vários disponíveis, como o “Braille Fácil”
(http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/ ), Duxbury (http://www.duxburysystems.com/ ), Winbraille
(http://www.indexbrailleaccessibility.com/downloads/winbraille.htm ).
�4
Por este motivo, era importante estar próximo das pessoas sábias e detentoras de
conhecimentos. As informações dos ancestrais eram passadas através de contos,
versos, cantos e histórias que se reproduziam em toda a sociedade circunscrita.
Com a invenção da escrita por volta de 1.700 a.C. (MCGARRY, p.71), e seu
posterior desenvolvimento ao longo dos séculos, houve a possibilidade que os
conhecimentos pudessem ser registrados de forma duradoura e serem acessados
de forma mais independente, se comparada à linguagem. Com o desenvolvimento
da imprensa por Gutemberg em 1450, o conhecimento passou definitivamente a ser
registrado, guardado e acessado por gerações anteriores e atuais.
Infelizmente para o deficiente visual a conquista da escrita e da imprensa
implicou
em
conseqüências
inversas:
houve
aumento
da
marginalização
informacional, pois se passou a valorizar a informação na forma visual, na
comunicação e no registro, e menos na transmissão sonora (como nas sociedades
ágrafas), com o agravante da falta de preocupação ou disponibilidade tecnológica
para a adaptação destes formatos. Houve tentativas de minimizar este impacto
negativo desde o início da Era Cristã (SILVA, 1987, p. 161-162), passando pela
Idade Média (Royal National Institute of Blind People, 2008), de onde se extraem
relatos de uso ou do ensino da escrita aos deficientes visuais, através do alfabeto
romano, em formato de relevo (madeira, relevo, tecido e etc.), porém, foi a partir de
1824, mais de três mil anos depois da invenção da escrita, que a escrita braille foi
desenvolvida, possibilitando aos deficientes visuais não só o acesso à informação
escrita, como também produzi-la de maneira independente e eficiente.
Percebe-se que o acesso sonoro à informação, na cultura do deficiente
visual, não possui todas as vantagens da escrita, porém é a alternativa mais corrente
em sua história, visto que ainda nem se completou 200 anos da existência da escrita
braille. O acesso sonoro à informação é herança fortemente herdada da
Antigüidade. Até hoje, as mães têm o hábito de ler junto com seus filhos deficientes
visuais, pois a oferta de materiais registrados em braille ou até mesmo em áudio são
sempre inferiores à demanda. Na Biblioteca do Instituto Benjamin Constant - Rio de
Janeiro, oferece-se um serviço muito interessante desta herança: a do ledor
voluntário, que dispõe de seu tempo para ajudar o deficiente visual no acesso às
informações escritas (FERREIRA, 2007).
�5
Este modo de acesso sonoro à informação voltou a ter sua importância na
Era das Tecnologias da Informação, que se iniciou efetivamente na segunda metade
do século XX. O computador vem ganhando adeptos por ser uma ferramenta mais
inclusiva, pois ao contrário da escrita braille, os signos exibidos na tela podem ser
compartilhados por videntes ou deficientes visuais3. Além disso, o computador pode
substituir o ledor humano por um ledor mecânico.
O leitor de telas utiliza a tecnologia de síntese de voz que é o "...processo
de geração de amostras de um sinal digital que deveria soar como se um humano
tivesse tido lido o texto" (NELSON NETO; SILVA; SOUSA, 2005, p.326). Segundo os
mesmo autores, a síntese de voz não pode ser confundida com a digitalização,
registro e utilização posterior da voz humana. O Dosvox, por exemplo, é um
programa que reúne tanto a síntese de voz, quanto a utilização de voz registrada.
O programa “leitor de tela” descreve o conteúdo exibido no monitor de
computador ou ainda de um código de fonte de página de Internet. Esta tecnologia é
chamada de “text-to-speech” ou TTS. Alguns leitores lêem basicamente textos
exibidos, enquanto outros lêem adicionalmente partes gráficas de programas ou de
páginas de Internet, lendo textos ocultos, ou seja, o leitor de telas reconhece
também algo que está escrito dentro do programa descrevendo de modo sonoro o
texto que não é visivelmente percebido. HEMELRIJK descreve que a maioria dos
leitores de telas “...é geralmente uma placa que pode ser inserida internamente no
computador ou então um dispositivo externo, ligado ao computador através da porta
serial ou paralela.” (p.49-50, 2000).
Segundo Peters e Bell (2007), as primeiras vozes sintetizadas produzidas
estavam associadas às máquinas, e não a computadores, como o “The Voder”,
equipamento lançado no final da década de 20, nos Estados Unidos. Segundo
Cooke (2004), o primeiro leitor de telas, no sentido como se conhece hoje, foi
produzido para o ambiente DOS em 1984 e é atribuído à IBM o desenvolvimento e
disponibilização aos seus funcionários com deficiência visual.
3
Para o vidente ler o braille há duas saídas, aprender o braille (pelo menos visual) ou utilizar o BR-Braille,
ferramenta gratuita para transcrição do Braille para a escrita comum,disponível em:
<http://www.fee.unicamp.br/deb/brbraille/>.
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Atualmente há diversos leitores de tela à venda no mercado nacional e
internacional e alguns disponíveis gratuitamente na Internet. Para esta discussão,
selecionou-se alguns leitores de telas mais conhecidos pelos deficientes visuais.
Esta seleção levou em conta algumas características em comum, conforme a seguir:
• Disponibilidade de idioma em língua portuguesa. Todos apresentam a opção
do idioma ou a possibilidade de uso de voz SAPI (ver adiante).
• Leitura de HTML: este formato é mais utilizado na Internet. Isto não significa
que obrigatoriamente o leitor, por mais eficiente que seja, leia todas as
páginas da rede, isto se deve à acessibilidade (ou não) do código fonte
produzido pelos desenvolvedores das páginas.
• Funcionamento na plataforma Windows. Para o sistema operacional Linux, há
distribuição gratuita do leitor “Orca”4. No Brasil, a Universidade Federal do Rio
de Janeiro criou uma versão do Dosvox para o Linux (Linvox5), também,
indicando grandes avanços brasileiros na construção de programas gratuitos,
principalmente neste sistema operacional.
• Uso de teclas de atalho e teclas exclusivas: têm em comum utilizar as teclas
de atalho do Windows, em maior ou menor abrangência, como também há
combinações de teclas exclusivas para cada leitor.
Os leitores de tela também apresentam funções que não são comuns a
todos, sendo de grande relevância mencioná-los, pois podem ajudar nas tomadas de
decisão na aquisição e operacionalização. Optou-se em comparar as características
conforme a seguir:
• Desenvolvedor: empresa ou instituição criadora e distribuidora.
• Custo: necessidade de compra de licença ou possibilidade de aquisição
gratuita pela Internet.
• PDF: A opção de leitura de documentos em formato PDF é requisito
importante, pois segundo Prado (2007), 71,01% dos documentos disponíveis
na Rede encontram-se neste formato.
4
GNOME. Orca. Disponível em: <http://www.gnome.org/projects/orca/>. Acesso em: 20/05/2008.
NÚCLEO DE COMPUTAÇÃO ELETRÔNICA – UFRJ. Projeto Linvox. Disponível em:
<http://intervox.nce.ufrj.br/linvox/>. Acesso em: 20/05/2008.
5
�7
• SAPI: sigla inglesa para Speech Application Program Interface. Este recurso
do Windows permite a inserção de vozes sintéticas de outras empresas. Isto
significa que um mesmo programa pode comportar várias vozes e suas
variações (tonalidade, velocidades, idioma e etc.). Segundo o Núcleo de
Computação Eletrônica – UFRJ (2008), há várias empresas que vendem
vozes (SAPI 4 ou SAPI 5)6 com qualidade superior e que podem ser
incorporados a outros leitores de tela. Todas as vozes em português brasileiro
são comercializadas.
• Registro em áudio: função que permite gravar o documento de texto em
documento de áudio.
• Lê outros programas: como processadores de textos, Windows Explorer e etc.
LEITOR
Custo
PDF
SAPI
Registro
em áudio
Leituras de
programas
Nenhum
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
CPQD9 e FUNTTEL10
http://www.mc.gov.br/
Nenhum
Não
Não
Não
Sim
Microsoft
http://www.nvdaproject.org/download.html
Nenhum
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Não
Não
Sim
Desenvolvedor
DOSVOX
Núcleo de Computação
(MONITVOX) Eletrônica – UFRJ7
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/
JAWS
LEITOR
CPQD
NVDA
VIRTUAL
VISION
Freedom Scientific8
http://www.freedomscientific.com/
fs_products/software_jaws.asp
MicroPower
http://www.micropower.com.br/v3
/pt/acessibilidade/vv5/index.asp
Quadro 1- Comparativo de características de alguns leitores de tela
6
SAPI 4: Deltatalk da empresa MicroPower, o Eloquent Technology da ScanSoft e o Viavoice. SAPI
5: Raquel da Nextup.
7
Universidade Federal do Rio de Janeiro
8
É comercializado pelo Instituto Laramara para Cegos: http://www.laramara.org.br/softwares.htm
9
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
10
Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
�8
3 TEXTO DIGITAL E LEITOR DE TELAS
Adquirir um ou mais leitores de telas para a biblioteca pode significar um
salto positivo na qualidade do serviço de atendimento ao deficiente visual,
entretanto, é precoce afirmar que o trabalho está terminado ou que o deficiente
visual terá acesso à informação. A maioria dos catálogos on-line não é acessível, o
que dificulta a busca de resultados, seja por problemas intrínsecos ou porque muitos
catálogos
estão
subordinados
à
hospedagem
de
páginas
da
instituição
mantenedora, que também apresentam falta de acessibilidade, somando dois erros
muito comuns, e ao mesmo tempo, graves. Para conhecer os problemas básicos de
acessibilidade da página da biblioteca e do catálogo on-line, pode-se utilizar uma
ferramenta
gratuita
de
diagnóstico
chamada
“DaSilva”11,
apenas
como
demonstração.
Outro problema diz respeito à escassez de livros e documentos digitais
para os usuários. No ambiente da biblioteca universitária, este problema toma
proporções preocupantes, se for observada a quantidade de livros por disciplinas
obrigatórias e complementares. Isto sem considerar, documentos de apresentações,
revistas, artigos etc. Buscar formas alternativas de acesso à informação faz parte, ou
deveria, dos atributos da biblioteca.
3.1 O documento digital
Antes que o texto possa ser lido, ele precisa estar num formato digital
para que os leitores de tela possam reconhecer o HTML ou formato de texto (gerado
pelos processadores de texto) para depois produzir sons. Para se oferecer o texto
digital, existem dois caminhos.
O primeiro deles é entrar em contato com as fontes produtoras, como
editoras e professores e solicitar o arquivo digital do texto.
Em 2005, a biblioteca do Campus Senac realizou uma pesquisa em 12
editoras, cuja seleção foi aleatória, para medir o grau de disponibilidade de arquivos
11
ACESSIBILIDADE BRASIL. DaSilva: primeiro avaliador de acessibilidade em português para
websites. Disponível em: <http://www.dasilva.org.br/>. Acesso em: 30 maio 2008.
�9
digitais de livros para pessoas com deficiência visual. O resultado da pesquisa
demonstrou que somente três editoras responderam positivamente à solicitação. A
maioria dos pais de usuários deficientes visuais, em idade escolar, relata que é
comum encontrar este tipo de recepção por parte das editoras, pelo receio de outras
pessoas, no caso os videntes, se apropriarem indevidamente do arquivo do livro. Na
verdade, já existe uma grande facilidade de se encontrar livros em formatos digitais
que estão em domínio público, porém a maior resistência ocorre justamente nos
arquivos de livros didáticos, que são mais necessários aos estudantes, incluindo os
universitários.
O segundo caminho para se conseguir o arquivo digital é a sua produção
dentro do próprio ambiente da biblioteca. Segundo a lei nº. 9.610 (BRASIL, 1988),
pode-se digitalizar qualquer livro e oferecer gratuita e exclusivamente a pessoas com
deficiência visual. Portanto, o bibliotecário pode, se ele achar devido, digitalizar e
oferecer o produto ao deficiente visual.
Existem dois métodos para se converter um livro comum em formato
digital: a digitação e a digitalização. O primeiro consiste na leitura e reprodução do
livro em um processador de texto como o Bloco de Notas ou Word. O segundo
consiste em utilizar um conjunto de tecnologias que proporcionam rapidez na
conversão do formato físico para digital. Este conjunto é formado por um escâner,
um programa OCR (Reconhecedor de Caracteres Óticos) e um computador. O
escâner e o computador direcionados para este trabalho são absolutamente
normais, podendo ser adquiridos em qualquer loja. O programa OCR geralmente
vem no pacote de programa do escâner comum, porém não apresenta a eficiência e
um sistema de reconhecimento tão amplo quanto programas específicos para
deficientes visuais como, por exemplo, o OPENBOOK12. Apesar da necessidade de
vários recursos diferentes para o processo de digitalização, a rapidez na conversão
dos suportes e satisfação do usuário são notórias.
12
Este programa proporciona um amplo acesso à informação: digitalização, leitura por síntese de voz, ampliação
e gravação em áudio. É desenvolvido também pela Freedom Scientific.
�10
3.2 A correção do arquivo digitalizado
Esta é a fase mais importante e mais demorada da rotina de
disponibilização de documentos digitais. Isto porque o programa OCR, por mais
potente que seja, não reconhece 100% dos caracteres do original, há trocas de
caracteres por outros. Dependendo da qualidade do documento original, do
contraste entre a letra e o papel, a digitalização pode chegar a 95%. É por este
motivo que se torna necessária a correção manual do texto. O tempo para a revisão
do documento depende do conteúdo digitalizado. Por exemplo, livros de bioquímica
são mais complicados de corrigir do que livros de literatura, por causa dos termos
técnicos da área que muitas vezes são desconhecidos pelo corretor automático ou
até mesmo pela pessoa que executa a correção.
Quanto mais se corrige um
documento, mais tempo se leva para que o usuário possa ter acesso a ele. Devido
às necessidades imediatas, alguns deficientes visuais dispensam a correção
completa do material. Para minimizar os prejuízos desta escolha, a biblioteca pode
trabalhar com voluntários, familiares ou amigos do solicitante, no serviço de correção
de textos digitalizados.
Outra questão importante é a presença de gráficos, tabelas, ilustrações e
figuras. É provável que os programas de OCR não consigam reconhecê-los, sendo
impossível para o leitor de telas interpretar dados que só fazem sentido aos olhos,
sua dinâmica automática de leitura é linear (da esquerda para direita e da parte
superior para o inferior da página de documento de texto). A estratégia de interpretar
estes dados, parte ou nenhum deles, dependerá de quanto a biblioteca tem
capacidade ou tempo para processá-los adequadamente. Na Biblioteca do Campus
Senac, optou-se pela supressão total de quaisquer dados ligados à interpretação
visual e que não possam ser reconhecidos pelos leitores de telas.
3.3 Revisão estrutural e gravação em CD
Mesmo que se termine a correção do livro, recomenda-se fazer uma
revisão estrutural do texto antes que ele seja entregue ao usuário. Muitas vezes, o
usuário deseja que o texto esteja dividido por capítulos, ou ainda, que seja gravado
�11
em CD de áudio (ou MP3). Na biblioteca do Campus Senac, oferecem-se os
seguintes recursos:
• Manutenção dos dados da capa, folha de rosto, dados técnicos (inclusive
ficha catalográfica), índice, dedicatória, prefácios, bibliografia, apêndices e
etc.
• Indicação da página original do livro. Na maioria das vezes, a página original
do livro não coincidirá com página do documento digitalizado, sendo
necessário manter a indicação original.
• Presença de títulos de legendas de figuras, gráficos e etc.
• Gravação em CD. Separam-se as partes do mesmo (dados técnicos, capa,
prefácio, bibliografia, capítulos e etc.) por faixas para facilitar ao acesso a
partes específicas do texto. Depois de pronto, faz-se um sumário como
primeira faixa do CD para informá-lo do conteúdo, possibilitando a navegação
entre as faixas.
4 CONCLUSÃO
Com a inclusão de leitores de telas no ambiente da biblioteca, outras
questões são levantadas, como a acessibilidade de páginas da Internet e livros
digitais, mostrando que o trabalho do bibliotecário tem outras competências a
desenvolver se ele deseja tornar o usuário, em especial o deficiente visual, o foco de
suas atividades profissionais.
�12
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deficiência visual e o desafio do bibliotecário. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 14, 2006, Salvador. Seminário Nacional de
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mundo de ontem e de hoje. São Paulo: CEDAS, 1986.
__________________
1
Jeane dos Reis Passos, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (Senac SP),
jpassos@sp.senac.br.
2
Ricardo Quintão Vieira, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (Senac SP),
ricardo.qvieira@sp.senac.br.
3
Yuka Saheki, Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, yukasah@usp.br.
�
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 15 - Ano: 2008 (CRUESP - São Paulo/SP)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Empreendedorismo e inovação: desafios da biblioteca universitária
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CRUESP
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2008
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo (São Paulo)
Event
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Leitores de telas: ferramenta de documentos acessíveis.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Passos, J. R.; Vieira, R. Q.; Saheki, Y.
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo (São Paulo)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CRUESP
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2008
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
As tecnologias de acessibilidade possibilitam a produção e a disseminação de novos formatos de documentos, seja em braille, áudio, ampliado ou digital, à pessoas com deficiência visual. Em especial, o princípio do uso de voz em programas de leitores de tela, que força a volta positiva do acesso sonoro à informação na história cultural do deficiente visual. Apresentam-se as características principais dos leitores de telas e comparam-se pontos positivos de cinco programas mais conhecidos. Discute-se a mudança, ou até mesmo, a perda de informação quando se muda do formato tradicional (papel e tinta) para o formato acessível, e quais medidas podem minimizar esta perda.
Language
A language of the resource
pt
snbu2008