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A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A BIBLIOTECONOMIA: PERCEPÇÕES
DOS BIBLIOTECÁRIOS DO IFB
Grazielle Pereira (IFB) - 1938961@etfbsb.edu.br
Resumo:
Este artigo refere-se a um estudo descritivo-exploratório da percepção dos bibliotecários do
IFB em relação à educação inclusiva e o papel das bibliotecas neste contexto. Apresenta uma
pesquisa bibliográfica acerca do tema educação inclusiva no Brasil, oferecendo uma evolução
histórica da busca pela inclusão de pessoas com deficiências. São propostos conceitos ligados
à biblioteconomia e sua função na sociedade da informação. Há uma explanação sobre a Rede
Federal de Ensino no Brasil, que tem tido seu momento de crescimento com a criação dos
institutos federais. O objetivo do artigo é conduzir uma reflexão sobre como as bibliotecas
devem atuar com vistas a atender usuários com algum tipo de deficiência.
Palavras-chave: Educação inclusiva. Inclusão social. Biblioteconomia. Bibliotecário. Acesso à
informação.
Área temática: Eixo 2 - Responsabilidade Política, Técnica e Social
Subárea temática: Perfil profissional e práticas renovadoras
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XIX Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA COMO AGENTE DE SUSTENTABILIDADE INSTITUCIONAL
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A BIBLIOTECONOMIA: PERCEPÇÕES
DOS BIBLIOTECÁRIOS DO IFB
Resumo: Este artigo refere-se a um estudo descritivo-exploratório da percepção dos bibliotecários do IFB em
relação à educação inclusiva e o papel das bibliotecas neste contexto. Apresenta uma pesquisa bibliográfica
acerca do tema educação inclusiva no Brasil, oferecendo uma evolução histórica da busca pela inclusão de
pessoas com deficiências. São propostos conceitos ligados à biblioteconomia e sua função na sociedade da
informação. Há uma explanação sobre a Rede Federal de Ensino no Brasil, que tem tido seu momento de
crescimento com a criação dos institutos federais. O objetivo do artigo é conduzir uma reflexão sobre como as
bibliotecas devem atuar com vistas a atender usuários com algum tipo de deficiência.
Palavras-chave: Educação inclusiva. Inclusão social. Biblioteconomia. Bibliotecário. Acesso à informação.
Abstract: This article refers to a descriptive exploratory study of perception of IFB librarians in relation to
inclusive education and the role of libraries in this context. It presents a literature about inclusive education issue
in Brazil, offering a historical evolution of the search to include people with disabilities. They are proposed
concepts related to librarianship and their role in the information society. There is an explanation of the Federal
Education Network in Brazil, which has had its moment of growth with the creation of federal institutions. The
aim of this paper is to conduct a reflection on how libraries should act in order to meet users with a disability.
Keywords: Inclusive education. Social inclusion. Librarianship. Librarian. Access to information.
1 Introdução
O momento atual em que se vive as sociedades é marcado pelo acesso ou não-acesso à
informação. É possível que a informação permeia e conduz a vida das pessoas. Portanto,
bibliotecas e centros de informação, de uma forma geral, devem cumprir o papel de conduzir
os indivíduos no acesso a informações que possam suprir suas necessidades, sejam elas de
cunho informativo, acadêmico ou mesmo cultural.
Sob esta perspectiva, a biblioteconomia é a técnica que busca identificar, armazenar,
organizar e disseminar conteúdos informacionais. Para essa técnica se concretize é necessário
que barreiras sem superadas, a fim de oferecer acesso informacional a todas as pessoas. É
através deste conceito que pode-se pensar numa sociedade em que a informação seja
democrática e de acesso igualitário.
A educação inclusiva, por sua vez, busca formas, estratégias para que as pessoas com
diferenças, sejam estas físicas ou intelectuais, possam acessar a educação, não permitindo que
isso aconteça de forma isolada das demais pessoas que possuem determinada deficiência. Vale
ressaltar, que as barreiras ser identificadas e corrigidas, a fim de promover práticas educativas
com eficiências.
Num ambiente escolar, para que as bibliotecas possam cumprir o seu papel de mediar
a informação do aluno ao professor, por exemplo, é necessário os profissionais que atuam
neste setor estejam atentos a sua função de democratizar acesso, bem como devem saber
reconhecer o papel fundamental de reconhecer as diferentes necessidades informacionais dos
seus usuários e a condição em que estes se encontram.
Portanto, o objetivo deste trabalho é identificar em que medida os profissionais da
informação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) estão
preparados para atuar num ambiente educacional em que existam usuários com necessidades
específicas.
2 A educação inclusiva no Brasil
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O censo demográfico brasileiro aponta que cerca de 23,9% da população total, tem
algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. De acordo com
censo (OLIVEIRA, 2010). Como mostra a Figura 1:
Figura 1 – A deficiência no Brasil. Fonte: IBGE (2010)
Praticar a educação inclusiva em um país de dimensões continentais, com realidades
diversas é um desafio para o Estado e para educadores de todo o Brasil. De acordo com
especialistas, a inclusão deve começar em sala de aula. Essa afirmação deve-se ao fato de que
é na formação das crianças que está a postura da sociedade mais adiante. De acordo com
Rosane Carneiro et al (2009, p. 153):
Quanto maior a convivência, sem discriminações, maior a inclusão. Através do
relacionamento entre os indivíduos diferentes entre si, previsto na sociedade
inclusiva, é que se constrói e se fortalece a cidade. A inclusão, então, nunca poderá
ser vista como um favor, de colar “para dentro” da sociedade quem está fora, mas
como uma troca. Todos saem ganhando, pela convivência entre as diferenças e a
transformações da sociedade em busca da realização de todos.
Historicamente, as pessoas com deficiência passaram muito tempo em total exclusão e
segregação. A partir da década de 1950 é que se tiveram os primeiros esforços da sociedade
pela prática não-discriminatória, iniciando um movimento de integração. Na integração, que
vigorou até o surgimento de sociedade inclusiva na década de 90,0 a sociedade começa a
abrir-se à presença das minorias, especialmente as pessoas com deficiência. No entanto,
segundo Carneiro et al (2009, p. 154), as pessoas com deficiência deviam se esforçar para
pertencer à sociedade. Assim, foram oferecidos a elas reabilitação, escolas e turmas especiais,
acesso arquitetônico em locais públicos, postos de trabalho diferenciados.
Portanto, mesmo com o mérito de iniciar o movimento de modificação da mentalidade
das pessoas, a integração mantinha formas de segregação, pois as deficiências não eram
aceitas, e a sociedade é que precisa estruturar-se para fornecer todas as condições de bemviver aos cidadãos. Muitos estudiosos salientam que a sociedade vive a mudança do
movimento integracionista para o inclusivista. E, é claro, que estas mudanças são lentas e
graduais, além de repleta de conflitos.
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996)
propõe-se uma adequação das escolas brasileiras para atender satisfatoriamente a todas
crianças. Diferenças étnicas, sociais, culturais ou de qualquer ordem passam a ser foco do
discurso de inclusão escolar (KASSAR, 2011, p. 71, grifo nosso). Como afirma a autora:
“Um discurso de educação inclusiva toma corpo no pais, de modo que profissionais que
atuavam na Educação Especial passam, pouco a pouco, a utilizar o termo ‘inclusão’ no lugar
da bandeira da ‘integração’. ”
A LDB/1996 dispõe: “o estabelecimento, pela União, em colaboração com os Estados,
com o Distrito Federal e com os Municípios, de competências e de diretrizes curriculares para
a educação infantil, o ensino fundamental e o médio, devem contemplar o alunado com
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necessidades especiais. ” (BRASIL, 1996) De acordo com Carvalho (2007, p. 76), o órgão do
MEC responsável pela educação especial tem procurado se articular com as Secretarias de
Educação dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e, ainda, com as ONGs que
promovem atendimento especializado.
Como atesta Kassar (2011, p. 62), as escolas públicas brasileiras têm se surpreendido
com a presença de alunos com deficiências matriculados em suas turmas, em diferentes níveis
de ensino. Essa situação é resultando de uma política denominada “educação inclusiva”, que
tem sido implantada explicitamente em 2003.
Para oferecer sustentação da proposta inclusiva, o Decreto 6.571/2008 dispõe sobre o
atendimento educacional especializado e modifica as regras do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB) para garantir recursos àqueles alunos que efetivamente estejam matriculados em
escolas públicas e recebendo atendimento educacional especializado. É neste sentido que é
formulada, em 2009, a Resolução nº 4, que institui as Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial,
e estabelece as formas possíveis desse atendimento. Como postula, a Resolução afirma em
seus artigos 1º, 2º e 3º:
Art. 1º Para implementação do Decreto nº, os sistemas de ensino devem matricular
os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento
Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou
em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.
Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno
por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias
que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e
desenvolvimento de sua aprendizagem.
Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de
acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo
dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos
materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos
sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços.
(BRASIL, 2009, p. 17)
Com a finalidade de fomentar a política de construção de sistemas educacionais
inclusivos, que formem educadores num sistema de multiplicadores, a Secretaria de Educação
Especial do MEC aponta um crescimento significativo nas matrículas da educação especial
nas classes comuns do ensino regular. (KASSAR, 2009, p. 73). De acordo com a autora os
dados apresentados pela secretaria demonstram que os objetivos têm sido alcançados, no
entanto, que é necessário olhar para a cada escolar e identificar os diferentes desafios que
devem ser enfrentados.
E para o alcance deste objetivo faz-se urgente que romper com o paradigma que
conduz a história da educação no Brasil, em que pessoas são segregadas pelas condições que
estas apresentam. Portanto, fica evidente que Estado e sociedade civil devem se unir a fim de
tentar garantir plenas condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem de
todas as pessoas.
3 As bibliotecas e o seu papel na sociedade da informação
Os conceitos de biblioteca e de biblioteconomia tem mudado com o passar do tempo e
com as novas tecnologias da informação e da comunicação, se adaptando, portanto, às
necessidades de informação das pessoas, que são cada vez mais rápidas e em maior volume, já
que produção de estoques de conhecimento também tem aumentado. Em suma, a
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biblioteconomia é a ciência ou a técnica que buscar oferecer controle ao que produzido como
forma de conhecimento registrado pelo homem. Atualmente, há ainda as bibliotecas físicas,
mas há também as bibliotecas virtuais, digitais e eletrônicas, que oferecem acesso à
informação através de serviços remotos, links, acervo eletrônicos, entre outros.
De acordo com Yves-François Le Coadic (1996, p. 25), a biblioteconomia não é uma
ciência, nem uma técnica rigorosa, mas sim uma prática de organização caracterizada por sua
unidade. Divide-se em três grandes domínios: acervos (documentos); leitores (público) e
espaços (estabelecimentos físicos ou não). Segundo os autores para que a biblioteconomia se
consolide não é possível dissociar esses três elementos.
Segundo Vieira (2014, p. 2), o conceito norte-americano de biblioteconomia é que esta
tem a missão de aplicar a tecnologia e a teoria para a seleção, organização, gerenciamento,
preservação, disseminação, criação e utilização das coleções de informações por todos e em
todos os formatos.
É possível afirmar que a prática biblioteconômica está diretamente ligada à história da
humanidade, sendo influenciada por uma série de revoluções tecnológicas. Portanto, a história
da biblioteconomia é a história do registro da informação, sendo impossível dissocia-la de um
conjunto amplo que é a própria história do homem. De acordo com Milanesi (1983, p. 16), na
medida da produção do registro informativo, o homem engendrou sistemas – tão rudimentares
quanto a informação registrada – para não dispersá-la:
era preciso reter a informação em algum suporto concreto; consequentemente,
tornou-se imprescindível a preservação desses suportes – os documentos – bem
como a organização deles. Quanto mais documentos produzidos, maior a exigência
de controle. A resposta à explosão informativa do século XX foi a utilização do
computador para ordenar a informação registrada. Ou seja, quanto mais o homem
gera documentos, mais os profissionais especializados no controle da informação
buscam instrumentos e técnicas que permitem a cada homem encontrar o dado que
procura. (MILANESI, 1983, p. 16-17)
Ranganathan (1892-1972), nascido na Índia, matemático e bibliotecário, foi
considerado o “pai da biblioteconomia” no país, propôs em 1931 as chamadas por ele de
“cinco leis da biblioteconomia”. São elas: 1. Os livros são para usar. 2. A cada leitor o seu
livro. 3. A cada livro o seu leitor. 4. Poupe o tempo do leitor. 5. A biblioteca é um organismo
em crescimento. Esses pressupostos potencializam uma biblioteca para ser além de uma
acumuladora de conhecimentos registrados, uma instituição social. A autora diz: “biblioteca
como órgão capaz de romper as muralhas da exclusão, deixando sua condição de depósito
morto de livros para se transformar em centro de cultura. ”
Considerando essas prerrogativas, Côrte e Bandeira (2011, p. 9), as bibliotecas de
instituições escolares devem atual como órgão auxiliar da escola, facilitando aos alunos o
livre acesso a documentos bibliográficos, bem como orientação clara e precisa para estudo,
para a solução de problemas e dos deveres de classe, ou, ainda, incrementar as pesquisas.
No âmbito social, às bibliotecas escolares e universitárias compete, prioritariamente,
prover acesso à comunidade acadêmica de recursos de informação relevantes, de modo a
subsidiá-la no desenvolvimento de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Sob esta
perspectiva, Silveira (2010, p. 2) atesta que no contexto brasileiro a grande maioria das
bibliotecas reflete o descaso social mais amplo pelas pessoas com deficiência, sendo seus
produtos e serviços para aqueles usuários fisicamente e intelectualmente “perfeitos”. Neste
sentido a autora afirma:
As raras iniciativas para sua integração configuram-se, na maioria dos casos, como
soluções de paternalismo, medidas assistencialistas, retirando do indivíduo o seu
direito de conviver em igualdade de condições com outros membros da comunidade
universitária. No Brasil, praticamente inexiste biblioteca universitária que incorpore
ao seu planejamento garantias de acesso pleno a deficientes físicos, prevalecendo
barreiras arquitetônicas em suas instalações. O conjunto de recursos informacionais,
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representado por itens componentes dos acervos, também é projetado visando ao
atendimento daquela comunidade de usuários julgada fisicamente "normal",
resultando daí a inacessibilidade parcial e, na maioria das vezes, total à informação
disponibilizada pela biblioteca, devido aos suportes utilizados para seu registro ou à
inexistência de tecnologias alternativas especialmente desenvolvidas para propiciar
utilização por usuários deficientes visuais. (SILVEIRA, p. 2)
Portanto, no Brasil quase inexiste bibliotecas que incorporem ao seu planejamento e
rotina de trabalho garantias de acesso pleno a pessoas com deficiência, prevalecendo as
barreiras arquitetônicas às suas instalações, bem como barreiras informacionais, ou seja,
documentos em suportes e formatos que garantam o acesso a pessoas com alguma condição
diferenciada. É possível comprovar também essa afirmativa de que não há cumprimento de
acesso total a pessoas com deficiências em bibliotecas que pouco se tema de literatura
científica na área, apresentando um cenário bem desolador com referência ao tratamento
ineficiente e ineficaz dispensado ao público constituídos pelos usuários com algum tipo de
deficiência.
É necessário que bibliotecários que atuam em instituições escolares, como agentes da
educação que são, conheçam os dispositivos legais que se referem à educação inclusiva e suas
implicações, bem com deve se apropriar de normas técnicas de acessibilidade como a NBR
9050/2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
4 As bibliotecas do IFB
A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica está presente em
todo território nacional, com a oferta de cursos de qualificação, técnicos, superiores de
tecnologia, licenciaturas, e programas de pós-graduação lato sensu e scrito sensu. (BRASIL,
2015). Cerca de 35 (trinta e cinco) institutos federais compõem essa rede, que também conta
com universidades tecnológicas, CEFETS e escolas técnicas vinculadas a universidades. Cada
instituição desta tem aproximadamente 10 (dez) campi. Em cada campus há bibliotecas que
tem a função de atender as necessidades informacionais de seus usuários, entre alunos e
servidores. Espera-se dessas unidades algumas características mínimas: acervo adequado à
oferta de cursos do campus, bem como em vários suportes informacionais (impresso,
eletrônico e digital); estrutura mínima para receber seus usuários; apoio em atividades de
consulta a fontes de informação; clareza no seu papel fundamental em subsidiar as atividades
de ensino, pesquisa e extensão dos institutos. Essas unidades contam, em sua maioria, com 2
(dois) profissionais bibliotecários, sendo que um deles é responsável por coordenar as
atividades e articular a biblioteca com os demais setores pedagógicos.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) foi criado em
29 de dezembro de 2009 e, atualmente, conta com 10 (dez) campi em diversas regiões
administrativas, a saber: Brasília, Ceilândia, Estrutural, Gama, Planaltina, Riacho Fundo,
Samambaia, São Sebastião, Taguatinga e Taguatinga Centro. No Estatuto do IFB consta a
seguinte missão: Oferecer ensino, pesquisa e extensão no âmbito da Educação Profissional e
Tecnológica, por meio da inovação, produção e difusão de conhecimentos, contribuindo para
a formação cidadã e o desenvolvimento sustentável, comprometidos com a dignidade humana
e a justiça social. O IFB iniciou suas atividades incorporando a Escola Agrícola do Governo
do Distrito Federal, localizada na região administrativa de Planaltina. Na primeira fase de
expansão surgiram os campi Brasília, Gama, Taguatinga e Samambaia. Com a segunda fase
surgem as unidades Riacho Fundo, São Sebastião e Taguatinga Centro. Na terceira e última
fase são criados os campi Ceilândia e Estrutural. (IFB, 2015)
Em cada escola há uma biblioteca que, administrativamente, ocupa no organograma de
campus uma coordenação, sendo subordinada à Direção de Ensino, Pesquisa e Extensão de
cada campus. As coordenações de biblioteca se articulam internamente aos demais setores e
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também estão associadas à Coordenação Geral de Bibliotecas que é um organismo da Reitoria
do IFB e é responsável por apoiar todas bibliotecas do IFB e buscar uma unidade e
padronização dos produtos e serviços prestados.
3 Materiais e métodos
É um estudo de caráter qualitativo, com uma abordagem descritivo-exploratória. O
universo da pesquisa são os bibliotecários do IFB e a amostra foi definida aleatoriamente e, de
um universo de 18 (vinte e dois) bibliotecários, foram selecionados 7 (sete) respondentes a
um questionário enviado por email a todos os profissionais, contendo 13 (treze) perguntas
fechadas e 5 (cinco), abertas. Os dados foram coletados entre os dias 25/11 e 03/12/2015.
4 Resultados parciais/finais
Foram realizadas perguntas que buscaram traçar um perfil do profissional bibliotecário
do IFB. A média de idade é de 28 anos, sendo que os mais jovens têm 24 anos e os mais
velhos têm 31 anos. Dos 7 profissionais, 2 estão participando de programas de mestrado
acadêmico e 5 tem especialização. No que se refere ao tempo de vínculo com o IFB tem-se o
seguinte quadro: 2 profissionais tem até 1 ano; 1 profissional tem de 1 a 2 anos; 2 profissional
tem 2 a 3 anos; 2 profissionais tem mais de 3 anos de instituição. Há 2 profissionais do
Campus Riacho Fundo; 1 do campus Estrutural; 1 do campus Samambaia; 1 do campus
Taguatinga; 2 do campus São Sebastião. 4 profissionais atuam como coordenadores de
bibliotecas e 3 atuam apenas como bibliotecários.
Quando perguntados sobre o conhecimento de leis, decretos e atos normativos sobre
educação inclusiva e acessibilidade, apenas 1 declarou não ter conhecimento de nenhuma lei.
Um bibliotecário do campus Riacho Fundo declarou: “Conheço o Decreto 5.296/2004 trata
das deficiências e dos direitos da pessoa com deficiência, foi um marco para a área”. Um
profissional do campus Samambaia afirmou: “Há leis acerca de acesso físico de uma pessoa
aos ambientes, à locomoção (direito de ir e vir); no caso de cegos, de entrada com o cão guia
em quaisquer tipos de locais; no caso de uma escola, atendimento especializado de acordo
com a necessidade que o aluno possui, entre outros.” O bibliotecário do campus Taguatinga
detalhou seu conhecimento da seguinte forma: Norma brasileira ABNT NBR 9050 que trata
da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Um dos
bibliotecários do campus São Sebastião afirmou: “A própria constituição federal que
estabelece garantia para criação de programas de atendimento especializado para portadores
de deficiência e leis que asseguram atendimento prioritário, bem como normas gerais para a
promoção da acessibilidade dos portadores de deficiência e/ou mobilidade reduzida.
E a LDB que trata dos direitos da criança deficiente.” Outro bibliotecário do campus São
Sebastião afirmou: Conheço apenas a NBR 9050, que trata da acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e que foi atualizada recentemente (2015).
No que se refere a programas de capacitação e cursos sobre o assunto, os
bibliotecários com mais de 3 anos no IFB declararam ter participado de cursos oferecidos pela
instituição, a saber: curso de libras, utilização de softwares para usuários cegos. O
bibliotecário do campus Riacho Fundo, que atua no IFB entre 2 a 3 anos, declarou ter
participado do último Fórum Distrital de Educação Inclusiva, ocorrido no IFB neste ano.
No que diz respeito ao conhecimento da norma 9050/2004, 100% dos bibliotecários
afirmaram ter conhecimento da norma. O bibliotecário do campus Taguatinga afirmou: “A
norma aborda, dentre vários ambientes, a questão da acessibilidade dentro das bibliotecas.
Questões como dimensões dos balcões de consulta/atendimento, distância entre as estantes
para que o cadeirante possa se locomover no corredor são discorridas na norma.”
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Ao indagar se há nas bibliotecas de atuação usuários com alguma deficiência, apenas 1
bibliotecário declarou não receber público com esta condição. Foram apontadas deficiências
motoras, auditivas e visuais. 4 bibliotecas oferecem espaço em que usuários com deficiência
conseguem percorrer o ambiente na sua totalidade. Estas mesmas bibliotecas possuem
elevador ou rampa e também sinalização tátil. 4 bibliotecas possuem acervo em Braille,
Audiolivro e Impressora em Braille. Há em 5 bibliotecas profissionais que podem se
comunicar através da Língua Brasileira de Sinais, em nível básico.
O último item do questionário solicitou ao bibliotecário que discorresse brevemente as
suas impressões de como as bibliotecas devem apoiar práticas de educação inclusiva. O
resultado foi o seguinte:
Campus de atuação
Estrutural
Riacho Fundo
Samambaia
São Sebastião
Taguatinga
5 Considerações finais
Impressões – Educação Inclusiva e Bibliotecas
Há um longo caminho a percorrer. Percebo que as
construções dos IFs já possuem os padrões para
acessibilidade, mas creio que os profissionais da área
de biblioteconomia não tem conhecimento nem
qualificação suficiente na área.
Acredito que pensar a educação inclusiva sobre o
ponto de vista das bibliotecas é um desafio, mas,
também algo urgente, uma vez que, todos os usuários
devem ter acesso ao conhecimento, independente
deste ter deficiência ou não.
Acredito que nós em primeira instância devemos
procurar adquirir conhecimento sobre acessibilidade.
As bibliotecas devem se informar acerca de normas,
materiais, capacitações aos servidores, ou seja, tudo
o que pode ser oferecido aos usuários com
necessidades específicas e procurar oferecer o que
for possível, de forma que todos os usuários tenham
acesso de maneira igualitária aos serviços de
informação.
As bibliotecas são uma extensão das instituições de
ensino, portanto devem estar envolvidas nas políticas
educacionais a respeito da educação inclusiva. As
bibliotecas devem garantir que seu espaço e serviços
sejam abertos a todo e qualquer usuário. A
preocupação inicial deve ser a aquisição e
disponibilização de recursos multimídia e livros
especiais para deficientes, e adequação da estrutura
física e mobiliária, bem como preparar os
profissionais para lidar com este público.
Por fim, é necessário que os profissionais da
biblioteca realizem atividades de mediação que
visem
contribuir
com
o
desenvolvimento intelectual, inclusão e incentivo à
socialização dos usuários especiais.
O apoio da biblioteca só é possível com a integração
entre professores e bibliotecários. A questão de
capacitar os servidores em relação treinamento em
livras é complicado, pois somente com o treino é
possível manter o aprendizado. É fácil esquecer
quando você não pratica.
Quadro 1: Construção do autor.
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Conclui-se que considerar as bibliotecas nas práticas de educação inclusiva é algo
urgente e necessário, pois possível pensar em inclusão no âmbito escolar se o aluno puder
acessar conteúdos que possam subsidiar suas práticas educacionais. Vale ressaltar que
profissionais bibliotecários devem estar atentos a esta demanda, ou seja, procurar se apropriar
do assunto, no que diz respeito a leis, tratados, normas e outros, a fim de que usuários com
algum tipo de deficiência tenham acesso à informação, assim como os demais usuários.
Há um caminho longo a ser percorrido, mas essa necessidade deve ser enfrentada de
forma constante. Ao estruturar um edifício de biblioteca, o profissional bibliotecário deve
acompanhar a execução da atividade, utilizando os conhecimentos adquiridos, a fim que as
barreiras físicas possam ser eliminadas ou minimizadas. No que tange o acesso a textos,
conteúdo técnico-científico, bibliotecários devem representar a demanda desses usuários,
buscando formas de aquisição de material em Braille, audiolivros, softwares sintetizadores de
voz, entre outros. É só com medidas dessa natureza é que se pode falar em que as bibliotecas
tem cumprido o seu papel ao praticar também a educação inclusiva.
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SILVEIRA, Júlia Gonçalves da. Biblioteca inclusiva? Repensando barreiras de acesso aos
deficientes físicos e visuais no Sistema de Bibliotecas da UFMG e revendo a trajetória
institucional na busca de soluções. Disponível em: <http://proex.pucminas.br/sociedade
inclusiva/anaispdf/bibliotecainclusiva.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2015.
VIEIRA, Ronaldo. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência,
2014.
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 19 - Ano: 2016 (UFAM - Manaus/AM)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: A biblioteca universitária como agente de sustentabilidade institucional.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFAM
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2016
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Manaus (Amazônia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
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Title
A name given to the resource
A educação inclusiva e a biblioteconomia: percepções dos bibliotecários do IFB.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Pereira, Grasielle
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Manaus (Amazonas)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFAM
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2016
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Este artigo refere-se a um estudo descritivo-exploratório da percepção dos bibliotecários do IFB em relação à educação inclusiva e o papel das bibliotecas neste contexto. Apresenta uma pesquisa bibliográfica acerca do tema educação inclusiva no Brasil, oferecendo uma evolução histórica da busca pela inclusão de pessoas com deficiências. São propostos conceitos ligados à biblioteconomia e sua função na sociedade da informação. Há uma explanação sobre a Rede Federal de Ensino no Brasil, que tem tido seu momento de crescimento com a criação dos institutos federais. O objetivo do artigo é conduzir uma reflexão sobre como as bibliotecas devem atuar com vistas a atender usuários com algum tipo de deficiência.
Language
A language of the resource
pt