-
http://repositorio.febab.libertar.org/files/original/49/5913/SNBU2012_052.pdf
c95b7df2ca2c77c9c37c875a50e50ae8
PDF Text
Text
Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL NO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Clemilda dos Santos Sousa 1,Francisco Jonatan Soare~
Geovanice Maria Anselmo da Silva 3, Neiliane Alves Bezerra 4
1 Bibiliotecária do Sistema de Biblioteca da UFC(SB/UFC), Especialista em Metodologia
Científica, Componente da Comissão de Acessibilidade do SB/UFC e da Secretária de Acessibilidade
UFC Inclui, Universidade Federal do Ceará , Fortaleza , Ceará.
2 Diretor do SB/UFC, Mestrando em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior,
Componente da Comissão de Acessibilidade do SB/UFC , Universidade Federal do Ceará , Fortaleza ,
Ceará
3Bibliotecária do SB/UFC, Especialista em Metodologia Cientifica , Componente da Comissão
de Acessibilidade do SB/UFC , Universidade Federal do Ceará, Fortaleza , Ceará.
4 Bibliotecária do SB/UFC , Coordenadora da Comissão de Acessibilidade do SB/UFC , Mestre em
Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará.
Resumo
Trata-se de um relato cujo objetivo é descrever a expenencia realizada pela
Comissão de Acessibilidade do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do
Ceará no processo de desenvolvimento de acervo para pessoa com deficiência
visual, com o serviço de digitalização de acervo. A proposta de inclusão da pessoa
com deficiência na educação superior traz implicações para a biblioteca universitária
que precisa assumir a responsabilidade de proporcionar aos usuários com
deficiência, igualdade de oportunidades no processo de busca e uso da informação,
por meio do acesso aos acervos informacionais, recursos, produtos e serviços.
Espera-se com o serviço de digitalização de acervo formar uma coleção de materiais
digitais ou digitalizados para atender a demanda dos usuários com deficiência visual,
promovendo a igualdade de oportunidade no acesso à informação, proporcionando à
pessoa com deficiência visual uma aprendizagem, autônoma e satisfatória .
Palavras-Chave:
Desenvolvimento de Coleções; Educação inclusiva; Acessibilidade; Pessoas
com Deficiência Visual.
Abstract
This is an experience report, whose to describe the experiment conducted by the
Commission's Accessibility Library System at the Federal University of Ceará in the
process of developing collections for people with visual disabilities. The proposed
inclusion of people with disabilities in higher education has implications for the
429
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
university library that needs to take responsibility for providing users with disabilities,
equal opportunities in the search process and use information through access to
collections of informational resources products and services. It is hoped that this
service form a collection of digital or digitized materiais to meet the needs of visually
impaired users, promoting equality of opportunity in access to information and
provinding at the
people with visual disabilities autonomous learning and
satisfactory.
Keywords:
Collection Development; Inclusive Education ; Accessibility; People with Visual
Impairment.
1 Introdução
o acesso ao conhecimento é indispensável na formação acadêmica de
qualquer estudante universitário, entretanto esse acesso ainda constitui um desafio
para o aluno universitário com deficiência na Universidade Federal de Ceará (UFC) .
No caso de pessoas com deficiência visual o acesso ao acervo da biblioteca
apresenta diversos entraves.
A problemática vivida por este grupo de pessoas é bem especifica : os
estudantes não encontram os livros que compõem as bibliografias dos cursos que
estão matriculados, em formato acessível o que gera prejuízos na sua formação
profissional , visto que não podem realizar todas as leituras que precisariam para
aperfeiçoar seus conhecimentos.
Conscientes da importância das bibliotecas na formação acadêmica como
fonte de informação e conhecimento no processo ensino-apredizagem, foi criado o
serviço de "digitalização de acervo para pessoas com deficiência visual" que vem
responder a uma demanda dos discentes por materiais bibliográficos acessíveis.
O serviço de digitalização de acervo faz parte das ações conduzidas pela
Secretária UFC Inclui e vem sendo desenvolvido em parceria com a Comissão de
Acessibilidade do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará
(SB/UFC) , no inicio de 2010.
O presente trabalho objetiva apresentar a metodologia utilizada para
desenvolver uma coleção para pessoas com deficiência visual , com base no serviço
de digitalização de material bibliográfico.
2 Componentes de uma Universidade Inclusiva
Pensar na inclusão da pessoa com deficiência na educação requer das
instituições educacionais o compromisso de oferecer a igualdade de oportunidades
para todos. Conforme a visão de Riera (2011 , p. 3) para responder, adequadamente ,
a toda esta diversidade é necessário que as instituições adotem modelos que
acolham as diferenças individuais, aplicando recursos metodológicos e estratégias
que facilitem o desenvolvimento das capacidades, tanto pessoais como sociais dos
seus alunos.
Portanto o referido autor compreende que no âmbito da educação
superior, uma universidade é considerada inclusiva na medida em que se
430
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
responsabiliza pela diversidade de seu alunado, de forma a assegurar que o sistema
favoreça a aprendizagem de todos. A construção de um sistema educacional
inclusivo é aquele que vê a pessoa com deficiência não como um obstáculo ou
problema, e sim como uma realidade complexa e que enriquece o processo de
ensino-aprendizagem , e ao mesmo tempo, dá a oportunidade de todos os
envolvidos com o ato de educar exercitar suas competências para conviver com a
diversidade.
Uma universidade inclusiva, conforme Borland e James (1999) apud Lissi
(2009, p. 310) devem apresentar os seguintes componentes:
a) políticas internas na instituição - que promovam a inclusão e que
considerem medidas antidiscriminatórias que favoreçam o desempenho
e que permitam revisar normas e regulamentos que velem seu
cumprimento. Por exemplo, velar por um acesso igualitário à
informação e aos serviços;
b) aspectos relativos à docência - para apoiar o ensino em contextos
inclusivos se deve orientar e assessorar aos docentes acerca das
necessidades, adequações metodológicas e adaptações curriculares;
c) capacitação em ferramentas tecnológicas - que favorecem o processo
de aprendizagem e de avaliação que demanda que o estudante com
deficiência. Além disso, incorporar a temática da deficiência dentro da
grade curricular poderá contribuir para a formação de professores
facilitadores de inclusão no futuro;
d) aspectos relativos à infraestrutura - a necessidade de acessibilidade
física implica não somente que os estudantes possam ter acesso aos
espaços físicos com maior independência, sim também a todos os
serviços e apoios tecnológicos necessários ao bom desempenho
acadêmico;
e) aspectos relativos aos estudantes com deficiência - dependendo da
deficiência e das características de cada estudante, os apoios
específicos podem implicar a disposição de recursos humanos,
materiais e tecnológicos, tais como: intérprete de língua de sinais,
ledores, materiais em Braille ou outro formato alternativo, tecnologia
assistiva ;
f) programa de pares - estudantes voluntários ou ajudantes financiados
por programas de bolsas de estudo para dar suporte acadêmico e
contribuir na sensibilização da comunidade universitária;
g) aspectos relativos à pesquisa - por último, as intervenções realizadas
com estudantes requerem do conhecimento da própria população ou
comunidade universitária e dos resultados que tenham as ações
realizadas em ou com os estudantes com deficiência. Portanto, a
pesquisa constitui um dos pilares para a manutenção e a otimização
das intervenções.
Dentre os aspectos mencionados acima, os recursos humanos têm
relevância significativa na construção de metodologias, tecnologias que envolvem
competência, isto é, conhecimentos, habilidades e atitudes que redundem na
efetivação da cultura inclusiva.
A proposta de inclusão da pessoa com deficiência na educação superior
431
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
traz implicações para a biblioteca universitária que precisa assumir a
responsabilidade de proporcionar aos usuários com deficiência, igualdade de
oportunidades no processo de busca e uso da informação, por meio do acesso aos
acervos, recursos , produtos e serviços.
As atividades de planejamento e avaliação na biblioteca são os
instrumentos que possibilitam definir objetivos estratégicos, metas e indicadores
para a construção da cultura inclusiva. Somente assim, a biblioteca se converterá
em um espaço como diz Ferres (2006 , p.21) "que permite a presença e proveito de
todos, e acolha a maior variedade de público possível para as suas atividades, com
instalações adequadas ás diferentes necessidades e em conformidade com as
diferenças físicas antropométricas e sensoriais da população."
Conforme Riera (2011) , a inclusão da pessoa com deficiência na
educação será muito difícil de ser aceita em um modelo de instituição seletiva ,
baseada no conceito unidirecional de aprendizagem em que a ação do professor
consiste exclusivamente na transmissão de conhecimentos que devem ser
aprendidos pelos alunos, sem estabelecer nenhuma interação entre os aprendizes.
Para esse conceito de educação, a inclusão será, para os docentes e
gestores, uma tarefa educativa muito dolorosa, cuja realização só será possível
mediante uma série de exigências por parte de docentes e gestores que não se
sentem responsáveis pela atenção à educação da pessoa com deficiência.
A resistência à adesão ao processo de educação inclusiva se manifesta
em alguns comportamentos, tais como:
Tendência a exigir que as instituições ponham mais ajudas e especialistas
para se responsabilizares pelos "diferentes" ou os "não normais".
Consideram que os problemas e dificuldades para aprender são do aluno e
do entorno, porém não da instituição. Não se avaliam nem se questionam
as atuações pedagógicas e organizativas. Exigem medidas terapêuticas que
consideram "imprescindíveis (RIERA, 2011 , p.136)
Um modelo de universidade inclusiva é baseado no enfoque construtivista
de ensino e aprendizagem que valoriza o aumento das interações dos estudantes,
consideradas um fator primordial de aprendizagem .
É nessa perspectiva que a Comissão de Acessibilidade do SB/UFC
definiu como uma de suas ações o desenvolvimento de coleções para os usuários
com deficiência visual.
2.1 Desenvolvimento de coleções
Para Shera (1976) apud Lima e Figueiredo (1984, p.138), o
desenvolvimento da coleção de uma biblioteca é um ato de criação intelectual e o
bibliotecário para realizá-lo deve conhecer livros e homens, e os usos que os últimos
farão dos primeiros.
A afirmação dos referidos autores remete a um olhar da biblioteca para o
usuário com deficiência (homens) que também fazem parte da comunidade que
precisa utilizar o seu acervo em suas necessidades de informação para a
aprendizagem e produção do conhecimento científico.
Na temática da educação inclusiva , a pessoa com deficiência visual
apresenta enormes dificuldades para ter acesso a informação, contida em livros,
432
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
revistas, visto que tradicionalmente esses materiais estão em formato impresso, e
quando digitais nem sempre as especificações necessárias para que esses possam
ser lidos por leitores de tela por exemplo, são conhecidas ou respeitadas no
momento da elaboração ou editoração.
Essas situações são interessantes para serem consideradas, observadas
no desenvolvimento de coleções, fatores como: a aquisição de livros eletrônicos,
criação de coleções para bibliotecas digitais, repositórios institucionais, periódicos
eletrônicos, digitalização de coleções especiais, merecem atenção diferenciada.
Há uma carência muito grande de literatura sobre metodologias de
desenvolvimento de coleções para pessoas com deficiência visual. É preciso não se
esquecer que estes usuários produzem e consomem informação e conhecimento de
forma diferenciada que precisa ser respeitada no momento de aquisição dos
materiais, como também os sistemas de gestão da informação, nos produtos e
serviços.
3 Relato de Experiência
A proposta de inclusão da pessoa com deficiência no SB/UFC teve origem
nas discussões da Comissão de Acessibilidade que faz parte das Comissões
Especializadas de Estudo (CEE) da Biblioteca Universitária da UFC, criadas com o
objetivo de descentralizar as decisões administrativas, objetivando diagnosticar as
necessidades de mudanças para a solução de problemas técnicos e estruturais do
Sistema de Bibliotecas da UFC.
O objetivo da Comissão de Acessibilidade, criada em 2010 em primeiro
lugar é identificar os usuários com deficiência, diagnosticar as condições de
acessibilidade física, tecnológica e recursos humanos do Sistema de Bibliotecas,
como também definir políticas de desenvolvimento de acervo e capacitar os recursos
humanos.
A primeira ação da Comissão de Acessibilidade foi obter um diagnostico
das condições de acessibilidade nas bibliotecas da UFC em relação aos aspectos
físicos, tecnológicos de produtos e serviços. Após esse estudo, enviamos propostas
de intervenção e melhorias, objetivando a promoção das condições necessárias à
acessibilidade nas bibliotecas.
Na conclusão do trabalho recomendou-se:
Para que o Sistema de Biblioteca da UFC possa atender às exigências do
MEC é necessário; criar uma política de acessibilidade que envolva: a
capacitação profissional, o desenvolvimento de acervo acessível, a
eliminação de barreiras arquitetônicas, elaboração de serviços e produtos
como também aquisição de tecnologia assistiva. (BEZERRA, 2011) .
Neste sentido o serviço de digitalização de materiais bibliográficos se
constituía como uma das possibilidades para o desenvolvimento de um acervo
acessível.
Indo ao encontro das recomendações baseadas no diagnóstico da
comissão, um fato importante na trajetória das pessoas com deficiência na UFC
aconteceu : a criação da Secretária de Acessibilidade UFC Inclui, como estrutura
administrativa na universidade, sendo aprovada pelo Consuni em 30 de agosto de
2010, ligada à reitoria, esta potencializou e faz eco às propostas da Comissão de
433
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
Acessibilidade do SB/UFC.
A Secretária de Acessibilidade UFC Inclui tem um olhar para toda a
universidade e sua intenção é acelerar o processo de inclusão de cegos, surdos,
cadeirantes e pessoas com outros tipos de deficiência ou mobilidade reduzida, tendo
como principais atribuições:
a) elaborar, executar e gerenciar ações e pesquisas realizadas na área de
acessibilidade ;
b) dar suporte às unidades acadêmicas e aos órgão administrativos da
UFC, sobre as necessidades físico-arquitetônicas, pedagógicas e
atitudinais;
c) promover discussões, debates, palestras, seminários, oficinas de
trabalho e ciclo de estudos sobre o tema .
Em sua estrutura a Secretária UFC inclui tem comissões de trabalho
composta por vários profissionais de diversas áreas do conhecimento e dentre eles
um bibliotecário, representante do SB/UFC.
No plano de políticas de inclusão das pessoas com deficiência, elaborado
pela Secretária UFC inclui, consta o desenvolvimento de acervo de caráter
cientifico, em formato acessível para pessoas com deficiência visual. Que no
momento tem no serviço de digitalização de materiais bibliograficos seu principal
alimentador.
3.1 Metodologia Geral do serviço
o serviço de digitalização de materiais bibliograficos conta com uma
equipe coordenada por uma bibliotecária do SB/UFC e sete bolsistas de projetos de
graduação e Iniciação Acadêmica, com suporte técnico da Secretaria de
Acessibilidade UFC Inclui, situada ao lado da Biblioteca de Ciências Humanas. O
serviço é realizado no laboratório da Secretária, equipado com computadores,
scanners e programas específicos para digitalização.
3.2 Metodologia de atendimento
A dinâmica do serviço engloba sete passos:
a) entrevista de referência onde é feito um levantamento da demanda
informacional do aluno, de sua bibliografia para o semestre corrente;
b) pesquisa em bases de dados da Biblioteca como: Portal de Periódicos
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (TE DE) , nos livros
eletrônicos, entre outros do material indicado na entrevista de
referência, porque existe a possibilidade do material solicitado já esta
disponível, o que evitaria a digitalização. Caso o material não seja
encontrado é feito o pedido para digitalização;
c) cadastro do usuário com deficiência visual no Sistema Pergamum para
que o mesmo tenha acesso ao material digitalizado;
d) digitalização das obras indicadas pelos alunos. Nesse caso, os livros
ou artigos são digitalizados em formato acessíveis para leitura com
programa leitores de tela;
e) quando esse material é digitalizado, em formato de texto, o mesmo
434
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
sofre alterações, o que exige a correção de imperfeições provenientes
de rasuras , manchas, riscos , uso de marcadores de texto, entre outros;
f) em decorrência desse procedimento, surge o sexto passo: áudiodescrição das imagens (ilustrações, gráficos ou tabelas) que não são
lidas pelos programas leitores de tela e, por esse motivo, precisam ser
áudio descritas para que a informação não se perca . Segundo Vieira e
Lima (2010 , p. 4) o termo áudio-descrição é definido como:
A áudio-descrição é uma técnica de representação dos elementos-chave
presentes numa dada imagem que, ao dialogar com os elementos de um
texto verbal , pode ser descrita também de forma verbal para formar uma
unidade completa de significação. A áudio-descrição pode ser de uma
imagem estática como uma pintura no museu, de uma escultura em três
dimensões, da gravura bidimensional presente nos livros didáticos; ou de
imagens dinâmicas que nada mais são do que um conjunto de imagens
estáticas que juntas criam a ilusão de movimento como o que se processa
nos filmes de cinema, televisão, peças de teatro, ou vídeos de computador.
A áudio-descrição das imagens na literatura científica, que é o caso das
obras digitalizadas na UFC, é de fundamental importância para a compreensão dos
textos, o que se torna mais complexo dependendo da área do conhecimento. No que
se refere à relação texto e imagens, os autores acima citados argumentam :
Diante desta interdependência imagem e texto, o aluno com deficiência
visual enfrenta uma situação de desigualdade e de exclusão por lhe ter sido
historicamente denegado o acesso ao pólo imagético desta dualidade. A
áudio-descrição poderia lhe permitir compreender e exercitar mentalmente
estas inter-relações. A oferta da áudio-descrição das imagens presentes no
material didático vem a ser, portanto, crucial no estabelecimento dessas
conexões mentais entre imagem e texto para o aluno com deficiência visual.
(VIEIRA; LIMA, 2010 , p. 3)
A última etapa é a catalogação do material digitalizado no catálogo online
da biblioteca . O Sistema Pergamum oferece a opção de criar essa coleção no
módulo "Pesquisa acessibilidade" onde o material pode ficar catalogado com
segurança, podendo ser acessado somente através de login e senha, garantindo,
com segurança , que o acesso ao material seja exclusivo para o uso de pessoas
com deficiência visual , obedecendo a Lei do Direito Autoral (Lei nO 9610).
435
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
Trabalho completo
Figura 1 - Página do catalogo online, modulo pesquisa acessibilidade
(3
BlbUotecadaUFC UnlVl!fsldade Federal do Ceara'
~I rJ@~
Inler nel hplClrer , opllmfzedfor Bing,and MSN
I~
x
fD 0. .
" F~~crie5
j:
I'\'.li ~ SutneSted stes ·
lJ HctMail gratlito lJ Personab:ar iri:s lJ Obtenha ma!õ comple...
,::~e~ ~ UFC - lQver~de Federo!il do Ceor6 ".
I
O
-\q10
PeS<lUlsaAcesslbllldade
Açess Q LJsu ~rio
I "
lntelo
I
Voltar I A Imprimir I t
4B C DE FGH I 1Kl
~lN
l oUI"
M~
Se ecione outras PesQuisas v
O P Q RS TUVWp Z
'»Outros Caractere s
Clique na caixa QE t exto e digite o t ermo para a pesquisa
Listar: Titulo
Autores
I
v
Registros por pagina 20 v
As suntos
• Limpar campos
Cesta I Histórico
ComentariosGerais
. P es qu~
Sugestões Aquisição
....)uda
Número de Registros Encontrcdos : 11
P.eglstro{S) 1 - 11
r
r !
Borooleta ilwrrentada : contos, A I 1998
~ o.:.n.m~rr<::i O'I'UIJ~
(orno gerenciar e ampliar a visibilidade da info rmação cientifica brasileira: reposilõnos institucionais de acesso aberto [recurso
eletrônico) : / 1009
~ D=lme~~ ON-~"E
r
Foldore do nordeste / 1960
*D(IC\j~","rç.l- ON'U'l~
Fonte: Biblioteca Universitária da UFC . Site. 2012. Disponível em: <
http://bibweb.npd.ufc.br/pergamum/biblioteca/index.php ?resolution2= 1024_ 1&tipo_pesquisa
=&filtro_bibliotecas=&filtro_ obras=&id=/> . Acesso em: 10 mar. 2012.
436
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
Trabalho completo
Figura 2 - Página do catalogo online, acesso ao material digitalizado através do login
'i Favcdes IwIJ Suooested :ites ·
@J Hoti'1al gratLito t1J Persor.clzarrn ~ Oblema mais comple.~ ..
J ~ : :~~i oteca d.Lf( ·lh";ers"Ó!fe... oo C...L
P~uis il
I
I O Acm o Usui;, I fi In<1O I
Acessibilidade
Vol.3r
I • Imprimir I I login
&tI,:
Selecione outras Pesquisas y
A8CDEFGHIJ Kl MNOPQ RST UVWXY Z
»Todo
t
"Biblioteca da UFC Um.m,dade Federal do Ceara@ ~l9r81
~ '"
dique na caoa de texto e digite otermo para, pesquisa
LOGIN ACESSIBILIDADE
listar Titulo v Registros por pagln3: 20 y
Autores I Assuntos
fechar(X)
Cesta I Histórico
Ajuda
Matricula: I
Senha:
l ogin
RegistllJ(s) ]·]]
INFORI·1AT1VOS:
r
Borboleta acorrentada : contos L~
ri
(amogerenciar e ilmpliar õ visibilidade da informação ci
eletrônico] : 1100g
~gB
~ r:~r.~f.i~~;fL~:W!~
I
~
O~'I"I1.:rr~s
.r
!
LSaib3 aaui como localizar um livro na estante.
t lnterrot
fi '
~ IOO'Io
'JV-Ulli
Folclore do nordeste 11g60
*Doc~mef1lvsorl'U"E
r I Gt~oecologia das paisagen~ : uma visàog,€ossistêmica da análise ambiental - 1. ed~ 1 2007
.r
Hi,to~.lQ,iol de
lo lit~~tu" espafiolª (€O l€OgIIiI..fds1ellor®.L2000
t.
I
IrIernet
fi ' f( IOO%
Fonte:
Biblioteca Universitária da UFC. Site.
2012.
Disponível em : <
htfp:l/bibweb.npd. ufc. br/pergamum/bibliotecalindex.php ?resolution2= 1024_ 1&tipo_pesquisa
=&filtro_bibliotecas=&filtro_obras=&id=/> . Acesso em: 10 mar. 2012.
4 Considerações Parciais
Espera-se com o serviço de digitalização formar uma coleção de materiais
digitais ou digitalizados para atender a demanda dos usuários com deficiência visual,
promovendo a igualdade de oportunidade no acesso a informação e, dessa forma, a
pessoa com deficiência visual tenha uma aprendizagem, autônoma e satisfatória,
interagindo com todos.
437
�Formação e desenvolvimento de coleções em bibliotecas e repositórios digitais
i! """"'"
MaooNlck
~
=
:,
IiWitt.UJ
1I....111~
Trabalho completo
Nessa experiência, constata-se que as características dos usuários com
deficiência visual não são homogêneas. Quando se conhece a história de vida do
usuário, compreende-se que existem singularidades no que se refere processo de
aquisição da leitura e da escrita.
Essa informação é essencial para adequar produtos e serviços às
características dos usuários, "pois nem toda pessoa cega lê em em Braille" como
comenta Torres, Manzzoni e Mello (2007, p. 369) . Para quem perdeu a visão após o
domínio da escrita , muitas vezes tem dificuldades com o Braille. Por outro lado,
muitas pessoa com deficiência visual congênita dominam muito bem o Braille e
usam com menor intensidade tecnologias assistivas como leitores de tela .
Nessa ambiência tem sido essencial a colaboração dos usuários com
deficiência visual na avaliação de produtos e serviços, como também na
participação em cursos e treinamentos que estão ajudando a modelar a biblioteca
inclusiva. Além disso, a colaboração de profissionais das várias áreas do
conhecimento como educação e informática é imprescindível.
Referências
BEZERRA, Neiliane Alves et alo A biblioteca universitária na proposta do desenho
universal: um diagnóstico do sistema de bibliotecas da Universidade Federal do
Ceará.
In:
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
BIBLIOTECONOMIA
E
DOCUMENTAÇÃO, 24., 2011, Maceió. Anais ... Maceió, 2011 . Disponível em :
<http://www.febab .org .br/congressos/index.php/ cbbd/ xxiv/paper/view/379/443> .
Acesso em : 14 mar. 2012.
FERRÉS, Sofia Pérez. Acessibilidade Física. In: PUPO, Deise Tallarico .
Acessibilidade: discurso e prática no cotidiano das bibliotecas. Campinas, SP:
UNICAMP/Biblioteca, 2006.
LIMA, Regina Célia Montenegro de; FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Seleção e
aquisição da visão clássica a moderna aplicação de técnicas bibliométricas. Ciência
da Informação, Brasília, V. 13, n. 2, p. 137-150, jul./dez. 1984.
LlSSI, Rosa et alo Discapacidad en contextos universitarios: experiencia dei piane uc
en la Pontificia Universidad Católica de Chile . Revista Calidad en La Educacion, n.
30, jul. 2009, p. 306-324. Disponível em: <http://www.cned .cI/public/ secciones/
seccionpublicaciones/doc/63/cse_articuI0808.pdf>. Acesso em : 16 mar. 2012.
RIERA, G. EI aprendizaje cooperativo como metodología clave para dar respuesta a
la diversidad dei alumnado desde un enfoque inclusivo. Revista Latinoamericana
de Inclusión Educativa, V. 5, n. 2, 2011 , p. 133-149. Disponível em: <http://www.
rinace. netlrlei/numeros/voI5-num2/art7.pdf>. Acesso em : 16 mar. 2012.
TORRES, Elisabeth Fátima; MAZZONI, Alberto Angel; MELLO, Anahi Guedes. Nem
toda pessoas cega lê em Braille nem toda pessoa surda sem comunica em língua de
sinais. Educação e Pesquisa, São Paulo, V. 33, n. 2, p. 369-386 , maio/ago. 2007.
438
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 17 - Ano: 2012 (UFRGS - Gramado/RS)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: A biblioteca universitária como laboratório na sociedade da informação.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFRGS
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2012
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Gramado (Rio Grande do Sul)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Desenvolvimento de coleções para pessoas com deficiência visual no Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Sousa, Clemilda dos Santos; Soares, Francisco Jonatan; Silva, Geovanice Maria A. da; Bezerra, Neiliane Alves
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Gramado (Rio Grande do Sul)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFRGS
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2012
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Trata-se de um relato cujo objetivo é descrever a experiência realizada pela Comissão de Acessibilidade do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Ceará no processo de desenvolvimento de acervo para pessoa com deficiência visual, com o serviço de digitalização de acervo. A proposta de inclusão da pessoa com deficiência na educação superior traz implicações para a biblioteca universitária que precisa assumir a responsabilidade de proporcionar aos usuários com deficiência, igualdade de oportunidades no processo de busca e uso da informação, por meio do acesso aos acervos informacionais, recursos, produtos e serviços. Espera-se com o serviço de digitalização de acervo formar uma coleção de materiais digitais ou digitalizados para atender a demanda dos usuários com deficiência visual, promovendo a igualdade de oportunidade no acesso à informação, proporcionando à pessoa com deficiência visual uma aprendizagem, autônoma e satisfatória.
Language
A language of the resource
pt