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REFERÊNCIA VIRTUAL:
E-MAIL COMO FERRAMENTA DE INTERAÇÃO COM USUÁRIOS REMOTOS
DE BIBLIOTECAS DIGITAIS
Leonardo Fernandes Souto∗
Célia Maria Ribeiro
Regina Aparecida Blanco Vicentini
Vera Lúcia de Lima
RESUMO
Atualmente, é possível encontrar vários pesquisadores preocupados com a
questão da Referência Virtual e muitos projetos voltados para o desenvolvimento
de Bibliotecas Digitais. Nosso objetivo é demonstrar que estas duas tendências
podem e devem estar integradas de modo a oferecer aos usuários não apenas a
facilidade de acesso remoto aos documentos, mas também a orientação
necessária para seu uso. Para isso, após uma breve revisão de literatura sobre
Referência Virtual e Bibliotecas Digitais pretendemos relatar o uso do e-mail
como ferramenta de interação com usuários, a partir das demandas originárias da
Biblioteca Digital da Unicamp. Assim, esperamos demonstrar que apesar dos
acervos serem disponibilizados em formato digital isso não elimina a necessidade,
primeiro, de um profissional capacitado para orientar os usuários em suas
diversas
necessidades
informacionais
e,
segundo,
da
incorporação/desenvolvimento de novas ferramentas de comunicação/interação.
PALAVRAS-CHAVE: Referência Virtual. Bibliotecas Digitais. Serviços de
Informação – Interação. Tecnologias de Comunicação. Usuários Remotos Interação – E-mail.
1 INTRODUÇÃO
Podemos considerar que ciência e tecnologia caminham juntas. Isto porque
uma interfere de forma significativa no desenvolvimento da outra. Se por um lado,
hoje, podemos falar que a explosão informacional do conhecimento científico tem
como uma de suas causas uma maior possibilidade de divulgação e acesso
permitidos pela tecnologia, por outro, a aceleração do avanço tecnológico
depende de uma ampla divulgação deste mesmo conhecimento.
�Para Marcondes e Sayão (2002, p. 44), atualmente, a ciência “é uma
atividade altamente institucionalizada”.
Nesta ciência tão institucionalizada, não existe praticamente lugar
para o gênio isolado, capaz de dar conta de uma descoberta
científica do início ao fim. A ciência atual é fundamentalmente um
trabalho coletivo, em que pesquisadores e grupos de pesquisa
trabalham sobre resultados já obtidos por seus pares, e tem
como objetivo acrescentar um tijolo a mais em um vasto edifício.
Ao considerar a pesquisa científica como uma construção coletiva,
dependente de resultados previamente obtidos por outros pesquisadores,
percebemos
a
necessidade
de
os
pesquisadores
terem
meios/mecanismos/recursos para comunicarem suas “descobertas”, e assim,
permitirem que suas pesquisas possam ser utilizadas por outros pesquisadores.
Meadows (1999, p. vii) considera a comunicação como o próprio coração
da ciência e “tão vital quanto a própria pesquisa, pois a esta não cabe reivindicar
com legitimidade este nome enquanto não houver sido analisada e aceita pelos
pares. Isto exige, necessariamente, que seja comunicada”.
O surgimento da Internet e dos mecanismos de publicação direta
na rede tem sido visto pela comunidade acadêmica como uma
possível alternativa. O maior retorno que a comunidade
acadêmica almeja, publicando os resultados de suas pesquisas,
é que estes possam servir de bases a outras pesquisas, sendo
citados por outros trabalhos. (MARCONDES; SAYÃO, 2002, p.
45).
Pensando em colaborar com o processo de comunicação científica e
facilitar a localização e o acesso aos documentos, a partir da Internet, muitas
unidades de informação passaram a oferecer acesso remoto à informação. E,
ainda, investiram no desenvolvimento de atividades da referência neste novo
ambiente – o virtual.
Projetos de bibliotecas digitais e referência virtual são duas tendências
facilmente identificáveis na área de Ciência da Informação, a partir da análise de
artigos publicados sobre estes temas em periódicos da área. Nosso objetivo, com
este estudo, consiste em refletir sobre a necessidade de se interligar os projetos
de bibliotecas digitais com o serviço de referência virtual, de modo a permitir que
�os usuários remotos possam ter um canal de comunicação/interação direta com
profissionais da informação, sendo nosso foco, sobretudo, o uso do e-mail como
ferramenta de explicitação de dúvidas e necessidades.
2 BIBLIOTECAS
DIGITAIS
Ao analisarmos as publicações sobre bibliotecas digitais é possível
perceber uma imprecisão do termo, o qual assume diferentes formas, conforme
algumas identificadas por Ohira e Prado (2002, p. 73): biblioteca virtual, biblioteca
digital, biblioteca polímidia, biblioteca eletrônica e biblioteca do futuro. Porém, não
é nosso objetivo discutirmos os conceitos, nem tampouco analisarmos as
características e particularidades que os mesmos possuem.
Contudo, faz-se necessário especificar a concepção que norteia nossa
reflexão. Consideramos que a mais adequada neste contexto corresponde à
apresentada por Rosetto (2001) segundo Rosetto (2002, p. 497), a qual considera
que uma biblioteca digital é:
aquela que contempla documentos gerados ou transpostos para
o ambiente digital (eletrônico), um serviço de informação (em
todo tipo de formato), no qual todos os recursos são disponíveis
na forma de processamento eletrônico (aquisição, armazenagem,
preservação, recuperação e acesso através de tecnologias
digitais).
Para Schwartz
(2000, p. 387)
uma biblioteca digital é mais que os
recursos e a agregação de hardware e software que a gerencia. Ela é também
uma coleção de serviços desenvolvidos tendo em mente os usuários.
Ao falarmos de projetos de bibliotecas digitais não estamos preocupados
em teorizar sobre a questão técnica envolvida. Apesar de considerarmos
importantes os estudos relacionados a harvesting1 ou metadados2, nosso escopo
está centrado no uso e aplicações das bibliotecas digitais, no contexto
1
2
Para informações básicas sobre harvesting ver Marcondes e Sayão (2002).
Para informações sobre metadados ver Rosetto (2003).
�universitário,
como
um
dos
mecanismos
facilitadores
do
processo
de
comunicação científica.
Se pensarmos nos benefícios de uma biblioteca digital de uma
universidade, podemos considerar que:
•
oferece maior visibilidade da produção científica da instituição;
•
permite
acesso
remoto
do
material
antes
somente
consultado
presencialmente;
•
contribui para a preservação do documento original;
•
possibilita acesso simultâneo por diferentes usuários a um mesmo
documento;
•
permite o contato direto com o autor do documento (quando disponibilizado
o e-mail);
•
maior rapidez na divulgação da informação;
•
possibilita a integração de diferentes suportes (som, texto, imagem e
outros) com vínculo entre si.
Porém, evidentemente, do ponto de vista dos usuários, o uso/acesso a
uma biblioteca digital tem seus problemas. Acostumados a uma estrutura de
informação planejada para a consulta local do documento, ao fazer uso das
bibliotecas digitais, os usuários passam a ter contato com uma variedade de
interfaces de pesquisa e softwares que não fazem parte do seu cotidiano.
Diante disso, as pesquisas quanto à arquitetura da informação crescem a
cada dia. Para Camargo L., Vidotti e Camargo V. (2004, p. 6) “o uso de bibliotecas
digitais já é uma realidade, e a arquitetura da informação é um dos fatores
importantes, pois determina a disposição do conteúdo e a estratégia de
navegação do usuário”.
Em relação às bibliotecas digitais, é perceptível a segmentação de projetos
direcionados para áreas ou grupos específicos. Podemos identificar tal fato em
alguns dos trabalhos apresentados no II Simpósio Internacional de Bibliotecas
Digitais, ocorrido em maio de 2004, na Universidade Estadual de Campinas, como
�por exemplo, os relatos sobre: Biblioteca Digital Paulo Freire (BRENNAND et al,
2004), Biblioteca Digital de Peças Teatrais (SILVA, A.; SILVA, I.; ARANTES,
2004), Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Instituto de Física Gleb
Wataghin da UNICAMP (SPONCHIADO; VICENTE, 2004).
Observando esta tendência de segmentação de serviços, o que
percebemos é o desenvolvimento de serviços personalizados, direcionados para
públicos com interesses específicos. Nesta linha de ação podemos, ainda, citar o
projeto da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)3, o qual
tem como foco o público interessado na produção científica brasileira de teses e
dissertações.
Diante
desses
exemplos
relatados
de
bibliotecas
digitais
percebemos que, frente à ramificação do conhecimento, tais iniciativas podem
tornar-se uma alternativa facilitadora para o processo de comunicação científica.
Contudo, essa tendência ao desenvolvimento de bibliotecas digitais
direcionadas para públicos específicos não elimina por completo as dificuldades
do processo de busca de documentos tendo em vista a quantidade de interfaces
de pesquisa, suas diferenças e características. Dessa forma, alertamos para a
importância de um canal de interação/comunicação que permita ao usuário
explicitar suas dúvidas e solicitar auxílio quando não conseguir sanar, por si só,
suas necessidades.
3 REFERÊNCIA VIRTUAL
O serviço de referência em uma biblioteca tradicional que possui sua
coleção física organizada tecnicamente é de suma importância para que os
usuários possam ser orientados quanto ao uso dos recursos disponíveis.
Ao pensarmos em oferecer não mais a coleção física, mas sim uma
coleção em suporte digital, precisamos ter claro que isto não significa uma total
independência de todos os usuários, sendo necessário, portanto, estendermos o
3
Para maiores informações acesse http://bdtd.ibict.br/bdtd/index.jsp .
�serviço de referência para o ambiente virtual, e isto requer o aprendizado e uso
das ferramentas de comunicação disponíveis.
Assim como as bibliotecas e outras instituições estão
preocupadas em disponibilizar parte de seu acervo via Internet, o
profissional deve se preparar para responder às necessidades do
usuário utilizando novas formas de contato, como por exemplo,
teleconferências, e-mails e chats. (PAIXÃO, 2004, p. 2).
Assim como Paixão (2004), vários pesquisadores (JESUDASON, 2000;
MÁRDERO ARELLANO, 2001; POWEL; BRADIGAN, 2001; STACY-BATES,
2003; STAHL, 2001) estão voltando seus esforços para estudos relacionados à
difusão da referência virtual. O oferecimento deste serviço tornou-se possível a
partir da Internet e das ferramentas de comunicação que surgiram a partir dela.
Segundo Márdero Arellano (2001, p. 8) “na Internet podem ser encontradas
bibliotecas que oferecem serviços de referência no tempo real via acesso à base
de dados, telefone, e-mail, formulário na Web, videoconferência, ‘Internet chat’,
páginas de FAQs ou Mural”. Neste momento, interessa-nos focar a aplicação do
e-mail como ferramenta para o oferecimento do serviço de referência virtual.
Os serviços de referência virtual via correio eletrônico surgiram
nos Estados Unidos no final da década de 1980, ao mesmo
tempo em que as bibliotecas começaram a colocar seus
catálogos na Internet. Alguns desses catálogos permitiam que os
usuários remotos submetessem suas perguntas através de links
que possibilitavam o pedido de consulta de um documento.
(MÁRDERO ARELLANO, 2001, p. 8)
Por não estarmos interagindo presencialmente com o usuário sobre sua
necessidade informacional ou dúvida, a “interação” por e-mail requer habilidades
especiais. Jesudason (2000) alerta que a referência por e-mail requer uma maior
necessidade da habilidade de comunicação escrita de forma clara e concisa por
parte dos bibliotecários.
Tratando-se de comunicação humana, cuja mediação recai sobre
os equipamentos tecnológicos, não mais se vê o corpo físico
presente nas ações interativas. As limitações impostas pelas
mídias eletrônicas foram vencidas por intermédio de mecanismos
lingüísticos que auxiliam na inteligibilidade dos significados no
decorrer de uma sessão comunicativa (marcadores discursivos,
�marcadores de prosseguimento, de troca de turnos, de
encerramento, etc.). Em contrapartida, as mídias interativas, para
alcançar uma melhor utilização do potencial humano na interação
eletrônico, oferecem mecanismos técnicos que acrescem à
interação a noção de presença. Os emoticons conduzem um
interagente a interpretações de ordem subjetiva – afetivas e/ou
comportamentais – dos significados que carrega, devendo desse
modo, exprimir aspectos que somente no presencial era possível.
(SOUZA, 2003, p. 29).
Já que falamos da comunicação humana mediada por computador, mais
precisamente por e-mail, é válido destacar que em determinadas situações o
conhecimento dos mecanismos técnicos, que permitem à interação eletrônica a
noção de presença, pode ser de grande ajuda.
Souza (2003, p. 35) ao falar sobre o discurso eletrônico considera que “o
discurso não se centra mais nas formulações da sociedade presencial, e sim, nas
reformulações do discurso social dentro de um outro universo, o virtual”. E que “a
comunicação interpessoal incorpora as novas maneiras de dizer e significar a
informação veiculada através da mediação do computador”.
Dessa forma, consideramos que a implantação de serviços de referência
virtual requer além do domínio das ferramentas de comunicação, habilidades
pessoais de comunicação e conhecimento dos recursos lingüísticos de interação
eletrônica.
4 BIBLIOTECA DIGITAL DA UNICAMP: análise das questões de referência
virtual demandadas por e-mail
“A Biblioteca Digital da UNICAMP, foi oficialmente instituída em
08/11/2001, através da portaria nº GR-85, que trata da estruturação da Biblioteca
Digital da UNICAMP” (SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP). Tem por
objetivo:
Disponibilizar e difundir a produção científica, acadêmica e
intelectual da Universidade em formato eletrônico/digital de:
artigos, fotografias, ilustrações, teses, obras de arte, registros
�sonoros, revistas, vídeos e outros documentos de interesse ao
desenvolvimento científico, tecnológico e sócio-cultural.
(SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP, 2004).
Atualmente é possível acessar na Biblioteca Digital da Unicamp4 vários
tipos de documentos: teses/dissertações, periódicos, trabalhos apresentados em
eventos, recortes de jornais (hemeroteca) e o catálogo referencial e fotográfico do
Arquivo Sérgio Buarque de Holanda.
FIGURA 1 – Página inicial da Biblioteca Digital da Unicamp
Fonte: Biblioteca Digital da Unicamp
Através da opção “Estatísticas” é possível ter acesso às informações de uso
dos documentos. Levando-se em consideração que a biblioteca digital está
disponível a 3 anos, o total de 230.371 downloads até o momento é muito
significativo.
FIGURA 2 – Total geral de downloads e de teses digitalizadas da Biblioteca Digital da Unicamp
Fonte: Biblioteca Digital da Unicamp
4
Acesso para a Biblioteca Digital da Unicamp: http://libdigi.unicamp.br/
�Observando a quantidade de downloads é possível concluir que muitos
usuários utilizam
a Biblioteca Digital da Unicamp. Como era de se esperar,
dúvidas aparecem quanto ao seu uso/acesso.
Um fato relevante, e comumente gerador de dúvidas quando falamos de
uma biblioteca digital, é que, em geral, um número significativo de usuários tem a
expectativa de encontrar documentos que supram todas as suas necessidades
informacionais. Contudo, na maioria das vezes, muitas bibliotecas digitais são
constituídas apenas por parte da coleção impressa de bibliotecas tradicionais, ou
com seu acervo direcionado para temas específicos.
O fato de a Biblioteca Digital da Unicamp ser gerenciada pelo Sistema de
Bibliotecas da Unicamp, localizado no prédio da Biblioteca Central, e estando a
Seção de Referência desta biblioteca envolvida com várias atividades
relacionadas à biblioteca digital, permite aos usuários utilizarem, além do e-mail,
o balcão de referência, ou o telefone para tirarem suas dúvidas. Contudo, o
enfoque deste estudo está centrado nas demandas por e-mail.
A Biblioteca Digital da Unicamp recebeu, no primeiro semestre de 2004, 151
e-mails através do link dúvidas e sugestões, os quais serviram como fonte de
análise qualitativa dos itens que se seguem, pois almejamos não quantificar, mas
identificar pontos que possam
caracterizar a demanda de informações dos
usuários da Biblioteca Digital da Unicamp de modo a contribuir para as reflexões
relacionadas às bibliotecas digitais.
Análise
Canais de Comunicação
Os usuários utilizam duas formas de contato, por e-mail, para solicitarem auxílio e
orientações:
�•
link dúvidas e sugestões: este link consta na página principal da
Biblioteca Digital da Unicamp e seria a opção esperada para os usuários
solicitarem auxílio ou orientações;
•
contato direto com o setor de referência: alguns usuários entram em
contato direto por e-mail com os bibliotecários solicitando informações
sobre uso/acesso da Biblioteca Digital da Unicamp.
Percebe-se que quando a biblioteca digital está vinculada a uma instituição de
ensino e, sobretudo, à biblioteca desta instituição, os usuários em algumas
situações preferem como canais de comunicação aqueles os quais já têm o hábito
de utilizar, como por exemplo: telefone e contato por e-mail com os bibliotecários
da biblioteca tradicional. Pretendemos, futuramente, analisar as solicitações,
sobre a biblioteca digital, feitas por e-mail e telefone, aos bibliotecários da
Biblioteca Central da Unicamp.
Categorias de usuários
Ao analisar os e-mails do link dúvidas e sugestões foi possível identificar
diferentes classes de usuários:
•
internos/externos: tanto usuários vinculados à Unicamp quanto usuários
vinculados a outras instituições, ou até mesmo não relacionados com o
ambiente universitário fazem uso da biblioteca digital;
•
usuários finais/mediadores: alguns usuários utilizam a biblioteca digital
como fonte de informação (estudantes, pesquisadores), enquanto outros
são mediadores que utilizam seu acervo para atender às necessidades
informacionais de outros indivíduos (profissionais da informação);
•
instituições públicas e privadas: as solicitações são enviadas por
usuários tanto de instituições públicas quanto privadas, pois o acervo da
biblioteca digital está disponível, gratuitamente, para uso.
�Categorias de questões solicitadas
•
cadastro: apesar do acervo estar disponível, gratuitamente, para acesso,
alguns materiais requerem o uso de senha, a qual é liberada,
automaticamente, quando do cadastro. Alguns usuários questionam se o
acesso é realmente gratuito e como fazê-lo;
•
consulta: muitos usuários não têm familiaridade com a interface de
consulta/pesquisa e solicitam informações mais detalhadas sobre como
pesquisar determinado assunto, ou encontrar e visualizar determinado
documento;
•
configuração: alguns usuários desconhecem os procedimentos de uso da
biblioteca
digital
questionando
sobre
a
configuração
(softwares,
características do computador) necessária para acessá-la;
•
disponibilidade de material: por ser uma biblioteca digital cujo acervo é
composto pela produção científica da própria universidade, muitos usuários
têm a expectativa de que ao consultá-la terão acesso a todos os
documentos produzidos na/pela instituição. Assim, principalmente no caso
das teses, é comum os usuários não localizarem o documento na biblioteca
digital e enviarem e-mails perguntando sobre como podem ter acesso
físico/digital.
•
Negociação da Questão
Muitos usuários conseguem explicitar suas dúvidas/necessidades de forma
clara. Contudo, às vezes, é necessário que o bibliotecário, antes de responder à
questão, interaja com o usuário tendo o objetivo de tornar mais compreensível
sua dúvida/necessidade. Em determinados casos tem-se a necessidade de fazer
uma entrevista de referência por telefone.
Tempo de Resposta
�O tempo médio de resposta às questões que não precisam de uma
“negociação”, isto é, uma melhor especificação/delimitação das necessidades
informacionais ou dúvidas do usuário, é de dois dias úteis.
Para as questões que precisam ser “negociadas” o tempo é indeterminado
porque depende da disponibilidade e interesse do usuário em responder aos
questionamentos feitos pelo bibliotecário.
Discussão
Em síntese, é possível observar que os usuários da Biblioteca Digital da
Unicamp fazem uso do e-mail como ferramenta de comunicação para
manifestarem suas dúvidas/necessidades.
Diante das diferentes categorias de usuários e de questões solicitadas e,
ainda, tendo em vista a necessidade de em determinados casos “negociar” com o
usuário de modo a identificar sua real necessidade, consideramos que atenção
especial deve ser dada à entrevista de referência em meio digital buscando
otimizar o processo de síntese da necessidade do usuário. Assim, fica evidente
que quando as bibliotecas digitais oferecerem a possibilidade de comunicação por
e-mail, o profissional da informação responsável pelas respostas aos usuários
precisa ser portador das características/habilidades de um bibliotecário de
referência.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para Stahl (2001, p. 30) a referencia digital representa uma grande
mudança na forma dos bibliotecários desenvolverem suas atividades e as
bibliotecas e serviços de referência serão revitalizados se pudermos tirar
vantagens das oportunidades que estão disponíveis. Numa visão futurista do
serviço de referência Drabenstott e Burman (1997, p. 190) consideram que:
�Desinstitucionalização à vista: grande parte dos bibliotecários de
referência estará atuando em postos de serviço fora da biblioteca,
servindo à comunidade. Sistemas gráficos eletrônicos ligarão
esses profissionais à biblioteca-sede. Estarão disponíveis os
bibliotecários itinerantes que irão diretamente ao local dos
clientes. Tecnologias de conversão liberarão o usuário final, sem
que este careça ir a locais particulares para solicitar assistência
às suas necessidades de informação. É bem verdade que
tecnologia alguma poderá substituir habilidades altamente
desenvolvidas pelo bibliotecário, que, entre outras coisas, analisa
um pedido de informação, identifica a real questão de referência
e negocia com o usuário até chegar à resposta certa. Nenhuma
máquina poderá competir com um profissional como bibliotecário:
criativo, flexível e rico em conhecimentos de seu mettier, aquele
que provê interação interpessoal, avalia a resposta, comunica,
sintetiza e faz julgamento. Seu desafio é basicamente ajudar o
usuário, sabendo discernir a pessoa certa para formular a
questão certa e encontrar a resposta adequada àquele caso, e,
para isso, deve se basear nos fundamentos bibliotecônomicos.
Dessa forma, esperamos que os bibliotecários saibam identificar as
oportunidades e aproveitá-las. Seja qual for o tipo de serviço prestado –
presencial/itinerante ou virtual – o domínio da tecnologia será essencial. Quando
falamos em tecnologia não nos restringimos apenas ao seu uso como meio de
prover coleções virtuais/digitais/eletrônicas, mas também do domínio das
ferramentas de interação que possam permitir que o bibliotecário continue a ser
aquele que “analisa um pedido de informação, identifica a real questão de
referência e negocia com o usuário até chegar à resposta certa” (DRABENSTOTT;
BURMAN, 1997, p. 190).
Nesse sentido, consideramos que o e-mail constitui-se em uma ferramenta
passível de colaborar em muito com as atividades da referência virtual. Contudo,
por ser um recurso de interação assíncrona ele pode não ser a opção mais
adequada para determinadas demandas ou tipos de usuários. Por isso,
recomendamos estudos sobre a viabilidade de aplicação de outras ferramentas,
que possam permitir a interação em tempo real.
A visão sobre as bibliotecas digitais precisa ser entendida não mais como
uma simples disponibilização de coleções em meio digital, mas como a
combinação de um conjunto composto por acervo, serviços, profissionais,
recursos
tecnológicos,
e,
sobretudo,
usuários.
Acreditamos
que
assim
�conseguiremos transpor o conceito de biblioteca para o ambiente virtual com uma
maior aproximação do significado que possui no mundo físico/presencial.
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�∗
Bibliotecário de Referência da Diretoria de Serviços ao Público da Biblioteca Central/UNICAMP ;
Doutorando em Ciências da Comunicação-USP/ECA ; Mestre em Biblioteconomia e Ciência da
Informação-PUCCAMP - lfsouto@unicamp.br ; leofernandess@bol.com.br
Bibliotecária de Referência da Diretoria de Serviços ao Público da Biblioteca Central/UNICAMP;
Mestranda em Ciência da Informação – PUC Campinas ; Especialista em Geração de Bases de
Dados e Acesso a Banco de Dados – UFRJ/ECO ; Bibliotecária Especialista em IES – UFMG
celiam@unicamp.br
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Engenharia Mecânica da Unicamp ; Especialista em Sistemas Automatizados de Informação pela
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�
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 13 - Ano: 2004 (UFRN - Natal/RN)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Bibliotecas universitárias: (Re) Dimensão de bibliotecas universitárias: da gestão estratégica à inclusão social.
Creator
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Publisher
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UFRN
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2004
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Natal (Rio Grande do Norte)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Referência virtual: e-mail como ferramenta de interação com usuários remotos de bibliotecas digitais.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Souto, Leonardo Fernandes; Ribeiro, Célia Maria; Vicentini, Regina Aparecida Blanco; Lima, Vera Lúcia de
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Natal (Rio Grande do Norte)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFRN
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2004
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Atualmente, é possível encontrar vários pesquisadores preocupados com a questão da Referência Virtual e muitos projetos voltados para o desenvolvimento de Bibliotecas Digitais. Nosso objetivo é demonstrar que estas duas tendências odem e devem estar integradas de modo a oferecer aos usuários não apenas a facilidade de acesso remoto aos documentos, mas também a orientação necessária para seu uso. Para isso, após uma breve revisão de literatura sobre Referência Virtual e Bibliotecas Digitais pretendemos relatar o uso do e-mail como ferramenta de interação com usuários, a partir das demandas originárias da Biblioteca Digital da Unicamp. Assim, esperamos demonstrar que apesar dos acervos serem disponibilizados em formato digital isso não elimina a necessidade, primeiro, de um profissional capacitado para orientar os usuários em suas diversas necessidades informacionais e, segundo, da incorporação/desenvolvimento de novas ferramentas de comunicação/interação.
Language
A language of the resource
pt