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A HORA DO CONTO VIA INTERNET: PROPOSTA PARA
IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO SOCIO-EDUCACIONAL
NAS ESCOLAS COM O APOIO DA UNIVERSIDADE
Gildenir Carolino Santos*
Márcia Aparecida Pillon D’Alóia**
RESUMO
Uma das possibilidades de desenvolver a criatividade e o despertar do hábito da
leitura em crianças, é a aplicação da hora do conto nas salas de aula. Pensando
desta forma, a condição do sujeito para contribuir com o desenvolvimento de sua
capacidade motora desde pequeno é muito grande, e desta forma melhorará o seu
desempenho no convívio sócio-educacional. Assim, temos como propósito para
atingir em maior escala com o despertar do hábito de leitura, a proposta de
implantação da hora do conto via Internet, utilizando a capacidade das crianças
juntamente com o professor de publicar na rede, os trabalhos produzidos em sala de
aula, ou seja, a redação, na forma de conto, para que uma maioria possa acessar e
realizar a leitura eletrônica navegando na Internet. Esta proposta é uma tentativa
inédita de participação interativa entre Escola-Universidade, juntamente com a
contribuição do profissional da informação, professores e alunos empenhados não
somente em construir o texto digital, mas também de disponibilizar os contos no
ambiente da biblioteca digital escolar, produto que já está nascendo no interior da
Universidade.
PALAVRAS-CHAVE: Hora do conto na Internet. Escola-Universidade – Parceiria.
Educação. Leitura na Internet. Hábito da leitura digital. Sociedade da informação.
1 INTRODUÇÃO
A proposta de estar desenvolvendo esse trabalho busca refletir o interesse
das crianças diante dos livros de contos de fadas, assim como também esses contos
reproduzidos por elas e disponibilizados na Internet como material de estudo.
Com advento da Internet, as pesquisas via computador, assim como também
a própria aprendizagem as crianças ficam fascinadas por esses equipamentos
passando horas em busca de conhecimento e diversão.
Procuraremos, portanto, pesquisar o real interesse da criança mediante os
contos de fadas e qual a relação com as estórias disponibilizadas por outras
�crianças na Internet. Esperaremos, porém que os resultados sejam a formação de
crianças leitoras independentes de quaisquer suportes que sejam, como por
exemplo livros de estórias, estórias contadas e ou mesmo as estórias
disponibilizadas através da Internet.
Assim sendo, nosso objetivo é pesquisar a formação de leitores em crianças
de escola municipal, assim como também a preparação do professor para a
atividade da hora do conto, como essa atividade é desenvolvida, quais os recursos
materiais disponíveis como livros infantis, computador, rede de acesso à Internet.
Como as crianças de classe média baixa encaram o incentivo à leitura na escola e o
acesso a Internet.
O desenvolvimento desse trabalho dar-se-á na Escola Estadual “Prof. Físico
Sérgio Pereira Porto”, criada a partir de um convênio (protocolo de cooperação
técnica) entre a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Secretaria
Estadual de Educação assinado em
11/01/1990, onde a escola atende
prioritariamente aos filhos dos servidores da UNICAMP, e é uma escola totalmente
atípica, sem o envolvimento da comunidade. Ela está ligada diretamente às normas
estabelecidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, e por isso,
estaremos pretendendo inserir nas atividades mensais para as 3ª e 4ª séries do
ensino fundamental a hora do conto e a disponibilização das estórias pela Internet.
Assim como também treinar os professores para que para que eles dêem
continuidade a essa atividade tão importante para a formação de leitores. (SANTOS,
2002, p.14).
2 A HORA DO CONTO COMO INCENTIVO À LEITURA NAS SALAS DE AULA
A Hora do Conto vem a ser uma motivação para a leitura podendo contribuir
para a formação de leitores. Esta motivação poderá ser desenvolvida através das
histórias contadas, assim como também através leituras de livros de histórias.
Os livros de histórias infantis, os contos fantásticos para crianças trazem em
si o confronto do real com o imaginário. Traçar um limite entre o real e o imaginário
�torna-se um processo difícil à medida que o sonho e a realidade, para as crianças,
fundem-se e se completam.
É no processo estabelecido entre o real e o imaginário que a criança, em
contato com as histórias, com os contos de fadas e as experiências familiares
(histórias contadas de pais para filhos), vivência as diferentes possibilidades de
relacionamento no contexto social.
A presença de um espaço do maravilhoso, preparado e introduzido no inicio
do texto por uma identificação de tempo e de lugar o “Era uma vez...” representa o
traço mais característico e definidor dos chamados contos de fadas.
Essa é a abertura dos contos mais comum utilizada, constituindo-se em um
universo detentor de liberdade onde os sonhos e a fantasia realizam-se. Para a
criança a realidade encontra-se vinculada ao fantástico, a partir do mágico. Podemos
perceber melhor a realidade e desenvolver a criatividade, pois a obra fantástica
encontra-se sua fonte na experiência cotidiana a partir de personagens conhecidos e
acontecimentos vividos. São as lições de moral que os contos, implicitamente,
trazem em si. Assim o imaginário na criança é uma mistura de várias histórias, pois
encontramos elementos da história particular (cotidiano), do conto tradicional (fadas,
mágicos, bruxas) e invenções pessoais da criança.
Segundo Válio (1993,P.82) o:
‘Era uma vez’ que transporta o ouvinte ou leitor para o mundo da
fantasia, providencia o desenrolar das histórias para um tempo e
local indeterminado, tornado-as diretas, onde nada se explica ou
justifica, acontece. A seqüência narrativa completa-se pela
casualidade dos acontecimentos, em um contínuo, sem causas ou
efeitos ou porquês. Expressões que podem ser consideradas se
sentido, explicam-se ou justificam-se pela brincadeira dos sons, pelo
ritmo, pela rima.
No contato com os livros de conto “fantásticos” e em seus primeiros textos, a
criança tem uma visão animista do mundo, ao dar vida aos animais, pedras, plantas
e outros objetos, este processo ocorre na pré-escola e por volta dos sete anos.
�As descobertas essenciais sobre as condições humanas – a vida, a
morte, o trabalho, a amizade, o amor, o sofrimento – são feitas pela
criança, geralmente ao nível do simbólico que lhe propõe inicialmente
as lendas, mitos que se aprendem intuitivamente para em seguida
decifrá-los, pouco a pouco, no palco do intelecto. Embora a distância
introduzida pelo símbolo sirva, em muitos casos, para tornar-se
proporcional às forças da criança, para tornar progressiva tal
descoberta-choque. (HELD 1980 p.95).
As histórias dos livros infantis possibilitam às crianças o confronto entre o seu
mundo e o exterior, criando em sua imaginação paradigmas, de modo que
contribuam para entender as situações diárias dando suporte para lutar contra suas
dificuldades. (BETTELHEIN, 1980).
O autor citado mostra que os contos de fadas interferem no desenvolvimento
da personalidade e ajuda o indivíduo, através do final feliz (o bem vence o mal), a ter
confiança, segurança na solução de seus problemas.
A criança no seu dia a dia defronta-se com diversos problemas, tenta superálos entrando no mundo dos contos e dos mitos, sendo assim, a história fantástica, o
conto de fadas permite à criança liberdade psíquica. Held (1980), propõe em seu
trabalho uma “pedagogia do imaginário”, onde a imaginação da criança e a literatura
fantástica sejam incentivadas.
Na publicação Gramática da Fantasia, Rodari (1982), o autor trabalha t com
os conceitos de “imaginação”, “fantasia” e “criatividade”, nos quais, através dos jogos
infantis, manifesta-se a imaginação criativa no processo de reelaboração da
realidade cotidiana, na qual a criança combina entre si a experiência vivida no
sentido de construir uma outra realidade. Sendo a realidade a fonte que fornece
subsídios para a imaginação, o autor sugere que seja enriquecido o ambiente
(escola/biblioteca) onde as crianças se encontram. A proposta de Rodari – em
Gramática da Fantasia – vem a ser subsídio para professores e bibliotecários, onde
a hora do conto é o centro do trabalho.
A imaginação da criança, estimulada a inventar palavras, aplicará
seus instrumentos sobre todos os traços da experiência, que
provocarão sua intervenção criativa.
As fábulas servem à
matemática, servem à poesia, à música, à utopia, à política, em
suma, ao homem inteiro e não só ao fabulista. Servem exatamente
porque, na experiência, na aparência, não servem para nada.
(RODARI, 1982 p. 139).
�Seria possível um processo educativo onde biblioteca e escola trabalhassem
juntas pelo desenvolvimento da “fantasia”, da “criatividade”, onde a criança teria a
possibilidade de ultrapassar as barreiras da realidade fazendo novas descobertas,
onde houvesse sempre um narrador a contar histórias?
3
A HORA DO CONTO E A APROXIMAÇÃO DO CONVÍVIO SÓCIO-EDUCACIONAL
Se a hora do conto é entendida como um ato de socialização do próprio
processo da palavra – a enunciação que visa à comunicação, a biblioteca e ou a
sala de aula são locais ideais onde o ato da fala pode exteriorizar-se. A hora do
conto pode-se dizer, é a forma exata onde ocorre o processo socializador frente à
enunciação. O bibliotecário e o professor agente dessa socialização transmite para
um grupo de criança de níveis sociais diferenciados uma situação, isto é, uma
história, um conto, um relato ou mesmo a leitura de um clássico infantil. Esse
discurso expresso é refletido no interior de cada indivíduo, confrontando com suas
experiências de vida.
A atividade mental reordena os fatos exteriozando-os para o grupo através de
gestos e pela resposta verbal dos participantes na situação da enunciação. Através
do ato da fala há a interação do grupo frente a situação proposta, criando o mundo
interior e provavelmente uma nova situação.
A hora do conto revela paradigmas de comportamento social, de modo que a
criança possa desenvolver-se dentro do sistema social. Assim, através das histórias
contadas, as crianças interiorizam determinados paradigmas sociais já estabelecidos
pelo contexto social. O ato da fala é estabelecido através da interação verbal,
realizado entre as crianças e o contador de histórias, como um processo pelo qual
elas possam adquirir um repertório, envolvendo–se socialmente na seqüência
narrativa.
Preocupado com a formação do leitor e não com a aprendizagem da leitura
ou escrita, Foucambert (1994, p. 24), entende que mais que alfabetizar agora é
“necessário leiturizar”, isto é, conceder “a escrita como linguagem específica de um
modo de pensar e não como uma espécie de duplo do oral, conseguido por meio de
�um sistema de transição”. Segundo o autor, tanto a alfabetização como a leiturização
são formas diferentes de encontro com a escrita, considerando esta como sendo
uma linguagem para os olhos, pois o texto escrito já está pronto, não há como você
intervir, sendo que a linguagem oral é uma linguagem para o ouvido, nessa há a
oportunidade de ser corrigido quando há erros. Essa preocupação com a formação
de leitores, para o autor citado, é que a informação não seja apenas de domínio das
pessoas, mas que todas tenham acesso a essa informação, assim como também à
sua análise crítica e á sua produção, pois esse é o papel principal da leiturização.
Pesquisando a relação do bibliotecário professor/contador de história, na
biblioteca pública de Los Angeles, Sierra (1990), verificou que os bibliotecários
contadores de histórias são diferentes dos contadores tradicionais, pois, o ato de
contar é adquirido quando adulto, como parte, ou como resultado, da escolha
profissional. O contador tradicional absorve seus repertórios da família e dos
membros da comunidade e começa ainda quando criança. O bibliotecário contador
de histórias apresenta para as crianças através de seu desempenho, a dinâmica e a
essencial interação do livro. Sierra sugere que para os novos bibliotecários de
bibliotecas infantis é necessário um treinamento para se tornarem contadores de
histórias, cujo objetivo é manter o potencial que os contadores testem em si, sendo
uma oportunidade de se observar suas experiências no conto, estimulando e
desenvolvendo a confiança em cada indivíduo e em seu estilo pessoal.
O papel do bibliotecário quanto do professor não é ensinar padrões de leitura
ou mesmo o que ler, mas sim oportunizar materiais de leitura e promover o acesso a
esse material, com base não apenas no entendimento padronizado das
necessidades de leitura, como também se fazer entender que uma das funções
principais da leitura é facilitar um contínuo desenvolvimento da habilidade do
pensamento. Para desenvolver a habilidade do conhecimento, Nitecki (1986 p. 229),
define três tipos de leitura – “a leitura de entretenimento, a informativa e a leitura
criativa ou exploratória”, esta no meio educacional provê oportunidade para explorar
várias relações entre a linguagem através da experiência do leitor. A leitura criativa
provê efeitos de enriquecimento intelectual.
É bem provável que a hora do conto venha proporcionar à criança caminhos
que levarão ao prazer da leitura, entendendo-a como uma nova visão e como uma
�forma de estímulo ligada ao divertimento. Conquistar as crianças para o mundo da
leitura, do prazer, da imaginação é o objetivo da hora do conto.
4 O DESPERTAR DO HÁBITO DE LEITURA : A LEITURA ELETRÔNICA
A leitura, um dos veículos de comunicação humana, apresenta-se em todos
os segmentos sociais. A sociedade tem na leitura uma das “molas mestras”
fundamentais para o seu desenvolvimento. Através da leitura o homem entende o
processo histórico e faz-se compreender nas mudanças sociais presentes e futuras.
O tempo e as necessidades do homem fez com que mudanças tecnológicas
ocorressem em todos os setores sociais, como a invenção do arado, da roda, que
foram úteis para a humanidade. Com o aparecimento da escrita, a leitura surgiu
também para fazer com que os homens pudessem entender melhor e registrar esses
avanços contribuindo inclusive para aperfeiçoá-los. Com a invenção da imprensa, o
homem conquistou um outro espaço. Os livros, o jornal, entre outras formas de
materiais impressos, tornaram–se instrumentos nos quais a memória, os fatos e os
acontecimentos são registrados. Desse modo o conhecimento passou a ser
interpretado ou lido pelas pessoas ou por diferentes grupos sociais, cujos textos
poderão cada vez mais produzir outros através da leitura e suas interpretações.
O estudo realizado por Bamberger (1987) mostra-nos determinadas
preocupações com relação à leitura em diferentes países, onde analisou diferentes
fatores que influenciam o hábito de leitura como: importância e oportunidade de
acesso ao livro e à leitura, interesses de leitura no contexto social, as escolas e as
habilidades como os meios adequados para a disseminação e difusão do livro, da
escrita e da leitura através deles o indivíduo poderá adquirir o hábito de ler.
A linguagem estabelecida como um veículo de comunicação, é o
intermediário da criança com o mundo, e a leitura faz com que a criança obtenha o
domínio lingüístico como também a formação e compreensão do imaginário, fazendo
a entender-se no mundo dentro do seu universo infantil. Acreditamos que o contato
da criança com o livro infantil, o mundo “fantástico”, o “maravilhoso”, assim como as
viagens imaginárias fazem com que gradativamente o interesse pela leitura seja
despertado.
�Conforme Rabelo (1987 p. 13), o hábito de ler é a “disposição duradoura para
leitura adquirida como conseqüência de leituras constantes e repetidas” É evidente
que o indivíduo executando determinadas tarefas freqüentes e uniformes
desenvolverá o hábito a partir de uma determinada ação.
A definição do hábito de leitura para Gaspar (1980, p.32) vem a ser como
uma atividade em que o indivíduo realiza “como ocupação do tempo disponível, sem
que seja uma obrigação com finalidades recreacionais, culturais, educacionais e
informativas, em intervalos de tempo regulares”.
Acredita Gaspar, que para a leitura tornar-se um hábito, deveria ser iniciada e
estimulada o mais cedo possível. Diante deste fato, a escola, a biblioteca, os pais
são os primeiros incentivadores da criança. A partir do momento em que o autor
relaciona-se com a criança, brincando, explorando as rimas, versos, adivinhações,
cantigas de roda, brincadeiras populares e do folclore ou mostrando livro e revistas
ilustradas, relacionando os nomes às figuras, estimulando o raciocínio lógico,
provavelmente estará contribuindo para a formação de um futuro leitor.
Em Pesquisa realizada por Magalhães (1980), sobre a leitura recreativa na
escola de 1º grau, verificou-se que a leitura como atividade de lazer destaca-se em
segundo lugar nas atividades recreativas, não sendo, porém considerada como lazer
principal dos alunos pesquisados. O interesse desses alunos volta-se para os livros
de aventura, história de amor. Quanto ao trabalho em sala de aula, os resultados da
pesquisa revelam que o professor de Português faz indicações de livros para leitura
obrigatória, exige a leitura, escolhe os livros de literatura e desenvolve atividades de
verificação de leitura. Nessa pesquisa um dado relevante foi constatado pela autora,
verificou-se que, à medida que a idade dos alunos aumenta, assim como também o
seu grau de escolaridade, os alunos afastam-se cada vez mais dos livros.
Assim, a leitura neste estudo, baseia-se na leitura eletrônica, no navegar, no
encontrar novas idéias, buscando como inspiração e pano de fundo a Internet,
principal instrumento para o mundo cibernético e grande repositório de textos e
outros trabalhos.
De acordo com Castells (2002), a Internet é a “espinha dorsal da
comunicação global mediada por computadores (CMC): é a rede que liga a maior
�parte das redes, e isto indica que o significado da leitura eletrônica é um
emaranhado no universo da teia global”.
5 O DESENVOLVIMENTO DA BIBLIOTECA ESCOLAR DIGITAL
A biblioteca escolar é um órgão atrelado a escola. É, portanto, uma instituição
educativa que precisa de lideranças com formação bibliotecária e comprometida com
as questões educacionais. Não se fazem líderes com treinamento rápido e sem
formação adequada para tal. A educação é um processo que demanda tempo. Para
que uma pessoa assuma a responsabilidade por uma biblioteca escolar e sua
dinamização requer uma formação filosófica, teórica e técnica evitando que repitam
os prejuízos que já foram detectados, no próprio estado, com relação às perdas de
acervos e de sua utilização.
Por esta razão, o desenvolvimento de uma biblioteca escolar digital (BED),
com as crianças, faz-se necessário porque as bibliotecas em geral, não têm
merecido o enfretamento científico devido, o que continua a despertar os
sentimentos de preocupação e de indignação por não estar existindo atualmente nas
escolas públicas brasileiras.
Em seu livro, Silva (1999, p.13), crítica bravamente sobre a situação da
biblioteca escolar brasileira, onde a mesma encontra-se sob o mais profundo
silêncio; silenciam as autoridades, ignoram-na os pesquisadores, calam-se
professores, omitem-se os bibliotecários.
Neste sentido, tomou-se a iniciativa neste estudo, de desenvolver uma
metodologia para a construção da BED, que tentasse de certa forma amenizar a
destruição da biblioteca escolar tradicional, por motivos diferenciados de opiniões. A
proposta deste estudo é tentar resgatar o que se usa na Internet hoje como fonte de
pesquisa, e trazê-la para a sala de aula, permitindo que essa interação de
computador e alunos (crianças) aconteça com um único propósito: a construção de
textos através da hora do conto, a partir dos textos lidos pelos alunos, em que os
mesmos redigirão sua estória ou conto, onde farão a inserção de dados, aprenderão
a processar os documentos de forma a resgatar a informação, monitorados e tendo
�como facilitadores o profissional bibliotecário e o professor responsável pela classe
selecionada para iniciar o estudo base da escola.
Certamente supririam a lacuna não só em relação ao processo de
desenvolvimento da leitura do aluno (crianças), como também, em relação à leitura
do professor e de sua atualização profissional.
6 MATERIAIS E MÉTODOS
Aqui pretendemos apresentar neste estudo, os procedimentos utilizados no
trabalho de campo e seu delineamento metodológico, buscando atender ao
problema deste estudo, que se refere à busca dos pressupostos básicos que
auxiliam
o
professor,
juntamente
com
o
profissional
bibliotecário,
no
desenvolvimento de uma metodologia, baseada no uso da Internet, através do
computador, que interfira no hábito de leitura dos alunos (crianças) através da hora
do conto via Internet, produzindo no final do estudo, um ambiente construcionista de
aprendizagem com as crianças, através de uma BED.
Esse estudo, conforme já citado, realizar-se-á na Escola Estadual “Prof.
Físico Sérgio Pereira Porto” – UNICAMP, sendo um projeto piloto que após análise e
avaliação dos dados será divulgado para a rede de ensino municipal de CampinasSP. Nessa escola as crianças já vivenciaram experiências de pesquisas explorando
a Internet.
O estudo proposto pretende melhorar a prática educativa real existente e por
isso recorremos à observação do sujeito-objeto pelo método construtivista, por
considerarmos que é, através das anotações e demonstração diferenciada de cada
um dos alunos, a maneira de podermos avaliar a fase do ensino-aprendizagem
aplicada a essa metodologia.
A técnica adotada centra-se em criar uma metodologia de um ambiente
construcionista de aprendizagem com as crianças, através de uma BED, pelos
alunos da escola envolvida, percepcionada numa perspectiva de estudo de caso.
Isto, porque segundo Lüdke e André (1988, p.21):
�o estudo de caso é o estudo de um caso, seja ele simples e
específico [...] o estudo de caso é sempre bem delimitado, devendo
ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo. O
caso pode ser similar a outros, mas ao mesmo tempo distinto, pois
tem um interesse próprio, singular.
Para a atividade base da hora do conto serão utilizados livros de literatura
infantil, utilizaremos os clássicos como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve,
Cinderela, Rapunzel e o Patinho Feio. Após contar essas histórias as crianças irão
produzir a que mais gostou.
Essas histórias serão então disponibilizadas numa
página da internet para consulta das próprias crianças e de outras. Será investigado
então após consulta das crianças em seus textos na Internet, como a criança
interpretou a história e a sua relação com o “maravilhoso” via Internet.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Martinez (1996) refere que diversos estudos realizados demonstram que
alunos apoiados pela educação mediada com tecnologia necessitaram de um terço
menos de tempo do que os estudantes que utilizaram métodos tradicionais para
superar etapas de ensino.
Assim sendo, para que o sujeito interaja com um ambiente computadorizado
precisa organizar esta nova realidade, entender o funcionamento da máquina, do
software a ser utilizado (BEHAR, 1998). Para isto, deve possuir um modelo mental
do funcionamento do mesmo, construir os seus próprios conceitos em relação ao
programa para poder operá-lo, manipulá-lo e, para isso, utiliza as estruturas lógicas
e construtivas do seu pensamento (BEHAR, 1998).
Com base na reflexão de Portal (2001), os resultados do estudo nos remetem
para a reflexão de que, a cada um de nós educadores, cabem fazer uma leitura dos
referenciais que norteiam o projeto tecnológico de nossas práticas pedagógicas,
para que possamos rever nossa capacidade de desempenho educacional,
elaborando um projeto tecnológico que não se produza numa mera incorporação de
artefatos tecnológicos, mas como uma prática social que, para seu desenvolvimento,
dependa essencialmente do humano, das relações sociais, da capacidade de
�comunicação, de negociação, de inclusão do outro, possibilitando a formação do
laço sócio-educacional
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalmente o presente estudo não se finaliza aqui, representa apenas uma
etapa de uma pesquisa mais ampla, onde a metodologia apresentada poderá ser
estendida e aplicada em escolas públicas, deficientes de bibliotecas escolares
presenciais. O compartilhamento de saberes e união dos conhecimentos técnicos e
teóricos dos bibliotecários, professores e alunos, demonstrará que é possível aplicar
na realidade a construção de um projeto necessário para a complementação do
ensino nos dias de hoje.
Acreditamos que incentivar as crianças nas séries iniciais à leitura de livros
infantis ou mesmo o contar histórias, isto é, desenvolver a hora do conto na sala de
aula ajudará na formação de futuros leitores.
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Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
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Tema: Bibliotecas universitárias: (Re) Dimensão de bibliotecas universitárias: da gestão estratégica à inclusão social.
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A hora do conto via internet: proposta para implantação de um projeto socio-educacional nas escolas com o apoio da Universidade.
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UFRN
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2004
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Uma das possibilidades de desenvolver a criatividade e o despertar do hábito da leitura em crianças, é a aplicação da hora do conto nas salas de aula. Pensando desta forma, a condição do sujeito para contribuir com o desenvolvimento de sua capacidade motora desde pequeno é muito grande, e desta forma melhorará o seu desempenho no convívio sócio-educacional. Assim, temos como propósito para atingir em maior escala com o despertar do hábito de leitura, a proposta de implantação da hora do conto via Internet, utilizando a capacidade das crianças juntamente com o professor de publicar na rede, os trabalhos produzidos em sala de aula, ou seja, a redação, na forma de conto, para que uma maioria possa acessar e realizar a leitura eletrônica navegando na Internet. Esta proposta é uma tentativa inédita de participação interativa entre Escola-Universidade, juntamente com a contribuição do profissional da informação, professores e alunos empenhados não somente em construir o texto digital, mas também de disponibilizar os contos no ambiente da biblioteca digital escolar, produto que já está nascendo no interior da Universidade.
Language
A language of the resource
pt