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Produção e difusão do conhecimento científico: o potencial de
contribuição da Biblioteca Universitária na formação de redes
acadêmicas
Asa Fujino1
asfujino@usp.br
Tatiana Hyodo2
tatiana_hyodo@yahoo.com.br
Departamento de Biblioteconomia e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CBD/ECA/USP)
Av. Prof. Lucio Martins Rodrigues, 443 2º andar
05508-900 São Paulo, SP - Brasil
Resumo
Trata-se de reflexão sobre o potencial de contribuição da Biblioteca Universitária
(BU) na produção e difusão do conhecimento científico. Analisa seu papel no
apoio às atividades de Pesquisa e Pós-Graduação, com foco nas teses e
dissertações. Parte-se do pressuposto que o processo de argüição propicia
geração de conhecimento científico, estimulado pela análise do produto em
avaliação, mas que é externo ao conteúdo apresentado pelo pós-graduando.
Assim, o registro dos membros de uma banca e de suas observações é
importante tanto para análise da sociabilidade entre pesquisadores, quanto como
insumo para novas pesquisas. Uma das principais características da literatura
cinzenta é a forma de produção não-convencional, o que dificulta sua difusão, daí
a importância de canais de registro que atuem efetivamente no sentido de conferir
maior visibilidade a este tipo de produção. Como a BU deve estar em
consonância com a Universidade e estimular a produção das pesquisas e sua
difusão, cabe a ela contribuir para a manutenção do fluxo da comunicação
científica. Conclui apontando situações potenciais de atuação das BUs no
gerenciamento das informações oriundas de pesquisas no âmbito da pósgraduação.
A Biblioteca Universitária e a busca do conhecimento
É fato que na atual sociedade conhecida como sociedade da informação
ou do conhecimento a informação é componente intrínseco a tudo o que a
organização produz e no processo de construção do conhecimento é fundamental
a conversão da informação em conhecimento. A conversão ocorre quando o
indivíduo busca informações com um propósito definido, na tentativa de encontrar
algo que possibilite alterar o seu nível de conhecimento, seleciona e processa a
informação e neste processo muda a capacidade de conferir sentido à experiência
criando significados.
1
Docente do Departamento de Biblioteconomia e Documentação ECA/USP. Pesquisadora do
NPC/ECA/USP
2
Bibliotecária da UFABC. Integrante da equipe do NPC/ECA/USP.
�Segundo Choo (2003), pesquisas indicam que o comportamento das
pessoas que usam e buscam informações é determinado pela necessidade
proveniente das demandas do trabalho e do ambiente social, pelas lacunas de
conhecimentos do indivíduo e pela sua experiência emocional. Já o uso da
informação é fruto de um processo de escolha: o indivíduo faz a escolha quando
percebe uma relação significativa entre o conteúdo da mensagem e a tarefa ou
problema que necessita solucionar. A relação de significados é percebida e
determinada pelo indivíduo, com base em seu conhecimento e sua rede de
referências, assim como no conteúdo e na forma da mensagem. Isso significa que
a seleção da informação depende da sua relevância para o esclarecimento da
questão.
Kuhlthau (1991) analisando o processo de busca de informações pelo
estudante universitário observa um padrão comum e o divide em seis estágios:
iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta e apresentação. Para a autora,
cada estágio caracteriza-se pelo comportamento do usuário em três campos de
experiência: o emocional (sentimentos), o cognitivo (pensamentos) e o físico
(ação). Neste processo a incerteza que impulsiona o processo de busca é
vivenciada de diferentes estados emocionais, aumentando e diminuindo à medida
que o processo caminha. Portanto, os serviços de informação constituem uma
fonte essencial para ajudar os usuários a esclarecer e explorar suas dúvidas no
processo de busca da informação.
Choo (2003, p.403), por sua vez, define a organização do conhecimento
como uma organização capacitada a organizar seus recursos e capacidades,
transformando a informação em compreensão e insights, e disponibilizando esse
conhecimento por meio de iniciativas e ações, de modo a aprender a se adaptar a
seu ambiente mutável. O autor entende que a função primordial da
administração da informação é garantir que as necessidades de informação dos
membros da organização sejam atendidas com uma mistura equilibrada de
produtos e serviços.
�Nesse sentido, Duarte e Silva (2004) consideram a biblioteca universitária
como órgão que promove a aprendizagem, na medida em que proporciona a
informação organizada e a geração de novos conhecimentos e, portanto, pode ser
vista como uma organização inteligente ou organização do conhecimento. No
entanto, para caracterizar-se como tal, devem procurar gerenciar suas dimensões
infra-estrutura, pessoas e tecnologia, na tentativa de captar, armazenar, gerar e
compartilhar conhecimento.
Por outro lado, Fujino (2000) considera a biblioteca universitária como um
Serviço de Informação que atua em instituições de ensino superior, públicas ou
privadas e entende que é neste contexto que se define sua missão e seus
objetivos.
Este contexto, segundo a autora, é definido pela Lei de Diretrizes e Bases
do Ministério da Educação, de 1996, que reforça os objetivos do ensino superior
nos termos da Reforma do Ensino Superior, fixa normas de organização e
funcionamento desse tipo de instituição, e determina que o ensino superior tenha
por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes e a
formação de profissionais de nível universitário, bem como a extensão das
atividades de ensino e resultados de pesquisa à comunidade. Tais objetivos
fundamentam-se em um processo de criação e transferência de conhecimentos
que pode ocorrer de diferentes formas e utilizando diferentes mecanismos, entre
eles, a biblioteca universitária.
Pressupõe-se, portanto, que os objetivos da Biblioteca Universitária devam
estar em consonância com os do meio acadêmico, o que envolve não somente o
apoio ao ensino, mas também à pesquisa e extensão.
No tocante à pesquisa (foco deste trabalho) uma atividade primária é o
acompanhamento da produção de novos conhecimentos que surgem em
decorrência das próprias atividades acadêmicas (Assis, 1981; Bianchin, 2002;
Santana, 1989; Tarapanoff, 1981). Nesse sentido destaca-se a geração de teses
�e dissertações, fruto de projetos de pesquisa desenvolvidos nos programas de
pós-graduação.
Este estudo busca verificar como as bibliotecas universitárias lidam com
essa fonte de informação e, principalmente, como acompanham o fluxo da
pesquisa
em seus
ambientes, seja
como
mediadora
do processo de
aprendizagem, seja como difusora dos conhecimentos gerados para estimular o
compartilhamento entre seus pares.
Parte-se do pressuposto que algumas bibliotecas universitárias têm-se
restringido ao mero papel de depositárias das teses e dissertações, não
estimulando sua difusão. Também não acompanham o processo de produção da
pesquisa na área acadêmica, o que dificulta o registro de outros conhecimentos
gerados através dos canais informais ou pessoais por onde se concretizam outros
módulos do fluxo de informação científica, característica básica dos chamados
colégios invisíveis (Población, 1989). Com isso perdem a oportunidade de
compreenderem melhor o ambiente e suas necessidades e, como decorrência
acabam por não atuarem como organizações do conhecimento, embora tenham
potencial para tanto.
As
funções
básicas
de
uma
biblioteca,
qual
sejam:
a
coleta,
processamento, disseminação só fazem sentido se inseridas dentro dos contextos
específicos nos quais ela atua, pois é este contexto que lhe permite sentir-se
parte
da
organização
trabalhando para e
como
uma
organização
do
conhecimento. Em suma, é o comprometimento com os seus objetivos que a
tornará essencial para a organização do conhecimento humano, participando e
tornando-se um importante elemento no processo da inovação.
O contexto da Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil
Os programas de pós-graduação em Ciência da Informação no Brasil são
apontados como os responsáveis pela maior parte da pesquisa desenvolvida na
área (Población, 2000; Smit, 2002).
�A pós-graduação strictu-sensu (mestrado e doutorado) em Ciência da
Informação no Brasil existe desde a década de 70 do século passado, sendo o
primeiro curso instalado no IBICT/UFRJ (Oliveira, 1995). Desde então vários
outros programas foram constituídos, e atualmente a área conta com a presença
destes em nove instituições (IBICT/UFF; USP; PUCCAMP; Unb; UFMG; UFPB;
UFBA; UNESP; UFSC). A análise de alguns regimentos* desses programas revela
pontos em comum, no que diz respeito às teses e dissertações.
O primeiro relaciona-se ao próprio projeto de pesquisa. O doutorado, em
relação ao mestrado, deverá trabalhar um tema que apresente ineditismo e
originalidade, além da obrigatoriedade de hipóteses na pesquisa.
Na apresentação à Comissão Examinadora, os programas de pósgraduação determinam tempo para a exposição do trabalho, bem como para a
composição dos membros da banca examinadora. Em geral para o mestrado são
três docentes, com título mínimo de doutor ou equivalente, sendo que, no mínimo
um dos membros deverá ser de outra IES Instituição de Ensino Superior. No
caso de doutorados, são cinco docentes, também com título mínimo de doutor ou
equivalente, sendo que dois membros deverão ser de outra IES.
No que se refere à argüição cada programa estabelece um tempo para
cada examinador argüir o candidato e um tempo para o candidato responder a
argüição.
É importante registrar, para efeito deste trabalho, que o processo de
argüição, mais do que um procedimento administrativo para cumprimento das
formalidades, é, do ponto de vista acadêmico, um momento de muita reflexão, de
questionamentos e de contribuições feitas pelos membros da banca ao candidato.
No processo de argüição é comum membros da banca apontarem inadequações
metodológicas ou conceituais que podem comprometer o trabalho, de forma a
possibilitar eventuais correções. Também são feitas sugestões sobre aspectos a
serem mais bem explorados ou sobre novos desdobramentos da pesquisa
realizada.
*
Somente dos disponíveis nas páginas Web dos Programas.
�No entanto, embora a pesquisa dos regimentos mostre que a maioria dos
programas prevê que a Comissão pode, mediante parecer fundamentado,
condicionar a aprovação da tese ou dissertação ao cumprimento de determinadas
exigências dos examinadores, entre elas, as correções de texto, há uma
discussão sobre autoria intelectual que às vezes dificulta a adoção desse
procedimento pelos programas de pós.
Os programas que não permitem a correção posterior do documento
apresentado no ato de defesa (dissertação ou tese) entendem que o documento
deve refletir o conteúdo intelectual produzido pelo candidato até o momento da
defesa. Portanto, é este o material de autoria intelectual do candidato, cuja cópia
é encaminhada à biblioteca da IES, para consulta presencial dos usuários ou para
disseminação nos bancos de dados digitais.
Mesmo nos casos dos programas que permitem a correção posterior ao ato
de defesa, normalmente há regras que estabelecem o grau de correção permitido
e as exigências são estabelecidas pelo conjunto de examinadores. Assim, há
observações
ou
sugestões
apresentadas
pelos
examinadores
que
não
necessariamente são adotadas pelos candidatos.
Encerrados os trabalhos, é lavrada uma ata, seguindo moldes fornecidos
pela secretaria de cada programa. Nesse aspecto específico, também é
importante salientar que esta atividade é desenvolvida pela secretaria do setor de
pós-graduação da unidade de ensino e pesquisa, conforme normas previstas em
regimento. Como se trata de material que tem a função comprobatória do ato de
defesa, não tem a preocupação com o conteúdo temático ou de mérito da
argüição limitando-se a reproduzir o ocorrido, do ponto de vista processual, no ato
de defesa.
Por sua vez, o destino desta ata é o arquivo da secretaria do programa de
pós-graduação e não a biblioteca. Isto significa que a ata, mesmo que
descrevesse maiores detalhes sobre a argüição, não seria disponibilizada para os
usuários, uma vez que a sua função não é esta.
�Assim, as observações, discussões, sugestões efetuadas pelos membros
da banca que são incitadas pelo texto do candidato, mas estimuladas pelo colégio
formado pelos membros da banca examinadora, acabam não sendo registradas
e, nesse sentido, apesar de explicitadas verbalmente, não se transformam em
fonte de informação para futuros e potenciais usuários.
O material que vai para a biblioteca é somente a dissertação ou tese, mas
nada que complemente ou altere o conteúdo.
A produção científica e a difusão do conhecimento
A produção científica, decorrente das pesquisas desenvolvidas em
universidades, oferece mais do que apenas indicadores de avaliação institucional.
Os novos conhecimentos gerados nessas pesquisas têm repercussões não
apenas na comunidade científica nacional, mas servem de medida para o avanço
científico do país em relação à comunidade internacional.
Para Wintter (1997 apud Ramalho et al., 2002). a pesquisa científica de
um país está relacionada a atuação dos cursos de pós-graduação quer pelo fazer
científico dos mesmos quer pelo papel na formação de pesquisadores que vão
atuar em outras entidades universitárias ou não.
Nesse sentido, é importante salientar que tanto as dissertações quanto as
teses têm se caracterizado como importante contribuição para o avanço do
conhecimento científico. Na opinião de Carelli (2004), essa produção possibilita a
verticalização do conhecimento, sobretudo pelos temas enfocados, atualidade e
relevância da bibliografia, além do rigor metodológico que orienta tais tipos de
pesquisa. No caso de teses, elas são necessariamente originais no sentido de
novidade, pois é exigência intrínseca à obtenção do título de doutor.
Normalmente, tanto a dissertação de mestrado quanto a tese de doutorado
tratam de uma comunicação de resultado de uma pesquisa e de uma reflexão
sobre um assunto único e bem delimitado. O diferencial é que o estudo foi
necessariamente desenvolvido de acordo com as diretrizes metodológicas,
�técnicas e lógicas que regem o trabalho científico. (Severino, 1983 apud Ramalho
et al., 2002).
Do ponto de vista da comunicação científica, esse tipo de documento, não
se enquadra nos moldes dos documentos convencionais, são considerados como
literatura cinzenta. A expressão é utilizada para os documentos fugitivos, aqueles
que não se vendem nos catálogos de editores, livrarias, bibliotecas, etc.
Entretanto, a literatura cinzenta, da qual também fazem parte as atas de
congresso, boletins, relatórios técnicos, normas, patentes, entre outros,
apesar
de difícil localização, permitem a agilização dos contatos entre investigadores e
fortalecem os elos de comunicação entre os membros dos colégios invisíveis
(Población, 1992).
Esta opinião é compartilhada por outros autores. Noronha (2005)
reconhece que na divulgação do conhecimento em meios formais os periódicos
científicos têm reconhecido valor, pela rapidez e eficiência na comunicação de
resultados. Entretanto, há que se ressaltar também o papel desempenhado por
outros tipos de documentos como no caso das dissertações e teses - produtos
finais dos cursos de pós-graduação.
Assim, Ramalho et al. (2002) entendem que as dissertações ocupam um
papel relevante na produção científica por suas contribuições criativas e
inovadoras e, portanto, devem ser divulgadas, em seus diversos aspectos, para
que se efetive o uso desse tipo de literatura.
Por outro lado, a produção de dissertações e teses em uma determinada
área da ciência permite refletir sobre a evolução da comunidade e a contribuição
que os pesquisadores envolvidos estão oferecendo para o crescimento da
ciência., razão adicional para estimular sua difusão.
Redes Acadêmicas e sociabilidade entre pesquisadores
�Segundo Pisciotta (2006, p.125), a chegada da ciência das descobertas
da ciência, das soluções científicas para problemas científicos, políticos ou do
quotidiano se dá pela comunicação científica, que parte de um ponto da rede
social e vai se espalhando por ela.
Spinak (1998) concorda e afirma que a comunicação e a informação são
intrínsecas à prática da ciência. Para o autor, a investigação é estimulada e
sustentada por um fluxo constante de nova informação e quando o ciclo de
informação se completa, surge nova informação. Assim, a interação ocorre de
forma sucessiva gerando um ciclo renovado de criação e descobrimentos.
Población (1989) refletindo sobre a atividade da comunidade científica
observa que a comunicação informal, realizada para depurar as informações
antes de serem consolidadas no original a ser enviado para publicação através
dos canais formais, estabelece uma dinâmica fundamental para o avanço da
ciência. Segundo a autora, a vantagem é que o processo inicial de feedback
admite uma flexibilidade e permite ao pesquisador avaliar o padrão de qualidade
de seus achados através de discussões em reuniões, eventos científicos ou em
outros processos informais tais como correspondência ou contatos pessoais.
Nessa fase, os colegas interessados nos mesmos problemas têm oportunidade
de intercambiar idéias científicas ou técnicas, analisar o estilo de pesquisa, vieses
teóricos e experimentais, permitindo ao pesquisador na qualidade de produtor
avaliar seus erros ou sucessos e ampliar a área de conhecimentos ao longo do
processo.
Prosseguindo, a autora observa que a contínua preocupação dos
pesquisadores em se manterem atualizados com os últimos resultados das
pesquisas cria uma atitude de alerta e exige, além de grandes esforços, um
comportamento adequado de pesquisador, caracterizado pelo permanente
contato com seus pares. Dessa forma, fica fortalecida a consistência dos elos de
ligação entre os vários módulos do fluxo de informação que se concretizam
através dos canais informais ou pessoais, ou seja, que não são publicações,
ampliando-se também os chamados colégios invisíveis.
�Nesse sentido, entendemos que as observações, comentários, sugestões,
que têm como origem o processo de reflexão sobre uma dissertação ou tese a ser
argüida, constituem potencial fonte de informação sobre o estado da arte da
ciência naquela área e, permitiria a ampliação dos colégios invisíveis ou, para se
aproximar da terminologia corrente na gestão do conhecimento: o estímulo às
transformações do conhecimento tácito em explícito. Tal recurso poderia
constituir-se em insumo básico a novas pesquisas e assim sucessivamente.
Por outro lado, o registro dos participantes de uma banca também
possibilitaria o estudo de sociabilidade entre pesquisadores de determinada área
e a elaboração de uma rede social. Embora o Currículo Lattes preveja campo
específico para registro dos membros de uma determinada banca, o que se quer
salientar é que da mesma maneira que a ata tem um papel comprobatório do ato
de defesa, o CV Lattes também tem essa função. No caso das Bibliotecas
Universitárias, acredita-se que elas poderiam manter não só a atualização desses
dados, mas promover ações de integração entre o conteúdo apresentado pelo
mestrando / doutorando, as sugestões dos membros da banca e a participação
desses mesmos pesquisadores em bancas de sua instituição.
Conclusões: Sugestões para participação da Biblioteca Universitária no
apoio à Pós-Graduação
Sugere-se, em suma, que as bibliotecas universitárias estejam mais
atentas ao processo de pesquisa que se desenrola na instituição em que está
inserida,
para
melhor
aproveitar
o
potencial informacional
que
ocorre,
principalmente, nas atividades de pós-graduação. O exemplo do que ocorre no
ato de defesa é apenas ilustrativo para apontar um conhecimento que é
verbalizado, explicitado, mas infelizmente nem sempre registrado e, por isso, não
aproveitado como insumo para gerar novos conhecimentos.
Não se trata de replicar o que se faz na secretaria de pós-graduação.
Como observamos anteriormente, as funções da Biblioteca Universitária são as
de mediação entre o sistema documentário e as demais fontes e o usuário. Para
tanto, devem desenvolver atividades que contribuam para a melhoria de seus
serviços e, sobretudo, para o avanço do conhecimento. A divulgação dos últimos
�resultados de pesquisa, com os comentários e observações dos avaliadores
fomentaria discussões informais e a formação de colégios invisíveis que são
essenciais para a atividade acadêmica.
O conceito de Biblioteca Digital que, segundo Cunha (1999) define a
biblioteca como uma unidade de gerenciamento do conhecimento, utilizando-se
de forte aparato tecnológico no desenvolvimento de suas atividades, deve ser
apropriado pelos profissionais da área e transformado em ações efetivas. Tais
ações seriam norteadas pela disposição de conferir maior relevância às
informações disponibilizadas e a contribuírem para o esclarecimento das
questões enfrentadas pelos usuários pesquisadores, pós-graduandos ou não.
Sob este ponto de vista, podemos pensar na possibilidade de
disponibilizarmos não somente a tese ou a dissertação em meio digital (o que já é
realidade em muitas instituições), mas também um arquivo eletrônico de imagem
ou de som, com o registro da defesa, ou somente com o momento da argüição.
Embora a sugestão deva ser objeto de reflexão e de discussão com os programas
de pós-graduação, é importante salientar que alguns esforços já podem ser feitos
nesse sentido.
O registro dos membros da banca examinadora (como já ocorre na
Biblioteca Digital de Teses da USP), ou mesmo a disponibilização de links para o
Currículo Lattes destes, já representa um avanço no oferecimento de produtos e
serviços que propiciem não somente a geração de novas pesquisas, mas que
insiram de fato a biblioteca universitária entre os elos de comunicação das redes
acadêmicas.
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�
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
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Tema: Acesso livre à informação científica e bibliotecas universitárias.
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SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
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Produção e difusão do conhecimento científico: o potencial de contribuição da Biblioteca Universitária na formação de redes acadêmicas.
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2006
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The nature or genre of the resource
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Trata-se de reflexão sobre o potencial de contribuição da Biblioteca Universitária (BU) na produção e difusão do conhecimento científico. Analisa seu papel no apoio às atividades de Pesquisa e Pós-Graduação, com foco nas teses e dissertações. Parte-se do pressuposto que o processo de argüição propicia geração de conhecimento científico, estimulado pela análise do produto em avaliação, mas que é externo ao conteúdo apresentado pelo pós-graduando. Assim, o registro dos membros de uma banca e de suas observações é importante tanto para análise da sociabilidade entre pesquisadores, quanto como insumo para novas pesquisas. Uma das principais características da literatura cinzenta é a forma de produção não-convencional, o que dificulta sua difusão, daí a importância de canais de registro que atuem efetivamente no sentido de conferir maior visibilidade a este tipo de produção. Como a BU deve estar em consonância com a Universidade e estimular a produção das pesquisas e sua difusão, cabe a ela contribuir para a manutenção do fluxo da comunicação científica. Conclui apontando situações potenciais de atuação das BUs no gerenciamento das informações oriundas de pesquisas no âmbito da pós-graduação.
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