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Eixo II- Pesquisa e Extensão
O LUGAR DA COMUNICAÇÃO NO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
THE PLACE OF COMMUNICATION IN UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
LIBRARY SYSTEM
Resumo: Pesquisa concluída no mestrado em Comunicação na Universidade Federal de
Goiás, na linha de Mídia e Cultura. O objetivo principal foi o de refletir sobre o modelo de
comunicação do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Goiás a partir da
observação da Biblioteca Central como parâmetro e representação do todo. Utilizou-se o
estudo de caso como método e técnicas de coleta de dados consideradas apropriadas ao que se
desejava compreender, tais como a revisão de literatura, o diário de campo e a pesquisa
institucional ou administrativa. A fundamentação teórico-metodológica foi baseada no
pensamento complexo de Edgar Morin. Observou-se que o Sistema de Bibliotecas possui um
modelo de comunicação próprio que é baseado em sua cultura organizacional, bem como em
seus valores, missão, visão e filosofia; e que também é coerente com o modelo de gestão do
da biblioteca, que é o da corresponsabilidade. Concluiu-se que a comunicação ocupa um lugar
estratégico na gestão da biblioteca.
Palavras-chave:
universitária.
Comunicação.
Comunicação
organizacional.
Cultura.
Biblioteca
Abstract: Research completed by the masters in Communication at the Federal University of
Goiás, in the line of Media and Culture. The main goal was to reflect on the communication
model of the Library System at the Federal University of Goiás from observation of the
Central Library as a parameter and representation of the whole. Using the case study method
and data collection techniques considered appropriate when that longed to understand, such as
the literature review, the field journal and institutional or administrative research. The
theoretical-methodological ground was based on Edgar Morin complex thought. It was
observed that the Library System has a communication model that is based on your
organizational culture, as well as in its values, mission, vision and philosophy; and that is also
consistent with the library's management model, which is that of co-responsibility. It was
concluded that the communication occupies a strategic place in the management of the
library.
Keywords: Communication. Organizational communication. Culture. University library.
�INTRODUÇÃO
disponibilidade de publicações sobre a mesma foram o ponto de partida para a pesquisa
empreendida no mestrado em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG). A
partir disso, aliado aos resultados de pesquisas anteriormente realizadas sobre a temática,
propôs-se investigar o modelo de comunicação do Sistema de Bibliotecas da UFG
(Sibi/UFG).
O objetivo principal da pesquisa foi o de refletir sobre o modelo de comunicação do
Sibi/UFG a partir da observação da Biblioteca Central (BC) como parâmetro e representação
do todo52. Através da análise da comunicação instituída, buscou-se perceber a filosofia, os
valores e as políticas adotadas para a comunicação no Sibi/UFG visando projetar ângulos e
facetas deste processo. Neste sentido, foi dada ênfase à comunicação como um fenômeno que
é, ao mesmo tempo, complexo, multidimensional e plural; que acontece de maneira formal e
informal, com ou sem a anuência da organização
tendo-se em vista que a comunicação é um
processo inerente às pessoas e, consequentemente, às organizações.
Para se alcançar os objetivos propostos utilizou-se o estudo de caso como método e
técnicas de coleta de dados consideradas apropriadas ao que se desejava compreender, tais
como a revisão de literatura, o diário de campo e a pesquisa institucional ou administrativa
que foi ótima na busca por compreender quem é o Sibi/UFG, como trabalha, quem são seus
públicos e o que prioriza como diretrizes para a comunicação.
Foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, envolvendo grande variedade de
materiais empíricos que, de certa forma, descrevem a rotina e os significados da comunicação
no do Sibi/UFG. No entanto, não se abriu mão dos dados quantitativos, considerando-os
complementares à pesquisa. Neste sentido, foram pesquisados empiricamente dois grupos
distintos: GRUPO 1
composto por colaboradores da BC de três seções consideradas
relevantes para a pesquisa; GRUPO 2
composto por usuários da BC escolhidos
aleatoriamente a partir do software gerenciador das bibliotecas da UFG. Foi construído um
questionário para cada um dos grupos, sendo que para o GRUPO 1 (25 sujeitos) o
52
O Sibi/UFG, na época, possuía nove unidades: sendo quatro em Goiânia, capital do Estado, e as demais no
interior. Hoje são dez unidades, sendo cinco na Capital.
�questionário foi aplicado pessoalmente, um a um; e para o GRUPO 2 (316 sujeitos) foi
enviado via Google Forms.
A pesquisa foi desenvolvida à luz do pensamento de Morin (2002, 2005a; 2005b,
2008) sobre a complexidade e das concepções de Wolton (2010) acerca da comunicação
dois dos autores guia ao longo de todo o estudo. Além destes, a pesquisa exigiu leituras
específicas também da área de Ciência da Informação/Biblioteconomia por haver
convergência das duas áreas no trabalho realizado na Assessoria de Comunicação do
Sibi/UFG.
A PESQUISA NO SIBI/UFG
A pesquisa bibliográfica permitiu levantar obras e trabalhos oriundos de outras
pesquisas que tangenciam a temática estudada. Já a partir da pesquisa documental se levantou
a história não só do Sibi/UFG como também da Assessoria de Comunicação, que é o ponto de
partida do projeto que deu origem à pesquisa realizada.
Criado em 1992 a partir de um projeto de fim de curso de alunos do curso de Relações
Públicas da UFG, a Assessoria de Comunicação está instalada na Biblioteca Central (BC),
órgão gestor do Sistema de Bibliotecas da UFG, e configura como um departamento
consolidado na estrutura do Sibi/UFG. O setor funcionou, durante seus primeiros anos, como
parte da Seção de Referência. A partir de 1997 uma profissional de Jornalismo, lotada na BC,
assumiu a função de gerir o processo de comunicação nas bibliotecas e o setor foi
desmembrado, tomando corpo próprio.
No entanto, isto não significa que o setor tenha passado a atuar de forma
independente; pelo contrário, na pesquisa ficou claro que a maior parte de suas atividades está
interligada à Seção de Referência e à Gerência de Circulação, por estes serem os dois setores
que oferecem a maioria dos produtos e serviços da biblioteca. Percebeu-se que há um modelo
de comunicação do Sibi/UFG e que este está impregnado do modelo de gestão da biblioteca, o
qual é baseado na participação, nas decisões colegiadas e na corresponsabilidade. De modo
que as decisões inerentes à Assessoria de Comunicação, e ao processo de comunicação em si,
também são tomadas de forma colegiada, com participação e corresponsabilidade da direção
do Sibi. Mesmo porque, não faria sentido algum o planejamento de comunicação não estar
alinhado às propostas, ideias e visões da gestão da biblioteca.
A Assessoria de Comunicação do Sibi/UFG
cuja implantação completou 25 anos em
2017, reúne e executa 38 atividades, entre permanentes e esporádicas. Tais atividades são
�previamente definidas em um plano anual de comunicação que é construído em conjunto com
a direção do sistema e as gerências das seções. Este plano reúne desde as atividades mais
simples
como elaborar a lista de aniversariantes e o envio de agradecimentos por doações
recebidas, até as mais complexas
como: a produção do vídeo institucional da biblioteca, do
roteiro à finalização; a manutenção do site do Sibi/UFG, incluindo aí o contato com os
usuários pelo Fale Conosco; o contato via redes sociais com os usuários e o público em geral,
entre outros.
Observou-se que a responsabilidade principal da Assessoria de Comunicação do
Sibi/UFG é a de gerir a comunicação das bibliotecas com seus públicos, facilitando o diálogo
entre um lado e outro. Para tanto, utiliza das ferramentas disponíveis, desde os meios
tradicionais
telefone, boletim informativo, cartaz, panfleto e folder; até os mais recentes:
website, e-mail, intranet e redes sociais (no caso, Facebook e WhatsApp).
No Sibi/UFG a Assessoria de Comunicação segmenta o público em três categorias
bem definidas, o que permite direcionar melhor as ações. São eles:
a) P
colaboradores das bibliotecas, que inclui servidores do
quadro permanente, terceirizados, bolsistas, estagiários, pessoal da limpeza e da segurança;
b) P
terceirizados e visitantes, e pelos estudantes da instituição de todos os níveis, da creche até a
pós-graduação, passando pelos intercambistas e oriundos de projetos;
c) P
53
.
A partir de entrevistas com ex-diretores e servidores mais antigos de casa que atuavam
na BC, ainda na fase inicial da pesquisa, foi possível inferir que a inserção do trabalho de
comunicação, desde o princípio, foi bem aceita pelo grupo de colaboradores. O que leva a crer
que havia uma lacuna a ser preenchida. E, talvez por isso, conseguiu-se firmar sua
necessidade na estrutura da biblioteca, de forma que as equipes já não veem a organização
sem a Assessoria de Comunicação. E, apesar de o setor não existir oficialmente no
organograma do Sibi/UFG, cujo desenho utilizado era, à época da pesquisa, baseado no
primeiro regimento, de 1980, não havia conflitos acerca de sua necessidade e de sua atuação,
seja dentro do Sistema de Bibliotecas, seja na instituição maior, a UFG54.
53
Por questões metodológicas, o público externo não foi considerado para efeito da pesquisa empírica.
No Regimento do Sibi/UFG aprovado no final de 2015 a Assessoria de Comunicação foi oficializada no
organograma.
54
�Pelo contrário, a Assessoria de Comunicação do Sibi é reconhecida institucionalmente
e inclusive, atua em parceria com a Assessoria de Comunicação da universidade
a
Ascom/UFG. Assim, não é demais afirmar que a comunicação na biblioteca se constitui em
um processo no qual todo o Sibi/UFG participa, de forma direta ou indireta, e que vem sendo
constituído e consolidado ao longo destes anos na cultura55 da organização como um setor que
é imprescindível para o bom desenvolvimento de suas atividades.
Outro aspecto identificado, utilizando-se de relatórios gerais e das seções e das
entrevistas, é que a implantação de um novo software gerenciador nas bibliotecas do
Sibi/UFG em 2004 contribuiu para o fortalecimento da Assessoria de Comunicação em sua
estrutura, de forma direta e indireta. Conforme os relatos coletados entre os servidores, a
partir daquele ano o setor passou a atuar de forma mais integrada às demais seções da
biblioteca, em particular no que diz respeito à divulgação dos novos produtos e serviços
propiciados pelo software implantado. Percebeu-se que, por um lado, tal integração aumentou
significativamente o montante de serviço do setor; por outro, acabou por reforçar sua
importância na estrutura da biblioteca.
Daí se pôde inferir que a Assessoria de Comunicação do Sibi/UFG foi fortalecida com
a mudança de software, pois teve sua importância ampliada, alcançando todas as instâncias do
um setor de comunicação presente em suas estruturas para assessorá-las. Como já dito, a
Assessoria está fisicamente instalada na BC e realiza suas atividades com o apoio das gestões
locais de cada biblioteca.
O que, aliás, pode ser considerado um ponto fraco
a ausência de um setor, ou de uma
pessoa dedicada, para gerenciar o processo de comunicação em cada uma das bibliotecas de
acordo com suas necessidades locais, visto que a quantidade de serviço tem aumentado e que
as bibliotecas seccionais têm sentido a necessidade de ter um apoio mais próximo para suas
atividades de comunicação. Até 2005 o Sibi/UFG era composto por três bibliotecas, todas
instaladas em Goiânia; à época da pesquisa eram nove, hoje já são dez e há previsão de mais
duas a serem construídas em médio prazo. O novo software gerenciador permitiu a
incorporação das unidades seccionais ao sistema, o que levou ao aumento do raio de atuação
tanto do Sibi/UFG quando da sua Assessoria de Comunicação.
Foi usada
[...] caracteriza as sociedades
humanas é organizada/organizadora via o veículo cognitivo da linguagem, a partir do capital cognitivo coletivo
dos conhecimentos adquiridos, das competências aprendidas, das experiências vividas, da memória histórica, das
crenças míticas de uma sociedade. [...] E, dispondo de seu capital cognitivo, a cultura institui as regras/normas
�RESULTADOS E DESAFIOS
Neste estudo partiu-se da ideia de que a biblioteca é uma organização complexa.
Considerou-se que seja complexa em si mesma, como organização, pois reúne e realiza todas
as funções administrativas
de planejamento, organização, direção, coordenação e controle. E
também mantém relações de complexidade com o ambiente do qual faz parte, que, no caso, é
a UFG.
No pensamento acerca da complexidade de Morin (2005a) as organizações são vistas
como sistemas vivos, que interagem com o ambiente que integram, estabelecendo relações de
causalidade linear, circular e retroativa. Assim, as organizações estão em constante processo
de ordem e desordem, de junção e disjunção, de certeza e incerteza, provocando e
estimulando movimentos simultâneos de auto-organização e autoprodução. É o caso das
bibliotecas, que estão em contínuo processo de organizar e reorganizar acervos; de unir e
separar atividades conforme as necessidades; de produzir de acordo com as demandas ou
previamente a elas, entre outras ações diárias.
A compreensão destes movimentos simultâneos requer uma visão complexa,
multidimensional, pois há, entre os componentes de um sistema complexo, uma
interdependência. O que reforça o princípio hologramático, que diz que o todo está gravado
na parte que está incluída no todo, sem, no entanto, significar que a soma das partes seja igual
ao todo
MORIN,
2005b, p. 114). Trazendo para a pesquisa em questão, observou-se que a biblioteca tem uma
cultura própria, que afeta e é afetada pelo meio em que ela está inserida, ou seja, pela cultura
da UFG. E, ao se ampliar o olhar, notar-se-á que a biblioteca também é afetada pela cultura da
sociedade goiana enfim.
Na pesquisa foi possível apreender a comunicação como um mundo de significações
que produz e que é produtora de sentidos
a partir de Edgar Morin, com a visão da
complexidade, que é multidimensional e foge do simplismo; e da visão de Dominique
Wolton, da comunicação como um processo, não produtor de mera informação, mas sim de
comunicação. Ao longo da pesquisa foi possível perceber que comunicar é um processo mais
amplo, relacional, que envolve negociação com a alteridade, principalmente em tempos de
novas tecnologias, internet e redes sociais. E que os processos de trabalho, de relacionamento,
�de intercâmbio de informações, entre outros aspectos, fazem parte da cultura e da
comunicação, por isso a comunicação e a cultura foram situadas como processos recursivos,
dialógicos e hologramáticos
que são os três pilares do pensamento de Edgar Morin acerca
da complexidade.
Foi possível observar que há um modelo de comunicação próprio do Sibi/UFG, que
representa a cultura vivida na organização, por isso o modelo de comunicação é tal como é.
Ele expressa, de certa forma, a cultura do Sibi/UFG, que tem, por princípio de gestão, o da
corresponsabilidade, porém ainda bastante hierarquizado, como a grande maioria das
instituições. Na perspectiva estudada, ambos os processos
de cultura e de comunicação,
foram vistos como estando interligados, um influenciando o outro; em um processo sempre
em construção, pois vão sendo moldados à medida que o próprio Sibi, seus colaboradores e
usuários se relacionam, interagindo de forma contínua e permanente.
Em seu modelo, a comunicação do Sibi/UFG com seus públicos é baseada na
democratização da informação, no sentido de que todos devem ter acesso às informações de
forma igualitária
seja a informação como insumo, sobre um curso ou um serviço novo, seja
a informação materializada nos livros, por exemplo. Esta premissa
da democratização da
informação, inclusive, é um dos princípios básicos que regem o funcionamento do Sistema de
Bibliotecas da UFG. E para dar acesso às informações de forma igualitária a todos os públicos
são utilizados variados meios de comunicação visando alcançá-los. Sendo que a comunicação
com o público interno, ou seja, com aqueles que atuam nas bibliotecas como colaboradores, é
privilegiada. Mas privilegiada no sentido de este ser o primeiro público a ser informado
pois, como nos dizem Brandolini, Frígoli e Hopkins (2009), é preciso gerar confiança entre os
empregados e o projeto de trabalho que se realiza na organização, bem como reproduzir sua
cultura.
Ao longo da pesquisa vi que há um plano de comunicação estruturado em conjunto
com a direção do Sistema de Bibliotecas e cujas ações se fazem presentes nas várias
atividades realizadas pelas bibliotecas da UFG, em particular no que diz respeito ao
atendimento aos usuários
atividade fim da biblioteca. Neste sentido, o processo de
comunicação no Sibi/UFG, mesmo que ainda contenha traços de verticalização, tenta atender
às necessidades dos públicos da biblioteca
desde seus colaboradores (público interno) até os
usuários da mesma (público misto). Digo tenta porque, por ser um processo relacional, onde a
alteridade deve ser levada em conta, nem sempre a organização consegue atender aos anseios
de seus públicos em termos comunicacionais. Como é um processo recursivo e dialógico, a
meta é sempre a busca pelo ideal.
�Observou-se, ainda, algumas características que, por conta do dia a dia do trabalho
como assessora de comunicação do Sibi/UFG, passaram em branco, mas que se fizeram
relevantes durante a pesquisa empírica. E outras que foram realmente surpresa. Por exemplo:
ainda há uma expressiva lentidão no processo de emissão da comunicação do Sibi/UFG para
os seus públicos-alvo. Não por falta de tecnologia e/ou da presença da biblioteca no mundo
digital, mas sim por falta de pessoal dedicado à área de comunicação para reforçar a equipe. A
lentidão, mediante a velocidade do processo de comunicação na atualidade, é um ponto
negativo importante.
A falta de uma política de recursos humanos, por parte do governo federal,
direcionada para as especificidades de uma biblioteca universitária, acaba por refletir
negativamente no processo de comunicação da mesma com seus públicos. O setor de
comunicação do Sibi/UFG conta com apenas um funcionário efetivo e, eventualmente, com
um bolsista/estagiário. Mediante o tamanho da organização, esta quantidade de pessoal,
mesmo contando com o apoio de colaboradores nas outras bibliotecas, pode gerar falhas no
trabalho e, consequentemente, lacunas na comunicação.
Uma das surpresas que a pesquisa empírica trouxe foi a descoberta de que havia um
desconhecimento quase total da presença do Sibi/UFG na rede social Facebook. Os dados da
pesquisa empírica dão conta que, na época do levantamento, menos da metade dos
entrevistados no GRUPO 1 e apenas 5% do GRUPO 2 tinham conhecimento da presença do
Sibi/UFG nesta rede social. Outra surpresa foi constatar que dois dos meios de comunicação
mais tradicionais ainda são muito necessários no âmbito da biblioteca, segundo os
respondentes. São eles: cartazes e contato face a face. Surpreendeu porque, em tempos de
internet e de velocidade na comunicação, há uma tendência a se dar mais importância para os
meios digitais de comunicação.
Este resultado pode significar que a comunicação virtual não está dando conta de
corresponder às necessidades comunicacionais dos públicos, sendo preciso ainda o reforço da
comunicação tradicional. O que é bastante compreensível, tendo em vista o que nos diz
Wolton (2010): a internet não substitui a necessidade de encontros presenciais, amplia-a.
Afinal, somos seres sociais, não seres de informação. Para este autor, por haver cada vez mais
informação disponível circulando, cada vez mais há incomunicação. Talvez isto explique
porque a conversa informal ainda está entre os cinco meios mais utilizados para se tomar
conhecimento das informações divulgadas pela biblioteca.
A implantação de um novo software gerenciador de bibliotecas, em 2004, influenciou
de forma positiva o processo de comunicação no Sibi/UFG, tanto no âmbito interno do
�sistema
gerando integração das unidades instaladas fora da capital (são cinco atualmente);
quanto em relação aos usuários
permitindo unicidade na linguagem e na forma de a
biblioteca se comunicar com os mesmos. Uma confirmação, na verdade, do que já se havia
percebido empiricamente.
CONSIDERAÇÕES
Não se teve a ambição de captar todo o universo da comunicação que rege o processo
no Sibi/UFG, por isso foram selecionados três departamentos
a Circulação, a Referência e o
de Comunicação, que proporcionaram alguns indicadores para a reflexão proposta. Mas o
trabalho também não se limitou a ver somente os efeitos do modelo de comunicação no
Sibi/UFG. Buscou-se investigar a comunicação sem separá-la do seu mundo de significações,
quer dizer, de sua cultura. Isto porque se considerou que comunicação e cultura são dois
sistemas que estão em coprodução e sempre in fieri, em movimentos de recursividade,
dialogicidade e hologramaticidade, de acordo com o pensamento acerca da complexidade de
Morin (2005a).
Assim, a partir dos resultados obtidos na pesquisa empírica e das inferências feitas ao
longo do trabalho
as quais foram baseadas em descobertas durante todo o processo de
construção do mesmo, considerou-se que os meios de comunicação que utilizados estavam
adequados e eram suficientes ao processo de comunicação no Sibi/UFG. No entanto, como os
resultados de uma pesquisa são um retrato do momento, não significa que a Assessoria de
Comunicação e o Sibi/UFG em si devem ficar presos apenas a estes meios. Mesmo porque,
como nos diz Bauman (1999), as novas tecnologias e a modernidade trouxeram consigo, entre
outras coisas, o conceito de flexibilidade estruturada na base da alta velocidade, do virtual e
da comunicação acessível, onde tudo é mutável conforme os interesses envolvidos. Assim, é
preciso evoluir sempre, também tendo em vista o que diz Morin (2008), que considera que
toda cultura está vitalmente aberta ao mundo exterior, não existindo fechada em si mesma. E,
desta forma, conhecimentos e ideias migram entre as culturas.
No que se refere à linguagem e às estratégias utilizadas para emitir a comunicação, a
pesquisa empírica mostrou que estavam adequadas apenas a uma parte dos públicos
pesquisados. Havia pontos em que a informação emitida pela BC ao grupo dos colaboradores
estava truncada. Durante as análises dos dados coletados foi possível inferir que o grupo dos
terceirizados entre os colaboradores era a parte desprivilegiada na comunicação com o
público interno. Assim, era preciso melhorar o modo de efetivar a comunicação para este
�público, deixando mais clara as funções da Assessoria de Comunicação e dando mais
agilidade às ações para que estes colaboradores possam, também de forma mais ágil e
frutífera, atuar como participantes ativos do processo.
Considerou-se que a aprovação dos meios e das estratégias utilizadas na emissão da
comunicação com os públicos não exime o Sibi/UFG de estar sempre buscando melhorar. Por
ser um processo in fieri, a comunicação com os públicos é dinâmica e o processo deve ser
flexível na medida em que surgem novidades a respeito de meios de comunicação. Há menos
de cinco anos não se tinha uma rede social tão dinâmica quanto o WhatsApp, por exemplo. É
certo que ela ainda não está sendo utilizada pelo Sibi/UFG para contatos com os usuários, mas
já foi dado o primeiro passo: ela está em uso para contatos com as equipes de trabalho das
bibliotecas.
No que diz respeito à comunicação em geral da biblioteca com os usuários, esta foi
considerada: acessível, confiável, ágil, clara e atual, nesta ordem de classificação. A avaliação
positiva da comunicação da biblioteca com os usuários é bem-vinda, no entanto, em ambos os
grupos pesquisados houve um alto índice de respostas que consideram que o processo é lento.
Dado que não pode ser desconsiderado. Vale uma nova pesquisa mais detalhada para se
identificar em que ponto está lento, de que tipo é esta lentidão e o que pode ser feito para
melhorar. Até mesmo porque, em tempos de internet e de velocidade da disseminação das
informações, esta lentidão pode não estar do lado do emissor, mas sim relacionada ao
interesse do sujeito em buscar a informação sobre a biblioteca
já que a comunicação é um
processo relacional, como diz Wolton (2010); apresentando-se como uma eterna construção e
disputa de sentidos e como lugar organizativo dos sentidos postos em circulação, como diz
Baldissera (2008).
Corroborando as ideias de Baldissera (2008) e de Wolton (2010), no âmbito da
organização, estabelecer relações que atualizem a comunicação organizacional implica em
correr o risco de ser perturbado por outros sistemas do ambiente, ou seja, pelo contexto em
que se insere a organização, independentemente de se tratar de relações voluntárias ou não.
As perturbações podem ser materializadas de diversas formas. Neste trabalho entendi que elas
se materializaram nas sugestões que foram dadas pelos colaboradores e pelos usuários na
pesquisa empírica. As quais não devem ser ignoradas pela biblioteca, já que apontam para
dobras e fissuras relativas ao atendimento e à comunicação em si.
Considerando-se que a velocidade e o fluxo informacional em tempos atuais são
superiores à possibilidade de seu acompanhamento pela organização, o poder de comunicação
tem passado da organização para colaboradores, clientes e fornecedores. Assim, as
�organizações não estão mais sozinhas na hora de decidir o que vão compartilhar; na maioria
das vezes, e se a reação for demorada, a informação já foi disseminada por algum ou alguns
destes componentes da organização via tecnologia (PROCTOR, 2011).
Na relação de comunicação, bem como na de atendimento, tem grande importância a
interpretação realizada pela outra força em relação, ou seja, pela alteridade. Afinal, comunicar
é cada vez menos transmitir e cada vez mais negociar, conviver, respeitando a pluralidade dos
pontos de vista e a necessidade de um princípio comum. Esta convivência permite que se
perceba que a comunicação também acontece nas transversalidades; contemplando os ruídos,
a diversidade e o acaso, indo para além da fala planejada.
Baldissera (2008) aponta algumas sugestões para se lidar com a transversalidade, os
ruídos, a diversidade, o acaso e outros aspectos possíveis de serem encontrados na
comunicação organizacional, de forma a se aproveitar o que há de potencial positivo em cada
um deles. E é o que eu também sugeri para incrementar o modelo de comunicação do
Sibi/UFG: pensar que, cada vez mais, a comunicação é multidirecional e é preciso saber lidar
com a imprevisibilidade; ver a alteridade como força que constrói e disputa sentidos, mas cuja
disputa pode impulsionar a criatividade; potencializar os lugares de escuta para que se tenha
maior manifestação da diversidade, fomentando mais o diálogo com colaboradores e usuários;
pensar os conflitos de comunicação e também de atendimento, já que se considera que ambos
caminham juntos, como potencializadores de crítica, mas também de inovação.
REFERÊNCIAS
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SCROFERNEKER, Cleusa Maria Andrade (Org.). O diálogo possível: comunicação
organizacional e o paradigma da complexidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 31-50.
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consequências humanas. Tradução Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 1333.
BRANDOLINI, Alejandra; FRÍGOLI, Martín González; HOPKINS, Natalia. Comunicación
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MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Tradução do francês Eliane Lisboa.
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MORIN, Edgar. O método 1: a natureza da natureza. Tradução: Ilana Heineberg. Porto
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�MORIN, Edgar. O método 3: conhecimento do conhecimento. Tradução: Juremir Machado
da Silva. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2005b.
MORIN, Edgar. O método 4: as idéias habitat, vida, costumes, organização. Tradução:
Juremir Machado da Silva. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.
PROCTOR, Rasha. Social media impact on organization s structure and behavior. 2011.
Disponível em: <http://www.rashaproctor.com/2011/03/social-media-impact-onorganizations-structure-and-behavior/>. Acesso em: 25 maio 2015.
WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina, 2010.
�
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 20 - Ano: 2018 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: O Futuro da Biblioteca Universitária na Perspectiva do Ensino, Inovação, Criação, Pesquisa e Extensão.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
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Title
A name given to the resource
O lugar da comunicação no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Goiás.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Silva, Rose Mendes da; Nogueira, Maria Francisca Magalhães
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Pesquisa concluída no mestrado em Comunicação na Universidade Federal de Goiás, na linha de Mídia e Cultura. O objetivo principal foi o de refletir sobre o modelo de comunicação do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Goiás a partir da observação da Biblioteca Central como parâmetro e representação do todo. Utilizou-se o estudo de caso como método e técnicas de coleta de dados consideradas apropriadas ao que se desejava compreender, tais como a revisão de literatura, o diário de campo e a pesquisa institucional ou administrativa. A fundamentação teórico-metodológica foi baseada no pensamento complexo de Edgar Morin. Observou-se que o Sistema de Bibliotecas possui um modelo de comunicação próprio que é baseado em sua cultura organizacional, bem como em seus valores, missão, visão e filosofia; e que também é coerente com o modelo de gestão do da biblioteca, que é o da corresponsabilidade. Concluiu-se que a comunicação ocupa um lugar estratégico na gestão da biblioteca.
Language
A language of the resource
pt