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ESTRATÉGIAS EM EaD NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Neiliane Alves Bezerra (UFC) - neiliane.bezerra@ufc.br
Maria Marlene Rocha de Sousa (UFC) - mmarlene@ufc.br
Margareth Figueiredo Nogueira Mesquita (UFC) - margamesq@hotmail.com
Resumo:
Apresenta resultado de estudo com objetivo de analisar, em termos estratégicos, o potencial
das dimensões do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará (SB/UFC) para
ofertar serviços adequados às necessidades da Educação à Distância (EaD). O Plano Nacional
de Educação (PNE) 2014-2024, Lei nº 13.005 contempla estratégias e ações para alcançar as
metas da EaD de expandir vagas na educação superior. Apoiando-se na abordagem da ecologia
da informação busca-se conhecer o ambiente informacional da biblioteca, utilizando a Análise
SWOT para coletar informações do seu ambiente interno e externo que servirão como insumo
para a elaboração de estratégias informacionais. A pesquisa é classificada como exploratória e
utilizou a entrevista não dirigida como instrumento de coleta de dados. Como considerações
parciais, após a análise das entrevistas constatamos que os conteúdos informacionais de
acesso aberto, como o Repositório Institucional (RI) e de acesso restrito como livros
eletrônicos, foram considerados pontos fortes e quanto aos pontos fracos percebidos no
SB/UFC para a atuação em EaD, um dos aspectos mais enfatizados foi o desconhecimento da
metodologia de estudo-ensino e as tecnologias usadas em EaD, por parte dos bibliotecários.
Palavras-chave: 1. Estratégia em EaD. 2. Processos e ferramentas. 3. Bibliotecas
Universitárias. 4. Tecnologia da informação. 5. Ecologia da informação.
Área temática: Eixo 3 - Ecologia da Informação
Subárea temática: Biblioteca universitária e EaD
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XIX Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA COMO AGENTE DE SUSTENTABILIDADE INSTITUCIONAL
1 Introdução
A Educação à Distância (EaD) é conceituada como uma modalidade de ensino
mediada pelas modernas tecnologias da comunicação e informação que possibilitam o acesso
a recursos didáticos sistematicamente organizados, em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, podendo ocorrer encontros presenciais. (BRASIL.
MEC, 2007).
O aumento da demanda pela EaD na educação superior é considerado bastante
expressivo e os temas mais abordados concentram-se no ajuste entre os fatores
epistemológicos, tecnológicos e metodológicos que influenciam a qualidade da aprendizagem
tanto no ensino presencial como à distância. A forma como os alunos constroem seus
conhecimentos está relacionada ao campo epistemológico, já os fatores tecnológicos se
referem à infraestrutura técnica e tecnológica, por sua vez, os fatores metodológicos estão
ligados às práticas didático-pedagógicas. (ZANONI; BACCARO, 2008).
O equilíbrio entre os três fatores exige autonomia, cooperação e interação entre
discentes, docentes, tutores, coordenadores, gestores; planejamento por parte das instituições
de ensino no que diz respeito ao acompanhamento, supervisão, orientação, treinamento,
material didático, estrutura física; infraestrutura tecnológica para vencer a distância e permitir
a interatividade. (FERREIRA, 2014).
O Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, Lei nº 13.005 que entrou em vigor
em 25 de junho de 2014, estabelece como meta para a educação superior a distância, elevar a
taxa bruta de matrícula para cinquenta por cento e a taxa líquida para trinta e três por cento da
população de dezoito a vinte e quatro anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para,
pelo menos, quarenta por cento das novas matrículas, no segmento público. A pretensão é
ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e interiorização da rede federal de educação
superior, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB), considerando a densidade populacional.
A UFC, em consonância com o PNE, inclui em seu Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI) metas e ações voltadas para a EaD. (UFC, 2013). Os cursos de graduação
a distância são ofertados pelo Instituto UFC Virtual em parceria com outras unidades
acadêmicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) e com os governos do Estado e dos
municípios, através do projeto nacional Universidade Aberta do Brasil (UAB), que visa à
expansão do ensino superior a distância para regiões onde não há acesso hábil a cursos
superiores na modalidade presencial.
A disponibilização de fontes de informação como livros, periódicos, artigos,
monografias, teses, dentre outros formatos, em suporte impresso ou digital são
imprescindíveis ao processo de aprendizagem, uma vez que permitem ao aprendiz construir
novos conhecimentos, de maneira autônoma, fazendo leituras, dialogando com autores e
ideias, reinterpretando, transformando e construindo novos conceitos.
Levando-se em conta que uma das características essenciais da EaD é a flexibilidade
de tempo, espaço e comodidade que favoreçam o processo de aprendizagem, surge a
necessidade de analisar até que ponto a estrutura da biblioteca está adequada para ofertar
serviços na modalidade de ensino a distância.
Pensando a partir da abordagem da ecologia da informação de Davenport (1998),
planejar o ambiente informacional para EaD constitui um grande desafio e não se limita à
aquisição de modernas e potentes tecnologias da informação e comunicação. Como gerenciar
esse ambiente informacional na perspectiva da ecologia da informação? Que mudanças devem
ser realizadas no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará (SB/UFC) para
que o mesmo possa atuar respeitando as características tecnológicas e metodológicas do
ambiente virtual de aprendizagem?
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BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA COMO AGENTE DE SUSTENTABILIDADE INSTITUCIONAL
Para saber quais mudanças devem ser providenciadas é preciso conhecer a realidade
do SB/UFC, isto é, todas as dimensões que lhe dão sustentação. Daí, recorre-se a Kotler
(1998), análise dos ambientes internos e externos, a fim de se levantar pontos fracos, fortes,
ameaças, oportunidades (análise SWOT/FOFA) e combiná-los na formulação de objetivos
estratégicos e metas a serem alcançadas no atendimento de usuários de EaD.
Partindo dessa reflexão, elege-se como objetivo desse estudo analisar, em termos
estratégicos, o potencial das dimensões do SB/UFC, para ofertar serviços adequados às
necessidades da EaD.
2 As Bibliotecas universitárias das IFES e a EaD
Na modalidade de educação à distância, docentes e discentes estão separados
fisicamente no tempo e/ou no espaço, conectados por tecnologias da informação e
comunicação, podendo haver ou não encontros presenciais. O Decreto 5.622, em seu artigo
primeiro, define educação a distância como
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de
ensino aprendizagem ocorre com a utilização de meios de tecnologias da informação
e comunicação, com estudantes e professores, desenvolvendo atividades educativas
em lugares ou tempos diversos.
Os processos de ensinar e aprender, em grande parte, são mediatizados por meio de
materiais didáticos, considerados um potente e significativo meio para a aquisição do
conhecimento,
por ser construído com uma linguagem preocupada com a aprendizagem dos alunos,
uma vez que é ele que, na maioria das vezes, é a fonte de estímulo dado ao aluno, no
sentido de levá-lo a aprender através das informações adquiridas em suas leituras,
bem como estimulá-lo a buscar outras leituras complementares, dentro de um ritmo
próprio diz. (FONSECA, 2013. p.105).
A preocupação com a qualidade do material didático na educação a distância tem
papel fundamental, diz Correia (2013, p.125), “uma vez que comporta a organização, o
desenvolvimento e a dinâmica de todo o processo de ensino e aprendizagem, além de prever
grande parte das estratégias didático-pedagógicas”. Ferreira (2013) e Correia (2013) destacam
que o material didático deve permitir ao aluno estender seus conhecimentos para além do que
está proposto, indicando, por exemplo, bibliografias complementares e atividades extras que
auxiliem o aluno a continuar sua pesquisa e aprendizado de forma autônoma.
As leituras complementares, enquanto parte de um processo de aprendizagem autônomo,
são realizadas quando o aprendiz sente que há uma lacuna no seu conhecimento e busca
informações para preenchê-la. Esse processo é continuo. É no momento de busca de fontes de
informação que o aluno de educação à distância necessita de um entorno documental para a
provisão de material impresso ou digital como livros, periódicos, teses, dissertações, dentre
outros necessários à aprendizagem e à produção do conhecimento científico. (BRASIL,
2007).
A biblioteca, aliada às novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s), traz
grandes possibilidades para a EaD, provendo serviços que conferem a melhoria da qualidade
da aprendizagem e da formação acadêmica. Logo, destaca-se a relevância da biblioteca como
centro de recursos que agrega valor à aprendizagem à distância. E encontra-se na literatura da
área da Ciência da Informação e Biblioteconomia muitos estudos que tratam da gestão da
informação adequada ao ambiente virtual da EaD.
É pertinente para o contexto da biblioteca universitária a abordagem da ecologia da
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informação, que segundo Davenport (1998) é uma perspectiva holística da abordagem do
gerenciamento da informação que consiste em assimilar alterações repentinas no mundo dos
negócios e adaptar-se às realidades sociais sempre mutantes.
Bibliotecários coletam, analisam, processam, armazenam e disseminam informações e
ainda se preocupam com a maneira como as pessoas criam, disseminam, compreendem, e
usam a informação. Esse ciclo pelo qual passa a informação precisa ser planejado na
perspectiva da ecologia da informação que como nos informa Devenport (1998), enfatiza o
ambiente da informação em sua totalidade, levando em conta os valores e as crenças
empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas realmente usam a informação e o
que fazem com ela (comportamento e processos de trabalho); as armadilhas que podem
interferir no intercâmbio de informações (política); e quais sistemas de informação já estão
instalados apropriadamente (sim, por fim a tecnologia).
Os serviços de informação para apoiar o processo de aprendizagem em EaD não
devem supervalorizar a tecnologia, mas todos os componentes do ambiente organizacional
que influenciam, qualitativamente, nesse fluxo de informação. Na realidade o que tem se
mostrado nos estudos, é que a tecnologia é valorizada em detrimento do potencial humano.
No Brasil, um dos estudos mais citados sobre a participação da biblioteca no contexto
da EaD é o modelo de gestão da informação on line proposto por Blatmann (2001), em cursos
oferecidos à distancia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dentre os estudos
mais recentes, Silva e Reis (2014) realizaram uma pesquisa com o objetivo de identificar a
participação dos bibliotecários de universidades federais junto à modalidade de cursos à
distância. Das 50 universidades federais envolvidas com a EaD, em todas as regiões do Brasil,
apenas 5 sistemas de bibliotecas informaram que estão atuando de alguma forma nesse
contexto.
A forma como a modalidade a distância vem ocorrendo nas universidades leva a uma
reflexão segundo o estudo de Silva e Reis (2014, p. 25) sobre os seguintes aspectos:
as atividades desenvolvidas ocorrem na sua maioria através do pagamento de bolsas,
sem maiores responsabilidades por parte da instituição em relação ao trabalhador,
por se tratar de um serviço terceirizado, acarretando dessa forma a precarização das
relações de trabalho; o desenvolvimento das atividades são comumente acrescidas à
carga de trabalho dos profissionais envolvidos, sem o devido redimensionamento em
termos de dedicação específica para a modalidade EAD; os recursos humanos
necessitam de capacitação para o desenvolvimento das atividades; a infraestrutura
tecnológica das bibliotecas nem sempre têm condições atender às novas demandas
devido à dificuldade de atualização dos recursos tecnológicos e de profissionais com
conhecimentos específicos nas tecnologias para o ambiente de EAD.
Recentemente no estudo de Sena e Chagas (2015) foram diagnosticados as bibliotecas
universitárias existentes nos polos de EaD, em Santa Catarina. A pesquisa revelou que “o
modelo adotado nos polos lembra mais o de um depósito de materiais produzidos pelos
cursos, sendo insignificante o trabalho de disseminação de informações desenvolvidos alí”.
(SENA; CHAGAS, 2015, p.176). Para os autores, é preciso a construção de parâmetros de
qualidade que contribuam para a estruturação das bibliotecas dos polos de apoio presencial.
Costa, Santos, Barbosa (2015) analisaram as bibliotecas dos polos em Ead, ofertados
pela UFMG. A pesquisa revelou a necessidade de equipar tais bibliotecas com coleções vastas
e variadas, conforme as bibliotecas dos polos em EaD, conforme as bibliografias básicas dos
cursos, orientação e treinamentos de usuários sobre como utilizar os produtos e serviços on
line já existentes, pois o desconhecimento dos alunos sobre esses recursos leva a subutilização
dos mesmos.
O Ministério da Educação homologou, no Diário Oficial da União em 10/03/2016, a
resolução do Conselho Nacional de Educação dispondo sobre as novas diretrizes e normas
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para EaD. O documento se constitui como marco regulatório dessa modalidade de ensino e foi
considerado um avanço por parte daqueles que participaram dos debates desde 2012.
(BRASIL. MEC. 2016).
Uma das mudanças do MEC é a exigência das instituições de ensino realizarem
planejamento único tanto para o ensino presencial como para a EaD. Outra mudança
importante se dá no caso dos polos, que passam por flexibilização em seu credenciamento,
dependendo fundamentalmente do projeto político-pedagógico. Além disso, a legislação passa
a permitir o compartilhamento de um polo entre várias instituições. Em relação ao material
didático, a mudança se constitui em relação à ausência de obrigatoriedade de manter livros
impressos nos polos de apoio. Agora os mesmos podem ter uma biblioteca digital
condicionada à eficiência da conexão para acesso remoto. (UFC VIRTUAL, 2016).
Na modalidade de Educação a Distância
toda a relação de ensino e aprendizagem requer o uso de material didático
pedagógico, utilizando múltiplas linguagens: verbal, textual, hipertextual ou
hipermidiática. O material didático inclui as atividades pedagógicas e seus recursos
(livro, texto, vídeo, áudio, imagem, entre outros), articulados com as dinâmicas
formativas, cujas concepções e estratégias pedagógicas devem contribuir para a
melhoria da formação do estudante, que, por sua vez, deve ter assegurado seu
acompanhamento pedagógico pelo professor e tutor, do mesmo modo a
possibilidade de compartilhamento de sua formação com os colegas, a fim de
contribuir para sua formação de qualidade, que propicie-lhe desenvolvimento
cognitivo, crítico, ético e social do estudante. (BRASIL. MEC. 2016, p. 27).
A biblioteca ao se inserir como unidade de informação prestadora de serviços em EaD,
deve conhecer seu microambiente, isto é, seus pontos fortes e fracos como insumo para a
formulação de estratégias a serem executadas através de um planejamento cujo objetivo seja
melhorar a gestão dos serviços prestados e, consequentemente, a elevação da qualidade da
aprendizagem e satisfação dos usuários.
Kaplan e Norton (2002) ao falarem de alinhamento estratégico enfatizam que a
essência de qualquer estratégia é proporcionar valor para o cliente, descrevendo uma
combinação de atributos de produtos e serviços, de relacionamento com os clientes e de
imagem corporativa. É a estratégia que define o diferencial da empresa entre seus
concorrentes, com a finalidade de atrair, reter e aprofundar relacionamentos com os clientes.
No caso das unidades de informação, também a estratégia se aplica, devendo
considerar, acima de tudo, o relacionamento com o usuário/cliente a base para efetuar
mudanças e alterações para a melhoria da qualidade dos produtos e serviços, pois “qualquer
estratégia deve ter como essência proporcionar valor para o cliente, descrevendo uma
combinação de atributos de produtos e serviços, de relacionamento com os clientes e de
imagem corporativa”. (KAPLAN; NORTON, 2002, p. 82).
Segundo Spudeit; Führ (2011, p. 42)
as unidades de informação (bibliotecas, centros e sistemas de informação e
documentação), apesar de serem organizações sociais sem fins lucrativos, prestam
serviços tangíveis e intangíveis para a sociedade, por meio de operações que
requerem também a definição e aplicação de estratégias. Essas unidades sofrem
influências do mercado, da globalização e das tecnologias, da mesma forma que
empresas que produzem resultados financeiros.
Desta forma, necessitam de planejamento que na visão de Almeida (2000, p. 2), não se
trata de “um acontecimento, mas um processo contínuo, permanente e dinâmico que fixa
objetivos, define linhas de ação, detalha as etapas para atingi-los e prevê os recursos
necessários à consecução desses objetivos”.
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O sucesso cumprimento da missão de uma organização depende da criação de um elo
entre macro e microambiente. Segundo Oliveira (1997), a análise ambiental deve ter como
premissas o ambiente e suas variáveis relevantes, de modo a detectar as oportunidades a
usufruir e as ameaças a evitar; ter pleno conhecimento dos seus pontos fortes e fracos no
enfrentamento dessa situação; proceder à análise interna e externa de forma integrada,
contínua e sistemática.
Portanto, considerou-se nesse estudo análise SWOT uma poderosa ferramenta de
planejamento estratégico, cuja sigla – SWOT – origina-se das iniciais das palavras inglesas
Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats
(ameaças), justamente os quatro pontos a serem analisados. A identificação e a análise dos
pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças fornecem a base para a tomada de decisão
estratégica.
A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise
de ambiente), sendo usada como base para a gestão e o planejamento estratégico de uma
corporação ou empresa, mas podendo, por causa de sua simplicidade, ser empregada em
qualquer tipo de análise de cenário. Ela é um sistema simples para posicionar ou verificar a
posição estratégica da empresa no ambiente em questão. Essa análise de cenário se divide em
ambiente interno (forças e fraquezas) e ambiente externo (oportunidades e ameaças).
3 Materiais e métodos
A presente pesquisa é considerada quanto a abordagem em qualitativa, pois os dados
foram colhidos por meio de perguntas abertas, em entrevistas individuais e não se preocupa
com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um
grupo social.
A pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos que não podem ser quantificados,
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o
que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO, 2001).
A pesquisa é classificada quanto a natureza em uma pesquisa aplicada pois objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos.
Onde envolve verdades e interesses locais. Quanto ao objetivo ela é considerada exploratória
por proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito.
(GIL, 2007).
De acordo com Deslauriers (1991, p.58), o desenvolvimento da pesquisa é
imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de
produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é
que ela seja capaz de produzir novas informações.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista que se constitui uma
técnica alternativa para se coletarem dados não documentados sobre determinado tema.
Também é denominada não-diretiva, pois o entrevistado é solicitado a falar livremente a
respeito do tema pesquisado. Ela busca a visão geral do tema. É recomendada nos estudos
exploratórios. A entrevista foi aplicado individualmente, aos bibliotecários gestores de cada
unidade que compõe o SB/UFC, para montar uma lista de pontos fortes e fracos, ameaças e
oportunidades. Uma das vantagens desse instrumento é a oportunidade de obtenção de dados
que não se encontram em fontes documentais e que sejam relevantes e significativos. Ainda
segundo o autor, a limitação desse instrumento consiste na incompreensão por parte do
informante, do significado das perguntas da pesquisa, que pode levar a uma falsa
interpretação. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 181).
No primeiro momento, foram coletados dados sobre pontos fortes e fracos, ameaças e
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oportunidades. No segundo momento, todas as informações foram julgadas e selecionadas
para se eliminar as repetições e possíveis incongruências. Com esse procedimento se pretende
obter uma visão do macro e microambiente do SB/UFC. O último passo consiste no
julgamento dos itens coligidos na matriz SWOT.
4 Resultados parciais/finais
Os dados aqui apresentados tomaram por norte o objetivo do trabalho que é analisar, em
termos estratégicos, o potencial das dimensões do SB/UFC, para ofertar serviços adequados
às necessidades da EaD. A seguir no quadro 1, apresentaremos a análise SWOT, fruto da
pesquisa.
a) Pontos fortes
Conforme as informações coletadas e constantes no quadro abaixo, foram
mencionados como pontos fortes os conteúdos informacionais de acesso aberto, como o
Repositório Institucional e de acesso restrito como livros eletrônicos.
Convém destacar, que a gestão documental do acervo do SB/UFC tem o suporte
tecnológico do Sistema Pergamum que permite o controle e a indexação de documentos
eletrônicos como imagens ou textos em qualquer formato, possibilitando o vinculo de
imagens ou links com o documento integral que podem ser acessados off campus, por meio do
catálogo on line que também foi apontado como um recurso que o usuário de Ead pode
utilizar para buscar informações.
Tendo como foco a percepção das necessidades dos usuários e as possibilidades que o
ensino a distância oferece “é que os bibliotecários, como gerenciadores de informações,
buscam atuar de forma flexível, ou seja, integrar, compartilhar os recursos informacionais e
tecnológicos como meio para enfrentar a situação presente”. (PIZZANI et al. 2011, p. 158).
A Comissão de Educação de Usuários (CEU) que atua na promoção da competência
em informação na Universidade foi citada como um ponto forte. A CEU realiza, a cada início
de semestre sob demanda, o Projeto Descobrindo a biblioteca, programação de recepção dos
recém-ingressos, que inclui cursos e palestras com a finalidade de desenvolver as
competências informacionais desse público-alvo.
As ações da Comissão de Educação de Usuários incluem orientações para os alunos
que estão elaborando monografias, dissertações e teses, quanto à padronização de trabalhos
acadêmicos e à elaboração de citações e referências de acordo com as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Disponibiliza na home page da biblioteca tutoriais e templates (modelos préformatados) que auxiliam na elaboração de trabalhos acadêmicos, guia de normalização e
gerenciadores de referências (MORE, EndNote) e por último, não menos importante, a
imagem institucional da UFC como referência nacional junto a comunidade acadêmica.
No quadro 1, abaixo, será apresentado os pontos fortes do Sistema de Bibliotecas da
UFC em relação a EaD.
b) Pontos fracos
A concepção de serviços que focam o uso de tecnologias que dão suporte ao
desenvolvimento do estudante da modalidade de ensino a distancia, não representa uma
simples mudança no uso de ferramentas, mas requer do bibliotecário, o entendimento e a
compreensão de como se processa o ensino-aprendizagem mediado por máquinas.
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Exige-se um profissional que cada vez mais saiba trabalhar com equipes virtuais, onde
pessoas distantes fisicamente possam formar grupos cada vez mais interativos. Um
profissional que saiba aglutinar competências visando à inteligência coletiva do grupo mais
do que a genialidade individual.
Dentre as debilidades do SB/UFC para a atuação em EaD um dos aspectos mais
enfatizados foi o desconhecimento dessa metodologia e as tecnologias usadas em EaD, por
parte dos bibliotecários.
Outro obstáculo apontado foi a carência de bibliotecários capacitados em
metodologias de educação de usuários em EaD, para orientação no acesso a informações cada
vez mais numerosas que podem levar a dispersão na navegação, essa competência visa à
compreensão dessas informações, sua análise e principalmente sua síntese. A dificuldade de
contato com os alunos dessa modalidade de ensino e desconhecimento das bibliotecas dos
polos foram detectados também como pontos fracos.
No quadro a seguir apresenta-se a análise dos ambientes internos e externos do
Sistema de Bibliotecas da UFC em relação a EaD.
Quadro 1: Análise SWOT do SB/UFC
AMBIENTE INTERNO
AMBIENTE EXTERNO
Pontos Fortes
Pontos fracos
Ameaças
Oportunidades
Repositório Institucional
(RI);
Portal CAPES;
Livros eletrônicos;
Catálogo on line
Pergamum;
Treinamentos de usuários;
Comissões Especializadas
de Estudos;
Guias, tutoriais,
templates;
Divulgação de informação
na home page da UFC;
Explorar as ferramentas
do UFC Virtual
(plataforma EAD);
Possibilidade para o
usuário participar dos
treinamentos;
Treinamentos sistemáticos
de usuários;
Maior visibilidade da
biblioteca.
Carência de bibliotecários
capacitados em metodologia
de educação de usuários em
EaD;
Dificuldade de contato com
os alunos da modalidade
EaD;
Desconhecimento da
realidade das bibliotecas dos
polos;
Ausência de gratificação
financeira para os
bibliotecários tutores;
Carência de bibliotecários
na Comissão de usuários
para a demanda de
treinamentos.
Descontinuidade das
políticas públicas
educacionais;
Problemas com acesso á
Internet;
Resistência do pessoal
da biblioteca em atuar
nessa modalidade.
Programas de expansão do
Ensino Superior;
Fomento da pesquisa em
EaD;
Estrutura física dos polos
compartilhada;
Parcerias entre instituições
de ensino;
Aperfeiçoamento de
acordo com os avanços das
TICs;
Trocas de saberes e
conhecimentos acerca das
mídias e tecnologias em
EaD;
Incentivo a busca pela
CoInfo dos bibliotecários;
Interação com STI;
Procura de treinamento de
usuários em EaD;
Cooperação entre a BU e a
UFC virtual;
Política educacional
favorável;
Programas de qualificação
e capacitação para
servidores em EaD;
Novo nicho de atuação
para os bibliotecários da
UFC (tutorias).
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
c) Oportunidades
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A UFC inclui em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) objetivos
estratégicos, ações e metas alinhadas
aos programas de expansão do ensino superior
como parte das políticas do MEC; fomento da pesquisa em EaD; estrutura física dos polos
que não são mais obrigados a manter uma biblioteca com materiais impressos e sim digitais,
podendo ser compartilhada com várias instituições de forma cooperativa; parcerias entre
instituições de ensino com a finalidade de transpor as barreiras físicas e temporais; avanços
tecnológicos que permite m cada vez mais ambientes de aprendizagem interativos,
colaborativos, motivadores e desafiadores; troca de saberes e conhecimentos acerca das
mídias e tecnologias em EaD; incentivo à educação continuada do profissional bibliotecário.
A formação continuada do bibliotecário não é assunto novo e conforme Cunha (2000,
p.2):
surgiu de uma idéia de mudança, de valorização e diversificação de suas atividades.
Esta idéia está ligada à qualidade do trabalho, a mais profissionalismo, a uma maior
consciência profissional, a diversificação das funções e do espaço de atuação deste
profissional.
Portanto, é vital para o profissional da informação investir em sua educação, num
processo de formação permanente no qual a troca de informação e conhecimento ocorram em
velocidade similar ao do crescimento quase ilimitado das informações disponíveis em rede.
Pode-se observar conforme o quadro 1 que foram apontadas ainda como oportunidade
uma maior interação entre biblioteca e Secretaria de Tecnologia de Informação (STI) da UFC;
procura de treinamentos pelos usuários em EaD que buscam mecanismos que os
proporcionem filtrar tanta informação disponibilizada; interação da biblioteca universitária
com UFC virtual, uma vez que detém os instrumentos tecnológicos e metodológicos próprios
do ambiente virtual de aprendizagem; política educacional favorável e voltadas para o
incentivo e continuidade da estrutura física, tecnológica e dos recursos disponíveis que
favoreçam a EaD e programas de qualificação e capacitação de servidores ofertados pela PróReitoria de Gestão de Pessoas corrobora para a educação continuada. Conforme quadro 1
acima.
d) Ameaças
Descontinuidade das políticas públicas educacionais, redução de recursos financeiros,
problemas com acesso à Internet. Dentre as ameaças apontadas pelos entrevistados, a redução
de investimentos públicos na área educacional constitui um fator preocupante. A redução de
recursos financeiros tem reflexos na qualidade dos serviços e na probabilidade de se recorrer a
investimentos do setor privado, precarizando na contratação de docentes qualificados, tutores
e infraestrutura física, conforme as análises constantes no quadro 1 acima.
5 Considerações parciais/finais
O objetivo desse estudo foi conhecer o potencial do SB/UFC para responder às
demandas dos usuários dos cursos de EaD. A adesão do SB/UFC a esse contexto deve ser
integrada às estratégias, objetivos e metas do PDI da UFC e não se resume a um sonho ou
aspiração dos bibliotecários. Deve ser também uma perspectiva de ação integrada ao Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) da Biblioteca Universitária, bem como da instituição
como um todo. O presente estudo será entregue ao diretor do SB/UFC para apreciação e
convocação de equipe para elaborar os objetivos estratégicos.
A biblioteca é parte do sistema universitário que por sua vez opera em um
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macroambiente formado por sistemas políticos, legais, econômicos, tecnológicos, sociais que
atuam de forma muito dinâmica, criando oportunidades, ameaças ou restrições para os
administradores no microambiente das organizações.
Sendo um subsistema universitário, a biblioteca não tem autonomia para abraçar a EaD
sem levar em conta os sistemas macroambientais com os quais se relaciona, mas pode ser
proativa, na elaboração de objetivos estratégicos que a ajudem a se adaptar às mudanças.
Dentre os pontos fortes da biblioteca, a disponibilização de conteúdos digitais com
acesso remoto é um serviço que já está efetivado, mas é preciso ainda conhecer a necessidade
e a competência informacional dos usuários.
Na abordagem da ecologia da informação o humano tem primazia sobre o tecnológico.
Conforme Davenport (1998), o engano das empresas é investir demasiadamente em
tecnologia e muitas delas aprenderam a partir de experiências dolorosas que computadores e
redes de comunicação melhores não conduzem necessariamente a um aperfeiçoamento dos
ambientes de informação, pois os mesmos são modelados pelas as pessoas que pensam,
inovam e dialogam.
Ao se estender os projetos de educação de usuários para os usuários de EaD deve-se,
antes de tudo, apostar no potencial humano e não no tecnológico. Para tanto, essa decisão não
deve ser imposta, mas a partir do diálogo, negociação e planejamento por parte de quem
executa os serviços.
É necessário que os bibliotecários adquiram competências em programas de educação
de usuários utilizando as metodologias próprias do ambiente virtual. Assim, um dos maiores
desafios parece ser a falta de diálogo entre o pessoal do pedagógico e os profissionais da
informação no sentido de trocarem os saberes e conhecimentos que redundem na qualidade da
EaD. Enquanto bibliotecários, docentes, discentes, pessoal de TI, gestores, tutores,
permanecerem isolados em suas áreas de conhecimento não será possível construir um projeto
de Ead na perspectiva da ecologia da informação.
Considera-se que o aluno de EaD, enquanto usuário do SB/UFC, está na invisibilidade.
Sabe-se que ele existe e que procura os serviços da biblioteca. São usuários potenciais, mas
ainda não há serviços direcionados às suas demandas, conforme a modalidade de ensino.
A análise revelou que se conhece pouco sobre os usuários da EaD, qual o seu
comportamento informacional, quais as suas demandas. Por outro lado, os recursos
tecnológicos da biblioteca foram destacados como pontos fortes. Essa informação revela que é
preciso que se estabeleça um diálogo entre os discentes, docentes, tecnólogos e os
profissionais da informação no planejamento de ambientes informacionais para qualquer
modalidade de ensino.
A gestão de ambientes informacionais, como no contexto das bibliotecas
universitárias, exige o equilíbrio entre a valorização do potencial humano, tecnologias e
políticas educacionais sem perder de vista a disseminação da informação com foco na missão
institucional.
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 19 - Ano: 2016 (UFAM - Manaus/AM)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: A biblioteca universitária como agente de sustentabilidade institucional.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFAM
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2016
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Manaus (Amazônia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Estratégias em EAD na biblioteca universitária da Universidade Federal do Ceará.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Bezerra, Neiliane Alves; Sousa, Maria Marlene Rocha de; Mesquita, Margareth Figueiredo Nogueira
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Manaus (Amazonas)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFAM
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2016
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Apresenta resultado de estudo com objetivo de analisar, em termos estratégicos, o potencial das dimensões do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará (SB/UFC) para ofertar serviços adequados às necessidades da Educação à Distância (EaD). O Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, Lei no 13.005 contempla estratégias e ações para alcançar as metas da EaD de expandir vagas na educação superior. Apoiando-se na abordagem da ecologia da informação busca-se conhecer o ambiente informacional da biblioteca, utilizando a Análise SWOT para coletar informações do seu ambiente interno e externo que servirão como insumo para a elaboração de estratégias informacionais. A pesquisa é classificada como exploratória e utilizou a entrevista não dirigida como instrumento de coleta de dados. Como considerações parciais, após a análise das entrevistas constatamos que os conteúdos informacionais de acesso aberto, como o Repositório Institucional (RI) e de acesso restrito como livros eletrônicos, foram considerados pontos fortes e quanto aos pontos fracos percebidos no SB/UFC para a atuação em EaD, um dos aspectos mais enfatizados foi o desconhecimento da metodologia de estudo-ensino e as tecnologias usadas em EaD, por parte dos bibliotecários.
Language
A language of the resource
pt