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PERIÓDICO COMO FONTE DE INFORMAÇÃO DOCUMENTAL DA
ARQUIVOLOGIA: um estudo de gênero, titulação e ocupação
MENDES, S. O.1
SOUSA, M. C. P.2
RESUMO
Analisa a produção científica da Arquivologia nos periódicos Ciência da Informação
e Perspectivas em Ciência da Informação, de 1995 a 2005, enfocando a relação das
variáveis gênero, titulação e ocupação dos autores. A pesquisa é do tipo descritiva
documental, quantitativa e com cálculos estatísticos, tendo como universo 23
produções científicas dos periódicos estudados. Os resultados demonstram uma
produção com baixa representatividade no campo da Arquivologia, no que tange à
divulgação em periódicos, não havendo nenhuma relação entre as variáveis
estudadas.
Palavras–chave: Comunicação Científica. Periódico Científico. Relação de gênero.
Produção científica.
ABSTRACT
Examines the scientific production in Archivology in journals Ciênica da Informação
and Perspectivas em Ciência da Informação, from 1995 to 2005, focusing on the
relationship of variables gender, occupation and titling of the authors. The research is
descriptive of the type documentary, quantitative and statistical calculations, the
universe was 23 scientific productions in the journals studied. The results show a
production with low representation in the field of Archivology, as far as disclosure in
journals, with no relation between these variables.
Keywords: Scientific communication. Scientific journal. Relationship of gender.
Scientific production.
�2
1 INTRODUÇÃO
O periódico científico possui a característica de fonte de informação para o
desenvolvimento da ciência e indicador da produção científica teórico-prática
divulgada em suas publicações.
A matéria que aparece nos periódicos pode ser considerada o produto
final do trabalho do pesquisador: comunicando as informações e garantindo a
propriedade científica (divulgação). A veiculação dos resultados dos artigos de
pesquisa científica é, em grande parte, feita em periódicos especializados que
denotam as tendências das pesquisas e o reconhecimento dos pesquisadores,
possibilitando um norteamento daquilo que foi produzido. Autores como Jardim
(1998), na Arquivologia, Mueller (1999) e Pecegueiro (2001), na Ciência da
Informação e Biblioteconomia são nomes probatórios de reconhecimento pela
divulgação científica periódica de seus estudos.
Nesse contexto tem-se na Arquivologia, um valioso objeto de investigação,
tratando-se da produção científica em periódicos. Porém, diante da diversidade de
publicações que enfatizam essa área, este trabalho aborda somente artigos de
periódicos publicados nas Revistas Ciência da Informação (CI) e Perspectivas em
Ciência da Informação (PCI), de 1995 a 2005, com o objetivo de analisar a influência
existente entre as variáveis gênero, titulação, profissão e suas relações diretas com
a produção científica da Arquivologia.
Desta forma, espera-se que o registro dos resultados da referente
pesquisa sirva de incentivo para novas produções na área, contribuindo então, para
disseminação da informação e benefício científico.
2 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E OS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS
A comunicação científica divulgada por um pesquisador deve possuir além
do saber científico (rigorosidade comprobatória), conhecimento útil, tanto entre os
pares como para a sociedade em geral, entendendo-se que a divulgação visa a um
revigoramento da sociedade (KUNSCH, 2003). Pois a comunicação e o uso
�3
informacional estão intrinsecamente inter-relacionados, obedecendo a máxima: só
se usa porque foi comunicado e só se comunica porque se usou a informação.
Tal afirmativa é reforçada por Le Coadic (2004, p. 26) ao comentar sobre o
fluxo existente entre ciência, informação, pesquisa e conhecimento, este último é
“[...] continuamente produzido e renovado, [e] a informação só interessa se circula
[...]”, possibilitando o crescimento científico.
Os pesquisadores inseridos neste contexto automaticamente estabelecem
um processo comunicacional entre si, ou seja, disseminam informações científicas e
tecnológicas, intra e extrapares, por meio de canais formais (livros, papers,
periódicos científicos, etc.) ou informais (cartas, conferências, correio eletrônico, etc.)
essenciais ao desenvolvimento da ciência (PECEGUEIRO, 2001).
Targino (2000) relata que a comunicação científica consiste na circulação
das atividades dos membros dessa comunidade, permitindo a troca de informações
entre si, cujas atividades são associadas à produção, disseminação e uso da
informação, desde a idéia de pesquisa, até a aceitação dos resultados, o que
constitui o estoque universal de conhecimento.
Sob esta perspectiva de produção e disseminação da informação do
processo de comunicação científica, temos no periódico científico um importante “[...]
veículo de comunicação escrita, que disponibiliza aos leitores, artigos científicos no
formato impresso ou eletrônico.” (CURTY; BOCCATO, 2005, p. 2), o que representa
o avanço do conhecimento solidificado em sua área de abrangência.
Assim, o conteúdo dos periódicos quase sempre é formado por artigos, os
quais são considerados correspondência entre pares, a fim de divulgar e preservar o
conhecimento entre estes, que apresentam resultado de estudos, pesquisas ou
revisão de literatura (SOUSA; VIDOTTI; FORESTI, 2004).
Para atingir seu objetivo macro, os artigos de periódicos devem fornecer
uma contribuição efetiva, propor novas teorias, apontar novos casos/experimentos,
validar ou refutar teorias antigas, e ainda criticar os paradigmas conhecidos. Isso faz
com que o conhecimento evolua.
Vários estudos sobre a produção científica, como os de Meadows (1999),
�4
Mueller (1999), Pecegueiro (2001), Jardim (1998) entre outros, já foram e continuam
sendo desenvolvidos. Sob a ótica da Arquivologia, Fonseca (2005, p. 76, grifo
nosso) comenta que: “[...] os periódicos arquivísticos [ou sobre arquivologia] não
têm sido objeto da [própria] Arquivologia [...].”
Diante desse fato, percebemos nos periódicos que tratam sobre
Arquivologia, principalmente os relatados nesta pesquisa, importantes objetos de
investigação, que precisam ser levados em consideração para o avanço da área.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste estudo, a pesquisa realizada foi do tipo descritiva documental,
quantitativa, cuja população constituiu-se de todos os textos publicados nos
periódicos Ciência da Informação e Perspectivas em Ciência da Informação que
discorressem sobre a Arquivologia, de 1995 a 2005, os quais compreenderam 23
produções.
A obtenção do material coletado deu-se mediante leitura e recuperação
dos sumários das revistas investigadas para identificar as produções de interesse.
Para aqueles de sentido dúbio foram lidos os textos na íntegra.
Os dados das variáveis gênero, titulação e ocupação foram extraídos a
partir da identificação de responsabilidade nos próprios documentos recuperados.
Quando não havia dados suficientes para a coleta, adotou-se, para autores
brasileiros, a consulta do histórico profissional pela Plataforma Lattes, e para os
autores estrangeiros, a recuperação do histórico por meio da Instituição indicada no
texto.
As análises compreenderam cálculos estatísticos, como o cálculo dos
valores absolutos, relativos e do qui-quadrado, visualizados através de gráficos e
tabelas.
�5
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
No atinente aos anos de maior produção do periódico Ciência da
Informação, verificamos que tal fato ocorreu nos 6 últimos anos da década de 1990,
enquanto na Perspectivas em Ciência da Informação somente no primeiro
qüinqüênio do século XXI (Tabela 1).
Tabela 1 – Distribuição das produções textuais científicas (1995-2005)
Ano
Periódico
Total
CI
Produções
no geral
ƒ
%
PCI
Produções
de
Arquivologia
ƒ
%
Produções
no geral
ƒ
69
13
1995
76
14,4
2
18,2
28
1996
49
9,3
2
18,2
25
1997
50
9,5
3
27,2
28
1998
42
8
1
9,2
28
1999
38
7,2
71
2000
37
7
57
2001
40
7,6
37
2002
44
8,3
50
2003
53
10
3
27,2
39
2004
30
5,7
21
2005
11
100
384
Total 528 100
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 33)
Produções
de
Arquivologia
Produções
no geral
Produções
de
Arquivologia
%
ƒ
%
ƒ
%
ƒ
%
-
-
-
69
7,64
-
-
7,3
-
-
104
11
2
8,69
6,5
2
16,7
74
8
4
17,39
7,4
-
-
78
8,64
3
13,05
7,4
-
-
70
7,76
1
4,36
18,5
-
-
109
12
-
-
14,8
2
16,7
94
10,42
2
8,69
9,6
3
25
77
8,53
3
13,05
13
2
16,7
94
10,42
2
8,69
10
1
8,2
92
10
4
17,39
5,5
2
16,7
51
5,65
2
8,69
100
12
100
902
100
23
100
A partir da Tabela 1 podemos observar que do total geral de 902 textos
científicos identificados, somente 23 representam a Arquivologia, havendo assim,
uma proporção deste para aquele de 1:40.
Outro dado inquietante é a escassa produção da área pesquisada, cuja
média aritmética anual em cada periódico correspondeu a 1 para a CI e 1,2 para a
PCI. Estes pequenos valores ficam díspares quando comparados à média aritmética
das produções no geral, que foram de 48 para a CI e 37,4 para a PCI.
O alto índice de produção científica na década de 1990 reflete a realidade
vivenciada naquele momento, pois conforme enfatizado por Miranda (2000, p. 2):
“Nas décadas de 80 e 90 ampliou-se a literatura científica com o crescimento de
�6
cursos de mestrado e de doutorado, [...] a maioria dos congressos e seminários
passou a ter os seus anais publicados com exclusividade.” Assim foi a partir da
segunda metade do século XX, que as publicações seriadas tiveram um crescimento
exponencial, duplicando-se a cada década (BOMFÁ; CASTRO, 2004).
O Gráfico 1 permite a visualização dos anos de ápice dos textos
estudados – 1996 e 2000 – o que indica um aquecimento da produção científica na
Área da Ciência da Informação, fato também constatado nos estudos de Bufrem
(2006).
20%
18%
17,39%
17,39%
16%
14%
13,05%
13,05%
12%
12%
11%
8%
7,94%
10,42%
10,42%
10%
8,64%
8,69%
8,69%
8,53%
10%
8,69%
8,69%
7,76%
8%
6%
5,65%
4,36%
4%
2%
0%
0
1995
0
1996
1997
1998
1999
Produção dos periódicos no geral
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Produções deinteresse da Arquivologia
Gráfico 1 – Produção científica geral versus a produção de interesse
da Arquivologia conforme ano de publicação
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 34)
Por conseguinte, a revista Ciência da Informação destaca-se na
quantidade de publicações. Isto em decorrência de sua história editorial de
regularidade, constância na disponibilização de seus exemplares e de sua
periodicidade
quadrimestral,
contrapondo-se
à
periodicidade
semestral
da
Perspectivas em Ciência da Informação.
Mueller e Pecegueiro (2001) comentam a ininterrupta e crescente
editoração da CI, ao fato desta ter vínculo com o Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT), órgão de credibilidade no país. Salientamos que os
anos de 1996 e 2000 não representam grande produtividade da Arquivologia, o que
só acontece nos anos de 1997 e 2004 (Gráfico 1).
�7
Na Tabela 2 demonstramos as localidades geográficas das Instituições de
origem dos autores da CI, que aponta o Paraná, com 26,6%, e e para os autores da
PCI, aparece Minas Gerais, com 84,6%. Também analisamos as publicações no
todo, e os lugares continuam os mesmos, em primeiro Minas Gerais, em segundo
Paraná (Tabela 2).
Tabela 2 – Localização geográfica das Instituições de vinculação dos autores
Local
Periódico
Total
ƒ
%
ƒ
2
1
4
3
1
3
1
%
13,3
6,7
26,6
20,0
6,7
20,0
6,7
ƒ
1
11
1
-
%
7,7
84,6
7,7
-
2
2
11
1
4
3
1
3
1
7,15
7,15
39,3
6,58
14,2
10,73
3,58
10,73
3,58
15
100
13
100
28
100
CI
Rio de Janeiro
São Paulo
Minas Gerais
Bahia
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Espanha
Distrito Federal
(Brasília)
Total
PCI
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 36)
Notas: Para fins deste cálculo, as localidades foram consideradas a cada
vez que os autores apareceram, sendo que estes foram
contabilizados sempre que publicaram entre os textos analisados.
Nesta tabela, houve um autor que na sua produção, não possuía
ocupação e nem Curriculum Lattes, não sendo, portanto, incluso nos
cálculos.
Dentro da perspectiva da ciência brasileira, na base de dados Institute for
Scientific Information (ISI), Castro e Cabral (1998 apud TARGINO; GARCIA, 2000)
comentam
sobre
as
regiões
e
seus
estados,
apontando
o
Nordeste,
independentemente do indicador social escolhido, como o território mais
desfavorecido em relação à situação privilegiada do Sudeste e do Sul brasileiro,
onde estão os centros de excelência, o maior número de pesquisadores e cursos de
pós-graduação, as grandes editoras e empresas, bem como os meios de
comunicação mais poderosos.
No presente estudo, as regiões brasileiras predominantes e o único país
estrangeiro de vínculo dos autores desta pesquisa foram: Centro-Oeste (43%), Sul
(28%), Sudeste (14%), Nordeste (4%), Espanha (11%), sendo que a região Norte do
Brasil não registrou representatividade para Arquivologia (Gráfico 2). Este fato
�8
também foi apontado por Jardim (1998), que além do Norte, não encontrou material
no Nordeste. Entendemos que esse modesto crescimento na Região Nordeste,
representado na atual pesquisa, pode ser considerada uma evolução da produção
científica em periódicos para a Arquivologia.
4%
100%
80%
14%
60%
28%
40%
43%
20%
11%
0%
Brasil
Centro-Oeste
Exterior
Sul
Sudeste
Nordeste
Espanha
Gráfico 2 – Localização geográfica das Instituições de vinculação dos
autores
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 38)
Uma possível causa para a baixa produção ou sua ausência nas regiões
Nordeste e Norte, deve-se talvez aos cursos de graduação em Arquivologia1 não
abrangerem o Norte do país, pois se verifica que somente os estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraná, Bahia, Paraíba e o
Distrito Federal (Brasília) oferecem o Curso.
Jardim (1998) também elenca os países de procedência dos autores em
sua pesquisa, sendo os países de maior destaque os Estados Unidos e a Espanha
com mesmo percentual (30%), proporcionando a tais países, o primeiro lugar dentre
os demais identificados.
Na Tabela 3, os dados de titulação foram considerados para aqueles
1 As Instituições que possuem curso de Graduação em Arquivologia são: Universidade Federal Fluminense,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Universidade
Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal da Bahia, Universidade
Estadual Paulista, Universidade de Brasília, Universidade Estadual de Londrina (BRASIL, 2006). Além destas
foram recém-criadas as do: Centro Universitário de Assunção (ROXO, 2006) e da Universidade Estadual da
Paraíba (ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS DO RIO GRANDE DO SUL, 2005).
�9
autores que, no ato da divulgação dos textos científicos, já haviam concluído suas
pós-graduações ou graduações. Deve-se destacar que não existiram registros de
pós-doutorado.
Tabela 3 – Produção científica conforme grau de titulação dos autores
Titulação
Produção científica
CI
PCI
ƒ
%
ƒ
%
4
25
1
7,7
6
37.5
6
46,15
6
46,15
6
37.5
16
100
13
100
Graduado / especialista
Mestre
Doutor
Total
Total
ƒ
5
12
12
29
%
17,2
41,4
41,4
100
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 39)
2
Notas: Xo = 2,8
2
Xe =7,81
Para fins deste cálculo, os autores foram considerados todas as
vezes que apareceram, isto é, as produções diferentes, mas de
mesmo autor foram contabilizadas por texto publicado.
Esclarecemos que a célula que traz graduação e especialização juntas,
apresenta, respectivamente, 3 produções para autores graduados e 2 para
especialistas, sendo 3 para graduados da CI (com maior quantidade). Os
especialistas constituíram-se em 1 para CI e 1 para PCI. Em comparação com os
demais graus (mestre/doutor), o resultado do desdobramento da célula mencionada
demonstra índices relativamente pequenos, haja vista o mestrado e doutorado
representarem juntos 82,8% das produções identificadas.
Mas, a relação estatística entre titulação e produção científica não mostrou
significância entre as variáveis, evidenciando que os fatos ocorridos foram obras do
acaso.
Éfrem de Aguiar Maranhão, em sua tese de doutorado do ano de 2002,
intitulada “Análise das correlações entre a titulação e a produção acadêmicocientífica de professores de medicina em duas universidades brasileiras: uma
reflexão para uma proposta de formação docente para ensino médico”, também
pesquisou a produção científica, correlacionando-a diretamente com a titulação, e
esse pesquisador identificou que existe relação entre as variáveis propostas quando
a titulação é de doutor, não havendo significação relevante entre as demais
titulações (BRASIL, 2004).
�10
A Tabela 4 evidencia a predominância feminina com relação à produção
textual científica pesquisada, apresentando um percentual de 69%. Mas, ainda
assim, a associação entre as variáveis de gênero e produção científica não
possuíram valores estatisticamente relevantes.
Tabela 4 – Produção científica conforme o gênero dos autores
Gênero
Masculino
Feminino
Total
Produção científica
CI
PCI
Total
ƒ
%
ƒ
%
7
9
16
43,75
56,25
100
2
11
13
15,38
84,62
100
ƒ
%
9
20
29
31
69
100
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 41)
2
Notas: Xo =1,31
2
Xe = 3,81
Para fins deste cálculo, os autores foram considerados todas as vezes que
apareceram, isto é, as produções diferentes, mas de mesmo autor foram
contabilizadas por texto publicado.
Os dados não oferecem dúvidas sobre a inclusão feminina cada vez maior
nas várias segmentações da ciência, seja na educação ou na vida profissional,
ocupando espaços que só eram habitados por homens. Porém, a sociedade
brasileira até hoje se espanta com os números cada vez mais freqüentes de uma
ocupação feminina participativa, pois estudos como a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) vem mostrando que as mulheres se responsabilizam
cada vez mais pela renda domiciliar (IBGE, 2005).
A análise dos números da Tabela 5 enfatizam a docência como
propulsora da vida literária científica, representando 68%.
Tabela 5 – Relação entre ocupação2 profissional e produção científica
Ocupação
Docente
Outras (1)
Total
Produção científica
CI
PCI
ƒ
%
ƒ
%
12
4
16
75
25
100
7
5
12
58
42
100
ƒ
Total
%
19
9
28
68
32
100
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 42)
2
Notas: Xo = 3,01
2
Xe = 7,81
Para fins deste cálculo, os autores foram considerados todas as vezes
2 Para este estudo, o termo ocupação possui a acepção de cargo, função, profissão ou ofício exercido por uma
pessoa, como denotado pelo IBGE (2005).
�11
(1)
que apareceram, isto é, as produções diferentes, mas de mesmo autor
foram contabilizadas por texto publicado.
Na variável sobre ocupação houve um autor que no ano da publicação
de sua produção, não possuía ocupação, o que totalizou 28.
Na Tabela 5, além da predominância de profissionais docentes (68%),
obteve-se 32% na célula “Outras” funções cujas freqüências foram ≤3 por
ocupação, onde estas são demonstradas no Gráfico 3.
70%
60%
50%
40%
30%
4%
68%
4%
4%
8%
20%
10%
12%
0%
assessor
Docente
diretor
arquivista
Outras
consultor
historiógrafo
docente
Gráfico 3 – Distribuição da freqüência relativa por ocupação
dos autores
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 43)
O Gráfico 3 evidencia e confirma a predominância da profissão de
professor com o maior índice de produção. Neste sentido, Mueller e Pecegueiro
(2001, p. 50) também apontaram números de grandes contribuições destes
profissionais em suas pesquisas, o que segundo as autoras não é de se estranhar,
“[...] pois pesquisar e escrever artigos faz parte da carreira universitária.”
Na opção “Outras” da variável Ocupação, os 32% demonstrados tanto
pela Tabela 5 quanto pelo Gráfico 3 revelam o baixo índice de publicação das
profissões técnicas ou de liderança, talvez pela falta de: costume na elaboração de
pesquisas ou mesmo desconhecimento dos métodos científicos; ausência de
orientação adequada; excesso de jornada de trabalho, que culmina na falta de
tempo; desconhecimento dos órgãos fomentadores de pesquisa; ou ainda, devido a
dificuldade no uso das tecnologias.
O Gráfico 4 permite a visualização da diferença entre as variáveis titulação
�12
e gêneros. Na análise dos percentuais de titulação por gênero verificamos que,
apesar do menor índice ter sido para o sexo masculino, este apresenta maior
escolaridade, conforme demonstrado na titulação de doutorado – 26,316% para
mulheres e 57,143% para os homens – havendo um acréscimo de 30,827% de
doutores masculinos para femininos.
60%
57,14%
52,63%
50%
40%
30%
28,57%
23,32%
20%
14,29%
10%
10,53%
10,53%
0
0%
G
E
Feminino
M
D
Masculino
Gráfico 4 – Titulação feminina versus titulação masculina
Fonte: Sousa e Mendes (2007, p. 45)
A ocorrência de maior titulação masculina demonstrada pelo Gráfico 4
contraria a PNAD, que indica a mulher com maior tempo de escolaridade e os
homens com menor escolarização, em decorrência de entrarem mais cedo no
mercado de trabalho, dados estes que se tornam mais acentuados no Nordeste, com
níveis percentuais que chegam a 10% sobre educação superior de graduação e pósgraduação (IBGE, 2005).
Neste
estudo
detectamos
que
para
cada
homem
existem
aproximadamente 2,5 mulheres. Essa é uma história que acompanha as mulheres
desde sua iniciação na educação. Neste particular, o peso da profissão docente para
o sexo feminino reflete a ideologia machista reinante, no que tange aos diferentes
atributos dos sexos feminino e masculino, sobretudo, com relação a atuação como
professora, principalmente de 1º e 2º graus, sendo considerada uma extensão da
função materna.
Martucci (1996) corrobora mencionando, que essas impressões advém
desde o século XIX, onde a mulher era considerada pura, obediente, vista pela
ideologia
patriarcal
com
extensões
extradomésticas.
Destaca-se
ainda,
a
�13
respeitabilidade profissional das mulheres como sendo pessoas cultas, mães
intelectuais.
Por outro lado, aos poucos esses processos históricos estão se
desfazendo. Mas, até essa realidade tornar-se igualitária entre os gêneros, talvez
demore.
5 CONCLUSÃO
A análise da produção dos periódicos pesquisados (CI e PCI) no contexto
da Arquivologia, relativo a 11 anos (1995-2005) nos demonstrou que houve maior
nível de titulação masculina (57,143%) em contrapartida a uma maior produção do
gênero feminino (69%). Outro ponto relevante são os dados sobre ocupação e
titulação, que se equiparam com os de ocupação e gênero, evidenciando a função
da docência, para a primeira relação, com 68%, e o gênero feminino com 70,6%,
para a segunda relação.
O teste de significância estatística adotado no estudo (qui-quadrado)
mostrou que os resultados encontrados foram casuais, sem consistência, não
obtendo representatividade numérica em seus valores que proporcionassem
relevância estatística entre si, dessa forma, não existiu associação entre as variáveis
pesquisadas (ocupação, gênero, titulação e produção científica).
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS DO RIO GRANDE DO SUL. Novo curso de
arquivologia: Universidade Estadual da Paraíba. 2005. Disponível em:
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__________________
1
Suênia Oliveira Mendes, Bibliotecária, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Núcleo
Integrado de Bibliotecas (NIB), Especialista em Gestão de Arquivo, bibliotecaenfermagem@ufma.br.
2
Maria da Conceição Pereira de Sousa, Bibliotecária, Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
Núcleo Integrado de Bibliotecas (NIB), Especialista em Gestão de Arquivo,
conceicaosousa@ufma.br.
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 15 - Ano: 2008 (CRUESP - São Paulo/SP)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Empreendedorismo e inovação: desafios da biblioteca universitária
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CRUESP
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2008
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo (São Paulo)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Periódico como fonte de informação documental da arquivologia: um estudo de gênero, titulação e ocupação.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Mendes, S. O.; Sousa, M. C. P
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo (São Paulo)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CRUESP
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2008
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Analisa a produção científica da Arquivologia nos periódicos Ciência da Informação e Perspectivas em Ciência da Informação, de 1995 a 2005, enfocando a relação das variáveis gênero, titulação e ocupação dos autores. A pesquisa é do tipo descritiva documental, quantitativa e com cálculos estatísticos, tendo como universo 23 produções científicas dos periódicos estudados. Os resultados demonstram uma produção com baixa representatividade no campo da Arquivologia, no que tange à divulgação em periódicos, não havendo nenhuma relação entre as variáveis estudadas.
Language
A language of the resource
pt
snbu2008