-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/47/5250/SNBU2006_164.pdf
1211a0bbf54a3387885e6864f6f44820
PDF Text
Text
FORMAÇÃO CONTINUADA DE BIBLIOTECÁRIOS E AS FERRAMENTAS
TECNOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO EDUCATIVA
Clélia Junko Kinzu Dimário (1)
Elenise Maria de Araújo (2)
Casimiro Paschoal da Silva (3)
Priscila Carreira Bittencourt Vicentini
(4)
Wilson Bittencourt Vicentini (5)
Resumo: As transformações decorrentes da revolução informacional do
conhecimento afetam o desenvolvimento das forças produtivas e sociais, e
consequentemente o profissional da informação. O debate em torno do processo
de qualificação-desqualificação decorrente da anunciada revolução tem como
premissa o processo educacional e de apropriação dessas tecnologias eletrônicas
em ambientes de aprendizagem virtual. O profissional bibliotecário deve estar
apto a dominar as tecnologias e redes interativas que possibilitam o rápido acesso
a informação tanto na mediação informação/usuário quanto para sua educação
continuada. Esse processo educativo deve co-relacionar os novos paradigmas da
Educação a distância, e a pertinência de aplicação desses modelos à Ciência da
Informação. Nesse sentido, propõem-se um modelo de curso à distância sobre
normalização de trabalhos científicos, para bibliotecários, estruturado em módulos
de acordo com as normas vigentes. Seguirá um caráter interdisciplinar, dinâmico
e de curta duração. Para a escolha do sistema gerenciador de ensino à distância,
comparar-se-à os sistemas utilizados na arquitetura de cursos oferecidos pelas
universidades públicas do Estado de São Paulo (USP, UNESP e UNICAMP). O
curso fornecerá subsídios para a capacitação do profissional da informação em
Educação a distância fomentando um processo coletivo de qualificação
direcionado aos profissionais atuantes de instituições públicas e privadas.
Palavras-chave: Educação a distância. Educação Continuada. Capacitação de
Bibliotecários. Ensino On-line.
1
Bibliotecária da Seção de Aquisição e Tratamento da Informação do Instituto de Química
de São Carlos – USP e Discente - MBA da UNICEP - São Carlos – SP
(clelia@iqsc.usp.br)
2
Bibliotecária da Seção de Atendimento ao Usuário da Escola de Engenharia de São
Carlos – USP (elenisea@sc.usp.br)
3
Técnico de Redes da Seção Técnica de Informática da Escola de Engenharia de São
Carlos – USP (casimiro@sc.usp.br)
4
Bibliotecária da Seção Técnica de Referência, Atendimento ao Usuário e Documentação
do Instituto de Química – UNESP – Araraquara – SP (priscila@iq.unesp.br)
5
Docente do Departamento de Ciência da Computação - PUC Minas – campus Poços de
Caldas – MG (wilsonbv@pucpcaldas.br)
�1 As forças produtivas na sociedade da informação
As sociedades contemporâneas convivem com um paradoxo, “pois
esperava-se que a racionalidade embutida no método de olhar e interpretar o
mundo permitisse a configuração de uma organização da sociedade na qual o
“Esclarecimento” (a ser atingido pelo acesso ao conhecimento acumulado e
transmitido universalmente pelas instituições educacionais) garantiria ao seu
possuidor a participação no direcionamento das questões públicas de interesse
comum e um melhor relacionamento entre os indivíduos.” (CARDOSO, 1996).
Segundo Cardoso (1996) a aplicação do conhecimento científico às
situações empíricas culminou no desenvolvimento de tecnologias e na maior
complexidade dos processos produtivos de bens e serviços, onde o conhecimento
estocado permite o “avanço tecnológico, a flexibilização da produção e a
segmentação do consumo”. Porém, a supremacia da “racionalidade científica”
sobre os valores éticos vem colocando objeções ao paradigma da objetividade e
universalidade da Ciência.
Outro fator de equivalente importância é o avanço das tecnologias da
comunicação e o desenvolvimento de “sistemas peritos” de organização da vida
que transformaram as relações produtivas na sociedade. Essas relações
passaram a ser desenvolvidas ignorando as barreiras do espaço físico-geográfico,
da temporalidade e da organização social e econômica.
Essa
produção
segmentada
por
demandas
específicas
gera
a
fragmentação da força de trabalho, a desintegração das empresas e a
descentralização da produção. Para os trabalhadores e instituições todo esse
processo provocou profundas e irreversíveis mudanças com repercussões na vida
familiar, no lazer, na cultura e na política.
São estabelecidas assim, novas disposições para o trabalho, onde a força
produtiva deve: se habilitar em curto prazo; não associar sua atividade à
estabilidade de carreira, tarefas contínuas e centralização de funções e recursos.
2
�Pois tudo, além de flexível, pode ser modificado no próximo momento de
“reengenharia” organizacional.
Fridman, (2000) considera que as “carreiras não são mais o leito por onde
flui a experiência de trabalho de toda uma vida” considera ainda que, a nova
organização da produção derivada das inovações tecnológicas permite uma
descentralização das tarefas e pressiona os trabalhadores a se adaptarem a
novas habilidades e iniciativas. “A vivência do tempo é profundamente alterada:
não há mais longo prazo.” (FRIDMAN, 2000). Nesse sentido, faz-se urgente que o
profissional bibliotecário reinvente sua participação nas instituições, de maneira a
cumprir por meio de sua especialização, a flexibilidade necessária para mantê-lo
atuante nas relações produtivas da sociedade do conhecimento.
Propomos assim, um breve debate sobre a especialização flexível e o
processo que desencadeia a qualificação dos profissionais bibliotecários, por
meio da aprendizagem em ambientes virtuais.
2 O ambiente de aprendizagem virtual
A divulgação do conhecimento produzido e o acesso à informação
constituem os pilares da educação ocidental moderna, e diante da disponibilidade,
quantidade, profundidade e agilidade com que a informação chega ao indivíduo,
podemos verificar o surgimento de um novo sistema de dominação.
Qualquer medida de apropriação do conhecimento tem como premissa, um
complexo processo de ensino-aprendizagem que depende de políticas de
qualificação orientadas para o mercado produtivo.
A constatação desta situação tem levado os educadores, a estudarem
novos esquemas cognitivos, refazendo as relações com ênfase em atitudes
proativas que estimulem a criatividade e autonomia, garantindo assim a eficácia e
eficiência do processo de aprendizagem.
3
�O ensino à distância, tradicionalmente marcado, pelas mídias antigas
(material impresso, televisão e rádio) e pela atitude passiva do aluno e do repasse
simples do conhecimento, também cede lugar à “educação a distância”.
Os programas de educação a distância, devem apontar para outras
possibilidades de interatividade por meio de tecnologias instrucionais, com ênfase
à construção do conhecimento original. Assim, ao fortalecer o processo de
elaboração e explicitação de idéias novas, a educação a distância, verifica “como
se aprendeu e o que foi produzido com o conhecimento aprendido”. Essa relação
pedagógica, intimamente relacionada ao ato de pesquisar, coloca em posição de
igualdade os professores/tutores e os alunos.
Para discutir a questão metodológica dos programas de Educação a
distância (EAD), torna-se essencial destacar outras questões e temas
estratégicos sobre o processo de planejamento educacional como: as
características e necessidades do público-alvo; a definição de um modelo
pedagógico específico; construção de comunidade virtual e interativa de
aprendizagem; formação e aperfeiçoamento do professor/tutor. O sucesso na
aprendizagem à distância, depende também das possibilidades de interatividade
na comunicação entre todos os elementos da comunidade virtual: aluno,
professor, conteúdo do curso, tecnologia e recursos de ensino.
No entanto, a capacitação dos professores e alunos, é um dos requisitos
fundamentais para o sucesso do programa de ensino à distância. Essa estratégia
de formação e atualização dos profissionais em questão enfatiza também o
desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe, estimulando nos
participantes o princípio de aprendizagem colaborativa, do gerenciamento e do
domínio crítico da tecnologia sugerida no processo de ensino à distância.
3 A educação continuada do profissional bibliotecário
Segundo Cavalcanti (2001) vários trabalhos foram publicados sobre teorias
do ensino e identificam-se inúmeros conceitos que dão suporte aos princípios da
4
�Andragogia (aprendizado de adultos). Esse conceito é aqui explicado, para que as
peculiaridades desses alunos sejam respeitadas no processo de ensinoaprendizagem presencial ou à distância.
Sob essa ótica, a educação de adultos, conta com a capacidade de
autogestão do aprendizado pelo aluno, sua auto-avaliação e motivação intrínseca,
que
substituem
o
controle
burocrático
hierárquico
que
aumentam
o
comprometimento, a auto-estima segundo os propósitos do programa. Assim,
como “no ensino universitário, é necessário que sejam introduzidos conceitos
andragógicos nos currículos e abordagens didáticas dos cursos superiores”
(CAVALCANTI, 2001) por extensão nos cursos de especialização, capacitação ou
aperfeiçoamento para os profissionais bibliotecários, esse princípio deve ser
acertado.
Consideramos que a formação continuada do profissional bibliotecário
deve ser pautada nos princípios de autogestão do aprendizado, e a elaboração de
um plano de curso à distância, deve explorar através de métodos experimentais,
as discussões em grupo, exercícios de simulação, aprendizagem baseada em
problemas e discussões de casos.
“As atividades formais e informais de aprendizagem que colaboram para elevar o
conhecimento, atitudes e competência do profissional bibliotecário são analisadas
mediante um núcleo extenso de variáveis, como a participação em congressos,
leituras técnicas e cursos de aperfeiçoamento”.(BELLUZZO, 1996)
Em sua pesquisa Belluzzo (1996) analisou os motivos reais que levam os
profissionais a procurar fontes de formação continuada durante sua carreira e a
utilização da internet para pesquisa. O estudo consistiu na aplicação de
questionários para profissionais em diferentes situações de aprendizagem e os
resultados obtidos apontam para o desenvolvimento pessoal atrelado as
oportunidades de aprendizagem por instituições de classe e universidades que
possuem recursos informacionais melhores alocados. Porém, não podemos
descartar o problema social que vários bibliotecários na sua ação cotidiana se
5
�deparam, como por exemplo a falta mínima de infra-estrutura para tornar sua
comunidade integrante do ambiente de aprendizagem virtual. De acordo com
Soares (2006):
”[...] as dificuldades mais freqüentes vão desde os deslocamentos dos
bibliotecários, recursos financeiros para pagamento de viagem e estadia até
problemas na liberação para se ausentarem do trabalho. Quando conseguem
vencer todas essas dificuldades, a liberação dificilmente acontece para mais de
um bibliotecário da mesma equipe. Os demais não se capacitam e dificilmente os
capacitados retransmitem, a contento os conhecimentos adquiridos...”
Baseado nisso, supõe-se que há vários bibliotecários atuantes no mercado
de trabalho que não se capacitam e na maioria das vezes se sentem
pressionados a aprender no menor espaço de tempo possível, pois tem crescido
o nível de exigência dos usuários pelos serviços oferecidos nas bibliotecas.
Nesse sentido, devemos resgatar o papel do profissional bibliotecário
enquanto agente social e político comprometido com a transformação dessa
realidade de acordo com a nova demanda informacional. Conseqüentemente, o
próximo passo é socializar o acesso ao conhecimento adquirido, propondo ações
concretas de cursos e treinamentos de capacitação para os pares que não podem
participar dos novos processos tecnológicos da comunicação científica.
Dominando as tecnologias e redes interativas que possibilitam o rápido
acesso à informação, o profissional bibliotecário, deve participar efetivamente do
processo de mediação informação/usuário e através de intervenções educativas
ser capaz de informar e formar o usuário sobre todos os serviços e produtos
disponíveis no sistema de informação que atua.
No entanto, para que isso seja real, é necessário que ocorra uma
mudança de paradigmas, tanto por parte do profissional bibliotecário como da
instituição que ele atua. Segundo Soares (2006) isso acontecerá ao rediscutir a
importância que o bibliotecário desempenha, como um dos profissionais da
educação e não meramente um técnico que alimenta banco de dados, organiza a
informação ou empresta livros.
6
�Assim, a educação continuada de bibliotecários atuantes deverá ser
motivadora, favorecendo o senso crítico e o desenvolvimento do progresso
humano e não apenas um treinamento para execução de tarefas rotineiras e
repetitivas. Para Silva (2002) esse é um dos grandes desafios e dilemas na
formação contínua do bibliotecário, pois só desenvolvendo a visão sistêmica e
participando efetivamente do processo ensino-aprendizagem que profissional
atingirá o reconhecimento merecido.
4. Proposta de curso
Segundo Rodrigues; Lima e Garcia (1998) um trabalho científico pode ser
analisado quanto a sua qualidade política e formal, sendo que para atingir essa
segunda qualidade o autor deve apresentar:
“propriedade lógica, tecnicamente instrumentada, dentro dos ritos acadêmicos
usuais; domínio de técnicas de coleta, manuseio e uso de dados; capacidade de
manipular bibliografias; versatilidade na discussão teórica; conhecimento das
teorias, de autores; [...] como também, a capacidade de redação e apresentação
de trabalhos escritos, de comunicações, artigos, dissertações, teses”.
Considerando que a normalização técnica dos trabalhos acadêmicos é um
dos fatores de eficiência na comunicação científica e o bibliotecário, o profissional,
que domina essa técnica, nas Universidades, devemos repensar sua atuação na
socialização do conhecimento adquirido. Cabe aos bibliotecários assumirem seu
papel de agentes educacionais e realizarem intervenções diretivas em projetos de
extensão à comunidade acadêmica ou aos demais profissionais já formados,
participando ativamente da configuração da sociedade do conhecimento.
Nesse sentido, propõem-se um modelo de curso à distância para
bibliotecários sobre normalização de trabalhos científicos, fornecendo subsídios
para a capacitação do profissional atuante de instituições públicas e privadas e
com aplicação posterior à comunidade acadêmica.
7
�O planejamento de um curso de aperfeiçoamento profissional em EAD
exige a definição dos seguintes tópicos: credenciamento junto ao Conselho
Nacional de Educação e homologação pelo Ministério da Educação (BRASIL,
1996); instituição certificadora e financiadora; número de vagas; carga horária;
conteúdo programático; cronograma; investimento/pagamento; ambiente virtual e
ferramentas; estratégias pedagógicas e tecnológicas e a equipe de suporte
(técnicos, bibliotecários e educadores). O conteúdo programático proposto
abrangerá as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em
documentação, especificamente as gerenciadas pelo Comitê 14. Através de
exercícios dirigidos serão comparados os modelos de referências bibliográficas
segundo as normas da International Standardization Organization (ISO); do
Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (Grupo de Vancouver) e da
American Psychological Association (APA). Os módulos serão divididos conforme
a estrutura da Comissão de Estudo de Documentação do Comitê/ABNT. Os
procedimentos de ensino serão: utilização das ferramentas e mix-mídias do
ambiente virtual para disponibilizar o material didático e comunicação com o
grupo; aulas teóricas e práticas, orientadas através do chat ou do fórum de
discussão. Avaliação será realizada por meio de estatísticas do número de
acesso; participação nas atividades sugeridas e cumprimento de prazos de envio,
freqüência mínima de 25% nas atividades presenciais, avaliação final do curso e
dos tutores de cada módulo
O conteúdo do curso foi definido em 4 módulos de 15 horas-aula cada,
totalizando 60 horas, sendo essa a regulamentação prevista na UNESP (2005),
UNICAMP (1996), USP (2003) para os cursos de aperfeiçoamento ou atualização.
Os encontros presenciais estão previstos no início de cada módulo, para
introdução dos novos tópicos e avaliação do anterior. Recomenda-se a dedicação
do aluno em média 5 horas por semana para o seu melhor desempenho.
Módulo 1- Apresentação do curso;
Objetivo:
Apresentar
os
objetivos,
cronograma
e
as
atividades
presenciais/virtuais do curso; apresentar as instituições normativas e a
importância do assunto para o profissional bibliotecário;
8
�Tópico: Descrição e funcionamento de instituições normativas nacionais e
internacionais
Atividades propostas: Leitura obrigatória e complementar de textos
selecionados e pesquisa em sites das instituições normativas.
Módulo 2- Normas do Comitê Brasileiro de Informação e Documentação
(ABNT/CB-14)
Comissão
de
Estudo
de
Documentação
(CE-14:000.01)-
DocumentaçãoObjetivo:Apresentar as principais normas do grupo CE-14:000.01 e reunir
dados e situações-problemas vivenciadas pelos alunos na prática diária.
Tópico: Normas do Comitê 14- CE-14:000.01- Documentação
Atividades interativas propostas: Leitura obrigatória e complementar de
textos selecionados; consulta as normas da ABNT citadas; aplicação de
exercícios propostos.
Módulo 3- Normas do Comitê Brasileiro de Informação e Documentação
(ABNT/CB-14)
Comissão
de
Estudo
de
Documentação
(CE-14:000.03)-
Identificação e descriçãoObjetivo: Apresentar as principais normas do grupo CE-14:000.03 e reunir
dados e situações-problemas vivenciadas pelos alunos na prática diária.
Tópico: Normas do Comitê 14- CE-14:000.03- Identificação e descrição.
Atividades interativas propostas: Leitura obrigatória e complementar de
textos selecionados; consulta as normas de referência bibliográfica da
ABNT, ISO, VANCOUVER e APA; aplicação de exercícios propostos.
Módulo 4- Normas do Comitê Brasileiro de Informação e Documentação
(ABNT/CB-14) Comissão de Estudo de Documentação (CE-14:000.04)-Gestão de
Documentos ArquivísticosObjetivo: Apresentar as principais normas do grupo CE-14:000.04 e reunir
dados e situações-problemas vivenciadas pelos alunos na prática diária;
avaliação final do curso e dos alunos.
Tópico: Normas do Comitê 14- CE-14:000.04- Gestão de Documentos
Arquivísticos; Avaliação final.
9
�Atividades interativas propostas: Leitura obrigatória e complementar de
textos selecionados; consulta as normas da ABNT citadas; aplicação de
exercícios propostos.
Ressaltamos que a estrutura modular proposta, possibilitará a busca de
soluções em grupo, o diálogo entre alunos e professores em questões de estudo
que favoreçam o desenvolvimento de múltiplos saberes.
5 Ferramentas de ensino a distância
A atual vertente teórica na educação a distância, é a de uma abordagem de
avaliação do processo ensino-aprendizagem, baseada na performance do aluno,
ou seja, “na avaliação formativa baseada na observação e orientação do aprendiz
durante o desenvolvimento de tarefas significativas e relevantes ao mesmo,
planejadas para levarem o aprendiz a um engajamento ativo na construção dos
seus conhecimentos” (OTSUKA et al, 2002).
No âmbito da educação a distância, a definição dos métodos de ensinoaprendizagem e suas ferramentas, mediada pelas tecnologias da informação e da
comunicação, segue a mesma tendência. Um curso à distância deve estar
estruturado para atingir uma avaliação formativa e baseada em performance.
Os ambientes de aprendizagem virtual, que dão suporte a Educação a
distância, utilizam “ferramentas de comunicação projetadas para possibilitarem a
realização de atividades de aprendizagem baseadas na construção colaborativa
de conhecimentos, e a realização de uma avaliação formativa por meio do
acompanhamento das interações dos aprendizes durante o desenvolvimento
destas atividades” (OTSUKA et al, 2002).
Nesse
trabalho,
analisamos
comparativamente
as
ferramentas
de
comunicação utilizadas nos cursos de Educação a distância nas Universidades
Estaduais Paulistas (USP, UNESP, UNICAMP), Porém nossa pretensão, não é
indicar uma ou outra, no sentido de apontar uma supremacia entre elas. Os três
ambientes serão caracterizados em suas peculiaridades e destacamos aqui, a
10
�necessidade de uma conduta criteriosa por parte dos coordenadores de cursos no
momento de escolha dessas ferramentas para gerenciar o processo de
aprendizagem virtual.
O ambiente TelEduc
O TelEduc é um ambiente de criação, participação e administração de
cursos à distância na Web desenvolvido desde 1997, pelo Núcleo de Informática
aplicada à Educação (NIED) em parceria com o Instituto de Computação (IC),
ambos da UNICAMP. Disponível em: http:// teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/.
No ambiente de suporte à Educação a distância - TelEduc todas as
interações que ocorrem são registradas a fim de possibilitar a avaliação formativa
baseada no acompanhamento contínuo desses registros, bem como a reflexão
dos aprendizes sobre o processo de aprendizagem.
As ferramentas do TelEduc que foram desenvolvidas para dar o apoio ao
desenvolvimento de atividades e à avaliação formativa são Agenda, Atividades,
Parada Obrigatória, Material de apoio, Leituras, Fóruns de discussões, Bate-papo,
Mural, Perguntas Freqüentes, Portfólio, Grupos,InterMap, Acessos. Além disso,
tudo o que acontece em um curso é registrado (interações, conteúdos e acessos),
portanto a avaliação pode ser formativa, por meio da análise e orientação
contínua das participações dos aprendizes durante o desenvolvimento de
atividades individuais e em grupo, inclusive a falta de interação de algum aluno, é
notada pelo instrutor através da ferramenta InterMap.
Ressaltamos em OTSUKA et al (2002) a descrição da ferramenta Acessos
que “tornou-se necessária para possibilitar a diferenciação entre o “aprendiz
calado” mas presente e o “aprendiz ausente”, que é extremamente importante no
acompanhamento de um curso.
11
�O Ambiente Col
O ambiente Col – Cursos on-Line é um sistema de gerenciamento de
ensino em ambientes educacionais pela Internet (LMS Learning Mangement
System), desenvolvido pelo Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores
(LARC) da USP, distribuído pelo CCE - Centro de Computação Eletrônica da
USP. Disponível em: http://col.larc.usp.br/principal/
O sistema hospeda cursos, oferecendo o suporte necessário para a
organização de conteúdo, trabalhos, testes, FAQ automático, mensagens para a
turma, entre outros recursos. Possui ferramentas interativas, como chat e lista de
discussão, além da ferramenta de apresentação utilizada para apresentar páginas
HTML para os alunos, enriquecendo assim as aulas presenciais. A avaliação de
desempenho é feita através dos testes objetivos e das estatísticas de acesso.
Segundo Araújo (2003) outra característica da plataforma Col é que essa
“[...] trata basicamente do gerenciamento dos cursos e das atividades dos
participantes” facilitando o acesso ao material didático do curso, como permite
condicionar esse acesso ao bom entendimento do conteúdo anterior, através de
vinculação do material de aprendizagem a testes programados pelo professor”.
O Ambiente WebCT
O WebCT foi desenvolvido no Departamento de Ciência da Computação da
University of British Columbia em um projeto liderado por Murray W. Goldberg.
Disponível em: http://www.webct.com/. Como uma ferramenta que facilita a
criação de sofisticados ambientes de aprendizagem virtual, o WebCt permite aos
educadores elaborar e administrar o design das páginas dos cursos e seu
conteúdo pedagógico.
As
ferramentas
disponíveis
no
WebCt
incluem
ferramentas
de
comunicação (chat, lista de discussão e e-mail), questionários on-line que podem
12
�ser cronometrados, calendário do curso, glossário, área de apresentação do
estudante, ferramentas de busca e indexação, caderno de anotações e uma
ferramenta que permite ao aluno retornar automaticamente ao ponto em que ele
estava durante a sua última visita ao material do curso.
Segundo Wagner et al (2003) “a construção do ambiente WebCt é
realizada pelo professor e pela equipe de EAD que busca contemplar uma
aprendizagem cooperativa, interativa e autônoma, em situações de grupo e
individual.” Podemos notar outras funcionalidades como uma área de anotação de
conteúdo, estatística de utilização e acesso ao sistema, banco de dados de
questões do processo de avaliação, que podem ser reutilizadas.
6 Conclusão
O sucesso de um curso à distância, também dependerá da atenção e
planejamento que os coordenadores despenderem no acompanhamento dos
alunos. Segundo OTSUKA et al (2002)
“o formador tem um grande trabalho procurando, coletando e analisando
informações relevantes ao acompanhamento do curso, porém é uma atitude
necessária acompanhar cada nova ação dos aprendizes, além de estar atento
para detectar possíveis problemas no processo de aprendizagem (como a falta de
acesso, falta de participação, atraso de tarefas, falta de participação no grupo)”.
A equipe responsável pelo planejamento e gerenciamento do curso de
capacitação para bibliotecários na modalidade de ensino on-line, deve avaliar
todos os pontos acima citados bem como todas as experiências realizadas, a fim
de definir um modelo de aprendizagem virtual adequado a seu objetivo.
A prática educacional à distância requer um projeto pedagógico ordenado,
coerente, sistemático e seqüencial. Porém, durante qualquer processo educativo,
seja ele convencional (presencial) ou à distância, são inúmeras as variáveis que
interferem no grau de aprendizagem do aluno e do desempenho do professor.
Sendo assim, o modelo pedagógico de um programa de EAD deve suportar
13
�intervenções e contínuas revisões, mantendo uma satisfatória estrutura que
possibilite gerar respostas imediatas às múltiplas e singulares situações.
Assim, para que o processo educativo a distância venha atingir os objetivos
pretendidos e a qualidade desejada em seus resultados, não basta apenas
incorporar as novas tecnologias de informação e comunicação disponíveis sem
antes reavaliar as condições dos atores frente à qualificação profissional e sua
atuação enquanto agente multiplicador do conhecimento.
Referências
ARAUJO, Moyses. Educação a distância e a web semântica: modelagem
ontológica de materiais e objetos de aprendizagem para a plataforma Col. 2003.
Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3141/tde-22072005165858/publico/lastTese.pdf>. Acesso em: 04 jun 2006.
BELLUZZO, R. C. B. et al. Capacitação de equipes bibliotecárias no Sistema
Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo face às novas dinâmicas
de gestão de qualidade. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS, 9, 1996. Curitiba. Anais... Curitiba, 1996.
BRASIL. Lei n. 9394/96, de 23 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23.12.1996.
Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/ pdf/tvescola/
leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 05 maio 2006.
CARDOSO, A. M. P. Pós-modernidade e informação: conceitos complementares?
Perspectivas da Ciência da Informação. Belo Horizonte, v.1, n.1, p.63-79,
jan./jul. 1996.
CAVALCANTI, R. A. C. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. 2001.
Disponível em: <http://www.secrel.com.br/usuarios/cdhs/texto3.htm>. Acesso em:
05 jun 2006.
FRIDMAN, L. C. Trabalho, especialização flexível e reflexividade desanimada.
2000. Disponível em: < http://www.anpocs.org.br/encontro/2000/00gt20.htm >
Acesso em: 13 jun. 2006.
14
�OTSUKA, J. L. et al. Suporte à avaliação formativa no ambiente de Educação a
distância TelEduc: todas as 6 versões. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE
INFORMÁTICA EDUCATIVA, 6., 2002, Vigo. Anais eletrônicos... Disponível em:
<http://www.dcc.unicamp.br>. Acesso em: 03 jun.2006.
RODRIGUES, M. E. F.; LIMA, M. H. T. F.; GARCIA, M. J. O. A normalização no
contexto da comunicação científica. Perspectivas em Ciência da Informação,
Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 147-156, jul./dez. 1998.
SILVA, E. L.; CUNHA, M. V. A formação profissional no século XXI: desafios e
dilemas. Ciência da informação, Brasília, v. 31, n. 3, p.77-82, 2002.
SOARES, Suely de Brito Clemente. Cibereduc: construção e desenvolvimento de
uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa das TICs, aplicadas ao
fazer diário de bibliotecários de referência de universidades brasileiras. 2006.
Dissertação (Mestrado). Universidade de Campinas, Faculdade de Educação,
Campinas, 2006. 1 CD-ROM
UNESP-UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUISTA”
Resolução UNESP nº 115, de 15 de Dezembro de 2005, Regulamenta os Cursos
de Especialização da UNESP. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São
Paulo,
16.12.2005.
Disponível
em:
<http://www.unesp.br/propg/
lato/res_unesp_115_05.doc>. Acesso em: 5 maio 2006.
UNICAMP-UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Deliberação CEPE-ANº 03/96, 13/03/96. Dispõe sobre a criação e regulamento dos cursos de
especialização e aperfeiçoamento, modalidade: Pós-Graduação "lato sensu".
1996. Disponível em: <http://www.pg.unicamp.br/delicepe/1996/CEP03A96.htm>.
Acesso em: 5 maio 2006.
USP-UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Resolução CoCEx Nº 5072, de 16 de
Setembro de 2003. Diário Oficial do Estado de São Paulo. São Paulo,
18.09.2003. Disponível em: <http://leginf.uspnet.usp.br/resol/r5072m.htm>.
Acesso em: 5 maio 2006.
WAGNER, P. R. et al. Ferramenta gerenciadora de ambientes de
aprendizagem em. EAD. 2003. Disponível em: <http://www.abed.org.br/
congresso2003/docs/anais/TC90.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2006.
15
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Acesso livre à informação científica e bibliotecas universitárias.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Formação continuada de bibliotecários e as ferramentas tecnológicas da educação a distância: uma proposta de intervenção educativa.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Dimário, Clélia Junko Kinzu; Araújo, Elenise Maria de; Silva, Casimiro Paschoal da; Vicentini, Priscila Carreira Bittencourt; Vicentini, Wilson Bittencourt
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
As transformações decorrentes da revolução informacional do conhecimento afetam o desenvolvimento das forças produtivas e sociais, e consequentemente o profissional da informação. O debate em torno do processo de qualificação-desqualificação decorrente da anunciada revolução tem como premissa o processo educacional e de apropriação dessas tecnologias eletrônicas em ambientes de aprendizagem virtual. O profissional bibliotecário deve estar apto a dominar as tecnologias e redes interativas que possibilitam o rápido acesso a informação tanto na mediação informação/usuário quanto para sua educação continuada. Esse processo educativo deve co-relacionar os novos paradigmas da Educação a distância, e a pertinência de aplicação desses modelos à Ciência da Informação. Nesse sentido, propõem-se um modelo de curso à distância sobre normalização de trabalhos científicos, para bibliotecários, estruturado em módulos de acordo com as normas vigentes. Seguirá um caráter interdisciplinar, dinâmico e de curta duração. Para a escolha do sistema gerenciador de ensino à distância, comparar-se-à os sistemas utilizados na arquitetura de cursos oferecidos pelas universidades públicas do Estado de São Paulo (USP, UNESP e UNICAMP). O curso fornecerá subsídios para a capacitação do profissional da informação em Educação a distância fomentando um processo coletivo de qualificação direcionado aos profissionais atuantes de instituições públicas e privadas.
Language
A language of the resource
pt