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c9578a043790597b995a9734dc9fc313
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Planejamento estratégico e sustentabilidade
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POLlTICAS PUBLICAS PARA BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS:
UM OLHAR SOBRE OS RESULTADOS DO PNBu (1986)
Ana Carolina de Souza Caetano 1
1 Mestranda em Biblioteconomia/Unirio, Esp. em Políticas Públicas e Gestão Social ,
Bibliotecária-documentalista , Universidade Federal de Juiz de Fora , Juiz de Fora , Minas Gerais
Resumo
Identifica e analisa quais as principais ações presentes no Plano Nacional de
Bibliotecas Universitárias (PNBu) de 1986 que se concretizaram para o
desenvolvimento de bibliotecas universitárias federais brasileiras. Esboça um breve
histórico da educação superior pública brasileira destacando os fatos de maior
impacto e sinaliza a partir disso as políticas do governo federal para as bibliotecas
universitárias. Observa que poucas ações diretas para estas foram efetivadas ao
longo de sua história. Conclui que mesmo assim o desenvolvimento das bibliotecas
universitárias federais ocorre porque estas procuram aproveitar as oportunidades
que, indiretamente, lhes surgem com as políticas educacionais.
Palavras-Chave:
Bibliotecas universitárias federais ; Educação superior pública; Plano Nacional
de Bibliotecas Universitárias; Políticas públicas.
Abstract
Identifies and analyzes which present the main actions in the National
University Libraries (PNBu) that materialized in the development of the Brazilian
federal university libraries. Outlines a brief history of the Brazilian public higher
education highlighting the facts and points of greatest impact from this policy the
federal government to university libraries. Notes that few direct actions to effect these
have been throughout its history. Nonetheless concludes that the development of
federal university libraries is beca use they know the opportunities that indirectly come
to them with the educational policies.
Keywords:
Federal university libraries; Public higher education ; Plano Nacional de
Bibliotecas Universitárias; Public policy.
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1 Introdução
o presente artigo tem por temática as políticas públicas para o
desenvolvimento das bibliotecas universitárias federais brasileiras. Originalmente, o
tema foi estudado para o trabalho conclusivo da especialização da autora e
atualmente está sendo verticalizado no mestrado. Objetiva-se, neste recorte, expor e
analisar as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de bibliotecas
universitárias brasileiras previstas no Programa Nacional de Bibliotecas
Universitárias (PNBu) promulgado em 1986, observando sucintamente quais os
resultados efetivos das propostas mencionadas neste projeto. Faz-se um
levantamento contextual das políticas de educação superior no país, posteriormente
mencionam-se quais as ações públicas para as bibliotecas universitárias e analisamnas destacando sua pertinência e atualidade frente às inovações globais e
tecnológicas de hoje.
2 Revisão de Literatura
Conceituar políticas públicas não é das tarefas mais simples. A temática
envolve muitos outros fatores , dentre eles o cultural, social, econômico e o político
propriamente.
Afirma Gomes (2011) que compreender essa natureza complexa é ter em
mente que as políticas públicas não são lineares, sequenciais e monocausais, mas
sim produtos histórico-sociais. Os atores envolvidos (Estado e sociedade) no
processo de formulação, aplicação e gestão das políticas públicas não são isentos e
imparciais: "Existe uma relação direta entre o poder e as políticas públicas, as quais
tendem a buscar legitimar e privilegiar a ideologia que existe num determinado
ambiente social." (QUEIROZ, 2011, p.106) Por isso, a "vinculação existente entre
poder social e políticas públicas nas sociedades capitalistas contemporâneas
fundamente o seu caráter disputado e conflituoso" (GOMES, 2011, p.20)
Há várias categorias de políticas públicas: estabilizadoras, reguladoras,
alocativas, distributivas, compensatórias. Não importa de qual tipo, todas são
passíveis de serem acompanhadas pela sociedade e não apenas serem
consideradas como "o Estado fazendo algo que ele deveria fazer por obrigação ou
função" (QUEIROZ, 2011 , p.107). É nesse sentido que serão feitas as análises que
seguem .
Observando a literatura pesquisada, percebeu-se que de 1986 data a primeira
política pública especificamente para as bibliotecas universitárias. Tal iniciativa foi o
Plano Nacional de Bibliotecas Universitárias (PNBu) publicado pela Secretaria de
Ensino Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC). Contudo, os ideais que
deram origem ao PNBu não surgiram no âmbito do governo federal, mas sim na
própria comunidade de bibliotecários universitários. Uma das prováveis explicações
resida no fato de que essa foi a época da instauração do regime democrático
brasileiro. O MEC havia sido criado em 1985. O contexto proporcionava as
possibilidades adequadas para que os diversos setores e movimentos sociais se
articulassem em torno de questões que lhe fossem pertinentes e assim reivindicar e
propor ao Estado avanços e transformações.
Como salienta Chastinet (1990, p.38-43), nas décadas de 1950 a 1970, as
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políticas de incentivo à pós-graduação e à ciência e tecnologia (C&T) construíram
também um contexto de fortalecimento das IFES e por conseqüência suas
bibliotecas. No período citado, destaca-se a criação dos seguintes órgãos de
fomento a C&T: o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) em 1951 , o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) , em
1975 transformado em o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) em 1965, o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) em 1969, o Sistema Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SNDCT) em 1972 e a partir deste o
Plano Básico de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico - PBDCT, os Planos
Nacionais de Pós-graduação (1975 a 1989),
Neste contexto de atenções voltadas a C& T, surge na Biblioteconomia um
importante evento de profissionais da área : o Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias (SNBU) . Sob promoção de uma das IFES, a cada dois anos este
encontro é realizado e se torna um importante espaço de discussão e debates sobre
o status quo da área e questões relacionadas ao universo das bibliotecas
universitárias. Este, conforme Ohira (2008, p.138) teve seu primeiro encontro em
1978 na cidade de NiteróilRJ e foi promovido pela Universidade Federal Fluminense.
No quarto encontro do SNBU, na cidade de Campinas/SP em 1985, o IBICT,
representando a comunidade científica biblioteconômica e baseado nas reflexões
feitas pelos profissionais nos SNBUs anteriores, apresentou um documento com
propostas e diretrizes para o otimização do desenvolvimento das bibliotecas
universitárias. Chastinet (1990, p.45) comenta que o texto passou por reformulações
através das contribuições de profissionais de destaque da área, agências de
financiamento de Ciência e Tecnologia, bibliotecas centrais 1 nas diversas regiões do
país e órgãos correlatos, tais como a Biblioteca Nacional, o Conselho dos Reitores
das Universidades Brasileiras (CRUB), a Federação Brasileira de Associações de
Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) e o próprio MEC. A
versão final foi entregue a SESu/MEC e oficializou-se por meio da portaria n.287 de
24 de abril de 1986. (BRASIL, 1986a). Na mesma data, a portaria de n.288 aprovava
a criação do Programa Nacional de Bibliotecas Universitárias, um projeto que visava
a coordenação, mediação e integração nos assuntos referentes às bibliotecas
universitárias entre as IFES e a SESu/MEC (BRASIL, 1986b).
O PNBu foi estruturado em seis grandes áreas, com doze diretrizes e suas
respectivas quarenta e seis ações, conforme o quadro abaixo :
EIXO TEMÁTICO
1.
PLANEJAMENTO:
Organizacional,
Financeiro, de Recursos
Humanos e Físicos
DIRETRIZES
I. Estabelecer um sistema de bibliotecas em cada
universidade;
11. Definir padrões de desempenho (metas) para as
bibliotecas;
111. Prover recursos financeiros
1
suficientes à sua
80 IFES receberam o documento para fazer sugestões e alterações no texto.
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prestação de serviços;
IV. Formar e qualificar adequadamente os recursos
humanos;
V. Dotar a biblioteca de estrutura física adequada à
sua coleção, público e funcionários;
2. FORMAÇÃO E VI. Formular políticas de constituição, desenvolvimento
DESENVOLVIMENTO DE
e conservação de coleções;
COLEÇÕES
Estimular programas de aquisição cooperativa e
VII.
planejada ;
3.
PROCESSAMENTO
TÉCNICO
DOS
DOCUMENTOS
VIII. Tratar os documentos de forma padronizada,
racionalizando os procedimentos e favorecendo
intercâmbio entre arquivos;
4.
AUTOMAÇÃO
DE BIBLIOTECAS
IX. Estimular a automação dos procedimentos
técnicos e administrativos da biblioteca ;
5. USUARIOS
SERViÇOS
X. Assegurar métodos e técnicas que identifiquem as
necessidades de informação dos usuários e das
IFES.
E
XI. Assegurar o planejamento e oferecimento dos
serviços de informação de acordo com a
diversidade acadêmica;
6.
ATIVIDADES XII.
COOPERATIVAS
Estimular
bibliotecas
participação
a
de
universitárias em atividades cooperativas.
,
.
Figura 1 - Areas tematlcas do PNBu
Fonte : Própria, adaptado de BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n.287 de 24 de abril
Disponível
em:
<
de
1986a.
hUp://www.prolei.inep.gov.br/exibir.do?URI=hUp%3A%2F%2Fwww.ufsm.br%2Fcpd%2Finep
%2Fprolei%2FDocumento%2F-2494772495139594551 >. Acesso em: 03 abr. 2010.
Em 1987, resultante também de um SNBU , é criada como órgão assessor da
Diretoria Executiva da FEBAB a Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias
(CBBU).
Atualmente, a CBBU ainda é operante e tem por missão o desenvolvimento
das bibliotecas universitárias brasileiras com base nas propostas do PNBu :
[... ] promover a formulação de políticas públicas em áreas de interesse, para
incentivar a cooperação, o compartilhamento de serviços e produtos, a
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realização de projetos e pesquisas, a elaboração e editoração de
documentos técnico-científicos, a organização de eventos, visando à
consolidação da educação continuada e à representação das Bibliotecas
Universitárias junto a órgãos governamentais e a comunidade cientifica
brasileira . (COMISSÂO .. ., 2012)
Surgiu vinculado ao PNBu , em 1988, o Programa de Pesquisa , Estudos
Técnicos e Desenvolvimento de Recursos Humanos para Bibliotecas Universitárias
(PET) pela SESu/MEC criado através da Portaria nO 342, de 29 de julho. Há poucos
registros do desenvolvimento e contribuições efetivas do PET.
3 Materiais e Métodos
A pesquisa caracterizou-se por bibliográfica e histórica, usando-se como
fontes de pesquisa documentos jurídicos, artigos de periódicos, livros e textos
eletrônicos (notícias de sites das bibliotecas universitárias, das próprias
universidades e do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais - REUNI) .
4 Resultados Parciais
Comparando as diretrizes previstas no texto legislativo da PNBu com a
realidade das bibliotecas brasileiras no cenário pós 1990, julgam-se necessárias
breves considerações para identificar algumas ações concretas de implantação das
propostas e a contrapartida da classe bibliotecária .
No primeiro eixo temático que diz respeito ao planejamento geral, a primeira
diretriz de formação de um sistema de bibliotecas em cada universidade, de fato , foi
alcançada . Conforme Miranda (1978), era preciso que as bibliotecas universitárias
federais fossem estruturadas como um sistema integrado. Porém, como afirma o
autor, a proposta de se ter um órgão do MEC para formular políticas e programas
para as bibliotecas das IFES não teve sucesso 2 , apesar de o assunto ter sido
discutido no VII SNBU (OHIRA, 2008 , p.139). Quanto à definição de metas a serem
alcançadas, hoje algumas universidades contam com programas de avaliação
internos que visam mensurar as atividades realizadas visando melhores
desempenhos e as bibliotecas se incluem nessa avaliação 3 . O aprimoramento e
formação dos recursos humanos tiveram uma iniciativa pública de desenvolvimento
com o PET que realizou cursos de capacitação e especialização itinerantes para
bibliotecários das IFES participantes do PNBu . Cunha (2000 , p.5) ressalta que na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Brasília, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal
2 Entre os anos de 1986-1991 , funcionou o Programa Nacional de Bibliotecas (PROBIB) que por falta
de investimentos não se consolidou .
A Universidade Federal de Juiz de Fora , por exemplo, possui o Programa de Avaliação de
Desempenho (Proades) que visa estabelecer metas de desempenho laboral, conforme o contexto,
aos diversos setores da universidade. (PROADES , 2008)
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da Bahia e Universidade Federal de Minas Gerais ofereceram-se tais cursos. O PET
foi bem sucedido, mas vigorou somente até 1991 e não se teve outra política pública
sobre o assunto, afirma a autora . Hoje, a formação profissional cabe ao profissional
bibliotecário que recebe incentivo indireto por promoções salariais, previstas em lei,
e progressão por capacitaçã0 4 .
A formação e o desenvolvimento de coleções é um tema primordial e quase
não explorado pelos bibliotecários brasileiros, afirma Almeida (2005, p.2). O PET
atuou nesse campo, mas por pouco tempo conforme mencionado acima . Por se
tratar de uma atividade de planejamento e trabalhosa, muitos profissionais não se
interessam por ela e acabam deixando que os acervos das bibliotecas cresçam sem
outros parâmetros que não as doações recebidas e as compras solicitadas pelo
corpo docente. Na literatura da área , pouco se produziu sobre o tema , com destaque
para os autores Waldomiro Vergueiro e Nice Menezes de Figueired0 5 . É necessário
que as bibliotecas universitárias tenham uma política de desenvolvimento de
coleções que, conforme Maciel e Mendonça (2006, p.16-17), norteie as diretrizes
para formação e constituição de um acervo de biblioteca, respeitando os interesses
de seu escopo e o tipo da biblioteca. Para as bibliotecas das IFES, o foco dessa
política deve ser as atividades de avaliação e desbastamento. Os materiais precisam
ter sua atualidade e pertinência constantemente verificados, afirma Weitzel (2006) .
O terceiro ponto, descrição técnica dos documentos conquistou avanço com
os incentivos à automação das bibliotecas e suas potencialidades tecnológicas,
quarto eixo temático. Tema do VI SNBU de 1989 (OHIRA, 2008, p.138), os sistemas
de automação de bibliotecas seguiram as regras da descrição dos materiais
presente no Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2r) sendo incorporado
a estes novos parâmetros de cataloga5ão digital e intercâmbio de informações, o
formato MARC21 e protocolo Z39.50 (CUNHA, 2000b, p.80-81). Os principais
softwares? destinados a bibliotecas universitárias seguem estes padrões o que
agiliza a inserção de dados nos sistemas e proporciona cooperação na troca dos
mesmos. Contudo, em breve, seguindo as tendências de descrição técnica dos
Atualmente assegurados na lei 11.784/08. Para os servidores federais técnicos em educação, a
progressão por capacitação é uma das modalidades de aumento de classe num mesmo nível.
(BRASIL, 2008) .
4
5
As obras mais conhecidas:
FIGUEIREDO, Nice Menezes. Desenvolvimento e avaliação de coleções . 2.ed . rev. e atual.
Brasília: Tesauros, 1998.
VERGUEIRO , Waldomiro. Desenvolvimento de coleções. São Paulo: Editora Polis: Associação
Paulista de Bibliotecários, 1989.
"Z39.50 é um protocolo de comunicação entre computadores desenhado para permitir pesquisa e
recuperação de informação - documentos com textos completos, dados bibliográficos, imagens,
multimeios - em redes de computadores distribuídos." (ROSETTO , 1997)
7 Com base em Ramos (1999) , que mesmo sendo um texto mais antigo ainda contém parâmetros
muito atuais, os mais usados no mercado são o Ortodocs, VTLS, Thesaurus, Aleph, Informa
Biblioteca Eletrônica, Caribe, Biblio, Arches Lib e Sysbibli.
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documentos, os softwares terão de se adaptar a nova norma de catalogação
substituta do AACR2r: o Resource Description and Acess (RDA) . Construída para
ser aplicada em ambiente virtual, voltada à descrição temática dos itens, com foco
no uso e no usuário, além de procurar atender outros setores que trabalhem com
documentos e registro da informação (arquivos, centros de documentação) e
museus, o RDA promete transformar o trabalho dos profissionais da informação.
(OLlVER, 2011 , p. 1-7)
A identificação das necessidades dos usuários e o planejamento dos serviços
conforme o contexto acadêmico foram questões muito verticalizadas e estudadas
pelos profissionais da informação, entretanto, não se têm registros oficiais de
políticas públicas que a promovessem . A Biblioteconomia, com a contribuição da
Ciência da Informação, passou por grandes transformações com o advento das
tecnologias informacionais que fizeram com que seus profissionais repensassem o
seu foco de trabalho: dos acervos para os usuários, dos documentos para a
informação. Hoje o bibliotecário é chamado de profissional da informação e precisa
acompanhar as tendências da área (AMARAL, 2007).
As atividades cooperativas tiveram grande sucesso na década de 1990. Têm
por exemplo a catalogação cooperativa , destaque para a rede Bibliodata 8 da
Fundação Getúlio Vargas, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, o Catálogo
Coletivo Nacional, o Serviço de Comutação Bibliográfica, o Sistema Eletrônico de
Editoração de Revistas. Esses quatro últimos, produtos e serviços coordenados pelo
IBICT 9 .
Com o exposto acima , percebe-se que poucas foram as políticas públicas
direcionadas especificamente às bibliotecas das IFES. Transformações significativas
na história destas ocorreram, entretanto, pela descontinuidade nos projetos e
propostas iniciais hoje não se têm ações públicas exclusivas para o desenvolvimento
das bibliotecas universitárias. Entretanto, políticas públicas da educação vêm
interferindo no desenvolvimento destas. Essa é a temática de discussão do texto a
seguir.
Analisando as políticas públicas específicas às bibliotecas universitárias
federais, conclui-se que aquelas foram pontuais e esporádicas na história destas.
Então , questiona-se como estas conseguem se desenvolver e alcançar seus
objetivos e missão sem iniciativas e propostas diretas do Estado? Como as ações
públicas para a educação interferem nesse processo, o que há de promoção
indireta?
Dentre as atuais propostas de educação superior no país, o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(REUNI) 10 é um dos grandes responsáveis hoje pelo desenvolvimento e promoção
das bibliotecas das IFES. O REUNI tem a meta de aumentar o acesso e
permanência nos cursos de graduação. Conforme o decreto que o regulamente,
n.6.096 de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007), as diretrizes para cumprir a proposta
são a ampliação da mobilidade estudantil , a revisão da estrutura acadêmica, com
8
Mais informações: http://www8.fgv.br/bibliodata/geral/modelos/historico.htm
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Mais detalhes: http://www.ibict.br/
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reorganização curricular e de metodologias de ensino, a diversificação das
modalidades de graduação, o aumento de políticas de assistência estudantil e a
articulação dos vários níveis da educação (formação básica com graduação e desta
com a pós-graduação) O decreto garante que as IFES terão recursos financeiros
para implementação dos projetos e o ingresso no programa deve ser solicitado pela
própria universidade. Com a possibilidade de crescimento de acervos, contratação
de novos profissionais e expansão das instalações físicas , uma nova e positiva
etapa na história das bibliotecas das IFES se inicia (BRASIL, 2007).
As universidades participantes do Reuni já vem recebendo os resultados dos
projetos de expansão. A Universidade Federal de São João Del Rey em Minas
Gerais que ganhou nova biblioteca (FEDERAL. .. , 2010) e a Universidade Federal do
Rio Grande do Norte teve sua biblioteca central ampliada (RELAÇÂO ... , 2010). A
Universidade Federal do Paraná adquiriu 15 mil novos exemplares de livros
(QUINZE ... , 2010) e a Universidade Federal da Paraíba 10 mil (BIBLlOTECA. .. ,
2010). A Universidade Federal de Juiz de Fora vem recebendo grandes e dentre as
propostas estão a criação de três novas bibliotecas 11 (UFJF. .., 2009b) e a
revitalização do acervo do Centro de Difusão do Conhecimento 12 com mais 3.104
novos títulos, sendo 9.715 novos exemplares (UFJF. .. , 2009a). Além disso, nessa
mesma instituição, desde 2008 foram convocados, via concurso público mais de 150
técnicos administrativos, dentre esses 9 bibliotecários e 4 auxiliares de biblioteca 13 .
No que tange à formação dos recursos humanos, as bibliotecas das IFES
podem investir nos seus bibliotecários através dos cursos de pós-graduação
oferecidos nas mesmas. Somado a isso, têm-se os cursos de educação à distância
que se mostram importantes aliados no desenvolvimento de pessoas com pouca
disponibilidade de horários livres para a capacitação e também aquelas residentes
em localidades distantes dos grandes centros urbanos onde há maior quantidade de
instituições de ensino. Outra possibilidade são os cursos de capacitação
disponibilizados pela própria instituição.
Hoje, o MEC estimula o crescimento das bibliotecas universitárias federais por
ações indiretas na área da educação e estas devem aproveitar as oportunidades
destinadas às IFES e construirem seu desenvolvimento.
5 Considerações Parciais
Este texto teve por proposta identificar brevemente quais as diretrizes do
PNBu que se efetivaram. Concluindo, percebe-se que as políticas públicas para
bibliotecas universitárias iniciaram no período de instauração da democracia
brasileira e foram muito pontuais. O que torna a questão curiosa , conforme
mencionado antes, é que as ações públicas para as bibliotecas das IFES surgiram
Os contemplados foram a Faculdade de Medicina, o Instituto de Artes e Design e o Mestrado em
Saúde Coletiva.
11
O Centro de Difusão do Conhecimento é o orgão da UFJF responsável pelo gerenciamento da
Biblioteca Central e das 12 bibliotecas setoriais (CENTRO DE DIFUSAO DO CONHECIMENTO ,
2010) .
12
13
Informação retirada do site
www .concurso.ufif.br .
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não do cumprimento efetivo do governo em relação às suas obrigações enquanto
gestor público, mas sim das reivindicações dos profissionais da informação sobre o
contexto universitário e o seu ambiente de trabalho.
Quiçá essa seja a saída para a questão: retomar as iniciativas de propostas
ao governo de modo que o estimule a criar novas ações públicas para as bibliotecas
universitárias. Encerra-se com o pensamento de que o bibliotecário deve saber
aproveitar as oportunidades, mesmo que indiretas, para crescimento da unidade de
informação e, constantemente, lutar por melhores condições de trabalho e
visibilidade da profissão.
6 Referências
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 17 - Ano: 2012 (UFRGS - Gramado/RS)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: A biblioteca universitária como laboratório na sociedade da informação.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFRGS
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2012
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Gramado (Rio Grande do Sul)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Políticas públicas para Bibliotecas Universitárias: um olhar sobre os resultados do PNBu (1986).
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Caetano, Ana Carolina de Souza
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Gramado (Rio Grande do Sul)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFRGS
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2012
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Identifica e analisa quais as principais ações presentes no Plano Nacional de Bibliotecas Universitárias (PNBu) de 1986 que se concretizaram para o desenvolvimento de bibliotecas universitárias federais brasileiras. Esboça um breve histórico da educação superior pública brasileira destacando os fatos de maior impacto e sinaliza a partir disso as políticas do governo federal para as bibliotecas universitárias. Observa que poucas ações diretas para estas foram efetivadas ao longo de sua história. Conclui que mesmo assim o desenvolvimento das bibliotecas universitárias federais ocorre porque estas procuram aproveitar as oportunidades que, indiretamente, lhes surgem com as políticas educacionais.
Language
A language of the resource
pt