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MEDIAR A INFORMAÇÃO:
UMA APRENDIZAGEM CONTÍNUA
Sônia Barreto de Novaes Paschoal
Instituição Educacional Atibaiense SC – FAAT-Atibaia
Estrada Municipal Juca Sanches, s/n – Jardim Brogotá
Atibaia-SP
CEP: 12954-070
faat@faat.edu.br
biblioteca@faat.edu.br
sonia@faat.edu.br
�O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO E SEU ESPAÇO
“Nenhum grande entardecer fará surgir o Espaço do saber, mas
muitas pequenas manhãs.” Pierre Lévy
Antes de pensar o Profissional da Informação será necessário
considerar que a informação não é bem material nem tão pouco imaterial.
Tanto a informação quanto o conhecimento são da ordem do
acontecimento ou do processo. (LÉVY, 1996, p. 56) [...] Segundo a
teoria
matemática
da
comunicação,
uma
informação
é
um
acontecimento que provoca uma redução de incerteza acerca de um
ambiente dado. (LÉVY, 1996, p. 57).
Sendo um acontecimento a informação é uma ocorrência ligada à
probabilidade e quanto mais improvável for, surpreendente será, e maior será seu
valor. Ainda como acontecimento ela se atualiza em tempos e espaços os quais,
por suas vezes, produzem outras informações. A figura do anel de Moebius ilustra
bem esta ocorrência. Pode-se então considerar a informação como uma
seqüência de acontecimentos intermináveis. Por outro lado, a informação não se
esgota, não está presa ao aqui e agora e tão pouco seu consumo, ou melhor, seu
uso, a destrói. Pelo contrário, a alimenta porque a atualiza. “Quando utilizo uma
informação, ou seja, quando a interpreto, ligo-a a outras informações para fazer
sentido ou, quando me sirvo dela para tomar uma decisão, atualizo-a. Efetuo,
portanto um ato criativo, produtivo.” (LÉVY, 1996, p. 58) a informação é virtual e
pode ser compartilhada sem prejuízo deste ou daquele usuário.
Castell, por sua vez, vai utilizar a definição proposta por Porat,
segundo a qual a informação “[...] são dados que foi organizados e comunicados
[...]” (CASTELL, p. 60) Esta definição aparentemente simplista tomará seu escopo
quando Castell formula o Paradigma da Tecnologia da Informação, item que será
tratado mais adiante.
Neste quadro teórico observa-se que o crescimento da informação
é exponencial e o informacionalismo é novo modo de desenvolvimento de uma
nova estrutura social, onde a fonte de produtividade está “[...] na tecnologia de
geração de conhecimentos de processamento da informação e de comunicação
de símbolos. [...]” (CASTELL, p. 53) Toda a esfera de comportamento social é
2
�modelada pelo seu modo de desenvolvimento, as mudanças nas formas de
interações já se manifestam na sociedade. Mudanças que permeiam e penetram
em toda a sua estrutura, interferindo nos procedimentos, nos modos de ver e
viver, de se comunicar, enfim de ser e estar no mundo.
A informação é um acontecimento que vai ser atualizado pelo
profissional. O Profissional da Informação trabalha, manipula, media algo que tem
todo o potencial para vir a ser, depende de seu receptor-usuário.
No contexto Informacional o Profissional se encontra entre dois
pólos, o documento (continente informacional) e o usuário (aquele que busca a
informação) circula por diferentes ambientes – espaços, ao mesmo tempo em que
transita por estes ambientes.
Ambiente Documental – local das informações independente dos
suportes e linguagens, contanto que sejam acessíveis aos sentidos, perceptíveis.
Neste ambiente há diversas interações que vai do encontro com a informação,
passando por suas codificações e armazenamento.
Ambiente de Encontro – usuário/mediador/informação. Aqui se
desenvolve a comunicação, a negociação, o compartilhar, a entrega.
Estes espaços percorridos pelo profissional da Informação
conferem-lhe um nutrir-se de compreensões, entendimentos e conceitos diversos,
alimenta-se assim de um saber – um saber co-extensivo. Estes espaços são
Espaços do saber.
Segundo Pierre Lévy, “[...] o Espaço do saber não existe. É, no
sentido etimológico, uma utopia, um não lugar. Não se realiza em parte alguma.
Mas se não se realiza já é virtual, na expectativa de nascer. [...]” (LÉVY, 2003, p.
120) No entanto ele “é habitado e animado por intelectuais coletivos –
imaginantes coletivos – em permanente reconfiguração dinâmica. [...]“ (LÉVY,
2003, p. 121).
Interessante seria observar que tanto o Profissional da Informação
como o usuário e a própria informação são constituintes do Espaço do saber,
sendo assim, devem trazer sempre em seus bojos possibilidades de reinventar o
viver e o saber viver.
3
�TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO: FERRAMENTAS PARA A
AUTONOMIA
As Tecnologias da Informação devem ser vistas como um conjunto
de ferramentas para o acesso à informação. Diferentemente de outras tecnologias
é que esta é também fator informacional. Encontramos assim a primeira
característica do Paradigma da Informação, formulada por Manuel Castell, seja
ela: “[...] a informação é sua matéria-prima: são tecnologias para agir sobre a
informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia, como foram os
casos das revoluções tecnológicas anteriores. [...]” (CASTELL, p. 108).
Paradigma Tecnológico, segundo Freeman citado por Castell, é:
[...] um agrupamento de inovações técnicas, organizacionais e
administrativas
interelacionadas
cujas
vantagens
devem
ser
descobertas não apenas em uma nova gama de produtos e sistemas,
mas também e sobretudo na dinâmica da estrutura dos custos relativos
de todos os possíveis insumos para a produção. [...] (CASTELL, p. 107)
Sendo assim é possível compreender o porquê da mudança de
Paradigma, porque houve, e ainda ocorrem, mudanças na sociedade, e estas são
constitutivas de tecnologia.
“O segundo aspecto refere-se à penetrabilidade dos efeitos das
novas tecnologias [...]” (CASTELL, p. 108) A informação é uma parte integrante
das atividades quer sejam individuais ou coletivas. O exemplo desta
penetrabilidade pode se citar o modelo de sistemas de bibliotecas que sofrem
modificações em seus procedimentos bem como alimenta e atualiza os sistemas
informáticos que utiliza numa relação de reciprocidade. Outro exemplo de
penetrabilidade seria a introdução de computadores nas escolas – estes podem
prestar-se, se bem manipulados, às discussões de natureza política, cultural, e
até mesmo técnicas informáticas.
A lógica das redes é a terceira característica. Ela “[...] é necessária
para estruturar o não-estruturado, porém preservando a flexibilidade, pois o nãoestruturado é a força motriz da inovação na atividade humana. [...]” (CASTELL, p.
108) A lógicas das redes se aplica a qualquer sistema ou conjunto de relações.
Como a informação cresce exponencialmente, também as redes se difundem de
4
�tal maneira. Estar fora da rede significa estar fora do alcance das informações por
ela propagadas, este aspecto da lógica das redes é esmagador, porque o número
de seus excluídos também será exponencial.
A lógica das redes é baseada na flexibilidade (quarto aspecto). Em
uma sociedade marcada por constantes mudanças, os processos devem ser
reversíveis, organizações e instituições devem ser passíveis de mudanças.
Interações entre tecnologias e sociedade culminam em um quinto aspecto o qual
versa: “[...] a convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente
integrado, no qual trajetórias tecnológicas antigas ficam literalmente impossíveis
de se distinguir em separado [...]” (CASTELL, p. 109)
Estes cinco aspectos que compõem o Paradigma das Tecnologias
da Informação embasam procedimentos, norteiam decisões quanto ao uso destas
ferramentas. O uso das tecnologias de informação no contexto da Biblioteca
Universitária possibilita uma forma de acesso à informação e ao conhecimento de
maneira não excludente e permite uma abrangência maior do campo
investigativo, uma vez que, traz ao usuário um conjunto de saber utilizável de
acesso amplo, confiável e sob múltiplas formas. Esse acesso é feito de maneira
seletiva e não contínua, por este, dentre outros motivos que não basta apenas
disponibilizar as tecnologias, é necessária uma mediação educativa (item tratado
mais adiante).
Entende-se que tecnologias não são boas ou más (embora sejam
condicionantes ou restritivas) – pois são ferramentas – vai depender do uso que
se fizer delas. Este uso incidirá diretamente sobre o tempo. Em rede o tempo é
fragmentado, podendo ser pontual ou real, implicando um nomadismo de seus
atores. Há ainda o tempo intemporal quando se usa a tecnologia para fugir dos
contextos de sua existência ou para se apropriar de maneira seletiva de qualquer
valor que outros contextos oferecem em um presente eterno.
Juntando a estes tempos, à velocidade de transformações, à
quantidade e à qualidade de informações, o distanciamento entre atividades e a
falta de transparência conferem uma estranheza, uma sensação de ‘impacto’.
Para LÉVY o “impacto das tecnologias” não existe, visto que:
[...]'a técnica' é um ângulo de análise dos sistemas sociotécnicos
globais, um ponto de vista que acentua a parte material e artificial dos
5
�fenômenos humanos, e não uma entidade real, que existiria
independentemente do resto, teria efeitos distintos e agiria por si
própria. [...] (LÉVY, 1997, p. 2)
As tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura.
Por trás das técnicas, no meio delas, agem e reagem idéias, projetos
sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder -- o
espectro inteiro dos jogos humanos em sociedade. Assim, toda afetação
de um sentido unívoco da 'Técnica' só pode ser duvidosa. A
ambivalência ou a multiplicidade de significados e projetos envolvendo
as técnicas é especialmente evidente no caso numérico. (LÉVY, 1997,
p. 2)
Evidentemente as técnicas não podem ser responsabilizadas por
‘impactos’ negativos ou louvadas quando positivos. Tais atribuições devem ser
dirigidas àqueles que conceberam, executaram e usaram determinados
instrumentos.
É na relação com o outro, na interação com outras comunidades,
nos questionamentos sobre técnicas e poderes, na apropriação das tecnologias
que se minoram os efeitos negativos por estas causados, dentre eles a exclusão.
Diante dessas relações o usuário alcança sua autonomia no processo de busca
pelo saber, e se ele não souber... Cabe aqui a figura do mediador.
MEDIADOR: FACILITADOR PARA A AUTONOMIA
Junto às tecnologias de informação atua o profissional de
informação enquanto mediador. As tecnologias de informação são suas
ferramentas,
como
estas
estão
em
constantes
transformações
e
aperfeiçoamentos, cabe ao profissional se atualizar buscando compreender os
três pólos em que atua: o da informação, o das tecnologias e o do usuário,
mesmo porque, o usuário se instala neste universo de transformações, não um
mero receptáculo sem poder de investigação ou inferências, o usuário é sujeito
receptor e enquanto sujeito, ele atua, verbaliza. “Apreender e compreender uma
informação significa considerá-la como uma ou uma totalidade relativa e submete-
6
�la a uma operação intelectual que verifique a funcionalidade de suas
independências internas ou partes constitutivas.” (VARELA, p. 17)
Neste sentido caminha o mediador e o sujeito requerente da
informação. É função de o mediador capacitar o sujeito, educa-lo levando-o a
percorrer as avenidas que dão acesso à informação. Estas avenidas passam
pelas estantes da Biblioteca, seus códigos, suas normalizações, passam pelas
informações dispostas em bases digitais, pelos arquivos agora “open” pelo
‘Manifesto’ 1 . O usuário poderá compreender que não existem partes desconexas
em uma biblioteca, que o conhecimento não é mais que um complementu aeternu
de múltiplas faculdades. Compreendendo o todo e tendo uma visão panorâmica
saberá como utilizar o sistema.
As competências desenvolvidas pelo mediador são colocadas em
prática e quando compartilhada com o usuário favorecem neste a autonomia. A
relação usuário/mediador/informação/usuário passa por diversas disciplinas,
sejam elas, dentre outras, a comunicação 2 , a administração 3 , discurso e análise
deste 4 . O conhecimento, ainda que superficial de tais disciplinas possibilita um
pensamento reflexivo no momento da mediação, neste momento o conhecimento
das situações afina-se ou confunde-se e o grau será determinado em relação às
competências de cada ator deste processo.
A mediação que leva a autonomia pode ser comparada ao
aprender andar de bicicleta. Paralelamente:
Só se aprender a andar de bicicleta, andando de bicicleta.
Só se aprender a buscar e usar informação, buscando e usando a
informação. No entanto as primeiras vezes que se sobe em uma bicicleta para tal
aprendizado sempre há um apoio, uma pessoa que segura, enquanto a outra
sobe. Existe aí uma relação de confiança, não estarei sozinho, e mesmo por
algum tempo a mão permanece segurando o banco enquanto o outro ensaia suas
pedaladas. Quando menos se espera a mão solta o banco sem que o outro saiba,
e este outro por sua vez, continua a andar, autônomo, dono de seu caminho. O
mediador é esta pessoa que sabe que antes de haver autonomia deve haver uma
1
IBCT. Manifesto brasileiro de apoio ao acesso livre à informação científica. 2005.
Comunicação não é entendida aqui como uma teoria clássica (emissor/canal/receptor), mas, aplicada ao
Ciberespaço, cada um é potencialmente emissor e receptor.
3
Administração – teorias e aplicações sobre gestão de pessoas, de informação, de conhecimento, marketing.
4
Análise do discurso – usos dos recursos lingüísticos
2
7
�relação de confiança entre ele, o usuário e a informação. O mediador também
sabe quando ‘soltar o banco’ e permitir que o usuário faça seus próprios
caminhos, reinventando, atualizando, compartilhando o saber, usando tecnologias
e principalmente se relacionando, porque é através dos relacionamentos que o
saber se completa e a informação se realiza.
A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E SUAS RELAÇÕES
Contrário a idéia de ‘impacto’ das tecnologias Pierre Lévy
apresenta uma proposta baseada no conceito de Inteligência Coletiva. “É uma
Inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada
em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências.”
(LÉVY, 1998, p. 28)
Esta inteligência distribuída por toda parte implica que todos
sabem alguma coisa, independentemente de sua situação econômica, cultural,
social ou geográfica. Esta inteligência não é de toda valorizada, mas deverá o ser
até por questões econômicas.
As interações são coordenadas no mesmo universo virtual de
conhecimentos no tempo e em tempo real, inclusive de coletivos mal-situados.
“[...] Nessa perspectiva o ciberespaço tornar-se-ia o espaço móvel das interações
entre conhecimentos e conhecedores de coletivos desterritorializados. [...]”
(LÉVY, 1998, p. 29) Uma ligação entre Inteligência coletiva e redes eletrônicas.
A
mobilização
efetiva
das
competências.
Identifica-las
e
reconhece-las. É de ordem capital reconhecer o outro em sua inteligência.
Mediante este conceito entende-se a sua aplicabilidade no ciberespaço. Tal
inteligência proposta pela cibercultura “[...] Constitui um dos melhores remédios
para o ritmo desestabilizante, por vezes, excludente da mutação técnica. [...]”
(LÉVY, 1999, p. 30)
O que caracteriza uma Sociedade do Conhecimento se não este
próprio. Assim como a informação o conhecimento é também da ordem dos
acontecimentos, “[...] é fruto de uma aprendizagem, ou seja, o resultado de uma
8
�virtualização da experiência imediata. [...]” (LÉVY, 1998, p. 28) Castell utiliza a
definição dada por Daniel Bell, seja ela:
[...] O conhecimento é um conjunto de declarações organizadas sobre
fatos ou idéias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado
experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio
de comunicação de alguma forma sistemática. [...] (CASTELL, p. 64)
Por ser virtual o conhecimento é passível de transmissão, de
compartilhamento sem prejuízo de suas partes. O conhecimento ocupa o Espaço
do saber com seus objetos – “[...] os intelectuais coletivos e seus mundos [...]”
(LÉVY, 2003, p. 170)
Intelectuais coletivos, isto é, comunidades humanas comunicando-se
consigo mesmas, pensando a si próprias, partilhando e negociando
permanentemente suas relações e seus contextos de significações
comuns. Seus mundos, ou seja, seus recursos, seus ambientes, suas
conexões cosmopolitas com os seres, os signos e as coisas, suas
implicações nas diversas máquinas cósmicas, técnicas e as sociais que
os atravessam. (LÉVY, 2003, p. 170-171)
À comunidade científica, na qual se insere também o Profissional
da Informação pode-se atribuir tais conceitos em todas as suas extensões,
condições e conseqüências. Pensar desta maneira imbui às competências
informacionais de caráter elementar em todos os seus processos. Tal coletivo
inteligente incorpora uma sinergia espontânea de suas competências. Este
conceito de Coletivo Inteligente, proposto por Lévy deve ser aplicado dentro da
Sociedade do Conhecimento, nesta Sociedade e dentro deste contexto novas
relações com o Trabalho se impõem. “Os sistemas de informação e a formação
de redes subvertem o conceito tradicional de um sujeito separado.” (CASTELL,
58)
Existe uma tendência à flexibilidade motivada pelas tecnologias,
ou seja, não está mais restrito aos modelos tradicionais quanto ao tempo, contrato
e formas de realização.
As novas tecnologias de informação possibilitam ao mesmo tempo,
descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa
de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os
andares do mesmo edifício. (CASTELL, p. 330)
9
�Toda cultura é mediada pela comunicação e consequentemente
pelas tecnologias. “O que caracteriza o nosso sistema de comunicação baseado
na integração em rede digitalizada de múltiplos modos de comunicação, é sua
capacidade de inclusão e abrangência de todas as expressões culturais.”
(CASTELL, p. 460-461)
Uma importante questão e ao mesmo tempo uma resposta aos
tempos atuais em que o conhecimento, a informação e consequentemente a
competência se tornam capitais, estão na ordem da economia e da gestão de
recursos, Lévy coloca que diferentemente da força de trabalho (medida por hora)
– a competência por ser virtual, subjetiva, não pode ser mensurada. Como todo
objeto virtual traz em seu bojo um problema “[...] a atualização da competência,
ou seja, a eclosão de uma qualidade no contexto vivo é bem mais difícil de avaliar
que a realização de uma força de trabalho. [...]” (LÉVY, 1996, p. 60). Interessante
observar na competência, que sendo virtual, ela como a informação e o
conhecimento podem ser compartilhados quando utilizado, não se esgota nem tão
pouco é diminuída, ao contrário, é continuamente alimentada, melhorada, inovada
podendo de atualizar de maneira imprevisível em contextos variáveis.
A sociedade do conhecimento tem então como motriz o próprio
conhecimento, através dele é possível fazer laços, perceber nós. O Profissional
da Informação, enquanto mediador tem papel determinante dentro deste contexto.
EDUCAÇÃO CONTINUADA: UM SABER CONTINNUM
“No Espaço do saber os pensamentos são mundos nascentes”
Pierre Lévy
Transitar por espaços tão diferenciados, espaços geográficos,
culturais, semióticos, ciberespaço, afetivos, o sujeito – Profissional da Informação
– como um ser nômade se vê envolvido em Espaços do saber cujos conteúdos
diversos compõem uma rede de conhecimentos. Esta rede pode ser eletrônica ou
não, seja como for, se assemelha a uma colcha de retalhos, onde cada retalho
(conhecimento) pode se desconectar e conectar a outro formando um novo
desenho, novas possibilidades de entendimento.
10
�A informação contida nestes contextos será tanto maior quanto
maior for sua improbabilidade. “[...] Um fato inteiramente previsível nada nos
ensina, enquanto um acontecimento surpreendente nos traz realmente uma
informação. [...]” (LÉVY, 1996, p. 59) Partindo deste princípio e entendendo que
os espaços vividos, também compostos por objetos, animados por sujeitos e por
suas relações entre si e com os objetos, portanto espaços antropológicos são
carregados de significações passíveis da aprendizagem. Quanto mais dinâmicos
forem tais espaços e seus articuladores maiores serão a quantidade e a qualidade
de informações e conhecimentos a serem apreendidos.
Tantos as novas características do Trabalho – necessidade de
profissionais capazes, flexíveis, ávidos de conhecimentos – quanto o ambiente
em todas as suas dimensões exigem e acabam por não permitir que o
Profissional da Informação seja alienado e diferente do que se requer. É próprio
da Profissão e o nome já diz “da Informação” a educação continuada e mais que
isso, tal Profissional tem em toda a sua carreira uma aprendizagem contínua e
consequentemente um saber continnum, quer ele queira ou não. O Profissional
qualifica-se à medida de suas interações, o ‘laço social’ como o chama Pierre
Lévy se desprende da distinção “eles” e “nós”.
[...] A engenharia do laço social possibilita o surgimento de outro tipo de
subjetividade. Ela pulveriza os signos do saber ou da identidade, mas
para permitir-lhes fluir, mesclar-se, reencontrar-se, valorizar-se, dilatar-se
e trocar-se... Ela não implode as identidades, mas as libera: entrega a
cada um o poder de forjar suas imagens. [...] (LÉVY, 2003, p. 137)
Assim se forma a inteligência coletiva, e nela o Profissional se abre
para novas aprendizagens e, simultaneamente, se coloca como fonte daquela.
Diferentemente das mercadorias o saber nasce e morre mais
rapidamente. A habilidade de valorizar e organizar o saber depende do contato
cultural, social e profissional.
Navegar neste ambientes requer também instrumento e técnicas e
de localização denominado Cinemapa. O Cinemapa é o universo informacional
(ou banco de dados); em sua topologia estão representados as diversas relações
que os objetos e seus atores mantêm uns com os outros. Suas distâncias e
11
�atributos podem ser medidos e localizados (ex. hipertexto). Ao utilizar um
cinemapa,
[...] um grupo humano constitui-se, precisamente, em intelectual
coletivo. Reciprocamente, o cinemapa é uma realidade virtual, um
ciberespaço
engendrado
pelas
atividades
exploratórias
de
um
intelectual coletivo no interior de um universo informacional. [...] (LÉVY,
2003, p. 165)
A Árvore do conhecimento, os códigos decimais e os demais
também podem ser considerados cinemapas, à medida que novas edições são
lançadas em resposta ao dinamismo do conhecimento e suas faculdades.
O espaço onde estas habilidades e instituições são aplicadas é
epistemológico denominado por Pierre Lévy de cosmopédia.
A cosmopédia não só põe à disposição do intelectual coletivo o conjunto
de conhecimentos que lhe é disponível e pertinente em determinado
momento, mas também se apresenta como um lugar central de
discussão, negociação e de elaboração coletiva. Imagem plural do
saber, a cosmopédia é o tecido mediador entre o intelectual coletivo e
ele próprio. Os conhecimentos não são separados dos contextos
concretos que lhes conferem sentidos, nem das práticas que os
engendram e modificam, por sua vez. (LÉVY, 2003, p. 183)
Dentro deste quadro que expõe objetos, sujeitos e ações a
Educação Continuada, ou a aprendizagem contínua é a ocorrência que se
atualiza constantemente e pode ser apresentada na figura do anel de Moebius.
Permanece uma afinidade essencial: o pensamento e o ser; a identidade e o
saber não apenas coincidem, mas “[...] estão engajados em um processo
ininterrupto de pluralização e heterogênese. [...]” (LÉVY, 2003, p. 187)
Pensamentos nascem e já tomam asas nas idéias, idéias
alimentam imaginação, a imaginação estimulam dúvidas, estas por sua vez vivem
grávidas e geram novos pensamentos que nunca se contentam em ser só
pensamentos.
Eis o Profissional da informação vivendo o Espaço do saber.
12
�CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quadros teóricos de referências e embasamentos conceituais
estimulam práticas e posicionamentos.
Demonstrou-se que o espaço onde o profissional da informação
age é por excelência um Espaço do saber. Nele tecem redes que a própria razão
desconhece. Este mundo ‘novo’ que se apresenta com suas exigências já se
propagava no limiar histórico. Tudo muda o tempo todo. O importante é saber em
que espaço se circula, o que se leva e o que se traz, o que se pode ou não
colocar na mala para esta viagem infinda que é a aprendizagem.
13
�REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 8ª. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v.
1.
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VARELA, Ainda Varela. A explosão informacional e a mediação na construção do
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15
�
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SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
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Ciência da Informação
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2006
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Português
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Mediar a informação: uma aprendizagem contínua.
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Paschoal, Sônia Barreto de Novaes
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Salvador (Bahia)
Publisher
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UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Quadros teóricos de referências e embasamentos conceituais estimulam práticas e posicionamentos. Demonstrou-se que o espaço onde o profissional da informação age é por excelência um Espaço do saber. Nele tecem redes que a própria razão desconhece. Este mundo ‘novo’ que se apresenta com suas exigências já se propagava no limiar histórico. Tudo muda o tempo todo. O importante é saber em que espaço se circula, o que se leva e o que se traz, o que se pode ou não colocar na mala para esta viagem infinda que é a aprendizagem.
Language
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pt