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1969b95f06401306f5ff3e376b002fca
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Eixo I
Inovação e Criação
ACERVO DE PARTITURAS: GERENCIAMENTO DIGITAL
Resumo: Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência de uma biblioteca universitária
(BU) que tem em seu acervo uma seção especial com cerca de 5.000 partituras consideradas
raras, que após discussões e diálogos, a equipe bibliotecária mesmo sem condições técnicas
necessárias, decide pela organização e digitalização do acervo. O pressuposto motivador de
ações como esta vincula-se à necessidade cada vez maior de intensificar o acesso e prestar
serviços que superem as expectativas dos usuários, oferecendo caminhos alternativos de
pesquisa que não só ampliem a oferta de espaços, produtos e serviços da BU, mas inovem no
oferecimento de acervos digitalizados. O processo ainda está em andamento e conta com uma
equipe multidisciplinar dando suporte ao projeto que se encontra em fase final. Destacam-se
os obstáculos encontrados, as necessidades, mas também as oportunidades de aprendizado e
resiliência encontrados durante todo o percurso, considerando que o campus que sedia a BU
localiza-se em uma cidade interiorana com 18.000 habitantes, no estado de SP. O processo de
digitalização das partituras teve início em 2015 e, com a finalização do processo prevista para
breve, a biblioteca terá como resultado um acervo digital de partituras, abrindo caminho para
a digitalização de outros materiais, o que amplia a possibilidade de outras forças-tarefas como
essa e leva à quebra de paradigmas. Mais um serviço oferecido aos usuários, atingindo um
público ainda maior para além de suas paredes.
Palavras-chave: Biblioteca digital.
Gerenciamento eletrônico de partituras.
Acervo
digital.
Digitalização
de
partituras.
Abstract: This work aims to report on the experience of a university library (BU) that has in
its collection a special section with about 5,000 scores considered rare, that after discussions
and dialogues, the librarian team, even without the necessary technical conditions, decides by
the organization and of the acquis. The motivating assumption of actions such as this is linked
to the increasing need to increase access and provide services that surpass users' expectations,
offering alternative ways of research that not only expand the offer of BU spaces, products
and services, but the offer of digitized collections. The process is still underway and has a
multidisciplinary team supporting the project that is in the final phase. The obstacles
encountered, the needs, but also the learning and resilience opportunities encountered during
the whole course, considering that the campus that hosts BU is located in an inner city with
18,000 inhabitants, in the State of São Paulo. The process of digitizing the scores began in
2015 and, with the completion of the expected process, the library will result in a digital
collection of scores, opening the way for the digitization of other materials, tasks like this and
leads to the breaking of paradigms. One more service offered to users, reaching an even wider
audience beyond their walls.
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�Keywords: Digital library. Digital collection. Scanned music. Electronic management Scores.
Introdução
Este projeto aborda o processo de gerenciamento eletrônico das partituras de um
acervo pessoal que foi doado a uma biblioteca universitária. O mesmo já foi organizado e
agora está em fase de digitalização para preservação. De acordo como Bellotto (apud
SANTOS, 2016, p.55):
Os documentos pessoais traduzem a concepção de arquivos privados, uma vez que
reúnem papéis produzidos ou recebidos por entidades ou pessoas físicas de direito
privado, onde os documentos refletem a personalidade e o comportamento de seu
titular, ligados a seu cotidiano, atuação social, política, econômica e cultural.
Quando a pessoa doa ela transfere para a biblioteca toda responsabilidade de guarda e
preservação de algo que era seu, mas que agora será compartilhado com mais pessoas. Em se
tratando deste acervo de partituras, de modo especial, que estava sem condições de uso, todo
um tratamento e organização precisou ser feito. Santos et al. (2016, p. 56), elucidam essa
necessidade quando dizem que:
Os acervos pessoais em sua maioria são gerados aleatoriamente por meio de
acúmulos que originam uma coleção muitas vezes sem organização definida. É
comum se deparar com situações de grandes volumes e sem prática de conservação
preventiva, o que propicia o aparecimento de danos como sujidade, poeiras, entre
outros.
Se não fosse a doação, é provável que estes documentos desapareceriam, pois muitas
vezes os familiares não têm condição econômica ou interesse em manter a documentação
preservada. Além disso, dificilmente as administrações públicas têm interesse ou condições de
fazê-lo, em se tratando de terceiros. Por isso, defendemos que a digitalização é o meio
encontrado para permitir o acesso do usuário, com mais flexibilidade, a materiais que se não
fosse o processo de digitalização, estariam perdidos.
A literatura tem apresentado relatos de acervos e espaços digitais nas suas mais
variadas experiências. Conforme defende Dodebei (2011, p. 6),
a passagem acelerada do patrimônio cultural para o território do ciberespaço, com a
criação dos museus virtuais, das bibliotecas digitais e dos documentos eletrônicos
(de arquivo) implicou a mudança das mídias tradicionais para as mídias digitais, o
que resultou numa convergência que passa a ser a do objeto informacional.
688
�Em seu relato de experiência, Ferreira; Gadelha; Gamba (2012, p. 143) ratificam que
os processos de digitalização de conteúdos em bibliotecas universitárias já vêm sendo prática
contínua e sistemática há tempo, seja pela preservação de acervos raros e especiais, seja
possibilitando acesso à produção intelectual da universidade, aumentando assim sua
o
da Internet e da Web, as memórias documentárias passaram a estar disponíveis em ambiente
Ao nos depararmos com as mídias existentes, verificamos que as bibliotecas não podem ficar
longe da realidade digital, mas infelizmente no país em que vivemos ainda não são todas que
possuem este privilégio.
Diante disso, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência e o processo de
digitalização de partituras antigas, e assim contar a trajetória da BU nessa empreitada de
implantação de uma biblioteca digital de partituras. Nesse sentido, o projeto de digitalização
das partituras antigas é uma iniciativa que merece destaque, pois abre outras possibilidades de
inserir, via digitalização, outros tipos de materiais, ao longo dos anos.
Metodologia
O processo de digitalização das partituras antigas envolveu diversas fases, mas neste
texto daremos ênfase à etapa da digitalização. O trabalho de digitalização, que está em
andamento, tem sido realizado pelos funcionários da própria biblioteca e envolve basicamente
1 bibliotecária, 1 aluna bolsista e a equipe de TI da Instituição de Ensino (IES), pois sem um
pensamento coletivo com os diversos autores da IES, especialmente com o pessoal de
tecnologia da informação, não seria possível qualquer iniciativa concernente ao processo de
digitalização.
A metodologia adotada foi de caráter qualitativa, uma vez que foi possível discutir e
relacionar valores, as aplicações e os feitos nessa pesquisa. Com relação à classificação da
pesquisa, esta se mostrou por meio da pesquisa-ação em que tem sido possível vivenciar o
problema coletivo e implantar soluções.
Com relação aos fins a que se destina, a pesquisa aplicada se mostrou adequar-se à
pesquisa realizada, uma vez que visa à aplicação, criação e oferecimento de serviços em prol
de melhorias da qualidade de vida dos indivíduos e de suas realidades. Quanto aos métodos, a
pesquisa experimental apresentou possuir a aplicação mais funcional devido à proposta da
689
�pesquisa exigir e empregar a organização na biblioteca envolvida. Em relação ao tipo de
raciocínio utilizado, se escolheu o indutivo, por auxiliar o registro de fatos peculiares com
vistas a obter a experiência por meio das teorias e suas aplicações.
De acordo com o método de coleta de dados, nesta pesquisa a observação indireta foi
empregada como método já que obtenção dos dados pode ser analisada a partir de leituras e
por meio da interpretação dos dados registrados no material. A técnica de análise documental
foi estabelecida para auxiliar na identificação da coleta de dados para o avanço da pesquisa.
Revisão de Literatura
O surgimento das bibliotecas digitais aconteceu quando se verificou a possibilidade de
representação do texto, som e imagem sob a forma de arquivos digitais, a partir de 1990. Uma
biblioteca digital é definida por Lesk (2005) como sendo uma coleção organizada de recursos
em formato digital, em que os recursos são organizados e identificados através de campos
descritivos, denominados metadados. Da mesma forma que ocorre em bibliotecas tradicionais,
os recursos de uma biblioteca digital são catalogados quando de sua inclusão. Na etapa de
catalogação são utilizadas técnicas e metodologias da área de biblioteconomia.
No entanto, quando se tem um acervo raro, sem condições de manuseio pelos usuários,
devido às precárias condições físicas do material, mas com um valor imensurável para a
instituição, o que fazer?
Para um leigo talvez a solução fosse o descarte, mas em se tratando de um acervo de
cerca de 5.000 exemplares de uma doação recebida e destinada à coleção especial de uma
biblioteca, o descarte não seria a solução ideal. Foi o que aconteceu com a Biblioteca
Universitária Dr. Enoch de Oliveira, no interior de SP. Trata-se de uma doação de partituras
consideradas raras, mas na sua maioria sem condições de uso. Chegaram em caixas de
papelão, amontoadas, empoeiradas, sujas, cujas folhas se achavam amareladas, rasgadas,
enquanto outras se desmanchavam literalmente. No início pensou-se no descarte, mas levando
em consideração o doador, a relevância histórica do material para o acervo, decidiu-se pela
limpeza, organização, preparo e inserção no acervo, aproveitando as que estivessem em
melhores condições. Imediatamente, alguns professores do curso de licenciatura em música da
IES foram chamados para fazer uma melhor avaliação. A princípio houve a esperança de
utilização do acervo pelos docentes e discentes do curso de música, mas não houve interesse.
O descarte a esta altura seria um desperdício de tempo, dinheiro e até mesmo de sabedoria,
690
�uma vez que o acervo já estava incorporado ao sistema e alocado em pastas, guardadas em
local especial.
Para a classificação e catalogação do acervo, a biblioteca buscou o auxílio de bolsistas
do curso de licenciatura em música, pois tratava-se de um acervo que estava todo misturado e
que envolvia músicas de orquestra, banda, vocal, piano, avulsos, etc. Além disso, não havia
um tesauro para descrever os termos técnicos que só músicos conhecem e que facilitam a
classificação das obras. Na verdade, quase não há publicação que norteie a organização deste
tipo de documento, como comenta Souza (2008, p.11), ao dizer que:
Poucas são as publicações e pesquisas científicas abordando os aspectos
representacionais de documentos no domínio da música. Exemplos são vistos nas
discussões sobre a recuperação da informação em música (RIM), mas esses se
encontram em fase inicial. Em linguagens documentárias há exemplos internacionais
de tesauro, como os encontrados no site Web Thesaurus Compendium, o
Thesaurus Musicarum Latinarum
contemplando a música latina do século 4
d.C ao século 17 d.C. e o Thesaurus of oriental Hebrew melodies sobre
música hebraica. No Brasil, observa-se o uso de tesauros e microtesauros em
diversas áreas do conhecimento, porém para a Música, não há alguma referência ou
modelo prático difundido em centros de documentação.
Após discussões e diálogos, chegou-se à conclusão de que a melhor solução seria a
digitalização deste acervo, uma vez que o estado físico do material estava com seus dias
contados. Foi dessa forma que em 2015, iniciamos o processo de digitalização do acervo de
partituras, que dura até hoje, mas que já está em estágio final.
O desafio estava apenas começando, porque a biblioteca não dispõe de equipamentos
profissionais e nem de pessoal especializado para esta atividade. No geral, os trabalhos são
feitos por alunos bolsistas em horários variados, cujos alunos são itinerantes. Para se ter uma
ideia, neste período de 2 anos desde o início do processo de digitalização, vários alunos já
passaram pelo processo, o que resulta em interrupção do processo e demora na conclusão,
embora no momento, o processo já se encontre em estágio bem avançado.
A digitalização das referidas partituras é feita no escâner incorporado à máquina de
xerox, em horários em que não há solicitações do serviço (xerox). Depois o arquivo é enviado
para um arquivo público onde é capturado, sendo em seguida transferido para nuvem e
incorporado ao gerenciador do acervo e ao repositório do sistema. Após o processo, todo o
apenas no campus da IES.
A expansão da web coincidiu com o surgimento das bibliotecas digitais e a facilidade
de acesso às mesmas, via Internet é uma de suas principais vantagens. Embora seja este um
691
�tema bastante tratado em congressos, o acervo digital neste campus está aquém do que
poderia se apresentar. Inicialmente ao fazer-se um contraponto entre biblioteca tradicional e
biblioteca digital percebe-se que conceitualmente a biblioteca tradicional é aquela que tem a
maioria do seu acervo constituída de documentos em papel. A biblioteca digital que também é
conhecida como eletrônica ou virtual, armazena a informação de modo eletrônico e sua
disseminação independe de sua localização física ou do seu horário de funcionamento. Assim,
este acervo digital de partituras nasce como um acervo especial, e faz parte de um repositório
existente no sistema gerenciador utilizado pela Biblioteca Universitária.
Como dissemos, o acervo de partituras já faz parte do acervo da biblioteca, mas no
momento está sendo digitalizado e transformado em formato digital, alterando seu formato no
sistema e oferecendo assim uma nova possibilidade aos usuários de preservar através da
memória digital um acervo de partituras. Confirmando as palavras de Côrbo e Cardoso (2012,
p.161):
Desde a invenção da escrita existe manifesta preocupação pela preservação dos bens
culturais que resultam de processos intelectuais e criativos do ser humano. A
preservação desses bens permite às gerações futuras compreender e contextualizar a
história e a cultura dos seus povos. Os museus, as bibliotecas e os arquivos, que são
instituições detentoras de acervos culturais, ou seja, bens culturais tangíveis,
assumem nesse contexto um papel determinante, responsabilizando-se pela
preservação e longevidade dos acervos.
Sabe-se que para tal projeto há a necessidade de vários conhecimentos envolvidos,
bibliotecários, técnicos em informática, uma equipe multidisciplinar e que quando todos
trabalham juntos realizam o trabalho com maior eficiência. Boeres e Cunha (2012, p. 105),
esclarecem que:
Se antes as bibliotecas digitais podiam contar com bibliotecários, que se tivessem
conhecimentos básicos de informática eram considerados ótimos, hoje isto não é
mais suficiente. Além de se requerer cada vez mais especializações dos
profissionais, a gestão dos centros de informação digital necessita de equipes
multidisciplinares, onde as competências de um se ligam às de outro, com outra área
de formação, e um elo de conhecimento de forma para atender às demandas cada vez
mais singulares, precisas e específicas.
O processo precisa de planejamento, assim como todas as atividades relevantes de
uma biblioteca, pois os detalhes serão a mola propulsora dos resultados obtidos. As pessoas
envolvidas devem estar treinadas e preparadas para que durante o percurso, mesmo apesar dos
obstáculos, o processo avance. O foco é a preservação e o tratamento dos materiais que
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�salvaguardam a memória social e individual juntamente com os seus diversos aspectos como a
importância na preservação, funcionamento, procedimentos e recursos.
Para que ocorra a preservação digital é necessário implementar a cultura
organizacional que entendemos ser a forma como as pessoas e os grupos interagem dentro da
instituição, como elas repassam os valores e os princípios organizacionais para as pessoas que
chegam, e como a própria instituição define as responsabilidades e tarefas para o sujeito
organizacional no seu cotidiano (FADEL apud VALENTIM, 2013, p. 114).
Durante o processo de digitalização das partituras houve a preocupação com a
preservação dos dados, com a confiabilidade do sistema utilizado e com a forma como o
trabalho estava sendo executado. Pois caso houvesse qualquer erro, em alguns casos, não
teríamos mais o original para corrigir ou refazer o trabalho. Há experiências relatadas que
mostram que por conta de softwares e programas desatualizados, trabalhos se perderam e
informações deixaram de existir. Segundo Santos e Flores (2015, p. 202):
A evolução da tecnologia em ritmo acelerado provocou o fascínio da sociedade,
desta forma, diversos setores incorporaram as ferramentas de tecnologias da
informação a fim de executar suas atividades. Observa-se que a rápida expansão
para o meio digital ocorreu sem mensurar os possíveis impactos desencadeados pela
tecnologia, colocando parte significativa da memória social em risco. Logo, grandes
volumes de documentos digitais podem ser perdidos devidos às falhas de
planejamento e a insuficiência de conhecimentos sobre os efeitos da obsolescência
tecnológica.
Contudo, uma vez salvos no repositório do gerenciador dos dados do acervo, nossa
confiança estava assegurada. Afinal, as bibliotecas continuam incorporando em seus sistemas
gerenciais as possibilidades que a tecnologia oferece; ou seja, ampliar a acessibilidade aos
acervos por meios digitais, locais e remotos. Além disso, a tecnologia de digitalizações cria
novos espaços para o estudo e a reflexão sobre as produções culturais inovadoras e ainda
busca estabelecer as pontes necessárias entre as expressões populares e as formas de
conhecimento que transcendem o imediatismo. Tudo isso, entretanto, não muda em nada a
relação entre o estudante e o texto, entre o leitor e o livro, pois essa é a essência e a razão de
ser das bibliotecas (BRITO, 2014, p. 13).
Fazer parte da vida cultural do campus através de um acervo com cerca de 120.000
volumes é fato; no entanto, esta realidade pode ser acrescida de um acervo digital com uma
abrangência muito maior, criando possibilidades que o acervo local não dispõe mesmo com os
empréstimos entre bibliotecas. É um sonho que se torna realidade a cada dia, a cada página
escaneada e a cada arquivo disponibilizado no repositório. Conforme Prado e Correa (2016, p.
693
�conhecida, criar e manter redes de comunicação e informação, ampliar seu espectro de
inse
Nesse contexto, busca-se criar diretrizes para aperfeiçoar este projeto e a criação de
outros, dando prosseguimento à era digital na biblioteca deste campus, pois pretende-se fazer
parte da biblioteca do futuro tão comentada no texto de Cunha (2010, p.7):
Hoje, porém a biblioteca universitária está deixando o seu lugar como a principal
fonte de busca. Ela está perdendo a sua supremacia na realização deste papel
fundamental devido, é claro, ao impacto da tecnologia digital. Como essa tecnologia
tem permeado todas as facetas da nossa civilização, estabelecendo uma revolução
não só na forma como armazenamos e transmitimos o conhecimento registrado e
uma série de outros tipos de comunicação, mas também na forma como procurar e
ter acesso a esses materiais.
Em seu texto o autor enfatiza que mudanças precisam ocorrer nas bibliotecas
tradicionais, pois os usuários estão cada vez mais buscando informações na web, onde
encontram com facilidade e muitas vezes sem a preocupação com a qualidade. Não há espaço
para competição entre a biblioteca tradicional e a digital, mas é um momento adaptação de
novos espaços, acervos, profissionais, tudo isso com o propósito de continuar
disponibilizando a informação segundo as necessidades de quem procura.
Considerações finais:
Este trabalho relatou um projeto que nasceu a partir de uma coleção de documentos
que precisava de tratamento, organização e preparo para uso. Para mantê-lo vivo e
permanente dentro da IES optou-se pela digitalização do mesmo dentro das possibilidades
existentes, mas com o planejamento necessário. Resultou no nascimento de uma biblioteca
digital dentro de uma convencional. Verificou-se que para construir uma biblioteca digital,
segundo Cunha (2008, p. 6):
É necessário ter conteúdo, que pode ser material antigo, convertido no formato
digital, ou material novo, nascido digitalmente. Os itens que formam o seu acervo
podem ser comprados, doados, trocados ou digitalizados localmente, a partir de
documentos que não mais estão sujeitos aos ditames legais do direito autoral.
A equipe que desempenhou o trabalho também foi bastante relevante já que precisou
se identificar com o acervo, pois o levantamento de dados é um processo que precisa ser
analisado por mais de uma pessoa. A pesquisa mostrou que à medida que o processo avança,
694
�percebe-se a prioridade de alinhar as aplicações da biblioteca digital com a coleção e os
serviços da biblioteca convencional, e isso exige que os profissionais se qualifiquem para
atender as essas novas dimensões da prática bibliotecária. Além disso, é preciso ter paciência,
persistência, resiliência e acima de tudo, profissionalismo para não perder o foco.
Em meio a tanta informação, há uma tecnologia crescente que castiga quem não está
nela inserida ou dela faz uso; ainda existem unidades de informação que precisam caminhar
muito para se inserir neste universo. A preservação digital só existe quando há o objeto
digital. Mas apesar de toda esta tecnologia ainda há instituições que não acompanharam a
evolução e caminham a passos lentos desempenhando seus serviços com dificuldades, em
uma atmosfera de luta, mas na esperança de conseguir disseminar a informação contida em
seu acervo aos usuários de sua comunidade. A missão da biblioteca universitária continua
sendo de assegurar o acesso ao conhecimento; nesse ponto vale relembrar Cunha (2010, p. 7)
quando diz que:
As bibliotecas universitárias são organizações complexas, com múltiplas funções e
uma série de procedimentos, produtos e serviços que foram desenvolvidos ao longo
das décadas. No entanto, o seu propósito fundamental permaneceu o mesmo, isto é:
proporcionar acesso ao conhecimento. Esse acesso ao conhecimento é que irá
permitir que o estudante, o professor e o pesquisador possam realizar suas
aprendizagens ao longo da vida.
Cumprir essa missão com todo empenho é o desejo dessa biblioteca que inicia aqui seu
processo de aperfeiçoamento, para continuar contribuindo para o aprimoramento cultural dos
cidadãos, estudantes e comunidade que dela fazem uso.
A trajetória continua, afinal, o trabalho ainda não está finalizado, entretanto, os
resultados embora parciais, já podem ser verificados à medida que se percebe a utilização
deste acervo digital que após divulgação nos campi da IES, está se tornando conhecido. Uma
proposta de estrutura eficiente e apropriada para a continuação do projeto é necessária, mas
enquanto não se efetiva, o trabalho caminha rumo ao seu destino final.
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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 20 - Ano: 2018 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: O Futuro da Biblioteca Universitária na Perspectiva do Ensino, Inovação, Criação, Pesquisa e Extensão.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Acervo de partitura: gerenciamento digital.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Guariento, Katia Vieira
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência de uma biblioteca universitária (BU) que tem em seu acervo uma seção especial com cerca de 5.000 partituras consideradas raras, que após discussões e diálogos, a equipe bibliotecária mesmo sem condições técnicas necessárias, decide pela organização e digitalização do acervo. O pressuposto motivador de ações como esta vincula-se à necessidade cada vez maior de intensificar o acesso e prestar serviços que superem as expectativas dos usuários, oferecendo caminhos alternativos de pesquisa que não só ampliem a oferta de espaços, produtos e serviços da BU, mas inovem no oferecimento de acervos digitalizados. O processo ainda está em andamento e conta com uma equipe multidisciplinar dando suporte ao projeto que se encontra em fase final. Destacam-se os obstáculos encontrados, as necessidades, mas também as oportunidades de aprendizado e resiliência encontrados durante todo o percurso, considerando que o campus que sedia a BU localiza-se em uma cidade interiorana com 18.000 habitantes, no estado de SP. O processo de digitalização das partituras teve início em 2015 e, com a finalização do processo prevista para breve, a biblioteca terá como resultado um acervo digital de partituras, abrindo caminho para a digitalização de outros materiais, o que amplia a possibilidade de outras forças-tarefas como essa e leva à quebra de paradigmas. Mais um serviço oferecido aos usuários, atingindo um público ainda maior para além de suas paredes.
Language
A language of the resource
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